Memória dos Catadores de Materiais Recicláveis de Assis (2001-2007) Entrevistadoras: Você mudou para cá com seus pais? — A.L.M: Não. Não. Entrevistadores: Você mudou casado? — A.L.M.: Casado. Isso. Entrevistadoras: Essa mudança foi mais pela questão do serviço? — A.L.M.: Para cá? Não. Foi por causa da minha esposa que a família dela é toda daqui, né. Ela não queria ficar em Sorocaba que é uma cidade agitada, uma cidade mais perigosa que Assis. Então, a gente veio para cá, que lá ela não conhecia ninguém. Lá ela tinha medo de andar na cidade que é uma cidade igual ao estado de São Paulo. Agora está pior ainda, né. Então, vim para cá. Entrevistadoras: Você tem irmãos? — A.L.M.: Tenho nove irmãos e uma menina. Tenho um irmão que é deficiente, não é de cabeça é de parte mecânica; ele está aí em casa esses dias passando comigo uns dias, né. Eu trouxe na Cooperativa. O problema dele é só na parte mecânica. De cabeça ele é igual a mim. É uma ótima pessoa. Entrevistadoras: E você é o único que trabalha ou trabalhou com catação? — A.L.M.: Eu sou o único da família, dos meus irmãos eu sou o único. O resto é tudo mais estudado que eu. São mais velhos que eu e mais estudados. Entrevistadoras: E por que você parou de estudar? — A.L.M.: Ah! Eu parei porque eu comecei a trabalhar. Aí, meus irmãos cresceram e não quiseram trabalhar com meu pai, né. E eu já fiquei com meu pai ajudando ele. Então, o resto foi estudar. O resto conseguiu sair fora e largar o barco para mim. Eles eram pequenos e também não conseguiram tanto. Trabalhei com meu pai quando era pequeno. Aí fui pegando mais idade. Completei dezessete anos, fiz o alistamento. E entrei nessa firma, que era perto da minha casa. Começou como uma fabriquinha pequena. Agora ela é uma empresa grande, né. Entrevistadoras: E sobre a escola, o que você lembra? Você tirava nota boa? Ou você não gostava muito de estudar? — A.L.M.: (rs) Ah! Sei lá. Eu gostava, mas meu pai tirava [da escola]. A gente era uma família pobre. Também, não era tanto assim. Aí eu fui o único que ele mais puxou a corda; os outros mais velhos não queriam ficar com ele. Eu era pequeno se não fosse com ele ia me bater, né. Meus irmãos eram maiores que eu. Então, eram mais fortes. Entrevistadoras: E, atualmente, você está casado? — A.L.M.: Hoje eu estou. Não é casado, é amigado, né. Sou amigado, não sou casado, né. Os meus documentos marcam que eu sou solteiro, né. Entrevistadores: Vida de casado? — A.L.M.: É, vida de casado. É a mesma coisa que vida de casado. 115