CONSELHO REGIONAL DE ECONOMIA 19ª REGIÃO/RN X PRÊMIO RN DE ECONOMIA - 2010 TRANSFERÊNCIAS INTERGOVERNAMENTAIS E RECEITAS MUNICIPAIS: O COMPORTAMENTO E A IMPORTÂNCIA DO FUNDO DE PARTICIPAÇÃO NOS MUNICÍPIOS DO RIO GRANDE DO NORTE (1999 A 2005). BIANCA LILIANE LOER BELLINI Autora JOÃO MATOS FILHO Orientador NATAL/RN JUNHO/2010 RESUMO A discussão acerca das finanças públicas volta-se para os efeitos provocados pelo processo de descentralização fiscal, reconhecendo-o como medida importante para garantia da autonomia dos entes federativos e da eficiência/eficácia do setor público. Ao passo que os governos subnacionais foram dotados de autonomia, pós Constituição 1988, também foram dotados de maiores responsabilidades. Porém, o aumento das obrigações com a sociedade local não foi acompanhado pelo aumento da capacidade tributária, sendo necessário que o governo central, por apresentar maior eficiência na arrecadação tributária, transferisse aporte maior de recursos, onde as transferências intergovernamentais passam a ter papel relevante nas receitas estaduais e municipais. É neste contexto que o FPM surge com objetivo de reduzir desequilíbrio vertical, as disparidades interegionais e externalidades. Assim, esse estudo apresenta uma análise descritiva da evolução das receitas dos municípios de Natal, Mossoró, São Gonçalo do Amarante, Tangará, São João do Sabugi, Itajá, Coronel João Pessoa, Ipueira e Timbaúba dos Batistas, representando os diversos tamanhos de municípios do estado, no período de 1999 a 2005, com o objetivo de identificar a importância do FPM e seu comportamento nas receitas correntes totais. Os resultados obtidos através da análise de indicadores específicos evidenciam que quanto menor o tamanho do município, maior a dependência deste em relação às transferências e, principalmente, ao FPM. Houve crescimento das receitas tributárias dos municípios, alavancadas pela implementação da LRF, porém este aumento não foi suficiente para que fossem cumpridas suas funções constitucionais, caracterizando-os como receptores líquidos e dependentes das transferências intergovernamentais. Palavras-chave: Federalismo Fiscal. Transferências Intergovernamentais. Fundo de Participação dos Municípios. LISTA DE FIGURAS E QUADROS I – Relação das Figuras Figura 1 FPM: Distribuição ....................................................................................37 Figura 2 FPM: Percentual de distribuição entre as regiões brasileiras ..................39 II – Relação dos Quadros Quadro 1 Brasil: Federalismo fiscal ......................................................................26 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Natal: composição média da receita para o período de 1999-2005 ......48 Gráfico 2 Mossoró: composição média da receita para o período de 1999-2005 .48 Gráfico 3 São Gonçalo do Amarante: composição média da receita para o período de 1999-2005............ ....................................................................................49 Gráfico 4 Natal: evolução das receitas para o período de 1999-2005 ..................52 Gráfico 5 Mossoró: evolução das receitas para o período de 1999-2005.............53 Gráfico 6 São Gonçalo do Amarante: evolução das receitas para o período de 1999-2005................................ ..................................................................................53 Gráfico 7 Natal, Mossoró e São Gonçalo do Amarante: evolução da Receita Tributária para o período de 1999-2005 .....................................................................54 Gráfico 8 Natal, Mossoró e São Gonçalo do Amarante: evolução das Transferências Correntes para o período de 1999-2005............................................55 Gráfico 9 Tangará: composição média da receita para o período de 1999-2005 .58 Gráfico 10 São João do Sabugi: composição média da receita para o período de 1999-2005................................. .................................................................................58 Gráfico 11 Itajá: composição média da receita para o período de 1999-2005........59 Gráfico 12 Tangará: evolução das receitas para o período de 1999-2005 .............62 Gráfico 13 São João do Sabugi: evolução das receitas para o período de 1999- 2005............................................................................................................................62 Gráfico 14 Itajá: evolução das receitas para o período de 1999-2005....................63 Gráfico 15 Tangará, São João do Sabugi e Itajá: evolução das Transferências Correntes para o período de 1999-2005 ....................................................................64 Gráfico 16 Coronel João Pessoa: composição média da receita para o período de 1999-2005.................................. ................................................................................67 Gráfico 17 Ipueira: composição média da receita para o período de 1999-2005 ...67 Gráfico 18 Timbaúba dos Batistas: composição média da receita para o período de 1999-2005....................... ......................................................................................68 Gráfico 19 Coronel João Pessoa: evolução das receitas para o período de 1999- 2005............................................................................................................................70 Gráfico 20 Ipueira: evolução das receitas para o período de 1999-2005 ...............71 Gráfico 21 Timbaúba dos Batistas: evolução das receitas para o período de 1999- 2005............................................................................................................................71 Gráfico 22 Coronel João Pessoa, Ipueira e Timbaúba dos Batistas: evolução das Transferências Correntes para o período de 1999-2005............................................72 LISTA DE TABELAS Tabela 1 FPM: Histórico de evolução ..................................................................35 Tabela 2 FPM-Interior: Coeficiente individual de participação dos municípios do interior conforme o número de habitantes ..................................................................38 Tabela 3 FPM Capital: participação da população da capital no somatório da população de todas as capitais ..................................................................................40 Tabela 4 FPM Capital: inverso do índice relativo à renda per capita do estado onde se situa a capital..................... ...........................................................................40 Tabela 5 FPM-Interior: Coeficiente de participação dos municípios do interior ...41 Tabela 6 FPM-Interior: divisão por estados .........................................................42 Tabela 7 Natal, Mossoró e São Gonçalo do Amarante: composição média das receitas para o período de 1999-2005 .......................................................................47 Tabela 8 Natal, Mossoró e São Gonçalo do Amarante: indicadores fiscais para o período de 1999-2005 ................................................................................................51 Tabela 9 Tangará, São João do Sabugi e Itajá: composição média das receitas para o período de 1999-2005 .....................................................................................57 Tabela 10 Tangará, São João do Sabugi e Itajá: indicadores fiscais para o período de 1999-2005..................... ........................................................................................60 Tabela 11 Coronel João Pessoa, Ipueira e Timbaúba dos Batistas: composição média das receitas para o período de 1999-2005 ......................................................66 Tabela 12 Coronel João Pessoa, Ipueira e Timbaúba dos Batistas: indicadores fiscais para o período de 1999-2005 ..........................................................................69 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 9 1. ASPECTOS CONCEITUAIS E METODOLÓGICOS ......................................... 14 1.1. Aspectos Conceituais ..................................................................... 14 1.1.1. Receita Orçamentária................................................................. 14 1.1.2. Despesa Orçamentária............................................................... 16 1.2. Procedimentos metodológicos ....................................................... 17 1.2.1. Conceitos teóricos ...................................................................... 19 1.2.2. Base de dados ........................................................................... 19 1.2.3. Procedimento estatístico ............................................................ 19 1.2.4. Análise dos dados ...................................................................... 19 2. FEDERALISMO FISCAL: Conceituação e o caso do Brasil .............................. 22 2.1. Transferências intergovernamentais no Brasil ............................... 30 2.1.1. Classificação das transferências quanto à Condicionalidade ..... 31 2.1.2. Classificação das transferências quanto à contrapartida ........... 33 3. O FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS ......................................... 34 3.1. O Fundo de Participação dos Municípios (FPM) ............................ 34 3.1.1. FPM-Capitais ............................................................................. 39 3.1.2. FPM-Interior ............................................................................... 41 3.1.3. FPM-Reserva ............................................................................. 43 4. COMPOSIÇÃO E EVOLUÇÃO DAS RECEITAS MUNICIPAIS E ANÁLISE DO FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS .................................................... 45 4.1. Composição e evolução das receitas municipais e análise do FPM para os municípios de Natal, Mossoró e São Gonçalo do Amarante.................... 46 4.2. Composição e evolução das receitas municipais e análise do FPM para os municípios de Tangará, São João do Sabugi e Itajá................................ 56 4.3. Composição e evolução das receitas municipais e análise do FPM para os municípios de Coronel João Pessoa, Ipueira e Timbaúba dos Batistas .. 65 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 73 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 77 ANEXOS .................................................................................................................. 79 INTRODUÇÃO A promulgação da Constituição de 1988 e a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), em 2001, foram contribuições históricas importantes para a concretização do federalismo fiscal no Sistema Federativo Brasileiro. A partir daquela época os governos subnacionais passaram a gozar de maior autonomia, porém sujeitos a uma maior austeridade fiscal na obtenção de receitas e na realização dos gastos públicos. Ao elevar a autonomia, e, conseqüentemente, a responsabilidade dos estados e municípios em atender as demandas locais, o governo federal passou a transferir uma porção maior de suas receitas para os entes federados, em especial aos municípios. O Fundo de Participação dos Municípios (FPM) – objeto deste estudo – foi elevado de 17 para 22,5% das receitas recolhidas através do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados. As transferências intergovernamentais, e, no caso do Brasil, o Fundo de Participação dos Estados (FPE) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), encontram ampla justificativa nas diversas correntes teóricas que se desenvolveram na economia do setor público a partir da década de 1950, em particular a Teoria do Bem-Estar, a Teoria da Escolha Pública e a Nova Economia Institucional. Conforme a Teoria do Bem Estar (welfare economics), a presença do Estado na economia se deve à existência de falhas de mercado, como a existência de bens públicos, externalidades negativas, retornos crescentes de escala, custos transacionais e de informação. Dessa forma, as transferências intergovernamentais e a legislação pertinente poderão contribuir para a criação de externalidades positivas e reduzir falhas de mercado e de informação, uma vez que os gestores e os investimentos estarão mais próximos dos cidadãos. A Teoria da Escolha Pública ressalta as chamadas “falhas de governo”, o que não significa uma defesa neoliberal de “Estado mínimo” ou “menos governo”, mas governo necessário, eficiente e efetivo, embora não interventor, como ocorre na Teoria do Bem Estar. Assim, esta teoria difere da Teoria do Bem Estar, sobretudo pela natureza do Estado, que passa de interventor a regulador. 9 Na perspectiva da Teoria Econômica Neoinstitucionalista (NIE), a existência das instituições serve para regular a economia como um todo, para reduzir custos de transação e de informação, sendo uma dessas instituições o próprio Estado. Com o passar do tempo, a globalização e financeirização do capital passaram a fazer parte da realidade dos países de todo o mundo, trazendo consigo seus efeitos. Houve o acirramento das desigualdades entre os países e, no campo ainda mais restrito, entre os próprios estados de um país, explicando a necessidade de um aporte ainda maior de recursos por parte do governo para corrigir tais disparidades, sendo esta corrente teórica utilizada neste estudo a fim de rebater as críticas que serão apresentadas posteriormente acerca da descentralização. Como a Teoria Neo-institucionalista defende a intervenção do Estado na economia para fortalecer as instituições e reduzir os custos de transação, há uma necessidade de recursos financeiros para que o Estado possa promovê-las. Uma das principais fontes de receitas públicas para fortalecimento das instituições, redução dos custos de transação e otimização do federalismo fiscal são as transferências intergovernamentais. Com base nas teorias supra mencionadas, para o Estado intervir na economia, seja para corrigir as falhas de mercado, seja como maximizador das utilidades, ou como regulador do mercado, ele necessita de recursos para cumprir suas responsabilidades mediante os gastos. Os tributos se constituem a forma de arrecadação do governo que possuem uma determinada destinação, onde cada ente possui sua competência tributária baseada na classificação de incidência dos tributos: à União compete tributar a renda; os estados ficam responsáveis por tributar o consumo; e por sua vez os municípios tributam a propriedade e os demais serviços. No caso específico do Brasil, o Fundo de Participação do Município (FPM) que teve origem em 1965, através da Emenda Constitucional nº 18, que determinava que 80% do produto da arrecadação dos impostos sobre a renda e sobre produtos industrializados deveriam ser destinados à União e os 20% restantes seriam divididos igualmente entre o Fundo de Participação do Estado e o do Município, tendo a sua nomenclatura instituída pela Constituição de 1967, constitui uma transferência redistributiva, de uso incondicional, obrigatória e sem contrapartida. Ou seja, o repasse da receita prevista por lei relativa ao FPM não está condicionado à 10 sua aplicação em determinadas áreas de atuação ou políticas governamentais, é de obrigação do governo federal, não devendo ser restituída nem apresenta condicionantes ao pagamento de parcela desta. Como a União tem alta capacidade de arrecadação, aliada ao fato da Constituição de 1988 ter tornado os municípios entes federados autônomos, em pé de igualdade com os estados, esta deve distribuir a receita arrecadada com os outros entes da federação. Dessa forma, está inserido o FPM como a transferência da União aos municípios, para esses fazerem frente às responsabilidades delegadas pela referida Constituição. Como se caracterizaram a evolução e a participação da receitas provenientes do FPM nas receitas correntes dos municípios do Rio Grande do Norte? O aumento das receitas próprias foram suficientes para que os municípios do estado em tela atendessem ao aumento das demandas sociais e dos encargos que lhe foram transferidos no processo de descentralização das políticas públicas do período pósconstituinte, ou ao contrário, colocaram os municípios em situação de dependência ainda maior em relação às transferências intergovernamentais? Em que medida a realidade observada se aproxima ou se afasta dos pressupostos teóricos acima referidos? Para alcançar os objetivos acima descritos os procedimentos metodológicos utilizados foram constituídos por pesquisa de natureza exploratória, com ênfase em dois tipos fundamentais de delineamento: o bibliográfico e o documental. O primeiro delineamento foi utilizado para embasar toda a discussão teórica presente neste estudo, enquanto o segundo foi utilizado para obtenção de dados nos arquivos das instituições responsáveis pela captação, análise e publicação dos dados da economia brasileira. O estudo se justifica pela importância do Fundo de Participação do Município para a receita proveniente de transferências dos municípios de Natal, Mossoró, São Gonçalo do Amarante, Tangará, São João do Sabugi, Itajá, Coronel João Pessoa, Ipueira e Timbaúba dos Batistas, que foram tomados como representativos dos diversos tamanhos de municípios do Rio Grande do Norte. O estudo também se justifica pela insuficiência de pesquisas sobre esta temática para as referidas localidades. Os estudos até agora realizados se concentraram na contribuição do FPM para o desenvolvimento local, não privilegiando, portanto, o objetivo deste 11 projeto que é identificar a importância do FPM e o seu comportamento nas receitas correntes totais dos municípios acima relacionados no período de 1999-2005. Para atingir o objetivo principal deste estudo, foram adotados alguns procedimentos, como o levantamento dos dados referentes às receitas totais correntes dos municípios em questão, levantamento de informações e dados a respeito da evolução do Fundo de Participação dos Municípios, sempre realizando a análise da evolução desta receita em comparação com as receitas próprias dos municípios a serem analisados e síntese dos dados colhidos. As hipóteses adotadas por esta pesquisa são que, como Natal é o município que apresenta maior nível de arrecadação própria e PIB do estado do Rio Grande do Norte, o seu grau de dependência em relação às transferências intergovernamentais é comparativamente menor. Ao passo que o PIB e a capacidade de arrecadação do município diminui, maior a necessidade e, consequentemente, maior o aporte de recursos proveniente de transferências para fazer frente às responsabilidades impostas pela Constituição de 1988. Para o alcance dos objetivos estabelecidos e teste das hipóteses formuladas, o estudo em tela se divide em quatro capítulos e mais três seções, incluindo esta introdução, as considerações finais e os anexos. O capítulo 1 apresenta os principais conceitos utilizados na estrutura orçamentária do município e os procedimentos metodológicos aplicados na realização deste estudo. No capítulo 2 é apresentado o referencial teórico, desenvolvido com base no processo de descentralização que vem ocorrendo na federação brasileira. Parte da conceituação do federalismo fiscal, segundo diferentes óticas, de vários autores, que constitui o pano de fundo deste estudo. No capítulo 3 é apresentado com maior ênfase o Fundo de Participação dos Municípios, objeto do estudo em tela, onde é exposta a conceituação e metodologia de cálculo utilizada pelo Tribunal de Contas da União. O capítulo 4 apresenta os dados colhidos, onde também são realizadas as análises das informações e dos indicadores calculados, tais como o grau de dependência em relação às transferências, capacidade de arrecadação própria e grau de sustentabilidade própria, como pano de fundo para a avaliação da importância das transferências para as receitas municipais. Por fim, a última seção, denominada de considerações finais, apresenta as conclusões encontradas com a realização deste estudo. Planilhas mais gerais, que apresentam a receita tributária dos municípios ao 12 longo do período estudado – critério utilizado para escolha dos municípios em análise, o PIB e a população dos municípios em estudo, finalizam o presente trabalho. Diante da complexidade do assunto, a pretensão da autora deste trabalho é fornecer uma visão geral da evolução, do comportamento e do impacto das transferências, principalmente do FPM, nas receitas municipais, mostrando a sua relevância para as finanças públicas deste ente federado, a partir dos aspectos conceitos, procedimentos metodológicos e análise e interpretação dos dados secundários, desenvolvidos a seguir. 13 1. ASPECTOS CONCEITUAIS E METODOLÓGICOS Este primeiro capítulo tem por objetivo mostrar a estrutura orçamentária que orientou este estudo e seus aspectos, e posteriormente os aspectos metodológicos adotados para a análise do comportamento e da importância do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para os municípios de Natal, Mossoró, São Gonçalo do Amarante, Tangará, São João do Sabugi, Itajá, Coronel João Pessoa, Ipueira e Timbaúba dos Batistas, no período compreendido entre os anos de 1999 a 2005. 1.1. Aspectos Conceituais No Brasil, a Lei nº 4.320 de 17/03/1964 institui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. É através deste balanço orçamentário que são realizadas as análises e interpretações acerca das receitas e despesas do governo. 1.1.1. Receita Orçamentária Nas finanças públicas, a receita orçamentária é o resultado da soma da arrecadação de impostos, taxas, contribuições, transferências federais, entre outros. É através dela que o consumo e os investimentos públicos são financiados. Assim, é possível constatar que a receita orçamentária é constituída tanto pelas receitas provenientes do próprio esforço de arrecadação do ente federado, quanto pelas transferências realizadas pela União, realizadas com o intuito de redistribuir a renda entre os entes da federação. Conforme a norma geral do orçamento público, existem diversos critérios para se classificar a receita orçamentária. Neste estudo foi adotada a classificação por categorias econômicas, o que permite demonstrar o impacto da ação da União na conjuntura econômica do ente federado. Dessa forma, conforme os arts. 11 e 12 da 14 lei supracitada, a receita orçamentária é subdividida em duas categorias: as receitas correntes e as receitas de capital. As receitas correntes, ou também como é chamada de receita ordinária, são àquelas provenientes de uma fonte certa e é constituída por recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, com a finalidade de atender as despesas classificadas como correntes. Estas receitas são resultantes das transações realizadas direta ou indiretamente pelo governo, não resultando em aumento no seu patrimônio ou criação de bens de capital. As receitas correntes são subdivididas, ainda, nas seguintes categorias econômicas: a) Receita Tributária: corresponde à receita composta pela arrecadação de tributos concertes ao ente federado em questão, como taxas, impostos e contribuições de melhorias; b) Transferências Correntes: correspondem aos recursos provenientes de outras pessoas de direito público ou privado, podendo ocorrer entre os entes federados (como é o caso do Fundo de Participação dos Municípios – FPM, objeto do estudo em tela); c) Demais Receitas Correntes: correspondem às receitas provenientes da propriedade de imóveis por parte do governo, como aluguéis, arrendamentos, entre outros, e também receitas originárias de ativos mobiliários, como juros e dividendos, além das receitas provenientes da prestação de serviços. As receitas de capital, ou receitas extraordinárias, como sua própria nomenclatura propõe, são referentes às receitas incertas ou de caráter eventual, não integrando o quadro permanente do orçamento público. As receitas de capital são provenientes das operações de crédito, alienação de bens, transferência de capital, entre outras, e tem como objetivo o atender às despesas classificadas como de capital. Tal como as receitas correntes, as despesas de capital também são subdivididas em: a) Operações de Crédito: são receitas provenientes da captação de recursos através do endividamento do ente federado, como a realização de empréstimos efetuados pelo governo central. Porém, o 15 Senado Federal estabelece limites para estas operações, tomando por base a situação econômica do ente federado; b) Alienação de Bens: são as receitas provenientes da venda de bens patrimoniais, não compondo o fluxo normal do orçamento, uma vez que são receitas esporádicas; c) Transferências de Capital: são receitas provenientes de outros órgãos públicos ou privados, sendo destinados à aplicação em um determinado investimento. d) Outras Receitas de Capital: são as receitas de capital que não se enquadram em nenhum item anterior. 1.1.2. Despesa Orçamentária A despesa orçamentária corresponde a todos os itens relativos ao dispêndio que o ente federado apresentou em determinado período. Como também foi considerado nas receitas orçamentárias, a despesa também é subdividida em categorias econômicas: as despesas correntes e as despesas de capital. As despesas correntes são as despesas inerentes ao funcionamento e manutenção da atividade administrativa pública. Dessa forma, correspondem às atividades que contribuem diretamente para aquisição/formação de um bem de capital . As despesas correntes são classificadas em: a) Despesas de Custeio: correspondem ao conjunto de despesas relativas à compras de bem materiais e imateriais, trabalho e serviços consumidos pelo governo. Um exemplo deste tipo de despesas corresponde à despesa com pessoal, como civis, militares, inativos e pensionistas. b) Transferências Correntes: fazem parte desta rubrica as dotações para as quais não correspondem à uma contraprestação direta de bens e serviços, o pagamento de juros, comissões e encargos de operações de crédito. Já as despesas de capital correspondem aos dispêndios realizados com finalidade de criar novos bens de capital. Fazem parte desta rubrica, ainda, os 16 investimentos realizados pelo governo e o pagamento de amortizações de dívidas. As despesas de capital são subdivididas em: a) Investimentos: São as despesas de planejamento e execução de obras, aquisição de imóveis, equipamentos e materiais permanentes. Um exemplo de despesas que fazem parte desta rubrica é o gasto com a construção de escolas, rodovias, entre outros. b) Inversões Financeiras: Correspondem às despesas relativas à aquisição de imóveis ou bens de capital já em utilização, que não impliquem em aumento de capital; c) Transferências de capital: correspondem às dotações para investimentos e inversões financeiras que outras pessoas realizam, independente de contraprestação direta em bens e serviços. Fazem parte desta rubrica as transferências para outras unidades de governo ou para outro órgão da unidade de governo, destinadas à aquisição de bens de capital. As amortizações de dívidas contraídas também estão inseridas nesta rubrica. 1.2. Procedimentos metodológicos Foram adotados, neste estudo, dois tipos de pesquisa: pesquisa bibliográfica, realizada com o intuito de, sob a posse dos aspectos conceituais, realizar a análise comparativa dos dados empíricos; e a pesquisa documental, com o objetivo de reunir e organizar os dados coletados conforme o objetivo do estudo. De posse dos dados devidamente sistematizados, adotou-se o método comparativo1, sendo o tempo delimitado entre os anos de 2000 a 2005, com o intuito de realizar uma análise do comportamento das transferências intergovernamentais, mais especificamente o Fundo de Participação dos Municípios, entre os municípios 1 Conforme Gil (2000), o método comparativo corresponde à investigação de indivíduos, classes, fenômenos ou fatos, delimitado em um determinado espaço e tempo, com o intuito de ressaltar as diferenças e similaridades entre os objetos de estudo. 17 de Natal, Mossoró, São Gonçalo do Amarante, Tangará, São João do Sabugi, Itajá, Coronel João Pessoa, Ipueira e Timbaúba dos Batistas. O objetivo primordial deste estudo é analisar o comportamento do FPM no período delimitado, o grau de dependência dos municípios em questão em relação a transferência supracitada e conhecer a importância de tal transferência para estes municípios. Para a escolha dos respectivos municípios foi considerada, primeiramente, a disponibilidade dos dados necessários para o período do estudo. Para analisar a importância e relevância do Fundo de Participação dos Municípios na receita dos municípios, levou-se em consideração a receita tributária2 média, para cada um deles, dos sete anos em estudo. Assim, foram escolhidos nove municípios, divididos em três grupos: • O primeiro grupo, constituído pelos três primeiros municípios com maior receita tributária média, sendo eles Natal, Mossoró e São Gonçalo do Amarante; • O segundo grupo, formado pelos municípios com receita tributária média intermediária, quais sejam Tangará, São João do Sabugi e Itajá; • E o terceiro grupo, abrangendo os municípios Coronel João Pessoa, Ipueira e Timbaúba dos Batistas, com menor receita tributária média para os anos em estudo. A presente divisão se justifica na necessidade estratificar os municípios conforme o seu potencial de arrecadação, fazendo, primeiramente, uma comparação entre os municípios com o mesmo perfil de arrecadação, e posteriormente realizar a comparação entre os grupos, possibilitando, assim, uma análise fidedigna da realidade de cada município e da importância do FPM para cada estrato. Nos subitens que seguem, serão apresentadas as etapas percorridas para realização deste estudo. 2 O critério de escolha dos municípios foi baseado na receita tributária uma vez que este tipo de receita evidencia o perfil do município no que diz respeito ao seu potencial de arrecadação, onde quanto maior o potencial de arrecadação, menor a dependência no tocante às receitas provenientes de transferências. 18 1.2.1. Conceitos teóricos Inicialmente foi realizada uma revisão bibliográfica, a fim de levantar os principais conceitos existentes na literatura econômica acerca do federalismo fiscal no Brasil, permitindo a compreensão do significado e da importância deste para a transferência dos recursos e constituindo a base do presente estudo, abordado pelos autores enumerados nas referências, no final deste trabalho. 1.2.2. Base de dados A base de dados utilizada neste trabalho é secundária3, sendo coletadas nos sites dos seguintes órgãos federais: Secretaria do Tesouro Nacional (STN) – www.stn.fazenda.gov.br; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – www.ibge.gov.br; e Tribunal de Contas da União (TCU) – www.tcu.gov.br. Esta base de dados apresenta os traços mais gerais do comportamento das receitas dos municípios, a fim de chegar ao objetivo proposto pelo trabalho. 1.2.3. Procedimento estatístico Considerando que os dados utilizados foram disponibilizados em valores correntes, se fez necessário deflacionar estes valores monetários, utilizando o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), a fim de transformá-los em valores constantes, tomando por base o ano de 2005. A importância deste procedimento se encontra na realização de comparações entre os anos da série histórica adotada. 1.2.4. Análise dos dados Com o intuito de analisar mais detalhadamente as finanças públicas municipais, foram utilizados os seguintes indicadores fiscais: 3 Conforme Gil (2000), são considerados dados secundários àqueles dados não são fornecidos diretamente por pessoas. 19 a) Capacidade de arrecadação própria: Estabelece uma relação percentual entre as receitas tributárias (receitas provenientes do próprio esforço do município, como já foi abordado anteriormente) e a receita corrente. A fórmula é a seguinte: ( RT / RC4 ) x 100, onde RT = receita tributária e RC = receita corrente. b) Grau de dependência em relação às transferências: Estabelece a relação percentual entre o total das transferências correntes e o total da receita corrente. A fórmula é a seguinte: ( TC / RC5 ) x 100, onde TC = transferências correntes e RC = receita corrente. c) Grau de sustentabilidade própria: Este indicador é apresentado por Viol (2000), onde é realizada a comparação entre o recebimento das transferências correntes e a arrecadação própria dos municípios, representado pela seguinte fórmula: [( P – R ) / ( R + P )],onde P = receita tributária e R = receitas de transferências. d) Taxa de participação relativa: Este indicador evidencia a participação de um indicador em relação a outro em termos percentuais. Neste estudo será calculada a taxa de participação relativa do Fundo de Participação dos Municípios em relação às Receitas correntes e em relação às receitas provenientes de transferências, das demais transferências constitucionais em relação às duas receitas em questão, e da receita tributária em relação à receita corrente. Estes cálculos demonstrarão o peso relativo do FPM em relação às variáveis mencionadas. A fórmula é a seguinte: ( A / B ) x 100, onde A é a variável que se deseja conhecer a sua relevância e em relação à variável B. 4 O indicador em questão é calculado neste estudo com base na receita corrente e não com base na receita orçamentária, haja vista que esta última agrega em seu cálculo receitas extraordinárias que distorcem o comportamento desta receita, como no caso de privatizações. 5 Idem. 20 Definidos os conceitos e o procedimento metodológico adotados, parte-se para o desenvolvimento do trabalho em si, onde será apresentado e discutido o referencial teórico acerca do federalismo fiscal. 21 2. FEDERALISMO FISCAL: Conceituação e o caso do Brasil O federalismo é a forma de organização do Estado onde existem diversos níveis de poder que atuam, de maneira articulada com a sociedade, de acordo com as suas atribuições e interesses. Pode-se considerar, dessa forma, que o federalismo se constitui na divisão de tarefas entre os diferentes níveis de poder, onde cada tipo de bem público deve ser provido pelo nível de governo que apresente maior vantagem comparativa em oferecê-lo. Sob a perspectiva fiscal, o federalismo representa a partilha de receitas e despesas entre os entes federados, que passam a apresentar um elevado grau de autonomia em relação ao governo central, formando um conjunto de alianças que constituem a unidade federativa. A teoria econômica da descentralização fiscal6 teve como marco inicial a conceituação do que seria bem público7. Bem público é um tipo de bem que pode ser desfrutado por várias pessoas sem que nenhuma delas seja prejudicada e cujo consumo não pode ser impedido. Existem, segundo Mendes8, três correntes teóricas acerca do federalismo fiscal representadas por Charles Tiebout, Wallace Oates e Roger Gordon. Segundo Tiebout, a nação deveria ser dividida em pequenas jurisdições, sendo cada uma delas administradas por pequenos governos, que decidiriam sobre qual cesta de bens públicos ofertar. Considerando que a existência de cestas diferentes, a população escolheria em que jurisdição morar, revelando suas preferências, sendo esta a idéia do “voto com os pés”. Há, dessa forma, uma competição entre os municípios para atrair um número cada vez maior de famílias. Assim, a descentralização remete a idéia de que o setor público funciona como um mercado, onde os governos locais seriam as firmas, as famílias seriam os consumidores e os impostos representam o preço da cesta de bens. 6 É importante ressaltar que o conceito utilizado neste estudo, que é o de descentralização fiscal, se diferencia do de desconcentração fiscal pelo fato do primeiro envolver, além da partilha de receitas entre os entes federados que o segundo conceito apregoa, a distribuição de poderes. 7 Mendes (2000). 8 Mendes (2000). 22 Segundo Mendes (2000), “Em Tiebout, o grande mérito da descentralização fiscal está no estímulo à concorrência entre os governos locais [...]. Tal concorrência [...] estimularia inovações tecnológicas e a adoção de inovações bem sucedidas por todos governos locais. Já em um sistema em que um único governo central monopolizasse a produção e oferta de bens públicos não haveria tal estímulo à inovação.” Diferentemente de Tiebout, Oates vê o federalismo fiscal como uma situação intermediária entre um governo único e um governo descentralizado, agregando as vantagens de cada um desses extremos e minimizando as desvantagens que cada um apresenta. Um setor público descentralizado encontraria grandes dificuldades para implementar políticas macroeconômicas e ofertar bens públicos que beneficiariam a nação como um todo. Já um governo centralizado seria totalmente insensível às demandas locais, havendo uma uniformidade nas cestas oferecidas. No caso de bens públicos que atinjam todo o país, essa padronização não representaria um problema. Para Oates, os governos locais conhecem melhor as preferências dos residentes de sua comunidade em relação ao governo central. Além do que, para conhecer as demandas locais o governo central incorreria em elevados custos, enquanto que o governo local, pelo fato de estar mais próximo aos cidadãos, obteria essa informação a um custo bem menor. Outro ponto favorável à descentralização diz respeito à indução da participação e fiscalização por parte da sociedade acerca das decisões dos governos locais. Pelo fato do governo estar mais próximo da população e se os gastos públicos são financiados pelos impostos recolhidos dentro da comunidade, os contribuintes ficarão mais atentos na aplicação dos recursos. Como um governo totalmente centralizado e um totalmente descentralizado apresentam problemas, o federalismo fiscal para Oates se constitui na divisão de tarefas entre os diferentes níveis de governo, ficando cada um deles responsáveis pelas tarefas que mais se adequam, cooperando entre si. Porém, considerando que a mobilidade dos fatores de produção e dos cidadãos geram diversas externalidades em um governo descentralizado, o estudo de Oates não se aprofunda neste tema, cabendo esta tarefa para Gordon, que examina quais as diferenças entre o governo centralizado e o descentralizado. Segundo Gordon apud Mendes (2000, p. 426): 23 “A diferença básica entre os dois processos é que, com a decisão descentralizada, cada comunidade não leva em conta os efeitos positivos e negativos de suas decisões fiscais sobre o bem-estar dos residentes de outras comunidades.” Dessa forma, em um contexto decisão descentralizada, existem diversas externalidades, como a exportação de tributos, comportamento free rider e “guerra fiscal”. No que diz respeito à exportação de tributos, como cada comunidade pode criar tributos que incidam apenas nos não residentes (por exemplo, o caso do ICMS9), haveria uma grande utilização desse tipo de tributo, fazendo com que os bens públicos locais fossem financiados por não residentes. Outra externalidade é o comportamento dos governos locais. Um governo local pode deixar de oferecer um bem público, ou oferecê-lo de maneira insuficiente, uma vez que o governo local vizinho já oferta este bem. Esse comportamento é chamado de free rider, onde uma jurisdição tira proveito dos bens públicos ofertados na jurisdição vizinha, sobrecarregando a oferta do bem. A “guerra fiscal” representa a competição apresentada por Tiebout, onde cada governo local tenta atrair ao máximo indivíduos e empresas através de incentivos fiscais, redução de tributos e oferta de bens públicos a fim de gerar um aumento na renda local às custas de outras comunidades. A caracterização dos efeitos positivos e negativos do federalismo fiscal abriu espaço para o surgimento de uma vasta literatura normativa que procura definir as competências tributárias e as responsabilidades de gastos entre os diferentes níveis do governo. Para distribuir competências tributárias entre os entes federados é necessário levar em consideração as características de cada tributo, no que diz respeito a facilidade do mesmo ser “exportado”, a mobilidade de sua base tributária, a economia de escala na sua cobrança, e a viabilidade administrativa pra cobrança do tributo. Quanto maior for a facilidade de se exportar o tributo, a mobilidade de sua 9 O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) funciona da seguinte maneira: um produto é produzido em um estado e ‘exportado’ para outro. O cidadão que consumir este produto ‘exportado’ estará pagando parte do imposto, que está embutido no preço do produto, ao estão exportador. 24 base tributária e a economia de escala na sua cobrança este tributo deve ficar a cargo do governo central e vice-versa. É possível observar, no novo desenho do federalismo fiscal, proposto na Constituição de 1988, uma alteração na base tributária dos entes federados. A centralização proposta pela reforma tributária de 1967 provocou a fragilidade financeira dos níveis inferiores de governo, sendo alterada pela reforma de 1988, realizada no contexto de redemocratização do país. A presente reforma implicou na descentralização tributária através da ampliação da base tributária em favor das instâncias de governo subnacionais e de uma maior participação destas nos tributos federais, por meio da ampliação dos fundos de participação estadual e municipal e pela criação de novos fundos, como é observado no Quadro 1. 25 Competências tributárias 1967 UNIÃO ESTADOS 1988 Renda – IR Renda Produção Industrial – IPI Combustíveis e lubrificantes Energia elétrica Transporte e telecomunicações Minerais – IVM Operações Financeiras Importação Exportação Propriedade Rural Produção Industrial Circulação de Mercadorias (ICM) Transmissão de Propriedade Imobiliária MUNICÍPIOS Prestação de Serviços Propriedade Imobiliária Urbana Transferências intergovernamentais e partilhas de receitas 1967 1988 Fundo de Participação dos Estados (10% do IR + IPI) Fundo de Participação dos Estados (21,5% do IR + IPI) Fundo de Participação dos Municípios (10% do IR + IPI) Fundo de Participação dos Municípios (22,5% do IR + IPI) 40% do IUCI, 60% do IUEE e 90% do IUM, transferidos a Estados, Distrito Federal e Municípios Fundo de Ressarcimento das Exportações (10% do IPI)* Importação Exportação Propriedade Rural Grandes Fortunas Lucro (Contribuição Social) Faturamento (Contribuição Social) Receita do ITR atribuída aos Municípios 50% da Receita do ITR atribuída aos Municípios Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) Transmissão de propriedade Imobiliária causa-mortis Propriedade de Veículos (IPVA) Adicional do IR Federal 20 % do ICM atribuído aos Municípios 25% do ICMS atribuído aos Municípios 50% do IPVA atribuído aos municípios 50% do IPVA atribuído aos municípios Operações Financeiras Fundos de Desenvolvimento Regional (NO, NE e CO) 3% da Recitas do IR + IPÌ Prestação de Serviços Propriedade Imobiliária Urbana Transmissão de Propriedade Imobiliária inter-vivos (*) Compensação pela imunidade tributária à exportação de manufaturados. Fonte: Rezende, 2001 Quadro 1 Brasil: Federalismo fiscal O federalismo fiscal no Brasil é justificado e caracterizado, segundo Rezende (2001), pelas as disparidades regionais e o caráter municipalista. Baseado nestas características peculiares, o autor segue na defensiva do sistema federativo brasileiro, no sentido dos entes federados menos favorecidos, uma vez que, para que estes possam cumprir os novos deveres instituídos através da Carta Magna de 1988 (que anteriormente estavam a cargo do governo nacional) e para melhorar as condições de vida da população local, o governo central deve repassar-lhes parte da receita arrecadada, sendo realizado através das transferências intergovernamentais, que passa a se constituir parte essencial das receitas dos governos subnacionais. 26 As regiões mais desenvolvidas, com maior dinamicidade, requerem um aporte menor de recursos provenientes de transferências, contrariamente às regiões menos favorecidas, onde a sua receita é constituída em sua maioria pelas transferências, o que será observado na comparação realizada posteriormente. Assim, as transferências têm caráter compensatório, sendo a forma encontrada no caso do federalismo brasileiro para compensar as disparidades interregionais. Assim, para o autor em tela, o federalismo fiscal é condição sine qua non para resolução dessas disparidades e para o desenvolvimento das regiões, principalmente as menos desenvolvidas. Uma outra abordagem acerca do federalismo fiscal é realizada por Melo (1996) e Giambiagi (2000), onde, segundo estes autores, existem diversos fatores que justificam o descentralismo fiscal, como fatores de ordem político-instituicionais, econômica e geográfica. Segundo os mesmos, o descentralismo fiscal é viável pela proximidade que o governo local possui da sociedade, reiterando a visão de Oates, citada anteriormente neste capítulo. O descentralismo é advogado, ainda, por manter as características intrínsecas de cada sociedade em particular, ao permitir que o governo local oferte cestas de bens públicos compatíveis com a demanda local. Além do que este fenômeno permite uma maior eficiência na alocação de recursos e maior êxito nas ações governamentais. Giambiagi (2000) em particular defende que o descentralismo fiscal deve ser acompanhado, ao mesmo tempo, de um aporte maior de recursos, realizado através das transferências, em direção aos governos subnacionais para que estes possam fazer frente às novas responsabilidades atribuídas com o advento da Constituição Federal de 1988, que representou um marco para a economia do setor público dos governos subnacionais, principalmente dos municípios, apresentadas no artigo 30 da referida Carta Magna: 27 “Art.: 30. Compete aos Municípios: I – legislar sobre assuntos de interesse local; [...] III – instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; [...] VI – manter, com cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação pré-escolar e de ensino fundamental; VII – prestar [...] serviços de atendimento à saúde da população; VIII – promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano [...]” Porém, um contraponto apontado pelo autor em questão referente às transferências, em particular o caso do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), é que este repasse de recursos estimulou a criação de novos e menores municípios, tanto no que diz respeito ao espaço territorial quanto ao número de habitantes, acarretando em uma crescente fragmentação do país e, consequentemente, na necessidade de aporte cada vez maior dos recursos federais vinculado ao FPM, aumentando os gastos da União e impactando negativamente no equilíbrio das finanças públicas. Dessa forma, o autor em tela defende o descentralismo fiscal, desde que seja acompanhado de uma maior austeridade fiscal, instituída a partir da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), a ser apresentada posteriormente. A questão do federalismo fiscal no Brasil suscita visões dicotômicas a respeito deste fenômeno. Os “pró-federalismo” observam os aspectos positivos acerca deste fenômeno que, resumidamente, a maior proximidade do governo local com a comunidade implica em maior custo-benefício, maior eficiência alocativa e o gasto social é maior do que os problemas econômicos que as transferências intergovernamentais possam representar para as finanças públicas. Já a vertente contrária ao federalismo fiscal, apresentada também por Melo (1996), aponta os problemas advindos deste processo, representados pela ingerência e baixa qualificação dos governos locais, acarretando no provimento inadequado dos bens e serviços públicos. Outra consequência negativa do federalismo fiscal apontada pelo autor em tela é a questão do clientelismo. Os governos locais ficam mais suscetíveis às influências das elites locais, o que a nível nacional esta influência não possui a mesma força que a nível local. Melo suscita, ainda, a questão da fragmentação do país, fragmentação esta que implica, além de um dispêndio maior do governo central no que diz respeito às 28 transferências intergovernamentais em direção aos municípios, em um gasto crescente com pessoal e infra-estrutura devido à multiplicação das estruturas administrativas municipais sem a criação de riqueza. A partir das abordagens teóricas explanadas, o federalismo fiscal no Brasil é bastante é viável considerando a extensão territorial do país e as disparidades interregionais, que inviabilizam a existência de um governo central e unitário, e a proximidade do governo local com os cidadãos, o que provoca um melhoramento nas condições de vida da população local. Nesse contexto, deve ser levada em consideração, ainda, a importância da Lei Complementar 101, de 04 de maio de 2000, denominada Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Com base na Teoria Econômica Neo- Institucionalista, apresentada na introdução deste estudo, a LRF é a instituição que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal10, tendo por objetivo último o equilíbrio das contas públicas11 mediante a restrição do gasto público, e publicação da execução orçamentária dos entes federativos, ocasionando maior transparência das receitas e despesas realizadas pelos entes federativos, permitindo cobrança crescente da sociedade como um todo. A partir da Carta Magna de 1988, com o aumento dos recursos repassados da União em direção aos estados e municípios, representados sob a forma das transferências, houve uma redução no estímulo destes entes em arrecadar, reduzindo, conseqüentemente, o nível de receita própria. A LRF, em seu Capítulo II, resgata a importância desta receita para a manutenção da máquina pública em nível local e redução da dependência das esferas subnacionais em relação à União, sendo a arrecadação de impostos é o requisito essencial para a responsabilidade na 10 Responsabilidade na gestão fiscal significa uma ação planejada e transparente, prevenção de riscos e correção dos desvios que afetam o equilíbrio das contas públicas via cumprimento de metas e resultados entre receitas e despesas, com limites e condições para a renúncia da receita e a geração de despesas com pessoal, seguridade, dívida, operações de crédito, concessão de garantia entre outros. 11 O equilíbrio proposto pela LRF é o equilíbrio auto-sustentável das contas públicas, sendo entendido como o equilíbrio obtido sem incorrer no aumento da dívida pública, representado pela idéia de ‘gastar apenas o que se arrecada. 29 gestão fiscal. Segundo a LRF e a Lei de Crimes Fiscais (Lei nº 10.028) o ato tributar é mais do que um direito da administração pública, passa a ser uma obrigação. A Lei Complementar 101 utiliza, para planejamento do gasto público, tal como a Constituição de 1988, o Plano Plurianual – PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e a Lei Orçamentária Anual – LOA, dando ênfase ao planejamento e a sua vinculação à execução do gasto público. Dessa forma, é possível concluir que o processo de descentralização de receitas, despesas, responsabilidades, direitos e deveres entre os entes federados se torna cada vez mais eficaz e eficiente quando as instituições, sejam elas a sociedade ou até mesmo os instrumentos das finanças públicas, como o caso da LRF, fiscalizam e participam de maneira efetiva no seu planejamento e controle. Com base no que foi explicitado até então, segue o próximo tópico onde serão realizadas as considerações acerca das transferências intergovernamentais, tema deste estudo. 2.1. Transferências intergovernamentais no Brasil As transferências intergovernamentais constituem um instrumento muito importante para reduzir as disparidades interegionais e aumentar a eficiência do setor público. As transferências são utilizadas para reduzir o desequilíbrio vertical12 presente em um sistema federativo, o desequilíbrio horizontal, resultado das desigualdades existente entre as regiões da federação, e para equacionar os problemas advindos das externalidades, como apresentado anteriormente. Porém, trazem consigo impactos perversos, como a expansão do gasto público e um menor esforço em arrecadar, como apresentado nos parágrafos anteriores. 12 Entende-se por desequilíbrio vertical divergência entre a capacidade de tributar e as responsabilidades de gastos, considerando que estados e municípios arrecadam menos impostos do que o montante necessário para fazer frente a todos os gastos que são de sua atribuição. Assim, estados e municípios necessitam receber recursos adicionais, através de transferências, para financiar as atividades de sua atribuição. 30 Assim, o debate apresentado acerca do federalismo fiscal deu abertura a uma vasta literatura normativa13 que procura um modelo ótimo que minimize as suas externalidades e maximize seus benefícios, devendo levar em consideração à utilização das transferências intergovernamentais como instrumento atenuante dos desequilíbrios financeiros decorrentes da redistribuição dos tributos e gastos propostos pela Constituição de 1988. Confrontando os dados apresentados no Quadro 1 e o art. 30 da Constituição Federal de 1988, ambos apresentados na seção anterior, o aumento das responsabilidades, como consequência da descentralização, não foi acompanhado por um aumento na arrecadação de tributos de competência dos municípios, sendo o volume de receita corrente arrecadado insuficiente para fazer frente ao grande volume de despesas proveniente da descentralização. O papel atuante do Estado na economia do país é perceptível através das relações que este mantém com os demais entes federados. É através das relações intergovernamentais que se pretende assegurar um nível desejável de oferta dos bens e serviços públicos em escala nacional, uma alocação ótima de recursos e a distribuição igualitária de renda entre estes, sendo de fundamental importância as transferências intergovernamentais para atingir tais objetivos. A seguir será apresentada a classificação das transferências intergovernamentais no que diz respeito à condicionalidade e à contrapartida. 2.1.1. Classificação das transferências quanto à Condicionalidade 2.1.1.1. Transferências Incondicionais Redistributivas As transferências classificadas como ‘incondicionais’ representam àquelas que não possuem aplicação vinculada a nenhum fim específico, sendo o governo receptor dos recursos responsável por decidir acerca de sua aplicação. Estas 13 Segundo Mendes (2004, p. 429) “Teoria normativa é aquela que diz como se deve fazer algo, em contraposição à teoria positiva, estuda o que está posto, ou seja, como os fatos se dão na realidade”. 31 transferências ainda são classificadas como ‘redistributivas’ porque os critérios utilizados para repartição dos recursos entre os governos subnacionais atendem à fórmulas que apresentam pesos diferentes para cada aspecto, como renda per capita, tamanho da população, entre outros. Este tipo de transferência é utilizado tanto para solucionar o problema do desequilíbrio vertical fiscal quanto para redistribuir receitas arrecadadas das regiões mais ricas para as regiões mais pobres. Os exemplos desse tipo de transferência são o Fundo de Participação dos Estados – FPE – e o Fundo de Participação dos Municípios – FPM, objeto deste estudo, que será abordado com maior ênfase posteriormente. Um dos argumentos apresentados por Mendes (2004) para a existência deste tipo de transferência é conferir capacidade às regiões mais pobres de competir com as regiões mais ricas por investimentos, entre outros fatores. Porém, este fator positivo é contraposto por um argumento um tanto falho, que defende que estas regiões mais pobres já apresentam algumas vantagens comparativas, como por exemplo mão-de-obra mais barata e custo de vida menor. Contudo este argumento contrário às transferências incondicionais redistributivas não apresenta tanta força para rebater o primeiro, uma vez que prevê que as regiões mais pobres permaneçam neste status, sem que o governo possa conferir a capacidade de se desenvolver, mesmo que isso ocorra não pelo seu esforço próprio. 2.1.1.2. Transferências Incondicionais Devolutivas Este tipo de transferência é denominada de ‘devolutiva’ porque seu critério de distribuição determina que os recursos arrecadados sejam entregues ao governo onde foi realizada a arrecadação, ao invés de atender à fórmula que leva em conta aspetos socioeconômicos, regionais ou demográficos (Mendes 2004, p. 18). 2.1.1.3. Transferências Condicionais Obrigatórias Este tipo de transferência é classificado como ‘com contrapartida’ porque o montante transferido é proporcional ao montante que o beneficiário aplica, e a sua 32 obrigatoriedade está prevista em normas ou leis, como é o caso do FUNDEB e do SUS. 2.1.2. Classificação das transferências quanto à contrapartida 2.1.2.1. Com contrapartida Conforme a própria nomenclatura apregoa, as transferências realizadas pelo governo doador devem corresponder a um aporte de recursos financeiros por parte do governo receptor em proporção pré-estabelecida. Este tipo de transferência reduz o custo do governo local na provisão de determinado bem ou serviço público que possui repercussão em outras localidades, porém não é muito utilizado no Brasil. 2.1.2.2. Sem contrapartida As transferências denominadas sem contrapartida são àquelas que são realizadas sem a exigência de contrapartida financeira por parte dos governos receptores. Este tipo de transferência implica em menor comprometimento dos recursos dos governos locais, contribuindo para uma maior liberdade na decisão de alocação dos recursos por parte destes, uma vez que é desnecessária a realização de uma contrapartida. O FPM, objeto deste estudo, também está inserido neste tipo de transferência, reforçando ainda mais seu caráter redistributivo, uma vez que não requer esforços do governo receptor em fornecer uma contrapartida financeira. Após a apresentação das transferências intergovernamentais brasileiras, o capítulo que segue visa aprofundar os conhecimentos acerca do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), objeto do estudo em tela. 33 3. O FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS Inserido no contexto teórico apresentado até então e objeto do estudo em tela, este capítulo apresentará uma discussão em torno, primeiramente, da conceituação do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do comportamento e da importância deste para os municípios em análise com base nos dados coletados. 3.1. O Fundo de Participação dos Municípios (FPM) Com o intuito de reduzir o desequilíbrio vertical e atenuar as disparidades interregionais, sejam elas de ordem social ou econômica, o Governo brasileiro, cumprindo seu dever de promotor do atendimento das demandas sociais dos cidadãos, realiza transferências de recursos para as instâncias menores de governo. Essas transferências são caracterizadas como recursos divididos entre as unidades subnacionais com o intuito de estimular as ações públicas locais para reduzir as disparidades interregionais existentes, uma vez que a capacidade de arrecadação de receita do Governo central é superior à dos demais entes federados. Neste contexto se insere o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que é uma transferência compensatória, incondicional redistributiva e sem contrapartida, prevista no art. 159 da Constituição Federal, sendo, portanto, uma transferência constitucional. O FPM teve origem em 1965, através da Emenda Constitucional nº 18, que determinava que 80% do produto da arrecadação dos impostos sobre a renda e sobre produtos industrializados deveriam ser destinados à União e os 20% restantes seriam divididos igualmente entre o Fundo de Participação do Estado e o do Município. A sua atual nomenclatura foi instituída pela Constituição de 1967. É possível observar que este período remonta à Ditadura Militar, que possuía caráter extremamente centralizador, conferindo valores menores do que os propostos pela base de cálculo apresentada na Constituição Federal de 1988, de caráter descentralizador, sendo observado na tabela que segue a evolução do FPM desde a década de 1970. 34 Tabela 1 FPM: Histórico de evolução Ano Dispositivo legal FPM 1967/68 Emenda Constitucional 18/65 10,0% 1969/75 Ato Complementar 40/68 5,0% 1976 Emenda Constitucional 5/75 6,0% 1977 Idem 7,0% 1978 Idem 8,0% 1979/80 Idem 9,0% 1981 Emenda Constitucional 17/80 10,0% 1982/83 Idem 10,5% 1984 Emenda Constitucional 23/83 13,5% 1985 Idem 16,0% 1985/88 Emenda Constitucional 27/85 17,0% 1988 Nova Constituição Federal 20,0% 1989 Idem 20,5% 1990 Idem 21,0% 1991 Idem 21,5% 1992 Idem 22,0% 1993 Idem 22,5% Fonte: STN. O que você precisa saber sobre transferências constitucionais. A Constituição de 1988, em seu art. 159, determina o repasse para os municípios brasileiros de 22,5% da receita líquida proveniente da arrecadação, por parte da União, do Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre Produtos Industrializado (IPI). Com base na Secretaria do Tesouro Nacional, o cálculo realizado para definir o valor do FPM a ser repassado é o seguinte: RBruta = Arrecadação (IR + IPI) RLíquida = RBruta – Restituições – Incentivos Fiscais FPMTotal = 22,5% da RLíquida Onde: ∗ RBruta é o valor da arrecadação bruta do IPI e IR. ∗ RLíquida é o valor da arrecadação bruta deduzidas as restituições e incentivos fiscais. ∗ FPMTotal é o valor a ser distribuído para os municípios. 35 Deve-se levar em consideração no cálculo da quota correspondente de cada município, com base na sua classificação a ser apresentada em seguida e detalhada nos próximos subitens, o redutor financeiro. O redutor financeiro é um percentual de redução aplicado sobre o ganho adicional no coeficiente de participação devido à aplicação da Lei Complementar nº 91, de 22 de dezembro de 1997, alterada pela Lei Complementar nº 106, de 23 de março de 2001, que será redistribuído automaticamente aos demais municípios participantes do FPM. Segundo a STN, este ganho adicional é referente à diferença entre o coeficiente determinado pela Lei Complementar nº 91/97 e o coeficiente o qual o município deveria realmente participar. A Lei Complementar nº 106/2001 alterou os redutores financeiros inicialmente previstos na Lei Complementar nº 91/97, que ficaram da seguinte forma: • 30% no exercício de 2001; • 40% no exercício de 2002; • 50% no exercício de 2003; • 60% no exercício de 2004; • 70% no exercício de 2005; • 80% no exercício de 2006; • 90% no exercício de 2007. Ainda segundo essa Lei, a partir do exercício de 2008 os municípios passam a ter os coeficientes individuais de participação fixados conforme o caput do art. 1º da Lei Complementar nº 91/97. De acordo com o Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966) os recursos destinados para o FPM são separados em três partes: 10% são distribuídos entre as Capitais; 86,4% entre os demais municípios; e 3,6% constituem uma reserva para complementar a participação dos municípios do interior com mais de 156.216 habitantes e com coeficiente 3,6. 36 Figura 1 FPM: Distribuição FPM Líquido 100% FPM – Capitais FPM – Interior Fundo de Reserva 10% 86,4% 3,6% Resolução do TCU nº População 242/90 População Art. 89 do CTN Distribuição por UF Art. 89 do CTN Renda per capita da População Renda per capita da UF Decreto-lei nº UF Art. 90 do CTN 1.881/81 Art. 90 do CTN Fonte: TCU. Transferências Intergovernamentais Constitucionais e Legais. Aos municípios que correspondem às capitais é limitado o montante a ser recebido pelo FPM por considerar que estes são capazes de financiar suas próprias despesas, uma vez que são centros urbanos mais desenvolvidos e com maior potencial de arrecadação fiscal, diferentemente do caso dos municípios interioranos, onde ainda são destinados aos municípios mais populosos a parcela do FPMReserva. Com base ainda no Decreto-Lei 1.881/81, para fazer o rateamento dos recursos do FPM deve ser levado em consideração, ainda, o cálculo do coeficiente individual de participação de cada município realizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), com base no levantamento do número de habitantes realizado, e publicado no Diário Oficial da União, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) através do censo demográfico, a ser demonstrado na Tabela 2. 37 Tabela 2 FPM-Interior: Coeficiente individual de participação dos municípios do interior conforme o número de habitantes Faixa de habitantes Coeficiente Até 10.188 0,6 De 10.189 a 13.584 0,8 De 13.585 a 16.980 1,0 De 16.981 a 23.772 1,2 De 23.773 a 30.564 1,4 De 30.565 a 37.356 1,6 De 37.357 a 44.148 1,8 De 44.149 a 50.940 2,0 De 50.941 a 61.128 2,2 De 61.129 a 71.316 2,4 De 71.317 a 81.504 2,6 De 81.505 a 91.692 2,8 De 91.693 a 101.880 3,0 De 101.881 a 115.464 3,2 De 115.465 a 129. 048 3,4 De 129.049 a 142.632 3,6 De 142.633 156.216 3,8 Acima de 156.216 4,0 Fonte: Tribunal de Contas da União (TCU) – Decreto-Lei nº 1.881/81. Os coeficientes apresentados na Tabela 2 expressam o perfil o município conforme o número de habitantes residentes. Quanto maior o número de habitantes, maior o coeficiente e maior o aporte de recursos para a localidade em questão, implicando dizer que um maior o contingente populacional necessita de mais aporte de recursos. Porém, municípios que se situam na mesma faixa populacional e em estados diferentes apresentarão o mesmo coeficiente, mas não receberão o mesmo montante de recursos do FPM, pois o percentual de participação de cada estado é diferente. Segundo a STN, a distribuição dos recursos do FPM entre as regiões atende aos percentuais apresentados na Figura 2. 38 Figura 2 FPM: Percentual de distribuição entre as regiões brasileiras Centro-Oeste Centro 7,43% Sudeste 31,22% Sul 17,61% Nordeste 35,22% Norte 8,52% Fonte: Tribunal de Contas da União (TCU) – Decreto-Lei nº 1.881/81 (elaboração própria) A seguir serão demonstrados e descritos os os critérios de partilha das parcelas do FPM-Capital, FPM-Interior Interior e FPM-Reserva. FPM 3.1.1. FPM-Capitais Conforme apresentado no item anterior, aos municípios que são capitais de estados são destinados 10% do FPM, FPM, distribuídos conforme o coeficiente de participação, obtido da seguinte forma: % da população da capital em relação à população total de todas as capitais X Inverso da renda per capita do estado onde se situa o município Dessa forma, para realizar calcular o coeficiente de participação conforme apresentado anteriormente serão apresentados duas duas tabelas onde serão demonstrados o primeiro e o segundo fator da multiplicação. mul 39 FPM Capital: participação da população da capital no somatório da população de todas as capitais Tabela 3 Participação Coeficiente Até 2% 2,0 De 2,1% a 2,5% 2,5 De 2,6% a 3,0% 3,0 De 3,1% a 3,5% 3,5 De 3,6% a 4,0% 4,0 De 4,1% a 4,5% 4,5 Acima de 4,5 5,0 Fonte: Lei nº 5.172/66, art. 91 in Mendes (2008) Tabela 4 FPM Capital: inverso do índice relativo à renda per capita do estado onde se situa a capital Índice inverso Fator Até 0,0045 0,4 De 0,0046 a 0,0055 0,5 De 0,0056 a 0,0065 0,6 De 0,0066 a 0,0075 0,7 De 0,0076 a 0,0085 0,8 De 0,0086 a 0,0095 0,9 De 0,0096 a 0,0110 1,0 De 0,0111 a 0,0130 1,2 De 0,0131 a 0,0150 1,4 De 0,0151 a 0,0170 1,6 De 0,0171 a 0,0190 1,8 De 0,0191 a 0,0220 2,0 Acima de 0,0220 2,5 Fonte: Lei nº 5.172/66, art. 91 in Mendes (2008) Com base nas tabelas acima apresentadas e com base na STN, o montante a ser destinado a cada município de capital é calculado da seguinte forma: FPMC = (α x 0,10 x FPMTotal) Somatório dos coeficientes das Capitais Onde: ∗ FPMC é o valor a ser recebido pelo município referente à capital do estado; ∗ α é o coeficiente individual da capital após aplicação do redutor financeiro; 40 ∗ FPMTotal é o valor total a ser transferido, fornecido pelo STN. 3.1.2. FPM-Interior Com base no que foi apresentado anteriormente, aos municípios que não são capitais de estado são destinados 86,4% do FPM, distribuídos conforme o coeficiente de participação fixado a partir da quantidade de habitantes por município, conforme apresentado na Tabela que segue. Tabela 5 FPM-Interior: Coeficiente de participação dos municípios do interior Faixa de habitantes Coeficiente Até 10.188 0,6 De 10.189 até 13.584 0,8 De 13.585 até 16.980 1,0 De 16.981 até 23.772 1,2 De 23.773 até 30.564 1,4 De 30.565 até 37.356 1,6 De 37.357 até 44.148 1,8 De 44.149 até 50.940 2,0 De 50.941 até 61.128 2,2 De 61.129 até 71.316 2,4 De 71.317 até 81.504 2,6 De 81.505 até 91.692 2,8 De 91.693 até 101.880 3,0 De 101.882 até 115.464 3,2 De 115.465 até 129.048 3,4 De 129.049 até 142.632 3,6 De 142.633 até 156.216 3,8 Acima de 156.216 4,0 Fonte: Decreto-lei nº 1.881/81, in Mendes (2008) A fim conter o movimento de criação de novos municípios, a Lei Complementar nº 062, de 28 de dezembro de 1989, em seu art. 5º, prevê que sempre que houver a criação e instalação de novos municípios os recursos que forem destinados à este novo ente deverão ser deduzidos dos demais municípios do mesmo estado, onde o somatório dos coeficientes de participação dos municípios de cada estado (Tabela 6) está vinculado ao número de habitantes que o estado possuía em 1º de julho de 1989, segundo a estimativa do IBGE. Esta vinculação 41 evita que um determinado estado facilite a criação de novos municípios visando a extração dos recursos que seriam destinados a municípios de outros estados. Tabela 6 FPM-Interior: divisão por estados Estados Participação AC 0,2630 AL 2,0883 AM 1,2452 AP 0,1392 BA 9,2695 CE 4,5864 DF 0,0000 ES 1,7595 GO 3,7318 MA 3,9715 MG 14,1846 MS 1,5004 MT 1,8949 PA 3,2948 PB 3,1942 PE 4,7952 PI 2,4015 PR 7,2857 RJ 2,7379 RN 2,4324 RO 0,7464 RR 0,0851 RS 7,3011 SC 4,1997 SE 1,3342 SP 14,262 TO 1,2955 Fonte: Anexo VII da Decisão Normativa nº 63, de 22 de dezembro de 2004 do TCU in Mendes (2008) Com base no que foi apresentado, é possível concluir que mesmo que dois municípios apresentem o mesmo número de habitantes estes podem apresentar cotas de FPM a receber diferentes um do outro, se estiverem situados em estados distintos. Após estas considerações acerca do FPM-Interior, o cálculo da distribuição atende à seguinte fórmula: 42 FPMJK = (βk x 0,864 x FPMTotal) Somatório dos coeficientes dos Municípios do Estado k Onde: ∗ FPMJK é o valor a ser recebido pelo município j do estado k; ∗ ; βk é o percentual de participação do estado k após aplicação do redutor financeiro; ∗ FPMTotal é o valor total a ser transferido, fornecido pelo STN. 3.1.3. FPM-Reserva O FPM-Reserva foi criado pelo Decreto-Lei nº 1.881/81, e corresponde a 3,6% do valor total do FPM, que tem por objetivo de reduzir o viés do FPM-Interior em favor dos municípios de menor população, sendo destinado aos municípios que possuem população igual ou superior a 142.633 habitantes. À estes municípios são destinados os montantes que correspondem à soma do FPM-Interior com o FPMReserva. O cálculo da quota do FPM-Reserva, segundo a STN, é: FPMR = (φ x 0,036 x FPMTotal) Somatório dos coeficientes dos municípios da reserva Onde: ∗ FPMR é o valor a ser recebido pelo município com população igual ou superior a 142.633 habitantes; ∗ φ é o coeficiente individual do município da reserva após aplicação do redutor financeiro; ∗ FPMTotal é o valor total a ser transferido, fornecido pelo STN. Após a apresentação realizada nos itens e sub-itens anteriores, é possível constatar que o FPM se destina, principalmente, para os municípios de menor porte 43 e menos favorecidos economicamente falando, reforçando a sua importância para o atendimento das demandas sociais e para dinamizar espaços estes espaços, contribuindo para a redução das disparidades interregionais. Dessa forma, o capítulo que segue irá verificar a composição das receitas municipais, a fim de elaborar uma análise descritiva do comportamento do FPM e a sua relevância para as receitas dos municípios de Natal, Mossoró, São Gonçalo do Amarante, Tangará, São João do Sabugi, Itajá, Coronel João Pessoa, Ipueira e Timbaúba dos Batistas. 44 4. COMPOSIÇÃO E EVOLUÇÃO DAS RECEITAS MUNICIPAIS E ANÁLISE DO FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS O referencial teórico exposto no segundo capítulo deste estudo evidenciou que a literatura econômica sobre o federalismo fiscal no Brasil reconhece a Constituição de 1988 como um marco efetivo para a descentralização dos recursos. A partir deste marco, o sistema federativo brasileiro ficou caracterizado pela descentralização fiscal e aumento da autonomia dos estados e municípios. A autonomia que os estados e municípios passaram a apresentar no período posterior à Constituição de 1988 foi acompanhada por uma transferência de competências que anteriormente ficavam à cargo da União. Porém, esta competência de gastar não foi acompanhada pela competência de tributar, aumentando o papel as transferências intergovernamentais. Assim, as transferências intergovernamentais vêm apresentando importância cada vez maior para os municípios para que estes possam fazer frente às suas novas competências. Dentro das transferências intergovernamentais, a que apresenta maior volume para os municípios é o Fundo de Participação dos Municípios. A fim de possibilitar uma análise consistente ao longo deste estudo, foram utilizados indicadores fiscais, conforme expostos nos procedimentos metodológicos, para analisar o comportamento do FPM entre os anos de 1999 a 2005, o que permite avaliar a relevância desta transferência para as receitas dos municípios em estudo. Considerando as características intrínsecas de cada município, como capacidade de arrecadação, tamanho da população, níveis de receitas, tornou-se necessária a divisão destes em três grupos considerando o nível de receita tributária média, conforme abordado, também, nos procedimentos metodológicos, a ser apresentado a seguir. 45 4.1. Composição e evolução das receitas municipais e análise do FPM para os municípios de Natal, Mossoró e São Gonçalo do Amarante Este primeiro grupo de municípios, constituído por Natal, Mossoró e São Gonçalo do Amarante, apresenta os três municípios do estado do Rio Grande do Norte com maior receita tributária arrecadada no período em análise. Os municípios de Natal, capital do estado, e São Gonçalo do Amarante fazem parte da Grande Natal14. Já o município de Mossoró se situa a 28515 km da capital do estado e apresenta o segundo maior nível de receita tributária média arrecadada e do PIB para os anos em estudo16. A composição média das receitas dos municípios deste primeiro grupo evidencia a baixa representatividade das receitas de capital nas receitas orçamentárias de cada município e o papel relevante desempenhado pelas transferências, conforme apresentado na Tabela 7 e nos gráficos 1, 2 e 3. Para o município de Natal, a capital do estado e o município com maior dinamismo econômico do Rio Grande do Norte, demonstrado através do PIB17, para o período estudado, as transferências representam aproximadamente 70% das receitas totais. As transferências provenientes da União correspondem à metade das transferências recebidas, onde os 50% restantes se dividem entre as transferências provenientes do estado e de outras fontes. O Fundo de Participação dos Municípios corresponde à aproximadamente 43% da receita repassada pela União, sendo os 57% restantes divididos entre as demais transferências, tais como as Transferências de Recursos do Sistema Único de Saúde (SUS União) e do Fundo Nacional de 14 A Região Metropolitana de Natal (ou Grande Natal) foi criada pela Lei Complementar Estadual 152, de 16 de janeiro de 1997, e compreende os municípios de Natal (a capital do estado do Rio Grande do Norte), Ceará-Mirim, Extremoz, Macaíba, Monte Alegre, Nísia Floresta, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante e São José de Mipibú. 15 Para maiores detalhes ver IDEMA – Perfil Seu Município no sítio http://www.idema.rn.gov.br. 16 Ver Anexo A. 17 Ver Anexo B. 46 Desenvolvimento da Educação (FNDE), que também apresentam um grande volume de receita transferida. Vale salientar que, como Natal é um município capital e conforme apresentado anteriormente, a metodologia do cálculo do valor do FPM a ser transferido difere dos demais municípios em questão, implicando num percentual de participação nas receitas totais baixo, conforme apresentado na Tabela 7. Tabela 7 Natal, Mossoró e São Gonçalo do Amarante: composição média das receitas para o período de 1999-2005 RECEITAS CORRENTES SÃO GONÇALO DO AMARANTE R$ % R$ % R$ % 551.202.912,51 99,12 154.729.518,54 95,96 46.238.123,48 97,12 Receita Tributária 120.415.366,14 21,73 15.034.142,13 9,32 1.688.986,31 3,55 Impostos 103.227.055,54 18,63 13.718.521,19 8,51 1.585.413,51 3,33 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN 63.184.701,41 11,40 10.807.724,79 6,70 696.992,21 1,46 Outros impostos, taxas e contribuições 40.042.354,13 7,23 2.910.796,40 1,81 901.096,83 1,89 Transferências Correntes 386.640.734,85 69,77 128.551.646,10 79,73 43.254.872,57 90,86 Transferências da União 196.296.858,27 35,42 ESPECIFICAÇÃO / MUNICÍPIOS NATAL MOSSORÓ 68.382.072,30 42,41 18.504.098,05 38,87 15,46 31.119.310,47 19,30 10.911.102,84 22,92 Outras transferências da União 110.642.293,37 19,97 37.262.761,82 23,11 Transferências do Estado 154.894.116,59 27,95 49.468.372,47 30,68 18.883.952,19 39,67 Outras transferências correntes 35.449.759,98 6,40 10.701.201,33 6,64 5.866.822,34 12,32 Demais Receitas correntes – Deduções de Receita Corrente 42.240.373,25 7,62 10.617.428,08 6,58 1.294.264,60 2,72 RECEITAS DE CAPITAL 2.951.311,89 0,53 6.511.760,34 4,04 1.369.085,66 2,88 Cota-Parte do Fundo de 85.654.564,91 Participação dos Municípios – FPM RECEITA TOTAL 7.592.995,21 15,95 554.154.224,40 100,00 161.241.278,88 100,00 47.607.209,14 100,00 Fonte Primária: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil (FINBRA). Valores deflacionados pelo IGP-DI com base média do ano de 2005 (elaboração própria). Para facilitar a visualização dos dados acima apresentados, foram construídos gráficos 1, 2 e 3, sendo possível visualizar o papel relevante das receitas provenientes de transferências para os municípios em análise, onde esta modalidade de receita ultrapassa, ainda de maneira significativa, as receitas obtidas através do próprio esforço do município, apresentadas pelas maiores fatias dos gráficos que seguem. 47 Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Tesour Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA (elaboração própria). Gráfico 1 Natal: composição média da receita para o período de 1999-2005 1999 Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Tesour Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA (elaboração própria). Gráfico 2 Mossoró: composição média da receita receita para o período de 1999-2005 1999 48 Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Tesour Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA (elaboração própria). Gráfico 3 São Gonçalo do Amarante: composição média da receita para o período de 1999-2005 1999 A composição da receita do município de Natal apresenta um caráter diferenciado em relação aos demais, devendo ser levado em consideração que este município é a capital do estado e, consequentemente, tende a apresentar maior dinamismo. A receita eita tributária corresponde 21,73% da receita total do município, representando uma razoável capacidade de arrecadação. As transferências realizadas pelo estado correspondem a rubrica de maior relevância, quando analisadas as receitas provenientes de transferências. trans Ainda no âmbito das receitas provenientes de transferências, a Cota-parte do FPM média recebida é a segunda menor rubrica, correspondendo a apenas 15,46% das receitas totais, Para o município de Mossoró, o segundo maior município do estado, a receita r tributária corresponde à menos de 10% da receita total, onde as transferências entram com a maior parte da receita orçamentária do município no período de estudo, corresponde à 80% das receitas totais. A participação do FPM para o município em questão ão é praticamente o mesmo se comparado com a capital, variando apenas 5%, o que corresponde à 1/5 das receitas de transferências. transferências É importante relembrar que faz parte da rubrica ‘Outras transferências da União’, que corresponde à 23% das receitas totais, as as transferências relativas ao Sistema Único de Saúde e ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, que dividem a sua participação com as demais transferências. 49 Seguindo para o terceiro município do grupo, que apresenta o terceiro maior nível de receita tributária arrecadada para o período em estudo, São Gonçalo do Amarante, a relevância das transferências se mostra cada vez maior, passando de aproximadamente 70% e 80%, nos casos de Natal e Mossoró, respectivamente, para cerca de 91% da receita total do município. O FPM corresponde à aproximadamente 59% das transferências realizadas pela união. Porém, a principal transferência recebida por este município vem do estado, representando aproximadamente 40% da receita total. A rubrica que confere esta expressividade às transferências do estado é a Cota do ICMS18. A receita proveniente da arrecadação própria do município corresponde à apenas 3,5%, evidenciando a dependência das finanças públicas deste município em relação às receitas provenientes de transferências. Com base na tabela e nos gráficos apresentados é possível corroborar a idéia que, mesmo com a descentralização promovida através da Constituição de 1988, a competência de gastar não foi acompanhada pela competência de tributar, sendo o município do Natal o que possui maior competência tributária em relação aos municípios de Mossoró e São Gonçalo do Amarante. Para complementar a Tabela 7, segue a próxima tabela contendo os indicadores fiscais mencionados na metodologia deste estudo, os quais demonstram, em termos percentuais, a ínfima capacidade de arrecadação própria, a dependência destes municípios em relação às transferências, entre outros indicadores. 18 Conforme apresentado no Quadro 1 deste estudo, a Constituição de 1988 determina que 25% do que o estado arrecada de ICMS deverá ser repassado aos municípios. 50 Natal, Mossoró e São Gonçalo do Amarante: indicadores fiscais para o período de 1999-2005 Tabela 8 NATAL MOSSORÓ SÃO GONÇALO DO AMARANTE Capacidade de arrecadação própria 21,85% 9,72% 3,65% Grau de dependência em relação às transferências 70,14% 83,08% 93,55% Grau de sustentabilidade própria -52,50% -79,06% -92,48% FPM / Transf. Correntes 22,15% 24,21% 25,23% Demais transf. / Transf. Correntes 77,85% 75,79% 74,77% FPM / Receita Corrente 15,54% 20,11% 23,60% Demais transf. / Receita Corrente 54,61% 62,97% 69,95% FPM / Receita Tributária 71,13% 206,99% 646,01% Demais transf. / Receita Tributária 249,96% 648,07% 1914,98% INDICADORES FISCAIS Taxa de participação relativa Fonte Primária: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil (FINBRA). Valores deflacionados pelo IGP-DI com base média do ano de 2005 (elaboração própria). Com os indicadores apresentados, verifica-se que os três municípios listados possuem baixa capacidade de arrecadação própria, o que já havia sido observado na tabela que contêm a composição das receitas. O município do Natal apresenta, dentre os demais, a maior capacidade de arrecadação própria, e, apesar do grau de dependência em relação às transferências ainda ser muito elevado, é o menos dependente em relação aos demais. O índice que mais atrai atenção é o relativo à capacidade do município de se auto-sustentar, mediante a sua receita própria. Todos os três municípios apresentam grau de sustentabilidade própria negativo, representando um baixíssimo grau de auto-sustentabilidade das finanças públicas municipais. A elevação dos municípios a entes autônomos federados, através da Constituição de 1988, não implicou na condição destes se auto-sustentarem, sendo cada vez mais dependentes das receitas transferidas pela união. Para reduzir esta dependência, como já foi abordado, a LRF se constitui num esforço contrário a esta condição, realizado através do aumento do esforço do município em tributar. Em se tratando das receitas próprias, o FPM ultrapassa em muito, exceto no caso de Natal, a receita tributária, onde para o município de Mossoró a taxa de 51 participação relativa do FPM em relação à esta receita chega a 207%, sendo ainda maior para o município de São Gonçalo do Amarante, correspondendo à 646% da receita tributária. Para analisar a evolução das receitas ao longo do período estudado, serão apresentados três respectivos gráficos, sendo um para cada município, onde será possível apresentar a representatividade de cada receita e a sua tendência de comportamento ao longo dos anos. Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria Secretari do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA (elaboração própria). Gráfico 4 Natal: evolução das receitas para o período de 1999-2005 1999 Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Tesour Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA BRA (elaboração própria). 52 Gráfico 5 Mossoró: evolução das receitas para o período de 1999-2005 1999 Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Tesour Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA (elaboração própria). Gráfico 6 Os São Gonçalo do Amarante: evolução das receitas para o período de 1999-2005 gráficos acima apresentados ilustram a representatividade das transferências para a receita total dos municípios em análise. É possível perceber, ainda, que a partir ir do ano de 2002, ano seguinte à implantação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), os municípios apresentaram uma elevação nas receitas próprias19, melhor demonstrado no gráfico que segue. 19 A idéia de receita própria apresentada neste trabalho é referente àquela proveniente do próprio pró esforço do município em obter receitas, sendo representada pela rubrica Receita Tributária. 53 Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Tesour Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA (elaboração própria). Gráfico 7 Natal, Mossoró e São Gonçalo do Amarante: evolução da Receita Tributária para o período de 1999-2005 1999 Conforme abordado nos capítulos teóricos deste estudo e em parágrafos anteriores,, a LRF retoma a importância da receita tributária para as esferas subnacionais como forma de manutenção da administração pública e redução da dependência em relação ao Governo Central. Assim, as a linhass de tendência, nas cores vermelhas, apresentadas apresentada no gráfico acima demonstram demonstra a tendência de crescimento da Receita Tributária ao longo do período período estudado, representado o esforço destes municípios em atender às normas instituídas pelo governo, com o viés de aumentar a auto--sustentabilidade das finanças públicas municipais. Porém, mesmo com a implantação da LRF, as receitas provenientes de transferências não apresentaram tendência de redução. No ano de 2001 as receitas recebidas através de transferências apresentaram pequena redução, mas já no n ano de 2003 retomaram o comportamento normal de ascendência, conforme apresentado no Gráfico 8. 54 Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Tesour Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA (elaboração própria). Gráfico 8 Natal, Mossoró e São Gonçalo do Amarante: evolução Transferências Correntes para o período de 1999-2005 1999 2005 das Nos anos de e 2002 e 2003 as transferências apresentaram queda, retomando o comportamento habitual no ano de 2004. A redução do do volume total das d transferências ias no ano de 2002 se deve à redução nas demais demai transferências realizadas pela União, excluindo o FPM. No ano de 2003 a redução do montante das transferências totais se deveu à redução em todos os itens que compõem esta est rubrica. Já no município de Mossoró as transferências só apresentaram redução no ano de 2002, onde a principal rubrica que apresentou queda foi as transferências da União, exceto o FPM. A receita proveniente de transferência, para o município de São Gonçalo do Amarante, Amarante apresentou uma leve redução edução nos anos de 2003 e 2004. 2004 55 4.2. Composição e evolução das receitas municipais e análise do FPM para os municípios de Tangará, São João do Sabugi e Itajá Constituindo este grupo de municípios com nível intermediário de receita tributária média arrecadada no período em análise estão os municípios de Tangará, São João do Sabugi e Itajá. Entre os municípios em questão, Tangará é o que se situa mais próximo da capital do estado, estando a apenas 82 km e o que apresenta maior PIB médio20 e receita tributária média durante o período em estudo deste grupo em análise, enquanto que o município mais distante é São João do Sabugi, se situando a 293 km da capital, e o que apresenta menor PIB21 entre os municípios deste grupo. Na tabela que segue será apresentada a composição média das receitas destes municípios, que serão posteriormente apresentadas em três gráficos, sendo um para cada ente federado. Para o município de Tangará, o qual possui 4º maior PIB entre os municípios estudados, as transferências representam aproximadamente 87% das receitas totais. O montante médio recebido pelo FPM corresponde a 40,65% das receitas totais e aproximadamente 74,3% da receita repassada pela União. A receita própria arrecadada deste município é a menor do grupo em análise, correspondendo a apenas 1,42% das receitas totais. Quando passamos a analisar o município de São João do Sabugi, é perceptível a redução do nível das receitas totais média deste município em relação ao anteriormente analisado, Tangará, onde a receita total média do período em estudo cai quase pela metade. É interessante observar que, apesar da queda do nível das receitas totais entre um município e outro, São João do Sabugi apresenta uma maior taxa participação da receita tributária nas receitas totais em relação ao grupo inteiro, evidenciando uma capacidade de arrecadação própria maior do que a 20 Ver Anexo B. 21 Idem. 56 dos demais municípios deste grupo. As receitas provenientes de transferências constituem mais de 90% da receita total do município de São João do Sabugi. A cota-parte do FPM recebida corresponde a 62,02% das transferências correntes, e quando comparada a sua participação em relação às transferências proveniente da união este percentual passa para 82,67%, evidenciado a relevância do FPM para o município em questão. Tabela 9 Tangará, São João do Sabugi e Itajá: composição média das receitas para o período de 1999-2005 ESPECIFICAÇÃO / MUNICÍPIOS RECEITAS CORRENTES TANGARÁ R$ % SÃO JOÃO DO SABUGI R$ % ITAJÁ R$ % 7.389.069,32 89,54 4.117.382,51 92,06 4.360.961,79 95,98 Receita Tributária 117.489,49 1,42 116.135,92 2,60 112.138,24 2,47 Impostos 117.011,84 1,42 111.972,80 2,50 97.110,95 2,14 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN 53.539,95 0,65 43.482,75 0,97 68.678,16 1,51 Outros impostos, taxas e contribuições 63.471,89 0,77 68.490,04 1,53 28.432,80 0,63 Transferências Correntes 7.153.190,50 86,68 4.088.158,57 91,41 4.482.298,37 98,65 Transferências da União 4.518.036,35 54,75 3.066.601,08 68,57 3.088.176,39 67,97 Cota-Parte do Fundo de 3.354.584,63 Participação dos Municípios – FPM 40,65 2.535.193,63 56,69 2.504.637,34 55,12 1.163.451,72 14,10 531.407,45 11,88 583.539,05 12,84 Transferências do Estado Outras transferências da União 1.083.112,15 13,13 663.660,99 14,84 506.792,72 11,15 Outras transferências correntes 1.552.042,00 18,81 357.896,50 8,00 887.329,26 19,53 Demais Receitas correntes – Deduções de Receita Corrente 143.127,03 1,73 -86.911,97 -1,94 -233.474,82 -5,14 RECEITAS DE CAPITAL 863.062,16 10,46 354.937,42 7,94 182.794,42 4,02 4.472.319,93 100,00 4.543.756,22 100,00 RECEITA TOTAL 8.252.131,48 100,00 Fonte Primária: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil (FINBRA). Valores deflacionados pelo IGP-DI com base média do ano de 2005 (elaboração própria). Itajá, município com o 5º maior PIB dentre o universo dos municípios em estudo, apresenta o menor nível de receita tributária média para o período em estudo do grupo em análise. Porém, o município apresenta taxa participação da receita tributária em relação às receitas totais maior do que o município com maior nível de receita tributária do grupo, que é Tangará. As receitas provenientes de transferências correspondem a quase 99% das receitas totais, evidenciando a dependência que este município mantém em relação às transferências. Do total da receita de transferências correntes, 55,88% é relativo à participação do FPM. Em 57 relação às transferências provenientes da união, o FPM é responsável por 81,09% das receitas as de transferências. Os gráficos que seguem mostram os dados apresentados na Tabela 9, 9 evidenciando, novamente, a importância das transferências para os municípios em estudo. Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil Bra – FINBRA (elaboração própria). Gráfico 9 Tangará: composição média da receita para o período de 1999-2005 1999 Fonte:: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA (elaboração própria). Gráfico 10 São João do Sabugi: Sabugi: composição média da receita para o período de 1999-2005 58 Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA (elaboração própria). Gráfico 11 Itajá:: composição média da receita para o período de 1999-2005 1999 Analisando a composição média da receita do município de Tangará para o período em estudo,, sendo este o município com maior nível de receita tributária arrecadada do grupo em análise, an é possível constatar a relevância das receitas provenientes de transferências, já que o percentual de receita própria arrecadada corresponde a apenas 1,42% das receitas totais. Quando comparado com os outros dois municípios do grupo em estudo, este percentual percentual é o menor, havendo uma participação maior das receitas de capital na receita total. O município de Tangará é o único deste grupo que apresenta valor positivo para o item ‘Demais Receitas Correntes – Deduções de Receita Corrente’. Corrente . Quando analisada as receitas rec provenientes de transferências, as rubricas de maior relevância para este município são a Cota-Parte Parte do FPM e Demais Transferências Correntes, correspondendo a 40,65% e 18,81% da receita total, respectivamente. A composição média da receita de São João do Sabugi evidencia a grande participação das receitas provenientes de transferências na receita total, total correspondendo do a 91,41% da receita total média do período em estudo. A cota-parte do FPM é responsável pela maior parte da receita de transferências correntes, correspondendo a 56,69% das receitas de transferências, representa a rubrica de maior relevância na composição composição da receita, seguida pela rubrica Transferências T do Estado, que corresponde a apenas 14,84% das receitas totais. Assim, é possível concluir luir a importância do FPM para o município de São João do Sabugi, sendo o 59 FPM a principal fonte de recursos financeiros para manutenção da máquina pública local. Passando a analisar o município de Itajá, o qual apresenta o menor nível de receita tributária média arrecadada para o período em estudo, a relevância das receitas provenientes de transferências é cada vez maior, correspondendo a quase 99% das receitas totais. A composição da receita deste município apresenta um comportamento semelhante ao município de Tangará, no que diz respeito às receitas de transferências, onde a segunda maior rubrica também corresponde à Outras Transferências Correntes, sendo esta responsável por 19,53% das receitas totais. A Cota-Parte do FPM é a rubrica mais importante para as receitas totais, como nos demais municípios, correspondendo a 55,12%. Para complementar a tabela e os gráficos acima apresentados, segue a Tabela 10, a qual contém os indicadores fiscais dos municípios em estudo. Tabela 10 Tangará, São João do Sabugi e Itajá: indicadores fiscais para o período de 1999-2005 INDICADORES FISCAIS Capacidade de arrecadação própria TANGARÁ SÃO JOÃO DO SABUGI ITAJÁ 1,59% 2,82% 2,57% Grau de dependência em relação às transferências 96,81% 99,29% 102,78% Grau de sustentabilidade própria -96,77% -94,48% -95,12% FPM / Transf. Correntes 46,90% 62,01% 55,88% Demais transf. / Transf. Correntes 53,10% 37,99% 44,12% FPM / Receita Corrente 45,40% 61,57% 57,43% Demais transf. / Receita Corrente 51,41% 37,72% 45,35% FPM / Receita Tributária 2855,22% 2182,95% 2233,53% Demais transf. / Receita Tributária 3233,15% 1337,20% 1763,59% Taxa de participação relativa Fonte Primária: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil (FINBRA). Valores deflacionados pelo IGP-DI com base média do ano de 2005 (elaboração própria). Analisando a tabela acima, é possível perceber a insuficiente capacidade de arrecadação própria dos municípios e o elevado grau de insustentabilidade própria do município, sendo estes dois efeitos combatidos amplamente pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que estimula os municípios a aumentarem cada vez mais sua receita própria mediante o aumento da capacidade de tributação. 60 Em termos gerais, o município de São João do Sabugi é o que apresenta, neste grupo, melhores indicadores, como maior capacidade de arrecadação própria e maior grau de sustentabilidade própria, sendo seguido por Itajá e Tangará. É interessante observar que, mesmo obtendo o maior nível de receita tributária média arrecadada do grupo, Tangará apresenta os piores indicadores. Este município apresenta a menor capacidade de arrecadação e, consequentemente, o menor grau de sustentabilidade própria. A Cota-Parte do FPM recebida por este município ultrapassa quase trinta vezes o nível de receita própria, e as demais transferências correntes ultrapassam quase 33 vezes este mesmo nível, evidenciando o caráter extremamente dependente das receitas deste município em relação às transferências. Todos os municípios apresentam um elevado grau de dependência em relação às transferências, o que já fora constatado quando analisado os gráficos da composição de receita. A elevada taxa de participação das transferências correntes em relação à receita tributária demonstra a ínfima participação das receitas próprias nas receitas correntes, incorrendo em elevada dependência em relação às demais receitas que não fazem parte do esforço do município em arrecadar. Assim, é possível concluir que, ao passo que o dinamismo econômico22 dos municípios vai diminuindo, a receita tributária também se reduz e a dependência destes em relação às receitas provenientes de transferências aumenta cada vez mais. A seguir serão apresentados os gráficos 12, 13 e 14 que demonstram a evolução das receitas dos municípios em estudo ao longo do período de 1999 a 2005. 22 O dinamismo econômico ora mencionado é medido com base no PIB do município. Ver Anexo II. 61 Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA (elaboração própria). Gráfico 12 Tangará:: evolução das receitas para o período de 1999-2005 1999 Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA (elaboração própria). Gráfico 13 São João do Sabugi: Sabugi: evolução das receitas para o período de 19991999 2005 62 Fonte: Ministério inistério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA (elaboração própria). Gráfico 14 Itajá:: evolução das receitas para o período de 19991999-2005 Observando os gráficos acima, é possível constatar a crescente cre participação, ao longo dos anos em estudo, das transferências trans correntes para os municípios em análise. Como também foi observado no grupo anterior, a partir de 2002 as receitas tributárias apresentaram aumento, devido a implementação da LRF. O aumento das receitas próprias foi acompanhado também pelo aumento das receitas provenientes de transferências, ências, o que pode ser melhor observado no Gráfico 15. 63 Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA (elaboração (elaboraç própria). Gráfico 15 Tangará, São João do Sabugi e Itajá: evolução das Transferências Correntes para o período de 1999-2005 1999 O gráfico acima demonstra a oscilação das transferências para os o municípios de Tangará, São o João do Sabugi S e Itajá.. Nos anos de 2002 e 2003 as transferências apresentaram queda, retomando o comportamento habitual no ano de 2004. No caso de Tangará, esta queda se refere principalmente à redução da rubrica Outras Transferências Correntes. A redução da Cota-Parte Cota Parte do FPM, em maior escala, das Transferências do Estado e Outras Transferências causaram a redução do nível geral das transferências correntes. No município de Itajá, a redução do nível das transferências não foi tão brusca porque houve um aumento na ordem o de aproximadamente 45% das transferências realizadas pelo estado, estado que passaram de R$ 481.890,21 no ano de 2002, para R$ 871.246,62 em 2003, motivado pelo impulso na rubrica referente ao repasse do Sistema Sistem Único de Saúde do Estado (SUS Estado). 64 4.3. Composição e evolução das receitas municipais e análise do FPM para os municípios de Coronel João Pessoa, Ipueira e Timbaúba dos Batistas Este terceiro e último grupo apresentado neste estudo é constituído pelos municípios que apresentaram, para o período em análise, o menor nível de receita tributária média, sendo os de Coronel João Pessoa, Ipueira e Timbaúba dos Batistas. O município de Coronel João Pessoa é o que se situa mais distante da capital do estado, a 453km, e o que apresenta maior nível de receita tributária arrecadada e PIB médio23 do grupo em análise, e município de Ipueira é o que apresenta menor densidade populacional24 e menor PIB médio durante o período em análise, dentre o universo de municípios em estudo, e se situa a 305km da capital do estado. O município de Timbaúba dos Batistas, situado a 282km de Natal, está na posição intermediária do grupo em estudo. Para um estudo mais acurado, será apresentada na Tabela 9 a composição média das receitas destes municípios, que serão posteriormente apresentadas em três gráficos, sendo um para cada ente federado. A composição média das receitas do município do Coronel João Pessoa evidencia o caráter dependente das receitas em relação às transferências dos municípios até então estudados. As transferências representam 97% das receitas totais. O FPM é responsável por 55,74% das receitas totais de Coronel João Pessoa, enquanto que a receita tributária corresponde a menos de 1% da receita total. Já nas receitas do município de Ipueira, o FPM corresponde a 80% da receita total, e as transferências correntes correspondem a mais de 100% das receitas totais. Vale salientar que o montante das transferências ultrapassa o volume das 23 Ver Anexo B. 24 Ver Anexo C. 65 receitas totais devido à rubrica ‘Deduções de Receita Corrente’, que corrige os erros de dupla contagem realizados quando do fornecimento das informações. Este município é o que apresenta maior taxa de participação da receita tributária na receita total, onde 1,07% da receita total média para o período em estudo é fruto do esforço de arrecadação do município. Tabela 11 Coronel João Pessoa, Ipueira e Timbaúba dos Batistas: composição média das receitas para o período de 1999-2005 ESPECIFICAÇÃO / MUNICÍPIOS RECEITAS CORRENTES CORONEL JOÃO PESSOA R$ % TIMBAÚBA DOS BATISTAS R$ % IPUEIRA R$ % 4.451.210,41 96,53% 3.027.544,77 97,38% 3.168.254,47 99,92% Receita Tributária 43.759,60 0,95% 33.336,62 1,07% 18.138,93 0,57% Impostos 43.689,35 0,95% 33.194,45 1,07% 16.971,36 0,54% Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN 20.318,15 0,44% 15.242,65 0,49% 6.686,34 0,21% Outros impostos, taxas e contribuições 23.371,21 0,51% 17.951,80 0,58% 10.285,02 0,32% Transferências Correntes 4.472.547,47 96,99% 3.152.481,44 101,40% 3.371.195,57 106,32% Transferências da União 3.346.875,24 72,58% 2.784.465,45 89,56% 2.852.291,74 89,95% Cota-Parte do Fundo de 2.570.132,77 Participação dos Municípios – FPM 55,74% 2.500.730,49 80,43% 2.571.133,33 81,09% Outras transferências da União 776.742,47 16,84% 283.734,96 9,13% 281.158,41 8,87% Transferências do Estado 497.017,77 10,78% 285.514,49 9,18% 346.152,56 10,92% Outras transferências correntes 628.654,46 13,63% 82.501,50 2,65% 172.751,26 5,45% Demais Receitas correntes – Deduções de Receita Corrente -65.096,66 -1,41% -158.273,28 -5,09% -221.080,03 -6,97% RECEITAS DE CAPITAL 159.950,59 3,47% 81.485,37 2,62% 2.604,66 0,08% RECEITA TOTAL 4.611.161,00 100,00% 3.109.030,14 100,00% 3.170.859,13 100,00% Fonte Primária: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil (FINBRA). Valores deflacionados pelo IGP-DI com base média do ano de 2005 (elaboração própria). No município de Timbaúba dos Batistas, a participação das receitas tributárias na receita total corresponde a apenas 0,57%, enquanto que o montante médio do período de receitas provenientes de transferências correntes ultrapassa em 6,32% as receitas totais. Aproximadamente 7% das receitas totais são descontadas devido à existência de deduções para correção de erros de dupla contagem. Para uma melhor visualização, os gráficos que seguem mostram os dados presentes na Tabela 11. 66 Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA (elaboração própria). Gráfico 16 Coronel João Pessoa: Pessoa: composição média da receita para o período de 1999-2005 Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA (elaboração própria). Gráfico 17 Ipueira:: composição média média da receita para o período de 1999-2005 1999 67 Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA (elaboração própria). Gráfico 18 Timbaúba dos Batistas: Batistas: composição média da receita para o período per de 1999-2005 2005 Analisando a composição média da receita do município de Coronel João Pessoa para o período em estudo, é possível perceber a importância das receitas provenientes de transferências, transferências, uma vez que o percentual de participação da receita tributária butária nas receitas totais não ultrapassa 1,10%. O município que apresenta a maior taxa de participação da receita tributária na receita total é Ipueira, com apenas 1,07%. No caso de Timbaúba dos Batistas a situação é pior, onde apenas 0,08% da receita total tal é de responsabilidade da receita tributária. A representatividade das transferências na receita total deste grupo é superior à dos grupos anteriormente apresentados. O município com menor taxa de participação das transferências totais é o município de Coronel Ezequiel, com 97%. Nos outros dois municípios, a receita proveniente de transferência ultrapassa o montante das receitas totais dos municípios. A Cota-parte do FPM recebida pelo município de Coronel João Pessoa corresponde a apenas 55,74% da receita total deste município, município um percentual bastante inferior se comparado com os demais municípios deste grupo. As receitas provenientes das demais transferências, envolvendo as rubricas ‘Outras Transferências da União’, ‘Transferências do Estado’ e ‘Outras transferências’ tr correspondem a 41,25% das receitas totais, apresentando uma característica diferente dos demais municípios, onde o percentual total desta receita não ultrapassa os 25%. 68 A representatividade do FPM para os municípios de Ipueira e Timbaúba dos Batistas é maior do que comparada com a do município de Coronel João Pessoa. Para os municípios de Ipueira e Timbaúba dos Batistas, a receita proveniente do FPM ultrapassa os 80% da receita total, deixando evidente a dependência das finanças públicas destes entes federados em relação à receita proveniente do FPM. Timbaúba dos Batistas é o município que possui maior dependência em relação ao FPM, e também é o que recebe o maior montante desta transferência em relação aos demais municípios deste grupo. Para complementar a tabela e os gráficos acima apresentados, segue a Tabela 12, a qual contém os indicadores fiscais dos municípios em estudo. Coronel João Pessoa, Ipueira e Timbaúba dos Batistas: indicadores fiscais para o período de 1999-2005 Tabela 12 INDICADORES FISCAIS Capacidade de arrecadação própria CORONEL JOÃO PESSOA 0,98% 1,10% TIMBAÚBA DOS BATISTAS 0,57% IPUEIRA Grau de dependência em relação às transferências 100,48% 104,13% 106,41% Grau de sustentabilidade própria -98,06% -97,91% -98,93% FPM / Transf. Correntes 57,46% 79,33% 76,27% Demais transf. / Transf. Correntes 42,54% 20,67% 23,73% FPM / Receita Corrente 57,74% 82,60% 81,15% Demais transf. / Receita Corrente 42,74% 21,53% 25,25% FPM / Receita Tributária 5873,30% 7501,45% 14174,67% Demais transf. / Receita Tributária 4347,42% 1955,06% 4410,75% Taxa de participação relativa Fonte Primária: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil (FINBRA). Valores deflacionados pelo IGP-DI com base média do ano de 2005 (elaboração própria). Ao analisar a tabela acima, é possível constatar a ínfima capacidade de arrecadação própria dos municípios deste grupo. O grau de sustentabilidade própria do município é negativo, chegando a quase 100%, mostrando que os municípios em estudo não têm capacidade de se auto-sustentarem, aumentando cada vez mais a dependência destes em relação às transferências, dependência esta que ultrapassa os 100% das receitas correntes. Em termos gerais, a elevada taxa de participação das transferências correntes em relação à receita tributária demonstra a insignificante participação das receitas próprias nas receitas correntes, incorrendo em elevada dependência em 69 relação às demais receitas que não fazem parte do esforço do município em arrecadar. O município de Ipueira é o que apresenta, neste grupo, melhores indicadores, como maior capacidade de arrecadação própria e maior grau de sustentabilidade própria, sendo seguido por Coronel João Pessoa e Timbaúba dos Batistas. Para ra o município de Ipueira, a taxa de participação relativa do FPM em relação às transferências correntes e à receita corrente é a maior dentre os demais municípios, ípios, evidenciando a representatividade desta modalidade de transferência para a receita corrente do município. A idéia apresentada na seção anterior de que quanto menor o PIB do ente federado, e consequentemente menor dinamismo da economia local, menor é a capacidade de arrecadação própria da esfera municipal, aumentando a dependência desta em relação o às receitas provenientes de transferências. A seguir serão apresentados os gráficos 19, 1 20 e 21 que demonstram a evolução das receitas dos municípios do grupo em questão ao longo do período em estudo. Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Tesour Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA (elaboração própria). Gráfico 19 Coronel João Pessoa: Pessoa: evolução das receitas para o período de 19991999 2005 70 Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA (elaboração própria). Gráfico 20 Ipueira:: evolução das receitas para o período de 1999-2005 1999 Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA (elaboração própria). Gráfico 21 Timbaúba dos Batistas: Batistas: evolução das receitas para o período de 19991999 2005 Observando os gráficos acima, e conforme observado nos grupos anteriores, é possível constatar a crescente participação, ao longo dos anos em estudo, das transferências ferências correntes para os municípios em análise. A partir de 2002 as receitas tributárias apresentaram discreto aumento, devido a implementação da LRF. As transferências apresentaram algumas oscilações no período em estudo, estudo o que pode ser melhor observado o no Gráfico 22. 22 71 Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil – FINBRA (elaboração própria). Gráfico 22 Coronel João Pessoa, Ipueira e Timbaúba dos Batistas: Batistas evolução das Transferências Correntes Corre para o período de 1999-2005 2005 ber a oscilação das Ao observar o gráfico acima, é possível perceber transferências correntes. Como observado nos grupos anteriores, no período entre 2002 e 2003,, as transferências apresentaram uma redução. Esta redução não se prolonga e em 2004 as transferências voltam a apresentar aumento. Esta redução observada no período supra se deve a uma redução na Cota-Parte Cota Parte do FPM recebido pelos municípios. 72 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo em tela apresentou uma visão geral do desempenho e composição da receita dos municípios do Rio Grande do Norte, tomando como referência os municípios a seguir relacionados, tomados como representativos dos três tipos existentes no Rio Grande do Norte, segundo o nível de receita tributária média para o período em estudo, classificados, assim, em três grupos: Grupo I: Natal, Mossoró, São Gonçalo do Amarante; Grupo II: Tangará, São João do Sabugi, Itajá; Grupo III: Coronel João Pessoa, Ipueira e Timbaúba dos Batistas ao longo do período de 1999 a 2005. O foco central deste trabalho foi a importância das receitas provenientes do Fundo de Participação dos Municípios nas receitas dos municípios em estudo, com o intuito de conhecer a dependência das receitas destes municípios em relação às transferências, com ênfase no FPM, através da utilização de indicadores específicos. Dessa forma, foram extraídos resultados relevantes que compõem as conclusões mostradas a seguir. A apresentação do federalismo no Brasil, realizada no capítulo 2, demonstrou o debate teórico acerca do processo de descentralização fiscal que ocorre no nosso país, permeado por movimentos de centralização e descentralização. A promulgação da Constituição Federal de 1988 elevou os estados e municípios a entes autônomos federados. Esta autonomia foi acompanhada por um aporte de recursos que vai da União em direção dos governos subnacionais. Este aumento no aporte de recursos é apresentado no capítulo 4 do estudo em tela, indica um comportamento diferenciado entre a capital do estado e os demais municípios interioranos, estes com menor dinamicidade. Analisando a composição média da receita do município de Natal para o período em estudo, 69% de sua receita total é proveniente de transferências, sendo o FPM responsável por apenas 15,46%. Porém, quando analisada a composição da receita do município de Timbaúba dos Batistas, o qual apresentou, no universo dos municípios em estudo, a menor receita tributária arrecadada, o FPM corresponde a 81% da receita total do município. 73 O primeiro grupo, composto por Natal, Mossoró e São Gonçalo do Amarante, apresenta capacidade de arrecadação média em torno de 12%, mostrando que a capacidade de financiar políticas públicas e de manutenção da máquina pública, através das receitas próprias, é muito baixa, revelando um padrão de finanças públicas dependente de recursos transferidos, representando cerca de 82,26% de sua receita total. Para os municípios de Tangará, São João do Sabugi e Itajá, que compõem o segundo grupo em análise, capacidade das finanças públicas locais se autosustentarem é ainda menor, onde a capacidade de arrecadação média do grupo em análise não ultrapassa 3%, evidenciando o caráter dependente desta economia em relação às transferências recebidas, onde 99,63% da receita corrente do grupo em questão é proveniente de transferências. A situação dos municípios de Coronel João Pessoa, Ipueira e Timbaúba dos Batistas, que constituem o terceiro e último grupo apresentado neste estudo, é ainda mais grave: a capacidade de arrecadação própria não alcança 1%, impossibilitando a promoção de processo de crescimento econômico auto-sustentado. O grau de dependência deste grupo em relação às transferências ultrapassa os 100%, já que o montante de recursos recebidos através de transferências ultrapassa as receitas correntes, considerando a existência da rubrica ‘Deduções da Receita Corrente’. Para todos os grupos, a taxa geométrica média anual de crescimento das receitas tributárias25 foi maior do que a das transferências correntes, mostrando um crescimento maior das receitas próprias, ainda que de forma insuficiente para que estes entes federados possam se auto-sustentar. O crescimento das receitas tributárias em relação às transferências contraria o que apontou o debate teórico, onde este considera que o repasse de recursos através das transferências reduziria o esforço dos municípios em tributar. O sistema federativo brasileiro utiliza, para a equalização das regiões do país, o sistema de transferências, que ganhou vulto ainda maior após a instituição da Carta Magna de 1988. Com base no que foi apresentado no capítulo 4, conclui-se 25 Ver Anexos D a L. 74 que houve um aumento do volume de receitas transferidas para todos os grupos em análise. Com o passar dos anos, o percentual de participação das transferências correntes e da receita própria nas receitas correntes dos municípios em análise é crescente, onde, ao passo que os municípios aumentam o montante de receitas próprias, as receitas provenientes de transferências também aumentam, não implicando na almejada redução da dependência das finanças públicas em relação às transferências. Por fim, com base no que foi apresentado no capítulo 4, a hipótese levantada neste estudo foi confirmada. Ao passo que o nível de receita própria e a dinamicidade dos municípios, levantada pelo cálculo do PIB, vão reduzindo, maior é a dependência destes em relação às transferências intergovernamentais. De maneira mais direta, o montante recebido através da transferência proveniente do FPM é a principal fonte de recursos recebidos dos menores municípios. A título de exemplo, para o município de Timbaúba dos Batistas, o FPM corresponde, em média para o período em estudo, cerca de 81% das receitas totais, enquanto que para Mossoró, o segundo município com maior receita tributária arrecadada para o período em estudo, e considerando o universo de municípios em análise, o FPM é responsável por apenas 19% das receitas totais26. Assim, conclui-se que, apesar do aumento diferenciado nas receitas próprias de todos os municípios, principalmente após a implementação da Lei de Responsabilidade Fiscal, as receitas provenientes de transferências continuam sendo essenciais para a manutenção e o provimento de políticas públicas e do crescimento econômico da região, onde o FPM se apresenta como a principal fonte de recursos para os municípios menores. Considerando o caráter dinâmico e complexo das finanças públicas, onde existe uma ampla gama de estudos que devem ser realizados para a construção de novos cenários e criação/melhoramento de instituições que visem o pleno funcionamento da economia pública, recomenda-se a realização de mais estudos 26 Nesta comparação não foi considerado o município de Natal, haja vista que a metodologia do cálculo do FPM para este ente federado é diferenciado, o que implicaria numa distorção na comparação. 75 que possam elucidar outros aspectos importantes dos demais tipos de transferências intergovernamentais, assim como das transferências diretas para as economias dos municípios do Rio Grande do Norte e dos demais estados brasileiros, assim como estudos comparativos sobre a importância das transferências entre países com sistemas federativos e unitários de governo. 76 REFERÊNCIAS _______. Senado Federal. Constituição Federal. Disponível em: < http://www.senado.gov.br/sf/legislacao/const/con1988/CON1988_30.06.2004/CON19 88.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2009. ABRUCIO, Fernando Luiz. Os barões da federação: os governadores e a redemocratização brasileira. São Paulo: Hucitec, Departamento de Ciência Política, USP, 1998. BRASIL. O que você precisa saber sobre as transferências constitucionais. Ministério da Fazenda, 2005. Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br>. Acesso em 03 mar. 2009. GASPARINI, Carlos Eduardo e MELO, Cristiano Santos Lúcio de. Equidade e Eficiência Municipal: Uma Avaliação do Fundo de Participação dos Municípios – FPM. Brasília: ESAF, 2003. 72 p. Monografia premiada em 1º lugar no VIII Prêmio Tesouro Nacional – 2003, Tópicos Especiais de Finanças Públicas, Brasília (DF). Disponível em: < www.tesouro.fazenda.gov.br/Premio_TN/VIIIPremio/financas/1tefpVIIIPTN/1premio_t fdp.pdf >. Acesso em 14 fev. 2009. GIAMBIAGI, Fabio; ALÉM, Ana Cláudia. 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Monografia (Graduação em economia) – Departamento de Economia. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2004 Disponível em <WWW...>. Acesso em 08 mar. 09. REZENDE, Fernando. Finanças Públicas. 2ª Edição. São Paulo: Atlas, 2001. STN. Secretaria do Tesouro Nacional. Cartilha FPE/FPM. Fevereiro/2005. Disponível em: <http://www.stn.fazenda.gov.br/servicos/biblioteca_virtual/index.asp>. Acesso em 03 mar. 09 TCU. Tribunal Constitucionais de Contas e Legais. da União. Diálogo Transferências Público. Abril/2005. Governamentais Disponível em: http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/dialogo_publico/dialogo_seminarios/s eminarios_2005/04_transferencias_governamentais.ppt Acesso em 07 mai. 09. VIOL, Andréia Lemgruber. O fenômeno da competição tributária: aspectos teóricos e uma análise do caso brasileiro. In: Brasil, Secretaria do Tesouro Nacional. Finanças Públicas: IV prêmio de monografia do Tesouro Nacional. Brasília: ESAF, 2000. p. 255 – 331 Disponível em: <www.receita.fazenda.gov.br/Historico/EstTributarios/IVMo-nografia/default.htm> Acesso em 03 mar. 09. 78 ANEXOS 79 ANEXO A - Receita Tributária Média dos Municípios do Rio Grande do Norte para período de 1999-2005 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Receita Tributária Média Natal 106.947.565,11 109.125.469,89 114.513.788,01 122.926.661,21 116.189.035,80 128.733.048,95 144.471.994,00 120.415.366,14 Mossoró 11.923.538,93 11.658.017,45 11.571.823,59 14.569.448,30 13.427.491,16 19.074.408,06 23.014.267,39 15.034.142,13 São Gonçalo do Amarante Receita Tributária Municípios 1.092.180,15 1.168.329,04 1.371.800,72 1.797.034,73 1.641.619,90 2.019.752,26 2.732.187,34 1.688.986,31 Açu 718.281,41 467.842,20 972.981,37 1.188.779,71 1.462.217,73 2.176.204,12 3.152.667,33 1.448.424,84 Apodi 332.703,87 163.145,38 1.631.055,22 1.716.767,10 881.575,35 725.909,74 1.233.268,87 954.917,93 Pau dos Ferros 193.974,18 390.992,12 303.957,93 628.937,76 629.639,15 1.022.636,17 832.951,64 571.869,85 Santa Cruz 545.484,03 526.802,38 766.708,11 961.275,93 54.647,33 63.836,69 858.122,31 539.553,83 Extremoz 59.574,66 38.556,21 445.836,26 470.361,35 747.182,13 508.896,25 1.245.068,66 502.210,79 Jucurutu 322.850,41 85.790,18 136.017,59 233.601,27 201.959,83 339.836,97 508.338,24 261.199,21 Arês 99.568,33 90.584,29 98.000,74 305.060,22 297.254,49 278.393,00 286.484,13 207.906,46 Acari 210.524,15 167.027,75 166.419,06 195.364,05 146.169,01 174.621,12 214.393,26 182.074,06 Lagoa Nova 204.119,06 87.595,98 70.158,40 106.126,64 182.057,25 222.793,58 249.535,56 160.340,92 Angicos 114.286,27 166.704,01 169.261,81 170.121,74 134.781,80 127.952,70 231.927,49 159.290,83 Antônio Martins 37.462,09 17.813,73 45.089,28 134.791,69 137.168,31 385.044,21 310.183,28 152.507,51 Umarizal 59.029,70 90.634,95 99.408,63 183.849,98 167.528,38 172.367,83 232.077,16 143.556,66 Patu 58.425,63 66.624,39 87.480,52 144.183,96 174.458,87 185.176,65 229.303,67 135.093,39 Jardim de Piranhas 51.529,67 92.511,59 85.244,09 154.144,91 105.745,35 132.003,54 217.263,83 119.777,57 Tangará 23.257,44 37.202,03 101.203,90 130.927,80 153.879,96 135.305,53 240.649,77 117.489,49 São João do Sabugi 52.109,14 55.992,08 78.004,81 201.789,85 141.368,53 157.636,38 126.050,63 116.135,92 Itajá 84.532,22 96.835,51 144.689,04 44.629,68 89.421,13 163.142,77 161.717,35 112.138,24 Cruzeta 71.118,81 56.744,12 46.309,79 154.914,24 123.159,43 137.347,58 133.281,72 103.267,96 Serra Negra do Norte 51.146,65 42.702,41 56.491,40 156.989,03 105.693,82 129.335,30 138.964,83 97.331,92 Marcelino Vieira 8.144,16 20.819,98 145.051,73 71.099,97 140.621,27 142.717,26 147.606,88 96.580,18 Janduís 30.198,46 64.494,41 40.693,43 120.569,55 97.614,37 115.304,37 206.397,47 96.467,44 Parazinho 16.843,28 26.458,07 25.289,15 127.859,06 118.914,50 156.824,58 164.377,20 90.937,98 80 São Vicente Senador Georgino Avelino 26.352,54 22.139,24 44.302,13 157.541,39 94.286,64 132.100,45 155.257,89 90.282,90 2,03 9.640,33 52.525,08 50.223,01 282.394,57 97.098,95 137.104,01 89.855,43 Ouro Branco 31.994,21 26.458,07 156.299,16 123.899,65 54.575,05 85.797,73 126.286,09 86.472,85 Jaçanã 21.302,63 22.825,79 53.798,67 106.820,48 94.080,06 136.070,05 116.229,53 78.732,46 Luís Gomes 20.212,05 25.988,15 37.733,96 128.130,08 86.601,41 120.941,50 83.046,64 71.807,68 Frutuoso Gomes 23.733,34 34.840,65 48.088,13 65.617,19 59.927,73 57.505,61 96.214,41 55.132,44 Rodolfo Fernandes 82.330,32 18.037,39 32.124,62 175.048,59 19.473,72 16.400,83 23.620,54 52.433,72 Lucrécia 63.686,73 35.660,38 24.131,75 60.289,67 49.845,12 50.845,84 73.819,16 51.182,67 Venha Ver 2.452,64 33.194,09 29.291,46 40.515,82 40.660,94 89.287,00 104.525,56 48.561,07 Serrinha dos Pintos 26.306,53 23.365,43 30.554,62 68.880,56 53.265,12 70.357,22 62.883,99 47.944,78 Itaú 18.264,26 9.570,21 25.695,66 70.509,82 72.492,09 85.652,97 30.546,68 44.675,96 Coronel João Pessoa 4.372,62 36.718,61 16.339,71 47.631,93 55.886,88 75.159,85 70.207,63 43.759,60 Ipueira 16.253,72 10.851,76 8.437,49 28.574,72 33.081,91 30.855,19 105.301,54 33.336,62 Timbaúba dos Batistas 4.617,70 2.064,93 6.296,61 29.952,19 24.454,84 23.345,42 36.240,83 18.138,93 Fonte Primária: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil (FINBRA). Valores deflacionados pelo IGP-DI com base média do ano de 2005 (elaboração própria). 81 ANEXO B - PIB dos municípios em estudo para o período de 1999-2005 Municípios PIB 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Médio Coronel João Pessoa 14.499.986,81 14.715.504,01 13.229.827,37 14.951.822,98 11.034.524,32 11.069.360,71 12.087.969,00 13.084.142,17 Ipueira 7.967.181,78 10.387.519,49 8.836.581,08 8.577.047,84 7.154.817,57 7.223.035,57 7.902.893,00 8.292.725,19 Itajá 28.393.356,02 28.104.258,74 25.978.158,83 24.988.036,64 28.971.864,88 31.749.802,94 29.273.988,00 28.208.495,15 Mossoró 1.406.305.982,79 1.490.738.333,68 1.449.335.021,22 1.577.285.643,83 1.639.135.848,77 1.887.981.790,05 1.707.796.848,00 1.594.082.781,19 Natal 5.695.745.764,33 5.539.106.874,19 5.681.404.593,48 5.717.538.387,22 6.055.578.237,11 6.268.134.376,67 7.038.816.020,00 5.999.474.893,29 711.179.009,00 741.117.862,73 604.576.289,37 484.522.770,92 391.309.062,95 407.621.580,69 1.148.967.679,00 641.327.750,67 18.730.079,51 20.555.697,37 27.687.630,91 21.433.366,35 17.409.449,71 18.354.336,30 20.221.470,00 20.627.432,88 Tangará 34.441.272,72 38.919.761,87 35.010.246,64 34.799.325,22 35.871.964,91 38.261.526,01 38.856.263,00 36.594.337,20 Timbaúba dos Batistas 9.115.494,72 11.166.806,36 9.358.470,95 8.840.409,48 6.952.772,03 7.068.494,42 7.868.045,00 8.624.356,14 São Gonçalo do Amarante São João do Sabugi Fonte Primária: IBGE - Produto Interno Bruto dos Municípios, Produto Interno Bruto a preço de mercado e Produto Interno Bruto per capita, segundo as Grandes Regiões, Unidades da Federação e municípios - 1999-2005 (elaboração própria). 82 ANEXO C - População dos municípios em estudo para o período de 2000-2005 Municípios População 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Coronel João Pessoa 4.374 4.324 4.701 4.698 4.698 4.696 4.692 Ipueira 1.816 1.829 1.900 1.924 1.944 1.964 2.005 Itajá 4.985 5.029 6.246 6.428 6.562 6.708 7.013 212.049 214.901 213.057 215.610 218.380 220.487 224.910 N/D 688.955 709.536 722.144 734.505 744.794 766.081 São Gonçalo do Amarante 61.363 63.441 69.342 72.274 74.479 76.820 82.063 São João do Sabugi 5.427 5.418 5.671 5.694 5.743 5.764 5.808 Tangará 11.031 11.135 12.114 12.347 12.519 12.705 13.095 Timbaúba dos Batistas 2.270 2.230 2.188 2.219 2.242 2.267 2.319 Mossoró Natal Fonte Primária: Boletins do Tribunal de Contas da União: Decisão Normativa nº 23, de 25 de novembro de 1998; Decisão Normativa nº 28, de 15 de novembro de 1999; Decisão Normativa nº 38, de 20 de junho de 2001; Decisão Normativa nº 44, de 12 de dezembro de 2001; Decisão Normativa nº 50, de 12 de dezembro de 2002; Decisão Normativa nº 56, de 28 de abril de 2004; Decisão Normativa nº 63, de 15 de dezembro de 2004. 83 ANEXO D - Taxa média geométrica anual de crescimento de Natal para o período de 1999-2005 NATAL R$ % R$ % RECEITAS CORRENTES 513.622.034,62 99,9997 612.526.089,00 99,9153 Tx média geométrica anual de crescimento % 2,55 Receita Tributária 106.947.565,11 20,8222 144.471.994,00 23,5663 4,39 Impostos 86.714.090,37 16,8828 124.986.953,00 20,3879 5,36 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN 55.378.874,29 10,7820 78.823.457,00 12,8577 5,17 Outros impostos, taxas e contribuições 31.335.216,08 6,1008 46.163.496,00 7,5302 5,69 Transferências Correntes 353.569.514,52 68,8383 436.777.978,00 71,2472 3,07 Transferências da União 186.820.092,23 36,3730 212.890.798,00 34,7268 1,88 Cota-Parte do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 70.888.443,22 13,8016 93.713.675,00 15,2866 4,07 Outras transferências da União 115.931.649,01 22,5713 119.177.123,00 19,4402 0,40 Transferências dos Estados 138.158.325,17 26,8988 171.568.583,00 27,9863 3,14 Outras transferências correntes 28.591.097,13 5,5665 52.318.597,00 8,5342 9,02 Demais Receitas correntes 53.104.954,99 10,3393 31.276.117,00 5,1018 -7,28 1.487,13 0,0003 519.394,00 0,0847 130,84 513.623.521,75 100,0000 613.045.483,00 100,0000 2,56 1999 RECEITAS DE CAPITAL RECEITA TOTAL 2005 Fonte Primária: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil (FINBRA). Valores deflacionados pelo IGP-DI com base média do ano de 2005 (elaboração própria). 84 ANEXO E - Taxa média geométrica anual de crescimento de Mossoró para o período de 1999-2005 MOSSORÓ R$ % R$ % RECEITAS CORRENTES 133.308.211,23 92,1296 187.969.894,91 100,0000 Tx média geométrica anual de crescimento % 5,03 Receita Tributária 11.923.538,93 8,2404 23.014.267,39 12,2436 9,85 Impostos 10.308.907,38 7,1245 21.553.501,16 11,4665 11,11 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN 7.876.332,82 5,4433 16.694.541,32 8,8815 11,33 Outros impostos, taxas e contribuições 2.432.574,55 1,6812 4.858.959,84 2,5850 10,39 Transferências Correntes 116.675.218,68 80,6345 153.084.356,36 81,4409 3,96 Transferências da União 73.996.197,34 51,1389 80.197.661,70 42,6652 1,16 Cota-Parte do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 29.993.298,36 20,7284 30.559.933,14 16,2579 0,27 Outras transferências da União 44.002.898,98 30,4105 49.637.728,56 26,4073 1,74 42.679.021,34 29,4956 55.977.928,27 29,7803 3,95 0,00 0,0000 16.908.766,39 8,9955 4.709.453,62 3,2547 11.871.271,16 6,3155 14,12 1999 Transferências dos Estados Outras transferências correntes Demais Receitas correntes 2005 RECEITAS DE CAPITAL 11.388.220,48 7,8704 0,00 0,0000 -100,00 RECEITA TOTAL 144.696.431,71 100,0000 187.969.894,91 100,0000 3,81 Fonte Primária: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil (FINBRA). Valores deflacionados pelo IGP-DI com base média do ano de 2005 (elaboração própria). 85 ANEXO F - Taxa média geométrica anual de crescimento de São Gonçalo do Amarante para o período de 1999-2005 SÃO GONÇALO DO AMARANTE 1999 2005 Tx média geométrica anual de crescimento % 3,37 R$ % R$ % RECEITAS CORRENTES 40.363.619,32 97,2293 50.911.990,87 99,8431 Receita Tributária 1.092.180,15 2,6309 2.732.187,34 5,3581 14,00 993.070,50 2,3921 2.580.012,76 5,0596 14,61 527.096,21 1,2697 1.224.577,17 2,4015 12,80 Impostos Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN 465.974,29 1,1225 1.355.435,59 2,6581 16,48 Transferências Correntes Outros impostos, taxas e contribuições 38.921.333,12 93,7551 48.820.473,41 95,7415 3,29 Transferências da União 15.385.014,84 37,0600 22.686.877,50 44,4911 5,71 Cota-Parte do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 10.050.809,01 24,2107 13.295.527,00 26,0738 4,08 Outras transferências da União 5.334.205,83 12,8492 9.391.350,50 18,4173 8,42 23.536.318,28 56,6951 14.723.146,19 28,8734 -6,48 Transferências dos Estados Outras transferências correntes 0,00 0,0000 11.410.449,72 22,3769 350.106,05 0,8433 -640.669,88 -1,2564 -209,02 RECEITAS DE CAPITAL 1.150.230,94 2,7707 80.000,00 0,1569 -31,67 RECEITA TOTAL 41.513.850,26 100,0000 50.991.990,87 100,0000 2,98 Demais Receitas correntes Fonte Primária: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil (FINBRA). Valores deflacionados pelo IGP-DI com base média do ano de 2005 (elaboração própria). 86 ANEXO G - Taxa média geométrica anual de crescimento de Tangará para o período de 1999-2005 TANGARÁ R$ % R$ % 6.568.702,02 97,4315 8.082.717,54 97,9085 Tx média geométrica anual de crescimento % 3,01 Receita Tributária 23.257,44 0,3450 240.649,77 2,9151 39,63 Impostos 21.780,45 0,3231 238.852,77 2,8933 40,79 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN 13.542,69 0,2009 65.068,64 0,7882 25,14 Outros impostos, taxas e contribuições 8.237,77 0,1222 173.784,13 2,1051 54,59 Transferências Correntes 6.474.281,71 96,0310 8.318.284,75 100,7619 3,65 Transferências da União 4.131.577,21 61,2824 5.333.244,03 64,6032 3,71 3.360.197,53 49,8408 3.801.143,02 46,0444 1,78 771.379,68 11,4416 1.532.101,01 18,5588 10,30 1.552.309,45 23,0249 771.514,19 9,3456 -9,51 Outras transferências correntes 790.395,05 11,7237 2.213.526,53 26,8131 15,85 Demais Receitas correntes 244.326,77 3,6240 -476.216,98 -5,7686 -210,00 RECEITAS DE CAPITAL 173.163,89 2,5685 172.665,38 2,0915 -0,04 6.741.865,91 100,0000 8.255.382,92 100,0000 2,94 1999 RECEITAS CORRENTES Cota-Parte do Fundo de Participação dos Municípios – FPM Outras transferências da União Transferências dos Estados RECEITA TOTAL 2005 Fonte Primária: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil (FINBRA). Valores deflacionados pelo IGP-DI com base média do ano de 2005 (elaboração própria). 87 ANEXO H - Taxa média geométrica anual de crescimento de São João do Sabugi para o período de 1999-2005 SÃO JOÃO DO SABUGI R$ % R$ % 3.813.230,55 92,1562 4.359.805,00 100,0000 Tx média geométrica anual de crescimento % 1,93 Receita Tributária 52.109,14 1,2593 126.050,63 2,8912 13,45 Impostos 49.773,12 1,2029 114.614,99 2,6289 12,65 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN 11.076,09 0,2677 39.386,27 0,9034 19,87 Outros impostos, taxas e contribuições 38.697,03 0,9352 75.228,72 1,7255 9,96 Transferências Correntes 3.287.870,51 79,4595 4.721.623,53 108,2990 5,31 Transferências da União 2.834.588,67 68,5049 3.535.442,91 81,0918 3,21 2.512.702,13 60,7257 2.850.857,26 65,3896 1,82 321.886,54 7,7792 684.585,65 15,7022 11,38 453.281,84 10,9547 517.519,67 11,8702 1,91 1999 RECEITAS CORRENTES Cota-Parte do Fundo de Participação dos Municípios – FPM Outras transferências da União Transferências dos Estados Outras transferências correntes 2005 0,00 0,0000 668.660,95 15,3369 Demais Receitas correntes 473.250,90 11,4373 -487.869,16 -11,1902 -200,44 RECEITAS DE CAPITAL 324.561,72 7,8438 0,00 0,0000 -100,00 4.137.792,28 100,0000 4.359.805,00 100,0000 0,75 RECEITA TOTAL Fonte Primária: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil (FINBRA). Valores deflacionados pelo IGP-DI com base média do ano de 2005 (elaboração própria). 88 ANEXO I - Taxa média geométrica anual de crescimento de Itajá para o período de 1999-2005 ITAJÁ 3.339.186,44 98,7775 5.358.343,14 94,6691 Tx média geométrica anual de crescimento % 6,99 Receita Tributária 84.532,22 2,5006 161.717,35 2,8572 9,71 Impostos 68.879,40 2,0375 143.996,40 2,5441 11,11 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN 64.683,88 1,9134 58.280,45 1,0297 -1,48 Outros impostos, taxas e contribuições 4.195,52 0,1241 85.715,95 1,5144 53,88 Transferências Correntes 3.254.654,22 96,2769 5.661.568,77 100,0264 8,23 Transferências da União 2.937.010,41 86,8806 2.972.162,81 52,5110 0,17 2.136.038,24 63,1868 2.850.859,26 50,3679 4,21 800.972,17 23,6938 121.303,55 2,1431 -23,64 5,65 1999 RECEITAS CORRENTES Cota-Parte do Fundo de Participação dos Municípios – FPM Outras transferências da União Transferências dos Estados 2005 R$ % R$ % 317.643,81 9,3963 466.639,85 8,2444 Outras transferências correntes 0,00 0,0000 2.222.766,11 39,2710 Demais Receitas correntes 0,00 0,0000 -464.942,98 -8,2144 RECEITAS DE CAPITAL RECEITA TOTAL 41.326,08 1,2225 301.733,23 5,3309 32,84 3.380.512,52 100,0000 5.660.076,37 100,0000 7,64 Fonte Primária: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil (FINBRA). Valores deflacionados pelo IGP-DI com base média do ano de 2005 (elaboração própria). 89 ANEXO J - Taxa média geométrica anual de crescimento de Coronel João Pessoa para o período de 1999-2005 CORONEL JOÃO PESSOA R$ % R$ % 4.199.818,32 99,6575 5.069.088,17 100,0000 Tx média geométrica anual de crescimento % 2,72 Receita Tributária 4.372,62 0,1038 70.207,63 1,3850 48,67 Impostos 4.372,62 0,1038 70.067,63 1,3823 48,63 4.372,62 0,1038 23.690,51 0,4674 27,30 0,00 0,0000 46.377,12 0,9149 Transferências Correntes 4.010.383,51 95,1624 5.388.685,48 106,3048 4,31 Transferências da União 3.444.246,10 81,7285 3.628.152,76 71,5741 0,75 2.512.702,13 59,6239 2.850.857,26 56,2400 1,82 931.543,97 22,1046 777.295,50 15,3340 -2,55 566.137,41 13,4339 371.224,24 7,3233 -5,85 1999 RECEITAS CORRENTES Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN Outros impostos, taxas e contribuições Cota-Parte do Fundo de Participação dos Municípios – FPM Outras transferências da União Transferências dos Estados Outras transferências correntes 2005 0,00 0,0000 1.389.308,48 27,4075 Demais Receitas correntes 185.062,19 4,3913 -389.804,94 -7,6898 -211,23 RECEITAS DE CAPITAL 14.434,40 0,3425 0,00 0,0000 -100,00 4.214.252,71 100,0000 5.069.088,17 100,0000 2,67 RECEITA TOTAL Fonte Primária: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil (FINBRA). Valores deflacionados pelo IGP-DI com base média do ano de 2005 (elaboração própria). 90 ANEXO K - Taxa média geométrica anual de crescimento de Ipueira para o período de 1999-2005 IPUEIRA R$ % R$ % 2.992.811,58 100,0000 3.279.297,89 99,2686 Tx média geométrica anual de crescimento % 1,31 Receita Tributária 16.253,72 0,5431 105.301,54 3,1876 30,59 Impostos 15.669,42 0,5236 105.301,54 3,1876 31,28 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN 13.506,70 0,4513 43.325,92 1,3115 18,12 Outros impostos, taxas e contribuições 2.162,72 0,0723 61.975,62 1,8761 61,50 Transferências Correntes 2.975.587,27 99,4245 3.645.271,65 110,3471 2,94 Transferências da União 2.753.756,40 92,0124 3.197.516,35 96,7930 2,16 2.512.702,13 83,9579 2.850.857,26 86,2992 1,82 241.054,28 8,0544 346.659,09 10,4938 5,33 221.830,87 7,4121 293.359,11 8,8804 4,07 1999 RECEITAS CORRENTES Cota-Parte do Fundo de Participação dos Municípios – FPM Outras transferências da União Transferências dos Estados Outras transferências correntes Demais Receitas correntes RECEITAS DE CAPITAL RECEITA TOTAL 2005 0,00 0,0000 154.396,19 4,6738 970,59 0,0324 -471.275,30 -14,2661 0,00 0,0000 24.160,99 0,7314 2.992.811,58 100,0000 3.303.458,88 100,0000 Fonte Primária: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil (FINBRA). Valores deflacionados pelo IGP-DI com base média do ano de 2005 (elaboração própria). -341,96 1,42 91 ANEXO L - Taxa média geométrica anual de crescimento de Timbaúba dos Batistas para o período de 1999-2005 TIMBAÚBA DOS BATISTAS R$ % R$ % 3.169.355,85 99,5665 3.792.963,81 100,0000 Tx média geométrica anual de crescimento % 2,60 Receita Tributária 4.617,70 0,1451 36.240,83 0,9555 34,22 Impostos 4.617,70 0,1451 28.090,11 0,7406 29,43 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN 3.164,05 0,0994 12.531,26 0,3304 21,73 Outros impostos, taxas e contribuições 1.453,65 0,0457 15.558,85 0,4102 40,31 Transferências Correntes 3.155.541,22 99,1325 4.229.830,23 111,5178 4,27 Transferências da União 2.901.560,39 91,1536 3.213.460,01 84,7216 1,47 2.512.519,53 78,9317 2.851.626,61 75,1820 1,83 389.040,85 12,2219 361.833,40 9,5396 -1,03 253.980,83 7,9789 455.090,41 11,9983 8,69 1999 RECEITAS CORRENTES Cota-Parte do Fundo de Participação dos Municípios – FPM Outras transferências da União Transferências dos Estados Outras transferências correntes 2005 0,00 0,0000 561.279,81 14,7979 Demais Receitas correntes 9.196,93 0,2889 -473.107,25 -12,4733 -275,58 RECEITAS DE CAPITAL 13.800,41 0,4335 0,00 0,0000 -100,00 3.183.156,26 100,0000 3.792.963,81 100,0000 2,54 RECEITA TOTAL Fonte Primária: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil (FINBRA). Valores deflacionados pelo IGP-DI com base média do ano de 2005 (elaboração própria). 92