1 Universidade de Brasília FERNANDA ROMANO DA SILVA E OLIVEIRA AFETIVIDADE e EDUCAÇÃO FÍSICA Análise do Desenvolvimento Motor de Crianças de 7 e 8 anos, da primeira série do ensino fundamental, estimuladas sob a luz da Afetividade São Paulo 2007 2 FERNANDA ROMANO DA SILVA E OLIVEIRA AFETIVIDADE e EDUCAÇÃO FÍSICA Análise do Desenvolvimento Motor de Crianças de 7 e 8 anos, da primeira série do ensino fundamental, estimuladas sob a luz da Afetividade Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar. Orientadora: Profª. Ms. Alda Gregório Piazza São Paulo 2007 3 OLIVEIRA, Fernanda Romano da Silva e Afetividade e educação física: Análise do Desenvolvimento Motor de Crianças de 7 e 8 anos, da primeira série do ensino fundamental, estimuladas sob a luz da Afetividade. São Paulo, 2007 51 p. Monografia (Especialização) – Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância, 2007. Palavras-chave 1. Esporte – Ação e formação. 2. Educação física – Metodologia de ensino. 3. Afetividade – Atitudes e valores. 4. Desenvolvimento Motor. 5. Ética da responsabilidade. 6. Psicologia do esporte. 7. Wallon, Henri 4 FERNANDA ROMANO DA SILVA E OLIVEIRA AFETIVIDADE e EDUCAÇÃO FÍSICA Análise do Desenvolvimento Motor de Crianças de 7 e 8 anos, da primeira série do ensino fundamental, estimuladas sob a luz da Afetividade Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar. Orientadora: Profª. Ms. Alda Gregório Piazza Presidente Professora Mestre ALDA GREGÓRIO PIAZZA Universidade de Brasília Membro Professor Mestre Tony Honorato Universidade Estadual de Londrina São Paulo(SP), agosto de 2007 5 Dedico : Ao Deus e à Deusa sob todas as suas formas, Aos meus pais que sempre me apoiaram em tudo, A todos os professores desde minha graduação, que serviram de inspiração e fonte de sabedoria para minha formação, Ao grande amor da minha vida, Edu, por estar comigo sempre. 6 AGRADECIMENTOS A Deus, acima de tudo, por colocar no meu caminho mais um desafio e por estar ao meu lado sempre, Ao Ministério do Esporte pela oportunidade de participar deste curso de Especialização, À Universidade Federal de Brasília por proporcionar o curso, e participar da minha formação profissional, A todos os tutores da Universidade Federal de Brasília, por sempre estarem dispostos e prontos para me auxiliar, e sanar minhas inquietações e dúvidas, À Prof. Ms. Alda Gregório Piazza, por aceitar me orientar, e desde então, me auxiliar prontamente sempre que precisei, À Prof. Dra. Ana Martha Limongelli, por me auxiliar em acessar trabalhos já publicados, para confeccionar este estudo, Ao Prof. Alexandre Luis Gonçalves de Rezende, por me auxiliar com toda a parte de análise estatística deste trabalho, À direção e coordenação Pedagógica da EMEF(Escola Municipal de Ensino Fundamental) e ao Núcleo de Esportes, ambos do CEU Meninos, por permitir que eu ministrasse as aulas e realizasse as avaliações, A todos os alunos inscritos no Programa que participaram das minhas aulas, servindo assim de material de análise para a confecção do presente estudo, bem como seus pais, que confiaram no meu trabalho e deixaram os filhos aos meus cuidados naqueles momentos, À minha cunhada, Thais, que colaborou me emprestando referências bibliográficas pois em sua graduação pesquisou o mesmo tema, Aos meus pais e irmão, por simplesmente me apoiarem em mais essa conquista, Ao grande amor da minha vida, Eduardo, por estar do meu lado em todos os momentos, e por entender minhas necessidades e compreender minhas aflições durante a realização deste estudo. Muito Obrigada! 7 ” é preciso mais do que um conhecimento metódico da técnica de dar aulas para formar um educador, seja em sala de aula, seja em pátio de educação física. Uma relação educativa pressupõe um conhecimento dos sentimentos próprios e alheios." João Batista Freira, 1989 8 RESUMO Dentro da escola, é comum se observar valorização do aspecto cognitivo, em detrimento dos demais aspectos ( motor e afetivo-social ). Esse fato muitas vezes prejudica a formação do aluno. Na mesma linha, constata-se que muitos profissionais de Educação Física restringem a sua contribuição no processo educacional apenas ao aspecto motor. O presente estudo objetiva questionar a falta de valorização da afetividade na integração com os domínios motor e cognitivo da prática pedagógica atual. Segundo Henri Wallon , referencial teórico deste trabalho, a pessoa não deve ser fragmentada e separada em domínios independentes, como o motor, o afetivo, e o cognitivo, mas sim, ser compreendida como um conjunto dessas dimensões que estão vinculadas entre si, e suas interações em constante movimento. Contribuindo para a construção de uma proposta pedagógica dentro da escola, que vise a formação integral do aluno, e a inclusão da afetividade como dimensão igualmente importante em relação às demais, este trabalho focou-se na seguinte problemática: quais os ganhos em termos de desenvolvimento, para um aluno que é estimulado somente no aspecto motor, em comparação com o aluno que é estimulado no aspecto motor e afetivo em aulas de educação física, em um programa pós-aula, numa sala de primeira série do ensino fundamental? Os resultados obtidos através da observação dos movimentos realizados pelos alunos, comparados a padrão de movimento maduro, indicam que o aluno que é estimulado motora e afetivamente, apresenta melhor padrão de movimento do que aquele que é estimulado unicamente no aspecto motor. Nesse sentido, a presente pesquisa mostra que o aluno é um ser integral, e se desenvolve de maneira muito satisfatória quando é estimulado como tal. E propõe que as escolas de formação de professores considerem esse tema como fundamental na elaboração atual de uma prática pedagógica . Palavras-chave 1. Esporte – Ação e formação. 2. Educação física – Metodologia de ensino. 3. Afetividade – Atitudes e valores. 4. Desenvolvimento Motor. 5. Ética da responsabilidade. 6. Wallon, Henri 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Freqüência de respostas por Grupo observado na habilidade Domínio do corpo...........................................................................................p. 41 Tabela 2 - Freqüência de respostas por Grupo observado na habilidade Manipulação de Bola.....................................................................................p. 42 Tabela 3 - Freqüência de respostas por Grupo observado na habilidade Drible.............................................................................................................p. 42 10 SUMÁRIO I – Introdução....................................................................................................12 II – Afetividade e educação física 2.1 Afetividade.................................................................................... 14 2.1.1 Conceituação ...................................................................... 14 2.1.1.1Emoção e Sentimento .............................................. 16 2.1.2 Classificação ........................................................................ 19 2.1.3Manifestações........................................................................ 20 2.1.4 Henri Wallon ....................................................................... 20 2.1.4.1Teoria de Wallon – Leis e Estágios ........................... 23 2.2 A Educação.................................................................................... 27 2.2.1 O papel da escola ................................................................ 27 2.2.2 Afetividade e o processo ensino-aprendizagem .................. 28 2.2.3 A relação Professor-aluno ................................................... 29 2.2.3.1 Como o professor pode manifestar afetividade ...... 31 2.3 Educação Física ........................................................................... 33 2.3.1 O movimento humano ..........................................................33 2.3.2 Afetividade e Educação Física Escolar.................................35 III – A Pesquisa ............................................................................................... 36 3.1 “Projeto São Paulo é uma escola “ ............................................... 36 3.2 Planejamento das aulas que foram ministradas ........................... 37 3.2.1 A afetividade aplicada à pesquisa ........................................ 40 3.3 Metodologia .................................................................................. 40 3.3.1 Amostra ................................................................................ 40 3.3.2 Técnica de coleta de dados ..................................................41 3.3.2.1 Procedimentos para a Avaliação ............................. 42 3.3.3 Análise Estatística ............. .................................................. 43 IV – Resultados .............................................................................................. 44 4.1 Habilidade Domínio do Corpo ...... ................................................ 44 4.2 Habilidade Manipulação de Bola ...................... ............................ 44 11 4.3 Habilidade Drible........................................................................... 45 IV – Discussão ................................................................................................ 46 VI – Conclusão................................................................................................. 48 VII – Referências Bibliográficas....................................................................... 49 VIII –Anexo..................................................................................................... 52 7.1 – Formulário Individual para anotar o resultado das Avaliações 12 I - INTRODUÇÃO A escola desempenha papel fundamental na formação pessoal do ser humano, pois em conjunto com a família, é onde a criança encontra base para sua estruturação como ser integral, e sua colocação como cidadão atuante em toda sociedade. “A escola configura um espaço de grande relevância social, pois contém um significativo potencial de contribuição na formação e transformação do indivíduo, e da sociedade, pois estes se constituem mutuamente.” (OLIVEIRA, 2005, p.12). Os questionamentos que me levaram à realização deste estudo vêem de quando fui designada para assumir as aulas, ter me deparado com um grupo de crianças com a agitação própria da idade, e o fato de virem de um bairro carente da periferia cada qual com ações e manifestações de agressividade e impulsividade peculiares, que me intrigaram e me fizeram buscar compreender o universo subjetivo de cada um. Segundo a teoria de Henri Wallon, autor que norteia o presente trabalho, e que considera a afetividade no contexto escolar, a formação da pessoa deve ser de forma integral e completa. As dimensões cognitiva, motora e afetiva são afetadas por si, entre si, e trabalhar uma, ou outra, em detrimento das demais, é limitar o desenvolvimento da criança. Nessa mesma linha veio a Educação Física, quando, na década de 80, repensando seus objetivos, também chamou atenção para esses aspectos, abrindo assim, espaço para o crescimento do olhar sobre as emoções e sentimentos. A partir desta concepção, estrutura-se o problema desta pesquisa: um programa de educação física que inclua a afetividade em sua metodologia proporciona um melhor desempenho motor para crianças da primeira série do ensino fundamental? Assim, os objetivos deste trabalho são: O objetivo geral: Analisar relações que envolvem a afetividade no cotidiano escolar, nas interações professor(a)–alunos(as), em termos da 13 construção de vínculos afetivos e de como estes podem afetar o processo de ensino e aprendizagem. Objetivos Específicos: - Verificar a possibilidade de um trabalho que estimule o domínio motor, em concomitância com o domínio afetivo, - Questionar o tipo de trabalho que atualmente é feito dentro da disciplina Educação Física, - Demonstrar a importância do conhecimento da afetividade para os professores de Educação Física, e para o processo ensino-aprendizagem, - Contribuir para a elaboração de propostas e práticas pedagógicas que considerem a dimensão afetiva, na sua integração com as dimensões cognitiva e motora. A proposta em questão procurou comparar duas salas de primeira série do ensino fundamental, num programa de educação física pós-turno, na Prefeitura de São Paulo, sendo que em uma delas, o trabalho foi baseado na afetividade, e na outra, não. A análise dos dados baseou-se nos princípios e conceitos da teoria de Henri Wallon. 14 II – AFETIVIDADE E EDUCAÇÃO FÍSICA 2.1 – Afetividade 2.1.1 – Conceituação Krueger, 2003, citando o dicionário Aurélio, define afetividade como conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor, ou prazer, satisfação ou insatisfação, agrado ou desagrado, alegria ou tristeza. Os estados afetivos fundamentais são: emoção, sentimento, inclinação e paixão. Para Tassoni, 2000, a afetividade e os fenômenos afetivos representam a maneira como os acontecimentos repercutem na natureza sensível do ser humano, produzindo nele um elenco de reações matizadas que definem seu modo de ser no mundo. Oliveira, 2005, relatando uma entrevista realizada para a elaboração de seu trabalho, chegou a uma definição mais básica: “... Afetividade é tudo que afeta a pessoa, o ser humano, deixando-o com sentimento bom ou sentimento ruim...” 1 Almeida (2001) define afetividade como um domínio funcional, cujo desenvolvimento é dependente da ação de dois fatores: o orgânico e o social. Entre esses dois fatores existe uma relação estreita, de modo que as condições medíocres de um podem ser superadas pelas condições mais favoráveis do outro. Ao longo do desenvolvimento do indivíduo o fator social e orgânico em suas interações recíprocas, modificam tanto as fontes de onde procedem as manifestações afetivas, quanto as suas formas de expressão. A afetividade que inicialmente é determinada basicamente pelo fator orgânico, passa a ser fortemente influenciada pela ação do meio social, como Wallon mostra em sua 1 Oliveira. G. K, 2005 Afetividade e a Prática pedagógica – tese de mestrado onde a autora evidencia a afetividade na relação professor-aluno, através de entrevistas realizadas com estagiários do curso de Educação Física que atuaram com crianças de primeira série do ensino fundamental. 15 teoria quando defende sua evolução progressiva, cujas manifestações vão se distanciando da base orgânica, tornando-se cada vez mais relacionadas ao social. Para Schwartz(1999), citando Duarte Junior (1982), o conhecimento do mundo se dá através de um processo dinâmico entre o sentir e o simbolizar. A criação, emoção, o uso do imaginário, a interação social, a expressão de conteúdos da personalidade, a quebra de padrões do cotidiano, a intuição, a receptividade maior, a sensibilidade, o humor, a capacidade de reação mais espontânea, a autoconfiança pela aceitação mais fácil entre outros fatores podem facilitar a apreensão da cultura, sentido da incorporação de novos significados. Assim, a afetividade pode ser definida como uma dimensão da constituição da pessoa que, em conjunto com a motricidade, a cognição, e o meio que essa pessoa vive, define possibilidades e limites de desenvolvimento. É, como afirma Schwartz (1999) , a maneira mais primária de aprender sobre o mundo e interagir com ele, pois tanto os estados afetivos quanto as percepções são anteriores à simbolização do pensamento, isto é, o sentir, compreendendo os aspectos perceptivos e emocionais, e vem antes do pensar. Na mesma linha, Molinari (2003) afirma que as primeiras reações afetivas da criança envolvem a satisfação de suas necessidades e o equilíbrio fisiológico. Oliveira (2002) afirma que o desenvolvimento cognitivo compreende uma interiorização progressiva de formas lógicas, que se manifestam, primeiramente através da ação motora e posteriormente através de uma total representação simbólica. Para Almeida (2001) a afetividade é um campo amplo, que abrange o sentimentos (origem psicológica) e a emoção (origem biológica), que são manifestações primárias, de tonalidade basicamente orgânica. Seguiremos definindo alguns desses aspectos, que são pertinentes a esta pesquisa. 16 2.1.1.1 Emoção e Sentimento A percepção emocional e a capacidade de lidar com sentimentos determinam o sucesso e a felicidade da pessoa em todos os setores da vida, inclusive o das relações familiares. (Gottman, 1997). Para Almeida (2001) a emoção é uma forma de exteriorização da afetividade, revelando o elo entre o indivíduo e os demais, e o indivíduo e o meio. Wallon (1968) citado por Tassoni (2000) define as emoções como estados subjetivos, mas com componentes orgânicos, destacando que se originam na função de tônus muscular, podendo ser hipotônicas, como o susto, e a depressão, ou hipertônicas, como cólera, e ansiedade. Assim, podemos considerar que as emoções estão intimamente ligadas ao domínio motor humano. Goleman (1996) todas as emoções são impulsos para agir, planos instantâneos para lidar com a vida que a evolução nos infundiu. A própria raiz da palavra emoção é movere, “mover” em latim, mais o prefixo “e-“, para denotar “afastar-se”, indicando que uma tendência a agir está implícita em toda emoção. Que as emoções levam a ações, é mais óbvio observando-se animais ou crianças; só nos adultos “civilizados” encontramos tantas vezes a grande anomalia no reino animal: emoções – impulsos arraigados para agir – divorciadas de uma reação óbvia. Nosso repertório emocional é composto emoções primárias, e inúmeras derivadas delas, a saber: Æ Ira, que deriva em revolta, fúria, ressentimento, raiva, exasperação, indignação, vexame, aborrecimento, irritabilidade, hostilidade, e no extremo, patológicamente, ódio e violência. Æ Tristeza, derivada em sofrimento, mágoa, desânimo, desalento, melancolia, autopiedade, solidão, desamparo, desespero, e quando chega a virar patologia, severa depressão. 17 Æ Medo: ansiedade, apreensão, nervosismo, preocupação, cautela, pavor, susto, terror, e como patologia, fobia e pânico. Æ Prazer: felicidade, alegria, alívio, contentamento, deleite, diversão, orgulho, gratificação, bom humor, satisfação, euforia, êxtase, e no extremo, mania. Æ Amor: aceitação, amizade, confiança, afinidade, dedicação, adoração, paixão. Æ Surpresa: choque, espanto, pasmo, maravilha. Æ Nojo: desprezo, desdém, antipatia, aversão, repugnância, repulsa. Æ Vergonha: culpa, vexame, mágoa, remorso, humilhação, arrependimento. Todas essas emoções podem se combinar, e existir simultaneamente, porém cada uma delas, provoca uma resposta fisiológica muito diferente: Æ Com ira, o sangue flui para as mãos, tornando mais fácil pegar uma arma, ou golpear um inimigo; os batimentos cardíacos aceleram-se, e uma onda de hormônios como adrenalina gera uma pulsação, energia suficientemente forte para uma ação vigorosa. Æ Com medo, o sangue vai para os músculos do esqueleto, como os das pernas, tornando mais fácil fugir – e faz o rosto ficar lívido, uma vez que o sangue é desviado dele. Ao mesmo tempo, o corpo imobiliza-se, ainda que por um momento, talvez dando tempo para avaliar se se esconder não seria a melhor reação. Circuitos nos centros emocionais do cérebro disparam a torrente de hormônios que põe o corpo em alerta geral, tornando-o inquieto e pronto para agir, e a atenção se fica na ameaça imediata, para melhor calcular a resposta a dar. Æ Entre as principais mudanças biológicas da felicidade, está uma maior atividade no centro cerebral que inibe os sentimentos negativos e favorece o 18 aumento da energia existente, e silencia aqueles que geram pensamentos de preocupação. Mas não ocorre nenhuma mudança particular na fisiologia, a não ser uma tranqüilidade, que faz o corpo recuperar-se mais depressa do estímulo de emoções perturbadoras. Æ Amor, sentimentos afetuosos e satisfação sexual implicam estimulação parassimpática – o oposto fisiológico da mobilização para “lutar ou fugir” partilhadas pelo medo e ira. O padrão parassimpático, chamado de “resposta de relaxamento”, é um conjunto de reações em todo o corpo que gera um estado geral de calma e satisfação, facilitando a cooperação. Æ O erguer as sobrancelhas na surpresa permite a adoção de uma varredura visual mais ampla, e também, maior quantidade de luz a atingir a retina. Isso oferece mais informação sobre o fato inesperado, tornando mais fácil perceber exatamente o que está acontecendo e conceber o melhor plano de ação. Æ Em todo o mundo, a expressão de nojo e repugnância parece a mesma, e envia idêntica mensagem: alguma coisa desagrada o gosto ou ao olfato, real ou metaforicamente. A expressão facial de nojo, o lábio superior se retorce para o lado, e o nariz enruga ligeiramente – sugere uma tentativa primordial, como observou Darwin, de tapar as narinas contra um odor nocivo, ou cuspir fora uma comida estragada. Æ Uma das principais funções da tristeza é ajudar a ajustar-se a uma perda significativa, como a morte de alguém, ou uma decepção importante. A tristeza traz uma queda de energia e entusiasmo pelas atividades da vida, em particular diversões e prazeres, e quando se aprofunda, e se aproxima da depressão, reduz a velocidade metabólica do corpo. Esse retraimento introspectivo cria oportunidade para lamentar uma perda ou uma esperança frustrada, captar suas conseqüências para a vida e, quando a energia retorna, planejar novos começos. No decorrer do desenvolvimento, seja em virtude das condições maturacionais, seja em virtude das características sociais de cada idade, a 19 criança estabeleci diferentes níveis de relações sociais e estas interferem na construção do campo afetivo. No bojo dessas relações vão sendo despertados os sentimentos, manifestações afetivas que parecem estar diretamente ligadas com o outro indivíduo. Segundo Saud (2005) os sentimentos provocam reações diferentes das emoções, a transformação da emoção em sentimento ocorre somente após o surgimento de elementos simbólicos como a linguagem. Os sentimentos são mais duradouros e menos intensos, e trazem em si componentes psíquicos. Sinteticamente, Oliveira (2005) descrevendo uma de suas entrevistas, diferencia emoção de sentimento como: “... Emoção é tudo aquilo que se põe para fora. São expressões. Como chorar, por exemplo. E sentimento é o que se sente por dentro, na sua cabeça... A emoção não dá pra esconder, ela aprece no corpo...”. Com isso, explica-se que a afetividade implica num conceito amplo que abrange manifestações de domínio psicológico (sentimentos) e biológico (emoções). 2.1.2 – Classificação Segundo Ruiz, 2005, em psicologia, os afetos costumam ser classificados em positivos e negativos. A afetividade Positiva se refere ao tipo de emoções positivas tanto de alta energia (entusiasmo e excitação) como de baixa energia (calma e tranqüilidade), como por exemplo, o prazer e a alegria. A afetividade Negativa se refere a emoções negativas, como a ansiedade, raiva, culpa e tristeza. 20 2.1.3 - Manifestações A afetividade se utiliza de linguagem simbólica para se manifestar. Seja através de linguagem verbal, de expressões corporais, o que Tassoni (2000) definiu como comportamentos verbais e comportamentos posturais. A forma mais fácil de se observar a existência da afetividade é através da verbalização (comportamentos verbais), que aparece por elogios, críticas, palavras de incentivo, de desânimo, cobrança e outros. Os comportamentos posturais, em alguns momentos são implícitos e em alguns momentos, são exteriorizados. Os comportamentos implícitos aparecem pelas expressões faciais (entortar os lábios, levantar as sobrancelhas, sorrir ou outras contrações faciais) e expressões corporais (cruzar os braços, aproximarse da pessoa, bater palmas, contato físico, como abraço, beijo, tapa, empurrão e outros). Em crianças, gestos posturais são mais usados para expressar a afetividade do que a verbalização, pois são a mais primária forma de comunicação, precisando de um desenvolvimento, e uma maturação de elementos cognitivos para criar um vínculo entre o que se sente, e como expressá-lo simbolicamente pelo uso das palavras. Para Tassoni, 2000, as formas de expressão que utilizam exclusivamente o corpo, como o toque os olhares e as modulações de voz, vão ganhando maior complexidade, respeito e reciprocidade, por exemplo, são manifestações afetivas que passam por um cunho cognitivo. 2.1.4 - Henri Wallon A escolha deste autor para nortear minha pesquisa se deu ao fato de em seus trabalhos, Henri Wallon pregar a importância da criança ser vista, tratada e trabalhada como um ser integral, principalmente no ambiente escolar, pregar a interação do indivíduo com o meio como fato importante do processo de maturação e desenvolvimento e suas preocupações com as questões educacionais. Quando se fala de afetividade e emoções dentro da "corrente" histórico-cultural, é imprescindível falar de Wallon. 21 Segundo Monteiro, 2006, Henri Wallon nasceu em Paris, França, em 1879 e faleceu em 1962. Médico, psicólogo, filósofo foi, ao longo de sua vida, se voltando cada vez mais para a educação. De 1920 a 1937, é o encarregado de conferências sobre a psicologia da criança na Sorbonne e outras instituições de ensino superior. Em 1925, funda um laboratório destinado à pesquisa e ao atendimento de crianças ditas deficientes e publica sua tese de doutorado com o tema “A Criança Turbulenta’, iniciando período de intensa produção com todos os livros voltados para a psicologia da criança. O último livro” Origens do pensamento na criança foi publicado em 1945. Crises sociais e instabilidades políticas foram fundamentais na construção da teoria pedagógica de Wallon. As duas grandes guerras mundiais, o avanço dos regimes fascista e nazista na Europa, a revolução socialista na Rússia e as guerras pela libertação das colônias africanas, na primeira metade do século XX, serviram de estímulo para que ele organizasse suas idéias. A valorização da afetividade (emoções) como elemento essencial no desenvolvimento da pessoa trouxe um novo alento à Filosofia da Educação. Em 1931 viaja para Moscou e é convidado para integrar o Círculo da Rússia Nova, grupo formado por intelectuais que se reuniam com o objetivo de aprofundar o estudo do materialismo dialético, enquanto corrente filosófica, e de examinar as possibilidades oferecidas por este referencial aos vários campos da ciência. Em 1942, filiou-se ao Partido Comunista, do qual já era simpatizante. Manteve ligação com o partido até o final da vida. Isso explica, em parte, a visão marxista que deu à sua obra e por que aderiu, no período anterior à Primeira Guerra, aos movimentos de esquerda e ao Partido Socialista. "Ditadura e educação", dizia ele, "são inimigos eternos." Em 1948 cria a revista “Enfance”. Neste periódico, que ainda hoje tenta seguir a linha editorial inicial, as publicações servem como instrumento de pesquisa para os pesquisadores em psicologia e fonte de informação para os educadores. Ao longo de toda a vida, dedicou-se a conhecer a infância e os caminhos da inteligência nas crianças. Participou ativamente das propostas de reforma do sistema educacional francês, notadamente, na coordenação do projeto 22 Reforma do Ensino, conhecido como Langevin-Wallon 2 que consiste num conjunto de propostas equivalente à nossa Lei de Diretrizes e Bases. Pode-se caracterizar sua abordagem como decorrente de uma visão epistemológica, psicogenética, biossocial, genética, marxista e dialética. A gênese da inteligência para Wallon é genética e organicamente social, ou seja, "o ser humano é organicamente social e sua estrutura orgânica supõe a intervenção da cultura para se atualizar" (Dantas, 1990). Nesse sentido, a teoria do desenvolvimento cognitivo de Wallon é considerada como centrada na psicogênese da pessoa completa, ou seja, o estudo integrado do desenvolvimento. Considera que não é possível selecionar um único aspecto do ser humano e vê o desenvolvimento nos vários campos funcionais nos quais se distribui a atividade infantil (afetivo, motor e cognitivo) Mahoney et al (2004). Krueger (2003) relata que Wallon coloca a afetividade no lugar central da construção da pessoa. Para ele, a emoção ocupa papel de mediadora. O processo de desenvolvimento se realiza nas interações, que objetivam não só a satisfação das necessidades básicas, como também a construção de novas relações sociais, com o predomínio das emoções sobre as demais atividades Admite o organismo como condição primeira do pensamento, pois toda a função psíquica supõe um componente orgânico. No entanto, considera que não é condição suficiente, pois o objeto de ação mental vem do ambiente no qual o sujeito está inserido, ou seja, de fora. Considera que o homem é determinado fisiológica e socialmente, sujeito às disposições internas e às situações exteriores. Dito de outra forma, para ele o estudo do desenvolvimento humano deve considerar o sujeito como “geneticamente social” e estudar a criança contextualizada, nas relações com o meio. Wallon recorreu a outros campos de conhecimento para aprofundar a explicação dos fatores de desenvolvimento (neurologia, psicopatologia, antropologia, psicologia animal). Para Wallon, a cada momento da vida fatores orgânicos e sociais interagem no sentido de definir possibilidades e limites de desenvolvimento, o 2 Projeto Langevin-Wallon – Um projeto de reformar do Sistema de ensino francês, após a Segunda Guerra Mundial, para construir uma educação mais justa para uma sociedade mais justa 23 que possibilita afirmar que “A existência individual, como estrutura orgânica e fisiológica, está enquadrada na existência social de sua época”. Henri Wallon reconstruiu o seu modelo de análise ao pensar no desenvolvimento humano, estudando-o a partir do desenvolvimento psíquico da criança. Assim, o desenvolvimento da criança aparece descontínuo, marcado por contradições e conflitos, resultado da maturação e das condições ambientais, provocando alterações qualitativas no seu comportamento em geral. Wallon realiza um estudo que é centrado na criança contextualizada, onde o ritmo no qual se sucedem às etapas do desenvolvimento é descontínuo, marcado por rupturas, retrocessos e reviravoltas, provocando em cada etapa profundas mudanças nas anteriores. O método adotado por Wallon é o da observação pura. Considera que esta metodologia permite conhecer a criança em seu contexto, isto é as atitudes da criança só podem ser entendidas na trama do ambiente no qual se encontra inserida. 2.1.4.1 – Teoria de Wallon – Leis e Estágios Segundo Wallon (1969), a criança dispõe, ao nascer, de expressividade que garante que suas demandas, solicitações, sejam atendidas por outro membro da espécie. Mais ainda, o meio humano serviria de intermediário até para as relações diretas indivíduo-meio físico. Isso ocorre porque a emoção que a criança dispõe ao nascer garante o surgimento de reações sensomotrizes que irão constituir novas condições de desenvolvimento, capazes de introduzir o indivíduo no ambiente físico e, posteriormente, no das representações, garantindo-lhe o acesso ao meio simbólico, cultural. Graças a contágio da expressão emocional, num processo caracterizado como de simbiose, de mimetismo afetivo, o recém-nascido disporia do meio humano como seu primeiro meio de desenvolvimento, não apenas para lhe dar condições de sobrevivência física, mas de desenvolvimento da capacidade mental e da gradativa diferenciação Eu/Outro. (Wallon, 1968). A idéia walloniana é o que o ambiente e a criança influenciam-se reciprocamente e que cada criança estabelece um sistema próprio de relação 24 com o meio, a cada momento. Isto pode ser observado nas atividades em que ela se envolve, na forma como interage com os demais, no tempo que dedica a cada atividade, no significado que atribui a aspectos da situação, nos locais e objetos que seleciona para brincar. Cada meio ambiente estabelece determinadas condições (meios) de desenvolvimento para a criança e esta vai selecionar, dentre os elementos nele disponíveis, aqueles que seriam condições para a realização de seus objetivos. (Wallon, 1973). Percebida como marxista significa simplesmente que a natureza é anterior ao pensamento, que a existência antecede o conhecimento tanto na história das espécies vivas como na gênese da criança. A dialética em pauta não é a das palavras mas sim a da realidade: é uma disciplina da razão para apreender a realidade em seus eventuais conflitos e contradições. Um exemplo seria o estudo das relações entre o biológico e o psíquico. Assim, o psiquismo (a consciência) é inexplicável sem seus determinismos que são de duas ordens: fisiológica e social. É, por conseguinte, indispensável conhecer os determinantes de toda a conduta, sem todavia reduzir esta conduta a alguns determinantes, sejam eles fisiológicos ou sociais. É também preciso estudar a conduta, o fato psíquico em si mesmo, por si mesmo. Em suma: uma existência não se reduz as suas condições de existência. Assim, para cada problema, para cada pesquisa, será preciso imaginar concretamente um dispositivo de observação ou de experimentação. Na perspectiva de Wallon (1975), a inteligência está sempre a serviço da pessoa. As etapas da inteligência são pensadas como instrumentos do EU e não como um fim em si mesmas. Suas diferentes estruturas constituem recursos adicionais postos a serviço de um EU ampliado e flexibilizado (Galvão, 1995). A criança no início do desenvolvimento não está empenhada na "construção do real" mas sim em constituir-se a si mesma, em explorar o corpo, em verificar os próprios limites físicos para só depois se entregar à exploração sistemática do mundo externo. O desenvolvimento da pessoa para Wallon não começa cognitivamente. Em quase todo o primeiro ano de vida a atividade da criança está voltada para a sensibilidade interna, a princípio visceral e depois afetiva. O período emocional corresponde ao predomínio da motricidade expressiva que a manifesta. Ante de modificar o ambiente físico, o movimento 25 atua sobre o meio humano em forma de comunicação. O primeiro instrumento usado pela criança é o adulto e, neste sentido, ela é um ser social (Dantas 1990). Assim, Wallon baseia sua teoria segundo o direcionamento de três leis: Æ Lei da Alternância Funcional - que postula que o desenvolvimento da criança se dá em estágios, e que esses estágios se alternam quanto a direção que tomam. podendo ser a direção interna (conhecimento de si) ou externa (conhecimento do mundo exterior). Æ Lei da Predominância Funcional – que postula que em cada estágio, um domínio fica mais evidente, seja ele motor, cognitivo, ou afetivo, porém, todos se nutrem mutuamente e o exercício e o amadurecimento de um interfere no amadurecimento dos outros. Æ Lei da integração Funcional – que postula a relação entre os estágios como uma relação hierarquizada, primeiro aparecem os mais simples, para depois, à partir destes, surgirem os mais complexos, conforme possibilidade do sistema nervoso e do meio ambiente. À partir dessas leis, estrutura-se a seqüência de fases de desenvolvimento, que não buscam uma inflexível fixação nas idades sugeridas, mas sim, uma caracterização de similaridades desenvolvidas na relação sujeito com o meio em suas condições sócio-culturais que possibilitam aflorar funções e instrumentos de interação indivíduo-meio (Monteiro, 2006). A seqüência, como descrita por Ruiz (2005) é: Æ Estágio Impulsivo-emocional – que abrange o primeiro ano de vida – O atributo particular é dado pela emoção, instrumento privilegiado e interação da criança com o meio. A predominância da afetividade orienta as primeiras reações do bebê às pessoas que intermedeiam sua relação com o mundo físico. 26 Æ Estágio Sensório-motor e projetivo – vai do primeiro ano de vida até o terceiro – O interesse da criança se volta para a exploração sensório-motora do mundo físico. O pensamento precisa do auxílio de gestos para se exteriorizar, o ato mental “projeta-se” em atos motores. Ao contrário do estágio anterior, neste, predominam as relações cognitivas com o meio. Æ Estágio do Personalismo – dos três aos seis anos de idade – A tarefa central é o processo de formação da personalidade. A construção da consciência de si, que se dá por meio de interações sociais, reorienta o interesse da criança para as pessoas, definindo o retorno da predominância das relações afetivas. Æ Estágio Categorial – iniciado por volta dos seis anos, até por volta dos onze anos, quando se inicia a puberdade – Os progressos intelectuais dirigem a atenção da criança para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior, imprimindo preponderância do aspecto cognitivo às suas relações com o meio. Æ Estágio da Puberdade e Adolescência – dos onze anos em diante – Ocorre a necessidade de uma nova definição de contornos da personalidade, desestruturados devido às modificações resultantes das alterações hormonais, trazendo à tona questões pessoais, morais, e existenciais, numa retomada da predominância da afetividade. Wallon manteve interlocução com as teorias de Piaget e Freud. Da teoria de Piaget destacava as contradições e dessemelhanças entre as suas teorias, pois considerava esse o melhor procedimento quando se busca o conhecimento. Por parte de Piaget existia uma constante disposição em buscar a continuidade e complementaridade de suas obras. Os dois se propunham à análise genética dos processos psíquicos, no entanto, Wallon pretendia a gênese da pessoa e Piaget a gênese da inteligência. Com a psicanálise de Freud mantém uma atitude de interesse e ao mesmo tempo de reserva. Com formação similar (neurologia e medicina) à de Freud, atuou, contudo de maneira diversa. Freud abandonou a neurologia para dedicar-se a 27 terapia das neuroses e Wallon manteve-se ligado a esta devido ao seu trabalho com crianças com distúrbios de comportamento. Segundo estudiosos de sua obra, Wallon, deixou-nos uma nova concepção da motricidade, da emotividade, da inteligência humana e, sobretudo, uma maneira original de pensar a Psicologia infantil e reformular os seus problemas enquanto Psicogênese da Pessoa Completa 2.2 – A Educação Como afirma Oliveira (2005) : “Diante das evidências apresentadas sobre a importância da afetividade no desenvolvimento humano, e da influência mútua dos conjuntos funcionais afetivo, cognitivo e motor, integrados pelo conjunto funcional pessoa, é fundamental que também se conceda atenção tanto nos estudos quanto no processo educacional, às possibilidades de contribuição da escola para o desenvolvimento d afetividade integrada aos domínios cognitivo e motor”. 2.2.1 – O papel da Escola A escola, por ser o primeiro agente socializador fora do círculo familiar da criança, torna-se a base da aprendizagem, se oferecer todas as condições necessárias para que ela se sinta protegida e segura. (Krueger, 2003). Para Scarpato (2006) a escola tem papel fundamental na formação do indivíduo, porque diferentes situações são vividas, as relações interpessoais são construídas e novas aprendizagens podem surgir devido à cumplicidade afetiva estabelecida entre o professor, o aluno e o grupo da classe, o que estimulará o processo de aprendizagem. Tudo servirá como base para o desenvolvimento dos educandos. Pela teoria walloniana, o aluno é concebido como uma pessoa integral, na qual os aspectos cognitivo, afetivo e motor apresentam-se interligados, uma vez que o desenvolvimento harmônico desses aspectos é o ideal. É preciso considerar que as experiências vividas na escola têm uma grande 28 influência no desenvolvimento afetivo, motor, cognitivo e também social da criança. Perceber a existência da relação entre afeto, cognição, movimento e meio social no desenvolvimento humano é importante, a fim de promover o desenvolvimento harmonioso de todos na ação pedagógica. Goleman(1996) ainda aumenta a responsabilidade da escola na formação do aluno quando afirma que como a vida em família não mais proporciona a um crescente número de crianças uma base segura na vida, restam as escolas como único lugar para as quais as comunidades podem recorrer em busca de corretivos para as deficiências da garotada em competência emocional e social, e como quase toda criança vai à escola (pelo menos no início), ela oferece um lugar para chegar às crianças com lições básicas para viver que talvez elas não recebam nunca em outra parte. Segundo Mauss, 1974, citado em Esporte e Sociedade (2004), as técnicas corporais desenvolvidas na escola visão das maior segurança para as crianças, inibindo seus medos, ensinando-lhes a domar os reflexos perigosos. Assim, podemos afirmar que e Escola tem um papel fundamental na constituição do aluno, e nela devem ocorrer experiências que estimulem todos os conjuntos funcionais (domínios) que formam a pessoa. Como afirma Tassoni (2000) as experiências vividas em sala de aula ocorrem, inicialmente, entre os indivíduos envolvidos, no plano externo (interpessoal). Através da mediação, elas vão se internalizando (intrapessoal), ganham autonomia e passam a fazer parte da história individual. 2.2.2 – Afetividade e o Processo ensino-aprendizagem Segundo Oliveira (2002) aprendizagem são mudanças na apresentação do comportamento, advindas do fato de a criança estar preparada (madura), e de viver experiências (prática) relacionadas à habilidade a ser aprendida. As experiências são vitais para a aprendizagem, pois é através delas que chegamos a novas respostas, através da associação e a um melhor desenvolvimento individual. Para Magill (1988) citado por Tani (1989) aprendizagem são mudanças internas, mais ou menos permanentes que resultam da prática. 29 Segundo Wallon, como descrito por Oliveira (2005) a aprendizagem e o conseqüente desenvolvimento é composto e impulsionado por oposições, conflitos e crises. As relações humanas forma a essência do sentido dado àquilo que se quer aprender. Um objeto só ganha significado quando passa por seu uso social, portanto é à partir do processo de interação com o meio social e através da mediação feita com o outro, que se dá a apropriação dos objetos culturais. Tassoni (2000) discorre: “... são experiências vivenciadas com outras pessoas que irão marcar e conferir aos objetos um sentido afetivo, determinando, dessa forma a qualidade do objeto internalizado. Neste sentido, pode-se supor que, no processo de internalização estão envolvidos não só os aspectos cognitivos, mas também os afetivos”. Com isso podemos constatar a influência do aspecto afetivo no processo de aprendizagem, é portanto através do outro que o indivíduo adquire novas formas de pensar e agir e, dessa forma, apropria-se ou constrói novos conhecimentos. Toda aprendizagem está impregnada de afetividade, já que ocorre à partir das interações sociais, num processo vincular. A relação ensinar-aprender transcorre à partir de vínculos entre as pessoas, e inicia-se no âmbito familiar, mais especificamente na relação paimãe-filho. No decorrer do desenvolvimento, os vínculos afetivos vão se ampliando e a figura do professor surge com grande importância neste processo, como veremos mais adiante. 2.2.3 – A relação Professor-aluno Krueger, 2003, afirma que a criança deseja ser amada, acolhida e ouvida para que possa despertar para a vida da curiosidade e do aprendizado, e o professor é quem prepara e organiza o microuniverso da busca e do interesse da criança, o que nos mostra que é imprescindível a figura de um 30 educador que tenha consciência de sua importância, não apenas como um mero reprodutor da realidade vigente, mas sim, como um agente transformador, com uma visão sócio-crítica da realidade. Os professores que a criança tem, os métodos de ensino e o tipo de informação às quais é exposta, terão efeitos importantes não apenas para o processo acadêmico, mas também para a capacidade geral de encarar a vida, dominar problemas e desafios, levando o aluno à auto-confiança e auto-estima. Para Tassoni (2000), citando Pino (1997) o conhecer humano é uma atividade que pressupões uma relação que envolve três elementos: o sujeito que conhece, a coisa a conhecer e o elemento mediador que torna possível o conhecimento. Como já foi dito anteriormente, o professor surge com grande importância no processo ensino-aprendizagem na fase escolar. Defende-se que a afetividade que se manifesta na relação professor-aluno constitui-se elemento inseparável da construção do conhecimento. Além disso, como sustenta Tassoni (2000) a qualidade da interação pedagógica vai conferir um sentido afetivo para o objeto de conhecimento, a partir das experiências vividas, e prossegue: “Quando se assume que o processo ensino-aprendizagem é social, o foco desloca-se para as interações e os procedimentos de ensino tornam-se fundamentais. O que se diz, como se diz, em que momento e por quê, da mesma forma que o que se faz, em que momento, e por quê, afetam profundamente as relações professor-aluno, influenciando diretamente este processo. O comportamento do professor, em sala de aula, expressa suas intenções, crenças, valores, sentimentos, desejos e afetam cada aluno individualmente”. Quanto maiores forem as condições de se cultivarem vínculos afetivos entre professores e alunos, mais consistente e profunda será a aprendizagem significativa. Krueger, 2003 ainda coloca a inter-relação do professor com o grupo de alunos e com cada um em particular é constante, e é em função dessa 31 proximidade afetiva que se dá a interação com objetos e a construção de um conhecimento altamente envolvente, e cita Saltini (1997) : “... o educador serve de continente par a criança. Poderíamos dizer, portanto, que continente é o espaço onde podemos depositar nossas pequenas construções e onde elas tomam um sentido, um peso e um respeito, enfim, onde elas são acolhidas e valorizadas, tal qual um útero acolhe um embrião” 3 . Ainda conforme a autora a cima, a criança extrai suas vivências principalmente do contato com outras pessoas, se ela é tratada com carinho, é reconhecida em seus direitos e recebe atenção, experimenta um bem-estar emocional, um sentimento de segurança e proteção, e conforme Makhina, 1995, citado pela autora “o bem estar emocional ajuda n desenvolvimento normal da personalidade da criança e a formação de qualidades que a tornam positiva, fazendo-a mostrar-se benevolente com outras pessoas”. Mazzeo (2006) conclui bem o tema, afirmando que a afetividade na relação professor-aluno interfere de maneira muito significativa no desenvolvimento de cada criança, elucidando que a falta de carinho, amor, dedicação, atenção e paciência podem interromper esse desenvolvimento, porém a afetividade pode acelerar esse processo. 2.2.3.1 – Como o professor pode manifestar afetividade Tassoni, 2000, dedicou seu estudo a entender os processos afetivos na relação professor-aluno, e observou comportamentos de diversos professores enquanto estavam ministrando suas aulas, coletando posturas, gestos, expressões faciais e verbais através da filmagem dessas aulas, e depois por autoscopia (apresentação dessas filmagens para os próprios filmados), realizou com professores e com alunos separadamente, entrevista sobre o que foi filmado e recolheu seus comentários. Segundo a autora foram observadas duas grandes categorias de manifestação da afetividade: Comportamentos Posturais e Comportamentos Verbais, e apresentou as seguintes conclusões: 3 SALTINI C. J. P. Afetividade & Inteligência. Rio de Janeiro:DPA. 1997 32 Æ à partir de dados coletados com relação às posturas das professoras, o que mais se observou foi a freqüência com que se mantinham próximas de seus alunos e a forma como os acolhiam fisicamente em suas necessidades. Tais posturas estabeleciam grande cumplicidade no processo de aprendizagem e foram extremamente valorizadas pelos próprios alunos em seus comentários, possibilitando diálogos intensos, caracterizando uma forma de atenção bastante eficiente e facilmente notada por eles. O que leva à conclusão que é impossível alimentar afetivamente à distância. Æ o contato físico, outro aspecto relacionado ao comportamento postural, também apareceu como forma de interação bastante afetiva, que também foi muito percebida pelos alunos. Æ posturas corporais, que em geral, apareceram para complementar o que era dito oralmente. Æ os comentários dos alunos a respeito de conteúdos verbais emitidos pelas professoras, apontaram muitas vezes, a modulação de voz indicando o caráter afetivo que marca a relação. Æ palavras de encorajamento foram bastante usadas, com finalidade de levar os alunos a investirem no próprio aprendizado confiando na sua capacidade e fortalecendo sua auto-estima. A autora finaliza sua descrição concluindo que adequar a tarefa às possibilidades do aluno, fornecer meios pára que realize a atividade confiando em sua capacidade, demonstrar atenção às suas dificuldades e problemas, são maneiras bastante refinadas de comunicação afetiva. Conforme a criança avança na idade, torna-se necessário “ultrapassar os limites do afeto epidérmico” (Almeida, 1999, citado pela autora). Mesmo mantendo-=se o contato corporal como forma de carinho, falar da capacidade do aluno, elogiar seu feito, reconhecer seu esforço, constituem-se formas cognitivas de vinculação afetiva. A pesquisa mostrou também uma grande preocupação por parte das professoras em diminuir a ansiedade e o medo dos alunos frente uma situação nova, ou algo novo a aprender, o que evidencia que na relação professoraluno, não se deve somente valorizar as manifestações de afetividade 33 positivas, mas também diminuir, ou ensinar a trabalhar e ponderar as manifestações de afetividade negativa. 2.3 – Educação Física Monteiro, 2006, coloca que seguindo o fato da escola repensar a educação, seus objetivos, campos de atuação e princípios, veio a Educação Física. Depois da crise que se instalou nos anos 80, a área passou a repensar seus objetivos, sua identidade, diante disso, o olhar sobre as emoções e sentimentos também cresceu. Freire (1989) citado por Monteiro (2006) : “... é preciso mais do que um conhecimento metódico de técnica de dar aulas para formar um educador, seja em sala de aula, seja no pátio de Educação Física. Uma relação educativa pressupõe o conhecimento dos sentimentos próprios e alheios”. Molinari (2003) resume dizendo que falar da importância da educação física para a criança é o mesmo que falar da importância dela se alimentar, dormir, brincar, ou seja, suprir suas necessidades básicas. Com isso, fica evidenciado a necessidade da Educação Física abrir os olhos para uma visão afetiva de educação, se importando em encarar o aluno como um ser integral. 2.3.1 – O movimento humano Segundo LimongelliI (1998) citando Wallon (1998) os estudos sobre movimento humano inicialmente à partir de duas perspectivas: a perspectiva estrutural e a perspectiva mecânica. 34 A perspectiva estrutural fundamenta o estudo do movimento através das estruturas anatômicas e fisiológicas que o realizam. Segundo ela, o movimento é organizado conforme modelo “comando e instrumentos”, compreendendo o organismo humano como uma estrutura composta por sistemas isolados. A perspectiva mecânica compreende que os movimentos corporais estão sob controle exclusivo das Leis da Mecânica, e o estudo dele está centrado na descrição e análise matemática das relações biomecânicas. As perspectivas a cima citadas permitem pensar o ser humano como uma máquina de alavancas formada por músculos e ossos. O indivíduo é entendido como um ser fragmentado. Wallon, baseado nessas perspectivas, e discordando dessa análise fria, dando à função motora e sobretudo à tonicidade muscular um sentido mais humano. Para Wallon, citado por Limongelli (1998) o tônus muscular não é apenas um estado de tensão da musculatura que permite vencer a força da gravidade e promover os deslocamentos corporais voluntários, mas é também uma possibilidade de expressão, que permite à pessoa se comunicar e se relacionar consigo própria e com os outros. MolineriI (2003) comenta que Fonseca (1988) “O movimento humano é construído em função de um objetivo. À partir de uma intenção como expressividade íntima, o movimento transforma-se em comportamento significante”. Para a autora, o movimento é a parte mais ampla e significativa do comportamento humano. É obtido através de três fatores básicos: o músculo, a emoção e os nervos, formados por um sistema de sinalizações que lhes permitem atuar de forma coordenada. A criança, por ainda muitas vezes, não ter recursos lingüísticos para expressar tudo que sente, se utiliza do seu corpo (movimento) para fazê-lo. Ficou bem evidenciado que o movimento humano é uma porta de expressão, e talvez, a maior porta de fluxo de afetividade (emoções e sentimentos). Mas entende-se movimento pela simples contração muscular, seja ela com objetivo de manter tônus e postura, seja para realizar um deslocamento do corpo todo ou de suas partes. 35 2.3.2 – A Afetividade e Educação Física Escolar À partir do que foi dito anteriormente, podemos afirmar que a Escola é o ambiente onde a criança estrutura a maior parte da sua vida social, cognitiva e motora, e a Educação Física evidencia uma fonte inesgotável de situações emocionais, e, como afirma Antunes (1993) citado por Monteiro (2006) essas situações são propiciadas natureza das atividades, reforçadas pelo contato próximo entre as pessoas (aluno-aluno e professor-aluno). Com isso concluímos que a área de estudos chamada Educação Física Escolar, deve ampliar seus horizontes para a entrada da afetividade. Schwartz (1999) focalizou seu estudo nas congruências existentes entre arte e jogo, um conteúdo muito utilizado nas aulas de Educação Física nas escolas, focalizando aspectos relativos à afetividade, inerente a ambos os conceitos, concluindo que a carga afetivo-emocional presente em ambos pode interferir positivamente, desencadeando o processo de mudança axiológica, através da possibilidade de expor os indivíduos à conscientização da inconsistência de suas crenças e valores atuais, bem como da abertura de espaços onde ocorra o desequilíbrio afetivo-cognitivo, especialmente conseguido através da valorização das relações intra e inter-pessoais. Sem dizer em conteúdos como o Esporte, que pode proporcionar situações de cooperação e competição, que são grandes desencadeadoras de sentimentos e emoções, desde as positivas até as negativas, onde se pode desenvolver um grande trabalho de formação do cidadão atuante numa sociedade capitalista, e muito humanizada. Conclui-se então que a Educação Física, por ser um meio favorável ao trabalho com a párea a afetividade, deve conter na formação de seus profissionais um direcionamento para informações sobre esse tema. 36 III – A PESQUISA 3.1 – Projeto “São Paulo é uma Escola” 4 Segundo descrito no site da Secretaria de Educação do Município de São Paulo, o Programa São Paulo é uma Escola, iniciado em maio de 2004 por esta Secretaria, é parte integrante de uma proposta educacional que se destina a toda cidade e a cada cidadão. Tem por finalidade organizar, gradativamente, todas as oportunidades para que o potencial educador da Cidade de São Paulo se realize na vida dos cidadãos. O resultado deste trabalho é a formação integral das crianças, jovens e adultos que vivem nesta Capital. Para chegar aos objetivos, o programa busca organizar o antes e o depois da aula, com atividades culturais, esportivas, de lazer e de recreação de segunda a sexta-feira e nos fins de semana, todas coerentes com os propósitos pedagógicos de cada escola. A adesão é voluntária. Para isso, são utilizados os diversos equipamentos já existentes no município, como as próprias escolas, os CEUs (Centro Educacional Unificado), parques, praças, centros culturais, museus, balneários e o Sambódromo, alguns deles até então subutilizados. Não significa ter “mais aulas” , como pode parecer em princípio, mas assegurar aos alunos das escolas públicas municipais a chance de usufruir as condições que já são oferecidas às crianças e jovens das classes sociais mais favorecidas. Neste programa, todos têm a ganhar. Os pais e as mães, ao ter como ação as atividades em horário diverso ao das aulas, podem organizar a vida de seus filhos aos diversos projetos propostos. Além disso, com a perspectiva de educação integral, há um processo de melhoria de qualidade de vida das famílias em geral. A educação em tempo integral, assim, garante aos pais e mães melhores condições de organização da própria vida em termos de rotinas e gestão do tempo disponível para a família. Com relação às crianças e jovens, 4 Projeto implantado pelo Secretário da Educação na época, Dr. Pinotti (José Aristodemo Pinotti), que hoje é Deputado Federal, mas que funciona até os dias de hoje nas unidades. 37 eles têm garantido formação e vivências diversificadas, ampliando-se a qualidade e as condições de formação oferecidas pela escola. As diversas ações do Programa São Paulo é uma Escola podem ser assumidas por parceiros da sociedade civil e o poder público, seja por meio das organizações não-governamentais, das associações de moradores, dos clubes de serviços, entre outros. A própria comunidade local pode participar, o que certamente fortalecerá as relações democráticas. Resumidamente, trata-se de um Projeto onde as crianças que estudam no período vespertino, são encaminhadas a oficinas e aulas no período matutino (contra-turno), e as crianças do período matutino, são encaminhadas a aulas no período vespertino. Essas aulas são na área esportiva (que é o caso que se enquadra o presente estudo), cultural, educacional e de lazer. Ministrada por professores ou oficineiros (profissionais terceirizados, com vivência na área, mas sem formação específica, enviados por ONGs). Cada turma é composta de até 25 crianças separadas por faixa etária, de acordo com a série que está cursando na escola. Em um dia a criança, no caso da amostra desta pesquisa, de primeira série, passa por três aulas/oficinas diferentes, distribuídas na freqüência de duas vezes, pelo menos, por semana, cada curso, e alternadas em atividade culturais, educacionais e esportivas. 3.2 – Planejamento das aulas que foram ministradas As aulas foram desenvolvidas no CEU Meninos, equipamento da Prefeitura de São Paulo, sito à Rua Barbinos, 111, pertencente à Subprefeitura do Ipiranga, e à Coordenadoria de Educação do Ipiranga, que atende em sua maioria, o público da periferia, moradores da Favela Heliópolis, uma das maiores favelas de São Paulo, onde sou funcionária efetiva, ocupando o cargo de Técnica de Educação Física, e fui designada para atender as duas turmas no horário das 13hs às 14hs, sendo a primeira turma (1ªA), todas as terças e quintas, e a segunda turma (1ªC), todas as quartas e sextas. As crianças dessas turmas estudavam no período matutino, a primeira aula que freqüentavam em cada dia, tinha um objetivo cultural (música, 38 informática, leitura, ou algo do gênero), quando saiam dessa aula eram encaminhados ao Ginásio, onde as aulas investigadas por esta pesquisa foram realizadas. Em princípio, quando o ano começou, fui orientada que estaria com essas turmas durante todo o primeiro semestre, então estruturei o planejamento para funcionar de Fevereiro até Junho do mesmo ano, mas por motivos internos, no final de Abril fui afastada desta atividade. Desde minha graduação, após estudos e pesquisas que realizei, acredito muito na teoria desenvolvimentista para nortear meus trabalhos, por isso, o Planejamento foi baseado na Teoria de David Gallahue 5 de desenvolvimento infantil, segundo ele a faixa etária em questão está na Fase de “Movimentos Relacionados ao Esporte”, e pelo período ser relativamente curto, optei por trabalhar com o esporte Basquetebol, que é uma manifestação esportiva integrante do conjunto de modalidades que constituem os Jogos Coletivos, possuindo uma lógica tática (sistemas ofensivos, sistemas de transição e sistema defensivo), e uma lógica técnica, ou seja, os seus fundamentos (domínio do corpo, manipulação de bola, drible, arremesso, passe/recepção, e rebote). Além de Gallahue, para a turma A, foi usado Henri Wallon na medida que o diferencial entre as turmas estava na existência da afetividade no planejamento. Assim, o Planejamento elaborado foi 6 : Æ Objetivos Gerais Os alunos deverão vivenciar a modalidade esportiva Basquetebol através suas habilidades específicas, entendimento de alguns aspectos táticos, compreensão das regras básicas, bem como desenvolver capacidade de interagir com os colegas em situação de cooperação e competição, sabendo diferenciá-las. 5 Gallahue (2001), parte do ponto de vista de que as mudanças observáveis nas características do movimento, refletem o processo de desenvolvimento, orientando ao nível mais superior da seqüência para a aquisição de habilidades esportivas. Na sua essência, o modelo de Gallahue mostra que para se chegar ao domínio de habilidades desportivas, é necessário um longo processo, onde as experiências com habilidades básicas (movimentos fundamentais) são de fundamental importância. A aprendizagem de habilidades estará ligada ao seu desenvolvimento motor, suas fases e estágios. Estará relacionada com os princípios da continuidade, especificidade e individualidade. 6 Planejamento apresentado no início do curso, e que previa a duração de seis meses, podendo ser prorrogado. 39 Æ Objetivos Específicos Æ Fevereiro a Abril Os alunos deverão vivenciar as habilidades específicas do basquetebol: domínio do corpo, manipulação de bola e drible, deverão entender as primeiras regras da modalidade: não poder andar com a bola, o que é a situação “duas saídas”, e o que é a situação “bola presa”, bem como saber identificar as linhas da quadra de basquetebol e seus elementos básicos (garrafão, círculo central, cesta e tabela). Æ Maio e Junho (período que não chegou a ser cursado) Os alunos deverão vivenciar as habilidades específicas já vivenciadas no período anterior, acrescidas de arremesso e passe e recepção. Deverão ser capazes de identificar as situações de regra já explicadas, acrescidas das regras referentes a cobrança de lateral, saída de fundo de quadra, assim como compreender a contagem de pontos da modalidade. Æ Conteúdos Brincadeiras, Ginástica, Jogos Pré-desportivos, Jogos Cooperativos, Jogos adaptados e Jogos Recreativos. Æ Metodologia Método Global (do todo para a parte), onde as crianças eram ensinadas o movimento completo, para depois serem corrigidas as posições do corpo, ou do membro, ou até mesmo, a força, ou amplitude deste movimento, sendo deixado o detalhe para ser trabalhado posterior à incorporação da habilidade como um todo e seu sentido. Utilizando na maioria do tempo, uma abordagem Desenvolvimentista, com estratégias de equifinalidade, variabilidade, solução de problemas, descoberta dirigida, etc... Æ Avaliação Avaliação Diagnóstica, aplicada a cada bi/trimestre, consistindo de observação da professora sobre os resultados apresentados. 40 3.2.1 – A afetividade aplicada à pesquisa Como a proposta desta pesquisa é verificar quanto o afetivo influi no motor, em termos de desempenho e desenvolvimento, analisando a relação professor-aluno, ambas as turmas vivenciaram as mesmas atividades em cada aula, porém a 1ªA (terças e quintas) era estimulada afetivamente durante toda a aula. Desde a sua chegada, quando as crianças eram recebidas com abraços, passando pelo decorrer da aula, quando eram estimuladas verbalmente, com palavras de elogio e encorajamento, e fisicamente, com palmas, toques, sorrisos, provocando afetividade positiva, na maioria dos casos, até o final e a despedida, quando todas ganhavam abraços e beijo (para as que queriam), tendo assim, uma grande gama de sentimentos e emoções aflorados durante todo o processo. Já a 1ªC realizava as atividades e no máximo ganhava um “Muito Bom” não tínhamos contato físico, e estímulos afetivos (positivos e negativos) eram evitados, embora não fossem nulos. As brincadeiras entre as crianças, e a afetividade uns com os outros não foi controlada, até mesmo porque esse não era o objetivo deste trabalho, o único controle existiu na relação professor-aluno. 3.3 – Metodologia 3.3.1 – Amostra A amostra era composta de 44 crianças de ambos os sexos, de primeira série do ensino fundamental, divididas em duas turmas - 1ªA e 1ªC (12 meninas e 13 meninos na 1ªA, e 10 meninas e 9 meninos na 1ª C). A faixa etária variava entre 06 e 07 anos, na 1ª A, tínhamos 17 alunos com 6 anos, e 8 com 7 anos; na 1ª C, tínhamos 15 alunos com 6 anos e 4 com 7 anos. Os estudantes dessa amostra estavam matriculados no período matutino de aulas na escola, freqüentavam as aulas do Programa “São Paulo é uma Escola”, no período vespertino. A aula que foi estudada nesta pesquisa era a segunda do dia e acontecia duas vezes por semana, com duração bruta de 1 hora (das 13hs às 14hs). 41 Todas as crianças eram saudáveis, nenhuma era portadora de necessidades especiais, ou apresentava algum tipo de patologia clínica. E todas eram matriculadas na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) do CEU Meninos, da Prefeitura de São Paulo. A 1ªA foi o grupo que foi estimulado afetivamente, e a 1ªC não foi estimulado afetivamente. A escolha da primeira série para ser estudada se deu ao fato, primeiramente de ter sido designada para atuar com esse grupo, mas também, por entender que ao entrar para a primeira série a criança passa por grandes mudanças, desde o formato da escola, das aulas, contato com a professora de classe, enfim, são diversas situações que provocam desconforto, precisando de um maior controle emocional por parte das próprias crianças para lidar com tudo isso. 3.3.2 – Técnica de coleta de Dados O período de realização do trabalho foi de fevereiro a abril de 2005, quando fui designada para outra função. As avaliações e entrevista ocorreram na última semana da Abril (no final do terceiro mês de trabalho). A coleta de dados consistia em avaliar o padrão motor apresentado ao final das experiências proporcionadas durante três meses de aula. Utilizei a observação como metodologia para investigar o problema, da mesma forma que Scarpato, 2006, concordando com a justificativa da sua escolha quando cita os dois pesquisadores Wallon e Laban, que iniciaram suas descobertas a respeito do desenvolvimento e movimento humano a partir da observação. Contei com o consentimento da direção e da coordenação pedagógica para realização deste trabalho. Cada criança realizou o movimento solicitado, sendo observada em seu desempenho motor, em relação ao seu grupo, e sua faixa etária, de acordo com os objetivos trabalhados nas aulas. Para avaliar, cada item (habilidade) foi classificado em “satisfatório” ou “em desenvolvimento” de acordo com o que se esperava de padrão maduro de movimento para o grupo em questão no final do terceiro mês de aplicação das aulas. Os resultados foram anotados em um formulário (anexo 1) para fácil identificação posterior. 42 Para realizar as avaliações individuais, primeiramente expliquei às crianças meus objetivos, e orientei que cada um deveria aguardar sua vez de realizar a avaliação sentado atrás da linha da quadra e que não podia interromper o colega quando ele estivesse realizando os movimentos pedidos. Todos concordaram, e embora não tivessem cumprido o combinado em todo o tempo, o fato de termos tratado isso antes do início, possibilitou que eu chamasse atenção durante a atividade e que não atrapalhasse a realização dos testes 7 . 3.3.2.1 – Procedimentos para a Avaliação A como consta anteriormente, consistiu na observação pela professora das habilidades executadas por cada aluno, e classificação delas em “Satisfatório”, quando a execução apresentava elementos de padrão maduro para o estágio esperado, ou “Em desenvolvimento”, quando o movimento ainda apresentava deficiências. As habilidades avaliadas nesta pesquisa foram: Æ Domínio do Corpo – a atividade proposta era que a criança deveria correr pela quadra de basquetebol, e ao sinal do apito da professora, deverá inverter o sentido da corrida, ou seja, ele inicia o teste correndo de frente, e ao sinal sonoro, passa a correr de costas. Para essa habilidade foi considerado Satisfatório a criança que conseguiu fazer a inversão de movimento logo após o sinal sonoro, não se desequilibrar na execução do movimento, bem como não utilizar os braços para obter esse equilíbrio (não ficar girando os braços). Em desenvolvimento, será a classificação para a criança que apresentar constantes desequilíbrios devido à mudança de sentido, demorar para fazer essa mudança, ou ao sinal sonoro, não fazer a mudança de maneira contínua, ou seja, ao escutar o apito, fazer uma parada na corrida, e depois trocar o sentido. 7 Por estar sozinha com os alunos, precisava de colaboração deles para que pudesse realmente dar atenção individualizada à realização das habilidades solicitadas. 43 Para executar este teste, cada criança será estimulada 6 vezes pelo apito. Æ Manipulação de bola – a atividade proposta era que a criança segurando uma bola de basquetebol Penalty Basket Mirim 4.6 (adequada à faixa etária), deveria passar a bola ao redor da cintura em qualquer sentido, 2 vezes. Satisfatória era a classificação para a criança que conseguia realizar o movimento contínuo, sem deixar a bola cair. Em Desenvolvimento foi a classificação daqueles que deixavam a bola cair, paravam o movimento na metade do caminho, ou não realizavam o que foi solicitado (passando a bola por outro lugar do corpo, por exemplo). Æ Drible – a proposta era que a criança, de posse da bola a cima citada, iniciasse o drible, quicando-a no chão, no lugar, de frente para mim (sem deslocamento). Para realizar a tarefa a criança tinha duas tentativas. Satisfatório – a criança que quicava a bola em uma altura razoável, não bateia na bola (utilização da palma da mão), não se deslocava demasiadamente, não deixava a bola bater em outra parte do corpo, se não a mão, e não perdia a posse da bola. Em desenvolvimento – a criança que impulsionava a bola com a palma da mão, literalmente batendo na bola, quicava a bola extremamente alta, se deslocava em demasia ou perdia a posse da bola. Assim, cada criança foi observada na execução desses três fundamentos e classificada quanto o resultado apresentado. 3.3.3 – Análise Estatística As análises estatísticas utilizadas são: Freqüência de respostas (“Satisfatório” e “Em desenvolvimento”), e Qui-quadrado. Em cada grupo foi feito um levantamento da quantidade de respostas apresentadas, relativas ao total deste grupo. E esse valor foi utilizado na comparação dos dois grupos. 44 IV – RESULTADOS Não houve diferença significativa entre os diferentes sexos ou as diferentes idades, sendo assim, podemos comparar os resultados de ambas modalidades como um grupo só. Os resultados obtidos foram os seguintes: 4.1 Habilidade Domínio do corpo Tabela 1 – Freqüência de respostas por Grupo observado na habilidade Domínio do corpo Classificação Satisfatório 8 Em Desenvolvimento TOTAL 1ªA (afetiv) n: 25 f 22 3 25 1ªC (não-afetiv) n: 19 f 9 10 19 TOTAL n: 44 f 31 13 44 Tabela 1 Analisando os dados apresentados na tabela 1 obtemos um valor de quiquadrado observado igual a 8,56, que comparado ao qui-quadrado tabelado igual a 6,635 para gl igual a 1 e p< 0,01, é maior, comprovando que houve diferença significativa entre os grupos. E, no caso, o grupo tratado com afetividade apresentou melhor desempenho. 4.2 Habilidade Manipulação de bola Tabela 2 – Freqüência de respostas por Grupo observado na habilidade Manipulação de Bola 1ªA (afetiv) n: 25 8 1ªC (não-afetiv) n: 19 TOTAL n: 44 Para se comprovar a hipótese experimental, é necessário verificar quanto o executado pelas crianças é satisfatório em relação ao que se espera que seja realizado. Não há erro e acerto, apenas uma classificação daquilo que foi apresentado 45 f 20 5 25 Classificação Satisfatório Em Desenvolvimento TOTAL f 9 10 19 f 29 15 44 Tabela 2 Os dados da tabela 2 nos levam a um valor de qui-quadrado observado 5,17, que quando comparado ao qui-quadrado tabelado 3,84 para gl igual a 1 e p< 0,05, também é maior, mostrando novamente que a hipótese experimental foi comprovada, e que o grupo no qual o trabalho foi baseado em afetividade apresentou melhor desempenho. 4.3 Habilidade Drible Tabela 3 – Freqüência de respostas por Grupo observado na habilidade Drible Classificação Satisfatório Em Desenvolvimento TOTAL 1ªA (afetiv) n: 25 f 20 5 25 1ªC (não-afetiv) n: 19 f 7 12 19 TOTAL n: 44 f 27 17 44 Tabela 3 Na tabela 3 temos qui-quadrado observado sendo 8,48, comparando-o ao qui-quadrado tabelado como sendo 6,635 para gl igual a 1 e p< 0,04, confirma diferença significativa entre os dois grupos. A partir de todos os resultados apresentados, podemos considerar que um trabalho motor que é embasado nos conteúdos de afetividade, proporciona um melhor desenvolvimento a crianças da primeira série do ensino fundamental. 46 V – DISCUSSÃO Durante este estudo evidenciou-se a importância da afetividade no planejamento escolar, pois a criança quando estimulada afetivamente, incorpora melhor os objetivos do trabalho realizado. Durante as aulas ficava claro que as crianças estimuladas afetivamente já vinham mais dispostas a aprender, já entravam em quadra brincando, felizes, chegavam e vinham ao meu encontro contar experiências de casa, ou alguma história que tinham vivenciado. E as crianças da turma que foi evitado o contato afetivo, vinham brincando, mas entre si, poucas me procuravam, ou se sentiam à vontade para contar alguma coisa. Além da afetividade das crianças estar sendo afetada, eu também afetei minha própria afetividade em relação a elas, ficando muito mais desenvolvida com a turma “A”. Seguindo a linha de pesquisadores anteriores, posso pode-se concluir que as experiências vividas nas aulas pelo grupo que foi trabalhado sob o foco da afetividade, permitiram trocas afetivas positivas, não só marcaram positivamente o objeto de conhecimento, como também favoreceram a autonomia e fortaleceram a confiança dos alunos em suas capacidades e decisões. Tassoni, em seu trabalho pesquisou a relação professor-aluno, e chegou à mesma conclusão, ressaltando que esse aprendizado se dá por diversos fatores, que ficam evidenciados à partir dos relatos dos alunos em entrevista, como segue: Æ Melhora da auto-confiança dos alunos: “... aqui na escola, a professora ensina. Quando eu to nervosa para fazer o trabalho, ela vem pertinho e fala – A você errou aqui. Aí ela fala onde ta a outra palavra que é o certo. Aí não fico mais nervosa...” , “...às vezes, acho que não vou conseguir fazer o trabalho, mas a professora chega perto e parece que de repente eu consigo...” Æ Transmissão de segurança e tranqüilidade: “... Quando a gente fica muito nervosa, assim, pra achar a resposta, então ela (a professora) vem perto e às vezes faz assim a ajuda a passar o nervoso. (Passa a mão na cabeça)”. 47 Æ Despertar o prazer por aprender: “... Ela faz coisa na lousa, escreve, ela desenha... Eu olho tudo que ela escreve, desenha e to ficando craque. Ela é muito craque! Ela vai falando e escrevendo e eu faço igual porque pra mim ela é muito craque!”. Æ Abertura de espaço para a afetividade na vida do aluno: ‘... Quando ela fala com a gente, ela fala de um jeito bom...”“. Outro autor que também trabalhou com entrevistas e ouviu as crianças de primeira série do ensino fundamental, sobre suas impressões em relação à escola e às aulas, justificando que conhecendo o que sentem as crianças, bem como suas características em cada etapa do desenvolvimento, torna-se possível rever posturas, modificar contextos, aprimorar práticas para que se criem condições cada vez mais facilitadoras da aprendizagem foi Saud, 2005. Concluiu que as crianças chegam à primeira série repletas de sentimentos positivos, que garantem uma motivação e que a professora de classe tem papel de destaque na construção do conhecimento pelo aluno, e suas ações determinam os sentimentos expressos por esses alunos durante a aprendizagem, podendo manter ou não essa motivação, assim como mostra o presente estudo. Na mesma linha, comprovando a importância da afetividade nas aulas de educação física, principalmente na relação professor-aluno, Monteiro, 2006, afirma que a Educação Física é um lugar especialmente privilegiado para provocar emoções e sentimentos nos alunos, mas ainda poucos professores são adeptos dos trabalhos com afetividade, justificando isso, com o fato de que muitas vezes os professores não têm condições mínimas de dar aulas, quanto mais de se aprimorar no sentido de melhorar suas aulas. O foco central do presente trabalho, reforçado por trabalhos anteriores de diversos autores, é o fato de que a Educação não pode caminhar sem a afetividade, uma vez que o aluno é um ser integral, e que a Educação Física é o cenário onde as emoções e sentimentos estão mais aflorados, proporcionando ao aluno um espaço onde ele pode aprender com maior eficiência. 48 VI – CONCLUSÃO A Educação Física é um grande tapete, dentro da escola, onde andam os sentimentos e emoções, onde eles estão mais aflorados, e presentes, tanto na relação aluno com ele próprio, na relação dele com o colega, e principalmente na relação aluno-professor. Pode se afirmar então que a educação física é uma necessidade básica para toda criança dentro da escola, e que é capaz de despertar a interação entre corpo, mente e emoções, promovendo a totalidade do trabalho com a formação deste cidadão. À partir do reconhecimento da necessidade da escola assumir, de maneira intencional e planejada, sua parte na formação de cidadãos conhecedores da afetividade, é fundamental que no processo de formação de professores pedagógico. esta temática esteja explicitamente integrada ao projeto 49 VII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALMEIDA A. R. S. O que é afetividade? Reflexões para um conceito. 2001 p1- 4. Disponível em http://www.anped.org.br/24/T2004446634094.doc. Acessado em 09 de Setembro de 2006 2. DANTAS, H. A infância da razão - Uma introdução à psicologia da inteligência de Henri Wallon. São Paulo, Manole, 1990 3. ESPORTE E SOCIEDADE / Comissão de Especialistas de Educação Física do Ministério do Esporte. 2 ed. Brasília. Centro de Educação a Distância. 2004 4. GALLAHUE D J, OZMUN J C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo. Phorte editora, 2001 5. GALVÃO, I. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Ed. Vozes, 1995 6. GOLEMAN D. Inteligência Emocional: A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. 3ª edição. Rio de Janeiro. Ed. Objetiva. 1996 7. GOTTMAN J. Inteligência Emocional e a Arte de educar nossos filhos. 17ª edição. Rio de Janeiro. Ed. Objetiva. 1997 8. KRUEGER M.F. A relevância da afetividade na educação Infantil. Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Psicopedagogia, 2003, Instituto Catarinensa de Pós-Graduação 9. LIMONGELLI A. M. A. Relação Nadar e Consciência Corporal no meio líquido: concepção de professores-monitores de natação de adultos. 1998 Dissertação de Mestrado (Psicologia da Educação) Programa de estudos Pós graduados em Psicologia da Educação. Pontifícia Universidade Católica. São Paulo 10. MAHONEY A. A., ALMEIDA L. R. de (org) Henri Wallon: Psicologia e Educação. 4ª edição. São Paulo. Ed. Loyola. 2004 50 11. MAZZEO T. E. Memórias do processo de alfabetização: um elo de afetividade. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Pedagogia. 2006. Universidade São Judas Tadeu 12. MOLINARI A. M. P. E SENZ S. M. A Educação Física e sua relação com a Psicomotricidade. Revista PEC. Curitiba. 3:1, p85-93, 2003 13. MONTEIRO M.D. As manifestações Afetivas nas aulas de Educação Física: Análise de uma classe de 3ª série do ensino fundamental na perspectiva de Henri Wallon, 2006 Dissertação de Mestrado (Psicologia da Educação) Programa de estudos Pós graduados em Psicologia da Educação. Pontifícia Universidade Católica. São Paulo 14. OLIVEIRA F. R. S. Análise do desenvolvimento motor de crianças de 5 e 6 anos praticantes de judô da Associação Brasileira “A Hebraica” de São Paulo. Trabalho de conclusão de curso de Graduação em Educação Física. 2002. Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas. 15. OLIVEIRA G. K. Afetividade e Prática Pedagógica: uma proposta desenvolvida em um curso de formação de professores de Educação Física. 2005 Dissertação de Doutorado (Psicologia da Educação) Programa de estudos Pós graduados em Psicologia da Educação. Pontifícia Universidade Católica. São Paulo 16. RUIZ V. M. e OLIVEIRA M. J. V. A dimensão afetiva da ação pedagógica. 2005. p5-11. Disponível em: http://www.unipinhal.edu.br Acessado em 16 de Setembro de 2006 17. SAUD C. M. L. R. Com a palavra, as crianças: os sentimentos de alunos e alinas da primeira série do ensino fundamental. 2005. Dissertação de Mestrado (Psicologia da Educação) Programa de estudos Pós graduados em Psicologia da Educação. Pontifícia Universidade Católica. São Paulo 18. SCARPATO M. T. Educação Integral e Prática Docente. 2006. Dissertação de Doutorado (Psicologia da Educação) Programa de estudos Pós graduados em Psicologia da Educação. Pontifícia Universidade Católica. São Paulo 19. SCHWARTZ G. M. A arte no contexto da Educação Física. Revista Motriz. 5:1. p.49-53. Junho/1999 20. TANI G. Significado, detecção e correção do erro de performance no processo ensino-aprendizagem de habilidades motoras. Revista Brasileira de iência e Movimento, 1989; 3:50-58 51 21. TASSONI E. C. M. Afetividade e Aprendizagem: A Relação ProfessorAluno. Tese de Mestrado 2000, p 1-17. Disponível em: http://www.anped.org.br/23/textos/1019t.PDF. Acessado em 16 de Setembro de 2006 22. WALLON, H. A Evolução Psicológica da Criança. São Paulo: Edições 70. 1968 23. WALLON, H. As origens do caráter da criança. São Paulo , Difusão Européia do Livro, 1973. 24. WALLON, H. Do ato ao pensamento. Coleção nº 10, Editora Portuguesa, Lisboa, 1969. 25. WALLON, H. Psicologia e educação da infância. Lisboa, Editora Estampa, 1975. 52 VIII - ANEXO ANEXO 1 – Formulário para anotar o resultado das Avaliações AVALIAÇÃO DE RESULTADOS TURMA: 1ª série __________ (A ou C) Sexo: Nome: Habilidades Avaliadas Classificação Em Satisfat. Desenv. 1ª tentativa Idade: 2ª tentativa 3ª tentativa Domínio de corpo correr pela quadra de basquetebol, e ao sinal do apito da professora, deverá inverter o sentido da corrida Manipulação de Bola passar a bola ao redor da cintura em qualquer sentido Drible quicar a bola no chão, no lugar, de frente para mim Marcar um “X” na classificação da habilidade realizada – “Satisfatório”, ou “Em Desenvolvimento”