Dívida Pública Brasileira e seus reflexos sobre o desenvolvimento do Brasil Maria Lucia Fattorelli Curitiba, 16 de maio de 2011 CONJUNTURA GLOBAL Crise financeira mundial Causas: Desregulamentação do mercado financeiro Derivativos sem lastro Ativos “Tóxicos” Efeitos: Grandes bancos internacionais em risco de quebra Bad Banks? EUA e Europa se endividam para salvar setor bancário Expansão da crise para outros setores CONJUNTURA GLOBAL Crise financeira se transforma em CRISE DA DÍVIDA Medidas de austeridade pagamento da dívida: • Corte de gastos sociais para destinar recursos ao • Congelamento e redução dos salários • Reformas da Previdência • Comprometimento dos Fundos de Pensão EUROPA: REAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA Grandes mobilizações e GREVE GERAL Conjuntura Atual – EUROPA Manifestações contra Troika (FMI, CE, Governos e Bancos) Grécia Portugal Irlanda Inglaterra França Espanha CONJUNTURA ATUAL - Europa GRÉCIA: Mobilização social pela criação de comissão para auditar a dívida pública IRLANDA: Criada comissão popular de auditoria da dívida ISLÂNDIA: Referendo eleitoral decide não pagar dívida feita para salvar bancos PARLAMENTARES EUROPEUS: "[querem] que famílias paguem por erros de bancos. Os islandeses não entendem assim". (Marisa Matias) "Ninguém debateu se os pagadores de impostos devem resgatar instituições financeiras (...) Espero que o espírito de luta dos islandeses se espalhe.” (Eva Joly) Folha Online de 23/04/2011 SITUAÇÃO ATUAL – BRASIL Governo não admite crise da dívida, mas qual a razão para: Privilégio destinação recursos Juros mais elevados do mundo Carga tributária elevada e regressiva Ausência de retorno em bens e serviços públicos Contigenciamento de gastos sociais Prioridade para Metas de “Superávit Primário” e “Inflação” Reformas neoliberais: Previdência, Privatizações Ausência de controle de capitais Dívida da ditadura •Elevação juros • Conversão da dívida pública e privada para BC Pagamento antecipado ao FMI e resgates com ágio Fonte: Banco Central - Nota para a Imprensa - Setor Externo - Quadro 51 e Séries Temporais - BC CPI: Ausência de Contrapartida real Mecanismos financeiros Conflito de interesses Falta de transparência Fonte: Banco Central - Nota para a Imprensa - Política Fiscal - Quadro 35. PARADOXO BRASIL 7ª Economia Mundial 10ª Pior distribuição de renda do mundo 73º no ranking de respeito aos Direitos Humanos - IDH POR QUÊ? Orçamento Geral da União – Executado em 2010 R$ 635 bilhões Nota: Inclui o “refinanciamento” ou “rolagem” – Total do Orçamento 2010 = R$ 1,414 Trilhões Fonte: SIAFI - Banco de Dados Access p/ download (execução do Orçamento da União) – Disponível em QUEM GANHA E QUEM PERDE QUEM GANHA E QUEM PERDE Aparente queda Aumento de Provisões Fonte: Banco Central - http://www4.bcb.gov.br/top50/port/top50.asp QUEM GANHA E QUEM PERDE Lucro em 2010: Itaú/Unibanco = R$ 13,3 bilhões Bradesco = R$ 10 bilhões Banco Brasil = 11,7 1º trimestre de 2011: crescimento recorde de 17% Lucratividade exorbitante favorecida por: “Sistema de Metas de Inflação” Ausência de limites para os juros Benesses tributárias Falta de controle de capitais QUEM GANHA E QUEM PERDE Ingresso de moeda estrangeira aciona Sistema de Metas de Inflação BANCO CENTRAL DO BRASIL TÍTULOS DA DÍVIDA INTERNA Juros mais elevados do mundo Aplicação em Reservas Internacionais Juros quase zero Prejuízo Banco Central 2009 = R$ 147 bilhões 2010 = R$ 50 bilhões Acúmulo de Reservas = Explosão da Dívida Interna (R$ bilhões) Fonte: Banco Central. Nota: As reservas foram convertidas para Real à taxa de câmbio de R$ 1,80. PREJUÍZO do BC: R$ 147 bilhões em 2009 Fonte: Banco Central Indícios de ilegalidade: Artigo 34 da Lei de Responsabilidade Fiscal proibiu o BC de emitir títulos e o art. 2º da MP 435/2008 permitiu a emissão de títulos pelo Tesouro para entrega ao Banco Central 1940 1941 1942 1943 1944 1945 1946 1947 1948 1949 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958 1959 1960 1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Fonte: DIEESE - http://www.dieese.org.br/esp/salmin/tabela.zip 358.81 386.45 446.61 470.32 481.12 518.77 513.86 409.02 430.64 458.57 327.70 342.26 293.71 330.91 279.27 276.33 280.77 285.19 299.05 300.28 309.00 334.27 341.10 345.90 1113.97 1112.74 1250.94 1270.87 1381.77 1202.05 1345.66 1129.92 1256.38 1147.05 1008.35 1041.95 1004.76 916.45 856.51 810.26 792.97 763.04 776.55 743.13 729.81 668.79 613.77 641.09 636.93 663.74 683.77 690.43 695.97 713.59 743.77 632.02 586.21 599.79 567.31 506.28 467.66 475.22 448.84 414.53 755.11 662.61 1104.27 1006.59 903.72 887.56 937.16 QUEM GANHA E QUEM PERDE SALÁRIO MÍNIMO ATUAL É INFERIOR AO DA CHAMANDA DÉCADA PERDIDA - ANOS 80 Médias Anuais do Salário Mínimo - Município de São Paulo (inclui 13º salário) Em R$ de Junho/2010 A participação dos salários na renda nacional ainda está menor que em 1990 Participação do rendimento do trabalho na renda nacional (%) 60 50 40 30 20 10 0 1959/60 1969/70 1979/80 1989/90 1999/00 2008/09 Fonte: IBGE – Contas Nacionais (elaboração Ipea) http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/100505_comunicaipea_47_distribuicaoreda.pdf A taxa de desemprego ainda está maior que no início do Governo FHC Taxa de desemprego (%) 14 12 10 8 6 4 2 fev/91 ago/91 fev/92 ago/92 fev/93 ago/93 fev/94 ago/94 fev/95 ago/95 fev/96 ago/96 fev/97 ago/97 fev/98 ago/98 fev/99 ago/99 fev/00 ago/00 fev/01 ago/01 fev/02 ago/02 fev/03 ago/03 fev/04 ago/04 fev/05 ago/05 fev/06 ago/06 fev/07 ago/07 fev/08 ago/08 fev/09 ago/09 fev/10 ago/10 0 Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal de Emprego. Obs: Os dados de 1991 a fev/2002 foram multiplicados por 1,62, de modo a tornálos comparáveis com os dados da nova metodologia. A renda média do trabalho ainda está menor que em 1996 Renda média real mensal do trabalho (R$) 1400 1200 1000 800 600 400 200 1981 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 0 Fonte: PNAD/IBGE 2009, Síntese de Indicadores, pág 271. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/pnad_sintese_2009.pdf A estratégia de manutenção do Poder e da acumulação capitalista Lucros crescentes para setor financeiro/empresarial Financiamento de campanhas eleitorais e corrupção Extremo poder da mídia ligada ao grande capital Ilusória distribuição de riqueza Pequenos ganhos para os pobres: Bolsa Família Pífios reajustes para trabalhadores Acesso a produtos baratos: sensação de melhoria de vida Acesso a crédito/financiamentos A estratégia de manutenção do Poder e da acumulação capitalista EM PRÁTICA O AJUSTE FISCAL DE DILMA Corte Recorde de R$ 50 Bilhões de gastos sociais no Orçamento Federal de 2011 ELEVAÇÃO DA TAXA SELIC Em 19/01/2011, passou de 10,75% para 11,25% Em 02/03/2011, novo aumento para 11,75% Em 20/04/2011, aumentou para 12% ! JUROS CONSOMEM MAIS de R$ 1 BILHÃO POR DIA A estratégia de manutenção do Poder e da acumulação capitalista –Tributação CAPITAL e LUCRO: PRIVILÉGIOS Isenções e Liberdade de movimentação Deduções generosas, até de despesas fictícias TRABALHADORES: INJUSTIÇAS Fim de Deduções Redução da Progressividade Insuficiência de atualização da tabela do IRPF Agravamento dos tributos indiretos PEC-233: Reforma Tributária que transforma as contribuições sociais em impostos: Ameaça ao financiamento da Seguridade Social Diferença de Tratamento Conta-gotas para Gastos Sociais Menos de 5% do orçado para “Prevenção e Preparação para Desastres” Apenas 20% do Orçamento do programa “Minha Casa Minha Vida” foram gastos em 2010 Ralo aberto para gastos com a Dívida Pública Pagamento antecipado ao FMI em 2005 Resgate antecipado de títulos da dívida externa desde 2005 e com pagamento de ágio Emissão de títulos para pagar juros AUSÊNCIA DE QUALQUER LIMITE para gastos com dívida Orçamento Geral da União – Gastos Selecionados (R$ milhões) 400.000,00 Juros e Amortizações da Dívida Educação e Cultura Saúde e Saneamento Previdência e Assistência Sociais Pessoal Juros e amortizações da dívida 350.000,00 300.000,00 250.000,00 200.000,00 Previdência (INSS) e Assistência Social 150.000,00 Pessoal e Encargos Sociais 100.000,00 Saúde e Saneamento 50.000,00 Educação e Cultura - 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional - SIAFI. Não inclui a rolagem, ou “refinanciamento” da Dívida 2009 DESRESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL Situação inaceitável para a 7a. Maior economia do mundo Saúde Pública: Filas, Mortes sem atendimento, Insuficiência de leitos e UTI, Falta de médicos e profissionais de saúde, Baixos salários, Condições de trabalho aviltantes, Falta de materialidade Educação: Ausência de políticas educacionais efetivas; Salários irrisórios para professores, apesar da sobrecarga de trabalho, provocando queda na qualidade do ensino básico; Insuficiência de vagas nas Universidades Déficit Habitacional de 8 milhões de moradias, além de 11,2 milhões de domicílios inadequados (Fonte: Fundação João Pinheiro, 2007) DESRESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL Pobreza: 40,4 milhões de pobres (2009) – Fonte IETS – Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade - http://www.iets.org.br/article.php3?id_article=915 Fome: 9,6 milhões de famintos (2009) Fonte IETS – Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade - http://www.iets.org.br/article.php3?id_article=915 Analfabetismo: 20,3% da população brasileira com mais de 15 anos são analfabetos funcionais (Fonte: PNAD 2009) Taxa de Desemprego: 14,2% nas Regiões Metropolitanas DIEESE, 2009) (Fonte: DIANTE DISSO: NECESSIDADE DE Rever a política monetária e fiscal, o modelo econômico que está propiciando a destinação da maior parte dos recursos públicos para o pagamento de uma dívida cuja contrapartida não representa bens e serviços à Nação, mas uma contínua sangria Evidenciar que o VERDADEIRO ROMBO DAS CONTAS PÚBLICAS é a Dívida Pública Juros e Amortizações da Dívida pagos nos últimos 16 anos FHC em 8 anos = R$ 2,079 Trilhões LULA em 8 anos = R$ 4,763 Trilhões AUDITORIA DA DÍVIDA AUDITORIA DA DÍVIDA Prevista na Constituição Federal de 1988 Plebiscito popular ano 2000: mais de seis milhões de votos AUDITORIA CIDADÃ DA DÍVIDA www.divida-auditoriacidada.org.br CPI da Dívida Pública Passo importante, mas ainda não significa o cumprimento da Constituição DÍVIDA: impede a vida digna e o atendimento aos direitos humanos De onde veio toda essa dívida pública? Quanto tomamos emprestado e quanto já pagamos? O que realmente devemos? Quem contraiu tantos empréstimos? Onde foram aplicados os recursos? Quem se beneficiou desse endividamento? Qual a responsabilidade dos credores e organismos internacionais nesse processo? Somente a AUDITORIA responderá essas questões EQUADOR – Lição de Soberania Comissão de Auditoria Oficial criada por Decreto 2009: Proposta Soberana de reconhecimento de no máximo 30% da dívida externa representada pelos Bônus 2012 e 2030 95 % dos detentores aceitaram a proposta equatoriana, o que significou anulação de 70% dessa dívida com os bancos privados internacionais Economia de US$ 7,7 bilhões nos próximos 20 anos Aumento gastos sociais, principalmente Saúde e Educação CPI DA DÍVIDA – CÂMARA DOS DEPUTADOS Criada em Dez/2008 e Instalada em Ago/2009, por iniciativa do Dep. Ivan Valente (PSOL/SP) Concluída em 11 de maio de 2010 Identificação de graves indícios de ilegalidade da dívida pública Momento atual: investigações do Ministério Público NECESSIDADE DE PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL PARA EXIGIR A COMPLETA INVESTIGAÇÃO DA DÍVIDA PÚBLICA E A AUDITORIA PREVISTA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL COMO SÃO DEFINIDAS AS TAXAS DE JUROS??? Convidados à 36ª Reunião do Banco Central com analistas independentes Fonte: Ofício 969.1/2009-BCB/Diret, de 25/11/2009 (nomes dos convidados) e pesquisas na internet (cargos). CONCLUSÃO Auditoria da Dívida Pública Investigações pelo Ministério Público Rever a política monetária e fiscal Ampliar investimentos reais Garantir serviços públicos de qualidade Atender Direitos Humanos TRANSPARÊNCIA Obrigada Maria Lucia Fattorelli www.divida-auditoriacidada.org.br