VITÓRIA, ES, QUARTA-FEIRA, 23 DE SETEMBRO DE 2015 ATRIBUNA 29 Economia RODRIGO GAVINI - 14/03/2013 Entenda o tributo Imposto incide sobre todas as movimentações financeiras de via bancária EXEMPLOS DE APLICAÇÃO EM PRODUTOS AO DAR ENTRADA em um imóvel no valor de R$ 100 mil, o consumidor vai pagar R$ 200 de CPMF — o que corresponde à alíquota de 0,2% proposta pelo governo. AO COMPRAR UM CARRO NOVO, no valor de R$ 30 mil, a parcela de CPMF correspondente será de R$ 60 A VOLTA ? O que é a CPiaMF sobre Movi- ARISTÓTELES PASSOS COSTA NETO: “A carga tributária já é muito alta” CRISE NO BRASIL Empresários são contra a volta da CPMF Indignados com projeto de recriação do imposto enviado ao Congresso, empresários do Estado atacaram a medida e pediram corte de gastos Cristian Favaro Dayane Freitas mpresários do Espírito Santo, assim como a maioria em todo o País, são radicalmente contra a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). A presidente Dilma Rousseff enviou ontem ao Congresso Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria um imposto nos moldes da antiga contribuição, o que deixou empresários do Estado indignados. Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado (Sinduscon-ES), Aristóteles Passos Costa Neto, o governo federal deveria, em vez de aumentar impostos, reduzir seus gastos. “A carga tributária brasileira já é muito alta. Além do mais, entendemos que o governo federal não está fazendo o dever de casa, que é reduzir o custeio da máquina pública”, criticou o representante da indústria da construção civil, uma das mais afetadas pela recessão econômica pela qual o País passa. O resultado para a população, na E visão de Aristóteles, deve ser o aumento dos preços, apesar de esse impacto ser difícil de avaliar. O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri, lembrou que, além do retorno da CPMF, o governo quer cortar 30% das contribuições ao Sistema S, formado por entidades como Sesi, Senai, Sesc, Senac e Sebrae. “O governo está mais uma vez jogando a responsabilidade a quem não é atribuída. Somos completamente contra a CPMF e ao aumento de tributos. Também não concordamos com a iniciativa do governo de se apoderar da fatia do Sistema S, que é uma das poucas coisas que ainda funcionam nesse País”, ressaltou Sepulcri. O empresário Jorge Gerdau Johannpeter disse em encontro com oito governadores ontem que o País vive uma crise “ética, política, de credibilidade e jurídica” e criticou os planos de aumento de impostos do governo. Ex-presidente da Câmara de Gestão da Presidência no primeiro mandato de Dilma, ele afirmou que o governo precisa fazer prioritariamente “ajustes de despesas” e melhorias na produtividade e na gestão da máquina pública. De acordo com o texto enviado para o Congresso, haverá noventena na cobrança da nova CPMF, ou seja, a cobrança começa somente 90 dias depois da eventual aprovação, segundo a Receita Federal. A Contribuição Provisór mentações Financeiras é um imposto federal que incide sobre todas as movimentações financeiras de via bancária feitas por pessoas físicas, como saques em dinheiro, transferências, pagamento de fatura de cartão de crédito e pagamento de contas via boleto. Por esse motivo, a CPMF ficou conhecida como o “imposto do cheque”. Imposto para a Previdência > NO FIM DO MÊS PASSADO, o governo sinalizou a volta da CPMF, mas voltou atrás após a forte reação de parlamentares e empresários. > NA SEGUNDA-FEIRA, a União propôs o retorno da CPMF, com alíquota de 0,2%, durante quatro anos. > O GOVERNO QUER que a arrecadação seja integralmente da União, para cobrir o rombo da Previdência. > A PRESIDENTE Dilma nomeou o tributo de CPPrev — Contribuição Provisória para a Previdência. > MAS, PARA ACALMAR governadores e prefeitos, porém, o governo deve negociar a aprovação pelo Congresso da alíquota de 0,38%, contemplando estados e municípios com a parcela que exceder 0,2%. OS EFEITOS NA ECONOMIA 1 Sobre os preços 2 Sobre as pessoas O efeito pode ser tanto maior quanto mais complexa for a produção do bem. Itens manufaturados, por exemplo, que passam por várias etapas de produção até chegar ao consumidor, como um carro, podem elevar mais o preço. Também há o efeito psicológico, segundo especialistas. Ao saber de um novo tributo, é comum o consumidor segurar mais o dinheiro, o que pode contribuir ainda mais para o esfriamento da economia. A CPMF ao longo do tempo Imposto vigorou por mais de uma década 1996 2000 2007 2008 Quando foi criada, a CPMF deveria durar pouco, mas vigorou por mais de uma década. Ela substituiu o Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira (IPMF), com alíquota de 0,20%. A alíquota da CPMF subiu para 0,38%. Desse percentual, 0,20 pontos foram direcionados para a Saúde; 0,10 pontos para a Previdência; e 0,08 pontos para o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza. A proposta de prorrogação da CPMF foi derrotada pelo Senado. Apesar da pressão do governo em perder arrecadação, o Congresso decidiu que a CPMF deixaria de ser cobrada em 1º de janeiro. Fonte: Governo federal e pesquisa A Tribuna.