INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM INCLUSÃO
SOCIAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL
8,5
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Lusmar Moreira de Azevedo Santana.
[email protected]
Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo.
ARAPUTANGA/2013
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM INCLUSÃO
SOCIAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Lusmar Moreira de Azevedo Santana.
Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo
“Trabalho apresentado como exigência
parcial para a obtenção do titulo de
Especialização em Psicopedagogia com
ênfase na Inclusão Social na Educação
Infantil.".
ARAPUTANGA/2013
“Dedico este trabalho ao meu esposo por
me apoiar e incentivar em minha jornada
pela profissionalização e perfeição,
estando sempre ao meu lado me
apoiando e dando forças nos momentos
difíceis para que eu não viesse a desistir
de meus sonhos.”
AGRADECIMENTOS
A meu criador, por ser minha fonte segura de sabedoria, e por me conceder
vida e saúde, me dando a oportunidade de melhorar a cada dia.
Ao meu esposo que me incentivou durante todo esse tempo e me deu forças
para lutar mesmo em meio a momentos difíceis.
Aos meus familiares, por me apoiarem e me incentivarem a continuar minha
busca por melhores dias.
Aos amigos que fiz no decorrer deste curso, com os quais dividi experiências
e sonhos.
A Associação Juiniense de Ensino Superior do Vale do Juruena –AJES, que
possibilitou a conclusão de mais uma etapa de minha vida.
Aos professores que estiveram conosco durante este curso, em especial ao
meu professor orientador Ilso Fernandes do Carmo, que me orientou na elaboração
deste trabalho.
A todos que de alguma forma estiveram presentes em minha vida no
decorrer deste curso, muito obrigada.
“A Brincadeira infantil constitui uma
situação social onde, ao mesmo tempo
em que há representações e explorações
de outras situações socais, há formas de
relacionamento interpessoal das crianças
ou eventualmente entre elas e um adulto
na situação, formas estas que também se
sujeitam a modelos, a regulações, e onde
também está presente a afetividade:
desejos, satisfações, frustrações, alegria,
dor”.
NilzalinaChaparro Silva, 2007.
RESUMO
Por muitos anos diversos estudos tem sido realizados com o objetivo de
compreender os aspectos relativos ao processo de ensino e aprendizagem. Esses
estudos confirmaram que o brincar é essencial para o desenvolvimento da criança.
Nessa ótica este trabalho monográfico de caráter exploratório teve como objetivo
discorrer sobre o lúdico e sua vantagem ao ser utilizado como instrumento no
processo de ensino/aprendizagem nas series iniciais; especificamente, se propôs a
realizar um estudo em materiais que abordam o tema em estudo; pontuar sobre a
importância do brincar no desenvolvimento da criança e abordar a importância do
uso do lúdico no processo de ensino nas séries iniciais. Ao desenvolver o estudo
literário, constatou-se que desde que a criança nasce, ela utiliza o lúdico e o mesmo
faz parte de seu desenvolvimento, sendo que o mesmo auxilia no desenvolvimento
cognitivo, afetivo, psicomotor, físico, emocional, intelectual, etc. Notou-se que
estudos apontam para a importância do lúdico no processo de ensino/aprendizagem,
e que criança assimila com mais facilidade as normas e regras quando são
trabalhadas ludicamente. Foi possível evidenciar que os educadores que incluem a
ludicidade no plano de ensino e trabalham com brincadeiras conseguem uma
aceitação e participação muito maior dos alunos, e o conteúdo é assimilado com
muito mais facilidade. Espera-se que este trabalho possa despertar em outros
estudiosos o desejo de desenvolver outras pesquisas, com o intuito de contribuir de
alguma forma com a educação brasileira, e facilitar o processo de ensino daqueles
que são o futuro do país.
Palavras-chave: Ludicidade. Ensino. Aprendizagem.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................
07
CAPÍTULO I
1 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO GERAL DA
CRIANÇA...........................................................................................................
08
CAPITULO II
2 A LUDICIDADE NA ESCOLA, UMA ESTRATÉGIA QUE PODE DAR
CERTO...............................................................................................................
13
CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................
22
REFERÊNCIAS.................................................................................................
24
INTRODUÇÃO
As séries iniciais são de suma importância para o desenvolvimento da
criança e especificamente para a conquista do desejo da mesma pelos estudos.
Portanto, as aulas devem ser desenvolvidas de forma que conquiste o interesse da
criança pelos estudos.
O professor/educador deve montar seu planejamento com conteúdos que
apresentem uma didática apreciada pelas crianças, e usar estratégias que visem
conquistar o interesse dos alunos; isso porque, muitas crianças apresentam
dificuldades no processo de assimilação de conteúdos e se mostram dispersas
durante as aulas, e caso o plano de ensino não seja devidamente montado visando
facilitar o processo de ensino, as chances de sucesso serão menores.
Nessa ótica, surge a seguinte questão: O uso do lúdico é importante para o
processo de ensino-aprendizagem na educação infantil?
Como é de conhecimento de muitos, a educação tem ao longo dos anos
passado por inúmeras mudanças, as quais visam colaborar com o processo de
ensino aprendizagem da criança, e com a assimilação do conteúdo abordado,
porém, devido à importância dos anos iniciais de estudo na conquista do prazer da
criança por estudar, torna-se fundamental que haja uma abordagem diferenciada
dos conteúdos, de maneira que a criança se sinta motivada a estudar.
Para tanto, esse trabalho de revisão de literatura tem como objetivo geral
discorrer sobre o uso do lúdico e os benefícios que o mesmo traz no processo de
ensino aprendizagem nas series iniciais; especificamente falando, esse trabalho se
propõe a (a) realizar uma análise literária sobre o lúdico no processo de ensinoaprendizagem; (b) pontuar sobre a importância do brincar no desenvolvimento da
criança; (c) apontar os benefícios do lúdico no processo de ensino nas series
iniciais.
Para tanto, este trabalho monográfico está subdividido em duas partes:
capítulo I, o qual discorre sobre a importância do brincar no desenvolvimento geral
da criança; capítulo II, que aborda a ludicidade na escola como uma estratégia que
pode dar certo.
CAPÍTULO I
1 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO GERAL DA
CRIANÇA
‘Brincar deriva da palavra “brinco”, que vem do latim “vinculo”, cujo
significado é “fazer laços, ligar-se”’ (RIBEIRO, 2005, p. 01).
“Esta definição etimológica da palavra brincar já demonstra o quanto a
atividade lúdica é essencial para o desenvolvimento infantil, ou seja, é brincando
que, desde bebê a criança se integra a si mesma, às outras pessoas e ao meio”
(RIBEIRO, 2005, p. 01).
Nota-se que o brincar faz parte da vida da criança desde os primeiros meses
de vida e pode-se dizer que o brincar acompanha o individuo durante toda a sua
vida, já que para muitos, a brincadeira faz parte das relações sociais que constituem
ao longo dos anos.
O ato de brincar promove distração, acesso a diferentes culturas, possibilita
o desenvolvimento físico quando se pratica o brincar que envolve movimentos
físicos, psicomotor, intelectual, dentre outros aspectos, além ser um ato prazeroso.
Por se tratar de um comportamento natural da criança desde os primeiros
meses de vida, entende-se que o brincar faz parte do desenvolvimento a mesma.
SANTOS (2000, p. 13), afirma que “... A brincadeira é considerada a primeira
conduta inteligente do ser humano; ela aparece logo que a criança nasce e é de
natureza sensório-motora ...”.
A criança brinca com as mãos, pés e objetos que estiverem ao seu alcance,
bem como o ato de ouvir musicas com gestos faz com que a criança desperte para o
mundo das brincadeiras, e com esse comportamento ela passa a assimilar
conteúdos e aprender com as experiências vivenciadas cotidianamente.
De acordo com CRAIDY (2001, p. 104),
Com esta forma lúdica de brincar com o corpo ou com os materiais que
estão ao alcance dos bebês, se estará possibilitando o sugar, pegar, bater,
agarrar... E através do outro pela sua voz, seu gesto, seu toque, sua
palavra, gesto ou canção que o bebê será convidado a perceber, descobrir
e conhecer de forma prazerosa o mundo que a rodeia.
09
Para cada faixa etária da criança há um imaginário específico e em cada
faixa etária ela aprenderá valores e experimentará novas experiências, já desde as
series iniciais, a criança convive com brincadeiras que lhes darão uma nova visão,
nova compreensão e forma de ver as coisas.
Segundo KISHIMOTO et al (2008, p. 19), “No caso da criança, o imaginário
varia conforme a idade: para o pré-escolar de 3 anos, está carregado de animismo;
de 5 a 6 anos, integra predominantemente elementos da realidade”.
O envolvimento da criança com os brinquedos promove o crescimento
intelectual da mesma, pois ao brincar a criança cria situações diversificadas,
imagina, idealiza e realiza ações, mesmo que sejam imaginariamente, e a cada
brincadeira a criança cresce e desenvolve sua criatividade e originalidade.
Falando sobre essa importância do brincar na vida da criança e seus
benefícios, BERTOLDI (2010, p. 39), afirma que:
Os processos mentais surgem mediante interação da criança com os
elementos mediadores e a forma como ela os utiliza. A criança estrutura o
seu conhecimento utilizando-se de diferentes signos e instrumentos,
idealizando e problematizando situações para as quais cria hipóteses que
desvenda com a criatividade e originalidade, e segue internalizando
conhecimentos a cada dia por meio das relações estabelecidas dentro de
seu meio social.
O brincar promove o desenvolvimento da criança, pois ela é curiosa e
imaginativa, e em cada situação ela imagina e vivencia, passa a adquirir experiência
de vida, e aprende com cada uma das brincadeiras, sobretudo se essa brincadeira
acontecer entre grupo, já que a socialização colabora com o enriquecimento de
ações e culturas diferentes que farão com que a criança tenha uma gama de
informações que farão com que ela amadureça emocionalmente e enriqueça sua
convivência e relação com os demais.
Corroborando o assunto, MALUF (2003, p. 21), afirma que:
A criança é curiosa e imaginativa, está sempre experimentando o
mundo e precisa explorar todas as suas possibilidades. Ela adquire
experiência brincando. Participar de brincadeiras é uma excelente
oportunidade para que a criança viva experiências que irão ajudá-la a
amadurecer emocionalmente e aprender uma forma de convivência
mais rica.
Ainda falando sobre a importância do brincar e o seu papel no
desenvolvimento da criança, autores como VIGOTSKY (1998), afirma que sempre
há regras previamente estipuladas quando uma criança brinca, e que as regras não
10
mudam durante o jogo, mas aquelas que têm sua origem na própria situação
imaginária da criança. E ressalta, que a ideia de que, uma criança não segue regras
enquanto vivencia uma situação imaginária durante uma brincadeira está
simplesmente incorreta. Enfatiza que se a criança está brincando e representando o
papel de mãe, ela certamente obedecerá às regras do comportamento maternal.
As regras de cada brincadeira enriquece a compreensão da criança em
relação ao mundo em que vive, e por intermédio das brincadeiras ela vivencia
diferentes experiências e cria hipóteses, desenvolve conclusões criativas para cada
experiência, e consequentemente se desenvolve constantemente, e cresce com
base na cultura em que vivencia a cada dia. A criança desenvolve pensamentos e
processa cada detalhe da brincadeira e experiência, e isso promove crescimento a
ela.
É importante ressaltar que AROEIRA (1996, p. 69) afirma que,
Por ser essencialmente dinâmico, o jogo permite comportamentos
espontâneos e improvisados, uma vez que os padrões de desempenho e as
normas podem ser criados pelos participantes. Há liberdade para a tomada
de decisões, e a direção que o jogo assume é determinada pelas crianças
considerando o grupo e o contexto.
As brincadeiras são ricas em informações, emoções e sentimentos diversos
que, ao serem vivenciados pela criança, faz com que ela absorva conhecimentos
que servirão como apoio ao seu desenvolvimento ao longo de sua vida, e falando
sobre esse assunto, SILVA (2003, p. 01), afirma que:
Brincadeiras, geralmente envolvem emoções, afetividade, laços com outras
pessoas, ligações entre as pessoas. Uma brincadeira ou um jogo onde
participem mais de uma pessoa, geralmente implica trocas, partilhas,
confrontos e negociações. Além do mais, brincar constitui auxílio na boa
formação infantil, nas esferas emocional, intelectiva, social e física.
Falando sobre as situações em que a criança vivencia situações imaginárias,
OLIVEIRA (2007, p. 02) afirma que,
enquanto brinca, a criança está consciente de que está representando um
objeto, situação ou fato, mas, ao mesmo tempo, está inconsciente de que
esteja representando algo que lhe escapa por estar fora do campo de sua
consciência no momento.
Segundo OLIVEIRA (2002), através da brincadeira, a criança exercita suas
capacidades nascentes, como por exemplo a capacidade de representar o mundo e
distinguir entre pessoas, possibilitadas especialmente pelos jogos de faz de conta e
os de alternância, respectivamente. Ressalta que por intermédio da brincadeira a
criança passa a compreender as características dos objetos, o funcionamento de
11
cada um deles, os elementos da natureza como chuva, sol, vento, dentre outros, e
os acontecimentos sociais envolvidos em cada uma das situações.
Como se nota, o brincar pra uma criança é quase tão importante quanto
alimentar-se, já que a brincadeira beneficia o desenvolvimento da criança. Porém,
por muitos anos o lúdico foi ignorado, acreditando-se que o brincar não beneficiava
em nada a criança, e por esse motivo era visto apenas como um instrumento para
que a criança gastasse as energias acumuladas, ou até mesmo para que mães ou
responsáveis tivessem tempo para o exercício de outras atividades.
Porém, ao contrário do que se pensava, nota-se que o lúdico é
imprescindível ao desenvolvimento da criança e que por intermédio do brincar a
criança se desenvolve e aprende valores que a acompanhará por toda a sua vida,
por esse motivo deve estar inserido na vida da criança.
De acordo com CHAPARRO (2007, p. 17),
A brincadeira infantil constitui uma situação social onde, ao mesmo tempo
em que há representações e explorações de outras situações sociais, há
formas de relacionamento interpessoal das crianças ou eventualmente entre
elas e um adulto na situação, formas estas que também se sujeitam a
modelos, a regulações, e onde também está presente a afetividade:
desejos, satisfações, frustrações, alegria, dor.
Através da brincadeira a criança passa a compreender aspectos
relacionados aos objetos com que interage, além de criar situações diversas quando
brinca de faz de conta. Essa interação entre a criança e o brincar, resulta em
desenvolvimento e colabora com o crescimento intelectual da criança, e neste
contexto é sumamente importante que a criança brinque, mesmo que seja
vivenciando situações imaginárias; de maneira que possa se desenvolver, e desde
pequena, vivenciar situações pelas quais poderá aprender a lidar com a realidade
futura.
É importante ressaltar que não importa o tipo do brinquedo ou material, não
importa se é um brinquedo comprado pronto para o uso, ou se é um objeto que se
transforma em brinquedo no momento da diversão, o importante é que ele sirva para
o propósito da brincadeira.
De acordo com GUEVARA (2009, p. 05),
A característica essencial do brinquedo infantil não está no material
usado ou no resultado obtido, mas na atividade subjetiva da criança
durante a brincadeira, a qual é a vivência de um prazer específico tão
12
intenso que por si só justifica a grande necessidade de atividade
lúdica da criança.
De acordo com CHAPARRO (2007), a criança tem uma imaginação muito
fértil o que permite que ela transforme algo presente no contexto real para
imaginário ou simbólico. Por isso a brincadeira se torna em algo mágico que e a
criança consegue transformar, por exemplo um pinguinho de tinta numa gaivota, ou
um pedaço de madeira em carrinho, ou o cabo de vassoura em cavalo. A criança
passa a vivenciar situações imaginárias vivenciadas no dia a dia, como mães, pais,
professoras, policiais, mocinhos, bandidos, médicos, enfermeiras, etc.
Neste contexto, nota-se que brincar é algo natural, e uma necessidade da
criança, e que além de ser uma necessidade, é uma atividade prazerosa que
promove crescimento físico, mental, psicomotor, intelectual, dentre outros, sendo um
instrumento inquestionável quando se trata de um colaborador no processo de
crescimento da criança.
CAPITULO II
2 A LUDICIDADE NA ESCOLA, UMA ESTRATÉGIA QUE PODE DAR CERTO
Muitas são as dificuldades enfrentadas pelos educadores na atualidade
quando se trata dos métodos a serem utilizados com o intuito de facilitar o processo
de ensino aprendizagem, visando contribuir com o desenvolvimento do aluno,
principalmente quando esse aluno está iniciando sua jornada escolar e precisa de
incentivo para tomar gosto pelos estudos e ter prazer em aprender.
Neste contexto ao longo dos anos estudiosos tem se dedicado em tentar
compreender o que pode ser prazeroso e ao mesmo tempo promover o
desenvolvimento da criança. Através desses estudos pode-se perceber que o ser
humano brinca desde o início de sua vida e continua a brincar até que por algum
motivo sua “vida” seja interrompida, independente do motivo, se por perda da
facilidade para raciocinar, ou até mesmo pela morte.
Urge ressaltar que SANTOS e CRUZ (2001, p. 115), afirmam que “[...]
brincar é viver, e as crianças brincam porque esta é uma necessidade básica, assim
como a nutrição, a saúde, a habitação e a educação”.
PEREZ et al., (1993, p. 126), afirma que o jogo é um meio pelo qual a
criança desenvolve sua imaginação e também o pensamento abstrato em relação as
coisas. Afirma que o jugo ocupa um papel específico no processo de
desenvolvimento da criança e que por esse motivo deveria ser visto por educadores
como um importante recurso pedagógico. Ressalta ainda que no entanto,
normalmente ele nem sempre é levado em consideração no currículo escolar, e é
visto por muitos como uma simples recreação ou uma forma de fazer com que a
criança "queimar energias".
Neste contexto, as brincadeiras devem fazer parte do planejamento escolar,
já que é um instrumento facilitador do processo de desenvolvimento da criança.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil,
As (...) as brincadeiras envolvem aspectos ligados à coordenação do
movimento e ao equilíbrio. (...) as crianças precisam coordenar habilidades
motoras como velocidade, flexibilidade e força, calculando a maneira mais
adequada de conseguir seu objetivo. (BRASIL, 1998, p. 34).
14
É importante que o profissional de educação infantil, esteja atento e monte
seu planejamento baseado das necessidades do grupo de alunos em que está
trabalhando. Nesse planejamento o professor deverá contemplar alguns aspectos
importantes, e selecionar atividades que exijam esforço físico, sendo brincadeiras
onde se possa explorar a capacidade de subir, descer, correr, parar, dentre outros
aspectos, pois isso fará com que a criança desenvolva suas habilidades.
De acordo com PILLETI (1998, p. 105),
A seleção e organização de conteúdos não podem ser concebidas segundo
uma programação única a qual corresponda um único modelo de excussão
pedagógica, mas pode ter pontos de partida variados e modalidades de
realizações multiformes.
O uso da ludicidade promoverá o desenvolvimento psicomotor, que segundo
LOPES (2010, p. 27), “... diz respeito à interação existente entre o pensamento,
consciente ou não, e o movimento efetuado pelos músculos, com o auxilio do
sistema nervoso”.
No entanto, é importante ressaltar que o uso da ludicidade deve ser utilizado
com um objetivo, um propósito, e usá-lo adequadamente no processo de ensino, já
que segundo a autora supracitada “De nada adianta conhecer a brincadeira ou o
jogo psicomotor, se não souber aplicá-lo com significados no processo de ensinoaprendizagem.” (LOPES, 2010, p. 58).
Ainda falando sobre os benefícios da ludicidade no processo de ensino
aprendizagem, deve-se ressaltar as considerações feitas por alguns autores a
respeito das oposições entre os mundos, tanto interno quanto externo da criança, e
o resultado dessas alternâncias no processo de aprendizagem do indivíduo.
Segundo COQUEREL (2011, p. 102 e 103),
Os avanços na aprendizagem derivam de processos de assimilação de
conceitos e sua acomodação e, nesse ínterim, o jogo é entendido como
meio propício para desencadear processos de aprendizagem, devido às
suas alternâncias e oposições entre os mundos interno e externo do
indivíduo.
Esse uso de brincadeiras dentro do ambiente escolar fará com que a criança
sinta prazer em participar, e implicitamente ela estará aprendendo valores,
desenvolvendo-se física, motora, social, intelectual e culturalmente, além de ter seu
processo de aprendizagem potencializado pela ludicidade que contribuirá com o seu
crescimento durante toda a sua vida.
15
VOLPATO (2002), afirma que a brincadeira deve estar presente na escola
nas mais variadas situações e sob as mais diversas formas, incluindo as series
iniciais. A educação infantil tem seus objetivos no processo de desenvolvimento da
criança, e segundo a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, na Lei
nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, no Art. 29º, afirma que:
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em
seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a
ação da família e da comunidade. (BRASIL, 1996, p. 12).
VALLE (2010, p. 51), afirma que “a utilização de jogos como elementos que
ajudam na socialização da criança é uma possibilidade de aprender brincando”.
A ludicidade pode ser um instrumento poderoso até mesmo para atividades
que são vistas como maçantes, como por exemplo a leitura e ortografia, as quais
podem não conseguir despertar o interesse de todos os alunos.
Um estudo realizado por GUEVARA, SANTOS e CARBONEL (2008, p. 10),
constatou que “A partir do uso do lúdico (...) houve maior desenvolvimento lógico e
criativo das crianças, comprovando (...) que a brincadeira contribui com o
desenvolvimento da criança”, conforme representado na (figura 01).
Figura 01: Envolvimento de alunos com atividades lúdicas – ensino de geometria.
Fonte: GUEVARA, SANTOS e CARBONEL, 2008.
O estudo constatou que “A partir das atividades propostas (...) as crianças
envolveram-se e deixaram que a criatividade aflorasse construindo figuras,
realizando colagens, e montagens de figuras a partir de peças confeccionadas...”
(GUEVARA, SANTOS e CARBONEL, 2008, p. 10).
16
O ensino de geometria por exemplo, se mostrou muito mais interessante
quanto associado à construção de maquetes, onde os alunos se envolveram com a
atividade proposta, sendo que primeiramente confeccionaram peças em diversos
formatos geométricos, para em seguida realizarem a montagem (figura 2).
Figura 02: Envolvimento de alunos com a construção de maquetes.
Fonte: GUEVARA, SANTOS e CARBONEL, 2008.
O ensino de cores e formatos também podem ser facilitados com brinquedos
que são de interesse das crianças (figura 03).
Figura 03: Brinquedos educativos, ensino de formatos e cores diferentes.
Fonte: GUEVARA, SANTOS e CARBONEL, 2008.
Ao jogar bola, por exemplo, as crianças aprendem valores como esperar sua
hora para jogar, respeitar limites e regras impostas pelo jogo.
17
Segundo VOLPATO, (2002, p. 98),
Pelo fato de o jogo ser um meio tão poderoso para a aprendizagem das
crianças, em todo lugar onde se consegue transformá-lo em iniciativa de
leitura ou de ortografia observa-se que as crianças se apaixonam por essas
ocupações tidas como maçantes.
KISHIMOTO (1994), afirma que quando se permite que a criança manifeste
seu imaginário, deixando à sua disposição objetos simbólicos, a função pedagógica
subsidia o desenvolvimento integral da criança. Nesse contexto, seja qual for jogo
usado na escola, respeitando a natureza do ato lúdico, é lógico, apresenta-se com
um caráter educativo e por isso recebe a denominação de jogo educativo.
O uso dos jogos e brincadeiras é tão importante que diversos estudos já
constataram que os professores usam os jogos com motivos específicos, e cada um
com o propósito que faz parte do cotidiano da criança.
De acordo com VALLE (2010, p. 58) apresentam quatro motivos principais
que levam professores a utilizarem jogos no ambiente escolar, e de acordo com os
autores acima citados são “impulso natural, prazer e esforço espontâneo,
mobilização de esquemas mentais, e, interação das dimensões da personalidade.”
As considerações sobre os quatro aspectos citados, são apresentadas por
VALLE (2010, p. 58 e 59), sendo elas:
1. O jogo corresponde a um impulso natural da criança, é nesse sentido,
satisfaz uma necessidade interior, pois o ser humano apresenta uma
tendência lúdica.
2. A atitude do jogo apresenta dois elementos que a caracterizam: o prazer
e o esforço espontâneo. O jogo é prazer, pois sua principal característica é
a capacidade de absolver o jogador de forma intensa e total, criando um
clima de entusiasmo, mas ao mesmo tempo em que vai canalizando as
energias no sentido de um esforço total para a consecução de seu objetivo.
Portanto, o jogo é uma atividade excitante, mas é, também, esforço
voluntário. Estes dois elementos coexistem em situação de jogo: o prazer
conduzindo ao esforço espontâneo e o esforço intensificando o prazer. Daí
ser o jogo uma atividade liberadora da espontaneidade, pois impele à ação.
3. A situação de jogo mobiliza os esquemas mentais: sendo uma atividade
física e mental, o jogo aciona e ativa as funções psiconeurológicas e as
operações mentais, estimulando o pensamento.
4. O quarto motivo é decorrente dos anteriores, pois o jogo integra as várias
dimensões da personalidade: afetiva, motora e cognitiva. Como atividade
física e mental que mobiliza as funções e operações, o jogo aciona as
esferas motora e cognitiva, e à medida que gera envolvimento emocional
apela para a esfera afetiva.”
É importante ressaltar que há uma diferença entre os jogos de exercício com
regras e os jogos simbólicos, pois nos jogos simbólicos a criança tem muitas outras
18
possibilidades, e vai criança ações e desfechos diferentes no decorrer da
brincadeira, enquanto que nos jogos de regras, a criança tem limites a serem
respeitados. Tanto um quanto o outro contribui com o crescimento da criança como
individuo, e devem ser trabalhados, e respeitados e encorajados pelos educadores,
visando o benefício no processo de aprendizagem da criança.
Corroborando o assunto, COQUEREL (2011, p. 103 e 104), afirma que:
... nos jogos de exercício, a criança pequena chuta a bola e corre atrás dela;
nos jogos simbólicos, ela chuta, corre, defende, ataca, entre outras coisas,
porém, com um forte componente de fazer de conta. E nos jogos de regras,
é o jogo propriamente dito, regrado compartilhado de forma comum entre
todos os participantes.
O lúdico tem um significado muito grande para a criança, e maximiza o
aprendizado de valores que são sumamente importantes na formação de seu
caráter.
Segundo VALLE (2010, p. 59), há
... nos jogos a possibilidade de desenvolvimento do respeito mútuo, na
interação com adversários. (...) as crianças desenvolvem suas capacidades
de justiça e também de injustiça. (...) atitudes de solidariedade e dignidade.
Segundo PEREZ et al., (1993, p. 126),
O jogo libera os sentidos, deflagra mil possibilidades de ver uma certa coisa,
aqui e agora, ontem, depois, no infinito; produz escolhas ou recusas; dá
sentido; potencializa o indivíduo pela vivência inventada, construída, e pela
capacidade, a partir dessa vivência, inferir novas projeções lúdicas,
vislumbrar novas projeções relacionais.
Nas palavras de OLIVEIRA (2002, p. 34), “Ao brincar a criança passa a
compreender características dos objetos, seu funcionamento, os elementos da
natureza e os acontecimentos sociais”.
Nesse contexto, “O professor deve refletir sobre as solicitações corporais
das crianças e sua atitude diante das manifestações da motricidade infantil,
compreendendo seu caráter lúdico e expressivo.” (BRASIL, 1998, p. 38).
É importante que o professor passe a compreender cada aspecto do lúdico e
a relação do mesmo com o processo de aprendizagem, já que essa é uma
estratégia que pode surtir o efeito desejado em um tempo muito mais reduzido, e o
processo de aprendizagem pode ser acelerado com a utilização dos meios
apropriados de ensino.
19
Um aspecto importante que deve ser levado em consideração é a
necessidade da criança de iniciar desenvolver e concluir uma brincadeira, ou seja,
tudo deve ter um inicio, meio e fim.
Complementando o assunto, SANTOS e CRUZ (2001, p. 33), afirmam que:
As brincadeiras, as experiências, e o jogo precisam ser completos, podendo
até ter um princípio, um meio e um fim. Os acontecimentos, quando são
totais, vão estabelecendo gradativamente as bases para a capacidade de
domínio do tempo. A experiência deve ser desfrutada de uma ponta a outra.
Nesse aspecto, nota-se que o professor deve se organizar e planejar
detalhadamente as atividades propostas, já que deverá desenvolver uma atividade
que deve ser concluída para que possa ter o real sentido de ser e atender a
necessidade da criança de vivenciar a brincadeira até o final.
Sobre esse assunto, VALLE (2011, p. 31 e 32), afirma que “Sob o ponto de
vista da educação infantil, o ato de brincar contribui para o processo de apropriação
de conhecimento”; ainda corroborando com essas considerações SANTOS e CRUZ,
(2001, p. 114), ressaltam que “do ponto de vista pedagógico, o brincar tem-se
revelado como uma estratégia poderosa para a criança aprender”.
É importante enfatizar que brincar não é um ato isolado e sem sentido na
vida do indivíduo, já que SANTOS e CRUZ (2001, p. 114), afirmam que “a criança
que é estimulada a brincar com liberdade terá grandes possibilidades de se
transformar num adulto criativo”.
Confirmando essa opinião dos colaboradores, VALLE (2011, p. 31), afirma
que “A brincadeira desenvolve a motricidade, permite experiências de afeto, além de
funcionar como estímulo para a linguagem e outras funções cognitivas”.
A ludicidade tem um importante significado na vida da criança, já que está
relacionado com o conhecimento de seu potencial, de sua capacidade, e com o
conhecimento de quem a criança realmente é. SANTOS e CRUZ (2001, p. 113 e
114), afirmam que “É no brincar que se pode ser criativo, e é no criar que se brinca
com as imagens, símbolos e signos, fazendo uso do próprio potencial, livre e
integralmente. Brincando ou sendo criativo, o indivíduo descobre quem realmente é.”
Segundo OLIVEIRA (2007, p. 04),
As brincadeiras fazem parte do patrimônio lúdico-cultural, traduzindo
valores, costumes, forma de pensamentos e aprendizagem. Os jogos e as
brincadeiras fornecem à criança (...) a possibilidade de ser um sujeito ativo,
20
construtor do seu próprio conhecimento, alcançando progressivos graus de
autonomia frente às estimulações do seu ambiente.
Nessa ótica, o educador deve estar atento e disponibilizando atividades
lúdicas aos alunos para que possam se desenvolver com autonomia e ter a
aprendizagem facilitada por meio da ludicidade.
Falando sobre essa responsabilidade do professor em apresentar atividades
que estimulem a criança, AROEIRA (1996, p. 72), afirma que “O papel do professor
é estimular, orientar e acompanhar o aluno na exploração dos jogos.”
Segundo o RCNEI, devem-se organizar planejamentos onde haja:
Participação em brincadeiras e jogos que envolvam correr, subir, descer,
escorregar, pendurar-se, movimentar-se, dançar etc., para ampliar
gradualmente o conhecimento e controle sobre o corpo e o movimento.
Utilização dos recursos de deslocamento e das habilidades de força,
velocidade, resistência e flexibilidade nos jogos e brincadeiras dos quais
participa.
Valorização de suas conquistas corporais.
Manipulação de materiais, objetos e brinquedos diversos para
aperfeiçoamento de suas habilidades manuais. (BRASIL, 1998, p. 36).
A brincadeira possibilita também o desenvolvimento físico, e pela riqueza de
movimentos e situações diversas, facilita o contato com experiências diferentes que
colaborarão com o seu desenvolvimento como um todo.
De acordo com VOLPATO (2002, p. 104), “O correr, o saltar, o puxar, o
esconder-se, entre outros movimentos. Não são ações isoladas do indivíduo, nem
tão pouco atos mecânicos, isentos de sentido e significado.”
A atividade lúdica é de fundamental para o desenvolvimento da criança, e
muitos
educadores
alertam
para
a
sua
importância
no
processo
de
ensino/aprendizagem, já que por intermédio de jogos os professores podem abordar
assuntos importantes relacionados aos mais diversos temas, inclusive à matemática,
por exemplo.
Corroborando o assunto, MACCRINE (2010, p. 27), afirma que:
Muitos educadores e pesquisadores atualizados destacam a importância da
atividade lúdica para o desenvolvimento intelectual das crianças nas
diferentes fases da aprendizagem e consideram-na indispensável à prática
educativa, destacando a sua importância no desenvolvimento dos
raciocínios lógico-matemático.
Neste contexto, é importante que cada vez mais estudos sejam
desenvolvidos no sentido de enfatizar cada vez mais a importância desse
21
instrumento eficaz e prazeroso no processo de ensino. Pois, como já foi dito
anteriormente, a brincadeira está presente desde que a criança nasce, e acompanha
a criança até que ela se torne um indivíduo adulto, tornando-se uma aliada dos
educadores no processo de ensino/aprendizagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ludicidade faz parte da vida de todos os seres humanos e está presente na
vida dos mesmos desde muito cedo. Já nos meses iniciais a criança passa a se
relacionar com os indivíduos próximos dela, e cria vínculos com as pessoas e os
objetos que passam a fazer parte do seu cotidiano.
A partir da analise de literatura realizada para o desenvolvimento deste
trabalho, foi possível constatar que brincar é fundamental para processo de
desenvolvimento de todas as crianças, que o brincar facilita o processo de
aprendizagem, que é um grande colaborador no processo de desenvolvimento
físico, motor, intelectual e social da criança, e que por esse motivo deve fazer parte
do cotidiano da mesma.
A ludicidade no processo de ensino é um tema que vem sendo estudado há
anos por pesquisadores, e cada vez mais se confirma a importância de desenvolver
pesquisas que visem compreender os aspectos que envolvem o processo de
aprendizagem da criança. Esses estudos possibilitarão conhecer cada vez mais o
processo de aprendizagem e os fatores que podem ser facilitadores da assimilação
de conteúdo, e consequentemente colaborar com o crescimento da criança de uma
maneira geral.
Com essa pesquisa conclui-se que o lúdico é uma importante ferramenta no
processo de ensino aprendizagem, e que ao compreender o real significado do
lúdico no processo de desenvolvimento da criança e usá-lo como aliado no processo
de
ensino,
o
educador
consegue
atingir
suas
metas.
Promove
maior
desenvolvimento das crianças, não apenas em um aspecto, mas em todos os
sentidos, atinge o objetivo a que se propôs, e permite à criança o crescimento moral,
intelectual, físico, dentre outros, o que é gratificante para o educador.
Neste contexto, acredita-se que esse trabalho monográfico atingiu seus
objetivos, pois por intermédio deste estudo foi possível enfatizar a importância do
brincar na vida da criança, já que por ser uma atividade prazerosa, desperta o
interesse da mesma e por esse motivo se torna um instrumento poderoso no
processo de ensino de conteúdos que podem ser considerados maçantes para
muitos.
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Nessa ótica, é possível afirmar que a ludicidade é um instrumento eficaz no
processo de ensino/aprendizagem nas series iniciais, e portanto, devido a sua
fundamental importância, sugere-se que outros estudos sejam desenvolvidos nessa
área, de maneira que os educadores possam ter um conhecimento maior a respeito
do tema e trabalhar na busca pelo desenvolvimento pleno de cada criança.
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