Brasil: O Desafio do Crescimento Henrique de Campos Meirelles Rio de Janeiro, agosto de 2006 1 Brasil: O Desafio do Crescimento I. Brasil: O Desafio do Crescimento Econômico 2 Brasil: O Desafio do Crescimento O PIB brasileiro cresceu bem menos que os de outras economias emergentes nos últimos 25 anos 10 (média, 1980-2005) 8 % 6 4 2 0 China Coréia Tailândia do Sul Cingapura Malásia Índia Chile México Turquia Brasil 3 Brasil: O Desafio do Crescimento • Causas? …décadas de inflação crônica, economia fechada ao comércio internacional e ao investimento, forte presença do setor público na economia, regulação excessiva, dúvidas em relação à sustentabilidade fiscal de longo prazo … • Porém, as coisas estão mudando… 4 Brasil: O Desafio do Crescimento • Desde o início dos anos 90, importantes macro reformas foram implementadas, incluindo: Abertura da economia ao comércio e ao investimento Privatização de empresas públicas Aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal Iniciativas para reformar o sistema previdenciário Reestruturação do sistema bancário Ajuste fiscal Estabilização da inflação • Agenda de micro reformas, visando modernizar regras e reduzir distorções, também avançou muito em anos recentes. 5 Crescimento do PIB Brasileiro As reformas já impactaram o crescimento recente do PIB (média por período) 4 3,7 % 3 2 2,3 1,6 1 0 1981-1990 1991-2003 2004-2006* *2006: projeção 6 Brasil: O Desafio do Crescimento • A consolidação da atual política macroeconômica, baseada em três pilares principais… Metas de Inflação na condução da política monetária; Política fiscal, com a geração de superávits primários em nível adequado para a redução da relação dívida-PIB; Flexibilidade da taxa de câmbio como instrumento para a preservação do ajuste externo. • … continuará reduzindo os riscos macroeconômicos percebidos e contribuirá para a elevação das taxas de crescimento do PIB. 7 Convergência da Inflação às Metas Inflação ao consumidor (nos últimos 12 meses) 18 Consenso de Mercado 15 % 12 9 6 Trajetória das metas 3 0 jan jan jan jan jan jan jan jan jan ago 99 00 01 02 03 04 05 06 07 07 8 Redução na Relação Dívida/PIB 61,7 63 Consenso de Mercado % do PIB 58 53 48 44,0 43 3T 02 1T 03 3T 03 1T 04 3T 04 1T 05 3T 05 1T 06 fim 06 fim 08 fim 10 9 Sustentabilidade das Contas Externas Exportações 130 Investimento Estrangeiro Direto 20 18 US$ bilhões 110 16 90 14 12 70 10 50 8 2002 2003 2004 2005 2006* 2002 2003 2004 *2006: projeção 2005 2006* 10 Sustentabilidade das Contas Externas Dívida Externa Líquida 180 Reservas Internacionais 65 160 US$ bilhões 55 140 45 120 100 35 80 25 60 15 1T 02 1T 03 1T 04 1T 05 2T 06 1T 02 1T 03 1T 04 1T 05 1T jul 06 06 11 Redução na Percepção de Riscos Risco soberano do Brasil (Embi+) 2500 Pontos básicos 2000 1500 baixa recorde 1000 500 0 jan 00 jan 01 jan 02 jan 03 jan 04 jan 05 jan 06 12 Brasil: O Desafio do Crescimento • Desafios à frente … 13 Taxa de Investimento: Economias Emergentes Selecionadas 40 35 % do PIB 30 25 20 15 10 5 0 China Cingapura Índia Chile Brasil Coréia Tailândia Malásia México Turquia do Sul volta 14 Carga Tributária: Economias Emergentes Selecionadas 40 35 % do PIB 30 25 20 15 10 5 0 China Índia México Chile Argentina Rússia volta Coréia do Sul Brasil 15 Grau de Abertura: Economias Emergentes Selecionadas 250 % do PIB 200 150 100 50 0 Malásia Coréia Chile Rússia Brasil África do Sul Tailândia Indonesia México do Sul volta 16 Crédito/PIB: Economias Emergentes Selecionadas 140 120 % do PIB 100 80 60 40 20 0 Argentina Brasil Malásia Hungria Tailândia Coréia México Filipinas Chile do Sul volta 17 Brasil: O Desafio do Crescimento II. O Crédito como Indutor do Crescimento 18 Crédito como Indutor do Crescimento • O volume de crédito no Brasil mostrou expressivo crescimento nos últimos anos; • Entretanto, numa perspectiva internacional, o volume de crédito ainda é baixo no País. 19 Relação Crédito/PIB 33 23 31 Crédito Livre 29 27 % do PIB % do PIB 20 Crédito Total 17 25 23 14 dez jun dez jun dez jun dez jun 02 03 03 04 04 05 05 06 20 O Crédito como Indutor do Crescimento • O aumento recente do crédito é explicado, predominantemente, pelo aumento do crédito a pessoas físicas (crescimento de 30,3% em 12 meses até junho); • Tanto o crédito para as empresas como o crédito direcionado apresentam desempenho mais modesto (crescimentos de 21,4% e 14,4%, respectivamente, no mesmo período). 21 Crédito Pessoa Física x Pessoa Jurídica x Direcionado 210 Crédito Livre a Pessoa Física jan 2004 = 100 190 170 Crédito Livre a Pessoa Jurídica 150 130 110 90 Crédito Direcionado jan abr jul out jan abr jul out jan jun 04 04 04 04 05 05 05 05 06 06 22 O Crédito como Indutor do Crescimento • A principal alavanca do crescimento recente do crédito a pessoas físicas foi o mecanismo de empréstimo consignado em folha de pagamentos, que apresenta um custo menor para o tomador do que as demais opções de crédito pessoal; • O menor custo do crédito consignado é resultado de sua “melhor” qualidade maior segurança de recebimento; • Essa modalidade aumentou também o acesso da população ao crédito, especialmente via INSS. 23 Crédito Consignado x Crédito Livre a Pessoa Física 450 Crédito Consignado jan 2004 = 100 400 350 300 crédito consignado (crescimento de 54,7% em 12 meses até jun) 250 Crédito Livre a Pessoa Física 200 150 100 jan 04 abr 04 jul 04 out 04 jan 05 abr 05 jul 05 out 05 jan 06 jun 06 24 Taxa de Juros: Crédito Consignado x Crédito Pessoal 90 85 80 Crédito Livre a Pessoa Física exceto Consignado 75 % 70 65 60 55 50 45 Crédito Consignado 40 35 jan 04 mai 04 set 04 jan 05 mai 05 set 05 jan 06 jun 06 25 Crédito Consignado para Beneficiários do INSS 12 16 10 12 R$ bilhões Volume 8 10 6 8 Quantidade de Contratos 4 6 4 2 milhões de contratos 14 2 0 0 ago 04 nov 04 fev 05 mai 05 set 05 dez 05 mar 06 jun 06 26 O Crédito como Indutor do Crescimento • O empréstimo consignado é um bom exemplo de como a redução do risco de crédito contribui para menores taxas de juros ao tomador (outro bom exemplo é o crédito para aquisição de automóveis); • Além dos empréstimo consignados em folha, outras iniciativas recentes do governo e Bacen têm se orientado exatamente para o desenvolvimento de mecanismos que reduzam os riscos de crédito e legal e reforcem o papel das garantias nos contratos. 27 O Crédito como Indutor do Crescimento • Destacam-se entre essas iniciativas: o Nova Lei de Falências; o Novo Sistema de Informações de Crédito (SCR); o Cédula de Crédito Bancário (instrumento que simplifica e acelera os procedimentos legais para cobrança em caso de inadimplência); o Extensão dos tipos de empréstimos que podem ser efetuados usando contratos de alienação fiduciária (propriedade financiada é transferida ao credor); o Patrimônio de afetação em empreendimentos imobiliários; o Reforma do judiciário, “desafogando” suas instâncias iniciais. 28 O Crédito como Indutor do Crescimento • Outra linha de atuação é o fomento à competição entre instituições financeiras e a melhora das informações de crédito. Exemplos de iniciativas adotadas: o Portabilidade de cadastros; o Maior transparência nas informações dadas aos contratantes sobre taxas de juros, incluindo custos de contratação/encargos, e publicação na página do Banco Central na internet de informações sobre taxa de juros cobradas por cada banco, em cada modalidade; o Apoio ao microcrédito; o Apoio a cadastros positivos. 29 O Crédito como Indutor do Crescimento • O crescimento do crédito é apenas um dos fatores que vêm sustentando o recente ciclo de expansão da atividade econômica, em conjunto com: o Melhora do mercado de trabalho; o Recuperação da confiança; o Retomada do investimento o Flexibilização da política monetária; • O impacto já é visível nos dados do PIB dos últimos trimestres, corroborando as boas perspectivas de crescimento para o ano. 30 Brasil: O Desafio do Crescimento Henrique de Campos Meirelles Rio de Janeiro, agosto de 2006 31