Conhecendo o Mal de Alzheimer “ Alzheimer: quanto antes souber, mais tempo você terá para lembra...” Fonte: www.abraz.com.br por Cristian Coutinho, Fisioterapeuta da Clínica Lerman Reabilitação Física, Saúde e Bem Estar O aumento da população idosa no Brasil gera uma crescente prevalência de doenças crônicodegenerativas, quando se considera a idade como fator de risco, desta forma, a prevalência do Mal de Alzheimer, ou doença de Alzheimer, está diretamente relacionada com o envelhecimento da população mundial. Dentre as doenças freqüentemente associadas ao envelhecimento, contam-se como as mais impactantes as demências, caracterizado por déficits progressivos de diversas funções cognitivas, levando a prejuízo do pensamento e planejamento, perdas funcionais e sociais, além de alterações do comportamento, com conseqüente perda de independência funcional. A doença de Alzheimer, atualmente, representa 60% das demências diagnosticadas em todo o mundo, no Brasil, estima-se um aumento proporcional de diagnósticos médicos de demência, acarretando em alto custo para o tratamento e acompanhamento desses idosos, já que não apresentam cura e são, na sua maioria, progressivas. Um das principais manifestações da demência é a perda de memória, com implicações funcionais no cotidiano do idoso, inicialmente das atividades mais complexas, como a utilização de meios de transporte, a atividade ocupacional e o manejo financeiro. Progressivamente, mais atividades passam a ser afetadas, como preparar refeições, lembrar-se de compromissos e tomar o medicamento corretamente. Na fase mais avançada da demência, o idoso passa a apresentar dificuldades crescentes nas atividades de vida diária, acentuando-se a necessidade de supervisão por parte dos familiares e dos cuidadores. Por fim, sofre perda total da capacidade funcional, tornando-se dependente de terceiros para a realização de suas atividades funcionais e para a manutenção de seu cuidado e sobrevida. Todas as perdas funcionais observadas no idoso com demência ocorrem pela presença de alterações cognitivas, como a disfunção executiva e as apraxias (desordem neurológica que se caracteriza por provocar uma perda da habilidade para executar movimentos e gestos precisos que conduziriam a um dado objetivo, apesar do paciente, ter a vontade e a habilidade física para executar), que interferem no planejamento e elaboração da atividade, no seqüenciamento do movimento, na identificação das tarefas associadas e nas correções necessárias, bem como na execução motora propriamente dita da atividade. Além disso, as alterações de comportamento também podem interferir, de forma substancial, nas atividades funcionais, já que idosos confusos, apresentando delírios e alucinações visuais, agitados ou agressivos, ou, contrariamente, apáticos e depressivos, não conseguirão engajarse na realização da atividade funcional por falta de atenção, de colaboração, ou de planejamento e de interesse. Na progressão da demência, surgem alterações que se manifestam fisicamente nos idosos, como déficits de marcha (ato de caminhar), hipertonia (estado de aumento da tensão muscular), incoordenação motora, movimentos involuntários, tremores e instabilidade postural, aumentando assim o risco de quedas. A intervenção fisioterapêutica faz-se necessário já nos primeiros sinais clínicos. Nesse caso a fisioterapia auxiliará estimulando o idoso a se manter mais ativo, objetivando a manutenção de força muscular, manutenção das articulações (preservando o arco de movimento dos mesmos), proporcionando melhora do equilíbrio e coordenação motora, prevenindo e diminuindo o risco de quedas, além das orientações à familiares e cuidadores quanto a medidas preventivas; como não permitir que idosos adotem posições inadequadas, como se sentar desalinhado na poltrona ou dormir sempre no mesmo decúbito (lado do corpo com apoio direto na cama) situações que favorecem encurtamentos musculares. O papel do fisioterapeuta na abordagem de um idoso com demência é complementar às abordagens dos demais membros da equipe multiprofissional, e somente é totalmente eficaz quando todos os aspectos relacionados à demência são contemplados. Essa medida possibilita que o trabalho do fisioterapeuta não seja comprometido, além de permitir que o idoso deixe de ser visto de forma segmentada, passando a ser visto de forma multidimensional.