II – São Paulo, 122 (141) Diário Oficial Poder Executivo - Seção I sábado, 28 de julho de 2012 Geraldo Alckmin - Governador www.imprensaoficial.com.br FOTOS: CLEO VELLEDA Volume 122 • Número 141 • São Paulo, sábado, 28 de julho de 2012 Conferência dos Direitos das Pessoas com Deficiência, realizada em São Paulo T ransporte acessível, terapias alternativas na área de saúde, educação inclusiva e ampliação da inclusão no mercado de trabalho são temas debatidos pelos conselheiros durante a 3ª Conferência Estadual dos Direitos das Pessoas com Deficiência, realizada em São Paulo. Os delegados paulistas fizeram análises, formulações e proposições sobre saúde, segurança, educação, trabalho, comunicação, transporte e moradia a partir de outras dez conferências regionais, envolvendo os 128 conselhos municipais. As propostas servirão como referência para a Conferência Nacional, agendada para o período de 3 a 6 de dezembro, em Convenção da ONU Tratado internacional, a Convenção da ONU sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência foi assinado pelo Brasil, em 30 de março de 2007, e ratificado pelo Congresso Nacional em julho de 2008, e por mais de cem países. O documento é composto por 50 artigos para garantir a igualdade de oportunidades e o combate à discriminação dos cidadãos dos países-membros. O Artigo 1º declara: “O propósito da presente Convenção é promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente. Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas”. Wanderley Marques: veículos mais acessíveis Viver sem limites Conferência em São Paulo discute caminhos e diretrizes para fazer valer os direitos da pessoa com defi ciência Brasília. Com o tema Um olhar através da Convenção da ONU sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência: Novas perspectivas e desafios, cada Estado brasileiro apresentará 40 propostas, dez de cada uma das quatro temáticas (leia boxe), no encontro nacional. Também houve escolha dos delegados que representarão o Estado na capital federal. A delegação paulista será composta de 118 pessoas. O presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Wanderley Marques de Assis, diz que a questão do transporte exige vários aprimoramentos. Da adequação do veículo, atendimento de funcionários, parada de ônibus e da carteirinha que hoje tem validade apenas municipal, o que dificulta a mobilidade. A renovação da frota, com 100% de veículos acessíveis, deve- Pessoas com deficiência: ainda muitos desafios a serem superados rá ocorrer até 2014. Por enquanto, a obrigatoriedade de oferta de transporte adaptado é feita na renovação da concessão. Olhar plural – Na educação, o maior esforço é pela ampliação de acesso a todos os deficientes. “Tem crescido o incentivo para a pessoa ir à escola. Há mais conscientização dessa necessidade pelo cidadão, família e sociedade”, salienta Assis. Há apenas opinião controversa sobre se deve haver algum tipo de segmentação para deficiências específicas ou se todos deverão frequentar os bancos das escolas comuns. Os avanços conquistados pela Lei de Cotas devem continuar para garantir empregabilidade efetiva, argumenta o presidente. “É uma questão transversal que envolve qualificação, locomoção, reabilitação”. O presidente do Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência, Wilson Gomiero, diz que as propostas estaduais “nortearão a criação de políticas públicas nacionais”. Em especial, as propostas paulistas, já que São Paulo “tem movimento organizado, know-how e experiências bem-sucedidos”. O resultado deverá ter “um olhar no todo, mas com particularidades de cada região”. Por exemplo, o Estado de Roraima não tem secretaria dos direitos da pessoa com deficiência. Acessibilidade completa – Para a delegada Marta Machado, os ambientes de saúde deveriam ter acessibilidade completa. “E não é só rampa, banheiro, equipamentos. A consulta deveria levar em conta as especificidades do paciente”. Lembra que equipamentos estão sendo adquiridos com verba advinda das multas por descumprimento à Lei de Cotas para os centros de reabilitação graças à parceria com o Ministério Público. Marta propõe a adoção de terapias alternativas no tratamento às pessoas com deficiência. Cita a equoterapia (uso do cavalo como instrumento terapêutico) e a zooterapia (cachorro, coelho, tartaruga). Frisa que deveria haver programas de governo com oferta de cão-guia para deficiente visual. “São recursos que levam à recuperação e evitam a aposentadoria”. Assis reforça que, apesar dos avanços conquistados, ainda existem muitos desafios a serem superados. Menciona dificuldades enfrentadas nos encontros regionais, da locomoção aos locais até a falta de banheiros adaptados. “Ainda temos de sair de casa preparados para o inesperado”. Ao delinear caminhos possíveis de diretrizes para fazer valer os direitos da pessoa com deficiência, diz “existir especificidades difíceis de encarar até chegar à possibilidade de viver sem limites”. Claudeci Martins Da Agência Imprensa Oficial