Mito e traumatismo[1]
Paulo Roberto Ceccarelli
O Mito é o nada que é tudo
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudoO corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.
Fernando Pessoa, Mensagem
Introdução
O mito é um relato que o homem constrói para explicar aquilo que ele
ignora. Através dele, evocam-se deuses e forças cósmicas para significar
tanto o que se passou, como aquilo que acontecerá aos homens e ao rosto do
universo. As causas primeiras e a própria essência da realidade de uma
cultura são explicadas pelos mitos. Para que um determinado relato mítico
tenho valor de verdade ou de revelação, para que seja sagrado, ele deve
ser
atribuído
à
divindades
supra-humanas
e
eternas:
só
elas
têm
a
autoridade necessária para dar força ao mito.
O mito fundador, o que explica, e por vezes justifica, a criação, traz
sempre consigo uma mensagem, explicita ou implícita, sobre a origem do
homem, traça seu destino e determina suas condutas e deveres em estreita
relação com o projeto divino. Os mitos de criação, considerados os mais
sagrados,
constituem
posteriores[2].
a
base
sobre
a
qual
assentam-se
todos
o
mitos
Os mitos revelam de onde os homens vieram e indicam-lhes os caminhos a
seguir, dentro das restrições e interdições descritas no relato mítico.
Eles
testemunham
a
necessidade
do
homem
de
recorrer
aos
deuses
para
compreender e esclarecer tanto a sua vinda, quando o seu destino no mundo.
Os mitos são tributários da cultura onde emergem e utilizam, como material
de seus relatos, a realidade que envolve a cultura em questão. É por isso
que, em suas versões tardias, os relatos de origem são tantos e tão
diferentes: para os egípcios, por exemplo, do mundo surge de um caos
líquido de onde emergem paineiras, lótus e papiro; já para os nórdicos, o
mundo surge de uma enorme planície glacial[3]. Ao mesmo tempo, os mitos se
assemelham
bastante
quando
descrevem
os
fins
últimos
do
homem
e
do
universo: salvação e condenação, nas mais diversas versão, são fatores
sempre presentes nos mitos.
Os mitos têm, também, uma função ideológica que é a de assegurar que, em
qualquer cultura[4],
a ordem social não desabe enquanto também uma Ordem Simbólica.
Resultado que a ideologia consegue obter ao assegurar - através de
representações
-
crenças
que
conferem
à
ordem
-
socialmente
construída, arbitrária e convencional - uma aparência de natural,
inevitável, universal, sagrada.
Vemos, então, que os mitos representam o patrimônio fantasmático de uma
cultura. Graças a eles e à cosmologia que sustentam, cria-se um ponto de
partida que permite historicizar a origem do homem, dos animais, e das
coisas. A origem do mito coincide com a do homem. O mito assegura a
passagem do caos para a ordem, do irrepresentável para a linguagem, do
gozo para o sujeito desejante. Seu relato constrói o caminho, sempre
imaginário, através da barra do recalque ligando o processo primário ao
secundário. Através do mito individual construído em análise – o mito
individual do neurótico –, o sujeito (re)significa sua história e atribui
representações psíquicas a seus afetos, o que lhe permite situar-se no
tempo
e
se
identidade;
localizar
sua
no
perda
espaço:
pode
ser
o
mito
vivenciada
é
uma
como
palavra
uma
fundadora
perda
de
identitária
provocando o colapso da função simbólica, pois a circulação pulsional se
vê entravada.
São nos mitos de origem de uma cultura que devemos procurar a origem do
sistema de valores ético-morais daquela cultura. Por extensão, as noções
de normalidade e de patologia, dessa mesma cultura, estão intimamente
relacionadas com a maneira que os mitos de origem tratam as relações entre
o bem e a o mal, entre o certo e o errado, entre o permitido e o proibido.
Tais mitos, por sua vez, são tomados como Verdade Histórica revelada por
Deus.
Partindo do que foi dito acima pretendo, nesse texto, dar continuidade a
uma hipótese já debatida em um texto anterior[5], segundo a qual em toda e
qualquer cultura, boa parte de nossa noção de "normal", e de "patológico",
está em relação direta com no imaginário desta mesma cultura. Na cultura
ocidental, é no imaginário judaico-cristão, cujas origens remontam aos
mitos fundadores que sustentam esse imaginário, que encontramos as bases
daquilo que a cultura considera "normal" e, por conseguinte, "desvio".
Um
dos pontos de ruptura da teoria psicanalítica que, até hoje e, talvez,
para sempre seja problemático para a cultura ocidental, é a questão da
sexualidade[6].
produzido
Embora muito já tenha sido dito e escrito sobre o impacto
pela
publicação,
em
1905,
dosTrês
ensaios
sobre
a
Teoria
da
Sexualidade, o assunto é geralmente debatido em relação às revolucionárias
posições
freudianas
a
respeito
da
sexualidade.
Em
oposição
a
seus
predecessores, Freud sustentava que as tendências perversas detalhadamente
inventariadas
e
catalogadas
pelos
estudiosos
da
época
como
aberrações
constituem
a
matéria
prima
do
psiquismo
humano,
estando,
inclusive,
presentes naqueles que as catalogaram e, afirmava também, que a sexualidade
infantil era polimorficamente perversa.[7] Já no início do primeiro ensaio,
Freud chama a atenção para o quanto a biologia, a moral, a religião e a
opinião popular, estão enganadas sobre a natureza da sexualidade humana. A
publicação dos Três ensaios
[8]
transforma Freud, segundo Ernest Jones, em uma
figura "quase universalmente impopular". Ele recebe insultos e injúrias, é
taxado de imoral, obsceno, não sendo mais cumprimentado na rua. Entretanto,
acredito que a ruptura mais importantes que o texto produz vai muito além do
que foi dito acima, e ainda não recebeu a atenção que merece.
Trata-se
da
desconstrução
do
imaginário
judaico-cristão
produzida
pelos
postulados freudianos. Nossas referências mais caras, não apenas no que diz
respeito à sexualidade mas, igualmente, à posições morais e éticas, são
baseados
no
sistema
de
valores
judaico-cristão
que
são
historicamente
construídos. Na cultura ocidental, estes valores funcionam como referências
identitárias que organizam nosso cotidiano e explicam a origem do mundo e
como ele deve funcionar segundo a vontade de Deus: eles são nossa mitologia.
Ao postular que a sexualidade humana age a serviço próprio sendo regida pelo
prazer e que não
possui objeto fixo,
Freud destrói todo um sistema de
pensamento que é sustentado pela crença de uma "natureza humana".
O que cai por terra é a idéia de uma sexualidade natural destinada, como
nos animais, à procriação. Com isso, Freud abala os ideais que sustentam o
sistema de valor da cultura ocidental. Este sistema, por sua vez, tem um
longa história. A pesquisa sobre as bases que alicerçam o discurso da
"normalidade"
polêmica.
da
Porém,
cultura
não
é
ocidental
o
objetivo
é,
ao
mesmo
tempo,
fascinante
deste
texto
retraçar
a
e
complexa
história da construção do imaginário da cultura ocidental. Entretanto, é
importante citar alguns pontos deste imaginário para melhor compreendermos
o incômodo causado pelas posições freudianas. Por exemplo, a intensa luta,
nos primeiros séculos do cristianismo, entre a moral cristã incipiente e
as práticas ditas "pagãs" de concubinato e divórcio, tão comuns no Mundo
[9]
Antigo . Embora as origens do legado pessimista que hostilizava o prazer
e o corpo remontem à Antiguidade, o cristianismo trata tais posições como
revelações derivadas de uma vontade divina.
É curioso observar como, no Antigo Testamento, não há qualquer forma de
defesa
de
virgindade
como
um
estado
ideal
superior.
No
Cânticos
dos
cânticos, chegamos a encontrar uma certa apologia ao amor carnal, quando
se
fala
da
união
entre
o
povo
de
Israel
e
Javé.
Alguns
teólogos
incomodados com este livro apressaram-se a tratá-lo como uma "alegoria".
No que se refere ao casamento, a monogamia nunca foi defendida nos livros
hebreus, e o concubinato masculino era aceito ao lado da união legítima. O
adultério masculino só era condenado quando praticado com a esposa do
próximo. No livro de Samuel lemos: "Elcana tinha duas mulheres: uma se
chamava Ana e a outra Fenena. Fenena tinha filhos; Ana, porém, não tinha
nenhum. (...) Embora tivesse mais amor por Ana, Elcana lhe dava apenas uma
porção [de alimento], porque Javé a tornara estéril" (I Samuel, 1, 4-19).
O casamento monogâmico e indissolúvel,[10] onde fortes marcas do estoicismo
estão presentes,[11] não foi uma criação do catolicismo sendo pagão em sua
origem.
Mas enquanto para os estóicos o casamento era entendido como algo
natural destinado à produção de uma descendência, a moral cristã altera
esta idéia ao promover a sexualização do pecado original: no Paraíso, a
sexualidade era heterossexual. Para reconquistarmos o Paraíso é necessário
viver a sexualidade desta forma sob pena de danação eterna.
No Antigo Testamento a origem do pecado é clara: a desobediência faz com
que Eva deixe-se convencer pela serpente e, tentada a igualar-se a Deus,
come o fruto da árvore proibida "para adquirir discernimento" (Gên. 3, 6).
Foi devido ao "adquirir discernimento" que Adão e Eva "abrem os olhos e
percebem que estavam nus". (Não podemos de deixar de reconhecer certas
semelhanças entre esta passagem bíblica e alguns trechos dos Três Ensaios,
sobretudo quanto aos valores socialmente construídos e os caminhos da
constituição do sujeito.)
Sem dúvida, o discernimento, a percepção da consciência, do outro, da
diferença, da morte, enfim da castração, envolve, é claro, um conhecimento
das sexualidade, da diferença entre os sexos. Mas, a sexualidade não
parece ser o ponto central da queda, da perda do paraíso.
A
moral
cristã
baseia-se
na
idéia,
sobretudo
a
partir
das
posições
filosóficas de Santo Agostinho e mais tarde nas de São Tomas de Aquino,
que o pecado original foi a concupiscência: o homem é fruto do pecado. O
desejo sexual espontâneo é prova e castigo do pecado original. A partir
daí,
a
única
sexualidade
aceita,
baseada
na
dos
animais
que,
embora
inferiores ao homem são também uma criação de Deus, é a heterossexual para
a
procriação.
precedentes.
Ao
mesmo
tempo,
a
virgindade
recebe
uma
exaltação
sem
Esta nova leitura do mito de origem levou a uma visão do
homem como um ser entravado pelas tentações do corpo que impediam a acesse
da alma; um ser fragilizado e culpabilizado pelo desejo. Mais ainda: na
visão sexualizada do pecado original, o homem apresenta-se como vítima
indefesa de uma mulher inescrupulosa e sem princípios que o seduz sedução
e o leva a pecar. Pecado que é sempre sexual. Até hoje encontramos, na
cultura ocidental, esta concepção da imagem negativa da mulher como a
responsável pelo queda, e a imagem do homem, espiritual na sua origem, mas
vítima indefesa da mulher diabólica[12]. Sem dúvida, o mito do Paraíso
terrestre, e de sua perda, é grandemente utilizado, tanto no Antigo como
no Novo Testamento, para justificar a estrutura patriarcal vigente.
É,
justamente,
este
imaginário
que
se
vê
ameaçado
pelas
posições
freudianas sobre a sexualidade. Como já foi dito acima, ao mostrar que a
sexualidade humana está ao serviço do prazer, e não da procriação, Freud
diz que ela é em si perversa pois escapa a uma ordem suposta natural.
Talvez
seja
no
texto Moral
sexual
“civilizada”
e
doença
nervosa
moderna[13] onde estas posições freudianas fiquem mais claras. Para Freud,
ao
exigir
psiquismo
renúncias
humano,
infelicidade
do
a
pulsionais
descabidas,
civilização
torna-se
indivíduo.
Alguns
pois
incompatíveis
diretamente
sujeitos,
com
responsável
incapazes
de
o
pela
tolerar
os
limites impostos à sexualidade, teriam nas doenças, ou nas transgressões,
as únicas formas de darem vazão às demandas pulsionais. O sujeito é o
resultado do conflito entre, de um lado, da sexualidade polimorfa que o
constitui e, de outro lado, dos ideais e interdições impostas pela cultura
na qual se encontra inserido.
Ora, aceitar os pontos de vista freudianos equivaleria a rever as bases da
sexualidade
ocidental
que
sustenta
justamente
o
contrário
do
que
diz
Freud. Daí, toda a dificuldade de se falar em liberdade sexual, movimentos
gays, aborto, novas organizações familiares, pois tais posições destroem a
idéia de uma sexualidade natural. Não é por acaso que, desde os primórdios
da
psicanálise
até
os
dias
atuais,
os
ataques
à
psicanálise
são
constantes.
Ainda que o relato de origem de uma cultura possua para ela o estatuto de
uma Verdade Histórica pois, como dissemos, ele permite a passagem do caos
para a cosmos, tal relato deve receber o mesmo tratamento que damos à
realidade psíquica: uma forma de circulação pulsional que serve para ligar
a pulsão à representações. Caso contrário, estaremos tratando um mito de
origem
como
uma
fundamentalista,
verdade
a
histórica,
única
capaz
o
de
que
equivaleria
produzir
a
"saúde
uma
posição
psíquica".
Transformaríamos, assim, nossas teorias em instrumentos ideológicos que
ditam como a circulação pulsional deve ocorrer. "A teoria das pulsões,
escreve Freud[14], é, por assim dizer, nossa mitologia. As pulsões são
entidades míticas, magníficos em sua imprecisão".
O
encontro
de
desorganizador:
mitologias
por
pode
constituírem
ser
traumático
bases
ou,
identitárias,
quando
as
pouco,
mitologias
sustentam a circulação pulsional. Assim, compreende-se facilmente que uma
mudança cultural, ou seja, uma mudança de referências simbólicas, pode
produzir efeitos devastadores no sujeito, pois afeta diretamente conteúdos
recalcados fazendo com que a ligação afeto/representação se desfaça, o que
é gerador de angústia.
Este estado de coisas é freqüente aqui mesmo no norte do Brasil. Quando as
populações
de
origem
indígenas
-
culturas
que
têm
outro
sistema
de
valores, outro imaginário, baseado em um mitologia de origem bem diferente
da nossa – quando, então, estas culturas têm contato com nosso sistema de
valores, com os ideais da cultura ocidental, ocorre sempre um choque. Um
choque entre aquilo que, até então, era tido como verdade para estas
pessoas e o novo sistema simbólico ao qual estas pessoas devem adaptar-se
sob pena de serem excluídas. Em situações extremas, a perda dos mitos de
origem podem provocar estados depressivos, senão melancólicos; o recurso à
drogadicção – sobretudo o alcoolismo – ou, até mesmo ao suicídio, pode ser
a única saída que o sujeito encontra quando nada lhe resta para socorrerlhe em seu desamparo. Mas, igualmente, manifestações psicossomáticas pois
a maneira destas culturas lerem, e consequentemente, explicarem o corpo e
seu funcionamento, assim como as origens do sofrimento, difere bastante da
maneira
como
a
cultura
ocidental
entende
o
corpo.
Muitas
vezes,
os
profissionais da saúde, por melhores intencionados que estejam, esquecemse que as coordenadas que eles utilizam para entender o sofrimento não é a
mesma destas populações.
Para
que
o
processo
civilizatório
se
mantenha,
há
necessidade
de
referências morais, éticas e estéticas: isto não se discute.[15] Da mesma
forma, toda cultura necessita de um relato – que é sempre mitológico
construído
a
partir
das
produções
imaginarias
daquela
cultura
–
para
explicar sua origem e seu destino. Para falar do "antes"... do "antes" do
recalque, enfim, para falar do Paraíso perdido do narcisismo primário.
Sem
o
simbólico,
é
verdade,
estamos
no
Caos.
Entretanto,
tratar
um
determinado arranjo simbólico como único, é esquecer que os elementos que
utilizamos para organizar o caos são sempre mitológicos. E isto vale tanto
para
teorias,
Verdade
quanto
impede
possíveis,
que
que
para
nossa
aceitemos
outras
formas
prática.
que
de
outras
Tratar
nosso
circulações
subjetivações
mitologia
pulsionais
ocorram,
e
que
como
sejam
outras
verdades existam para se ler o mundo. Não há como fugir a uma mitologia
organizadora,
mecanicista
e
mas
à
esquecermos
visão
disto,
determinista
equivale
do
mundo,
a
voltar
e
nos
ao
pensamento
transformaria
em
psicopatólogos fundamentalistas.
Paulo Roberto Ceccarelli*
e-mail: [email protected]
homepage: www.ceccarelli.psc.br
Psicólogo; psicanalista; Doutor em Psicopatologia Fundamental e Psicanálise pela Universidade de Paris
VII; Membro da Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental; Membro da "Société
de Psychanalyse Freudienne", Paris, França; Sócio de Círculo Psicanalítico de Minas Gerais; Professor
Adjunto III no Departamento de Psicologia da PUC-MG (graduação e pós-graduação.
[1] - Trabalho apresentado no II Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e VIII Congresso
Brasileiro de Psicopatologia Fundamental. Belém, 07 a 10 de setembro de 2006 .
[2] - HIGHWATER, J. Mito e sexualidade. São Paulo: Saraiva, 1992.
[3] - LACARRIERE, J., Au cœur des mythologies. Paris: Gallimard, 1998.
[4] - SOUSA FILHO, A. Cultura, Ideologia e Representações. In: Representações Sociais: teoria e pesquisa.
CARVALHO, M. F. C.; PASSEGI, M. C.; SOBRINHO, M. D. (org). Mossoró: Fundação Guimarães
Duque/Fundação Vingt-un Rosado. 2003, 72.
[5] - Conf. CECCARELLI, P. R. ”As bases mitológicas da normalidade”, in Latin American Journal of Fundamental
Psychopathology on Line: http://fundamentalpsychopathology.org/br/revista-artigos-textos.php?id=12
[6] - À despeito de tanta “evolução”, a sexualidade continua a ser um grande tabu. Um texto de Freud escrito
há mais de 100 anos é de uma atualidade desconcertante. Conf.: FREUD, S., (1889), "A sexualidade na
etiologia das neuroses", ESB, II, 1972.
[7] - Para um reflexão maior sobre o tema ver: CECCARELLI, P. R., "Sexualidade e Preconceito", in Rev.
Latinoam. Psicop. Fund., SP, III, 3, 18-37, set. 2OOO.
[8]
- Os Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, uma publicação de pouco mais de 40 páginas que foi apenas
uma entre muitas outras, aparece quando o Psychopathia Sexuais de Krafft-Ebing, a grande referência da época
com quase 500 páginas, já estava na 12ª edição, traduzido em francês, inglês e italiano.
[9]
- Para uma maior discussão sobre o tema ver: CARTWRIGHT, F., "Disease and History", New York,
Barnes & Noble, Inc., 1972. ARIÈS, P., BÉJIN, A., (org) "Sexualités occidentales", Paris, Seuil, 1982.
Collection Histoire, "Amour et sexualité en occident, Paris, Seuil, 1991. VAINFAS, R., "Casamento, amor e
desejo no ocidente cristão", São Paulo, Ática, 1992. RANKE-HEINEMANN, U., "Eunucos pelo Reino de
Deus", Rio de Janeiro, Rosa dos Tempos, 3º edição, 1996.
[10]
- Sobre a indissolubilidade do casamento consultar: ARIÈS, P., "O casamento indissolúvel", in ARIÈS, P.,
e BÉJIN, A., (orgs) "Sexualidades Ocidentais ", São Paulo, Ed. Brasiliense, 1987.
[11]
- FLANDRIN, J-L., "La doctrine chrétienne du mariage", in Le sexe et l'occident, Paris, Seuil, 1981.
[12] - Foi este "destino" sem paralelo dado à mulher no mundo cristão que, dentre outros, esteve presente na caça às bruxas na idade
média e que continua presente até hoje em várias decisões judiciais onde a pena é reduzida quando prova-se que foi a mulher que
"provocou" o homem. Um dos melhores estudos sobre sexualidade feminina e Igreja Católica é de: RANKE-HEINEMANN, U., "Eunucos
pelo Reino de Deus", Op. Cit.
[13] - "Uma das óbvias injustiças sociais é que os padrões de civilização exigem de todos uma idêntica conduta sexual". Conf. FREUD, S.,
(1908), Moral sexual ‘civilizada’ e doença nervosa moderna, ESB, 1969, IX, 197.
[14] - FREUD, S., (1933) "Ansiedade e vida pulsional", Conf. XXXII, E. S. B., 1976, XXII, p. 119 .
[15] - Conf. FREUD, S., (1933), "Por que a guerra?", ESB, 1976, XXII, 258.
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Mito e traumatismo[1] Paulo Roberto Ceccarelli