DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICO DOS REFRIGERANTES Tiago Cavalcante dos Santos Graduando em Química Industrial / DQ / CCT / UEPB Rene Pinto da Silva Graduado em Química Industrial / DQ / CCT / UEPB RESUMO Entende-se por bebida refrigerante ou refrigerante a bebida não alcoólica, constituída por água contendo em solução, emulsão ou suspensão qualquer dos ingredientes previstos na Portaria nº 703/96, podendo ser opcionalmente adoçada, acidulada, carbonatada e podendo conter fruta, sumo de fruta e/ou sais. No mundo globalizado, a crescente competitividade entre as indústrias de refrigerantes traz a necessidade de oferecer produtos com qualidade e, principalmente, com baixo custo, capazes de satisfazer o mercado e o consumidor cada vez mais exigente. Este trabalho tem como objetivo mostrar a importância do controle de qualidade dos refrigerantes usando como parâmetros a densidade relativa, pH, acidez, °brix e açúcares totais do produto. PALAVRAS-CHAVE: refrigerantes, bebida carbonatada, bebidas açucaradas INTRODUÇÃO Refrigerante é uma bebida carbonatada, não-alcoólica, com alto poder refrescante encontrada em vários sabores. A indústria de refrigerante surgiu em 1871 nos Estados Unidos. No Brasil, os primeiros registros remontam a 1906, mas somente na década de 1920 é que o refrigerante entrou definitivamente no cotidiano dos brasileiros (ABIR, 2007). Em 1942, no Rio de Janeiro, foi instalada a primeira fábrica. O Brasil é o terceiro produtor mundial de refrigerantes, depois dos Estados Unidos e México (PALHA, 2005 e ROSA et. al., 2006). Entre 1988 e 2004, o mercado nacional cresceu 165%, verificando-se também um aumento da participação de refrigerantes regionais (de 9% para 32%). A CocaCola e a Companhia de Bebidas das Américas (AmBev) detinham, em 2004, 68% do mercado (Rosa et. al., 2006). Refrigerante é um gênero de bebida, normalmente com elevadas quantidades de corantes e conservantes, e que quando não são nas suas versões light ou diet contêm também um elevado teor de açúcar, com aroma sintetizado de fruta e gás carbônico dando o aspecto borbulhante (OLIVEIRA, 2007). A pesquisa foi realizada com o intuito de avaliar os parâmetros físico-químicos de diferentes marcas de refrigerantes, tanto os com açúcar como os Diets (hoje conhecidos como Zero) comercializadas na cidade Campina Grande-PB, verificando se as mesmas estão de acordo com os padrões estabelecidos pela legislação. METODOLOGIA As análises foram feitas no Laboratório de Química Analítica Aplicada II, localizado no Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual da Paraíba em Campina Grande-PB. Foram determinados os seguintes parâmetros: densidade relativa, pH, acidez, ºBrix e açúcares totais. A análise da densidade relativa é utilizada para verificar se há algum tipo de alteração na bebida, ou seja, uma adição irregular de água. Foi efetuada pelo método picnométrico, que consiste na utilização de um picnometro, o qual se deve conhecer sua massa e volume específico que possibilitará achar a densidade do produto analisado. O pH é feito para verificar se o gás carbônico está ou não conservando o refrigerante. E foi realizado usando o método potenciométrico A acidez determina o teor de ácido cítrico presente no amostra. A acidez foi determinada através de um método titulométrico. O ºBrix determina o teor de sólidos solúveis existente na amostra. E foi realizado utilizando um Refratômetro de Abbe. A análise de açúcares totais é realizada com o objetivo de determinar a quantidade de açúcar presente no refrigerante. Para a análise de açúcares totais foi utilizado o método químico. RESULTADOS Os resultados da determinação de densidade relativa podem ser visualizados na ilustração 1. Ilustração 1 – Resultados do parâmetro densidade relativa Analisando a ilustração 1 pode-se observar que para os refrigerantes denominados de Cola A, Cola B, Guaraná A e Laranja A apresentaram valores de densidade relativa que variaram de 1,0404 a 1,0494. Para os refrigerantes denominados de Guaraná diet B, Limão diet A, Guaraná diet A e Cola diet A apresentaram valores de densidade relativa que variaram de 1,0010 a 1,0021. Os resultados da determinação de pH podem ser visualizados na ilustração 2. Ilustração 2 – Resultados do parâmetro pH O pH das duas primeiras amostras, refrigerantes Cola A e Cola B, analisadas demonstraram ser as mais ácidas, uma vez que acusavam o menor valor de pH. Confirmando desta forma que refrigerantes de sabor cola são mais ácidos, comparados com refrigerantes de outros sabores. Todos os refrigerantes possuem pH ácido, que variaram de 1,72 a 3,10. Os resultados da determinação de acidez podem ser visualizados na ilustração 3. Ilustração 3 – Resultados do parâmetro acidez Analisando a ilustração 3 pode-se observar que para os refrigerantes denominados de Cola A, Cola B, Guaraná diet B, Limão diet A, Guaraná diet A e Cola diet A apresentaram valores de acidez que variaram de 1,225 a 3,15 % de ácido cítrico. No entanto, para os refrigerantes denominados de Guaraná A e Laranja A apresentaram os menores valores de acidez que foram, respectivamente 0,14 e 0,3605 % de ácido cítrico. Os resultados da determinação de °Brix podem ser visualizados na ilustração 4. Ilustração 4 – Resultados do parâmetro °Brix O °Brix é a porcentagem em massa de sólidos solúveis contida em uma solução de açúcar, quimicamente pura, sendo um dos parâmetros mais importantes do controle de qualidade da produção de refrigerantes. De acordo com a ilustração 4 pode-se observar que as amostras dos refrigerantes denominados de Cola A, Cola B, Guaraná A e Laranja A apresentaram valoras que variaram de 9,9 a 11,3 °Brix. Analisando a ilustração 4 observa-se para os valores os refrigerantes denominados de Guaraná diet B, Limão diet A, Guaraná diet A e Cola diet A, apresentaram valores de 0,5 °Brix, demonstrando desta forma que os refrigerantes diets possuem menor concentração de sólidos solúveis contida em uma solução de açúcar. Na fabricação dos refrigerantes a base de açúcar, uma das formas mais empregadas para o controle de processo de produção pelo controle de qualidade das indústrias, é através do “Brix” da bebida, o qual garante que todos os componentes da formulação estejam em conformidade com a legislação e com o padrão previamente estabelecido para cada tipo de refrigerante, garantindo assim suas características organolépticas e microbiológicas (OLIVEIRA, 2007). Os resultados da determinação de açúcares totais podem ser visualizados na ilustração 5. Ilustração 5 – Resultados do parâmetro açúcares totais Analisando a ilustração 5 pode-se observar que para os refrigerantes denominados de Cola A, Cola B, Guaraná A e Laranja A apresentaram valores que variaram de 7,8764 a 11,0684 % de açúcares totais. Para os refrigerantes denominados de Guaraná diet B, Limão diet A, Guaraná diet A e Cola diet A apresentaram valores de açúcares totais iguais a zero, o que comprova que os refrigerantes diets realmente possuem 0% de açúcar. CONCLUSÃO O refrigerante é um exemplo de como a química está inserida em nosso cotidiano, não apenas no que diz respeito à preparação desse produto, mas também no controle de qualidade necessário para que seja consumido sem risco à saúde. A Química tem um papel essencial na análise de quaisquer produtos consumidos pelas pessoas. Analisando-se os resultados apresentados, pode-se observar que todos eles estão nos padrões exigidos pela Portaria nº 703/96 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os únicos resultados que não estão muito precisos são os do pH, mas isto deve-se ao aparelho utilizado que no período das análises estava muito instável. Uma ressalva que se deve fazer é em relação aos açucares dos refrigerantes Diets que realmente possuem 0% de açúcar, o que mostra a verdadeira preocupação das empresas com a qualidade de seus refrigerantes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABIR - Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas. Histórico do setor. Disponível em: <http://www.abir.org.br/rubrique.php3?id_rubrique=178>. Acesso em março de 2010. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Aditivos alimentares. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/alimentos/legis/especifica/aditivos.htm>. Acesso em março de 2010. OLIVEIRA, Eduardo Augusto de. Controle de qualidade em refrigerante. Monografia (Especialização em Engenharia de Produção com enfoque em Pesquisa Operacional)− Universidade Estadual de Londrina, Centro de Ciências Exatas, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção com enfoque em Pesquisa Operacional, 2007. PALHA, P.G. Tecnologia de refrigerantes. Rio de Janeiro: AmBev, 2005. ROSA, S.E.S.; COSENZA, J.P. e LEÃO, L.T.S. Panorama do setor de bebidas no Brasil. BNDES Setorial, v. 23, p. 101-149, 2006.