BRINQUEDOTECA HOSPITALAR: DA TEORIA A CONCEPÇÃO NOS HOSPITAIS DE ITUIUTABA-MG Lília Maria Mendes Bernardi UEMG-Unidade Ituiutaba Email: [email protected] Marília Gomes da Silva UEMG-Unidade Ituiutaba Email: [email protected] Eva Érica Custódio Ferreira UEMG-Unidade Ituiutaba Email: [email protected] GT8: Políticas Públicas Agência Financiadora: PAPq Resumo A presente pesquisa aborda o brincar como uma atividade indispensável no processo de desenvolvimento infantil, um direito que se apresenta tão importante quanto a educação e a saúde. Para que isso aconteça de forma a propiciar à criança novos conhecimentos e habilidades é preciso que o ambiente seja estimulador e apropriado, papel fundamental da Brinquedoteca. A partir da Lei Federal 11.104, de 21 de março de 2005, sobre a obrigatoriedade de instalação de Brinquedotecas nas Unidades de Saúde, reconheceram a importância do brincar para as crianças em situação de internação, visando estimular através de atividades lúdicas na Brinquedoteca Hospitalar deixando-a sua estadia menos traumática. Esta pesquisa tem como questionamento como está sendo implantado o espaço da Brinquedoteca Hospitalar, bem como o ambiente para atendimento as crianças hospitalizadas nos hospitais de Ituiutaba-MG? Traçamos como objetivos conhecer como está sendo implantado o espaço da Brinquedoteca Hospitalar, bem como o ambiente para atendimento as crianças hospitalizadas nos hospitais de Ituiutaba-MG; apresentar a legislação que viabiliza a implantação da Brinquedoteca nos hospitais e apresentar a importância da Brinquedoteca Hospitalar para as crianças que passam pelo atendimento pediátrico.A abordagem metodológica desta pesquisa é de caráter qualitativa, documental e de observação. Embasamos teoricamente em Santos (2008), Cunha (2007), Friedmann (2006), Kishimoto (2010), Steinle (2012), Viegas (2007). Consideramos que os três hospitais da cidade de Ituiutaba-MG, implantaram o espaço da Brinquedoteca, e que todos os recursos materiais são adaptados ao tamanho e especificidade de cada hospital. Palavras-chave: Brinquedoteca. Hospital. Legislação. Introdução O brincar é uma ferramenta ideal para proporcionar e estimular a aprendizagem espontânea e prazerosa, bem como no desenvolvimento da criatividade, imaginação, autoestima, além de melhorar o convívio em grupo. Com ele, a criança se expressa, comunica-se e se relaciona com o mundo a sua volta e o explora. Friedmann (2006) aponta que o brincar é um momento de diversão e as crianças aprendem, desenvolvem-se integralmente e interajam entre si. Autoras como Friedmann (2006) e Kishimoto (2010) apontam que a brincadeira na Idade Média tinha como objetivo divulgar princípios de moral, ética e conteúdos escolares, portanto, não era importante, pois estava ligada ao jogo de azar. Já no Renascimento, era visto como conduta livre, em que a criança ao brincar favorecia o desenvolvimento da inteligência e facilitava os estudos. Atualmente o ato de brincar não é passatempo, é coisa séria, pois através de vários estudos (CUNHA, 2007; FRIEDMANN, 2006 e SANTOS (2008), comprovam que a criança ao brincar conhece e explora o mundo, cria e imagina, melhora seu convívio em grupo e em sua socialização e desse modo contribui para a construção de sua personalidade. Em razão da escassez de praças e parques, devido ao crescimento das cidades e a diminuição de espaços destinados ao lazer, foram criadas as Brinquedotecas. No Brasil surgiu na década de 80, em São Paulo, para atender crianças com necessidades especiais, no entanto privadas. (FRIEDMANN, 2006). A Brinquedoteca é um espaço destinado a ludicidade, do prazer, das emoções, criatividade, no desenvolvimento da imaginação, do pensamento e da construção dos conhecimentos. Para Santos (2008) a brinquedoteca é um espaço que propicia o brincar livremente, que possibilita a expressão das necessidades do ser humano que possam impedir o acesso à felicidade. A Brinquedoteca segundo Cunha (2007, p. 13), “é um espaço onde as crianças (e os adultos) brincam livremente, com todo o estimulo, á manifestação de suas potencialidades e necessidades lúdicas”. Ela é também um laboratório de observação e estudos sobre as ideias da ludicidade, dos jogos e brincadeiras. Desse modo a Brinquedoteca a cada dia vem ampliando a sua inserção no âmbito de vários espaços, escolares e não escolares. Assim, como propósito desta pesquisa tem como questionamento como está sendo implantado o espaço da Brinquedoteca Hospitalar, bem como o ambiente para atendimento as crianças hospitalizadas nos hospitais de Ituiutaba-MG? A Brinquedoteca Hospitalar se destina a possibilidade de tornar a recuperação da criança mais prazerosa, dar apoio e melhorar o relacionamento com parentes e amigos, de tudo o que lhe é familiar. Preencher o tempo ocioso, trabalhar o medo e a rejeição dos procedimentos médicos, favorece a alfabetização e o raciocino lógico. Segundo Santos (2008) é evidente o papel do brincar no crescimento gradual da criança e na hospitalização cessa esse processo, causando um corte em sua experiência, pois este ambiente não representa as condições essenciais para contemplar a necessidade infantil. Dessa maneira os objetivos desta pesquisa são: conhecer como está sendo implantado o espaço da Brinquedoteca Hospitalar, bem como o ambiente para atendimento as crianças hospitalizadas nos hospitais de Ituiutaba-MG; apresentar a legislação que viabiliza a implantação da Brinquedoteca nos hospitais e apresentar a importância da Brinquedoteca Hospitalar para as crianças que passam pelo atendimento pediátrico. O que justifica essa pesquisa é o enfoque que os documentos oficiais como as Diretrizes Curriculares para Educação Infantil, dá ao brincar, brinquedos e brincadeiras, como no documento elaborado por Kishimoto (2010) que trata da importância do brincar para a criança de 0 a 5 anos e 11 meses em que a autora aponta que, entre as coisas que a criança gosta está o brincar, que é um dos seus direitos. Para ela o brincar é uma ação livre, que surge a qualquer hora, iniciada e conduzida pela criança. No entanto, a autora aponta que a pouca qualidade pode estar relacionada com a forma como alguns profissionais propõe essa atividade, alguns se opondo, inclusive, à brincadeira livre da criança. Outra justificativa para este estudo é a implantação da Lei 11.104, de 21 de março de 2005, que “dispõe sobre a obrigatoriedade de instalação de brinquedotecas nas unidades de saúde que oferecem atendimento pediátrico em regime de internação”. A abordagem metodológica desta pesquisa é de caráter qualitativo, documental e de observação. Como referencial teórico utilizados na pesquisa, sobressai Santos (2008), Cunha (2007), Friedmann (2006), Kishimoto (2010), Oliveira (2012), Steinle (2012), Viegas (2007) entre outros que trazem reflexões sobre o desenvolvimento da criança através do brincar e da Brinquedoteca em hospitais. Os diferentes tipos e espaços da Brinquedoteca O brincar é uma atividade indispensável no processo de desenvolvimento infantil, é o melhor caminho do prazer, das emoções, da descoberta da individualidade, comunicação e expressão. As brincadeiras estimulam a criatividade e imaginação, e é imprescindível para desenvolvera coordenação motora, contribui para a aprendizagem da linguagem, facilita o ensino-aprendizagema diversão e o prazer. Para que isso aconteça de forma a propiciar a criança novos conhecimentos e habilidades é preciso que o ambiente favoreça e seja estimulador e apropriado. Parte importante das criações das Brinquedotecas. Para Cunha (2007, p. 15) “na brinquedoteca a construção do conhecimento é uma deliciosa aventura, onde a busca pelo saber é espontânea e prazerosa”. As Brinquedotecas surgiram primeiramente na Suécia em 1963, denominada de Lekotek, para atender as crianças portadoras de deficiências. O trabalho nela desenvolvido é parecido ao de uma clínica, cujo objetivo é de orientar as famílias a brincar com seus filhos para estimulá-los melhor. (CUNHA, 2007). Em 1967, na Europa, foram criadas as Toy Libraries (Bibliotecas de Brinquedos) que funcionavam emprestando brinquedos para as crianças levarem para casa. (CUNHA, 2007). No Brasil, surgiu na década de 80, em Indianópolis, São Paulo, para atender crianças com necessidades especiais, no entanto de caráter privado, priorizando o ato de brincar, realizando empréstimo de brinquedos e dando assistência direta à criança. Em 1984, foi fundada a Associação Brasileira de Brinquedotecas (ABBri) com o objetivo de lutar pelo direito das crianças brincarem. A partir daí as Brinquedotecas se multiplicaram em todo o país. (SANTOS, 2008). Há vários estilos de Brinquedotecas como as escolares, comunitárias, terapêuticas, circulantes e nas instituições de saúde, nos hospitais, clínicas entre outros. A Brinquedoteca escolar tem finalidade pedagógica, faz uso do brincar para a construção do conhecimento de forma prazerosa e para proporcionar a ludicidade, no brincar dirigido ou no brincar espontâneo. O brincar dirigido é aquele que o professor propõe desafios, escolhe os brinquedos, e faz os alunos explorar os brinquedos para a aprendizagem de áreas especificas como os conteúdos programáticos. No brincar espontâneo o professor determina as tarefas, registra, observa e avalia o desenvolvimento da criança brincando. (TEIXEIRA, 2012). As Brinquedotecas Comunitárias têm a função de ajudar as comunidades carentes a terem um entretenimento e brinquedos para brincar e são mantidas por associações, prefeituras e organizações filantrópicas. (STEINLE, 2012). Já as Brinquedotecas Circulantes funcionam em um caminhão ou ônibus para as crianças da periferia e outros espaços distantes, na qual são colocados brinquedos e montados alguns móveis. A Brinquedoteca Terapêutica tem a finalidade de ajudar as crianças a superarem algumas dificuldades. E o terapeuta interagirá de forma afetiva e lúdica para motivá-las a brincarem e a conhecer melhor o brinquedo. E para continuar com o trabalho em casa a criança poderá levar o brinquedo. (CUNHA, 2007). Na Brinquedoteca Hospitalar tem como objetivo amenizar as situações e deixar menos traumática a estadia das crianças hospitalizadas ou em tratamento médico. Este ambiente deve ter brinquedos e jogos educativos com intenção de estimular o brincar e ajudar na recuperação da saúde. (STEINLE, 2012). O responsável para atender as crianças, cuidar e supervisionar a Brinquedoteca são os brinquedistas. Este profissional deve ter competências e qualidades primordiais para o desempenho da ludicidade. Segundo CUNHA (2007, p. 73) essas qualidades são: “Sensibilidade (é preciso ser sensível o bastante para respeitar as crianças); entusiasmo (alegria é fundamental para favorecer o lúdico); determinação (não desistir apesar das dificuldades) e competência (é preciso estudar, ter uma preparação acadêmica)”. Além de que, o brinquedista é um educador e tem como finalidade mediar e estimular a construção do conhecimento, despertar a curiosidade e criatividade das crianças através do brincar. Qualquer tipo de Brinquedoteca deve haver uma preocupação com a organização dos espaços e dos brinquedos, pois a decoração do ambiente deve ser alegre, com muitas cores para encantar a criança, chamar atenção e fazê-la sentir que aquele lugar é especial. E na sua organização devem conter vários “cantinhos” diferentes como o Canto do “faz de conta”, canto da leitura, das invenções, sucatoteca, teatro, mesa de atividades, estantes com brinquedos, oficinas, e canto do cinema entre outros. De acordo com Steinle (2012), esses compõem: Canto do “faz de conta”: espaços com mobílias infantis: chapéus, espelhos, bonecas, camarim com fantasias, supermercado e brinquedos de miniaturas. Canto da leitura: Deve ser um acanto afável, com diferentes tipos de livros para atender a todas as faixas etárias e instigar o gosto pela leitura. Canto das invenções: local para inventar, construir e recriar coisas, jogos e brinquedos com matérias diversos. Canto da Sucatoteca: lugar para guardar os objetos que podem servir para fazer coisas diferentes. Canto do teatro: criação de histórias e fantoches, painéis e palco para encenações. Canto da mesa de atividades: lugar para reunir e usar jogos coletivos. Canto da oficina: local para a construção e de restauração de brinquedos quebrados. Canto do cinema: espaço com televisão e DVD. Desta maneira propiciará a criança momentos de prazer, tranquilidade, melhoramento da sua autoestima e consequentemente seu bem-estar. A Brinquedoteca Hospitalar A Lei Federal 11.104, de 21 de março de 2005, “dispõe sobre a obrigatoriedade de instalação de brinquedotecas nas unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico em regime de internação, reconhecendo a importância do brincar das crianças em situação de risco”. E apresenta os seguintes artigos: Art.1- Os hospitais que ofereçam atendimento pediátrico contarão, obrigatoriamente, com brinquedotecas nas suas dependências. Parágrafo único. - O disposto no caput deste artigo aplica se a qualquer unidade de saúde que ofereça atendimento pediátrico em regime de internação. Art 2 - Considera-se brinquedoteca, para os efeitos desta Lei, o espaço provido de brinquedos e jogos educativos, destinados a estimular as crianças e seus acompanhantes a brincar. Desse modo todos os hospitais que oferecem atendimento pediátrico em regime de internação são obrigados a ter em suas dependências uma Brinquedoteca, um espaço provido de brinquedos e jogos educativos, destinado a favorecer e a incentivar as crianças e seus acompanhantes a brincar e se distrair. Segundo Friedmann (2006, p. 23), A implantação de espaços lúdicos em hospitais pediátricos permite um trabalho complementar de comprovada importância para o apoio psicológico às crianças internadas, para a adesão ao tratamento e para lhes dar oportunidade de expressar seus sentimentos e emoções em situações de estresse. A Brinquedoteca Hospitalar além de levar entretenimento é um suporte para o tratamento das crianças hospitalizadas, assim como auxilia em questões que envolvem ansiedade e medo. Desse modo esses espaços devem oferecer à criança conforto e atenção para ajudar a superar o sofrimento da internação. Devido a sua hospitalização a criança e sua família rompem vínculos do seu cotidiano, alteraram seus horários para se adaptarem a rotina do hospital, sofrem mudanças, modificam seus estados emocionais e psicológicos. Conforme Viegas (2007, p. 31) “a doença de uma criança e seu processo de hospitalização podem, em efeito dominó, vir a comprometer o bem-estar da família e até a fragilizar a saúde de seus membros”. Daí vem a necessidade em fazer acompanhamentos psicológicos com a família e acompanhantes dos internados e inseri-los na Brinquedoteca para serem estimulados a brincar com seus filhos, para aliviar a sua tensão e se descontrair. O brincar no hospital contribui para a recuperação da saúde, diminuição do tempo de sua internação, favorece o prazer sobre o sofrimento, relaxamento da tensão e ensina a enfrentar a doença, promovendo a saúde. Assim Viegas (2007, p. 30) afirma que, Quando a criança doente brinca, por meio do relaxamento inerente a essa atividade, diminuindo sua tensão, passa a vivenciar a experiência de sentir um corpo ativo e prazeroso, que faz alguma coisa a seu modo e a seu gosto, o que repercute em todo o seu bem-estar e, consequentemente, colabora para sua recuperação. Por meio da brincadeira a criança coloca para fora de si seus sentimentos e emoções, cria e recria seu mundo, e no hospital, isso é bloqueado, causando um baque em sua vida no qual sua rotina é transformada e assim tendo adaptar-se. Desta forma o hospital apresenta um lugar alegre e descontraído para que ela se sinta alegre e animada além de diminuir o estresse causado pela internação. Quando brinca, a criança se distancia da sua vida cotidiana e entra no mundo imaginário e inicia o processo de autoconhecimento, da sua relação com o outro e com o meio. (KISHIMOTO, 2010). Dentro das Brinquedotecas existem espaços para que sejam trabalhadas certas habilidades e na Brinquedoteca Hospitalar não é diferente, nelas contêm o canto dos bebês, faz de contas, leitura, teatro, oficinas ou artes, informática, e o canto dos adolescentes. A organização destes cantos vária em cada hospital, não precisando necessariamente ser iguais uns aos outros, As atividades lúdicas, seus recursos e materiais devem ser organizados de acordo com as especificidades do ambiente hospitalar. O Profissional da Brinquedoteca Hospitalar O profissional desta área é o brinquedista hospitalar que tem como função levar o brinquedo para as crianças, e mostrar como brincar e se divertir com elas também, deste modo ela vai se sentir mais contente e encorajada a enfrentar seus medos. É importante ressaltar que a Brinquedoteca deve ser um espaço alegre, agradável e criativo, onde as mesmas possam sentir alegria e conforto. Ao mencionar sobre o papel do brinquedista, Viegas (2008, p.73), “para que exerça o seu papel em toda sua abrangência, é conveniente que tenha formação adequada, pois nem deverá superproteger nem propor uma brincadeira que lhe proporcione mais frustração”. Desta forma, de acordo com Associação Brasileira de Brinquedotecas (ABBri1),o profissional da Brinquedoteca Hospitalar terá formação teórico-prática na área do desenvolvimento infantil, das atividades lúdicas e dos recursos organizacionais próprios desses espaços, além de conhecimento acerca das normas da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do local.Não basta ele ter esta formação, ele deverá também, gostar de brincar, ter um bom equilíbrio emocional, ser atento ao que se passa a seu redor,ser comunicativo e acolhedor sem ser hostil,pode ser uma psicóloga e/ou pedagoga.(VIEGAS, 2007, p 106). 1 Associação Brasileira de Brinquedoteca. Disponível em http://brinquedoteca.net.br/. Acesso em 15 jul 2014. Para ajudar e evitar que a criança fique defasada em relação ao ensino, o pedagogo deve estar preparado para trabalhar em qualquer ambiente para proporcionar aprendizagens às crianças impossibilitadas de frequentarem a escola. Desinfecção dos brinquedos No ambiente hospitalar as pessoas estão expostas a adquirir alguma contaminação, deste modo todos os cuidados devem ser tomados em relação à higiene e à esterilização dos brinquedos. Essa higienização, na Brinquedoteca é obrigatória para a prevenção de contaminações que devem ser prescritas em normas assim como a seleção de materiais que podem ser esterilizados e medidas preventivas. Os bichinhos de pelúcia devem ser evitados, pois são difíceis esterilização. Viegas (2007 p. 149) afirma que, “na escolha dos brinquedos, devem ser considerados alguns aspectos: os riscos de transmissão de microrganismos para os pacientes, a natureza do material do qual é confeccionado o brinquedo e se este é passível de limpeza e desinfecção”. A infecção é causada por microrganismos que podem ser transmitidos pelo contato direto e indireto, por gotículas e por via aérea. No contato direto é transmitido de uma pessoa para outra por contato físico pelas mãos. O indireto transmite-se por manuseio inadequado de equipamentos e materiais de difícil desinfecção. Por gotículas acontece pelo espirro, tosse ou até mesmo pela fala. Já pela via aérea espalham-se pelas gotículas de tosse, espirro ou fala que permanecem no ar por longos períodos. (VIEGAS, 2007) Os microrganismos também podem ser transmitidos pelas mãos; por isso, é fundamental a higienização das mãos que devem ser lavadas com água e sabão ou utilizando o gel alcoólico. Por isso a importância da seleção de brinquedos, escolhendoos os de fácil limpeza. De acordo VIEGAS (2007, p. 107), Os brinquedos sujos devem ser colocados em local adequado. As pessoas que efetuarão a limpeza receberão treinamento adequado e devem efetuá-las com aventais e luvas. Os brinquedos mais utilizados devem ser desinfetados diariamente. Os brinquedos menores, sobretudo os de plástico rígido, devem ser lavados com água e sabão, ou imersos em solução de detergente enzimático. Em seguida, imersos em solução de hipoclorito de sódio 1/10 por 10 a 20 minutos. O hipoclorito é removido com água, sendo o brinquedo enxaguado também em água fria. Secar com ar seco ou utilizar máquina de lavar com ciclo de água quente. Os brinquedos maiores, mesmo quando não utilizados, devem ser limpados no mínimo uma vez por semana com detergente neutro e desinfetados com álcool 70%. Se houver necessidade de desinfecção por processo físico, é utilizada a termo desinfecção com temperatura de 60 a 95° C por 10 a 30 minutos. Desta forma, todo e qualquer objeto da brinquedoteca devem ser desinfetados diariamente, até os que são levados para os quartos, para que não aja contaminação. Visto que o hospital deve garantir um ambiente seguro para todos os pacientes. Análises de Dados Os dados apresentados a seguir foram obtidos através da observação e de documentos dos três hospitais da cidade de Ituiutaba- MG. Para garantir o sigilo, eles serão identificados por Hospital A, Hospital B e Hospital C. O Hospital A o ambiente destinado a Brinquedoteca que atende as crianças, adolescentes e acompanhantes é denominado “Sala Lúdica” pela equipe administrativa do hospital, é um espaço com cores alegres e vivas, bastante arejada, com ventilador no teto, bem iluminada contempla aproximadamente 1,50m por 1,80m. O responsável pelo atendimento é uma psicóloga. No Hospital B, o espaço lúdico recebe a denominação de “Cantinho Mágico”, é um espaço pequeno, pouco arejada, no teto possui um ventilador, o piso liso e com uma metragem de 1,60m por 2,80m. O responsável pelo atendimento é uma psicóloga. No Hospital C o ambiente é denominado “Brinquedoteca” com um espaço grande, arejada e bem iluminada, tem paredes de cor clara, piso liso e marrom, com janelas, cortinas e ventiladores, ele mede aproximadamente 3,60m por 4m. O responsável por este espaço é um psicólogo e assistentes sociais. De acordo com Viegas (2007, p. 95), “as dimensões dessas salas também divergem de uma instituição para outra e, é claro, estão diretamente relacionadas ao número de crianças atendidas e à disponibilidade de espaços do hospital”. A Associação Brasileira de Brinquedotecas sugere que o espaço físico tenha 2m² por criança. Em relação à composição de cada ambiente, temos no Hospital A, o “Cantinho Mágico” organizado com uma mesa pequena no centro da sala com quatro puffs de cores variadas, onde as crianças podem desenhar e colorir, na parede há um mural para que elas exponham suas atividades, ao lado do mural tem um armário com prateleiras separadas, com vários brinquedos como jogos, bonecas, quebra-cabeça, peças de encaixe, móbiles, carrinhos, sopradores, jogo de dama, casinha de boneca, dados infantis, velotrol, maleta de médico, alfabeto móvel, lápis de cor, folhas A4. No canto perto da porta há um cesto de lixo com tampa e na parede fixado por cima do cesto tem um recipiente com álcool em gel para a higienização das mãos. No outro canto da sala, há uma mesinha de cor azul para colocar os brinquedos que foram utilizados pelas crianças. Esses brinquedos sujos e usados são levados para uma sala de esterilização, na qual são limpos e devolvidos para a sala lúdica. No Hospital B, o local possui uma janela com cortina de cor marrom, as paredes brancas com poucos enfeites, um suporte de papel toalha e um suporte para pendurar o soro. Contém uma prateleira fixada no alto da parede com alguns jogos como quebracabeça, damas, dominó, carimbos de transportes, jogos de memória, jogo de vareta, jogos de montagem e brinquedos como móbiles, um patinho com encaixe de formas, palhaço de encaixe educativo e pedagógico, para brincar, desmontar, montar, avião com controle remoto, celular de brinquedo, jogo de chá, tartarugas e dinossauros de plásticos, blocos de madeira em forma de castelo. Ainda possui uma caixa com revistas para recortes, um tapete de emborrachado em forma de letras e no outro tapete um carrinho, robô, bola e um velotrol. A sala em duas mesinhas de alumínio com figuras infantis com oito cadeiras, e em cima alguns brinquedos como, um estetoscópio, bola média de várias cores, jogo de dominó de plástico, gibis, livros infantis, um peixes para montagem de formas, jogo do mico, folhas A4, um suporte com vários lápis de escrever e colorir, uma bolsinha transparente com vários apontadores. O ambiente consta também de uma televisão. No Hospital C, um espaço grande, com paredes de cor clara, piso liso e marrom, janelas, cortinas, ventiladores, além de uma pia e lavatório (necessário conter para desinfecção dos brinquedos). Possui TV, livros, DVDs infantis. No centro há duas mesas pequenas com tamanhos diferentes com cadeiras por cima. Há vários colchões dos leitos empilhados, ocupando grande parte da Brinquedoteca. Nela continha também bonecas, jogos de encaixe, dama, xadrez, jogo de mico, cartas e de cruzar palavras, maleta de médico, gibis, carrinhos, telefone de plástico, lápis de cor, folhas A4, carrinho de bonecas, cavalinho de balanço miniaturas de cozinha e quarto, fantoches e bolas pequenas de várias cores. E para as crianças que não podiam sair dos quartos eram levados um armário com rodas, com televisão, DVD, fantoches e bonecas. Para Viegas (2007), “cada hospital escolhe e adapta o padrão de cores dos móveis, pois cada sala tem sua personalidade”. Em relação aos documentos pesquisados, no Hospital A foram-nos cedidos pela administração o “Manual de Normas e Rotinas dos Ambientes Lúdicos”, é uma documentação muito clara sobre critérios e rotinas de seu funcionamento e higienização, contêm a história, como é a sala, por quem é usada, público-alvo atendido, os profissionais responsáveis, brinquedos, atividades desenvolvidas, limpeza e desinfecção dos brinquedos. De acordo com o Manual a Brinquedoteca é “um espaço educativo, pedagógico, socializador, capaz de proporcionar minimização do sofrimento emocional da criança e seus acompanhantes, que permanecem em um leito com os mais diversos sentimentos, provocados pelo adoecimento e hospitalização”. Hospital B a análise da documentação foi fornecido para a observação pela psicóloga dito como Procedimento Operacional Padrão (POP), que apresentava resumidamente a definição do espaço, sua importância e higienização dos brinquedos. De acordo com o POP (s/d), a rotina de uma criança é sempre agitada e estando no hospital ela fica sem atividade. A brinquedoteca vem para garantir um espaço destinado ao ato de brincar, tem como objetivo auxiliar na recuperação da criança, utilização do lúdico facilita a aceitação da criança no hospital. Já o Hospital C a análise documental não disponibilizado, pois o documento está em reformulação devido a mudança da Brinquedoteca para outro pavilhão. Considerações finais Neste contexto, foi possível verificar através das observações o quanto é fundamental e imprescindível a Brinquedoteca nos hospitais e a sua utilização uma vez que, a criança depende desse espaço para melhor desenvolvimento da sua saúde física, intelectual e emocional. Sendo o brincar um direito de todas as crianças, até mesmo daquelas que se encontram internadas é por meio das brincadeiras que elas enfrentam seus medos e aumenta sua autoestima. Com a criação da Lei 11.104/2005 sobre a implantação de Brinquedotecas Hospitalares novos olhares foram surgindo sobre a importância do brincar, e particularmente o brincar no hospital, uma conquista que beneficiam e ajuda muito na recuperação das crianças em estado de internação. Assim, sabendo que é papel do pedagogo trabalhar com a questão do ensino e aprendizagem, no hospital, ele poderá dar continuidade, pois esse processo não pode ser interrompido devido a internação da criança. Desta forma percebemos que para o cumprimento da Lei todos os três hospitais da cidade de Ituiutaba-MG, implantaram o espaço da Brinquedoteca, e que todos os recursos materiais são adaptados ao tamanho e especificidade de cada hospital. Referências ABBRI. Associação Brasileira de Brinquedotecas. em:<http://brinquedoteca.net.br/?p=418> Acesso em 15 de Jul de 2014. Disponível BOMTEMPO, Eddna, GOING, Luana Carramillo (Orgs). Felizes e Brincalhões: Uma reflexão sobre o lúdico na educação. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2012. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Lei 11.104, de 21 de março de 2005. CUNHA, Nylse Helena Silva. Brinquedoteca: um mergulho no brincar. 4. ed. São Paulo: Aquariana, 2007. FRIEDMANN, Adriana. O desenvolvimento da criança através do brincar. São Paulo: Moderna, 2006. KISHIMOTO, Tizuko Morchida (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeiras e a educação. 13.ed. São Paulo: Cortez,2010. _______,O brincar e suas teorias. 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