APRIMORAMENTO
FILOSOFIA
moléstias, quer do espírito, quer do corpo, e talvez
mesmo do enfraquecimento da velhice, se tivéssemos
bastante conhecimento de suas causas e de todos os
remédios de que a natureza nos dotou...”
R. DESCARTES
DISCURSO DO MÉTODO – QUESTÕES
(UFPR 2007) As questões 01 a 03 referem-se ao texto
a seguir.
“O bom senso é a coisa mais bem repartida entre os
homens, pois cada qual pensa estar tão bem provido
dele, que mesmo os que são mais difíceis de contentar
em qualquer outra coisa não costumam desejar tê-lo
mais do que o têm. E não é verossímil que todos se
enganem a tal respeito; mas isso antes testemunha que
o poder de bem julgar e distinguir o verdadeiro do falso,
que é propriamente o que se denomina o bom senso
ou razão, é naturalmente igual em todos os homens. E,
desse modo, a diversidade das opiniões não provém
de sermos uns mais racionais do que outros, mas de
conduzirmos nossos pensamentos por vias diversas e
não considerarmos as mesmas coisas. Pois não é suficiente ter o espírito bom, o principal é aplicá-lo bem. [...]
Quanto a mim, jamais presumi que meu espírito fosse
em nada mais perfeito do que os do comum; e amiúde
desejei ter o pensamento tão rápido, ou a imaginação
tão nítida e distinta, ou a memória tão ampla e presente
quanto a de outras pessoas. No que diz respeito à razão ou bom senso, posto que é a única coisa que nos
torna homens e nos distingue dos animais, quero crer
que existe inteiramente em cada um de nós, e seguir
nisso a opinião comum dos filósofos, que dizem que só
há mais e menos no que respeita aos acidentes, e não
entre as formas ou naturezas dos indivíduos da mesma
espécie.”
(René Descartes, Discurso do método.
São Paulo : Abril Cultural, Col. “Os Pensadores”, 1979, p. 29.)
Segundo o texto acima:
Considerando o projeto cartesiano, redija um texto respondendo, do seu ponto de vista, a seguinte questão:
Pode a ciência vencer a morte?
____________________________________________
___________________________________________
05. (UFPR 2008) Quer estejamos despertos ou adormecidos,
não devemos nunca nos deixar persuadir, senão pela
evidência da nossa razão. E convém frisar que digo
de nossa razão, e não de nossa imaginação nem de
nossos sentidos. Assim também, não é por vermos o
sol muito claramente que devemos julgar que ele seja
do tamanho que o vemos (...): pois a razão não nos dita
de modo algum que o que assim vemos ou imaginamos
é verdadeiro. Mas a razão nos dita que todas as nossas
ideias ou noções devem ter algum fundamento de
verdade, pois não seria possível que Deus, inteiramente
perfeito e inteiramente verdadeiro, as tivesse posto em
nós sem isso.
(DESCARTES. Discurso do Método, Quarta Parte.)
Por que, para Descartes, a máxima de que “todas as
nossas ideias ou noções devem ter algum fundamento
de verdade” aplica-se também às ideias que nos surgem
através dos sentidos e da imaginação?
____________________________________________
___________________________________________
06. (UFPR 2008) Explique a relação entre ação e razão na
tese de Descartes de que “é suficiente julgar bem para
proceder bem”.
____________________________________________
___________________________________________
(UFPR 2009) O texto a seguir é referência para as
questões 07, 08 e 09:
“Da Filosofia nada direi, senão que, vendo-a cultivada
pelos mais excelsos espíritos que viveram desde muitos séculos e que, no entanto, nela não se encontra
ainda uma só coisa sobre a qual não se dispute, e por
conse¬guinte, que seja duvidosa, eu não alimentava
qualquer presunção de acertar mais do que os outros;
e que, considerando quantas opiniões diversas, sustentadas por homens doutos, pode haver sobre uma e
mesma matéria, sem que jamais possa existir mais que
uma que seja verdadeira, reputava quase como falso
tudo quanto era somente verossímil. Depois, quanto
às outras ciên¬cias, na medida em que tomavam seus
princípios da Filosofia, julgava que nada de sólido se
podia construir sobre fundamentos tão pouco firmes. E
nem a honra, nem o ganho que elas prometem, eram suficientes para me incitar a aprendê-las... E enfim quanto
às más doutrinas, pensava já conhecer o bastante o que
valiam, para não mais estar exposto a ser enganado,
01. O que todos os homens têm em comum?
____________________________________________
___________________________________________
02. Por que, segundo Descartes, os homens têm opiniões
diversas?
____________________________________________
___________________________________________
03. O que distingue os homens entre si?
____________________________________________
___________________________________________
04. (UFPR 2007) Na parte final do Discurso do Método,
Descartes sugere que o seu método filosófico poderia
colaborar para produzir uma medicina mais útil e sólida
do que aquela existente em seu tempo. Segundo
ele, “poderíamos livrarmo-nos de uma infinidade de
Líder absoluto em exames de seleção de Ensino Médio e UFPR Ensino Superior
1
APRIMORAMENTO
nem pelas promessas de um alquimista, nem pelas
predições de um astrólogo, nem pelas imposturas de um
mágico, nem pelos artifícios e arrogância de qualquer
um dos que professam saber mais do que sabem.”
(Descartes, Discurso do Método, primeira parte.)
07. A julgar por esse texto, qual era o objetivo de Descartes
com o estudo da filosofia?
___________________________________________
___________________________________________
08. Explique, com base nesse texto, por que Descartes via
as teorias dos filósofos como “somente verossímeis” e
“quase como falsas”.
13. (UFPR 2011) Por que Descartes escreve o Discurso
do Método utilizando a primeira pessoa do singular?
Identifique, no conteúdo da obra, pelo menos uma
razão que possa explicar essa característica do discurso
filosófico cartesiano.
14. (UFPR 2011) Considere o trecho do Discurso do Método
citado abaixo e, com base nele, exponha as razões
alegadas por Descartes para concluir que “a alma é […]
inteiramente distinta do corpo”.
___________________________________________
___________________________________________
09. Como se relacionam, na filosofia cartesiana, o exercício
da dúvida e a obtenção da ciência?
___________________________________________
___________________________________________
(UFPR 2010) O texto a seguir é referência para as
questões 10 a 12:
Descartes escreve, na sexta parte do Discurso do Método:
“Jamais notei (...) que, por meio das disputas que se
praticam nas escolas, alguém descobrisse alguma
verdade até então ignorada, pois enquanto cada qual
se empenha em vencer, exercita-se bem mais em fazer
valer a verossimilhança do que em pesar as razões de
uma parte e de outra parte; e aqueles que foram por
muito tempo bons advogados nem por isso são, em
seguida, melhores juízes (...)”
Com base nesse texto, responda:
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
12. Explique, na linha de raciocínio apresentada no texto,
por que o fato de alguém ter sido um bom advogado
por muito tempo não garante que se torne melhor juiz.
___________________________________________
___________________________________________
2
___________________________________________
___________________________________________
15. (UFPR 2011) Considere as afirmações sobre o propósito
do conhecimento científico feitas por Descartes na
passagem do Discurso do método citada a seguir. Com
base nessa e em outras passagens da obra, identifique e
explique a relação entre o homem e a natureza proposta
por Descartes.
“[…] é possível chegar a conhecimentos que sejam muito
úteis à vida e, em vez dessa filosofia especulativa que
se ensina nas escolas, se pode encontrar uma outra,
prática, pela qual, conhecendo a força e as ações do
fogo, da água, do ar, dos astros, dos céus, e de todos os
outros corpos que nos cercam, tão distintamente quanto
conhecemos os diversos misteres de nossos artífices,
poderíamos empregá-los da mesma maneira em todos
os usos para os quais são próprios, e assim nos tornar
como que senhores e possuidores da natureza.”
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
11. O texto compara duas atividades. Identifique-as,
comentando a relação entre elas:
“Depois, examinando atentamente o que eu era e vendo
que podia supor que não tinha corpo algum e que não
havia qualquer mundo, ou qualquer lugar onde eu existisse, mas que nem por isso podia supor que não existia;
e que, ao contrário, pelo fato mesmo de eu pensar em
duvidar da verdade das outras coisas, seguia-se mui
evidente e mui certamente que eu existia; ao passo que,
se apenas houvesse cessado de pensar, embora tudo
o mais que alguma vez imaginara fosse verdadeiro, já
não teria qualquer razão de crer que eu tivesse existido;
compreendi por aí que eu era uma substância cuja essência ou natureza consiste apenas no pensar, e que,
para ser, não necessita de nenhum lugar nem depende
de qualquer coisa material. De sorte que esse eu, isto é,
a alma, pela qual sou o que sou, é inteiramente distinta
do corpo e, mesmo, que é mais fácil de conhecer do
que ele, e, ainda que este nada fosse, ela não deixaria
de ser tudo o que é.”
(Discurso do método, Quarta parte.)
10. Descartes avalia as disputas praticadas nas escolas
segundo a capacidade dessas disputas de conduzir
a um certo resultado. Qual? Como Descartes avalia a
capacidade dessas disputas de conduzir ao resultado
em questão?
___________________________________________
___________________________________________
GABARITO
Líder absoluto em exames de seleção de Ensino Médio e UFPR Ensino Superior
APRIMORAMENTO
01. O bom senso ou razão é o que os homens têm em
comum. Ele é o poder de distinguir o verdadeiro do
falso e é o que define a espécie humana por oposição
aos animais. Todos os homens o possuem igualmente:
todos os homens são igualmente racionais.
Comentário:
A boa pontuação é obtida por aquela resposta que identifica a faculdade da razão sob suas duas denominações
em forma de frase e apresenta a caracterização dessa
faculdade feita por Descartes. A pontuação varia conforme o grau de completude de informações, fidelidade
ao pensamento de Descartes e qualidade argumentativa
da resposta do candidato.
02. Posto que a razão está igualmente presente entre os
homens e as opiniões humanas são diferentes, a causa
desse tipo de diversidade se explica, no texto, pelo modo
como os homens “conduzem seus pensamentos por
vias diversas” e “não consideram as mesmas coisas”.
Comentário:
A boa pontuação é obtida por aquela resposta que
identifica as duas causas da diversidade de opiniões em
forma de frase. A pontuação varia conforme o grau de
completude de informações, fidelidade ao pensamento
de Descartes e qualidade argumentativa da resposta
do candidato.
03. O texto opõe a razão, igualmente presente em todos os
homens, àquilo que é variável – imaginação, memória,
rapidez de pensamento. Estas características são
chamadas “acidentes”, pois podem casualmente
variar, apesar da identidade racional humana; elas não
definiriam o que há de comum entre os homens.
Comentário:
A boa pontuação é obtida por aquela resposta que identifica os três acidentes e classifica-os como “acidentes”.
A pontuação varia conforme o grau de completude de
informações, fidelidade ao pensamento de Descartes e
qualidade argumentativa da resposta do candidato.
04. Comentário:
A questão avalia a capacidade de reflexão crítica do
candidato sem perder de vista a especificidade filosófica
dessa reflexão. Dois elementos do enunciado deveriam
merecer especial atenção. Primeiramente, a solicitação
do “ponto de vista” não pode ser suficientemente satisfeita mediante uma opinião ou o relato de uma crença,
mas exige uma resposta argumentada. O risco aqui é
o de a resposta limitar-se ao lugar comum, ao chavão
e à visão supersticiosa sobre o papel da ciência ou
sobre a morte. A avaliação qualitativa desse aspecto
da resposta, assim, considera tanto a pertinência da
argumentação, a capacidade de examinar razões favoráveis e contrárias, quanto a capacidade de refletir
sobre os próprios termos com que a questão se formula, buscando esclarecer os pressupostos conceituais
de que dependeria a resposta (o que abrange os dois
conceitos explícitos na formulação da questão — morte
e ciência). Em segundo lugar, o enunciado pede que
o candidato considere “o projeto cartesiano” — o que
exige, para além da mera paráfrase do fragmento
citado do Discurso do Método, uma contextualização,
tanto no que se refere à sua dimensão histórica quanto
ao seu significado em vista de uma compreensão de
outros aspectos da filosofia de Descartes. Uma boa
resposta deve ser capaz não apenas de abordar de
forma pertinente esses dois aspectos da questão, mas
também de articulá-los sem confundir os horizontes da
reflexão pessoal e da perspectiva histórica, extraindo
daí elementos para refletir sobre o problema nos termos
em que ele pode ser pertinente hoje.
05. Os que assim pensam absolutizam o modo pelo
qual conhecemos as coisas materiais, modo esse
que é incapaz de nos levar ao conhecimento de
coisas imateriais como a alma ou Deus – uma parte
considerável da realidade.
06. Sim. Porque se não fosse assim nos enganaríamos
sistematicamente, o que é incompatível com a perfeição
e a veracidade de Deus (que não as pode ter colocado
em nós sem um tal fundamento) e com a distinção da
evidência e da completude entre os pensamentos que
nos ocorre no sono e na vigília (essa distinção é efeito
do maior conteúdo de verdade dos pensamentos que
temos quando despertos.
07. O objetivo de Descartes era a obtenção da verdade por
meio de um método que proporcione certeza indubitável,
exclua a possibilidade do erro e forneça um fundamento
sólido para as ciências.
08. Descartes considera somente verossímeis as teorias dos
filósofos em virtude do conflito existente entre elas, já
que a verdade é una, e de sua carência de fundamentos
firmes, que as torna vulneráveis à dúvida. A rejeição do
duvidoso como falso é uma regra do método cartesiano,
introduzida para evitar a possibilidade do erro e permitir
a obtenção de certezas.
09. O exercício da dúvida é a primeira etapa do método
cartesiano para a obtenção da ciência. Apenas o que
se revela claro e distinto após o exercício da dúvida é
aceito por Descartes como verdadeiro. A adoção da
indubitabilidade como um critério para o reconhecimento
da verdade pretende excluir a possibilidade do erro e
permitir a aquisição de certezas a serem utilizadas na
constituição da ciência.
10. Receberam pontuação integral respostas nas quais
o candidato identifica a descoberta da verdade como
o resultado com base no qual Descartes avalia as
disputas. O candidato afirma que Descartes avalia as
disputas como incapazes de conduzir a esse resultado.
Além disso, o candidato explica porque Descartes
considera que as disputas não são meios adequados
à obtenção da verdade: nelas prioriza-se a persuasão
e o apelo à verossimilhança.
Foram avaliadas como boas respostas em que o candidato: identifica a descoberta da verdade como o resultado com base no qual Descartes avalia as disputas;
afirma que Descartes avalia as disputas como incapazes
de conduzir a esse resultado; apresenta com alguma
correção a razão pela qual Descartes avalia as disputas
como pouco adequadas para conduzir à verdade.
Apresenta uma resposta regular à questão o candidato
que identifica a descoberta da verdade como o resultado
com base no qual Descartes avalia as disputas e que
afirma que Descartes avalia as disputas como incapazes
de conduzir a tal resultado.
Líder absoluto em exames de seleção de Ensino Médio e UFPR Ensino Superior
3
APRIMORAMENTO
Foram avaliadas como insuficientes casos em que, em
uma resposta imprecisa, mal redigida ou que demonstra
alguma incompetência linguística, o candidato identifica
a descoberta da verdade como o resultado com base
no qual Descartes avalia as disputas. Ou o candidato
identifica incorretamente o resultado e, mesmo assim,
reconhece de forma explícita que Descartes avalia as
disputas como incapazes de conduzir à descoberta da
verdade.
Não foram pontuadas as respostas que contêm afirmações falsas, afirmações irrelevantes, afirmações
contraditórias entre si, afirmações que contradizem o
texto sob discussão.
11. Foram avaliadas como muito boas e receberam a
pontuação integral respostas nas quais o candidato
identifica a atividade de ser advogado e a atividade de
ser juiz. Demonstra compreender que a atividade de
ser advogado é a atividade de defender uma posição
em certa disputa e a atividade de ser juiz é a atividade
de julgar imparcialmente as posições em disputa.
Verossimilhança e parcialidade são os elementos
que caracterizam a atividade de advogar segundo a
passagem. Verdade e imparcialidade são os elementos
que caracterizam o juiz. A conexão precisa entre os dois
pares de noções é que aquele que busca a verdade deve
ser imparcial em seu julgamento para obtê-la e aquele
que busca fazer sua posição vencedora na disputa deve
torná-la verossímil.
Foram consideradas boas as respostas em que o
candidato identifica a atividade de ser advogado e a
atividade de ser juiz e demonstra compreender que a
atividade de ser advogado é a atividade de defender
uma posição em certa disputa e a atividade de ser juiz
é a atividade de julgar imparcialmente as posições em
disputa. Verossimilhança e parcialidade são os elementos que caracterizam a atividade de advogar segundo a
passagem. Verdade e imparcialidade são os elementos
que caracterizam o juiz.
Foram avaliadas como regulares respostas em que o
candidato identifica as duas atividades e conceitua-as
corretamente. Além disso, faz uso competente das noções de verdade e verossimilhança ou das noções de
parcialidade e imparcialidade.
São respostas insuficientes os casos em que o candidato
identifica apenas uma das atividades e conceitua-a corretamente; ou identifica as duas atividades sem conceituá-las; ou ainda erra na identificação e caracterização
das atividades; ou não compreende o uso metafórico
feito por Descartes das atividades de ser advogado e
de ser juiz.
Não foram pontuadas as respostas que contêm afirmações falsas, afirmações irrelevantes, afirmações
contraditórias entre si, afirmações que contradizem o
texto sob discussão.
12. Receberam pontuação integral respostas em que o
candidato afirma que as duas atividades se distinguem
por finalidades diferentes e independentes. A finalidade
da atividade de advogado é defender e tornar vencedora
uma posição na discussão acerca de certo tema e para
alcançar essa finalidade visa torná-la verossímil, ou seja,
fazê-la parecer verdadeira. A finalidade da atividade do
juiz é obter a verdade acerca do tema e para alcançar
4
essa finalidade este deve analisar imparcialmente as
posições envolvidas na disputa comparando as razões
que cada uma oferece em seu favor. Para alguém ser
um bom advogado, deve primordialmente empenhar-se
em defender as razões de sua parte. Para alguém ser
um bom juiz, deve primordialmente empenhar-se em
encontrar a verdade. A obtenção das duas finalidades
envolve habilidades distintas. Dessa forma, realizar
adequadamente a finalidade de advogado não é
uma condição necessária ou suficiente para realizar
adequadamente a finalidade de um juiz.
Foram avaliadas como boas as respostas em que o
candidato afirma que as duas atividades se distinguem
por finalidades diferentes e independentes. A finalidade
da atividade de advogado é defender e tornar vencedora
uma posição na discussão acerca de certo tema e para
alcançar essa finalidade visa torná-la verossímil, ou seja,
fazê-la parecer verdadeira. A finalidade da atividade do
juiz é obter a verdade acerca do tema e para alcançar
essa finalidade este deve analisar imparcialmente as
posições envolvidas na disputa comparando as razões
que cada uma oferece em seu favor. Realizar adequadamente a finalidade de advogado não é uma condição
necessária ou suficiente para realizar adequadamente
a finalidade de um juiz.
Foram avaliadas como regulares as repostas em que a
atividade de ser advogado é apresentada como aquela
cuja finalidade é defender certa posição e a atividade
de ser juiz é apresentada como aquela cuja finalidade é
encontrar a verdade a respeito daquilo que se disputa.
O candidato afirma que as duas atividades possuem
finalidades diferentes e caracteriza corretamente tais
atividades. Ainda assim, não explica a razão pela qual
ser um bom advogado não é suficiente para ser um bom
juiz.
Foram consideradas insuficientes respostas em que o
candidato afirma que as duas atividades possuem finalidades diferentes, mas caracteriza incorretamente tais
atividades; ou não reconhece a diferença de finalidade
entre as duas atividades.
Não foram pontuadas as respostas que contêm afirmações falsas, afirmações irrelevantes, afirmações
contraditórias entre si, afirmações que contradizem o
texto sob discussão.
13. Foram consideradas ótimas e obtiveram pontuação
máxima as respostas nas quais os candidatos: 1)
identificaram a relação entre o caráter exemplar e
autônomo do pensamento cartesiano e a existência
do sujeito pensante – aquilo que, na Quarta Parte do
Discurso do Método, é apresentado como “o primeiro
princípio da Filosofia que procurava”, a saber, a verdade
expressa pelo enunciado “Eu penso, logo existo”; 2)
assinalaram, a partir daí, a coincidência entre a forma e
o conteúdo do discurso cartesiano, isto é, que o emprego
da primeira pessoa (“eu”) obedece ao sentido da
primeira verdade (“eu existo”), que permite fundamentar
a reivindicação de autonomia; 3) mencionaram, a partir
daí, o caráter especificamente moderno da filosofia de
Descartes, que se revela na direção antropocêntrica do
questionamento filosófico, isto é, a tomada do homem
como sujeito por excelência, centro de referência de
todas as coisas. Foram consideradas boas as respostas
em que os candidatos 1) identificaram no uso da
primeira pessoa do singular o caráter moderno e laico
Líder absoluto em exames de seleção de Ensino Médio e UFPR Ensino Superior
APRIMORAMENTO
do pensamento cartesiano e a autonomia em relação
à tradição que Descartes reivindica para o pensamento
filosófico; 2) sublinharam que, ao escrever em primeira
pessoa, o objetivo de Descartes não seria ensinar “o
método que cada qual deve seguir para bem conduzir
sua razão”, mas mostrar de que maneira ele teria se
esforçado por conduzir a sua; 3) identificaram no uso
da primeira pessoa do singular o caráter exemplar que
Descartes pretendia conferir à sua reflexão no Discurso
do Método, embasado na afirmação da universalidade
do bom senso. Foram consideradas regulares as
respostas em que os candidatos (amparados na
consideração de que o desígnio de Descartes, declarado
no início da Primeira Parte do Discurso do Método,
“não é ensinar aqui o método que cada qual deve
seguir para bem conduzir sua razão”, mas mostrar de
que maneira ele teria se esforçado por conduzir a sua)
identificaram no uso da primeira pessoa do singular
o caráter exemplar que Descartes pretendia conferir
à sua reflexão no Discurso do Método, embasado na
afirmação da universalidade do bom senso. Foram
consideradas insuficientes as respostas em que se
mencionou a afirmação da universalidade do bom
senso, ou o caráter laico e moderno do pensamento
cartesiano, sem, contudo, salientar em que termos
essas características se relacionam ao uso da primeira
pessoa.
14. Foram consideradas ótimas e receberam a pontuação
máxima as respostas em que os candidatos expuseram
de maneira precisa e bem articulada todos os passos
relevantes que autorizam Descartes a concluir que a
alma é inteiramente distinta do corpo, quais sejam: 1)
posso duvidar da existência de todas as coisas, entre
elas da de todos os corpos, inclusive da existência de
meu próprio corpo; 2) mas, enquanto penso que nada
existe, não posso duvidar de que eu existo enquanto
penso; 3) logo, eu existo; 4) contudo, só posso confirmar
que eu existo enquanto penso, pois, se deixasse de
pensar, deixaria de existir, mesmo que todas as coisas
de que eu duvidava existissem e fossem verdadeiras;
5) logo, eu existo pensando, isto é, sou uma substância
cuja essência ou natureza consiste apenas no pensar,
podendo assim existir como tal ainda que nada mais
exista, nem mesmo o corpo que eu chamava meu;
[conclusão] portanto, a alma, isto pelo que sou o que
sou, é realmente distinta do corpo, ela não necessita de
nenhum corpo para ser o que é. Foram consideradas
boas as respostas em que os candidatos expuseram e
articularam pelo menos três das razões apontadas, sem,
contudo, explicar completamente como a conclusão
se segue delas. Foram consideradas regulares as
respostas em que os candidatos expuseram pelo menos
duas das razões apontadas acima, mas não elaboraram
a articulação necessária entre elas, não fornecendo
razões suficientes para a conclusão que Descartes
pretendia extrair. Foram consideradas insuficientes as
respostas em que os candidatos expuseram somente
uma das razões apontadas acima ou apenas repetiram
a conclusão à qual Descartes chegou e que já estava
presente no enunciado da questão.
15. Foram consideradas ótimas e obtiveram pontuação
máxima as respostas em que os candidatos: 1)
assinalaram que a relação entre homem e natureza
envolvida na concepção cartesiana de ciência é a de
submissão da natureza ao homem, 2) com a utilização
por parte deste dos recursos naturais em benefício
de seu bem-estar e aperfeiçoamento; 3) identificaram
a assimilação, por parte de Descartes, da ciência à
técnica e 4) a atribuição ao conhecimento científico
de controle sobre a natureza e também sobre a vida
do homem. Foram consideradas boas as respostas
em que os candidatos apresentaram de forma clara e
articulada apenas três dos quatro aspectos descritos
acima. Foram consideradas regulares as respostas em
que os candidatos abordaram ao menos um dos quatro
aspectos mencionados sobre as respostas às questões
ótimas. Foram consideradas insuficientes as respostas
em que os candidatos se limitaram a repetir passagens
do trecho citado.
Anotações:
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
Líder absoluto em exames de seleção de Ensino Médio e UFPR Ensino Superior
5
Download

FILOSOFIA - Curso Apogeu