ASSOCIAÇÃO DE GASTROSQUISE COM NEUROBLASTOMA CONGÊNITO: FATO OU MERA COINCIDÊNCIA? 1 Autores Instituição 1 2 2 2 Paulo Ricardo Gazzola Zen , Carla Graziadio , Átila Masiero , Laura Michelon , Adyr Faria , Valentina 1 2 2 2 2 Provenzi , Vanessa Souza , Paulo Fell , Cristine Dietrich , Rafael Rosa 1 UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (Rua Sarmento Leite, 245, sala 2 404, Porto Alegre - RS), HMIPV - Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (Avenida Independência, 661, Porto Alegre - RS) Resumo OBJETIVOS Relatar a associação ainda não descrita na literatura entre gastrosquise e neuroblastoma congênito, cujo diagnóstico foi realizado ainda no período pré-natal. MÉTODOS Realizou-se a descrição do caso junto com uma revisão da literatura. RESULTADOS A gestante apresentava 20 anos de idade e estava em sua segunda gestação. Ela veio encaminhada com 35 semanas de gestação por apresentar ecografia fetal com descrição de alças intestinais em cavidade amniótica, compatível com gastrosquise. O marido apresentava 21 anos e não era consanguíneo. A ecografia obstétrica evidenciou defeito de fechamento na parede abdominal à direita, com exteriorização de alças do intestino delgado e grosso, lateral à saída do cordão umbilical, compatível com gastrosquise. Além disso, observou-se a presença de lesão sólida, hiperecogênica e esférica no pólo superior do rim esquerdo, na topografia de glândula suprarrenal, medindo 3,6 cm x 2,4 cm nos seus maiores diâmetros. A ecocardiografia fetal não revelou alterações. A ressonância magnética fetal mostrou sinais sugestivos de hepatomegalia e confirmou o achado de gastrosquise. Confirmou-se também o achado de massa isodensa nas sequências T1 e discretamente hiperintensa na sequência T2, na topografia da glândula suprarrenal esquerda. Estes achados sugeriram a possibilidade do diagnóstico de neuroblastoma ou de hemorragia da glândula suprarrenal. A criança, uma menina, nasceu de parto cesáreo, com 37 semanas de gestação, apresentando líquido amniótico meconial e pesando 2415 g. Os escores de Apgar foram de 7 no primeiro minuto e de 8 no quinto. Verificou-se, ao exame físico, exteriorização de alças intestinais, compatível com gastrosquise. A paciente foi submetida à cirurgia de redução da gastrosquise por método de Bianchini com duas horas de vida. Com três dias de vida, realizou-se fechamento da parede abdominal. Dois dias depois, verificou-se que o tempo de protrombina estava alterado, sendo que a paciente necessitou receber vitamina K. A ecografia abdominal evidenciou fígado aumentado de volume, difusamente heterogêneo, além de massa em topografia da suprarrenal esquerda. A avaliação anatomopatológica realizada a partir da biópsia do fígado revelou aspecto histopatológico compatível com neuroblastoma metastático. CONCLUSÃO Não podemos descartar a possibilidade de que alterações de coagulação secundárias ao neuroblastoma possam estar associadas à etiologia da gastrosquise observada em nosso paciente, uma vez que este defeito relaciona-se muito provavelmente a uma origem vascular e o possível período de seu surgimento (ao redor das 3-4 semanas de gestação) ocorre quase simultaneamente àquele proposto para o desenvolvimento dos neuroblastos na medula da suprarrenal. Palavras-chaves: Gastrosquise , Neuroblastoma congênito, Coagulação Agência de Fomento: