Zélia Lopes da Silva (Org.) na Unimed e essa Irmã que negou para mim trabalha lá. Você acredita que na hora que nós estávamos cantando aquela música Ave Maria que é bonita (Cantar uma pessoa já é bonito, imagina cantar em 20 pessoas? Aí ela começou a chorar, né?), acredita que ela veio pedir perdão para mim. Aí eu falei que ela tinha que pedir para Deus, não para mim. Ela disse que tinha errado e que Deus tinha castigado e falado para ela pedir perdão. Aí eu perdoei: abracei e dei um beijo no rosto dela e ela me abraçou. Ixxi me deu café, me deu bolacha e hoje nós temos uma amizade grande. — A.J.T.: Mais alguma coisa? Entrevistadoras: Não, é isso mesmo. * 2. Relato: André Leme Moraes Data da entrevista: 25/08/2011 Transcrição: Danillo Rosa Entrevistadoras: André, você nasceu em Sorocaba, é isso? — A.L.M.: Isso. Entrevistadoras: Como era lá, onde você morava? — A.L.M.: Eu morava lá, perto do Campolinho. Trabalhava na empresa Itautermperatura. Fazia coisa para temperatura de gelo, mandava para os EUA, uma máquina de tubo, né. E de lá para cá conheci minha esposa, em Ourinhos, e aí fomos morar juntos. Pedi a conta lá e vim para cá desempregado. Aí, na igreja Prudenciana, lá no Vicênio, Padre Davi, o pessoal da Unesp começou a marcar reunião com pessoal desempregado. Todo sábado, às duas horas da tarde, tinha reunião para discutir o que a gente ia montar. Entrevistadoras: Você conheceu o grupo por meio do padre? — A.L.M.: Isso, na igreja, eu sempre vou na missa e começaram a falar sobre os desempregados, [isso em] 2001, né. Estava desempregado, então resolvi participar para saber o que poderia ser feito, né? Aí, a gente foi descobrindo. Entrevistadoras: Vamos voltar só um pouquinho, sobre Sorocaba, sua infância. — A.L.M: Ah! Minha infância foi boa, né. Ah! Um pouco trabalhando. Não deu muito para brincar, né. Entrevistadoras: Você começou a trabalhar com que idade? — A.L.M.: Com doze anos mais ou menos. O meu pai era pedreiro. Ele punha [os filhos] para ajudar ele, né. Aí, a gente foi aprendendo bastante coisa. Eu sei bastante coisa também, né. Entrevistadoras: Você foi criado pelos seus pais biológicos? — A.L.M.: [Sim, com os pais] biológicos. 114