494 TRATAMENTO DE FERIDAS: ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS UNIDADES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE TREATMENT OF WOUNDS: ASSISTANCE OF NURSING IN THE UNITS OF PRIMARY ATTENTION TO THE HEALTH Cristiane Mendes Carneiro Graduada em enfermagem pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – UnilesteMG. [email protected] Franliane Barbosa de Sousa Graduada em enfermagem pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – UnilesteMG. [email protected] Fernanda Nunes Gama Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Pós-Graduada em Administração Hospitalar e Gestão em Investimentos em Projeto de Saúde. Enfermeira. Docente do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais UNILESTE-MG. [email protected] RESUMO O tratamento de feridas é uma das áreas em que exige a qualificação dos profissionais de saúde, através do tratamento adequado acorrera a evolução do tratamento com eficácia sendo primordial a satisfação do cliente. O presente artigo teve como objetivo geral analisar a atuação dos profissionais de Enfermagem na avaliação e tratamento de feridas em usuários nas Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) no município de Coronel Fabriciano-MG. A pesquisa adotou a metodologia qualitativa do tipo descritivo, amostra foi composta por 20 profissionais de enfermagem, das Unidades Básicas de Saúde. Os dados foram coletados por meio de um roteiro de entrevista estruturado. Os resultados indicaram que a adesão dos clientes portadores de feridas é satisfatória correspondendo a 95%, no entanto notou-se que alguns procedimentos básicos para um atendimento qualificado e seguro para o cliente não são adotados, como a lavagens das mãos dentro da técnica preestabelecida, percebeu-se também uma carência de capacitação profissional havendo necessidade de atualização da equipe de enfermagem no tratamento de feridas. PALAVRAS – CHAVE: Cicatrização de Feridas. Cuidados de enfermagem. Enfermeiro. ABSTRACT The treatment of wounds is one area that requires qualification from the health professionals. Effective evolution of the treatment will be achieved through appropriate treatment, with patients’ satisfaction being of paramount importance. The present article had as objective generality to analyze the performance of the professionals of Nursing in the evaluation and treatment of wounds in users in the Units of Primary Attention to the Health from the town of Coronel Fabriciano-MG. the research adopted the qualitative methodology of the descriptive type, sample composed for 20 professionals of nursing, in the Units of Primary Attention to the Health. The data had been collected by means of a structuralized script of interview, contend opened, related questions to the content. The results had indicated that the adhesion of the carrying customers of wounds is satisfactory corresponding 95%, However, it was noticed that, some basic procedures for a more qualified and safe assistance to the customer were not adopted, such as washing of hands following pre-established techniques. A Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 495 deficiency in professional skills was also noticed. In accordance with the research exists a necessity of update of the team of nursing in the treatment of wounds. KEY WORDS: Healing of wounds. Nursing care. Nurse. INTRODUÇÃO A pele é uma lâmina limitante essencial à vida, desempenhando funções básicas como proteção da ação de agentes externos, regulação da temperatura corporal, além de funções sensorial, metabólica e excretora (TIMBY, 2007). A pele é considerada o maior órgão do ser humano e está sujeita a sofrer qualquer tipo de agressão que poderá prejudicar o funcionamento do corpo, como exemplo as feridas (MORAIS; OLIVEIRA; SOARES, 2008). As feridas acometem de forma geral a sociedade independentemente da cor, idade, gênero, etc. De acordo com Morais, Oliveira e Soares (2008), o profissional de enfermagem possui um papel importante quando se refere do cuidado ao cliente, tem um trabalho relevante quando se refere ao tratamento de feridas, uma vez que possui maior contato com o mesmo, acompanhando a evolução da lesão, orientando e executando o curativo. Para se realizar um bom tratamento relacionado ao portador de feridas, foram realizados ao longo dos anos, estudos descritivos para identificar as necessidades seguindo critérios como: classificação da ferida, o agente causal, profundidade, forma, tamanho, quantidade de exsudato, localização, aparência e o ambiente do tratamento (DEALEY, 2001). A sua classificação constitui ainda importante forma de sistematização, necessária para o processo de avaliação e registro que podem se classificar pela origem ou pelo tipo de agente causal, e o profissional deve avaliar o grau de contaminação que possui um importante fator na escolha do tratamento (BORGES, 2008). A escolha do medicamento deve trazer resultados satisfatórios para o cliente. E para isso é necessário o conhecimento por parte do profissional em relação à forma de tratamento (MORAIS; OLIVEIRA; SOARES, 2008). É importante a atualização do conhecimento para proporcionar ao cliente um atendimento qualificado, ressaltando ainda que não esteja inserido nesse atendimento apenas o enfermeiro, mas uma equipe multiprofissional que tem como objetivo cuidar de feridas, uma vez que o tratamento envolve processos sistêmicos e locais. Com a primeira guerra mundial houve-se a necessidade de criar o medicamento (penicilina) que pudesse minimizar e controlar as infecções causadas durante a mesma. Havia uma discriminação social para com os soldados que apresentavam feridas cutâneas (CUNHA, 2006). As feridas podem ser crônicas com longa duração e frequentes recidivas, como a úlcera de pressão; e as agudas que corresponde rapidamente à cicatrização sem complicações, como as traumáticas e cortes. A avaliação da ferida deve ser periódica, e é de fundamental importância acompanhar a evolução do processo cicatricial e a cobertura utilizada. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 496 O tratamento de feridas envolve a cada momento a evolução para a cicatrização que dependerá da escolha do medicamento que tem como objetivo tratar e prevenir infecções (TIMBY, 2007). Segundo Cunha (2006), o tratamento de feridas vem evoluindo com técnicas e medicamentos adequados para que se possam obter melhores resultados nas Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS). A eficácia do tratamento das feridas depende também da educação e orientação do cliente, fazendo com que ele se torne um participante ativo no processo de cicatrização, sendo importante sua atuação diretamente na prevenção de feridas. A cicatrização é um processo fisiológico cujo objetivo é reparar os tecidos agredidos. Por ser um processo complexo, exige do profissional de saúde conhecimentos básicos sobre fisiologia da pele, fatores que interferem na cicatrização e avaliações sistematizadas, com prescrições distintas de frequência e tipo de curativo necessário para reconstituição do tecido (TIMBY, 2007). Na abordagem do cliente portador de feridas é necessário que o profissional de enfermagem avalie as condições da lesão para a reconstituição da lesão na escolha correta do material a ser utilizado. Diante desse fato é importante realizar a avaliação. O objetivo da avaliação é apresentar informações sobre o estágio da ferida e conseqüentemente o acompanhamento da mesma embasada na cicatrização e também confirmação do uso adequado do medicamento durante o seu tratamento (DEALEY, 2001). Segundo Franco e Gonçalves (2008), o profissional de enfermagem deve conhecer o cliente como um todo, desde as possíveis patologias, aspectos psicológicos, a condição socioeconômica, familiar e cultural do cliente para que possa tomar decisões cabíveis para otimizar a recuperação do cliente. O profissional que acompanha o cliente portador de feridas deve atentar para o aparecimento de complicações de infecção, por isso deve-se utilizar de técnica asséptica para realização do tratamento, dessa maneira ocorrerá a redução da infecção e o período de cicatrização (BORGES, 2008). Sendo assim, a participação do profissional de enfermagem é fundamental na busca de novas maneiras de cuidar, fundamentada no processo de construção da realidade individual e subjetiva de cada cliente portador de ferida, visando a melhoria da qualidade da assistência (PEREIRA; BACHION, 2005). A avaliação sistematizada e contínua no tratamento de feridas, sendo realizada pela equipe de enfermagem de forma coerente irá qualificar a assistência, tornado-a adequada no tratamento de feridas e obtendo resultado satisfatório para o cliente proporcionando uma reabilitação mais rápida e eficaz. Pretende-se, portanto com este estudo analisar a atuação dos profissionais de Enfermagem na avaliação e tratamento de feridas em usuários nas Unidades de Atenção Primária à Saúde no município de Coronel Fabriciano - MG. METODOLOGIA A pesquisa adotou a metodologia qualitativa do tipo descritiva, foi realizada na cidade de Coronel Fabriciano – Minas Gerais, com os profissionais de enfermagem atuantes nas UAPS que trabalham na sala de tratamento de feridas, totalizando 22 Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 497 profissionais, destes, dois deles foram excluídos por se encontrarem afastados do serviço no período da coleta de dados, alcançando uma amostra de 20 profissionais responsáveis pela sala de curativo. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um roteiro de entrevista estruturado, elaborado pelas pesquisadoras. No período de 13 a 23 de março de 2009 foi realizada a coleta de dados. As entrevistas foram registradas através de um aparelho MP3 da marca X-VIEW e também manuscritas pelas pesquisadoras em formulário próprio. A entrevista foi realizada no horário de trabalho dos profissionais de enfermagem em uma sala reservada, com pouca interrupção e duração aproximadamente de 20 minutos. Foi encaminhada ao Secretário de Saúde do município uma carta em duas vias solicitando autorização para realização da pesquisa. Todos os participantes foram informados quanto aos objetivos da pesquisa, uso do gravador, bem como da participação voluntária e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), garantindo-lhes sigilo quanto à sua identificação. A pesquisa respeitou a Resolução n. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que dispõe sobre Normas e Diretrizes Regulamentares envolvendo Seres Humanos, especialmente no que diz respeito ao Consentimento Livre e Esclarecido (BRASIL, 1996). Os dados foram analisados e consolidados com o auxílio de estatística descritiva os relatos dos participantes foram analisados e demonstrados ao longo dos resultados, sendo atribuídos nomes simbólicos de flores aos participantes. Os resultados foram discutidos com base em literatura existente sobre o tema. Levando em consideração o objetivo da pesquisa sobre a atuação do profissional na avaliação e tratamento de feridas, com a abordagem aos profissionais de enfermagem foi possível analisar basicamente a descrição dos resultados obtidos confrontando-os com revisões bibliográficas, facilitando o entendimento e a interpretação dos mesmos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram questionados os profissionais das Unidades de Atenção Primária á Saúde se existe o protocolo para avaliação da ferida, e obtiveram-se respostas como: Begônia: Existe ele se encontra lá na sala de curativo. Tulipa: Acho que existe. Normalmente quem faz a avaliação da ferida dependendo da ferida é a enfermeira, ferida que precisa de cobertura, uma ferida bem maior ela que faz a avaliação no mais é ferida comum. Magnólia: Existe um caderno onde a gente anota só as feridas crônicas. Hortênsia: Existe. Gardênia: Se existe não me mostraram não, porque até então os curativos eram feitos assim é a gente, o técnico mesmo que fazia a avaliação algumas vezes é a enfermeira né?. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 498 Segundo Borges (2008) o protocolo é o plano exato e detalhado para um esquema terapêutico. A implantação do protocolo tem necessidade para a implementação de um esquema que proporcionará um resultado eficaz para o paciente e custos menores para a instituição. O protocolo promoverá orientação para a equipe de enfermagem, estado de saúde do cliente e características que proporcionará ao mesmo um tratamento eficaz e uma reabilitação completa. Ao serem abordados sobre os meios que utilizam para a avaliação e identificação da ferida, obtiveram-se as seguintes respostas. Violeta: O paciente chega primeiro na sala de curativo a gente observa a ferida se for ferida simples né? A nível de pele mesmo, a gente faz o curativo pede para estar retornando, e conselho o paciente no que ele deverá esta fazendo se não depende do curativo, nos chamamos a enfermeira, a enfermeira avalia e ver se irá usar placa ou outro tipo de pomada. Gardênia: É a enfermeira que faz a primeira avaliação né? O estruturamento que ela usa mesmo é ta visualizando a ferida né ela não tem aquela fita para ta medindo, como ta a profundidade o tamanho da ferida mesmo visual, ela ver o aspecto da ferida, vê como, ta para dar andamento ao tratamento é mais ou menos isso ai né? Begônia: É depois que você ler o protocolo, a pessoa chega você olha a ferida né? Pergunta o que aconteceu com a pessoa, da onde veio àquela ferida ou queimadura, o que lhe causou e vai fazer uma avaliação do aspecto que ele esta. Se ela ta com secreção, se ela ta com edema se ela ta com áreas, mas, não é limpa e nem suja, mas vamos dizer assim se for no pé é uma que você vai preocupar primeiro em fazer uma limpeza antes de fazer avaliação do que se fosse no braço, uma questão de limpeza. Íris: Primeiramente dependendo do tipo da ferida na hora da avaliação a gente vai observar a questão de extensão, profundidade, coloração, quantidade de exsudato. Ao avaliar uma ferida deve-se identificar a influência direta da “história da ferida”. Como causa, tempo de existência, presença ou ausência de infecção. Além disso, deve ser avaliada a dor, edema, extensão e profundidade da lesão às características do leito da ferida. A sua classificação constitui importante forma de sistematização, necessária para o processo de avaliação e registro que podem se classificar pela origem ou pelo tipo de agente causal. O profissional deve avaliar o grau de contaminação, que possui um importante fator na escolha do tratamento (BORGES, 2008). As feridas só terão evolução satisfatória se for seguido um plano de tratamento com rapidez e agilidade onde é necessária a ajuda de uma equipe multiprofissional para a cicatrização da ferida. Ao perguntar quais as técnicas que utilizam para avaliar a ferida, os relatos foram: Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 499 Tulipa: ... técnicas? Eu não tenho técnica nenhuma, como assim? Eu não tô raciocinando muito bem, vou abrir, vou limpar fazer os procedimentos normais, colocar medicação cobrir, todas saem daqui cobertas. Íris: ... primeiramente vou lavar as mãos, vou preparar o material necessário, pego o campo, observo se vai precisar de um curativo especial, separo todo o material, primeiramente. Logo após vou abrir o campo retirar primeiro a cobertura que tá, logo após fazer a assepsia adequada do local, analisar a ferida, observar a ferida em questão de exsudato qual o melhor curativo, logo após fechar o curativo e fazer evolução no caderno de enfermagem. Violenta: A gente utiliza assim, quando o cliente chega até a sala a gente olha o local da ferida para saber, a gente pega e analisa o local para saber se a ferida é dolorosa se não é dolorosa , saber se úlcera varicosa ou arterial, né? A gente pergunta também se ele teve algum corte que tipo de material se foi por tiro ou perfuro cortante, se foi ferragem a gente olha tudo mesmo, faz uma anamnese mesmo para saber ate mesmo qual o tipo de medicamento que ele toma, para saber se tem perigo. O local que ele vive, se uma erisipela porque uma reação medicamentosa pode desenvolver uma erisipela bolhas. Gardênia: Visual mesmo, olho o aspecto da ferida e toco em volta da ferida mesmo, o tato para perceber se ta uma ferida quente, olho o aspecto dela, vê se ela ta vermelha e quantidade de secreção. Girassol: ... pode ser medido né? Através de uma régua para medir extensão do tamanho da ferida e até observando os aspectos né da evolução da ferida. Ao avaliar uma pessoa portadora de feridas o profissional deve ser qualificado para que possa atuar de forma coerente dentro das necessidades em que se encontra o cliente. É importante avaliar o cliente como um todo, uma vez que o profissional deverá conhecer os processos de cicatrização e os fatores que dificultaram esse processo. Segundo Cunha (2006) e Borges (2008) o tratamento de feridas vem evoluindo com técnicas e medicamentos adequados para que se possam obter melhores resultados nas Unidades de Atenção Primária à Saúde. Ao questionar sobre os cuidado e condutas que se tem ao avaliar uma ferida foram obtidas as seguintes respostas: Tulipa: Comigo ou com o paciente? Ter o material necessário né? Certinho para não contaminar, apesar da ferida já ser contaminada né? Mas não piorar o caso da ferida. Magnólia: Usar os equipamentos né? Proceder com pinça ou aparelho para não haver contaminação maio. Rosa: Lavar as mãos, calcar as luvas para realizar o curativo porque se não, não tem como. Tem que ter o soro, pomada tem que ter a receita as vezes não pode usar pomada tem que ser só o soro. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 500 Cravo: ... o seu cuidado ao manusear a ferida, para infectar ou ser infectado. Violeta: ... o tipo de ferida que é para saber qual a placa que deverá ser usado. Macela: Sempre lavar as mãos e calçar as luvas. Os métodos clínicos indicados incluem a anamnese para o profissional obter informações importantes sobre estilo de vida e condições socioeconômicas, sendo intervenções para a recuperação do cliente; e o exame físico (inspeção, percussão, palpação e ausculta) e os exames complementares que contribuíram no diagnóstico. Com a realização da anamnese o profissional obterá o levantamento sobre os processos fisiológicos e patológicos do cliente favorecendo assim o tratamento. A capacitação da enfermagem no autocuidado trará para o tratamento eficácia e rapidez na reconstituição do tecido lesionado. Os profissionais de enfermagem devem ter conhecimento técnico e científico para proporcionar aos clientes portadores de feridas a escolha do procedimento e os instrumentos adequados para prestar um atendimento diferenciado. Foi questionado se havia qualificação dos profissionais de saúde para a realização do curativo? Begônia: Há! Todos têm que ser auxiliares e técnicos para trabalharem na sala de curativos, nunca fiz curso de feridas, tudo que sei é com os colegas de trabalho e estágios, com o que a gente aprende realmente no cotidiano. Amarílis: Ele tem que ter curso técnico e sempre tá participando de treinamento para feridas. Cerejeira: Não. Lírio: ... normalmente quem faz o curativo sou eu, já participei de palestras. Copo de Leite: Não. O conhecimento é adquirido na prática curso especifico eu não fiz. De acordo com a Lei do Exercício Profissional nº. 7498/86, e o Decreto nº. 94.406 de 8 de julho de 1987 que regulamenta o exercício de Enfermagem, em seu artigo 8º que ao enfermeiro incube como integrante da equipe de saúde, a “participação nos programas de treinamento e aprimoramento de profissionais de saúde, particularmente nos programas de educação continuada que é parte atuante nessas modificações”(BRASIL, 1986). O profissional de enfermagem deve ter conhecimento técnico para propiciar um tratamento adequado ao cliente na sua recuperação, reabilitação, na promoção de saúde e prevenção de agravos. Ao questionar se para cada ferida havia uma técnica de curativo adequado ou se era utilizados sempre as mesmas em qualquer ferida, os profissionais apontaram: Violeta: ... a pomada que nos temos é sulfa e a neomicina, senão houver contra-indicação, temos também hidrogel, hidrocoloide, tem que ter a avaliação da enfermeira e do médico. Quanto o médico pede outra pomada, a pessoa tem que comprar, por exemplo, a necsane e calêndula. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 501 Macela: ... depende que tem uns curativos especiais que são feitos com carvão ativado, alginato, hidrocolóide a gente solicita e a enfermeira solicita esse curativo e secretaria envia pra gente tá realizando esse curativo. Antúrio: .. sim porque nenhum paciente é igual ao outro, até questão de ferida também. Begônia: ... vamos dizer que em UBS é padronizado uso de sulfa ela é ideal para uma coisa, mas como não tem outros medicamentos o extrapola é uma neomicina, quando a gente pede o médico. Mas geralmente os curativos são feitos com sulfa ressalta aqueles curativos que são feitos em casa, ai o médico prescreve e a família compra aquele material e a gente só faz o trabalho. Amarílis: ... não tem curativo com gel. A gente sabe que tem né? Tem curativo com alginato e a gente não tem isso aqui, é somente o básico. Segundo Timby (2007), o tratamento de feridas envolve a cada momento a evolução para a cicatrização que dependerá da escolha do medicamento para o tratamento de feridas. A escolha do medicamento adequado dependerá da correta avaliação, do conhecimento sobre o produto, sua eficácia, custo, disponibilidade no mercado, no bem estar e conforto do cliente. O uso inadequado do tratamento pode prejudicar ou retardar a cicatrização. Ao serem abordados sobre quais as alternativas mais utilizadas no tratamento de feridas, obtiveram-se os seguintes resultados, conforme demonstrado na TAB. 1. TABELA 1 Substâncias utilizadas no tratamento de feridas pelos profissionais de enfermagem no município de Coronel Fabriciano. Alternativa Frequência Percentual Sulfadiazina de Prata Solução fisiológica 0,9% e Neomicina Hidrocolóide 11 6 55 % 30% 3 15% Total 20 100,0% Não existe o melhor produto para a realização do tratamento da ferida ou o único em todo o processo cicatricial, é necessário identificar e conhecer indicação e contra-indicação e o benefício do produto. A escolha do produto irá depender do tipo de procedimento, tamanho, presença de drenagem ou sinais de infecção da ferida. Utiliza-se Sulfadiazina de prata para as feridas causadas por queimaduras ou que necessitem ação bacteriana, ou seja, queimaduras, úlceras de pressão e feridas cirúrgicas infectadas (FRANCO; GONÇALVES, 2007). As placas de hidrocolóide são estéreis e podem ser usadas em várias feridas, mas tem maior eficácia nas feridas com exsudação de baixa a moderada. A pomada Neomicina dermatológica está indicado para o tratamento e profilaxia das infecções da pele de qualquer natureza, inclusive traumática ou ferida cirúrgicas e o soro fisiológico que é indicado para limpeza e hidratação do tecido lesionado (BORGES, 2008). Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 502 Ao serem abordados sobre a necessidade da realização de um curativo com coberturas específicas, e estas não estão disponíveis nos serviços de saúde qual o procedimento para adquiri-lo se o cliente não tem condições financeiras para comprá-lo, os profissionais conforme demonstrado: Girassol: É feito um registro de evolução da ferida pela enfermeira faz um laudo médico né, relatando a necessidade e encaminhado para a Secretaria de Saúde e então providencia o material para o paciente. Violeta: Não é todo paciente que usa. Então a enfermeira avalia e então pede para a Secretaria de Saúde. Copo de Leite: Avaliar a ferida e fazer o pedido. Begônia: ... a gente orienta a passar pelo médico... ou a pessoa que já passou pela avaliação do médico, a gente orienta a estar indo á algum lugar na Secretaria Municipal de Saúde e lá eles tem condições melhores para estar oferecendo tratamento que não é viável para a família. Porque tem um custo muito alto, ou vai demorar muito tempo e vai ficar caro. Tulipa: Procurar a Secretaria de Saúde, igual a esses tipos de curativos. Na época tava tendo muita demanda aí entraram em um consenso e a prefeitura comprou então dependendo da necessidade a gente passa para Secretaria Municipal de Saúde, ai passa por uma avaliação, normalmente compra, quando eles liberam eles manda até quando o paciente precisar, a demora depende do material. É de responsabilidade dos profissionais de enfermagem que a recuperação do cliente aconteça de maneira rápida e menos traumática possível, por isso cabe a eles orientá-los e ensiná-los. De acordo com os relatos, os meios que utilizam para realização de coleta de material para exame de cultura das feridas, estão demonstrados na TAB. 2. TABELA 2 Coleta de material para exame de cultura das feridas no município de Coronel Fabriciano. Alternativa Freqüência Percentual Não se realiza Realiza no laboratório Não sabem do que se trata Total 12 6 2 20 60% 30% 10% 100,0% O exame de coleta para cultura de feridas é um método onde ocorre a retirada da colonização de bactérias para amostras que serão encaminhadas ao laboratório para identificar se o tecido esta infectada para proteger e evitar o agravamento no tratamento de ferida. Em relação à pergunta: quais as orientações para o cliente de como cuidar da ferida?Destacaram-se os relatos: Tulipa: ... eu oriento a não deixar sujar, não deixar cair água não manusear as coisas com as mãos sujas ter o máximo de cuidado possível, quando Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 503 vem fazer comigo até o dia seguinte, quando for fazer em casa a gente orienta a fazer os procedimentos como se a pessoa estivesse aqui. Magnólia: ...é fornecido para ele o material, geralmente a pessoa não tem condições de vir na unidade, tem a visita domiciliar que é escalada uma de nós para ir. A gente orienta, fornece o material, se tem alguém da família, mas isso depende muito se a família tem uma pessoa bem esclarecida, se não for a gente, vai até melhorar e poder vim aqui. Girassol: ... pelo cuidado da alimentação, hidratação, pelos cuidados com os curativos que a gente faz na unidade, tá cuidando do curativo e fazer a troca do curativo e fazer a troca do curativo quantas vezes por dia esta fazendo o curativo. Celósia: ... do paciente né... manter limpa e coberta. Jasmim: ... a higiene, lavar bem as mãos, lavar bem o local da ferida não deixar descoberta, acontece demais chegar gente aqui. A eficácia do tratamento das feridas dependerá da conscientização do cliente e orientação, fazendo com que ele se torne um participante ativo no processo da cicatrização da ferida, e o mais importante, que ele atue diretamente na prevenção de infecção de sua ferida (MORAIS; OLIVEIRA; SOARES, 2008). Em relação a frequência dos clientes para a realização de curativos nas UAPS, foram obtidos resultados satisfatórios ao tratamento, obtendo uma amostra de 95% com relatos dos profissionais que os clientes são assíduos, permitindo uma melhor eficácia na cicatrização da ferida. A convicção de que a participação do profissional de enfermagem é fundamental na busca de novas maneiras de cuidar, no processo de construção da realidade individual e subjetiva de cada cliente portador de ferida, visa a melhoria da qualidade da assistência, obtendo resultados na promoção, proteção e recuperação. Ao se questionar como é feito a avaliação, se pelo conhecimento em que se tem das técnicas ou pelos materiais disponíveis nas UAPS, os profissionais apontaram que: Begônia: ... pelos dois, porque tem que ter o conhecimento nem que seja básico de feridas e pelo que você tem em mãos para tá fazendo o curativo.... Lírio: ... pelo conhecimento e pelos materiais disponíveis. Girassol: ... neste caso a gente usa o conhecimento em si e os materiais disponíveis na unidade. Jasmim: ... eu acho que os dois. Íris: ... o material disponível na unidade, conhecimento e busca também, porque a gente deve buscar outros meios para avaliar a ferida. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 504 O conhecimento por si só não é suficiente para que se tenham melhorias no quadro clinico, mas a disponibilidade dos instrumentos para realização do tratamento (MORAIS; OLIVEIRA; SOARES, 2008). A técnica para a realização de um curativo é modificada cada vez mais com conhecimento adquirido ao longo dos tempos. As condutas são cada vez mais individualizadas no interesse de atingir respectivamente tratamento especifico de cada ferida e a disponibilidade dos materiais e equipamentos ofertados pelas UAPS. CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com os resultados obtidos, observou-se que os profissionais têm insegurança relacionada às técnicas e procedimentos para o tratamento de feridas, não possuindo um embasamento teórico e científico que condiz com a literatura consultada, o que dificulta o procedimento da técnica e a recuperação do tecido lesionado. Com a existência de novos produtos no mercado, surge a necessidade da qualificação dos profissionais para ser possível assegurar a qualidade do atendimento ao cliente com assistência adequada, sendo indispensável os cursos de aperfeiçoamento, capacitação em serviço e supervisão direta do profissional enfermeiro com objetivos de suprir as falhas na hora da realização do procedimento. Sugere-se que os enfermeiros da UAPS invistam na atualização dos profissionais de sua equipe com supervisão, capacitação permanente, melhorando a qualidade de atendimento aos clientes portadores de feridas, uma vez que a cicatrização depende de fatores internos e externos como o estado emocional, uma nutrição adequada, o estado imunológico para a resposta ao tratamento, ressaltando ainda que o cuidado não está direcionado apenas para a lesão, mas para a relação da ferida com o corpo. REFERÊNCIAS BORGES, E.L. et al. Feridas: como tratar. 2. ed. Belo Horizonte: Coopmed, 2008. BRASIL. Lei n. 7.498, 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem e dá outras providências. Brasília. Legislação e Normas. Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais. 2009. 33 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996. Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos. Diário Oficial da União. Brasília, 16 de outubro de 1996. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Cientifica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall do Brasil, 2002. CUNHA, N.A. Sistematização da assistência de enfermagem no tratamento de feridas crônicas. 2006. 33f. Monografia (Bacharelado em Enfermagem) - Faculdade de Enfermagem, Fundação de Ensino Superior de Olinda - FUNESO, União de Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 505 Escolas Superiores da Funeso – UNESF, Centro de Ciências da Saúde - CCS, Olinda, 2006. DEALEY, C. Cuidando de feridas: um guia para as enfermeiras. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2001. FRANCO, D.; GONCALVES, L. F. Feridas cutâneas: a escolha do curativo adequado. Rev. Col. Bras. Cir., Rio de Janeiro, v. 35, n. 3, jun. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- >. Acesso em: 18 set. 2008. MORAIS, G. F. da C.; OLIVEIRA, S. H. dos S.; SOARES, M. J. G. O. Avaliação de feridas pelos enfermeiros de instituições hospitalares da rede pública. Texto contexto - enferm., Florianópolis, v. 17, n. 1, mar. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0104 >. Acesso em: 16 ago. 2008. PEREIRA, A. L.; BACHION, M. M. Tratamento de feridas: análise da produção científica publicada na revista Brasileira de Enfermagem de 1970-2003. Rev. Bras. Enferm., Brasília, v. 58, n. 2, mar./abr. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71672005000200016&script=sci_arttext Acesso em: 20 ago. 2008. TIMBY, B. K. Conceitos e habilidades fundamentais no atendimento de enfermagem. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010.