UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA CRISTIANE RAQUEL DIEL FONTANA DIFERENTES PROPOSTAS DE ALFABETIZAÇÃO: UM OLHAR CRÍTICO São Leopoldo 2010 1 CRISTIANE RAQUEL DIEL FONTANA DIFERENTES PROPOSTAS DE ALFABETIZAÇÃO: UM OLHAR CRÍTICO Trabalho de Conclusão apresentado como requisito parcial e obrigatório para aprovação no curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, realizado sob a orientação da Profª Drª Tania Beatriz Iwaszko Marques. São Leopoldo 2º Semestre 2010 2 Dedico este trabalho a todos os que por mim passaram durante minha caminhada acadêmica, que me incentivaram e me compreenderam, dividindo comigo angústias e esperanças. 3 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, porque sem Ele eu nada seria; Ao meu pai, que, com certeza, me protege, guiando e iluminando meus passos; À minha mãe por sempre se importar comigo em todos os momentos da minha vida; À minha família, que está sempre ao meu lado, cada um a sua maneira, mas todos torcendo e vivenciando cada etapa de minha vida; Aos amigos e colegas, pelo companheirismo e ajuda em cada etapa do curso, e também a todos os que me acompanharam na minha caminhada de formação docente; Aos meus queridos alunos que participaram ativamente desta construção e que muito me ensinaram; A todos que um dia pensaram em promover este curso a fim de qualificar os professores das redes públicas nas quais me incluo com muito orgulho; À minha amiga e Professora Leila Chaves Baptista pela ajuda, mas principalmente por sonharmos juntas em estar onde estamos hoje; À minha querida colega e Professora Ida Cleonice Demarco pela sensibilidade e seu olhar especial evidenciado nas fotografias que tanto enriqueceram meus trabalhos no decorrer da minha caminhada acadêmica; Em especial à minha cunhada Nara Maria da Cunha pelo apoio e incentivo no início da minha caminhada como educadora ainda na cidade de São Paulo; À minha orientadora Profª Drª Tania Beatriz Iwaszko Marques e à tutora Denise Severo pelo carinho, perseverança e tranqüilidade. 4 “EU EDUCO HOJE com valores que recebi ONTEM Para pessoas que são o AMANHÃ. Os valores de ontem, os conheço. Os de hoje, percebo alguns. Dos de amanhã, não sei. Se só uso os de ontem, não educo: condiciono. Se só uso os de hoje, não educo: faço experiências a custo das crianças. Se uso os três, sofro. Mas educo. Por isso, educar é perder sempre, sem perder-se. EDUCA quem for capaz de fundir ONTENS, HOJES E AMANHÃS transformando-os num PRESENTE, onde o AMOR e o LIVRE ARBÍTRIO sejam as bases. Educa quem for capaz de dotar os seres dos elementos da interpretação dos vários PRESENTES que lhes surgirão repletos de PASSADOS em seus FUTUROS.” Arthur da Távola 5 RESUMO Este trabalho de conclusão de curso pretende analisar a relação entre o Programa de Alfabetização Alfa e Beto e minha prática docente com alunos de Primeiro e Segundo Ano das Séries Iniciais iniciada no ano de 2009 e concluída no ano de 2010 com o estágio curricular obrigatório do curso em Licenciatura em Pedagogia na Modalidade à Distância/PEAD. Este trabalho fundamenta-se teoricamente em Freinet, Piaget, Ferreiro e Freire. Esta reflexão tem por objetivo refletir sobre as situações observadas e vivenciadas em sala de aula e suas conseqüências no processo de ensino e de aprendizagem no que diz respeito à Alfabetização das crianças. Palavras-chave: alfabetização-letramento, reflexão sobre a prática docente. Programa de Alfabetização, 6 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO............................................................................................8 2. MINHA CAMINHADA..................................................................................9 3. PROGRAMA DE ALFABETIZAÇÃO ALFA E BETO................................13 3.1 PROPOSTA PEDAGÓGICA DO PROGRAMA........................................13 3.2 APLICAÇÃO DO PROGRAMA ALFA E BETO........................................16 4. REFLEXÕES SOBRE A MINHA PRÁTICA................................................17 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................27 6. REFERÊNCIAS............................................................................................29 7 8 INTRODUÇÃO O presente trabalho de conclusão de curso trata da relação entre o Programa de Alfabetização Alfa e Beto e a proposta de Alfabetização e Letramento proposto pela Licenciatura em Pedagogia na Modalidade a Distância/PEAD. Por meio dele, procuro traçar um paralelo entre minhas aprendizagens neste curso e o programa do qual fui aplicadora nos anos de 2009 e 2010 com meus alunos de primeiro ano do Ensino Fundamental de nove anos e posteriormente no ano de 2010 com o segundo ano. Os procedimentos metodológicos utilizados para a realização deste trabalho foram a reflexão sobre minha própria experiência como acadêmica e a prática docente na condição de aluna e professora. Procuro refletir, entender e analisar as diferenças entre as metodologias, o ensino e a aprendizagem, o relacionamento entre os alunos e o meu papel como educadora. A seguir apresento A seguir apresento os objetivos deste trabalho de conclusão: proporcionar uma reflexão crítica sobre diferentes metodologias de alfabetização; analisar a aprendizagem e o comportamento dos alunos, mediante a aplicação do Programa de Alfabetização e o Estágio Curricular obrigatório vivenciado como aluna do curso de Pedagogia a Distância da UFRGS; verificar as diferenças entre a proposta pedagógica do Programa Alfa e Beto e as aprendizagens que construímos no decorrer deste curso; refletir sobre a docência no dia a dia em sala de aula para aprimorar minha prática como educadora, a fim de me tornar cada vez mais consciente da função social que exerço na sociedade. Este trabalho fundamenta-se teoricamente na Pedagogia do Bom Senso, do Trabalho e do Êxito segundo as concepções de Freinet, na construção do conhecimento evidenciada por Piaget e na proposta dialógica de Paulo Freire que fala na importância de respeitar o outro como legítimo outro. Esta reflexão tem por objetivo entender e valorizar toda experiência que ocorre na relação professor-aluno como promotora de aprendizagem. 9 2. MINHA CAMINHADA “[...] o tempo é algo que não volta atrás, por isso plante o seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores” (William Shakespeare). Pensei em várias possibilidades para a construção deste trabalho, mas nenhuma foi mais significativa que a minha experiência como professora aplicadora do Programa de Alfabetização Alfa e Beto e o quanto este me angustiou durante os anos de 2009 e 2010 em que trabalhei com ele. A Secretaria de Educação comprou alguns Programas de Alfabetização com o objetivo de melhorar a qualidade da educação no Estado. Sou professora da Rede Pública Estadual e então, juntamente com minha colega da rede, fui convidada a escolher um dos Programas. Numa cerimônia promovida pela Coordenadoria de Educação ocorreu a apresentação dos Programas e lá estava eu, uma colega e a diretora da escola na época, e, enfim, tínhamos que escolher um. Numa passada breve pelos materiais, escolhemos sem nos preocupar com a aplicação, visto que bastava escolher um e a formação seria dada durante a aplicação do Programa. Materiais iam chegando à escola, eram caixas e mais caixas de livros, uma grande quantidade que não havíamos visto na apresentação do Programa. Alfabetos prontos, letras móveis, bonecos que representavam o Programa e muitos livros para uso do professor com manuais. O susto foi geral, pois além de nos sentirmos enganadas, não tínhamos como voltar atrás, já que a diretora havia assinado o termo de compromisso. Iniciamos 2009 com as turmas do primeiro ano seguindo o manual, sendo que havia para cada dia uma aula pronta e acabada, e, a cada final de mês uma planilha a ser preenchida constando o número das lições dos livros. Eram nada mais, nada 10 menos do que quatro livros, dois de caligrafia, um didático para alfabetização e o manual de consciência fonêmica, este último tratando do método fônico. Como se não bastasse, recebemos a notícia que para 2010 haveria a continuação, e os livros foram chegando. Para o segundo ano seriam usados livro de ciências, alfabetização e matemática e as avaliações viriam prontas para serem aplicadas ao final das lições pré-determinadas pela equipe que gerencia o programa na coordenadoria. Entre livros, grafemas e fonemas estavam os alunos, crianças de seis anos, sentados individualmente, em cadeiras e mesas tradicionais, aprendendo como se pega o lápis, o caderno e o livro e, o que é pior, repetindo palavras e frases fora do seu contexto e sendo avaliadas a cada final de unidade do livro, pois o Programa previa que ao final do primeiro ano os alunos deveriam estar lendo com fluências sessenta palavras por minuto. Como se não bastasse tudo isso, havia as visitas feitas pelas supervisoras do Programa que me causavam desconforto, ainda que marcadas com antecedência, não pelo fato de assistir a aula, mas pelo fato de serem colegas observando se o Programa estava sendo aplicado corretamente. Sentia-me vigiada. Era como se estivesse perdendo a autonomia que tanto lutamos para ter em sala de aula e tão evidenciada no Projeto Político e Pedagógico da nossa escola, bem como em todo o decorrer de minha caminhada acadêmica. E no meio disso tudo, eu, professora e aluna construindo aprendizagens e novas possibilidades no PEAD da invenção infância, sobre importância do brincar, da oralidade, da linguagem, da música, da literatura infantil de qualidade, aprendendo a fazer um Projeto de Aprendizagem, o significado das Arquiteturas Pedagógicas. Bem mais do que isso, refletindo sobre a autonomia de acordo com Paulo Freire, o letramento, a construção do conhecimento evidenciado por Piaget, a Pedagogia do Bom Senso proposta por Freinet entre outras tantas aprendizagens evidenciadas no decorrer deste curso. Por vezes, sentia-me frustrada e ansiosa, pois, quanto mais se aproximava o estágio obrigatório, mais angustiada ficava pensando em como realizá-lo, visto que deveria aplicar o Programa com minha turma do segundo 11 ano sendo que os mesmos já haviam sido meus alunos no Programa, que prevê a mesma professora nos dois primeiros anos. Angustiava-me pensar em como os alunos iram reagir, pois, afinal, eram duas propostas completamente diferentes, com caminhos muito diferentes. Como não havia outro jeito, eu tinha que começar o estágio. Parei tudo que estava fazendo. No começo não foi fácil, senti que os alunos também estranharam principalmente pelo fato de não usar livros. Apesar de ser cansativo, estavam acostumados com as atividades feitas exclusivamente com livros, porém o que mais lhes incomodou foi o fato de terem que trabalhar em grupos. Foi aí que tive mais dificuldade, pois eles não estavam acostumados, e, mediar isto, confesso que não foi nada fácil. A turma não estava habituada a realizar atividades cooperativas, eles se agitavam muito, falavam o tempo todo e com muita frequência tinha que intervir para que as atividades fossem concluídas. Com o início do estágio, também percebi que meus alunos eram pouco criativos e completamente dependentes de mim, esperando que eu mostrasse passo a passo do que deveria ser feito. Essa atitude não poderia ser diferente, pois eram sujeitos de um Programa de Alfabetização que os colocava num mundo fora da realidade, em que não podiam relacionar suas aprendizagens com o mundo real. Enfim, com o estágio percebi que havia muito que fazer para que meus alunos fossem ao encontro dos objetivos propostos no Projeto que construí para evidenciar minhas aprendizagens no PEAD. E aí também surge meu tema para o TCC do nosso curso. Em meio à muita indignação, desabafo e espírito crítico eis que me vem em mente um conceito de Freinet (1973): Examine lealmente cada uma das atividades que você prevê para sua classe, impeça o trabalho de soldado e, se for obrigado a eles provisoriamente, tenha presente que são apenas trabalhos de soldados, sem finalidade nem resultado. Galope, galope! Entusiasme seus alunos para irem cada vez mais depressa e cada vez mais longe. 12 Basta você prever atividades suficientes –felizmente, há muitas -, para alimentar a necessidade de criar e realizar. Assim, penso que essa passagem exprime o que pretendo mostrar neste trabalho. A minha indignação como aplicadora do Programa de Alfabetização Alfa e Beto é o fato de ser um programa que trata as crianças como alunos/soldados, e, por outro lado percebo o quanto me realizei como educadora durante o estágio supervisionado, vivenciando a forma como o Projeto entusiasmou meus alunos na construção de novas e significativas aprendizagens. 13 3. O PROGRAMA DE ALFABETIZAÇÃO ALFA E BETO Receita de alfabetização Pegue uma criança de 6 anos, e lave-a bem. Enxágüe-a com cuidado, enrolea num uniforme e coloque-a sentadinha na sala de aula. Nas oito primeiras semanas, alimente-as bem com exercícios de prontidão. Na nona semana ponha uma cartilha nas mãos das crianças. Abra a boca da criança e faça com que engula as vogais. Quando estiverem digeridas as vogais, mande mastigar uma a uma as palavras da cartilha. Cada palavra deve ser mastigada, no mínimo, 60 vezes. Se houver dificuldades de engolir separe as palavras em pedacinhos. Mantenha a criança em banho-maria durante quatro meses, fazendo exercícios de cópia. Em seguida faça com que engula algumas frases inteiras. Mexa com cuidado para não embolar. Ao fim do oitavo mês, espete a criança com um palito. Ou melhor, aplique uma prova de leitura e verifique se ela devolve pelo menos 70% das palavras e frases engolidas. Se isso acontecer considere a criança alfabetizada. Se a criança não devolver o que lhe foi dado para engolir, recomece a receita desde o inicio, isto é volte aos exercícios de prontidão. Repita a receita. Fonte: Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Alfabetizar e Letrar: um diálogo entre a teoria e a prática. Boletim Informativo 1. Jullho de 1989 3.1 Propostas pedagógicas do Programa Alfa e Beto Para aplicar o Programa de Alfabetização Alfa e Beto participei dos cursos de formação oferecidos pela 2ª Coordenadoria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul e gerenciados pelo Programa. No total somaram-se quatro encontros, um para cada semestre. A formação baseava em apresentação de vídeos que explicavam a proposta pedagógica do Instituto Alfa e Beto/IAB, apresentado pelo próprio idealizador do Programa Alfa e Beto de Alfabetização João Batista Araujo e Oliveira que produziu e implementou o Programa em centenas de classes em mais de dez estados do Brasil. 14 O que assisti me estimulou a fazer um breve resumo do muito que foi apresentado e que tem caráter público no site do instituto1. Assim, as propostas pedagógicas do Programa Alfa e Beto para Alfabetização baseiam-se: Nas recomendações da Ciência Cognitiva da Leitura e na análise das práticas dos países mais avançados, que também se utilizam do sistema alfabético da escrita. O Programa ainda destaca que nos últimos 30 anos, as descobertas permitiram um notável avanço a respeito de como as crianças aprendem a ler e de como devemos ensinar as crianças a aprender a ler. Segundo o Programa, para aprender a ler, a criança precisa adquirir o princípio alfabético, e isso significa que a criança deve ser capaz de entender que uma palavra é diferente de um objeto real ou de uma imagem. Como no exemplo da palavra Á R V O R E que usa uma forma de representação ou código diferente da árvore plantada no jardim ou do desenho de uma árvore. Assim, as palavras não são como desenhos, que representam os objetos de maneira figurativa; são compostas por símbolos, as letras. Cada letra tem um papel na palavra e representa um pedaço dos fonemas ou sons que formam uma palavra. Para adquirir o Princípio Alfabético, a criança precisa adquirir competências como: Segmentar palavra, identificar as letras, identificar os fonemas; Aprender a decodificar (aprender o Princípio Ortográfico); Decodificar significa decifrar o código. O código alfabético é uma representação, isto é, codifica os fonemas da língua por meio de grafemas (letras individuais ou dígrafos). Aprender o código significa identificar o valor sonoro da letra e usar esse conhecimento para "decifrar" ou "decodificar" o que está escrito. 1 www.iab.com.br 15 Para o Programa, a criança precisa aprender o valor do fonema isto é, o som e sua forma de representação gráfica, qual letra pode representar esse fonema e a emendar ou juntar os fonemas para pronunciar a palavra. O mesmo vale para a escrita, o aluno decodifica o som em fonemas, identifica os grafemas correspondentes e os registra no papel. Para aprender a emendar ou juntar fonemas, para ler ou para aprender a soletrar, para escrever, a criança precisa: Aprender e praticar técnicas de análise e síntese de fonemas; Desenvolver fluência de leitura. O desenvolvimento da fluência da leitura passa por três etapas: decodificar, reconhecer palavras automaticamente e ler com fluência. As etapas de aquisição da fluência da leitura não são sucessivas nem automáticas. O aluno que está aprendendo a ler pode ser capaz de ler algumas palavras automaticamente, ler pequenas frases com algum desembaraço e recorrer à decodificação para ler palavras novas, mais longas ou mais difíceis do ponto de vista morfológico. Sem treino supervisionado, dificilmente o aluno desenvolverá fluência adequada. Para avaliar e atingir os objetivos citados, o Programa previa para o Primeiro Ano seis testes que deveriam ser aplicados pelo supervisor da escola no decorrer do ano. Os resultados eram enviados para a Coordenadoria de Educação para que fossem gerenciados. No Segundo Ano as avaliações foram enviadas pela Coordenadoria para serem aplicadas pelo próprio professor e os resultados repassados para uma planilha e analisados para ver em que nível os alunos se encontravam. Além das planilhas de avaliação, mensalmente a escola deveria enviar dados sobre a lista de presença dos alunos e o número das lições trabalhadas nos livros. 16 3.2 Aplicações do Programa Alfa e Beto A partir dos propósitos mencionados, apliquei o Programa. Os alunos foram levados a treinar, repetir, tracejar, decodificar, identificar grafemas e fonemas, usando livros e apostilas do Programa. As aulas prontas e acabadas deveriam ser cronometradas, sendo que cada bloco de atividades deveria ser dado num determinado tempo. Nesse processo, os alunos, sentados individualmente, aprendiam a pegar no lápis, repetindo frases como: "Milu é uma mula”; “A mula Milu é meio mole”; “O nome da índia é Luana”; “Luana anda de anel no dedo e diadema”; “Adão anda na mão de Luana, a índia-Lua”; “O jumento tem gesso na pata”; “O javali jantou a jaca”; “O jeca viu gema de ovo de jibóia". Isso tudo com um único objetivo, o de levar os alunos a se alfabetizarem por meio do método fônico, ouvindo sons repetidos, com palavras descontextualizadas e muitas vezes sem nexo. Em muitos momentos os próprios alunos questionavam perguntando “O que é isso professora?” ou com afirmações do tipo: “Que coisa mais esquisita!” Quero aqui ressaltar que não sou contra o método fônico, bem pelo contrário, sou adepta e estudiosa do mesmo. O que não concordo é com a forma de como esses Programas são aplicados, visto que em sua grande maioria são descontextualizados da realidade em que vivem os alunos, servindo assim apenas como uma educação bancária. Como referiu Freire (1967) ”Para o educador bancário, na sua anti dialogicidade, a pergunta obviamente, não é a propósito do diálogo, que para ele não existe, mas a respeito do programa sobre o qual dissertará”. É por isso que não me sinto a vontade ao aplicar o Programa e este se transformou no símbolo de minha indignação como educadora, pois tenho características dialógicas e problematizadora frutos das nossas construções no decorrer deste curso. Paulo Freire (1967p. 83) afirma: 17 Para o educador-educando, dialógico, problematizador, o conteúdo programático da educação não é uma doação ou uma imposição – um conjunto de informes a ser depositado nos educandos - mas a devolução organizada, sistematizada e acrescentada ao povo daqueles elementos que este lhe entregou de forma desestruturada. A educação autêntica, repitamos não se faz de A para B ou de A sobre B, mas de A com B, mediatizados pelo mundo. Mundo que impressiona e desafia a uns e a outros, originando visões ou pontos de vista sobre ele. Visões impregnadas de anseios, de dúvidas, de esperanças ou desesperanças que implicitam temas significativos, à base dos quais se constituirá o conteúdo programático da educação. Não há como retomar minhas inspirações durante a caminhada acadêmica, sem continuar a mencionar Paulo Freire que pensava em um método de educação construído a partir do diálogo entre educador e educando, no qual o ato de educar deve ser solidário, coletivo e voltado para a realidade. Assim, mergulhando no universo do aluno, o educador pode construir e oportunizar temas capazes de envolver e aguçar o prazer de aprender e trocar conhecimentos. A educação problematizadora e emancipadora sugerida por Freire rompe a barreira entre professor e alunos, predominando o diálogo, momento no qual todos ficam envolvidos num processo de construção e interação significativa com o mundo, problematizando, assim, o conteúdo que os une. Freire (1967) afirma também que alfabetizar não pode ser um ato puramente mecânico, ou seja, aprender a decodificar sinais, mas sim relacionando com a prática da vida. O educador propõe um método ativo, dialógico e crítico levando em conta a realidade vivenciada pelo aluno. Para a construção deste modelo de educação libertadora o conhecimento a ser trabalhado na escola deve ser democrático, com significado e comprometido com a transformação social. 18 4. REFLEXÕES SOBRE MINHA PRÁTICA Alfabetização sem receita Pegue uma criança de 6 anos ou mais, no estado em que estiver, suja ou limpa e coloque-a numa sala de aula onde existam muitas coisas escritas para olhar e examinar. Servem jornais, livros, revistas, embalagens, propaganda eleitoral, latas vazias, caixas de sabão, sacolas de supermercado, enfim vários tipos de materiais que estiverem a seu alcance. Convide as crianças para brincarem de ler, adivinhando o que está escrito: você vai ver que elas já sabem muitas coisas. Converse com a turma, troque idéias sobre quem são vocês e as coisas que gostam e não gostam. Escreva no quadro algumas das frases que foram ditas e leia-as em voz alta. Peça às crianças que olhem os escritos por aí, nas lojas, ônibus, nas ruas, na televisão. Escreva algumas dessas coisas no quadro e leia-as para a turma. Todos os dias, leia em voz alta alguma coisas interessante: historinha, poesia, notícia de jornal, anedota, letra de música, adivinhações. Mostre alguns tipos de coisas escritas que elas talvez não conheçam: um catálogo telefônico, um dicionário, um telegrama, uma carta, um bilhete, um livro de receita de cozinha. Desafie as crianças a pensarem sobre a escrita e pense você também. Quando elas estiverem escrevendo, deixe-as perguntar ou pedir ajuda ao colega, Não se apavore se uma criança estiver comendo letra: até hoje não houve caso de indigestão alfabética. Invente sua própria cartilha. Use sua capacidade de observação para verificar o que funciona, qual o modo de ensinar que dá certo na sua turma. Leia e estude você também. Fonte: Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Alfabetizar e Letrar: um diálogo entre a teoria e a prática. Boletim Informativo 1 julho de 1989. Ao contrário do que evidenciei como aplicadora do Programa de Alfabetização Alfa e Beto, minhas construções feitas no PEAD no que diz respeito à alfabetização e ao letramento têm como proposta valorizar a livre expressão, considerando a criança como o centro de sua própria educação, sendo as atividades pensadas para que se tornem um trabalho útil, criativo e cooperativo. 19 Sendo assim, o processo que envolve a avaliação se caracteriza por ser inclusivo, diagnóstico e contínuo valorizando a construção do conhecimento. A exemplo disso cito as construções que realizei no decorrer do estágio obrigatório deste curso e que tanto colaborou e tem colaborado com o meu crescimento pessoal e profissional. Com uma postura reinterpretativa da minha realidade e de tudo que vivenciei como acadêmica iniciei o estágio baseada numa proposta construtivista e que não se caracteriza como método como bem mencionou Becker (2001, p. 72): Construtivismo não é uma prática, ou um método; não é uma técnica de ensino nem uma forma de aprendizagem; não é um projeto escolar; é, sim, uma teoria que permite (re) interpretar todas essas coisas, jogando-nos para dentro do movimento da história – da humanidade e do universo Sem um método específico, procurei em sala de aula com meus alunos de seis anos reinventar situações que resgatassem a infância, pois brincar é considerado uma forma das crianças se conhecerem, compreenderem e se expressarem no mundo, mais do que isso, é uma forma de aprender a relacionar-se com o outro. Segundo Vigotski (1987 p117): “no faz de conta a criança tem a oportunidade de ser ainda que ela não é agir como se fosse maior,exercitar-se na compreensão de papéis sociais e poder usar, de modo simbólico objetos e ações que ainda não lhe são permitidos”. Durante o estágio planejei atividades suficientes para que as aulas não ficassem exaustivas como no Programa de Alfabetização. O brincar esteve presente em muitos momentos de forma livre e criativa, proporcionando às crianças realizarem construções e reinterpretações de seus cotidianos. A cada semana que passava sentia meus alunos encantados e motivados. Participavam das atividades com entusiasmo, o que proporcionava 20 um ambiente de criação. Envolvidos numa temática com significados, assimilavam, problematizavam ações, se apropriavam e construíam seu próprio conhecimento como bem evidenciava Piaget (1978). Durante a primeira semana proporcionei várias atividades diferenciadas do contexto do Programa de Alfabetização Alfa e Beto. Confesso que foi uma semana difícil, pois a maioria das atividades planejadas foi realizada em grupos ou duplas e os alunos não estavam habituados, em muitos momentos tinha que intervir para que o trabalho fosse concluído. Ainda na primeira semana percebi o quanto meus alunos demonstravam ser dependentes de mim, pois pediam a todo o momento que mostrasse como deveriam ser realizadas as atividades, mostrando o quanto o Programa os limitava a criar inventar de forma livre e criativa. Pude perceber que tinha um grande desafio pela frente para colocar em prática nossas aprendizagens no PEAD, que vão ao encontro da construção do conhecimento, partindo da curiosidade dos alunos, da "leitura do mundo” como bem evidenciou Freire (1981, p15) quando falou do seu próprio mundo: A decifração da palavra fluía naturalmente da leitura do mundo particular. Não era algo que estivesse dando superpostamente a ele. Fui alfabetizado no chão do quintal de minha casa,á sombra de mangueiras,com palavras do meu mundo e não do mundo maior de meus pais.O chão foi o meu quadro-negro;gravetos,o meu giz Na segunda semana, as aulas foram mais produtivas e cooperativas, pois já não precisava chamar atenção dos alunos constantemente, fui percebendo que na medida em que o trabalho ia avançando os alunos já demonstravam de forma espontânea e criativa suas construções com mais autonomia, demonstrando alegria e satisfação ao realizarem as atividades. De forma coletiva e num ambiente mais lúdico, aprendizagens iam sendo construídas carregadas de significado como queria Freire (198, p. 20): 21 Daí que sempre tenha insistido em que as palavras com que organizar o programa de alfabetização deveriam vir do universo vocabular dos grupos populares, expressando a sua real linguagem, os seus anseios, suas inquietações, as suas reivindicações, os seus sonhos. Deveriam vir carregadas da significação da sua experiência existencial e não da experiência do educador. Passada a angústia das primeiras semanas, a terceira foi muito especial, assim como eu, meus alunos demonstraram prazer em aprender, juntos realizamos muitas construções. A cada aula que passava sentia os mais encantados e curiosos com nossas temáticas. Dúvidas foram surgindo e aprendizagens iam sendo construídas. . Percebi que o planejamento deve ser flexível, pois ao planejar imaginamos uma proposta ou algo que poderia dar certo, mas ao aplicar nos deparamos com situações inesperadas. Confesso que ao planejar as aulas duvidei da capacidade dos meus alunos, pensei que muitos não acompanhariam, visto que estavam acostumados a realizarem cópias ou esperar que ensinasse. Para minha surpresa muitos alunos conseguiram realizar as atividades o que me fez lembrar Freinet (1967 p75): Felizmente, as crianças aniquilam de antemão os projetos prudentes demais e metódicos demais dos pedagogos. Descobrem, num celeiro, uma velha maquineta sem pneus nem freios e,ás, escondidas, aprendem em poucos instantes andar de bicicleta,como aliás aprendem todas as coisas: sem qualquer conhecimento de regras e de princípios... Durante esta semana pude sentir o quanto um Programa de Alfabetização pode ser discriminatório na medida em que não oportuniza a todos os alunos iguais condições para que possam criar e ousar nas aprendizagens, percebi que basta oportunizar atividades interessantes que as 22 crianças descobrem por si, com sua curiosidade natural como se faz, basta o professor dar condições para que isso ocorra,incentivando-a sempre! A quarta semana se caracterizou pelo estudo, durante a semana fui buscar amparo nos aportes teóricos do nosso curso, mais precisamente em Carvalho, Nevado e Menezes (2005) que propõem idéias de Arquiteturas Pedagógicas que são definidas como "suportes estruturantes" para a aprendizagem. Assim, baseada em nossos estudos anteriores e no desafio de educar para a autonomia e a cooperação, realizei uma Arquitetura Pedagógica com minha turma. Apesar de um tema aparentemente simples confesso que teve momentos que não conseguia organizar a turma e a sistematização dos conteúdos ficou complicada, então resolvi montar um mapa conceitual sobre o tema e nossas descobertas foram ficando mais organizadas e a sistematização ocorreu com maior organização. Concluí a semana na certeza de que o professor deve ser antes de tudo um pesquisador e que numa Arquitetura Pedagógica o conhecimento vai sendo construído junto com os alunos, o planejamento deve ser muito flexível e o passo seguinte é sempre desconhecido. A quinta semana considerei a semana do encantamento, senti que com o desenrolar das atividades cada vez mais os alunos participavam com entusiasmo e se dedicavam para realizar tudo o que era proposto. Baseada na proposta freinetiana a qual me identifico e procuro dar ênfase no meu trabalho, cada aula planejada teve como objetivo valorizar a livre expressão onde a criança é o centro de sua própria educação e cada atividade foi pensada para que se tornasse um trabalho útil, criativo e cooperativo. Para Freinet, criar, se expressar, se comunicar, viver em grupo, ter sucesso, agir-descobrir e se organizar, são necessidades vitais do ser humano. Observando essas condições procurei realizar meu trabalho visando formar “cidadãos autônomos e cooperativos”, como queria Freinet. A sexta semana considerei a mais divertida de todas. Os alunos chegaram à sala de aula perguntando sobre qual seria a atividade do dia, esperavam ansiosos pelas surpresas nas quais já estavam acostumados em 23 realizar. Nossas aulas eram puro prazer! Sentia meus alunos felizes, levandome às sábias palavras de Freinet (1967, p. 84): [...] organize a Cooperativa escolar, essa sociedade de crianças que nasce espontaneamente logo se trata de construir a cabana de índios;dê aos seus alunos ferramentas de trabalho...lápis de cor para desenhar,fichas ilustradas para consultar e classificar, livros para ler,um jardim e uma coelheira,sem esquecer o teatro e os fantoches- e a Escola será esse canteiro em que a palavra trabalho aparecerá em todo seu esplendor, ao mesmo tempo manual, intelectual e social,no seio do qual a criança nunca se cansa de procurar, de realizar, de experimentar, de conhecer e de subir, concentrada, séria, refletida, humana! As atividades planejadas contemplaram o prazer em aprender e as crianças vivenciaram na prática o espírito cooperativo. Procurei deixar que se organizassem de forma livre, auxiliando e interferindo apenas quando não conseguissem chegar a um acordo. Pois na educação para a autonomia como queria Freire “às situações de aprendizagem buscam ativar as discussões de pontos de vista divergentes em detrimento da pura repetição de idéias e crenças, porém auto-subordinados ás regras de respeito mútuo e da cooperação”. Assim, priorizando a criação dos alunos, a construção livre, a cooperação e liberdade, o trabalho virou brincadeira, alegria e aprendizado! Na sétima semana aproveitei para avaliar o que estava sendo construído. Por meio de observações diárias, atividades em grupos e individuais. Pude perceber que os objetivos estavam sendo alcançados. Percebi que as temáticas trabalhadas abrangiam todos os alunos de modo que não se sentissem discriminados por quaisquer que fossem suas limitações, todos demonstravam interesse e participavam de alguma forma das atividades. Para Freire (1982, pag.77): Não é possível praticar sem avaliar a prática. Avaliar a prática é analisar o que se faz, comparando os resultados obtidos com as finalidades que procuramos alcançar com a 24 prática. A avaliação da prática revela acertos, erros, imprecisões. A avaliação corrige a prática, melhora a prática, aumenta nossa eficiência. O trabalho de avaliar a prática jamais deixa de acompanhá-la. Na oitava semana planejei com enfoque na avaliação que realizei na semana anterior, alterei o planejamento várias vezes e priorizei a leitura e a escrita direcionada ao letramento. Os alunos escreveram textos informativos relacionados à temática da semana, construíram, analisaram e levantaram hipóteses baseadas no cotidiano. Assim, percebi que meus alunos interagiam e ampliavam o conhecimento e a capacidade de interpretar e produzir diferentes tipos de textos. Aos poucos desenvolviam habilidades referentes à leitura e à escrita levando em conta seus conhecimentos de mundo, assim, aprendiam com significado e não apenas codificando e decodificando letras e sons como bem enfatizou Soares (1998, p.92): A alfabetização – a aquisição da tecnologia da escrita – não precede nem é pré- requisito para o “letramento”, ou seja, para a participação nas práticas sociais de escrita, tanto é assim que os analfabetos podem ter um certo nível de “letramento” : sem que hajam adquirido a tecnologia da escrita, utiliza a quem a tem para fazer uso da leitura e da escrita, além disso, na concepção psicogenética de alfabetização atualmente em vigor, a tecnologia da escrita é aprendida não como em concepções anteriores com textos construídos artificialmente para a aquisição das técnicas de leitura e escrita, e sim por meio de atividades de “letramento’, ou seja, de leitura e produção de textos reais, de práticas sociais de leitura e escrita. Nas duas últimas semanas senti prazer em planejar, me envolvi na procura de livros de literatura na biblioteca, pesquisei a temática, busquei informações, resgatei histórias referentes à escola e dividi com meus alunos minha curiosidade. Juntos, vivenciamos momentos de aprendizagem numa relação de companheirismo, respeito e amizade num ambiente lúdico e criativo. 25 Exploramos todos os espaços da escola, dialogamos com outras turmas, entrevistamos professores, enfim, tomamos consciência do nosso ambiente social. Saímos da sala de aula, nos apropriamos do mundo a nossa volta e transformamos em conhecimento. Para Emília Ferreiro (1988, pág. 66): A construção de um objeto de conhecimento implica muito mais que mera coleção de informações. Implica a construção de um esquema conceitual que permita interpretar dados prévios e novos dados (isto é, que possa receber informação e transformá-la em conhecimento) Realizamos muitas construções e vivenciamos momentos de descoberta e prazer. Com o término do estágio percebi que havia estabelecido um diálogo afetivo com meus alunos, em momento algum assumi a posição de detentora do saber e sim, reconheci que todos de alguma forma são portadores de conhecimento. Assumi minha condição de facilitadora de aprendizagem, criei vínculo com meus alunos, promovi a autonomia numa relação de troca, cumplicidade, respeito e confiança. Nesse sentido, Freire (1996, p.96) afirma que: O fundamental é que o professor e alunos saibam que a postura deles, do professor e dos alunos,é dialógica,aberta,curiosa,indagadora e não apassivada, enquanto fala ou quanto ouve. O que importa é que o professor e alunos se assumam epistemologicamente curiosos. Penso que a escola deve ser um lugar para aguçar a curiosidade como bem evidenciava Freire (1981, p.44): Na etapa da alfabetização, o que se pretende não é ainda uma compreensão profunda da realidade que se está analisando, mas desenvolver aquela posição curiosa, estimular a capacidade crítica dos 26 alfabetizando enquanto sujeitos do conhecimento, desafiados pelo objeto a ser conhecido. Mais do que isso, a escola deve ser um lugar especial para viver momentos agradáveis e inesquecíveis que só a infância permite sentir e foi exatamente isso que propiciei a meus alunos durante o estágio curricular. Juntos, realizamos muitas construções, mas o mais importante é que aprendemos tudo com significado lendo o mundo a nossa volta. 27 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta reflexão procurou mostrar, entender e diferenciar métodos de alfabetização e o quanto influenciam no processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Este trabalho de conclusão propiciou-me uma excelente reflexão sobre minha prática docente e minha caminhada acadêmica. Durante o estágio tive a oportunidade de colocar em prática tudo que aprendi no PEAD, pude perceber na prática como se constrói as aprendizagens relacionadas a embasamentos teóricos e o quanto foi e está sendo fundamental para meu crescimento profissional e pessoal. Assim, num processo constante de avaliação e auto avaliação da minha prática docente, penso que as aulas planejadas durante o estágio supervisionado vão ao encontro dos objetivos propostos pelo PEAD, pois cada temática trabalhada abrangeu todos os alunos que demonstraram interesse e participaram com entusiasmo de todas as atividades, demonstrando que a escola deve ser um espaço aberto para a curiosidade, a cooperatividade, autonomia, humanização e transformação, cabendo a nós professores aperfeiçoar cada vez mais nossas práticas, concretizando-as no ambiente escolar num processo de reflexão constante como enfatizou Freire (1988 p. p.36): Parece-me interessante salientar que o fato de haver tratado várias vezes este assunto não mata em mim nem sequer diminui um certo estado de espírito, típico de quem discute pela primeira vez um tema. É que, para mim, não há assuntos encerrados. É por isso que penso e repenso o processo de alfabetização como quem está sempre diante de uma novidade, mesmo que, nem toda vez, tenha novidades sobre o que falar. Mas, ao pensar e ao repensar a alfabetização, penso ou re-penso a prática em que me envolvo. 28 Tudo que senti e vivenciei no decorrer deste trabalho nada seria possível sem a brilhante participação dos meus alunos que engrandeceram este trabalho me legitimando enquanto profissional em formação 29 REFERÊNCIAS: [1] Publicado no Boletim Informativo 1 da secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro; Julho de 1989; Alfabetizar e Letrar: um diálogo entre a teoria e a prática\ Marlene Carvalho-Petrópolis,RJ: Vozes, 2005 BECKER, Fernando. O que é construtivismo? in Educação e construção do conhecimento. Porto Alegre: ARTMED, 2001. FERREIRO, Emília. Reflexões sobre Alfabetização. cortez editora,1988 FREINET, C. Pedagogia do Bom senso. São Paulo: MartinsFontes,1991 FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1988 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 10. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996 FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 18.ed.Rio de Janeiro:Paz e Terra,1988. NEVADO, R.A. C. S Menezes, Carvallho, M.J.S. (2006) Educação à Distãncia mediada pela Internet: uma abordagem interdisciplinar na formação docente. RENOTE, v.4 OLIVEIRA, Batista. João Livro 3 Todas as Letras(Instituto Alfa e Beto) OLIVEIRA, João Batista Araujo,ABC do ALFABETIZADOR (Instituto Alfa e Beto,2008) PIAGET. Jean. Psicologia e Epistemologia. Editora Forense Universitária, 1978 SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica 1998 VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1987. WWW.instituto alfae beto acessado em 10-10-2010 30 “Uma criança sempre me inspira duas coisas: ternura pelo que é, e respeito pelo que poderá vir a ser.” Paulo Freire 31