Epidemiologia de
Medicamentos – Saúde e
Doença
Professor: MSc. Eduardo Arruda
Epidemiologia Descritiva

Exame da distribuição de uma doença
em uma população e observação dos
acontecimentos básicos de sua
distribuição em termos de TEMPO,
LUGAR E PESSOAS;
Epidemiologia Descritiva

Refere-se às circunstâncias em que as
doenças e agravos à saúde ocorrem nas
coletividades.
Epidemiologia Descritiva


TIPO DE ESTUDO: Saúde comunitária
(sinônimo de estudo transversal, estudo
descritivo);
As três características essenciais das
doenças nós observamos na
Epidemiologia Descritiva;
Epidemiologia Descritiva

PESSOA: "Quem?“

As pessoas podem ser diferentes umas das outras em
relação à idade, ao sexo, ao grupo étnico, às práticas
religiosas, à cultura, ao lugar onde nasceu, à renda, à
escolaridade, à ocupação, ao nível de instrução, à condição
marital, aos costumes, à condição social, econômica e do
meio ambiente, à morbidade familiar, ao estado nutricional
e imunitário.
Epidemiologia Descritiva

PESSOA: "Quem?“

A distribuição por grupos de idade é um dos aspectos mais
importantes. De acordo com a idade, a pessoa expõe-se
mais ou menos às fontes de infecção. Por exemplo,
geralmente os adultos expõem-se mais às doenças
transmissíveis como cólera, dengue, hanseníase,
tuberculose e AIDS. As condições patológicas relacionadas
ao baixo nível de imunidade são mais frequentes nas
idades extremas, ou seja, crianças e idosos
Epidemiologia Descritiva

PESSOA: "Quem?“

Conforme o tipo de estudo desejado faz-se um
escalonamento adequado por idades. Em geral, utiliza-se a
seguinte divisão por faixa etária:
a- menor de 1 ano;
b- 1 a 4 anos;
c- 5 a 9 anos;
d- 10 a 14 anos;
e- 15 a 19 anos;
f- 20 a 49 anos;
g- 50 anos e mais.
Epidemiologia Descritiva

LUGAR (distribuição geográfica): "Onde?“

O conhecimento do lugar onde ocorre determinada
doença é muito importante em epidemiologia para
caracterização do evento. Vários elementos geográficos
podem influenciar a distribuição das doenças, como fatores
climáticos, fauna, relevo, hidrografia, solo, vegetação,
poluentes ambientais, contaminação de alimentos,
organização do espaço urbano, local de residência e
trabalho, localização urbana ou rural, migração, etc.
Epidemiologia Descritiva

LUGAR (distribuição geográfica): "Onde?“

Para a Vigilância Epidemiológica - VE é importante verificar
se as doenças apresentam uma distribuição espacial
particular que poderia estar indicando a presença, nessas
áreas, de fatores que facilitam ou dificultam o
aparecimento de casos. Assim, se os casos de sarampo
concentram-se num determinado bairro, isto pode estar
indicando bolsões de baixa cobertura vacinal, áreas em que
a população está sujeita a grande aglomeração
intradomiciliar, áreas de fixação recente de migrantes
provenientes de zona rural e/ou áreas de invasões;
Epidemiologia Descritiva

LUGAR (distribuição geográfica): "Onde?“


Devemos lembrar ainda que a aglomeração espacial dos
casos pode estar ocorrendo não em relação ao local de
residência, mas com respeito a locais de trabalho, escolas
ou áreas de lazer.
Para que a distribuição espacial forneça elementos úteis ao
controle é necessário que ela se faça segundo áreas com
características as mais homogêneas possíveis.
Epidemiologia Descritiva

LUGAR (distribuição geográfica): "Onde?“

Afim de melhorar o conhecimento quanto aos fatores
relevantes na ocorrência de cada doença é importante
conhecer sua distribuição por áreas menores, tais como os
bairros ou até mesmo por setores censitários.
Epidemiologia Descritiva

TEMPO: "Quando?“


As doenças podem apresentar variações regulares ou
endêmicas e variações irregulares ou epidêmicas;
As variações regulares ou flutuações endêmicas são
observadas na ocorrência habitual das doenças. Elas
compreendem a tendência secular, as variações cíclicas e a
variação sazonal.
Epidemiologia Descritiva

TEMPO: "Quando?“

Tendência secular corresponde a variações observadas na
incidência ou prevalência, mortalidade e letalidade das
doenças, ao longo de um período grande de tempo (10
anos ou mais).
Epidemiologia Descritiva

TEMPO: "Quando?“

Variações cíclicas consistem em um aumento periódico da
incidência de certas doenças. Na raiva animal é possível
observar aumentos cíclicos de incidência que coincidem
com o crescimento das populações animais.
Epidemiologia Descritiva

TEMPO: "Quando?“

Variação sazonal corresponde a aumentos periódicos da
incidência em determinadas épocas do ano, geralmente
relacionados ao modo de transmissão de cada doença.
Epidemiologia Descritiva

TEMPO: "Quando?“

As variações irregulares constituem as epidemias que
podem ser definidas como uma elevação brusca,
temporária e significante, na incidência da doença,
provocada por alterações na estrutura epidemiológica.
Epidemiologia Descritiva

TEMPO: "Quando?“

Para que o aumento na incidência seja considerado
EPIDEMIA é necessário que:



Haja um aumento brusco, pois um aumento gradual corresponde à
alteração do nível endêmico;
Haja um aumento temporário, havendo posteriormente um retorno
aos níveis endêmicos previamente observados;
Haja um aumento estatisticamente significante, isto é, exceda o
número de casos esperados.
Epidemiologia Analítica



Prova uma hipótese específica acerca
da relação de uma doença a uma
causa;
COORTE e CASOS CONTROLES;
Três fenômenos avaliados são:
Hospedeiro, Agente e Ambiente;
Epidemiologia Analítica
Epidemiologia Analítica

Agentes:







Nutrientes;
Toxinas;
Alérgenos;
Radiação;
Trauma físico;
Agentes infecciosos;
Etc.
Epidemiologia Analítica

Fatores de Hospedeiro:




Carga genética;
Estado imunológico;
Idade;
Conduta pessoal;
Epidemiologia Analítica

Meio Ambiente:



Aglomeramento;
Ar atmosférico;
Modos de comunicação – fenômeno no
meio ambiente que reúne o hospedeiro ao
agente, tal como: vetor, veículo,
reservatório;
Medidas de Saúde e Doença



OMS: “...estado de completo bem-estar
físico, mental e social e não apenas a mera
ausência de doenças...”
Epidemiologia: Aspectos de saúde que são
relativamente concretos e prioritários para
alguma ação;
Doença presente e doença ausente;
Medidas de Saúde e Doença


Para a determinação da presença ou
ausência da doença, utilizamos os
critérios diagnósticos;
Sinais, sintomas e resultados de exames;
Medidas de Saúde e Doença

Os critérios utilizados em epidemiologia:



Ser de fácil uso;
Mensuração simples e padronizada;
Cientificamente embasados.
Medidas de Saúde e Doença

Prevalência e Incidência

“A prevalência de uma doença é o número
de casos em uma população definida em um
certo ponto no tempo, enquanto incidência é
o número de casos novos que ocorrem em
um certo período em uma população
específica”
Medidas de Saúde e Doença

Ambas são maneiras diferentes de
medir a ocorrência de doenças em uma
população, envolvendo basicamente a
contagem dos casos em uma
população;
Medidas de Saúde e Doença


Mensurar a doença / sem avaliar a
população > sem importância científica;
Não é adequado utilizar os números
absolutos de casos em comparações
entre lugares diferentes com
populações de tamanhos diferentes.
Prevalência

Taxa de Prevalência:


Pode ser entendido como a medida do que
“prevalece” na população;
Útil no planejamento em saúde e em
programas e serviços prestados à
população;
Prevalência

Taxa de Prevalência:

*Cálculo: P = (n° de casos existentes
(novos + antigos – curas, altas ou
óbitos)/população exposta ) x 10n.
Prevalência

Fatores que influenciam:

Gravidade da doença – se muitas pessoas
adoecem e consequentemente morrem, a
taxa de prevalência diminui;
Prevalência

Fatores que influenciam:

Duração da doença – quanto menor o
tempo de duração da doença, menor será
sua taxa de prevalência e vice-versa;
Prevalência

Fatores que influenciam:

Número de casos novos - determina um
aumento da taxa de prevalência;
Incidência e Taxa de Incidência

A incidência refere-se ao número absoluto
e a taxa de incidência refere-se ao valor
relativizado em função do tamanho da
população;
Incidência e Taxa de Incidência

É considerada a medida mais importante
em epidemiologia, pois reflete a dinâmica
com que os casos novos aparecem na
população, é a “força de morbidade”;
Incidência e Taxa de Incidência

*Cálculo: I = (N° de casos novos no
período / população exposta no
período) x 10n.
Incidência e Taxa de Incidência

Taxa de Incidência Cumulativa ou Risco:


É a maneira mais simples de medir o risco de
ocorrência de uma doença;
O número de pessoas em risco de adoecer é
estipulado no início do estudo;
Incidência e Taxa de Incidência

Taxa de Incidência Cumulativa ou Risco:


O conceito de incidência cumulativa é similar
ao de “risco de morte”;
É a probabilidade ou risco de um indivíduo da
população desenvolver a doença durante um
período específico;
Incidência e Taxa de Incidência

Taxa de Incidência Cumulativa ou Risco:

*Cálculo: IC = (n° de pessoas que
desenvolveram a doença no período / n°
de pessoas sem a doença no início do
período) x 10n.
Incidência e Taxa de Incidência

População em Risco:


É chamada de população em risco uma fração
da população susceptível a alguma doença;
Muitas medidas de ocorrência de doenças são
baseadas nos conceitos de incidência e
prevalência;
Incidência e Taxa de Incidência

População em Risco:

Estas medidas deve obedecer a certos critérios,
como: incluir apenas pessoas potencialmente
susceptíveis ou expostas à doença (ex.:
homens não devem ser incluídos nos cálculos
de frequência de carcinoma de colo uterino);
calcular com base em fatores demográficos ou
ambientais (ex.: acidentes de trabalho ocorrem
somente entre os trabalhadores
Incidência e Taxa de Incidência

Letalidade:

Mede a severidade que uma determinada
doença possui, ou seja, quantas mortes
causaram dentre aqueles que possuíam a
doença em um certo período de tempo. Neste
sentido, o cálculo da letalidade determina uma
proporção;
Incidência e Taxa de Incidência

Letalidade:

*Cálculo: Letalidade = (n° de mortes por
determinada doença / número de casos
da doença no período) x 10n.
Situação de saúde

Uma situação (situs + ação) sempre está acontecendo em
algum lugar

Situação de saúde é o conhecimento, a interpretação que
um ator social produz para agir e transformar a qualidade da
vida da população de um determinado território.

Território
historicamente
produzido
e
em
permanente
processo de transformação.
Ferreira, 1999.
Situação de saúde

Dados, informações e indicadores

Os dados são a base (unidade) para gerar informações;

A informação é o produto obtido a partir de uma determinada
combinação de dados, da avaliação e do juízo que fazemos sobre
determinada situação. É um importante recurso para subsidiar o
processo de tomada de decisão, de planejamento, de execução e de
avaliação das ações desencadeadas;
Ferreira, 1999.
Situação de saúde

Indicadores são a representação numérica ou não de determinados
eventos (atividades realizadas, ocorrência de doenças), utilizados para
produzir informações visando a elaborar um conhecimento (quantitativo
e/ou qualitativo) sobre uma determinada situação, com o propósito de
tomar decisões e agir para transformar a realidade compreendida no
espaço indicado.
Ferreira, 1999.
Indicadores de Saúde

“Parâmetros utilizados internacionalmente
com o objetivo de avaliar, sob o ponto de
vista sanitário, a higidez (boa saúde) de
agregados humanos”.
Indicadores de Saúde


Permitem o conhecimento de uma
determinada situação por meio da
caracterização diagnóstica da realidade;
No plano coletivo, de forma mais abrangente,
os indicadores auxiliam na metodologia do
planejamento, gerenciamento e avaliação dos
serviços de saúde;
Indicadores de Saúde

No plano individual, no contato com o
paciente, se consagram no auxílio do
diagnóstico, por oferecer informações sobre
determinadas doenças na população e na
escolha da melhor conduta terapêutica;
Indicadores de Saúde

No plano individual, no contato com o
paciente, se consagram no auxílio do
diagnóstico, por oferecer informações sobre
determinadas doenças na população e na
escolha da melhor conduta terapêutica;
Características necessárias
para a eleição de indicadores

Validade:


Indicador para representar ou medir
corretamente o fenômeno considerado;
Ex: Incidência de faringite estreptocócica /
Estreptococos > superestimativa / Cultura > S.
pyogenes;

Maior validade deste teste em relação ao
anterior;
Características necessárias
para a eleição de indicadores

Confiabilidade (reprodutibilidade ou
fidedignidade):


Significa obter resultados semelhantes quando a
medida é repetida. É ser reprodutível;
Um indicador de “baixa confiabilidade” não tem
utilidade, enquanto que um de “alta
confiabilidade” só é bom se for de “alta
validade”;
Características necessárias
para a eleição de indicadores

Representatividade (cobertura):


Representa a área de cobertura do indicador, é o
seu alcance na população estudada;
Um indicador sanitário, por exemplo, será tanto
melhor quanto maior a cobertura populacional
alcançar ou abranger uma amostra
representativa da população;
Características necessárias
para a eleição de indicadores

Obediência a preceitos éticos:


Significa não acarretar prejuízo aos investigados;
Um claro exemplo é o de não utilizar indicadores
para avaliar uma população se não há
possibilidade de intervenção na mesma ou
quando o “sigilo” dos dados individuais não é
preservado;
Classificação dos indicadores

Segundo a Expressão dos seus Resultados:

Frequência Absoluta




É geralmente aplicado à contagem de séries
temporais de uma mesma localidade;
Não se apoiam em pontos de referência que
permitiriam melhor interpretação dos resultados;
Causa, portanto, limitações na sua interpretação;
Ex: número de vacinas utilizadas na campanha;
Classificação dos indicadores

Segundo a Expressão dos seus Resultados:

Frequência Relativa


É a expressão em números de um determinado
evento (mortalidade, morbidade) com um referencial
fixo ou determinado;
Não podemos calcular a mortalidade materna, por
exemplo, usando como denominador uma população
inteira, neste caso usamos apenas as pessoas que
estão em risco de falecer, as mães;
Medidas de frequência relativa

Coeficiente ou Taxa (Número de casos /
população em risco):



Este tipo de medida possui como
denominador apenas dados daqueles que
podem vir a se tornar casos, ou seja, a
população em risco;
“Expressão de risco”;
Ex: Taxa de mortalidade geral;
Medidas de frequência relativa

Proporção (Número de Casos / Número
Total):



Não há representação de risco / Apenas
dimensiona o quanto a parte (numerador)
corresponde ao todo (denominador);
Sua interpretação é limitada quando se deseja
realizar comparações temporais e entre
diferentes localidades;
Ex: Proporção de Óbitos Neonatal, por Regiões.
Medidas de frequência relativa

Razão (Número de Casos de um Evento
/ Número de Casos de Outro Evento):


Nesta medida de frequência, os valores
utilizados representam eventos distintos
que estão sendo comparados;
Ex: Razão de Masculinidade para
portadores de HIV / 1985 = 40/1;
Classificação dos indicadores

Segundo a Relação com o Bem-Estar:

Este tipo de classificação qualifica os indicadores
em positivos ou negativos, tentando traduzir
alguns aspectos da qualidade de vida
populacional;
Classificação dos indicadores

Segundo a Natureza das Informações:

Há um número grande de indicadores em uso
atualmente devido à existência de inúmeras
dimensões a serem aferidas numa população;
Indicadores de saúde

Indicadores demográficos

Indicadores socioeconômicos

Indicadores de mortalidade

Indicadores de morbidade

Indicadores de fatores de risco e proteção

Indicadores de recursos

Indicadores de cobertura
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2012/matriz.htm
Indicadores de saúde
Tabela 01. Evolução de alguns indicadores demográficos , sociais e de saúde no Brasil, nas décadas de 1980 e 1990
INDICADORES
1980
DÉCADA DE 1990
População urbana (%)
67,5%
78,4% (1996)
Taxa de fecundidade
4,3
2,3 (1996)
Crescimento populacional anual (%)
2,5 (1970/1980)
1,4 (1991/1996)
Pop. de < de 5 anos (em milhões)
16,4
15,6
Pop. analfabeta = > 10 anos
25,3%
16,2% (1995)
% de domicílios com água
53,3%
84,3% (1996)
PIB per capita (em R$)
3.510 (1985-1989)
3.460(1992-1996)
Renda familiar per capita (em R$)
276 (1985-1989)
195 (1992-1996)
Mort. inf. proporc. p/ diarréias (%)
24,5
9,7 (1992)
Desnutrição em < de 5 anos (%)
18,4 (1975)
5,9 (1996)
Mort. proporc. p/ doenças infec.
9,3
4,7 (1992)
Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; PNDS - 1996; C. A. Monteiro et al., 1997.
Adaptado de Waldman e Rosa, s.d.
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