Zélia Lopes da Silva (Org.)
8 filhos pequenos. Na época, não tinha para onde a gente i. Construíram a escola com a
gente lá dentro. Então, a gente para ir à escola, já estava na escola, praticamente.
Entrevistadoras: A escola já estava sendo construída e vocês lá?
— C.S.C.: E nós morando lá. Aí inaugurou a escola e a gente morando lá ainda. Comia
sopa da escola e tudo.
Entrevistadoras: E o pai de suas filhas hoje, convive com elas? Vai visitá-las? Tem contato
ou não?
— C.S.C.: Ele vai visitar elas e elas visitam ele. Faz seis anos que a gente se separou e
vou falar para você que, hoje, a gente tem uma relação que se eu tivesse essa relação no
passado com ele, quando eu morava com ele, que a gente tem hoje eu não teria largado
dele, porque é melhor você criar os filhos junto com o pai. Mas, a gente tem uma relação
super boa, com as crianças, tanto eu como ele.
Entrevistadoras: Não deu certo mesmo a convivência?
— C.S.C.: Não, não deu certo a convivência, junto.
Entrevistadoras: E, hoje em dia, moram você e suas filhas?
— C.S.C.: Mora eu e minhas duas filhas.
Entrevistadoras: E sua mãe... morreu?
— C.S.C.: Minha mãe faleceu... Minha mãe nem conheceu elas. Minha mãe morreu em 94.
Entrevistadoras: E você já teve, Creuza, algum problema de saúde?
— C.S.C.: Não, graças a Deus não, nem eu, nem elas.
Entrevistadoras: Você começou a trabalhar de doméstica, mas como você chegou aqui
na Cooperativa?
— C.S.C.: Ah! tá. Eu cheguei na Cooperativa, assim. Quando eu separei do pai das minhas
filhas eu tive que ir embora para Marília, para a casa de uma amiga minha, que trabalha
aqui hoje comigo, a Noêmia. Mudei para lá. Se eu ficasse aqui, a gente ia voltar com
certeza; eu estava decidida a dá um rumo pra minha vida. Aí, eu fui pra casa dela e fiquei
quatro meses lá. Em Marília, o mercado de trabalho é muito escasso e de doméstica
as vagas que tinham, também, já estavam tudo ocupadas. Aí, eu e ela, fomos vender
saquinho de lixo na rua para pagar o aluguel. Eu tinha as duas meninas e ela estava com
uma filha dela lá. Então, para gente pagar aluguel e manter a casa, a gente sai para vender
saquinho de lixo na rua. Era dois reais, cada um. Com o que a gente fazia, dava para pagar
o aluguel e para sobreviver. E tinha a ajuda também da igreja. A igreja dava uma cesta
básica por mês pra gente. A gente não podia ficar o resto da vida vendendo saquinho de
lixo, porque só ganhava dinheiro no começo do mês, do dia 5 até o dia 15; depois do dia 15
em diante já não dava mais nada. A gente resolveu ir embora para cá. Vendemos as coisas
que tínhamos lá. Ela foi morar na casa da irmã dela, e eu fui pra casa da minha irmã. Aí, eu
cheguei aqui arrumei um serviço de faxina, por três vezes por semana, porque eu morando
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