Metodologia do trabalho
científico
I Jornadas Científicas
Faculdade de Economia
Universidade Mandume Ya Ndemufayo
20 Novembro 2013
Professora Doutora Maria Sousa Galito
Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG)
Tipos de Pesquisa
Quanto aos objectivos:

Exploratória: entrevistas; levantamento bibliográfico. Processo de
sondagem para construção de hipóteses sobre o tema.

Descritiva: tem por objectivo descrever as características de uma
população, de um fenómeno ou de uma experiência. Uso de
técnicas padronizadas de colecta de dados (questionários e
observação sistémica).

Explicativa: identificação de factores determinantes para a
ocorrência dos factos.
Quanto aos procedimentos:

Bibliográfica: conhecimento científico acumulado até à data em
jornais/revistas científicas.

Pesquisa de campo: observação dos factos in loco.
Tipos de Pesquisa


Quantitativa: utilizam-se técnicas estatísticas.
Qualitativa: é descritiva, as observações podem
não ser traduzidas por números.
Tipos de Dados:
 Primários: observadas pelo próprio pesquisador.
Distribuição de questionários, entrevistas,…
 Secundários: observados por outrem. Análise de
dados recolhidos por outros autores em
revistas/jornais científicos.
Etapas da Pesquisa Científica
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Escolha do Tema
Revisão da Literatura
Justificativa (explicar o porquê de estudar o tema)?
Formulação do problema e determinação dos
objectivos (apresentar hipóteses de estudo)
Metodologia de trabalho (tipo de pesquisa, universo
de pesquisa e amostragem, instrumentos como
questionários, entrevistas,…)
Efectiva colecta de dados
Etapas da Pesquisa Científica
7.
8.
9.
10.
11.
12.
Tabulação dos dados (organização dos resultados
obtidos – tabelas, gráficos, quadros,…)
Análise e discussão dos dados (confirmar ou refutar
as hipóteses levantadas no início, e explicar porquê)
Conclusão da análise dos resultados (síntese dos
resultados obtidos, indicação de limitações e
sucessos obtidos ao longo do processo).
Redacção do trabalho científico
Apresentação pública do trabalho científico
Publicação em livro do trabalho científico.
Monografia, Dissertação, Tese

Uma dissertação não é uma tese superficial. Uma tese não é uma
dissertação com mais páginas. A diferença está na originalidade.
Monografia
Trabalho académico Lato Sensu, para especialização numa
determinada área do saber. Reflexão sobre tema circunscrito, que
implica análise, crítica, reflexão e aprofundamento por parte do autor.
Dissertação
Para obtenção do grau académico de Mestre. Demonstração técnica
para realização de estudos científicos. Não exige tema inédito.
Tese
Destina-se à obtenção do grau académico de Doutor. Exige tema e
métodos inéditos de análise, sobre assunto específico, com base em
exaustiva pesquisa científica.
Plano de Pesquisa






Tema
Levantamento do problema. Hipóteses
Resumo – Primeira revisão da literatura
Justificativa e objectivos
Metodologia
Cronograma (etapas de estudo e tempo
previsto para cada uma delas)
Tese/Dissertação – Estrutura
Pré
Texto





Texto



Pós
Texto



Capa
Dedicatória e Agradecimentos (optativo)
Índice
Resumo (e/ou Abstract – em inglês)
Prefácio (optativo)
Introdução
Capítulos da dissertação ou tese
Conclusão
Bibliografia
Glossário (optativo)
Apêndices e/ou Anexos
Explicações





Abstract: sumário; pequeno resumo do argumento do trabalho.
Prefácio: pode ter indicação a agradecimentos, dedicatórias e
elementos de carácter pessoal do autor. Utilizado em
dissertações e teses.
Bibliografia: elemento obrigatório; lista constituída pelas fontes
·
consultadas e apontadas no texto; apresentadas por ordem
alfabética.
Apêndice: elemento optativo; inclui textos, tabelas, mapas e
gráficos elaborados pelo autor, com o intuito de complementar
sua argumentação, sem prejuízo do trabalho. Os Apêndices
devem ser enumerados, identificados e referenciados no texto.
Anexo: elemento optativo; consiste em textos, tabelas, mapas e
gráficos não elaborados pelo autor, mas que atestam as ideias
expressas no texto. Devem ser enumerados, identificados e
referenciados no texto.
Explicações



Glossário: elemento opcional; inclui palavras de uso específico
e dos seus significados, por forma a garantir a compreensão
exacta da sua utilização no texto
Notas Explicativas: Usadas· a título de esclarecimento ou
comentário que fundamenta ou acrescenta ao texto.
Referências efectuadas em notas de rodapé.
Notas de Rodapé: têm a finalidade de transmitir informações
complementares ou que não foram incluídas no texto para não
prejudicar a sequência lógica deste; podem ser apresentadas no
fim da página ou no fim do capítulo ou secção.
Capa
A capa é um elemento obrigatório que identifica o trabalho.
Deve conter as seguintes informações:

Nome da Universidade: localizado na margem superior,
centralizado;

Nome da Faculdade dessa Universidade;

Nome do curso frequentado;

Título do trabalho: em letras maiúsculas, centralizado;

Nome do professor da disciplina; se for numa dissertação ou tese,
referência ao(s) nome(s) do(s) orientadore(s)

Nome do autor e número de aluno; se o trabalho for realizado por
dois ou mais alunos, os seus nomes devem ser listados por ordem
alfabética; turma; ano académico (ex. 3º ano curso).

Local e ano: nas duas últimas linhas da folha, em letras
maiúsculas.
Introdução
A introdução é a primeira parte do "corpo do trabalho”. Deve ter:






Enquadramento/formulação da questão a considerar, com recurso
a informações que dimensionem a problemática; caracterização do
tema e da sua organização;
Objectivos do trabalho;
Apresentação da metodologia de trabalho;
Justificativas: defesa da pesquisa quanto à sua importância,
inovação, relevância e contribuições. Ou seja, qual a mais-valia do
trabalho para a área de estudo em que se insere;
Pode haver referências a frases de terceiros, devidamente citadas,
mas não deve incluir opiniões do autor do trabalho; estas fazem
mais sentido no desenvolvimento ou na conclusão do trabalho;
Palavras-chave do trabalho.
Capítulos do Trabalho
Corresponde à parte do desenvolvimento do trabalho.
Exposição ordenada e pormenorizada do argumento.
Compreende a contextualização do tema e abrange:

A revisão da literatura;

Abordagem de teorias e/ou conceitos que fundamentam o trabalho;

Os métodos e procedimentos utilizados para a recolha de dados:

Explicação/Descrição sobre a metodologia utilizada no
desenvolvimento do trabalho, os procedimentos adoptados ao longo
do estudo;

Apresentação do tema + análise do tema;

Apresentação e análise dos modelos utilizados; avaliação dos
resultados alcançados;

Fundamentação bibliográfica. Disponibilizam-se deduções e
conclusões pertinentes com o objectivo de reforçar ou refutar as
ideias defendidas;

Opiniões devidamente fundamentadas do autor sobre o tema.
Notas importantes





Um trabalho de investigação científica deve ser rigoroso.

Não é um artigo de jornal nem um romance;

Pode ser defendido com paixão mas deve ser racional, pragmático e
bem estruturado;

Opiniões e frases polémicas devem ser sempre fundamentadas, para
não serem facilmente refutáveis/vulneráveis a contra-argumentação.
Nunca começar uma introdução ou um capítulo com “na minha opinião”;
Os autores e as suas frases devem ser citados correctamente na
bibliografia, nas notas de rodapé e no corpo de texto, para serem
facilmente confirmados;
Os capítulos nunca devem iniciar numa página onde não se possa incluir,
pelo menos, um parágrafo escrito. De preferência, devem ser iniciados no
topo de uma página;
Os conceitos principais devem ser devidamente identificados e, sempre
que possível, escrutinados e discutidos (definição+análise).
Notas importantes

Evitar generalizações que não sejam explicadas e contextualizadas
quanto ao significado específico que se lhe atribui no texto. Exemplos:




“Os americanos…” (quem?)
“Os ocidentais…” (quais?)
“Os países muçulmanos…” (como assim?)
Substituir por referências mais concretas. Exemplos:




“os estado-unidenses”;
“os Estados-membros da União Europeia”
“governo laico mas com maioria de população que se considera cristã”
“Nos países onde a maioria da população é muçulmana, política e religião
mantêm-se de certa forma interligadas, porque…”
Notas importantes










As páginas devem ser (correctamente) numeradas.
O texto deve ser apresentado de forma sequencial e padronizada;
Evitar parágrafos dispostos de forma diferente.
Deve evitar-se um texto formatado por marcas e por numeração;
Os números devem ser apresentados por extenso, à excepção das
datas. Exemplo: “No terceiro ano consecutivo…” (ao invés de no 3º
ano consecutivo).
Gráficos, tabelas e figuras – no corpo de texto, anexos ou apêndices –
devem ser numerados, intitulados; e possuir referência à fonte;
Currículos e biografias de autores sempre remetidos para Anexo;
Os nomes de autores não se colocam entre aspas.
Os países escrevem-se sempre em maiúscula. ex. Cabo Verde.
Estado (singular); estados (plural).
Conclusões





Conclusões e/ou considerações finais;
Responde às questões colocadas pela introdução;
Resumo das principais linhas do argumento e suas
explicações;
Resultados obtidos nos modelos quantitativos ou na avaliação
estatística quando efectuada;
Pode-se ir além do argumento, com propostas para futuros
desenvolvimentos do trabalho; indicações e/ou
recomendações.
Lista de abreviaturas e siglas mais usadas













AAUU. (auctores uarii): vários autores
aka (also known as): indicação de um
pseudónimo)
© - copyright: direitos de autor para...
ex. exemplo
et al. e outros
Id. (idem): o mesmo (autor)
Ibid. (ibidem) - na mesma obra
Id, Ibid. (idem, ibidem): o mesmo
autor, na mesma obra
eod. loc. (eodem loci): no mesmo
lugar, na mesma página da mesma
obra citada.
op. cit. (opere citato), ob. cit. obra
citada
ap. (apud) - conforme citação em...
cf. (confer) - confira
col.(cols.): coluna(s)









§ : parágrafo
cf. supra p. 2, § 4 : confira
acima na página 2, parágrafo 4
(parágrafos ou páginas
anteriores ao texto)
cf. infra p. 115, l. 8 : confira
abaixo na página 115, linha 8
cf. nota 3: confira a nota 3
ut supra, ut dictum supra como acima foi dito
p. (sinsular); pp. (plural): nas
páginas
pp. ss. ou p. 4 e ss. nas
páginas seguintes.
n. b. (nota bene) : atenção a
esta nota
p. s. (post scriptum) : escrito
depois
Notas de Rodapé
Quando em notas sucessivas, na mesma página, são citadas
obras diferentes de um mesmo autor:
1. Mario Bunge, La investigación científica, p.115.
2. Idem, Epistemologia, pp.37-38.

Referência à mesma obra do autor, variando apenas a página de
onde se tira a citação:
1. Pedro DEMO, Metodologia científica em ciências sociais, p.112.
2. Id., Ibid., p.118.

Citações – no que consistem
Num trabalho científico devemos ter sempre a preocupação em :

fazer referências precisas às ideias, frases ou conclusões de
outros autores.

citar a fonte correctamente, seja esta um manual, uma revista ou
todo tipo de material produzido gráfica ou electronicamente.

as citações fundamentam e melhoram a qualidade científica do
trabalho.

As citações têm como função, acrescentar indicações
bibliográficas de reforço ao texto.
Citações – no que consistem
As citações podem ser:

Directas: quando se referem à transcrição literal de uma parte do
texto de um autor (conservando-se a grafia, pontuação,
idioma,…); registradas entre aspas no corpo de texto;

Indirectas: quando são redigidas pelo(s) autor(es) do trabalho a
partir das ideias e contribuições de outro autor. Reproduzem o
conteúdo e/ou ideia do documento original; indicadas no texto
com a expressão: conforme ... (sobrenome do autor);
As fontes podem ser:

Primárias: quando é a obra do próprio autor que é objecto de
estudo ou pesquisa;

Secundárias: quando se trata de uma obra que estuda o
pensamento de outro autor ou faz referência a ele.
Citações Directas – Curtas
As citações curtas, até 3 linhas, deverão ser apresentadas no texto entre aspas;
a referência ao autor poderá estar no texto ou ao final da citação, neste caso,
usa-se o sobrenome do autor entre parênteses e em letras maiúsculas.
Exemplo 1:
É neste cenário que “(...) a AIDS nos mostra a extensão que uma doença
pode tomar no espaço público." (HERZLICH e PIERRET, 1992, p.7).
Exemplo 2:
Segundo Paulo Freire (1994, p. 161), “(...) transformar ciência em
conhecimento usado apresenta implicações epistemológicas porque
permite meios mais ricos de pensar sobre o conhecimento (...)".
Citações Directas – Longas
As citações longas, com mais de 3 linhas. Exemplo:
O objectivo da pesquisa era esclarecer os caminhos e as
etapas por meio dos quais essa realidade se construiu.
Dentre os diversos aspectos sublinhados pelas autoras,
vale ressaltar que:
[...] para compreender o desencadeamento da
abundante retórica que fez com que a AIDS se construísse como
“fenómeno social”, tem-se frequentemente atribuído o principal
papel à própria natureza dos grupos mais atingidos e aos
mecanismos de transmissão. Foi construído então o discurso
doravante estereotipado, sobre o sexo, o sangue e a morte [...].
(HERZLICH e PIERRET, 1992, p.30).
Citações indirectas
Reproduzem a ideia do autor consultado sem, contudo transcrevêla literalmente. Nesse caso, as aspas ou o itálico não são
necessários. Todavia, citar a fonte é indispensável.
Exemplo 1:
De acordo com Freitas (1989), a cultura organizacional pode ser
identificada e aprendida através de seus elementos básicos tais
como: valores, crenças, rituais, histórias e mitos, tabus e normas.
Exemplo 2:
A cultura organizacional pode ser identificada e aprendida através de
seus elementos básicos tais como: valores, crenças, rituais, histórias
e mitos, tabus e normas. Existem diferentes visões e compreensões
com relação à cultura organizacional. (FREITAS, 1989).
Bibliografia 1 (exemplos)
A separação entre autor e título pode ser feita por travessão, ponto ou
vírgula;

DIAS, Jorge - Estudos de Antropologia, vol. 1, Lisboa 1990.
Quando existem dois autores:

BRETON, Philippe e Serge Proulx, A Explosão da Comunicação, trad. port.,
Lisboa 1997.

ARON, Raymond (1983). Paz e Guerra entre as Nações. (2ª Edição) Brasília:
Univers.
Quando os autores são três ou mais serão substituídos por AAVV.

AAVV., Introdução à Linguística Geral e Portuguesa, Lisboa 1996.
Outras referências:

COELHO, J. do Prado (dir.), Dicionário de Literatura Portuguesa, 5 vols.,
Porto 1989.
Bibliografia 2 (exemplos)
Nem sempre se conseguem obter numa obra todos os elementos. Assim:

s/l - sem local de edição

s/d - sem data

s/a - sem indicação de autor
No caso do mesmo autor ter várias obras publicadas no mesmo ano estas
deverão ser distinguidas por letras: 1963a, 1963b, 1963c, etc.
Foram consultadas várias fontes do mesmo autor, então, pode optar-se por:

MC LUHAN, Marshall (1962). The Gutenberg Galaxy. New York: Cambridge.

_______________ - 1964, 1995(r) - Understanding Media. New York:
Cambridge.
Bibliografia 3 (exemplos)
Documentos on-line:

MESQUITA FILHO, Alberto (2012). Teoria sobre o método científico: em
busca de um modelo unificante para as ciências e de um retorno à
universidade criativa. Disponível em:
<http://www.apollonialearning.com.br/>. Acesso em: 30 Jan. 2013.

PAROLIN, Isabela C. H. “Auto-estima como instrumento no processo de
aprender e de ensinar”. @prender virtual, São Paulo. Secção
Psicopedagogia. [Acesso a 18 Out. 2008] Disponível em:
<http://www.aprendervirtual.com>
Maria Sousa Galito
Investigadora Convidada do CESA/ISEG da actual Universidade de Lisboa
(UL). Doutoramento em Ciência Política e Relações Internacionais no Instituto
de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (IEP-UCP
2008). Pós-graduação em CPRI no IEP-UCP. Mestrado em Economia na
Universidade de Nantes em (2000). Licenciatura em Economia, na
Universidade de Évora (1999). Auditora de Defesa Nacional, do Instituto de
Defesa Nacional (2013). Experiência em docência (5 anos). Experiência em
investigação (10 anos). Oradora convidada regularmente para palestras e
conferências nacionais e internacionais, com artigos publicados em revistas e
jornais com peer review.
[email protected]
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