Eletrobrás mostra que CDE, RGR e CCC arrecadaram R$ 8,820 bilhões em 2006 Dos R$ 5,219 bilhões que tinha em caixa em 2006, RGR gastou apenas R$ 907,7 milhões foram gastos Alexandre Canazio, de Brasília* A Eletrobrás mostrou pela primeira vez, em um evento, os balanços de três importantes encargos setoriais: CDE, CCC e RGR. Os encargos, segundo divulgado pela estatal, arrecadaram R$ 8,820 bilhões no ano passado. A maior fatia foi da Conta de Consumo de Combustíveis Fósseis, com R$ 4,105 bilhões. A Conta de Desenvolvimento Energético e a Reserva Global de Reversão tiveram arrecadação semelhante, de pouco mais de R$ 2,3 bilhões cada. As planilhas exibidas nesta quarta-feira, 21 de novembro, pelo presidente em exercício da estatal, Valter Cardeal, durante seminário na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, mostram a evolução da arrecadação e onde foram usados os recursos. O caso da RGR é singular entre os três encargos. Isso porque ele vêm acumulando crescentes saldos ao final de cada ano, ou seja, os recursos ficam no caixa. Em 2006, a RGR tinha em caixa de R$ 5,219 bilhões, dos quais R$ 2,352 bilhões foram efetivamente arrecadados naquele ano e R$ 2,856 bilhões eram saldo de caixa do ano anterior. Contudo, foram gastos apenas R$ 907,7 milhões em projetos de geração, transmissão e distribuição e de universalização do acesso à eletricidade. Isso deixou um caixa de R$ 4,310 bilhões para este ano. Porém, de acordo com a Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres, a RGR tem um caixa de R$ 8,5 bilhões acumulados. O vice-presidente da Abrace, Antônio Inácio de Souza, explicou que o encargo funciona como uma espécie de fundo do qual parte dos recursos são emprestados, retornando ao cofre depois de corrigidos. A CCC, por sua vez, arrecadou R$ 4,105 bilhões para financiar a geração térmica a óleo diesel no Sistema Isolado. Foram efetivamente gastos, ainda de acordo com as planilhas apresentadas pela Eletrobrás, R$ 3,9 bilhões, o que gerou um saldo de R$ 204 milhões. Já a CDE, além de arrecadar R$ 2,382 bilhões, tinha um saldo do ano anterior de R$ 1,009 bilhão. O encargo destinou R$ 2,875 bilhões para a baixa renda e para a universalização do acesso a eletricidade. Especialistas presentes ao evento disseram que terão que se debruçar sobre os números para saber se a utilização dos recursos está dentro do previsto em lei. O acesso aos dados apresentados sempre foi um foco de atrito entre os agentes e a Eletrobrás. Um dos exemplos é um requerimento encaminhado pelo Tribunal de Contas da União, pedindo informações sobre a CCC em setembro do ano passado. "Ainda não recebemos resposta", afirmou o ministro do TCU, Augusto Nardes. O diretor-geral da Aneel, Jerson Kelman, defendeu que os encargos devem ser usados de formas mais eficiente e focados no subsídio aos consumidores de baixa renda.* O repórter Alexandre Canazio viajou a convite da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres CANAZIO, A. Eletrobrás mostra que CDE, RGR e CCC arrecadaram R$ 8,820 bilhões em 2006. Canal Energia, , Negócios Mídia Online, 21/11/2007.