OMC tenta acordo para salvar Doha Mediadores apresentam propostas para liberalização do comércio A Organização Mundial do Comércio (OMC) apresenta amanhã as propostas de acordo para a liberalização dos mercados agrícolas e de bens industriais. Depois do fracasso de Brasil, Índia, Europa e Estados Unidos no mês passado em chegar a um entendimento em Potsdam, os mediadores de cada um dos setores de negociação colocarão agora o que acreditam que pode ser o ponto de convergência entre as distintas posições. Entre hoje e amanhã, em Nova Délhi, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, conversará preliminarmente sobre esses documentos com o ministro do Comércio da Índia, Kamal Nath, com quem co-lidera o G-20 - grupo de economias em desenvolvimento que negocia em conjunto o capítulo agrícola. Na quarta-feira, em Bruxelas, Amorim abordará o tema com o comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson. O Brasil, ao lado de outros países emergentes, deixou claro em uma reunião na OMC com um dos mediadores que espera que todas as posições estejam refletidas na proposta que será feita sobre os cortes de tarifas de importação para bens industriais. O bloco insistiu que não aceitará cortes de tarifas acima de 50%, posição considerada extremista pelos europeus e americanos. Mesmo alguns países emergentes, como Peru, Colômbia e Chile, aceitariam cortes mais profundos. Apesar da pressão, o mediador das negociações industriais, Don Stephenson, respondeu ao Brasil que não teria como apresentar um texto que trouxesse todas as posições. Segundo ele, esse não seria mais o momento de apenas listar as várias propostas, como vem sendo feito nos últimos meses. No setor agrícola, o Brasil e seus aliados do G-20 (grupo de países emergentes) voltaram a insistir em suas posições originais. Documentos obtidos pelo Estado, elaborados pelo G-20, mostram que o grupo apresentou ao mediador das negociações agrícolas da OMC, Crawford Falconer, basicamente as mesmas propostas defendidas há meses. O G-20 espera que Falconer leve em consideração as sugestões como o corte médio de tarifas de cerca de 53%, além de um teto para os subsídios americanos em cerca de US$ 12,5 bilhões por ano. Os americanos indicaram em Potsdam que o máximo que poderiam aceitar seria reduzir o teto de US$ 22,5 bilhões para US$ 17 bilhões. Jornal O ESTADO DE SÃO PAULO-16/07/2007