UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
CURSO DE PSICOLOGIA – CAMPUS GUAÍBA
Circle Time: Desenvolver potenciais
a partir de experiências socioafetivas
Cristian Ericksson Colovini *
Marlene Machado de Ávila **
Introdução
O Circle Time é um instrumento de intervenção em grupo que pode ser utilizado a fim de se promover uma experiência coletiva diferenciada, a
partir de uma visão socioafetiva. Podemos traduzi-lo como “Roda de Conversa” na qual o objetivo central é fazer com que os participantes
vivenciem de forma concreta o prazer de estarem juntos, de comunicarem quem são e o que pensam, descobrindo em si mesmos aspectos
novos e quase nunca vividos, relata Constantini (2004).
É um momento especial para compartilhar experiências, opiniões, percepções, músicas, rimas, versos, leituras, tocar instrumentos musicais,
participar em jogos de movimento, atividades de relaxamento. Esta vivência dinâmica e coletiva proporciona um movimento de escuta, de
desenvolvimento da atenção, de percepção do outro e de si mesmo. Tendo como base a teoria e técnica de Carl Rogers o Circle Time difundiuse pelo mundo através do Movimento para o Desenvolvimento do Potencial Humano. O objetivo deste estudo é fazer uma revisão teórica sobre
esta técnica ainda pouco conhecida no Brasil, bem como oferecer subsídios para o trabalho com grupos, com um enfoque de intervenção na
educação escolar.
Metodologia
A partir das pesquisas de Constantini (2004) destacamos a seguir as principais sugestões metodológicas para a
prática do Circle Time em instituições de ensino:
Espaço – o ambiente cotidiano da sala de aula deve ser reestruturado e os alunos sentarem em círculo, de forma
que todos possam melhor ver e ouvir aos demais;
Estrutura – orienta-se que o número de participantes não exceda a 22 pessoas. Sugere-se encontros semanais,
de uma hora e meia, por um período que pode coincidir com a duração do semestre ou ano letivo;
Coletividade – combinações como sigilo, respeito pelo outro e por suas opiniões, ausência de julgamento ou
desaprovação, duração dos encontros, assuntos, regras, pontualidade, o silêncio enquanto alguém fala,
entre outros aspectos da dinâmica de funcionamento dos encontros, devem ser estabelecidas
democraticamente pelo coletivo;
Temas - qualquer assunto pode ser proposto e proveitoso para a “Roda de Conversa”, à medida que o diálogo
ajude os participantes a comunicarem como se sentem, o que pensam sobre si mesmos e sobre os
outros, o que pretendem, aquilo que gera medo, preocupações ou ansiedades;
Registros - para registrar as idéias e documentar o encontro, pode-se utilizar um papel cartolina ou um flip chart.
Pode-se anotar frases marcantes, palavras-chave ou colocações significantes sobre os temas tratados, a
fim de serem retomadas posteriormente.
O papel do Facilitador
Imagens da Internet
Sugere-se que o grupo conte com um ou dois facilitadores. Na aplicação desta técnica em escolas, o facilitador pode coincidir com o professor
da turma. Para Rogers (2002), a aprendizagem e o desenvolvimento do grupo podem ser estimulados pela congruência do facilitador, quando
este torna-se uma pessoa real na relação com o grupo.
Com estratégias de intervenção bastante semelhantes ao Circle Time, Tambara & Freire (1999) relatam que Rogers por volta de 1964
desenvolveu uma nova abordagem de trabalho com grupos, os chamados “Grupos de Encontro”, a qual também prevê a existência de um
facilitador no grupo, com atitudes facilitadoras como: uma aceitação incondicional dos participantes do grupo, uma compreensão empática de
cada membro e uma atuação congruente com seus sentimentos e percepções. Dessa forma, cria-se um clima psicológico de segurança e
aceitação, que possibilita a liberdade de expressão e a redução das defesas.
De acordo com Rogers (2002), O papel central do facilitador fundamenta-se no desenvolvimento de uma relação pessoal com o grupo, capaz de
estabelecer um clima que possibilite a realização natural das tendências à maturação e crescimento pessoal de cada participante. Deste modo,
o facilitador, é alguém que faz parte do grupo, não se colocando acima dos demais de forma hierárquica.
Considerações Finais
O grupo tende a aumentar seu rendimento à medida que os participantes criam livremente uma expressão emocional, relatando seus
sentimentos em relação àquilo que está sendo tratado no grupo. Deste modo, se estabelece uma comunicação coletiva que emerge do íntimo de
cada participante.
A grande missão da educação contemporânea está além dos tradicionais conteúdos pedagógicos. Faz-se necessário um maior envolvimento do
educando no seu próprio processo de ensino-aprendizagem, através de uma aprendizagem significativa, que para Rogers (1995) é uma
aprendizagem penetrante, que não se limita a um aumento de conhecimentos, mas que abrange profundamente todas as parcelas da
existência. Uma educação inclusiva e abrangente tende a criar uma cultura diferenciada, e a se irradiar, desde a escola até os mais diversos
níveis da sociedade, propõe Fante (2005), cria-se deste modo uma cultura de paz, capaz de modificar, gradativamente, as comunidades.
Referência Bibliográfica
CONSTANTINI, Alessandro. Bullying, como combatê-lo? Prevenir e enfrentar a violência entre os jovens. Trad. Eugênio V. de Moraes. São Paulo: Itália Nova Ed, 2004.
FANTE, Cléo. Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2. Ed. Campinas, São Paulo: Verus Editora, 2005.
ROGERS, Carl R. Grupos de Encontro. 2ª Edição. São Paulo: Martins Fontes Ed, 2002.
ROGERS, Carl R. Tornar-se Pessoa. Tradução Manuel Jose do Carmo Ferreira e Alvamar Lamparelli. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
TAMBARA, Newton; FREIRE, Elizabeth. Terapia Centrada no Cliente: um caminho sem volta... Porto Alegre: Delphos, 1999.
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* Cristian Ericksson Colovini: Acadêmico do Curso de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil, ULBRA Campus Guaíba. E-mail: [email protected]
** Marlene Machado de Ávila: Docente dos Cursos de Psicologia e Pedagogia da Universidade Luterana do Brasil. Psicóloga Escolar e Clínica; e orientadora deste trabalho.
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