Relato de caso Quadro ictal infantil Marco Antônio Rios Lima Pediatria- HRAS/DF Internato/ESCS/2006 Orientadora: Elisa de Carvalho www.paulomargotto.com.br Caso clínico – Quadro ictal História Clínica • Admissão PS-HMIB (05/12/06) + História Clínica (13/12/06) • Identificação: FGA, 7 anos e 9 meses DN: 11/02/99 cor: parda sexo: M Naturalidade: Gama - DF Procedência: Luziânia - GO Informante: a mãe Caso clínico – Quadro ictal Q.P: “Cefaléia há 1 dia” H.D.A: Mãe refere que criança previamente hígida, deu início a quadro de cefaléia holocraniana de forte intensidade há ± 24h, seguida por vários episódios de vômitos (mais de 8 vezes com restos alimentares, não caracterizando jatos) cerca de 10 minutos após o início da dor. A mãe o levou ao posto de saúde (Jardim Ingá), onde recebeu meia ampola de metoclopramida EV. Caso clínico – Quadro ictal H.D.A: Foi então liberado para casa, onde teve mais 2 episódios de vômito e passou a ficar sonolento e com parestesias em dimídio direito (mão, braço, perna), além de iniciar claudicação intermitente. Aceitou o jantar e foi dormir. Hoje pela manhã, há cerca de 7 horas, a mãe o encontrou desmaiado no chão do quarto, hipotônico, não reagindo a estímulos verbais e tendo apresentado liberação esfincteriana (diurese). Caso clínico – Quadro ictal H.D.A: Foi então levado sucessivamente ao posto do Jardim Ingá, Cidade Ocidental e HRG sem tomada de conduta. Chegou ao PS do HMIB às 15:30 h (6h após o ictus). Nesse ínterim, permaneceu inconsciente a maior parte do tempo, acordando apenas uma vez, quando pronunciou palavras incompreensíveis e abriu o olho esquerdo às 12:00h. A mãe não presenciou convulsão (sic). Nega febre, diarréia, uso de medicamentos, intoxicações e traumas. Caso clínico – Quadro ictal Revisão de sistemas: – Geral: refere sudorese e extremidades frias. Nega febre e perda ponderal. – Sist cardiovascular e respiratório: NDN. – Sist. digestivo: refere vômitos (vide HDA), evacuações habituais diárias, sem alterações. Nega dor abdominal. Caso clínico – Quadro ictal Revisão de sistemas: – Sist. urinário: nega alterações da frequência e aspecto urinário. Nega disúria – Sist. locomotor: refere fraqueza em dimídio direito. – SNC: nega rigidez de nuca e convulsão tônicoclônica. Caso clínico – Quadro ictal Antedentes • obstétricos e perinatais: Mãe G8 P6 A2, 1 natimorto. – Relizou 1 consulta de pré-natal no 3° trimestre. Parto normal, à termo, hospitalar.criança chorou ao nascer, peso 3.120g, comp: 53 cm, PC: 34. – Nega intercorrências e uso de medicações durante a gravidez. Criança recebeu alta precoce não necessitando de internação. Caso clínico – Quadro ictal Antecedentes Pessoais: • DNPM: andou com 1 ano, falou com 9 meses, controle esfincteriano com 18 meses. Nega retardo do crescimento e dificuldade de ganho ponderal. • Alimentação – Aleitamento materno exclusivo até 1 mês de vida quando foi introduzido NAM. – Desmame aos 6 meses com introdução de papa salgada e de frutas. • Cartão vacinal atualizado. Caso clínico – Quadro ictal Antecedente Patológicos: • Nega passado de convulsões e cefaléia. Nega asma, pneumonia, diabetes e qualquer outra patologia de base. • Refere varicela com 1 ano e 6 meses sem complicações. • Nega internações, transfusões, alergia alimentar ou medicamentosa e cirurgias. Caso clínico – Quadro ictal Antecedentes Familiares: – Mãe, 25 anos, do lar, hígida, sem vícios, nega consanguinidade. – Pai, 32 anos, hígido, etilista ocasional, não tabagista. – Irmãos: 4 irmãos de 1, 4, 8 e 10 anos todos hígidos. – Avô materno teve AVC . Tia materna tem displasia óssea. Nega história familiar de epilepsia e anemia falciforme Caso clínico – Quadro ictal Antecedentes • Sociais e Hábitos de vida: Habitação: casa de alvenaria, com 08 cômodos, 07 pessoas, água encanada, rede de esgoto, luz elétrica • Animais em peridomicilio: galinha, cachorro, pato , coelho, • Alimentação: habitual da família, diversificada. Caso clínico – Quadro ictal Exame • físico: Ectoscopia: paciente comatoso (ECG = 8), localizando estímulos táteis/dolorosos, emitindo sons incompreensíveis, hidratado, hipocorado +/4 ,acianótico, anictérico, afebril. Caso clínico – Quadro ictal Exame – – – físico: A.C.V: RCR em 2T, BNF s/ sopros. FC: 130 bpm P.A: 105 x 64 mmHg Sat O2: 97% com máscara + reservatório 5 l/min A.R: MVF+, sem ruídos adventícios. Discreta taquipnéia FR: 42 Caso clínico – Quadro ictal Exame físico: – ABD: plano, flácido, aparentemente indolor, RHA+, fígado a 2 cm do RCD, baço não palpável. – EXT: sem edemas. Caso clínico – Quadro ictal Exame – físico: PELE: Ausência de petéquias, sem exantemas,sem sinais de escoriações ou traumas, com enchimento capilar 2-3 ’’. – OROSCOPIA: Orofaringe sem sinais flogísticos. – OTOSCOPIA: MT íntegra, sem hiperemia, abaulamento ou exsudatos. Caso clínico – Quadro ictal Exame físico: – SNC: pupilas isocóricas e fotorreagentes, com nistagmo horizontal (desvio para a direita). Força muscular e tônus diminuídos em dimídio direito, porém reage à dor. Arreflexia generalizada. Apresenta movimentos mastigatórios. Ausência de sinais de irritação meníngea. Caso clínico – Quadro ictal Conduta : 1) Manitol 2ml/Kg IV, correr em 30’ 2) Fenitoína 20 mg/Kg/dia IV, correr em 30’ 3) Decúbito dorsal com cabeceira elevada (30°) 4) O2 sob máscara com reservatório a 5 l/min. 5) HV 100% Holliday , TIG de 5, Na 3% e K 2%. – Colhido hemocultura, hemograma, VHS, eletrólitos + gasometria. Caso clínico – Quadro ictal Evolução • 05/12/06 – 19:00h Transferência para a UTI pediátrica do HRT. • Resumo UTI: 7 dias (05/12/06 a 11/12/06) – Admitido em com ECG = 7, sendo intubado, colocado em ventilação mecânica e iniciado medidas neuroproteroras. Cateterização central – Iniciado ATB empírico (Ceftriaxona) Caso clínico – Quadro ictal Evolução • – Resumo UTI: 7 dias (05/12/06 a 11/12/06) TC - HRT: sugestivo de processo expansivo (laudo verbal). Tumor de tronco cerebral? Glioma ? – RNM - HBDF: sem laudo oficial. Após RNM dia 08/12 suspensa sedação, ATB, corticóide e manitol. Caso clínico – Quadro ictal Evolução • Resumo UTI: 7 dias (05/12/06 a 11/12/06) • 11/12/06 Alta com dieta por SOG (09/12), cateter nasal de O2 – Criança abre os olhos espontaneamente, mas contacta pouco com o meio, apresenta hemiplegia a direita. Caso clínico – Quadro ictal Evolução • Retorno ao HMIB – (11/12/06) – Ex. físico Paciente pouco contactante com o meio ambiente pupilas isocóricas e fotorreagentes, abre os olhos espontaneamente. – CD: Mantidos Hidantal + Bromoprida (prescrição da UTI) Observação Caso clínico – Quadro ictal Evolução • Admissão Ala B – 12/12/06 Hemodinamicamente estável. Diurese + . Constipação – Ex. físico Rebaixamento do nível de consciência, letárgico, hemiparesia à D. Tônus preservado. Desvio do olhar conjugado para a direita. ECG: 4 + 1 + 4/5 = 9/10 – CD: Mantida Caso clínico – Quadro ictal Evolução • Ala B – 13/12/06 - Neurologia infantil – Ao exame: ECG = 10 Não responde aos chamados e comandos verbais. Pupilas fotorreagentes. Postura no leito em semiflexão, consegue fletir o MIE e MSE. – Reflexos tendinosos simétricos e preservados. Reflexos cutâneo-plantar em extensão bilateralmente. Clônus esgotável bilateralmente. Caso clínico – Quadro ictal Evolução • Ala B – 13/12/06 - Neurologia infantil – Impressão: hemiparesia à D – CD: 1) Supervisionar curva térmica 2) Retirar cateter venoso central. 3) Manter esquema de dieta por SNE e hidratação venosa. 4)Manter fenitoína 5) Solicitar EEG. Caso clínico – Quadro ictal Evolução • Ala B – 14/12/06 - 3°dia – Melhora de estado geral, mais acordado. Conseguiu evacuar no período. Boa diurese • Ao exame: Aperta com a mão E, mexe a perna E e fecha olho E quando solicitado. Ausência de resposta à direita. ECG = 11 – CD: 1) Retirado HV 2) Mantido Hidantal. 3) Iniciado fisioterapia motora. Caso clínico – Quadro ictal Evolução • Ala B – 15/12/06 - 4° dia – Criança segue estável – Exame físico inalterado – CD: 1) Solicitado exames laboratoriais + coagulograma + eletroforese de Hg. 2) Solicitado US de abdome, ecocardiograma. Exames laboratoriais Hemogramas: 05/12/06 - HRAS 06/12/06 11/12/2006 Hb 12,8 11,3 13,3 Ht 38,6 33,8 38,1 285.000 226.000 254.000 Leuc 8300 7400 7900 Seg 67 72 58 Bast 0 0 2 Linf 24 23 32 Mono 05 - - Eos 04 - 3 VHS 13 - - Plaquetas Exames laboratoriais Bioquímica: (HRAS) 05/12/06 06/12/06 09/12/06 11/12/2006 glicose 70 132 101 104 uréia 26 22 25 26 creatinina 0,3 0,5 0,4 0,3 TGO 32 20 19 21 TGP 20 15 16 40 LDH 641 396 - - - - 99 - Amilase Exames laboratoriais Bioquímica: (HRAS) 05/12/06 09/12/06 11/12/2006 Sódio 136 134 135 Potássio 4,3 4,0 4,0 Cloreto 105 102 105 Cálcio 9,2 - - Fósforo 3,9 - - Magnésio 1,8 - - Exames laboratoriais Gasometria arterial - 05/12/06 (15:00h) –PH: 7,39 –HCO3- : 18,9 –PCO2: 27,5 –K+: 3,2 –PO2: 72,2 –Na+: 148 –SatO2 : 93,9% –Ca2+: 1,89 –BE: -7,5 –Cl-: 115 Exames complementares EAS - 13/12/06 normal células: 3 p/ campo leu: raros bact: + muco: + de olho 05/12/06 – 17:40h ausência de alterações bilateralmente Fundo Exames complementares Coagulograma – Tempo de sangramento falta – Tempo de coagulação 6’ – TTPA 37” (24-35’’) ?? – TAP 15’’ (11-15’’) – INR 1,2 (2-7’) Exames de imagem Radiografia de tórax 13/12/06 normal Ecodopplercardiografia – 15/12/06 • Conexões AV e ventrículo-arteriais normais • Função sistólica e padrão contrátil de VE normais • Aparelhos valvares sem alterações – Doppler: fluxo normal em câmaras e vasos. US de abdome - 17/12/06 normal Lista de problemas – Cefaléia súbita + vômitos – Parestesias em dimídio direito + claudicação intermitente – Hipotonia + irresponsividade a estímulos verbais + liberação esfincteriana – Desvio do olhar conjugado para a direita. – Nistagmo horizontal (desvio para a direita). – Hemiplegia à direita. – Coma Diagnóstico Diagnósticos sindrômicos: 1) Distúrbio motor de instalação aguda Coma 2) Diagnóstico Sindrômico Distúrbios motores de instalação aguda Deficiências motoras agudas diminuição da força muscular Ataxias agudas prejuízo da coordenação do movimento e do equilíbrio Diagnóstico Deficiências motoras agudas • Cérebro Sítios de lesão do SNC • Medula espinhal • Raízes e nervos periféricos • Junção neuromuscular Diagnóstico Afecções Cerebrais • Hemiplegia aguda Déficit motor unilateral – Comprometimento motor pode ser desigual no hemicorpo acometido (proporcionado, desproporcionado) – Sinal de Babinski comumente encontrado – Outros sinais focais: hemianopsia, afasia, convulsões – Agressão mais difusa COMA Diagnóstico Afecções Medulares – Déficit motor caracterizado por fraqueza muscular geralmente simétrica dos membros, acompanhado de distúrbio da sensibilidade tátil, DESCARTADO térmica e dolorosa, geralmente com nível definido. – Déficit motor inicialmente flácido com possível evolução em alguns dias para resposta em tríplice flexão, hiper-reflexia e sinal de Babinski. Diagnóstico Afecções Radiculares e Neurais Polirradiculoneurite (Guillain-Barré) Diminição simétrica da força muscular iniciandoDESCARTADO se geralmente pelos MMII acompanhada de dor e parestesias progredindo cranialmente. Diagnóstico Afecções de origem na Junção Neuromuscular Botulismo – Causado pela toxina do bacilo Clostridium botulinum DESCARTADO – Ingesta de produtos contaminados, contaminação de ferimentos, proliferação do agente no trato gastrintestinal ( crianças até 6 meses de idade. – Quadro clínico: comprometimento difuso do sistema motor. Diagnóstico sindrômico Coma • Definição alteração profunda do nível de consciência da qual o individuo não pode ser despertado por estímulos externos, apesar de reflexos motores e posturais poderem estar presentes. Conclusão Deficiência motora aguda Hemiplegia aguda Coma Hemiplegias agudas Etiologia • AVC isquêmico/hemorrágico • Convulsões focais prolongadas • Paralisia de Todd • Status epilepticus. • Migrânea hemiplégica • Processo expansivo (tumor cerebral) • Desordens neurodegenerativas, (adrenoleucodistrofia) • Doenças metabólicas Hemiplegias agudas AVC isquêmico/hemorrágico – Incidência de hemiplegia secundária a AVC em crianças 1-3/100.000 por ano – Causas pediátricas são distintas das dos adultos (maior influência do estilo de vida) – Tipos de AVC: trombose arterial e venosa, hemorragia intracraniana, embolia arterial e miscelânea. – Causa em crianças é estabelecida em 75 % dos casos. Hemiplegias agudas AVC isquêmico/hemorrágico – Incidência de hemiplegia secundária a AVC em crianças 1-3/100.000 por ano – Tipos de AVC: trombose arterial e venosa, hemorragia intracraniana, embolia arterial e miscelânea. – Causas pediátricas são distintas das dos adultos. Em crianças, a patologia venosa é mais importante. – Causa pediátrica eclarecida em 75 % dos casos. Hemiplegias agudas AVC isquêmico: • Trombose/Embolia arterial • Trombose Venosa AVC isquêmico Trombose/Embolia Arterial • Trombose da carótida interna – Trauma fechado na faringe posterior/abscesso retrofaríngeo lesão da íntima do vaso aneurisma dissecante trombo aneurisma cerebral DESCARTADO – Sintomas podem iniciar até 24 h depois do acidente com hemiplegia lenta e progressiva, letargia, afasia (acometimento do hemisfério dominante) Convulsões motoras focais são comuns AVC isquêmico Embolia Arterial Embolização de vasos cerebrais Rara na infância • Anormalidades cardíacas principal causa Ecocardiograma normal – Arritmias (fibrilação atrial) – Mixoma – Forame oval patente êmbolo paradoxical – Endocardite bacteriana aneurisma micótico – Cardiopatia cianótica congênita com shunt E D –Trombose em menores de 2 anos –Queda da SatO2 por desidratação, infecção viral ou cirurgia AVC isquêmico Embolia Arterial • Embolia aérea cirurgia DESCARTADO • Embolia gordurosa fratura de ossos longos AVC isquêmico Trombose Arterial • - processos oclusivos: Doença de Moyamoya – Oclusão arterial dos vasos dos gânglios basais – Angiograma característico (vasos colaterais em nuvem de fumaça) – Mais frequente em meninas, tendência familiar – Apresentação: cefaléia e sinais de neurônio motor superior bilateralmente AVC isquêmico Trombose Arterial - processos oclusivos: • Doença de Moyamoya – Primeiro sintoma é frequentemente AVC ou AITs, frequentemente acompanhados de fraqueza muscular ou POSSÍVEL hemiparesia e/ou convulsões. – Doença cerebrovascular progressiva, com episódios intermitentes de AITs associados a déficits neurológicos e incapacidade severa. AVC isquêmico Trombose Arterial – oclusão de a. distais Pacientes apresentam-se com sinais neurológicos unilaterais Recuperação frequentemente completa pequena área de infarto – Neurofibromatose – Anemia falciforme – Angiopatia pós-varicela POSSÍVEL – DM – Irradiação da cabeça e pescoço, DESCARTADO – Contraceptivos orais, –Uso de drogas ilícitas (anfetaminas, cocaína). AVC isquêmico Trombose Arterial – oclusão de a. distais • Neurofibromatose (doença de Von Recklinghausen) – Doença autossômica dominante com expressão variável – Etiopatogenia obscura provável displasia das cristas neurais – Doença multissistêmica (até 7 tipos) manifestações viscerais (tumores), endocrinológicas e vasculares quadro clínico variável AVC isquêmico Trombose Arterial – oclusão de a. distais • Neurofibromatose (doença de Von Recklinghausen) – Neuroctodermose alterações cutâneas; manchas de café com leite que aumentam em tamanho e número com a idade, sardas axilares e nódulos cutâneos e subcutâneos aparecem na idade Pouco provável escolar – Pode provocar AVCI em crianças, até mesmo durante o período perinatal e primeiro mês de vida – Diagnóstico se baseia em estudos tomográficos ou de ressonância magnética AVC isquêmico Trombose Arterial – oclusão de a. distais • Anemia falciforme – Predomínio na raça negra – Quadro clínico história de anemia, dactilite até os 3-4 anos, esplenomegalia e adenopatia até os 6a, crises álgicas (óssea, articular,abdominal, torácica), icterícia principalmente nas crises, picos febris frequentes, susceptibilidade à infecções, agravamento da anemia durante infecção, osteomielite (Salmonella), AVC, priapismo, colecistopatias e úlceras em MMII (adolescentes). AVC isquêmico Trombose Arterial – oclusão de a. distais • Anemia falciforme SS/SC – Diagóstico: HC (anemia normocítica/normocrômica, anisocitose, hemácias em alvo/foice), eletroforese de Hg. • AVC: – Cefaléia abrupta, persistente com vômitos – Manifestações: hemiparesia, convulsões focais afasia, coma. AVC isquêmico Trombose Arterial – oclusão de a. distais • Anemia falciforme • AVC POSSÍVEL – risco 221 vezes > para AVC e 410 vezes > para AVCI – 11% dos pacientes com anemia falciforme terão um AVC clinicamente manifesto com 20 anos e 24% na idade de 45 anos. – Causa é heterogênea. Infarto cerebral predomina em crianças enquanto hemorragia predomina em adultos. AVC isquêmico Trombose Arterial – oclusão de a. distais • Arteriopatia pós-varicela – Critérios de AVC em crianças por arteriopatia pós-varicela (PVA) típica: Passado remoto varicela 1) AVC após varicelacom exantemadeocorrida há menos de um ano; 2) Exclusão de outras etiologias para AVC para além da PVA; 3) AVC com clínica ou enfarte consistente com doença vascular unilateral afectando a porção supraclinoideia da ACI, segmentos A1/A2 da ACA, ou segmentos M1/M2 da ACM. AVC isquêmico Trombose Arterial Poliarterite nodosa – oclusão de a. pequenas Homocistinúria Curso debilitante e progressivo com sinais bilaterais e alta mortalidade AVC isquêmico Trombose Arterial – oclusão de a. pequenas • Poliarterite nodosa – Afeta indivíduos do sexo masculino e feminino em qualquer idade (1:1) maioria entre 40 e 60 anos. – Quadro clínico em geral se inicia de forma abrupta com manifestações sistêmicas importantes: febre, fraqueza e emagrecimento. – Piora progressiva e acometimentos de múltiplos órgãos. AVC isquêmico Trombose Arterial – oclusão de a. pequenas • Poliarterite nodosa – Pele é frequentemente acometida livedo reticularis, nódulos subcutâneos em trajeto arterial, úlceras de pele ou gangrena de dedos. DESCARTADO – Acometimento nervoso frequentemente com quadro de mononeurite multiplex ou neuropatia periférica em bota e luva – Laboratório leucocitose, plaquetose e VHS . Nenhum exame sugere o diagnóstico – Diagnóstico biópsia de tecido acometido AVC isquêmico Trombose Arterial – oclusão de a. pequenas • Homocistinúria – Erro inato do metabolismo da homocisteína (aa) – Doença autossômica recessiva – Causa mais freqüente deficiência da enzima cistationina ß sintetase. – Caracterizada por aumento da excreção urinária e acúmulo em diversos tecidos de metionina, homocisteina e homocistina. AVC isquêmico Trombose Arterial – oclusão de a. pequenas • Homocistinúria – Quadro clínico: osteoporose, graus variáveis de retardo mental, luxação de cristalino, aracnodactilia e tendência a AVCs por tromboembolismo. – Diagnóstico: dosagem da homocisteína plasmática melhor que IMPROVÁVEL a urinária. Teste de sobrecarga oral com metionina (precursor metabólico da homocisteína) para avaliar pacientes com risco de doença vascular precoce. – Tratamento: Algumas formas de homocistinúria são responsivas à vitamina B6. AVC isquêmico Trombose Venosa Sinais e sintomas em neonatos podem evoluir em dias • Séptica neurológico difuso e caracterizarem comprometimento e convulsões. Em crianças sinais neurológicos focais são mais proeminentes • Asséptica Veias dilatadas do couro cabeludo, fontanela anterior protusa e sinais e sintoma de HIC podem estar presentes. AVC isquêmico Trombose Venosa Séptica (tromboflebite) • Infecções retroorbitárias • Complicação de otites representam médias e mastoidites purulentas, Causas infecciosas pelo menos 1/3 seio transverso. dos casos de AVC na infância • Sinusites frontais ou infecções da pele da face, nariz e lábios tromboflebite do seio sagital superior ou do seio cavernoso. • Meningites e Encefalites • Abscesso cerebral AVC isquêmico Trombose Venosa Séptica (tromboflebite) • Meningites/Encefalites Fundo de olho normal • Manifestações de toxemia : febre, anorexia, vômitos, cefaléia, Hemograma não infeccioso taquicardia, taquipnéia, fotofobia, estrabismo convergente, Ausência de febre hiperestesia, irritabilidade, agitação, opistótono, sinais de irritação meníngea, exaltação reflexos Sem sinais dos meníngeos • História de IVAS ou diarréia anterior. • Hemiplegia é complicação relativamente comum • Diagnóstico:LCR pleocitose, hiperprot, hipoglic. AVC isquêmico Trombose Venosa Séptica (tromboflebite) • Abscesso cerebral – Caráter expansivo, potencializado por intenso edema em sua volta hérnias. – Quadro clínico síndrome de HIC, febre, torpor e coma. Conforme a localização do abscesso, pode haver também hemiparesia, hemianopsia, crises convulsivas ou ataxia. AVC isquêmico Trombose Venosa Séptica (tromboflebite) • Abscesso cerebral Fundo de líquor olho normal – Diagnóstico: exame do LCR (menos alterações que nas meningites) Hemograma hipercitose e hiperproteinoraquia não infeccioso discretas com glicoraquia normal. Exames de imagem são valiosos Ausência de febre – Tratamento: antibioticoterapia sistêmica e controle do edema cerebral. Cirurgia em caso de falha. A mortalidade é próxima de 10%. AVC isquêmico Trombose Venosa Asséptica • Desidratação severa na de infância Tríade Virchow do endotélial, turbilhonamento do •Lesão Condições resultando em hipercoagulabilidade • hipercoagulabilidade sanguínea Cardiopatias cianóticas congênitas • Infiltração leucêmica das veias cerebrais • fluxo Deficiencias de inhibidores da coagulação: proteína C, proteína S, antitrombina III, heparin cofactor II, plasminogênio ou fibrinogênio disfuncionais. AVC isquêmico Trombose Venosa Asséptica • Coagulopatias – Fator V de Leiden (mutação) causa mais comum de resistência à proteínaPOSSÍVEL C. Diagnóstico: PCR – Proporção significativa de crianças com AVC tem múltiplos fatores pró-trombóticos (interação entre Fator V de Leiden e hiperhomocisteinemia. Hemiplegias agudas AVC hemorrágico: Caracterizada por sinais neurológicos focais e convulsões •Hemorragia subaracnóidea Caracterizada por cefaléia severa , •Hemorragia intra-parenquimatosa rigidez de nuca e perda progressiva da consciência AVC hemorrágico Hemorragias • subaracnóideas Angiomas cavernosos – podem ser familiares – Baixo risco de sangramento espontâneo • Malformações arterio-venosas da Veia de Galeno – Podem causar ICC de alto débito devido à grandes shunts com hidrocefalia progressiva, HI – Tratamento difícil, prognóstico sombrio AVC hemorrágico Hemorragias • subaracnóideas Malformações artério-venosas – Distúrbio do revestimento de artérias e veias na embriogênese shunt anormal expansão de vasos hemorragia cerebral – Tipicamente localizadas nos hemisférios cerebrais* – Crianças com MAV frequentemente têm história de convulsões e cefaléia do tipo migrânea. porém a hemicrânia não é alternante AVC hemorrágico Hemorragias • subaracnóideas Malformações artério-venosas – Sopro no crânio é auscultado em 50% dos casos – Ruptura de MAV dor de cabeça severa, vômitos, rigidez de nuca, hemiparesia progressiva e convulsões focais ou generalizadas. – Diagnóstico TC, RNM com gadolíneo, angiorressonância. AVC hemorrágico Hemorragias • subaracnóideas Aneurismas cerebrais – Raramente sintomáticos em crianças – São grandes e com localização preferencial na bifurcação das carótidas (crianças) – Resultantes de fraqueza congênita do vaso ou de deficiências do colágeno (tipoIII) AVC hemorrágico Hemorragias • subaracnóideas Aneurismas cerebrais – Crianças associação entre aneurisma US de abdome normal cerebral, coarctação da aorta e doença renal policística bilateral. – Maioria sangram no espaço subaracnóideo. Hemorragia intra-cerebral com hemiparesia progressiva também ocorre. – Diagnóstico Angiografia AVC hemorrágico Hemorragias • intra-parenquimatosas Desordens hematológicas – PTI – Hemofilia IMPROVÁVEL Diagnóstico diferencial AVCs Migrânea hemiplégica – Manifesta em crianças de 2 a 18 anos – Cursa com episódios intermitentes de Hemiplegia alternante – Raramente envolve os dois lados numa crise – Movimentos coreoatetósicos e distônicos comumente observados na extremidade parética. – Sintomas regridem espontaneamente com o sono mas recorrem com o acordar Diagnóstico diferencial AVCs Migrânea hemiplégica – Hemiplegia persiste por minutos a semanas resolvendo espontaneamente – Prognóstico sombrio com retardo mental progressivo e IMPROVÁVEL atrasos de desenvolvimento. – Exames metabólicos e de imagem são negativos Diagnóstico diferencial AVCs Desordens metabólicas • Encefalomiopatia mitoconcrial (MELAS) • Deficiência da Ornitina transcarbamilase IMPROVÁVEL • Deficiência da Piruvato desidrogenase Diagnóstico diferencial AVCs Paralisia de Todd • Hemiparesia seguindo uma convulsão focal DESCARTADO • A fraqueza e os sinais focais desaparecem dentro de 24 horas após a convulsão. Diagnóstico diferencial AVCs Status • epilepticus Convulsão clínica ou elétrica durando pelo menos 30 minutos, ou uma série de convulsões subentrantes sem recuperação completa no período Emergência médica • Eventualmente febre alta, hipotensâo, depressão respiratória e mesmo morte pode ocorrer • Mais comum em crinças com 5 anos ou menos (85%) Diagnóstico diferencial AVCs Status • epilepticus Classificação: – Convulsivo (tônico-clônico ou grande mal) – Não convulsivo (estado mental alterado ou comportamento com componentes motores súbitos ou ausentes) EEG é IMPROVÁVEL frequentemente necessário • • 25–75% das crianças experimentam o status epilepticus na primeira crise. Infecções e desordens metabólicas principais causas em crianças. Tumor, AVC e traumatismo craniano são causas incomuns em pediatria. Diagnóstico diferencial AVCs Tumor cerebral • Frequência maior em crianças que adultos • Tumores mais freqüentes em crianças astrocitomas do cerebelo e tronco cerebral, meduloblastomas e ependimomas • GLIOMAS tumores originados em células da glia: astrocitomas, glioblastomas, oligodendrogliomas e ependimomas. Diagnóstico diferencial AVCs Tumor cerebral Glioblastoma – Tumor muito grave, de crescimento rápido história clínica é de poucos meses. – Quadro clínico 1) Síndrome de hipertensão intracraniana (cefaléia, vômitos em jato, edema de papila); 2) Sinais de localização conforme a área atingida (hemiparesias, parestesias, afasias, hemianopsia). 3) Crises convulsivas em paciente adulto não epiléptico devem sempre levantar suspeita de tumor intracraniano. Diagnóstico diferencial AVCs Tumor cerebral Glioblastoma • Tratamento é cirúrgico e visa a retirada da maior quantidade possível de tumor para descomprimir o cérebro e aliviar a hipertensão intracraniana. É quase sempre impossível a História não compatível retirada total, devido à má delimitação e às graves seqüelas da ablação de áreas funcionantes. Usa-se radioterapia como adjuvante. Quimioterapia tem pouco efeito. • Prognóstico de glioblastomas ainda é péssimo, porque o tumor inevitavelmente recidiva. A sobrevida dificilmente ultrapassa 6 meses a 1 ano após o diagnóstico. Exames de imagem Ressonância magnética de crânio – 08/12/06 (HBDF) • Achados Lesão com isossinal em T1 e hipersinal em T2 envolvendo a metade esquerda da ponte e do mesencéfalo com limites bem definidos. Demais áreas do parênquima cerebral sem alterações. Ausência de massas ou coleções extra-axiais. Conclusão: AVCI de Tronco Cerebral. Conclusão Diagnóstico sindrômico: Hemiplegia à direita Diagnóstico topográfico: Tronco cerebral Diagnóstico etiológico: • AVC Isquêmico – Trombofilias? – Anemia Falciforme? – Doença de Moyamoya?