OS AMBIENTES DE APRENDIZAGEM COMO RECURSOS PEDAGÓGICOS: CRIAÇÃO DA BRINQUEDOTECA 1 Josiani Muniz Batista. 2 Marlene Xavier. 3 Helenice Staff Área de Conhecimento: Ciências Humanas Palavras-chaves: criança, brinquedo, brinquedoteca, imaginação. INTRODUÇÂO O trabalho procurou mostrar a importância que o ambiente físico e os arranjos espaciais existentes nas creches e pré-escolas desempenham nos processos educativos das crianças, por isso têm sido setores que requerem especial atenção e planejamento. Além disso, as pesquisas são claras em demonstrar a importância da significação que a criança pequena empresta ao ambiente físico, que pode lhe provocar curiosidade e ao mesmo tempo servir de cenário para estimular sua imaginação. O ambiente constitui expressão de um sistema social com suas rotinas, relações e ideologias, onde a criança tem possibilidade de se engajar em incessante atividade exploratória e criativa, individualmente, ou em pequenos grupos, todas partilhando de diferentes recursos materiais. Pesquisas sobre os jogos e brincadeiras infantis, realizadas de diferentes perspectivas teóricas, revelam que essas atividades visam à aquisição de comportamentos considerados necessários à vida adulta, por requererem a capacidade de se relacionar com diferentes parceiros e com eles comunicar-se por meio de diferentes linguagens para criar o novo e tomar decisões. De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação infantil, “A prática da educação infantil deve organizar-se de modo que as crianças desenvolvam a capacidades de brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades”. Orientados por essa premissa, decidimos elaborar um projeto que conseguisse trazer tais preocupações para a prática. Desse modo, a brinquedoteca terá por propósito epistemológico ser uma extensão e atualização das aulas desenvolvidas pelo corpo docente da Universidade Bandeirante, como um trampolim para atividades práticas. Ela atenderá crianças na faixa etária de 3 a 10 anos de idade, crianças portadoras de necessidades educativas especiais na perspectiva da inclusão, além dos acadêmicos do Curso de pedagogia e licenciaturas. OBJETIVOS - Criar um espaço educativo e pedagógico para os acadêmicos, funcionando como laboratório de experiências, proporcionando aos alunos dos cursos de Pedagogia e das licenciaturas, a possibilidade de uma integração entre a teoria e a prática. Os alunos teriam à disposição um local para colocarem em prática seus projetos pedagógicos, solicitados pelos professores durante as aulas, ou seja, teriam a oportunidade de iniciar as atividades práticas na própria universidade que tornar-se-ia um núcleo de convívio e aprendizagem da comunidade local. - Estudar a importância dos brinquedos e das brincadeiras no desenvolvimento da capacidade cognitiva das crianças em fase de desenvolvimento tanto físico como mental, comprovando a hipótese de que é brincando que se aprende. Estudante do Curso de Letras; e-mail: [email protected] Estudante do Curso de Pedagogia; e-mail: marlenexavier_pedagogia@yahoo. com.br 3 Professor Orientador: Helenice Staff; [email protected] 1 2 -- METODOLOGIA O caminho escolhido foi uma pesquisa qualitativa com pesquisa de campo e a utilização de entrevistas semi-estruturadas. Inicialmente, houve um levantamento bibliográfico que deu sustentação teórica para a criação desse espaço educativo que chamamos de brinquedoteca. Foram selecionados três tipos de brinquedotecas para serem analisados: uma de um clube esportivo, outra de uma universidade, e outras de creches municipais. Foram entrevistados cinco responsáveis pelas brinquedotecas. Fizemos a análise das respostas obtidas nas entrevistas. E finalmente fizemos nossas considerações finais. por exemplo, ONGs ou fábricas de brinquedos infantis, creches ou clubes. Os alunos da Universidade poderiam montar projetos de construção de material didático, jogos, brinquedos, utilizando materiais descartáveis. Porém, houve dificuldade para se conseguir um espaço para essa implantação, uma vez que a universidade não dispõe de locais livres para tal realização. Apesar de não podermos implantar a proposta na prática, houve um crescimento e amadurecimento expressivo das orientandas envolvidas nesse projeto, que passaram a encarar a pesquisa de forma positiva e significativa. As visitas aos locais nos permitiram constatar a real importância do brinquedo e da brincadeira para as crianças de todas as idades. Outro fato relevante foi perceber o envolvimento dos pais com as crianças na hora de brincar. RESULTADOS E DISCUSSÕES Percebemos que toda atividade que se realiza com prazer é mais assimilável. É brincando que a criança percebe melhor o mundo, descobre os seus mistérios, constrói suas hipóteses, enfim constrói o conhecimento. Segundo Cunha, “brinquedoteca é um espaço preparado para estimular a criança a brincar, possibilitando o acesso a uma grande variedade de brinquedos, dentro de um ambiente especialmente lúdico. É um lugar onde tudo convida a explorar, a sentir e a experimentar” (2002, p.102). No início do projeto, tivemos a intenção de implantar uma brinquedoteca na Uniban. Ela serviria como laboratório para que nossos alunos pudessem colocar em prática projetos educacionais com crianças da educação infantil e fundamental, que fossem elaborados conforme os diversos componentes curriculares, em sala de aula. Entendemos que nem sempre em sala de aula surge a oportunidade para o aprofundamento de questões que se apresentam a partir do cotidiano profissional ou acadêmico da comunidade discente. A brinquedoteca teria por propósito epistemológico ser uma extensão e atualização das aulas desenvolvidas pelo corpo docente da Universidade Bandeirante, como um trampolim para atividades práticas. Esse projeto poderia ser desenvolvido através de parcerias entre a Universidade Bandeirante e outras instituições, comprometidas com a responsabilidade social como, CONCLUSÕES Foi uma pesquisa interessante, pois embora o nosso objetivo maior fosse a implantação da brinquedoteca e isso não se concretizou, o segundo objetivo foi satisfatoriamente alcançado, uma vez que pelas visitas feitas às diversas brinquedotecas ficou constatado que a teoria contida na bibliografia estudada e discutida é real. O jogo simbólico ou o “faz de conta”, particularmente, é ferramenta para a criação da fantasia, necessária a leituras não convencionais do mundo e, segundo Oliveira, “abre caminho para a autonomia, a criatividade, a exploração de significados e sentidos. Atua também sobre a capacidade da criança de imaginar e de representar, articulada com outras formas de expressão” (2005, p.159). Ao brincar, afeto, motricidade, linguagem, percepção, representação, memória e outras funções cognitivas estão profundamente interligadas. A brincadeira favorece o equilíbrio afetivo da criança e contribui para o processo de criação de signos sociais. A brincadeira permite a construção de novas possibilidades de ação e formas inéditas de arranjar os elementos do ambiente. Acreditamos seriamente na necessidade de se criar um ambiente propício para desenvolver atividades pedagógicas dentro da Universidade. Fica em aberto a possibilidade de prosseguimento desse projeto no sentido de que nos próximos anos se possa criar -- dentro da Uniban um espaço, ou seja, um ambiente de aprendizagem como recurso pedagógico. Desse modo, nossos alunos dos cursos de Pedagogia, futuros professores da educação infantil, e também os de outras licenciaturas poderiam desenvolver experiências educacionais com crianças das creches municipais e do ensino fundamental. Esse espaço poderá ser chamado de brinquedoteca ou oficina pedagógica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARIÉS, Philippe, “Pequena contribuição à história dos jogos e dos brinquedos” In: História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. BEE, Helen. A criança em desenvolvimento. São Paulo: Harbra, 1984. BENJAMIN, Walter. Reflexões: a criança é o brinquedo e a educação. São Paulo: Summus,1984. OLIVEIRA, P. S. O que é brinquedo. 2ed. São Paulo: Brasiliense, 1989. OLIVEIRA,V. O brincar e a criança: do nascimento aos seis anos de idade. São Paulo: Vozes,2000 PIAGET, J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. Rio de Janeiro, Zahar/INL, 1975. PIAGET, J. O juízo moral na criança. 2 ed. São Paulo: Summus, 1994. PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. 24ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001. PIAGET, J. O julgamento moral na criança. São Paulo: Mestre Jou, 1977. SANTOS, Santa Marli Pires dos & CRUZ, Dulce Regina Mesquita da. 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