Imunossupressão induzida após sepse grave está relacionada com a idade DAVID FERNANDO COLÓN M1, FERNANDA V CASTANHEIRA2, RAFAEL FRANÇA1, FABIANE SÔNEGO1, MARCELO FRANCHIN3, VANESSA BORGES2, FABIO CARMONA3, ANA PAULA CARLOTTI3, FERNANDO RAMALHO4, JOSÉ CARLOS ALVES-FILHO1,2, FERNANDO QUEIROZ CUNHA1,2. 1 Departamento de Bioquímica e Imunologia, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Universidade de São PauloFMRP USP-, São Paulo (SP), Brasil. 2 Departamento de Farmacologia, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo-FMRP USP-, São Paulo (SP), Brasil. 3 Departamento de Farmacologia, Universidade de Campinas-Unicamp-, São Paulo (SP), Brasil. 4 Departamento de Pediatria, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo-FMRP USP-, São Paulo (SP), Brasil 5 Departamento de Patologia e Medicina Forense, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Universidade de São PauloFMRP USP-, São Paulo (SP), Brasil E-mail: [email protected] Objetivo: Sepse é definida como uma resposta inflamatória sistêmica decorrente de uma infecção, caracterizada por lesão tecidual, apoptose e disfunção orgânica. Estudos realizados em nosso laboratório demostram que a imunossupressão associada com a sepse envolve o aumento da frequência das células T Reguladoras, levando a uma maior susceptibilidade dos indivíduos acometidos a infecções oportunistas. Estes achados foram descritos em humanos e camundongos adultos, porém não existem evidências de estas alterações na sepse pediátrica. Assim, o objetivo deste estudo foi investigar o papel da idade na gênese da imunossupressão induzida após sepse. Métodos: Camundongos C57BL/6 (recém-nascidos e oito semanas de idade) foram submetidos a sepse letal pela injeção intraperitoneal com 108 UFC/Cavidade de bactéria e tratados com antibiótico durante 3 dias após infecção. No dia 15 após infecção (pós sepse), a frequência e o número das células T CD4+ Foxp3+ (Tregs) foi avaliada no baço por FACS. Para estudar a imunossupressão, animais sobreviventes à sepse foram infectados intranasalmente com uma dose subletal de Pseudomonas aeruginosa ou inoculados intradérmicamente com a linhagem celular tumoral B16LucF10. Adicionalmente, amostras do sangue de adultos e crianças saudáveis, com sepse e pós-sepse (após recuperação) foram coletadas e a frequência das células Tregs foi avaliada. Resultados: Após indução da sepse experimental, diferentemente dos camundongos adultos sobreviventes à sepse os quais apresentaram incremento na frequência das células Tregs e redução da capacidade proliferativa das células TCD4+, camundongos recém-nascidos sobreviventes à sepse apresentaram diminuição na frequência das células T regs sem alterações na proliferação da população TCD4+. Adicionalmente, camundongos recém-nascidos foram resistentes à infecção intranasal com P. aeruginosa e não apresentaram incremento do crescimento tumoral e da frequência das células Tregs no microambiente tumoral, em contraste com camundongos adultos sobreviventes à sepse. Interessantemente, macrófagos obtidos de camundongos adultos apresentaram diminuição no killing e fagocitose. Finalmente, amostras de pacientes pediátricos com sepse e sobreviventes à sepse apresentaram diminuição na frequência das células Tregs, em contraste com pacientes adultos. Conclusões: Estes achados demostram a relação da imunossupressão pós-sepse com a idade. Um maior entendimento dos mecanismos envolvidos permitirá o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas para o tratamento da sepse pediátrica ou adulta.