A partir desta indagação: buscou-se identificar como as empresas brasileiras relacionam dois grandes desafios: Inovação e Antecipação de futuro. FUNDAÇÃO DOM CABRAL CENTRO DE REFERÊNCIA EM INOVAÇÃO DEBATE: Inovação em serviço São Paulo, 19/06/2012 A inovação em serviço pode tanto garantir a sobrevivência de sua empresa quanto permitir que ela conquiste mercado ou crie um novo mercado. Essa foi uma dentre várias constatações realizada pelo grupo do Centro de Referência em inovação da Fundação Dom Cabral ao analisar a inovação em serviço. E que deixou claro a importância dos executivos estarem atentos a este tema ao buscarem construir organizações longevas. Para iniciar as atividades do dia o professor Anderson Rossi apresentou uma síntese dos resultados do 4° seminário Rumos da Inovação no Contexto Empresarial Brasileiro, cuja pergunta norteadora foi: O que sua empresa está fazendo para se antecipar ao futuro? Enquete realizada com os executivos presentes apontou que de modo geral as inovações realizadas encontram-se mais voltadas para os atuais clientes – 34% -, além disso, 50% dos participantes apontaram que a inovação mais importante para suas empresas é aquela que modifica, substitui ou desenvolve um processo/produto/serviço existente. Como indutor da inovação destacaram-se dois fatores: a busca por maior participação de mercado – 31% - e a redução de custos operacionais – 30% -. Como conclusão do seminário observou-se que o desafio da inovação já foi aceito por parte das empresas brasileiras, todavia o desafio de inovar a partir da antecipação do futuro ainda encontra-se excluído do dia-a-dia de grande parte destas empresas tidas como inovadoras. Engenharia e ciência de serviços no século XXI Para debater este tema, o CRI convidou Claudio Pinhanez – Gerente da IBM Research e com ampla experiência em inovação em serviço. Nesta oportunidade, ele compartilhou sua visão de que é preciso aumentar de maneira significativa a produtividade do setor de serviço, assim como ocorreu com a agricultura e com a indústria no passado. E para tanto é preciso inovar em serviço e, além disso, inovar de maneira radical, usando-se da engenharia e ciência de serviços. Segundo ele o que realmente difere um serviço de um produto é o fato de haver outras pessoas envolvidas além do cliente, mesmo que estas pessoas não estejam presentes fisicamente, como é o caso, por exemplo, do fornecimento de energia elétrica. Neste sentido, o valor é cocriado em um sistema que envolve necessariamente a interação do usuário com outras pessoas. Painel – Inovação em serviço Para debater sobre a importância de se inovar em serviço, foram convidados Carlos Alberto Marinelli – diretor do Grupo Fleury - e Anderson Ramires – diretor de inovação da PwC , representantes de duas empresas que integram o Centro de Referência em Inovação. Além disso, observa-se que a demanda por serviços cresce em todo o mundo e também no Brasil, neste muito em função do crescimento da classe C. Isso acaba por gerar uma pressão no sentido de se aumentar a oferta de serviços e também de se manter um alto nível de qualidade. Alinhando-se a necessidade de se aumentar a oferta de serviços ao fato de serviços necessariamente envolver pessoas, tem-se a razão pela qual tornase um imperativo, segundo Pinhanez, aumentar a produtividade do setor de serviços. Isso porque, observa-se uma carência de profissionais capacitados e os custos de contratação são altos. Para tentar aumentar a produtividade e qualidade dos serviços de maneira sistemática, Pinhanez destaca que a IBM investe em inovações radicais em serviços. Para tanto aposta na ciência e engenharia de serviços. Basicamente estas duas áreas atuam no estudo, projeto e implementação de sistemas de serviços, os quais combinam pessoas e tecnologias em interface com o usuário na busca pela cocriação de valor. Assim, a partir de bancos de dados de registros, sejam de compras, relacionamentos, torna-se possível desenhar sistemas que aumentem a produtividade do setor de serviços. No primeiro painel Carlos Marinelli destacou que para o Grupo Fleury, uma inovação corresponde a uma nova ideia implementada com sucesso e que produz resultado. Neste sentido, nos últimos anos o Grupo Fleury implementou algumas ações no sentido de transformar o serviço de medicina diagnóstica, tendo como foco a experiência do cliente. A empresa se propôs a não mais entregar resultados de exame, mas sim soluções, procurando facilitar a vida de seus clientes e a produtividades dos médicos. Foram implementados os centros médicos integrados, os quais agregam em um mesmo local todos os exames necessários para o diagnóstico de um determinado distúrbio e que inclui em alguns casos até mesmo o processo de reabilitação. Outra ação implementada pelo Grupo Fleury foi a ambientação da prestação de serviço a partir da adaptação das unidades de atendimento ao seu públicoalvo. Assim foram ambientadas unidades para gestantes, para crianças, dentre outros, de modo a propiciar experiência diferenciada. uma Outras ações apresentadas, segundo Carlos Marinelli, foram os relatórios integrados de soluções diagnósticas, a avaliação global de casos complexos e as investigações complementares. Além disso, foi implementado o programa central de ideias que busca valorizar as ideias dos colaboradores, já foram mais de 633 ideias implementadas. No segundo painel Anderson Ramires expos que para a PwC inovar em serviços é ter processos muito bem definidos para capturar as melhores ideias no caos. Para isso a empresa precisa se organizar internamente em torno de políticas, processos, produtos, pessoas e parceiros para conseguir criar um ambiente propício para a geração de ideias. É preciso criar processos que fomentem a colaboração e transferência de conhecimento interno em nível global, é preciso trabalhar com parceiros para construir soluções integradas, dentre outras ações. Para a PwC um ambiente propício para a geração de ideias é um ambiente facilitador, no qual a censura e o pragmatismo são reduzidos. Além disso, o processo de geração de ideias deve ser focado na criação de valor para o cliente e na diferenciação dos serviços. Para tanto é necessário que haja um engajamento das pessoas e estas devem ser recompensadas de maneira personificada. Anderson Ramires destacou também que são utilizadas três ferramentas de ideação para alimentar o funil de inovação da empresa. A primeira é a Anytime innovation, a qual é uma indutora da inovação espontânea na empresa e por meio da qual todos os colaboradores podem propor novas ideias a qualquer momento. A segunda ferramenta utilizada são os Challenges, ou seja, um tipo de competição para a resolução de um problema específico. Já a terceira ferramenta é o radar, o qual auxilia a empresa a buscar tendências, identificar futuros problemas e quais clientes serão afetados por eles e também determinar quais as competências a empresa precisa desenvolver para atender esta nova demanda. Por fim, Ramires ressaltou que a empresa não possui longos ciclos de pesquisa e desenvolvimento, o prazo médio entre a geração de uma ideia e sua implementação é de 30 dias. Sendo que as ideias não utilizadas compõem um banco de ideias que em sua grande maioria representam futuras demandas de seus clientes. Com este evento encerramos mais um ciclo de muito trabalho do CRI. E já começamos a pensar no ciclo 2012-2013 que se inicia no dia 07 de agosto. Até lá!