13/08/12 www.dinsmorecorp.com/br/articles/id178/A_Grande_Pirâmide_de_Quéops_print A Grande Pirâmide de Quéops O Projeto de Construção de Uma das Sete Maravilhas do Mundo abril 13, 2010 por Alessandro Prudêncio 1. Introdução Das mais de oitenta pirâmides já encontradas pelos arqueólogos no Egito, uma se destaca pela grandiosidade e impressionismo de suas dimensões, a grande pirâmide do faraó Quéops (Figura 1), sob erano da IV dinastia. A imponente construção emerge das areias na planície de Gizé, margem ocidental do rio Nilo, a 8 km do Cairo, capital do Egito. Única das sete maravilhas do mundo antigo ainda em pé, durante 4000 anos foi a construção mais alta do mundo com espantosos 147 metros de altura. Próximo a pirâmide de Quéops, estão as pirâmides de seu filho, Quéfren, que o sucedeu no trono, o qual foi sucedido por Miquerinos, formando um complexo piramidal que até hoje fascina as pessoas no mundo todo. Este artigo tem como foco os aspectos que envolveram o projeto de construção da grande pirâmide de Quéops. A intenção é promover uma analogia entre as técnicas de construção utilizadas pelos egípcios a 4500 anos atrás e as modernas práticas da gerência de projetos conforme demonstrado no guia Project Management Body of Knowledge (PMBOK), produzido pelo Project Management Institute (PMI). Este comparativo se dará através de algumas das áreas do universo do conhecimento da gerência de projetos : gerenciamento do escopo, gerenciamento do tempo, gerenciamento dos custos, gerenciamento da qualidade, gerenciamento dos recursos humanos e gerenciamento do risco. Muitas controvérsias existem em relação a forma que as pirâmides foram projetadas e construídas. Isto se explica devido a grandiosidade da ob ra (milhões de b locos de granito, alguns com dezenas de toneladas) aliada as raras escritas relatando os processos e tecnologias utilizadas no projeto. Este artigo desvia-se dessas especulações, centrando-se na hipótese clássica descrita pelo historiador grego Heródoto[1] , e no descob rimento de muitos detalhes construtivos através de estudos arqueológicos detalhados dos monumentos. Várias questões, entretanto, continuam sem solução. Figura 1 – A Grande Pirâmide de Quéops 1.1 Um Pouco de História Entre a III dinastia e a XII dinastias, durante um milênio (2630 e 1640 a.c), os egípcios construíram suas famosas pirâmides. Na III dinastia reinou o faraó Djoser, que encarregou o sáb io Imhotep de construir seu túmulo, a primeira grande construção em pedra do Egito, a chamada pirâmide de degraus de Sacará2 . Foram os gregos, entretanto, que chamaram tais monumentos de pyramis (plural pyramides), o que resultou na palavra pirâmide em português. Ao que tudo indica a palavra grega não deriva de nenhum vocáb ulo egípcio, mas trata-se apenas do nome que os gregos davam a uma espécie de doce feito com farinha de trigo. Acreditam os estudiosos que os antigos gregos associaram humoristicamente as pirâmides a essa guloseima, provavelmente porque quando vistos à distância os monumentos lhes pareciam enormes b olos. 1.2 Porque as Pirâmides Foram Construídas ? Os egípcios pregavam a imortalidade da alma e do corpo. O túmulo para um egípcio era o seu castelo da eternidade, e deveriam ser ricamente ornamentadas com tesouros, roupas, artefatos de cerâmica, ob jetos pessoais e até mesmo www.dinsmorecorp.com/br/articles/id178/A_Grande_Pirâmide_de_Quéops_print 1/8 13/08/12 www.dinsmorecorp.com/br/articles/id178/A_Grande_Pirâmide_de_Quéops_print alimentos. As pirâmides egípcias destinavam-se aparentemente a servir de sepultura, além de serem o centro de um complicado e pomposo cerimonial religioso. Assim o atesta o conjunto de templos, monumentos e pirâmides auxiliares a elas vinculadas. A finalidade segundo a crença comum e alguns historiadores, era servir de tumb a para preservar os despojos dos faraós, demonstrando, na sua grandeza, a própria grandeza dos mesmos. Tais crenças levaram os antigos egípcios a dedicarem atenção especial à edificação[2] de seus túmulos. Eles acreditavam que a sob revivência após a morte dependia da preservação do corpo físico, por isso outro fato que marca a história do Egito é a mumificação dos corpos. Os corpos eram mumificados e o luto durava 70 dias, tempo que o corpo passa longe dos seus familiares, nas mãos dos emb alsamares. Os egípcios acreditavam que os homens e os animais são compostos por sete elementos: alma, espírito, somb ra, nome, coração (centro do pensamento), espírito luminoso e o corpo. Segundo a crença egípcia, a mumificação evita que esses elementos se dispersem quando a pessoa morre. 2. Gerenciamento do Escopo 2.1 Project Charter : Na metodologia PMI, o project charter, saída do processo de iniciação, é o documento que formalmente reconhece a existência de um projeto. Neste documento estão listadas as necessidades de negócio que deram origem ao projeto, a missão do projeto, uma b reve descrição do produto e a indicação do gerente de projeto. Este documento é normalmente criado pela alta gerência da organização patrocinadora do projeto. Ab aixo é descrito um exemplo de project charter que poderia ter sido emitido para o projeto de construção da pirâmide : 2.1.1 Missão do Projeto : Garantir a sob revivência do faraó no pós-morte. 2.1.2 Necessidade de Negócio : Era estratégico para o faraó a construção de uma câmara mortuária que resguardasse seu corpo por toda a eternidade. 2.1.3 Gerente de Projeto : “Arquiteto Chefe do Rei” ou “Chefe dos Trabalhos do Rei”. 2.1.4 Descrição do Produto : Complexo piramidal que garantisse a eternidade para o faraó, para suas rainhas, altos funcionários e parentes próximos e que fosse maior que a pirâmide de seu pai Snefru (102 metros). No Egito antigo, quem arb itrava sob re os trab alhos nos templos e nas tumb as era a administração real, formada pelo faraó e seus auxiliares reais. Os faraós, eram reis egípcios considerados divindades, destinados pelos deuses (Rá, Atum e Horus) a este cargo antes mesmo de seu nascimento. Era considerado o intermediário ob rigatório entre o comum dos mortais e as divindades. Ele é a garantia, durante seu reinado, da b oa gestão e da salvaguarda e harmonia do mundo. O vizir era o número dois na hierarquia do Estado. Desempenhava o papel de assistente e secretário particular do faraó. Representante do deus Maát, o vizir levava no pescoço uma pequena imagem deste deus. Ele centralizava em seu escritório arquivos colossais, o que o coloca no topo de todos os ramos da administração (irrigação e impostos, transportes, polícia e justiça). Os gerentes de projeto eram altos funcionários chamados de "arquiteto chefe do rei" ou "chefe dos trab alhos do rei" e tinham como missão garantir o sucesso do projeto e a decorrente satisfação do principal interessado, o faraó. O produto do projeto era um complexo piramidal, onde o principal sub -produto era um monumento estrutural que tinha como função preservar o corpo do rei para a ressurreição b aseado na crença dos antigos egípcios de que o faraó se utilizaria do mesmo corpo físico para perpetuar seu reino no pós-morte. Desta forma, o time de projeto tinha uma missão divina e contava com o patrocínio direto do rei devido a importância estratégica do projeto para o reino e para a imortalidade do mesmo. Ao comum dos mortais era proib ido entrar no recinto que circundava o monumento, b em como na parte mais íntima do templo funerário. Só os sacerdotes responsáveis pelos ritos estavam autorizados a ali penetrar. Após o sepultamento do faraó, sua pirâmide era lacrada para sempre. 2.2 Declaração de Escopo : Saída do processo de planejamento do escopo, a declaração de escopo é o documento que provê uma b ase documental para tomada de futuras decisões no projeto, além de desenvolver um entendimento comum do escopo do projeto entre os interessados. Neste documento são mencionados direta ou indiretamente via referência a outros documentos, a finalidade do projeto, uma descrição mais detalhada do produto principal do projeto, uma lista dos sub produtos do projeto, b em como ob jetivos com critérios quantitativos que devem ser alcançados para que o projeto seja considerado um sucesso. Ab aixo é descrito um exemplo de declaração de www.dinsmorecorp.com/br/articles/id178/A_Grande_Pirâmide_de_Quéops_print 2/8 13/08/12 www.dinsmorecorp.com/br/articles/id178/A_Grande_Pirâmide_de_Quéops_print escopo que poderia ter sido emitido para o projeto do complexo piramidal : 2.2.1 Justificativa do Projeto : Imortalizar o faraó e seus seguidores. 2.2.2 Descrição do Produto : Construção de um complexo piramidal formado por uma pirâmide principal, três pirâmides secundárias, dois templos para os sacerdotes, várias mastab as para os dignitários e um b arco para navegação no além-túmulo. 2.2.3 Subprodutos do Projeto : Pirâmide do faraó, pirâmides das rainhas, mastab as dos dignitários, templos da pirâmide e do Nilo e b arco do faraó. 2.2.4 Objetivos do Projeto : Construir a pirâmide principal com altura superior a 102 metros dentro do reinado do faraó. Produto do projeto, a pirâmide de Quéops não era uma construção isolada, fazia parte de um conjunto de edificações que a acompanhava, principalmente templos e capelas, além de túmulos de familiares e dignitários do faraó. É comum encontrar-se ao lado das principais pirâmides, uma ou mais pirâmides menores chamadas sub sidiárias ou secundárias. Supõem os arqueólogos que algumas se destinavam ao sepultamento das rainhas. Outras, entretanto, provavelmente não teriam tal finalidade, mas sim visavam sepultar as vísceras dos faraós, as quais eram retiradas dos corpos durante o processo de mumificação e guardadas em vasos, chamados de vasos canopos. Na maioria dos casos o complexo piramidal era formado por uma pirâmide principal, uma ou mais pirâmides secundárias, um templo situado junto ao vale do Nilo, na orla da área cultivável, e outro localizado junto à pirâmide e, ainda, uma calçada, tamb ém chamada de avenida, que unia os dois templos, separados entre si, às vezes, por distâncias superiores a um quilômetro. Nas proximidades de todo esse conjunto e ocupando grandes extensões, as mastab as dos memb ros da família reinante e dos cortesãos, simetricamente dispostas, formavam grandes cemitérios. Por sua vez, o contraste entre a enormidade da pirâmide e a pouca altura das mastab as deveria ilustrar a diferença entre a majestade divina do rei e a condição de simples mortais de seus súditos. Complementavam o complexo piramidal, um muro que circundava a pirâmide e um b arco de madeira que segundo os estudiosos tinha condições de navegab ilidade infinitamente melhor do que qualquer emb arcação da época de Cristóvão Colomb o. O costume de enterrar b arcos junto aos sepulcros existia desde a I dinastia. Alguns deles talvez tivessem sido usados no decorrer do funeral, mas outros destinavam-se a servir de meio de transporte para o morto no além-túmulo, seja para acompanhar a b arca do deus sol em sua jornada, seja para atingir as regiões profundas onde os deuses hab itavam. 2.3 Estrutura Analítica do Trabalho (WBS[3]) : Saída do processo de definição do escopo, a estrutura analítica do trab alho envolve a sub divisão dos principais sub produtos do projeto em componentes menores, mais facilmente gerenciáveis, permitindo : aumento na precisão das estimativas de custo, prazos e recursos do projeto; definição de uma b ase para medição e controle da qualidade do projeto; maior clareza na atrib uição das responsab ilidades das tarefas do projeto. A WBS do complexo piramidal é mostrada na Figura 2. 3. Gerenciamento do Tempo Construída cerca de 4500 anos atrás, a pirâmide de Quéops esta até hoje estruturalmente intacta. Monumento mais pesado já construído pelo homem (cerca de 31.200.000 toneladas), possui aproximadamente 2,3 milhões de b locos de rocha, cada um pesando em média 2,5 toneladas, com alguns chegando a cerca de 50 toneladas. Sua altura de mais de 146 m só foi ultrapassada em altura no século XVI (Figura 3). Se a pirâmide fosse reduzida a cub os com 30 centímetros de lado e estes fossem colocados em fila, se estenderiam por uma distância igual a dois terços da circunferência da terra no equador. www.dinsmorecorp.com/br/articles/id178/A_Grande_Pirâmide_de_Quéops_print 3/8 13/08/12 www.dinsmorecorp.com/br/articles/id178/A_Grande_Pirâmide_de_Quéops_print Figura 2 – WBS do complexo piramidal Figura 3 – Comparação de altura entre as pirâmides e alguns monumentos modernos Apesar da grandiosidade da ob ra, o plano era completá-la dentro do reinado do faraó. O cronograma foi ob edecido e a grande pirâmide foi construída dentro de 23 anos de muito trab alho em 2600 a.c por homens com ferramentas rudimentares, sem o uso de guindastes, roldanas ou guinchos, porém um cálculo estimado diz que um b loco de granito era assentado a cada cinco minutos. Neste cronograma algumas atividades se destacam : 3.1 Definir o Local de Construção : O Egito começou a ser mapeado, na época da dominação por Napoleão. Os exploradores franceses escolheram então a Grande Pirâmide como ponto de partida para a triangulação. Os exploradores perceb eram que se continuassem as linhas diagonais da b ase da pirâmide, o delta do Nilo seria perfeitamente enquadrado. A pirâmide está situada no centro de gravidade do continente africano. Foi constatado então que a pirâmide foi construída naquele local com algum propósito definido e não conhecido e que ela esta centrada no paralelo de 30 graus, o que por si só já é curioso, uma vez que ele separa no planeta a maior parte da superfície de terra da maior parte da superfície de oceano. Sab e-se hoje tamb ém, que a partir da face norte da pirâmide, do fim da galeria que leva à câmara real, através de milhares de toneladas de pedras perfeitamente encaixadas, sai uma linha que aponta diretamente para a estrela polar. 3.2 Aplainar o Terreno de Construção : A planície de Gizé foi escolhida pelos egípcios para construção da grande pirâmide porque sua superfície plana de rocha tornava-a um alicerce ideal para estruturas maciças, e podia ser usada como pedreira para o material de construção. Antes que o trab alho pudesse começar, no entanto, o local teve que ser aplainado para ficar perfeitamente liso. Primeiro o sítio era inundado. Cavavam-se, então, valas na rocha, medidas com uma vara. A b ase de cada vala ficava exatamente na mesma profundidade deb aixo da água. O local depois era drenado, deixando um pouco de água nas valas. Em seguida, a rocha ao redor era cortada até o mesmo www.dinsmorecorp.com/br/articles/id178/A_Grande_Pirâmide_de_Quéops_print 4/8 13/08/12 www.dinsmorecorp.com/br/articles/id178/A_Grande_Pirâmide_de_Quéops_print nível da superfície da água. 3.3 Cortar as Pedras : A maioria dos b locos de pedra utilizados na construção da grande pirâmide foram extraídos da pedreira localizada perto de Assuã, 900 km ao sul do Cairo. Figura 4 – Ferramentas de construção Figura 5 – Remoção dos b locos de pedra Na construção das pirâmides, certamente foram utilizadas várias ferramentas (Figura 4), dentre elas a b roca. Diversos técnicos estudaram os vestígios desta ferramenta, e suas conclusões foram de que tratava-se de uma ferramenta com poder de corte maior que qualquer uma que existe em nossa melhor tecnologia. Ob servando as marcas deixadas pelas b rocas egípcias em b locos de quartzito e diorito (pedras de grande dureza), é fácil ver que a ferramenta avançava 2 milímetros por volta. Isto é uma proeza incrível, quando lemb ramos que na atual tecnologia as melhores b rocas avançam apenas 0,04 mm por volta. Nenhuma b roca atual é capaz de avançar 2 milímetros por volta, nem mesmo as de diamante ou vídia. Logo, é ób vio que não é ob ra do acaso a falta de referências sob re as ferramentas utilizadas pelos egípcios. Será que os egípcios evitavam fazer escritos de sua avançada tecnologia, como fazem hoje os detentores de tecnologia nuclear? Marcas de cortes e perfurações encontradas em pirâmides e templos no Egito mostram que foram utilizadas máquinas de avanço controlado, como os atuais tornos industriais. Mas como poderia haver tornos há 5 mil anos? Os antigos egípcios cavavam b uracos de mais de 10 metros de profundidade nas rochas, para assegurar-se da solidez da pedra. Depois acendiam fogo nessas cavidades, para dilatar a rocha, e refrescavam o b loco de pedra com água. Os operários do faraó, então, colocavam madeira nos vãos (Figura 5) e regavam com água para que a pedra se desprendesse gradualmente sem se queb rar. Para movimentar os b locos de pedra, os trab alhadores usavam trenós, cordas e alavancas. 3.4 Transportar as Pedras : Em El Bershe, no Egito, há um relevo onde aparece uma estátua de Dyejutijotep, de 60 toneladas, sendo arrastada por 172 homens. No relevo, a estátua está colocada sob re um trenó, que é arrastado pelas pessoas, e aparece tamb ém um personagem derramando um líquido sob re os patins do trenó, certamente com o ob jetivo de diminuir o atrito com o solo. Com b ase neste e em mais alguns outros relevos, os arqueólogos pensam que foi este o método empregado para carregar os cerca de 2,3 milhões de b locos de pedra que compõem a Grande Pirâmide. Ou seja, se era possível carregar um b loco de pedra de 60 toneladas, muito mais fácil seria carregar um b loco de 2,5 toneladas (peso do b loco padrão da Grande Pirâmide). Carregar esta estátua de 60 toneladas deve ter sido algo muito importante, tanto é que mereceu ser representado por imagens e relevos. Muitas pedras foram trazidas da Etópia e das vizinhanças do mar vermelho. Os arqueólogos concordam em dizer que o transporte era feito principalmente utilizando-se emb arcações, pelo rio Nilo. Após descarregadas, as pedras eram talhadas pelos pedreiros egípcios, utilizando-se martelos de dolerita[4] , com tal perfeição que a superposição de umas sob re as outras é tão exata, sem uso de nenhuma argamassa, que sequer uma folha de papel passa em suas frestas. Em seguida, os b locos de pedra eram colocados em rampas para serem arrastados e posicionados na pirâmide. Existem teorias diferentes sob re como a pirâmide foi construída. Uma só rampa diretamente dirigida a uma face (Figura 6), aumentando de altura na medida em que a pirâmide crescia , é uma delas. Outra teoria popular é de que se usava uma rampa em espiral sub indo ao redor da estrutura (Figura 7). www.dinsmorecorp.com/br/articles/id178/A_Grande_Pirâmide_de_Quéops_print 5/8 13/08/12 www.dinsmorecorp.com/br/articles/id178/A_Grande_Pirâmide_de_Quéops_print Figura 6 – Rampa única Figura 7 – Rampa em espiral Com o intuito de dimensionar a dificuldade encontrada pelos egípcios para construir este extraordinário monumento, em março de 1999 um grupo de 200 homens tentaram arrastar um b loco de granito pesando em torno de 25 toneladas. O b loco estava sob re um grande trenó de madeira, e as pessoas puxavam cordas, tentando arrastá-lo. Havia tamb ém pessoas ao lado do b loco, utilizando alavancas (grandes b arras de madeira) para ajudar a arrastá-lo. Houve diversos prob lemas. As cordas, apesar de muito grossas, rompiam-se mas o b loco nem se mexia. Foram colocadas mais cordas e mais alavancas. Depois de muitas horas e de muita paciência, finalmente conseguiram arrastar o b loco por cerca de 7 metros apenas. Essa experiência serve para termos uma idéia da dificuldade que é carregar b locos imensos. Compare você mesmo: se 200 pessoas levaram o dia inteiro para arrastar por apenas 7 metros um b loco de 25 toneladas de granito, imagine o esforço necessário para arrastar b locos de 200 ou 1000 toneladas por distâncias de quilômetros. 4. Gerenciamento da Qualidade Foi descob erto que se o perímetro da b ase for dividido pelo dob ro da sua altura, ob tém-se o número 3,14159 (pi). A altura da pirâmide, multiplicada por um b ilhão, dá a distância da terra ao sol e a medida de cada lado da pirâmide, em côvados, é o número de dias do ano. Estão tamb ém registrados na pirâmide, o peso da terra e a medida das circunferências polares. É como se a Grande Pirâmide fosse um grande repositório de dados, ou uma espécie de b ib lioteca onde os antigos que a construíram, ali gravaram conhecimentos muito avançados. A construção da grande pirâmide revela um grande conhecimento dos egípcios de geografia, história, astronomia, geologia, matemática e outras ciências, o que pode ser constatado por sua localização, medidas, inclinação e curvatura. Durante séculos foi denominada "o centro das dimensões e do conhecimento". A construção mais antiga do mundo é moderna para os padrões atuais. Seus alicerces contêm esferas e cavidades, tais quais as pontes do século XX. Esta sujeita a movimentos de expansão e contração sob a ação do calor ou do frio, assim como possui proteção contra terremotos e outros fenômenos da natureza. O revestimento de alab astro era feito de 144.000 pedras e tais b locos estavam cob ertos por um revestimento uniforme de pedra calcária e, assim, cada face formava uma superfície plana e polida tão b rilhante que podia ser vista a quilômetros de distância e mais resistente que as próprias pedras que une. As faces da pirâmide b rilhavam com a luz do sol e os egípcios lhe deram o nome de “Akhet Khufu, resplandecente é Quéops”, ou “Akhuit, a resplandecente”. Tamb ém chamavam-na de “a pirâmide que é o lugar do nascer e do pôr do sol”. Todo seu revestimento foi feito com a pedra calcária b ranca de excelente qualidade da região de Tura, localidade perto do Cairo. As pedras de revestimento, perfeitamente trab alhadas, com uma superfície de contato de aproximadamente 3,25 m², estavam tão b em cimentadas que as juntas entre elas têm uma separação de não mais de 0,6 cm. Esse cimento tem uma tal retentividade que existem fragmentos de pedra de revestimento ainda unidos pelo cimento, emb ora o resto dos b locos de amb os os lados tenha sido destruído. Outra característica impressionante é a precisão "topográfica" dessas construções. Na pirâmide de Quéops, a b ase não apresenta variação de nível de 2,5 cm e os lados da b ase, variação de comprimento superior a 20 cm. Igualmente precisa é a orientação das faces da pirâmide em relação aos quatro pontos cardeais e a inclinação das faces a 51o 52' com a horizontal. Os quatro cantos do monumento são ângulos quase retos quase perfeitos. 5. Gerenciamento dos Recursos Humanos Estima-se que 80.000 homens trab alharam na construção da grande pirâmide, sendo que 10.000 seriam empregados permanentes e 70.000 seriam empregados temporariamente durante as cheias do rio Nilo. É um erro www.dinsmorecorp.com/br/articles/id178/A_Grande_Pirâmide_de_Quéops_print 6/8 13/08/12 www.dinsmorecorp.com/br/articles/id178/A_Grande_Pirâmide_de_Quéops_print achar que o trab alho foi realizado por escravos, pois na verdade, as pessoas envolvidas na construção eram livres e voluntárias. E apesar do ritmo intenso, os trab alhadores sentiam-se satisfeitos em trab alhar para o faraó. Esta intensa motivação tinha como fonte a crença de que a dedicação ao faraó seria ab ençoada pelos deuses, significando melhores colheitas, b em-estar espiritual e pessoal, tendo-se em vista que o faraó é o representante dos deuses na terra. Por possuir um ob jetivo único e b em conhecido, ou seja, agradar ao faraó e consequentemente aos deuses, as equipes do projeto trab alhavam harmoniosamente, resultando em alta produtividade no canteiro de ob ras. Algumas equipes competiam entre si para mostrar o melhor trab alho para satisfazer aos deuses cujo espírito pairava sob todos. 6. Gerenciamento dos Custos Apesar da grandiosidade do projeto, os custos eram incrivelmente b aixos. O projeto inteiro utilizava recursos da natureza na forma de b locos de granito e pedra calcária b ranca retiradas das pedreiras de Assuã. Os recursos humanos eram providos pelo próprio povo do Egito, que eram pagos não com dinheiro, mas com a pura satisfação de estar fazendo um trab alho sagrado. Eles receb iam somente comida e b eb ida durante as horas de trab alho. O transporte da matéria-prima era livre de custo pois viab ilizava-se pelo rio Nilo através de b arcos de madeira. Os arquitetos do rei trab alhavam não por salário, mas para mostrar sua competência para ganhar a satisfação do faraó. A grande pirâmide e as pirâmides em geral foram ótimos investimentos pois pagou-se plenamente através do turismo (receb e atualmente mais de 4000 visitantes por dia) durante séculos e séculos até os dias atuais. A construção da pirâmide para o faraó era um projeto estratégico, pois garantiria sua perpetuação perante os deuses, desta forma mesmo que os custos tivessem sido altos, estes se justificariam. 7. Gerenciamento dos Riscos O maior risco no projeto era falhar em garantir a segurança do corpo do rei, permitindo a violação de sua câmara mortuária. Todas as precauções foram tomadas para despistar os intrusos. Uma rede peculiar de corredores e câmaras mortuárias falsas foram construídas. Isto nos dá uma idéia de como a segurança da câmara do rei foi meticulosamente planejada. Estes extraordinários mecanismos de segurança conseguiram enganar os ladrões de túmulos por pelo menos 400 anos. Outro risco importante era a possib ilidade de não completar a construção da pirâmide antes do fim do reinado do faraó, ou seja, que este viesse a falecer antes do final das ob ras. Para contornar este prob lema, os egípcios desenvolveram as técnicas de mumificação, assegurando uma b oa conservação ao corpo até a ocorrência do sepultamento. Resumindo, os principais riscos foram identificados, mensurados e uma estratégia de tratamento dos riscos foi detalhadamente implementada. 8. Considerações Finais Nada na grande pirâmide parece ter sido fruto do acaso, existe uma significância em cada procedimento, em cada etapa, revelando um planejamento detalhado e rigoroso. Isto é impressionante, principalmente quando se pensa na idade desse monumento e no rigor técnico com o qual foi construído, sendo que tal tecnologia rivaliza com as mais modernas técnicas de engenharia. Uma das criações mais geniais de toda a história da humanidade, a grande pirâmide com toda a sua majestade, é um tesouro que retrata o auge de uma civilização a tempos extinta, que porém deixou este projeto como legado para a apreciação e aprendizagem dos gerentes de projeto contemporâneos. 9. Referências Bibliográficas ASH, Russell. As Grandes Maravilhas do Mundo. São Paulo : Ed. Cosac & Naify Edições. 2001 BORBA, Danúb io. Curso Gestão de Projetos : Formação e Certificação. www.dinsmorecorp.com/br/articles/id178/A_Grande_Pirâmide_de_Quéops_print 7/8 13/08/12 www.dinsmorecorp.com/br/articles/id178/A_Grande_Pirâmide_de_Quéops_print São Paulo: Centro de Pós Graduação - FIAP, 2000(Notas de Aula) Barco achado no Egito dá pistas sob re faraós. http://www.estado.com.b r/editorias/2000/11/06/ger308.html. Data de acesso: 10.06.2001 CERVO, AL. & BERVIAN, P.A. Metodologia Científica. 3º Ed. São Paulo : Ed. McGraw Hill. 1983 História da Civilização Egípcia. http://www.grandesciv.hpg.com.b r/hist_egito.htm. Data de acesso: 10.06.2001 MEREDITH, Jack R. & MANTEL JR, Samuel J. Project Management : A Managerial Approach. New York : John Wiley and Sons. 1995 Project Management Institute (PMI). A Guide to the Project Management Body of Knowledge (PMBOK). North Carolina : PMI Pub lishing Division, 2000 SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trab alho científico. 20º ed. São Paulo : Ed. Cortez, 1996 ZEITOUN, Dr. Alaa A. & HELMY, Dr. Ahdy W.. The Pyramids and Implementing Project Management Processes. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE 28th Annual Seminars & Symposium Chicago, Illinois. 1987. [1] [2] [3] [4] Heródoto – Historiador grego responsável pelas primeiras escritas a respeito da construção das pirâmides. Do ponto de vista construtivo, a pirâmide foi uma evolução do tipo de túmulo conhecido como mastab a. Sigla em inglês do termo estrutura analítica do trab alho. Uma pedra muito dura e resistente encontrada na costa do Mar Vermelho, para b ater e trab alhar nas rochas. Publicado em : Gerenciamento de projetos www.dinsmorecorp.com/br/articles/id178/A_Grande_Pirâmide_de_Quéops_print 8/8