Formulação Matemática dos Processos Ambientais Parte 6: Produção primária e perdas Carlos Ruberto Fragoso Júnior 11:11 Sumário        11:11 Revisão da aula anterior Importância da produção primária Os fatores limitantes A taxa de crescimento A produção primária Exercício prático Trabalho Revisão da aula anterior 11:11 Formulação Matemática dos processos Processos no Sistemas Físicos Químicos Biológicos Hidrodinâmica Térmicos Crescimento Transporte de Massa Macronutrientes Respiração Mortalidade 11:11 Cadeia alimentar aquática 11:11 Quem são os produtores primários?    11:11 Conjunto de organismos e microrganismos aquáticos que têm capacidade fotossintética. Composto pelo fitoplâncton e macrófitas aquáticas Algumas espécie vivem à deriva flutuando na coluna d’água Importância do conhecimento da produção primária     11:11 Aproximadamente 50% do oxigênio da atmosfera provêm da produção primária aquática. A eutrofização promove uma produção excessiva da vegetação aquática Algumas espécies são indesejáveis para o abastecimento (cianobactérias) O conhecimento da produção primária é importante para gestão de recursos hídricos Fitoplâncton (algas) 11:11 Fitoplâncton (algas)  Eutrofização: produção excessiva de matéria orgânica dentro de um reservatório, devido a uma grande abundância de nutrientes. Lake Horowhenua – Nova Zelândia  Muitas espécies, quando em condições favoráveis, crescem em alta densidade, fenômeno denominado Floração, que ocorre principalmente em lagos eutróficos ou eutrofizados artificialmente. www.mfe.govt.nz/.../images/cyanobacteria.jpg 11:11 www.waterencyclopedia.com Padrões de distribuição do fitoplâncton Populações fitoplanctônicas Controle Ascendente luz e nutrientes flutuações físicas e químicas da água 11:11 Controle Descendente zooplâncton - herbivoria Cianobactérias 1. Altas temperaturas (Shapiro 1990) 2. Baixa turbulência (Reynolds 1987) MAS alta turbulência (Ganf 1983) 3. Baixos teores de luz (Zevenboon & Mur 1980, Smith 1986) 4.Altas concentrações de P; estocagem de P 5. Baixa razão TN/TP Cyano ocorrem em TN/TP<28 por peso ou <64 por átomo (Smith 1983, Bulgakov & Levich 1999, Smith & Bennet 1999) 6. Habilidade para minimizar herbivoria (tamanho, toxinas) 7. Habilidade para fixar N2 11:11 Macrófitas aquáticas 11:11 Formulação da produção primária  Um simples balanço de massa pode representar a dinâmica de crescimento de algas: da  kg a dt  11:11 onde a é a concentração de algas (mg cl-a/m3) e kg é a taxa de crescimento de primeira ordem (d-1) Formulação da produção primária  A solução da equação é: a  a0e  A taxa de crescimento de fitoplâncton é da ordem de 2 d-1. Se a condição inicial for 1 mg cl-a/m3, determina-se o crescimento de algas ao longo do tempo. t(d) a (mg/m³) 11:11 kgt 0 1 1 7,8 10 4,85e8 20 7,2e86 Formulação da produção primária  Na natureza tais níveis de crescimento nunca são alcançados devido ao processos de perda, relacionados ao:    11:11 Transporte de massa (sedimentação, advecção, difusão e dispersão) Processos cinéticos (respiração, excreção, mortalidade por predação) Além disso, a taxa de crescimento não é uma simples constante mas varia em função dos fatores ambientais (temperatura, luz e nutrientes) Formulação da produção primária  Ao incorporar esses fatores, a dinâmica de crescimento pode ser escrita como: da  k g T , N , I a  k d a dt  11:11 onde kg(T, N, I) é a taxa de crescimento em função da temperatura da água (T), nutrientes (N) e luz (I); e kd é a taxa de perdas Formulação da produção primária  A taxa de crescimento pode ser representada por: kg T , N , I   k g ,T NL  11:11 onde kg,T é a taxa máxima de crescimento em função da temperatura, ϕN e ϕL são os fatores de atenuação devido aos nutrientes e luz, respectivamente (varia entre 0 e 1). Formulação da produção primária  A forma de cada termo pode ser explorada por experimentos. kg • Luz ótima • Saturado por nutrientes • Temperatura variada T 11:11 Formulação da produção primária  A forma de cada termo pode ser explorada por experimentos. kg • Luz ótima • Temperatura ótima • Variação da conc. de nutrientes N 11:11 Formulação da produção primária  A forma de cada termo pode ser explorada por experimentos. kg • Saturado por nutrientes • Temperatura ótima • Variação da luz I 11:11 Fatores limitates ao crescimento  Temperatura  Nutrientes  Luz 11:11 Efeito da temperatura da água 11:11 Efeito da temperatura da água   Várias formulações podem ser utilizadas para representar o efeito da temperatura no crescimento. A mais simples formulação é a linear: k g ,T  0 k g ,T  k g ,ref  11:11 T  Tmin T  Tmin Tref  Tmin T  Tmin onde kg,ref é a taxa de crescimento na temperatura de referência (geralmente 20ºC) e Tmin é a temperatura onde o crescimento cessa. Efeito da temperatura da água  Outra formulação comum é o modelo THETA: kg ,T  kg ,20  11:11 T 20 onde θ = 1,066 baseado em vários experimentos envolvendo várias espécies de fitoplâncton Efeito da temperatura da água  Para representar o efeito da inibição do crescimento para altas temperaturas, utiliza-se a seguinte expressão: k g ,T  0 11:11 T  Tmin k g ,T  k g ,opt T  Tmin Topt  Tmin Tmin  T  Topt k g ,T  k g ,opt Tmax  T Tmax  Topt T  Topt Efeito dos nutrientes  A equação de Michaelis-Menten (ou Monod) oferece uma boa aproximação do efeito da limitação de nutrientes no crescimento: N N  k sN  N  11:11 onde N é a concentração do nutriente limitante e ksN é a constanete de meia saturação Efeito dos nutrientes 1 0,5 ksN 11:11 N Efeito dos nutrientes Nutrientes Fósforo Nitrogênio Sílica 11:11 ksN 1 – 5 μgP/L 5 – 20 μgN/L 20 – 80 μgSi/L Efeito dos nutrientes  Efeito de múltiplos nutrientes na taxa de crescimento: p p  k sp  p  11:11 n n  k sn  n onde p e n é a concentração de fósforo e nitrogênio, respectivamente. Efeito dos nutrientes  Efeito multiplicativo: N   p n  Efeito mínimo (mais aceita): N  min p ,n  11:11 Efeito da luz   O efeito da luz no crescimento do fitoplâncton é complicado porque diversos fatores precisam ser integrados para compor o efeito total. Os fatores são:    11:11 Variação diurna da luz na superfície Atenuação da luz com a profundidade Dependência da taxa de crescimento com a luz Efeito da luz 11:11 Efeito da luz  A formulação de Michaelis-Menten algumas vezes é utilizada para representar esse efeito: F I    I k si  I onde: I = intensidade da luz (W/m2) ksi = const. de meia-saturação Porém, a formulação mais usada considera o efeito da inibição da luz no crescimento F I   I e Is  I 1 Is onde: Is = intensidade ótima da luz para crescimento (W/m2) Varia entre 48,2 e 192,8 W/m2 11:11 Efeito da luz  A média de luz diária pode ser calculada por: 2 Ia  Im      onde Im é a intensidade máxima no dia. A variação espacial de luz através da coluna d’água pode ser calculada pela Lei de Beer-Lambert: I z   I 0eke z  11:11 onde I0 é a radiação solar na superfície e ke é o coeficiente de atenuação da luz Efeito da luz  O coeficiente de atenuação da luz é dado por: ke  ke '0,0088a  0,054a  23 onde k’e é a atenuação da luz devido a outros fatores, dado por: ke '  kew  0,052N  0,174D  11:11 onde kew é a extinção da luz devido a cor da água (aproximadamente 0,2 m-1), N é a concentração de sólidos suspensos e D é a concentração de detritos. Efeito da luz  Formula simples para o coeficiente de atenuação da luz: 1,8 ke  SD  11:11 onde SD é a profundidade do Disco de Secchi (m) Efeito da luz  Fazendo as devidas substituições e integrando a função de intensidade da luz sobre a profundidade e ao longo do dia, obtemos a taxa de crescimento devido a luz:  2,718 f  2  1 L  e e ke H I a  k e H1 1  e Is  11:11  I a  ke H 2 2  e Is onde f é o fotoperíodo (número de horas de luz no dia/24h) Efeito da luz H1 = 0 H H2 = H 11:11 Formulação da produção primária  A formulação completa da taxa de crescimento é dada por:  n  2,718 f  2  1 p  k g  k g , 201,066  e  e  min , k n k  p    ke H sp   sn Temperatur a  T  20  Luz 11:11  nutrientes Formulação da produção primária  A produção primária em g m-2 d-1 é dada por: PP  aca  kg  H  a 11:11 Exercício  Estime a taxa de crescimento do fitoplâncton e a produção primária (g m-2 d-1) de um estuário com as seguintes características:              11:11 T = 20ºC Is = 144,6 W/m2 Ia = 241 W/m2 Concentração de P disponível = 3 mg/m3 Concentração de N disponível = 20 mg/m3 Concentração de Clorofila-a = 4 mg/m3 Kg,20 = 2 d-1 ke’ = 0,3 m-1 f = 0,5 H=5m Constante de meia-saturação de P = 2 mg/m3 Constante de meia-saturação de N = 10 mg/m3 Razão Clorofila-a/C é 20 μgCl-a/mgC Processos de perdas  Respiração – refere-se ao processo oposto à fotossíntese, onde a planta usa oxigênio e libera CO2  Excreção – refere-se a liberação de nutrientes orgânicos como produto extracelular  Perdas predatórias – Mortalidade devido ao consumo pelo zooplâncton e outros organismos herbívoros 11:11 Processos de perdas  A taxa de perdas (kd) pode ser expressa por: kd  kra  kgz  11:11 onde kra são as perdas combinadas de respiração e excreção (d-1) e kgz são as perdas predatórias (d-1) Processos de perdas  Respiração e excreção:  Valores entre 0,01 e 0,5 d-1 (valores mais típicos estão entre 0,1 e 0,2 d-1)  Pode-se usar o modelo THETA para corrigir a taxa de perda por respiração e excreção pela temperatura: kra '  kra 11:11 T 20 T 20  kra 1,08 Processos de perdas  11:11 Predação  Varia muito dependendo da população de predadores  Valores podem variar de 0 a 0,5 d-1  Valores típicos que podem ser usados em uma avaliação preliminar é 0,1 - 0,15 d-1