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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
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GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA
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A IMPORTÂNCIA DA AUTO-ESTIMA NA VIDA DA CRIANÇA E
APRENDIZADO
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DO ADOLESCENTE PARA O DESENVOLVIMENTO DE SEU
Por: Adriana Martins de Freitas
Orientadora
Profª Ms. Andressa Maria Freire da Rocha
Macaé
2009
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA
A IMPORTÂNCIA DA AUTO-ESTIMA NA VIDA DA CRIANÇA E
DO ADOLESCENTE PARA O DESENVOLVIMENTO DE SEU
APRENDIZADO
Adriana Martins de Freitas
Apresentação
de
monografia
Universidade
Cândido
à
Mendes,
IAVM- Instituto A Vez do Mestre,
como requisito parcial para obtenção
do
título
de
Licenciado
em
Pedagogia.
Orientadora: Profª Ms. Andressa
Maria Freire da Rocha
Macaé
2009
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo presente da vida.
Ao meu pai, Pedro in memorian, pelo exemplo
de vida.
A minha amada mãe, Albaniza, que sempre
me incentivou aos estudos e lutou para que eu
chegasse a ser uma Pedagoga.
Á minha orientadora Profª Ms.Andressa Maria
Freire da Rocha pelo carinho, incentivo, contribuição
e ensinamentos socializados em todos os momentos
tranqüilos e até os mais angustiantes neste processo
educativo.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus e a minha mãe,
que tanto contribuíram para esta realização.
RESUMO
Estamos vivendo em um mundo em que muitas mudanças estão
acontecendo de uma forma tão rápida e deturpadora, que acabam afetando a
perfeição nas relações sociais. Essas transformações tornam-se destrutivas na
vida de criança e adolescentes em idade escolar. Por isso, este trabalho quer
nos mostrar que a auto-estima é muito importante na vida de cada ser. E que
pode ser bem trabalhada, e deve ser, principalmente pelos educadores, pois a
escola é o lugar onde se inicia a construção de um verdadeiro cidadão em
contínua colaboração com a família.
METODOLOGIA
Esta monografia parte de um estudo bibliográfico, tendo como fonte
livros de diversos autores significativos para este estudo, e observação em sala
de aula. Tendo como referências os estudos bibliográficos, foi possível dar
continuidade a escrita desta pesquisa acadêmica, aperfeiçoando-o passo a
passo trilhando em direção a conclusão do trabalho.
Durante minha vida sempre me questionei sobre este assunto, autoestima.
Este tema foi um fator propulsor que me motivou a dedicar-me mais a
este assunto, o relacionado à questão social, que tanto afeta nosso
desenvolvimento no ambiente escolar.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 9
CAPÍTULO I
A AUTO ESTIMA DESENVOLVENDO O APRENDIZADO NA VIDA DO
EDUCANDO .................................................................................................... 11
1.1 A auto-estima na sociedade em que vivemos ........................................... 11
1.2 O que é a auto-estima?.............................................................................. 12
1.3 O resgate da auto-estima .......................................................................... 15
CAPÍTULO II
A ESCOLA E FAMÍLIA NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DA AUTOESTIMA............................................................................................................ 20
2.1 A auto-estima na escola ........................................................................... 20
2.2 A auto-estima na família .......................................................................... 26
CAPÍTULO III
A AUTO-ESTIMA X AVALIAÇÃO ................................................................ 29
3.1 A auto-estima no processo avaliativo ....................................................... 29
3.2 Avaliar para o sucesso .............................................................................. 31
CONCLUSÃO ................................................................................................. 36
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA ................................................................... 38
9
INTRODUÇÃO
Nos dias atuais muito se tem refletido sobre a importância da autoestima na vida da criança e do adolescente para o desenvolvimento de seu
aprendizado. O educando estimulado, consegue realizar seus objetivos.
Um dos fatores mais importantes do comportamento é o conceito que a
pessoa tem de si mesmo. Quando uma pessoa se sente confiante e capaz, trás
modificações no seu comportamento. A valorização de si mesmo é um grande
passo para uma boa auto-estima, representando um dos fatores de maior
influência na sua formação psicológica.
O interesse maior desse trabalho gira em torno da auto-estima do aluno
e sua relação com a educação e como processo avaliativo, e também como o
professor deve avaliar para o sucesso, avaliar além do cognitivo, na plenitude
do aluno, dando oportunidade para se viver um crescimento pessoal.
Este tema: a importância da auto-estima na vida da criança e do
adolescente para o desenvolvimento de seu aprendizado, é muito refletido no
dia-a-dia de cada ser humano. Pois a auto-estima é uma capacidade, uma
confiança, que transforma a vivência do aluno. É a mola mestra, é ela que
fortalece, dá energia e motivação. A alegria de viver está na resposta da autoestima, no grau de como ela se encontra no educando. Pois quando ela está
elevada tudo fica perfeito, completo. Quer sempre o melhor para os outros e
para si também. Tudo fica refletido de forma transparente.
No primeiro capítulo nos diz o significado de auto-estima, como ela é
importante para cada educando e como essa auto-estima pode ser
transformação na vida de cada ser.
No segundo capítulo, falamos como a auto-estima é trabalhada na
escola, como os professores estimulam esse tema como reação positiva e
negativa na vida de um aluno. E, a comunicação que a família possui para
elevar a auto-estima de uma criança ou um adolescente. A importância da
família nessa formação.
10
E o terceiro a avaliação da auto-estima e como o aluno é estimulado
para o sucesso.
11
CAPITULO I
A AUTO-ESTIMA DESENVOLVENDO O APRENDIZADO NA
VIDA DO EDUCANDO.
1.1 A auto-estima na sociedade em que vivemos
A sociedade em que estamos vivendo, existem muitos contrastes
sociais, o desafio é educar para os valores, para a cidadania e para a
construção da própria pessoa. O educador tem que estar sempre atento para
os acontecimentos que esteja passando na vida de seu aluno, seja ele criança
ou adolescente. Porque em apenas alguns minutos, o educador pode acabar,
derrotar um sonho de um educando, por simplesmente não ter prestado
atenção no seu problema. E desestimular por total o aprendizado desse menor
ou jovem, dificultando assim o seu desempenho escolar.
A pessoa com baixa auto-estima se sente fraca para enfrentar os
desafios que o mundo lhe oferece. Ela se acha perdedora, e quando se
encontra nessa situação, não quer mais tentar alcançar o objetivo almejado.
Ela desiste antes mesmo de começar. As pessoas que não tiveram abertura de
diálogo na infância com seus pais apresentam dificuldades de relacionamento
quando adultos. Tornam-se irônicos, costumam expressar-se de forma
ambígua, deixa confusos os ouvintes.
Existem muitas pessoas inseridas no estresse social, agoniadas em ter e
poder, mas esquecendo de ser. Ás vezes, deixamos de fazer o que gostamos
para fazer a vontade do outro. Infelizmente trazemos uma carga muito grande
desde nossa criação, e temos muita dificuldade de juntar as molas mestras da
auto-estima, que são o amor próprio e a autoconfiança. Por isso, existem muito
sofrimentos. E, por não saber trabalhar esses sentimentos juntos, podemos
gerar diferentes graus de auto-estima, que dependem do momento em que
12
estamos vivendo, ou seja, o estado de ânimo frente a situações de
adversidades da vida. Quando a auto-estima encontra-se elevada, tem a
capacidade de curar doenças e restabelecer a saúde do corpo e da mente,
curando a depressão e aliviando o estresse adquirido pela vida conturbada nas
grandes cidades.
Hoje muitas crianças e adolescentes, deixam de viver sua própria vida,
para viver uma vida que às vezes não pertencem a elas. Querem imitar, em
alguns momentos, a vida de outro coleguinha, deixando com isso sua autoestima abalada. É o momento da imitação. Com isso acabam sendo afetados
no próprio desenvolvimento escolar.
1.2 O que é a auto-estima
A auto-estima é uma realidade lingüística ( Dr.Lair Ribeiro).
De acordo com Ribeiro:
Foi programada em nosso cérebro, desde a infância mais
remota. E do mesmo jeito que foi codificada linguisticamente,
pode ser também recodificada linguisticamente. (RIBEIRO,
2002, p. 32).
Com isso ele quer dizer, que você pode entrar em contato com a
criança que existe dentro de você, e que nunca é mais velha do que sete anos.
Essa criança íntima que existe é a parte mais espontânea de sua
individualidade. “ Nela está à criatividade e a alegria de viver” (Id. 2002,p. 32).
Essa auto-estima é a união da autoconfiança, com o auto-respeito.
A auto-eficiência quer dizer: ter confiança no funcionamento da mente,
na forma de pensar, nos processos por meio dos quais se reflete, escolhe-se e
decide.
13
Já o auto-respeito, significa ter a certeza de nossos valores, é o que
capacita uma atitude afirmativa diante de nosso direito de viver e ser feliz.
Existem duas dimensões importantes da auto-estima. O sentimento de
ser amado e o sentimento de ser capaz (Humphreys).
A criança ou o adolescente quando começam na escola, eles se fecham,
ficam tímidos, reservados, tentam chamar a atenção, ou de outra forma ficam
agressivos ou briguentos.
Conforme afirma Humphreys:
A criança que demonstra supercontrole de comportamento
frequentemente corre mais perigo, mais isso pode passar
despercebido pelos pais e outras pessoas, pois seus sintomas
não perturbam a vida dos alunos.” (HUMPHREYS, 2001,p.17).
Essa realidade acontece com muitas de nossas crianças e adolescentes.
Muitos pais ocupados com seu dia a dia, não prestam atenção devida aos seus
filhos. Modificando assim sua auto-estima.
Algumas crianças e jovens tem dificuldade de aprendizagem, e essa
contínua perturbação emocional acaba criando deficiências nas aptidões
intelectuais e mutilando a capacidade de aprender. É de um grande valor, não
tem dinheiro que compre, ela passa a ser a estima que tenho por mim mesmo,
ou seja o quanto me valorizo. O quanto me quero bem e me aceito. Para a
Psicologia, significa o jeito como fazemos as nossas auto-avaliações a respeito
de nós próprios, podendo ser positivas ou negativas. Ela constitui-se a partir de
crenças e emoções assimiladas por nossa personalidade ao decorrer de sua
formação, segundo Ribeiro:
Auto-estima é o sentimento de importância que cada um tem
em relação a si mesmo; é o valor que nos atribuímos
relativamente à nossa capacidade de viver produtivamente os
diversos aspectos de nossas vidas, individual e socialmente; e
é, ainda, o conjunto de parâmetros pessoais de que dispomos
para julgar o desempenho que temos ou julgamos ter quanto a
esses mesmos aspectos. (RIBEIRO, 2002, p.12).
14
A auto-estima saudável é o fundamento da capacidade de reagir, ativa e
positivamente, às oportunidades da vida na escola.
Ela é a capacidade que uma pessoa tem de confiar em si própria, de
sentir-se capaz de poder enfrentar os desafios da vida, é saber expressar de
forma adequada para si e para os outros as próprias necessidades e desejos, é
ter amor próprio.
A opinião que o educando tem de si mesmo está intimamente
relacionada com sua capacidade para a aprendizagem e com seu rendimento.
O autoconceito se desenvolve desde muito cedo na relação da criança com o
outro. O juízo que ele faz de si mesmo surge a partir do juízo dos outros.
Quanto mais o educando gostar de sua auto-imagem, maior sua auto-estima.
Para que a criança construa essa auto-estima positiva, é fundamental a
relação que ela possa ter com os pais, colegas e professores. A criança e o
adolescente dependem dessa relação afetiva, para que a construção da autoestima possa ocorrer. Se os pais sempre estão julgando a partir de uma
perspectiva negativa das crianças ou do jovem, ou os colegas estão sempre
usando de zombarias ou ironias e professores taxando-os de inúteis e
incapazes irá se formando neles uma imagem “pequena de seu valor”.
Teremos então, um educando com auto-estima baixa, o que com certeza
repercutirá em sua auto-avaliação. Como diz Cury:
Se não reconstruirmos a educação, as sociedades modernas
se tornarão um grande hospital psiquiátrico. As estatísticas
estão demonstrando que o normal é ser estressado, e o
anormal é ser saudável. ( CURY, 2003, p.81).
A educação de hoje tem que ser transformada, conforme a realidade que
estar sendo vivida pelos alunos. Temos que enquadrar as modificações
conforme a necessidade do educando. Porque, hoje, pela rapidez de
transformações tecnológicas, os alunos estão cada vez mais exigentes. E se
estressam com muita facilidade, quando não recebem rapidamente a
informação que querem.
15
Uma auto-estima positiva gera uma auto-resistência da vida e de suas
adversidades. Quanto maior for à auto-estima da criança, maior será sua
expectativa de vida, maiores serão as possibilidades de manter relações
saudáveis com elas mesmas e com as situações que a vida se apresenta.
Maior será sua alegria pelo simples fato de existir, maiores serão as
possibilidades de ser criativo e de obter sucesso. Para Brandem (2000,p.109)
auto-estima é “A disposição para experimentar a si mesmo como alguém
competente para lidar com os desafios básicos da vida e ser merecedor da
felicidade” .
Hoje o que tem desenvolvido o aprendizado na sala de aula, é o
computador. O profissional de ensino tem que conhecer bastante essa
ferramenta para que possa instruir o seu aluno e o tornar motivado. Pois essa
máquina leva o aluno para outro mundo se for bem estimulado. Possui um
leque de opções que desenvolve a auto-estima. O educando se torna mais
empolgado, devido a isso desenvolve seu conhecimento. A criança ou o jovem
com a auto-estima positiva sente-se em condições de enfrentar os desafios em
que cada situação de ensino-aprendizagem se constitui.
1.3 O resgate da auto-estima
Temos que resgatar a auto-estima do aluno, fazer que ele acredite na
sua capacidade de aprender, na sua capacidade de enfrentar desafios, na sua
capacidade de esforçar e se disciplinar para a aprendizagem do novo. E, isso,
se consegue, valorizando os pontos fortes dos alunos. Elogiar cada acerto,
cada esforço, medindo cautelosamente os obstáculos que ele terá que
enfrentar para aprender. Os instrutores têm que saber elogiar seu educando
para elevar a auto-estima, isso faz uma diferença muito grande para o ego de
uma criança e de um adolescente. O aluno que possui auto-estima elevada
consegue aprender com mais facilidade e alegria. Cada vitória que o aluno
consegue ele se considera mais capaz.
16
O professor equilibrado, aberto nos encanta. Antes de ter a atenção ao
que o mestre está falando, ficamos em primeiro lugar entusiasmado com o seu
jeito de ser. Ele nos revela que é uma pessoa de bem com a vida, confiante,
positiva, que tem abertura para as conversas, flexível, se coloca na posição do
aluno, consegue entender o problema de seu aluno, discorda também, sem
aumentar desnecessariamente as barreiras.
O mestre tem sempre que ressaltar para sua turma que tudo na vida
passa, e quando seu aluno estiver triste, tentar da melhor forma, mostrar que
aquele fase vai passar e trabalhar de alguma maneira para que ele se motive e
retire da cabeça aquele momento ruim que está passando, tentar erguer. E
dizer para ele que todos nós somos merecedores da felicidade. Mas, para isso
temos que acreditar que ela seja para todos, e que esse educando também é
capacitado para receber essa tal felicidade.
Às vezes, alguns pais ficam confusos, porque sabem que seus filhos
possuem capacidade, mas não se estimulam a aprender. Precisa-se possuir
muita atenção quanto à auto-estima da criança e do adolescente, porque senão
eles vão se sentir inseguros em situações sociais e envergonhada nos estudos.
Qualquer deslize desse educando, pode representar um erro ou fracasso,
fatores que trouxeram humilhação e a rejeição no passado. Cada empenho
positivo por parte do educando é uma conquista.
Um exemplo – uma criança calça os sapatos pela primeira vez e diz:
olha pai. Aí o pai diz: Está calçado nos pés errado, esse filho vai se sentir
magoado, diminuído, se sentindo incapaz, menosprezado.
Todo planejamento de ensino feito principalmente pelo professor deve
levar em conta a realidade do educando e sua maturidade, preparo,
necessidade, aspirações, e possibilidades de aprendizagem, como também
sua auto-estima. De acordo com Goleman:
As questões educacionais que mais tem preocupado os
profissionais ligados ao ensino, referem-se aos altos índices de
evasão e reprovação escolar e o grande número de crianças
que tem recorrido a tratamento psicopedagógico com
17
dificuldade de aprendizagem
(GOLEMAN, 1995, p.20).
e
transtornos
emocionais.
Muitas estatísticas mostram que o sucesso escolar depende muitas
vezes de características emocionais. Há muitos sinais que atestam que as
pessoas emocionalmente competentes, que conhecem e lidam bem com os
próprios sentimentos, entendem e lidam bem com os sentimentos dos outros,
levam vantagens em qualquer setor da vida.
Goleman (1995,p.38), lista sete ingredientes principais para a obtenção
do
sucesso:
“confiança,
curiosidade,
intencionalidade,
autocontrole,
relacionamento, capacidade de comunicar-se e cooperatividade”.
Trata-se de entender como trabalha esses mecanismos mentais que
permitem a construção dos conceitos e que se transformam em função do
desenvolvimento físico e emocional. Sem este entendimento, o educando pode
ser vítima de erros grosseiros.
De acordo com Goleman (1995), os estudos sugerem que mesmo os
padrões emocionais inatos podem mudar em certa medida.
Como observam os geneticistas comportamentais, os genes por si só
não determinam o comportamento, o ambiente molda a maneira de uma
predisposição temperamental manifestar-se no desenvolvimento da vida. O
cérebro humano não está totalmente formado no nascimento. Continua a
moldar-se durante a vida, com um ritmo mais intenso de crescimento durante a
infância. “Isso faz com que a infância seja crucial para que sejam moldados,
para toda vida, as tendências emocionais” (GOLEMAN, 1995, p.32).
Para desenvolver a auto-estima de um educando, precisamos notificar
as áreas de seu interesse e estimulá-las. Goleman (1995,p.245) “Os
educadores começam a constatar que existe outro tipo de deficiência que é
mais alarmante: o analfabeto emocional” .
Esse problema ainda não ocupa vaga no currículo escolar. O jogo é a
futura geração.
18
É preciso ter conhecimento de seu valor pessoal, crer, estimar, confiar
em si. Coisas que nem sempre são tão fáceis. O aluno que possui elevada
auto-estima consegue aprender com mais facilidade e alegria. Cada vitória que
o aluno consegue ele se considera mais capaz.
Os professores não têm fórmulas prontas, mas sim caminhos possíveis.
Conforme as palavras do membro da Academia Paulista de Letras
Chalita:
Para construir a cidadania, urge que o professor utilize outros
métodos e traga à baila discussões que despertem em seus
alunos tanto ou mais interesse que a TV. As novas tecnologias
empregadas pedagogicamente estão à disposição do
professor. Da internet à sucata, muito se pode utilizar para
envolver o aluno e discutir com ele questões contemporâneas
condizentes com os problemas que enfrenta no dia-a-dia, que
se relacionam com sua capacidade de melhor conviver em
sociedade, que dizem respeito a aspectos aparentemente
simples, mas não são de uma complexidade impressionante.
(CHALITA, 2001, p.115).
O educador tem que ter conhecimentos múltiplos para que possa ajudar
seu educando a desenvolver suas questões da melhor forma possível, para se
atingir a meta desejada, que é a boa relação dele com o mundo que o cerca e
desenvolvimento de sua capacidade e auto-estima.
O professor tem que resgatar as qualidades do educando. Ele tem que
ensinar o aluno a gostar de si mesmo, porque se ele não gostar de si mesmo,
como vai querer que alguém goste dele. Isso é primordial, e essencial para
melhorar uma auto-estima, se amar em primeiro lugar. Temos que reconhecer
que somos uma pérola, e que se estamos nesse mundo tão lindo é para
sermos felizes.
Quando estamos com uma boa auto-estima, até o verde fica mais
bonito, a alma fica em festa, tudo fica perfeito.
19
O mundo escolar tem que brilhar sempre, pois, é desse ambiente que
surgem vários artistas que transforma essa atmosfera que, às vezes, achamos
de cor cinza. O educando tem que ser preparado de todas as formas por seu
professor para fazer a diferença aqui fora.
Para se resgatar a auto-estima é necessário ter uma elaboração e
integração dos conteúdos psíquicos e isso só se pode iniciar internamente e
nem sempre se consegue sozinho. Às vezes, precisa-se da cooperação de um
bom psicoterapeuta, ajudando dessa forma a resgatar o amor pela própria
pessoa, a pessoa de maior valor em sua vida.
20
CAPÍTULO II
A ESCOLA E A FAMÍLIA NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DA
AUTO-ESTIMA.
2.1
A auto-estima na escola
A escola e a família é uma relação que tem tudo para dar certo. Só
depende do caminhar dessas duas realidades. Ambas tem que estar de
comum acordo para que se tenha um bom resultado no processo de formação
da auto-estima da criança e do adolescente, facilitando assim a construção do
conhecimento e para a formação de um modo geral desse educando.
O modelo de educação atual é pouco envolvente e relevante, esvaziada
de prática reflexiva e criativa. O pensar é uma dádiva de nosso cérebro. Só que
essa dádiva, raramente é explorada na escola, que deveria ser o local
privilegiado para pensar.
É essencial oportunizar a criança e o jovem a uma interação social nas
salas de aula e estimular o questionamento, com isso a criança irá lidar com
questões que podem favorecer o seu desenvolvimento moral.
É de grande valor que o educando sinta-se satisfeito consigo mesmo
para aprender e para lidar com seus sentimentos. Assim a criança pode
oferecer contribuições valiosas para o grupo e para a própria formação.
Muitas escolas hoje em dia estão superlotadas e mal equipadas, são
carentes de materiais didáticos inovadores e muitas vezes possuem um quadro
de professores fracassados, desmotivados, que não conseguem nem si próprio
motivá-los. Desse jeito fica muito difícil levantar auto-estima de um educando.
21
Hoje em dia para o professor lidar com um aluno, ele precisa ser um
modelo,uma lição de competência e não uma incompetência emocional.
Se ocorrer alguma falha em qualquer estágio da escolaridade, acontece
o insucesso. E como isso é um estigma muito forte em nossa sociedade,
temos que acabar urgentemente com ele.
Entre a escola e os pais dos alunos tem que possuir um elo de ligação
.Os professores tem que buscar entender o real valor da participação dos pais
na escola, quando reivindicam seus direitos. Os pais não podem ser vistos
como inimigos e sim como parceiros, tem que existir uma sintonia.
Os professores podem e devem acrescentar algo à auto-estima das
crianças e dos adolescentes, e podem subtrair também. Tudo isso tem que ser
com cautela. Não se distanciando que a grande realidade é que algumas
influências na auto-estima vêm dos lares. É preciso que os professores evitem
julgamentos estereotipados e possam incentivar a auto-superação fazendo de
sua classe uma comunidade de investigação baseada na confiança, na
cooperação e na troca. É necessário estimular o relacionamento entre os
alunos de forma a sanar quaisquer dificuldades, carências, medos e incertezas.
As
escolas
atuais
ficam
preocupadas
principalmente
com
o
conhecimento intelectual. Sim, o intelectual desenvolvido é importante, mas
juntamente os professores têm que se preocuparem com o equilíbrio emocional
com o desenvolvimento de atitudes positivas diante de si mesmo e dos outros,
a convivência em sociedade, em grupo, aprender a respeitar o limite do outro,
isso sim é primordial para aumentar a auto-estima, e não levar seus alunos a
desmotivação.
Os sentimentos de fracasso e desânimo que muitos estudantes
desenvolvem como repostas de experiências escolares mal resolvidas são as
causas agravantes de problemas de comportamento mais sérios.
As escolas na maioria possuem um quadro de pressão psicológica,
competição (a escola reforça isso), esse momento não é estimulante para um
aluno. Essa situação às vezes bloqueia o educando, trazendo para ele o
desânimo, medo, bloqueando dessa forma sua auto-estima, principalmente
22
para os mais tímidos. Mas para favorecer uma boa saúde mental e ajudar a
diminuir esse problema, ela pode trabalhar, por exemplo, com a oportunidade
de trabalhar e brincar em grupo, a cooperação e a expressão satisfatória e
socialmente aceitável.
É necessário verificar incansavelmente as deficiências no sistema
educacional e encontrar medidas de ações para corrigi-las. A criança na escola
deve ser querida, pois assim pode se considerar útil, importante, se sente com
valor. Para Fonseca (1995, p.299) “A escola e os seus professores devem,
portanto, transformar-se pedagogicamente e humanamente, até o ponto de se
permitir às crianças a identificação com valores culturais e humanos que lhe
são inerentes”.
Quando uma criança ou um adolescente estão com baixa auto-estima,
começa aparecer as mudanças de comportamento como por exemplo:
agressividade, ansiedade, dependência, inapetência. O educando diminui o
apetite, modifica o horário do sono, fica gripado. Esse quadro vai modificando a
partir que a professora vai se entrosando com o aluno, acolhendo melhor, se
importando com ele. Quando a auto-estima vai se elevando, o aluno se envolve
mais com os colegas e dividindo com a escola grande parte de seus
sentimentos e necessidades.
O cérebro estabelece um elo compreensível entre o indivíduo e o meio.
A ação do cérebro produz comportamentos, como reforça Fonseca:
Todo o comportamento é processado no cérebro. A
compreensão e o controle do comportamento têm exigido e vão
exigir muitos anos de trabalho e de reflexão. Não se pode
progredir em Dificuldade de Aprendizagem, sem ter
conhecimento científico dos problemas. (FONSECA,1995,p.
297).
Quando um educando se encontra competente e capaz, essas reações
certamente irão ser demonstradas no seu comportamento. Segundo Goleman
(1996, p.22) “tanto o otimismo quanto à esperança, como impotência e
desespero podem ser apreendidas, através do otimismo e esperança, esta é
23
uma perspectiva que chamamos de auto-eficácia” . O crescimento de qualquer
tipo de aptidão fortifica a auto-estima tornando a pessoa mais consciente a
assumir riscos e buscar maiores desafios.
A conquista que obtemos sobre esses desafios aumenta a sensibilidade
da auto-estima. Essa atitude torna mais provável e faz com que as pessoas
usem de forma mais apropriada suas aptidões e assim desenvolvê-las. A
confiança que as pessoas têm em suas aptidões tem um efeito sobre essas
aptidões. O educando com auto-estima alta se recuperam de seus fracassos,
abordam as coisas mais em termos de lidar com elas do que se preocupando
com o que pode dar errado.
É necessário que haja uma mútua convivência entre o educando e o
professor para que haja um melhor aproveitamento de todas as qualidades do
aluno. O professor tem o importante papel de estimular o educando o que é o
eixo fundamental para seu desenvolvimento. A criança e o jovem devem se
sentir seguros para desenvolverem um bom trabalho e não se sentirem
coagidos ou acharem que estão se expondo ao ridículo. Todo aluno é capaz de
aprender qualquer coisa, basta somente o professor encontrar a melhor forma
de ensinar e melhor forma de mostrar e trazer ao educando o conhecimento
necessário para um bom desenvolvimento.
A humanização é um modo de ser essencial na vida das pessoas, e está
relacionado com uma série de fatores. Desde o nascimento, a criança
necessita de cuidados adequados para um desenvolvimento favorável. É
preciso muitas transformações para o indivíduo se humanizar: desde vivências
afetivas boas até um meio favorável que inclua respeito, limites e tolerância. A
escola também tem o dever de prevenir a formação de futuros seres violentos.
Tratar bem de seus alunos e procurar não reforçar as privações a que possam
já estar submetidos.
Quando a criança entra na escola, já tem uma idéia, relativamente,
estruturada do ser humano que é, trazendo valores de si mesma que irão afetar
a forma como reage à experiência escolar e ao clima emocional da sala de
aula.
24
Muitos alunos na maioria das vezes não vê o professor ou professora
como uma pessoa amiga, parceira, disponível para ajudar, mas sim como
aquela pessoa que sabe o que eles não sabem, superior a tudo, que fala bonito
e diz que eles se expressam errado, que castiga quando eles não tem
competência de aprender. Dessa forma a criança se fecha, fica com medo da
professora, tornam-se agressivos e indisciplinados.
Muitas escolas, às vezes, não levam em conta as experiências próprias
e bem vividas que o aluno tem; corrigindo sempre sua maneira de se
comportar. Diz, também, que eles são incapazes de aprender, que não adianta
perder tempo, que eles vão ser reprovados. Isso acaba com a motivação de
qualquer criança ou adolescente. Os alunos, dessa forma,
ficam sem
estímulos para freqüentar a escola, vão acreditando nessa informação que
passam para eles.
Se todo professor voltasse ao passado e relembrasse seus momentos
marcantes no decorrer de sua vida escolar, que afetaram seus sentimentos,
marcas negativas registradas, deveria repensar e modificar suas atitudes
diante dos alunos que passam em sua vida. Ajudando a motivá-lo, levantando
sua auto-estima, fazendo a diferença, transformando em pessoas melhores e
construtivas.
Somos frutos de um sistema de inter-relacionadas atitudes, valores e
compromissos que são influenciados pelas nossas experiências passadas,
nossos fracassos e êxitos, nossas humilhações, nossos triunfos e a maneira
sobre a qual os nossos professores reagiram a nós, especialmente durante os
anos letivos.
Segundo Goleman (1996, p.26) “As pessoas com prática emocional bem
desenvolvida tem mais probabilidade de sentir-se satisfeito e serem pessoas
produtivas em suas vidas” .
O autor fala que o modelo para o sucesso da vida se dá numa
combinação de pensamento racional com o autocontrole e autoconhecimento.
É na emoção que achamos o fator decisivo para o nosso equilíbrio e
bem estar. A inteligência emocional pode se revelar através de cinco pontos
essenciais:
administrações
de
emoções,
autoconhecimento,
25
empatia,
automotivação e capacidade de relacionamento pleno. Quando o ser conhece
seus próprios sentimentos, aí, sim, se torna possível descobrir o outro.
Quando o professor ajuda o educando a elevar sua auto-estima,
descobrir o seu próprio “EU”, facilita o aprendizado desse aluno.
A criança que tem muita experiência de fracasso, que possui problema
de reprovação, porque é vagarosa na aprendizagem, com freqüência é
discriminada pelo professor, ele elogia o educando mais inteligente, mais bem
ajustado e com maiores realizações.
O professor deve ficar alerta, tem que observar o problema que ela
apresenta, e não ver a dificuldade como fruto da preguiça. Ele tem que
descobrir as deficiências e erros de seus alunos, mas sim indicando claramente
a cada aluno que ele é importante, para que ele possa usufruir melhor das
coisas da vida e tornar-se um indivíduo integrado no seu meio. Evitar que seu
aluno tenha apenas experiências de fracasso, e sim alimentar e fortalecer a
autoconfiança e o auto-respeito de seu aluno.
2.2
A auto-estima na família
“Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar?”
Carlos Drummond de Andrade
Educar os filhos é uma missão complexa, a cada nova conquista do
desenvolvimento tanto da criança como adolescente é um desafio. Os pais de
hoje tem o dever de trabalhar a auto-estima de seu filho, para ele se tornar uma
criança ou um jovem capaz, crítico, fortalecedor de seus ideais e para que seja
um cidadão de postura, com caráter, com flexibilidade para enfrentar desafios
que a vida possa oferecer. A família é uma célula social muito importante. É
nela que se forma o caráter.
26
O relacionamento entre pais e filhos é muito complexo e passa por
muitas mudanças ao longo do tempo.
A família encontra-se num contexto social e histórico, no qual ocorrem
influências múltiplas, que, às vezes, influi num sistema de trocas. Muitas
dificuldades dos pais são “reeditadas” no desenvolvimento dos filhos. Isso
engloba crenças, valores, maneiras de encarar e de viver a vida. Jean-Jacques
Rousseau, filósofo, sociólogo e pedagogo francês (1712-1778), sustentava a
idéia de que o homem nasce bom, a sociedade o corrompe. Para ele o homem
bom é aquele que se encontra no estágio primitivo, que não foi contaminado
pela “civilização”.
Como ressalta, o grande escritor, Chalita:
A humanidade perdeu o essencial. E perder o essencial faz um
mal enorme à alma humana, a quem quer ser feliz. Lamentar,
entretanto, não é a melhor alternativa. A construção de uma
nova sociedade passa pela construção de uma nova família.Se
o Estado não consegue organizar melhor suas instituições, se
a educação continua na marginalidade dos projetos políticos, a
única alternativa é a família. A família tem a responsabilidade
de formar o caráter, de educar para os desafios da vida, de
perpetuar valores éticos e morais. (CHALITA, 2001, p. 20).
A família, nos dias de hoje, é considerada uma instituição na qual as
máscaras devem dar lugar a um semblante transparente, sem disfarces. O
diálogo é primordial, para se acertar qualquer desentendimento e esclarecer
dúvidas entre os filhos, sejam eles criança ou adolescente.
O filho passa a ser a promessa ou a esperança de atingir metas que os
pais não conseguiram em suas próprias vidas.
A criança e o jovem precisam ser amados e respeitados dentro de suas
potencialidades e limitações, sendo assim, eles adquirem confiança e
autonomia e desenvolve um sentimento e auto-valorização e importância.
Para isso, cabe aos pais ajudá-los a acreditarem em si mesmos.
27
Segundo Coles:
As crianças precisam muito de um senso de propósito e
direção na vida, de um conjunto de valores baseados na
introspecção moral – uma vida espiritual que é sancionada por
seus pais ou outras pessoas do mundo dos adultos. (COLES,
1998, p. 207).
As crianças e os adolescentes vivem fazendo perguntas e querem
sempre respostas visando um preparo para a vida presente e futura. Elas têm
uma visão espiritual no sentido de olhar para dentro de si ousando
compreender o que importa e por quais razões. A família quando diagnostica
isso, deve tomar a sério o lado moral, afetivo e espiritual da vida da criança e
responder com amor, respeito, inteligência e diálogo.
Parafraseando, Coles fala da dificuldade de se educar os filhos:
É uma longa batalha educar nossos filhos para serem bons:
temos de fazer isso continuamente, educá-los e isso significa
falar das coisas com eles: perguntando, falando, sondando-os,
expressando nosso desagrado; ensinando-lhes como ir além
do porquê, [...] e será a paciência que levará a isso, em um
trabalho cotidiano, a paciência fará isso [...]. (Id.1998,p. 227).
A convivência entre pais e filhos deve ser amorosa e paciente, sempre
visando à construção da auto-estima positiva nos filhos partindo sempre do
exemplo dos pais.
Os pais têm o papel de passar a segurança para os filhos caso ele
venha fracassar ou retroceder em suas ações.Acreditar que cada um tem um
ritmo de desenvolvimento.
Os pais não podem ser muito rigorosos na sua norma de educação, tem
que ter flexibilidade, tem que ser um ambiente onde os pais se amem, tenham
respeito pois o auto-amor é o alicerce que podemos construir a auto-estima, ou
28
seja a auto-aceitação da nossa personalidade. Quando nos aceitamos a nós
mesmos somos mais capazes de aceitar os outros.
Pais com auto-estima elevada, refletir mais a aceitação dos seus filhos.
E, quando estão com baixa auto-estima, refletir suas emoções no seu próprio
filho.
Um lar precisa estar dentro de uma atmosfera de alegria, de higiene, de
bem estar, disciplina espontânea, sem excesso de castigos, nem recompensas,
sem gritos, nem lágrimas, com uma rotina bem estruturada.
Relação de absoluta simplicidade e de confiança entre membros da
família. Nada de isolamentos, origem de revoltas que nos acompanham pela
vida a fora.
Os pais em vez de ficar com ares de sabichões, por cima dos filhos, têm
que se colocar ao lado deles e aprender com eles. Têm que trabalhar a arte de
educar, que é uma auto-educação, com grande paciência, coisas que só
conseguem os pais que amam seus filhos, onde o amor é mais forte do que o
dever. É o amor que renova todas as coisas. E, é o amor que ensina a esperar
até que seu filho compreenda aquilo que deve aprender.
É na família onde se introduz de imediato a aprendizagem emocional.
Os pais quando tem uma boa auto-estima, refletem de alguma forma em seus
filhos e desenvolvem determinados sentimentos neles. O afeto é comparado ao
espelho. Quando demonstram sentimentos de afetividade com os filhos, os
pais recebem da mesma forma os mesmos sentimentos, seja subjetivos ( amor,
raiva) ou expressivos ( sorriso, gritos, lágrimas). O afeto é a razão que norteia a
auto-estima. Na teoria de PIAGET, isso se dá porque segundo ele, o afeto
apresenta-se nessas dimensões (sentimentos subjetivos e expressivos) e
desenvolve-se no mesmo sentido que a cognição ou inteligência. O
desenvolvimento afetivo se dá paralelamente ao cognitivo e tem uma enorme
influência sobre o desenvolvimento intelectual.
.
29
CAPÍTULO III
A AUTO-ESTIMA X AVALIAÇÃO
3.1 A auto-estima no processo avaliativo
A escola tem muitas funções, uma delas, ao raiar do séc. XXI é
desenvolver o potencial das crianças para formarem sua própria cidadania.
Diante deste papel da escola, o destino da avaliação tem de ser adaptada, de
modo a favorecer ao aluno a superar suas necessidades a partir de mudanças
realizadas nas atividades de ensino.
Na escola, ou mais precisamente; no processo avaliativo, há o papel do
desejo. Só existe motivação quando há o desejo. Essa afirmação nos faz
entender a vontade de aprender em cada criança e adolescente. Quando o
educando sente vontade de aprender, ele está motivado, para desenvolver seu
potencial, seus conhecimentos e a avaliação sendo formativa ajuda o aluno a
conhecer seus erros e acertos, estimulando-o a um estudo mais prazeroso.
Ao contrário, se o educando estiver com uma baixa auto-estima, ele não
encontrará motivação para aprender. Com isso seu rendimento no aspecto
avaliativo, não atenderá a sua expectativa e nem a do professor.
O professor deve utilizar seu olhar clínico para a aparência afetiva e
cultural da criança e do adolescente e variar os instrumentos de avaliação,
porque é preciso avaliar o aluno em todas as suas especificidades.
A auto-estima do aluno, no processo avaliativo, muitas vezes, é minada
pela expectativa negativa do professor associada a meios insuficientes de
avaliação. E muitas escolas continuam formando alunos fracassados quando
30
esta, não reconhece como válidas outras competências (música, artes,
esportes, relacionamento, interpessoais etc.).
É necessário que o professor reconheça seu papel de formador do
aluno. Pois, vai muito além dos conteúdos. Um professor pode levar um aluno
ao sucesso ou ao fracasso escolar.
Segundo Werneck (2001, p.96) “Cabe a escola avaliação, antes as
especialidades das inteligências de seus alunos. Eles por sua vez, devem ser
exigidas onde são mais capazes. Este processo devolverá a todos mais
felicidade”.
Existem duas questões presentes neste contexto: as inteligências
múltiplas e a avaliação das aptidões das crianças. A primeira torna-se fator
importante para que a avaliação possa levar ao aluno motivação e resgate da
auto-estima; no processo avaliativo, o essencial é que o professor considere o
crescimento qualitativo dos alunos, mesmo não apresentando avanços no
cognitivo, aí sim, como diz Werneck (2001, p.97) “... a escola será um ambiente
de alegria, buscado pelas pessoas que querem melhorar a si mesmas e
melhorar o mundo” .
Segundo Goleman (1995,p.50) “Devíamos gastar menos tempo
avaliando as crianças e mais tempo ajudando a identificar suas aptidões e dons
naturais e a cultivá-los” .
Mesmo sabendo que a avaliação é necessária à prática educacional, é
dever do professor levar, aos alunos, o descobrimento como pessoa,
desenvolver competências e educar-se para a solidariedade e o sucesso.
Por isso o professor tem que tornar o processo avaliativo desejável, de
modo que venha despertar no aluno sua auto-estima, competências e sucesso.
Porque senão, continuaremos a assistir crianças e adolescentes levados ao
fracasso, diante da avaliação como um instrumento de controle oficial, o “selo”
do sistema, tanto para a aprovação quanto à reprovação. Temos que observar
a individualidade, segundo Chalita:
31
Cada um é singular, daí que qualquer tentativa de
homogeneização do ensino se traduza em fracasso. Os termos
comparativos não levam a lugar algum. Aquele malfadado
costume de dar prêmio aos melhores alunos e apontar os
piores alunos para que sirvam de modelo, respectivamente a
ser seguido e a ser evitado, não tem absolutamente nada de
educativo ( CHALITA, 2001, p.136).
Todo aluno merece respeito quanto ao seu conhecimento, pois cada um
traz consigo a descoberta adquirida conforme seu caminhar de vida. Uns tem
melhor desenvolvimento para matemática, música, outros para português e
arte, cada qual com suas aptidões. As histórias de vida servem como
sinalizadores do potencial que o educando possui.
3.2 Avaliar para o sucesso
Uma criança para permanecer na escola, ela tem que ser avaliada com
carinho. O professor tem que possuir uma diversidade de propostas e
atividades que incluam a dimensão lúdica e imaginativa do pensamento, ter
sempre uma intenção e um objetivo claro a ser atingido. E a regra de ouro: ser
flexível.
Todo professor tem que ter jogo de cintura para se enquadrar em
situações imprevistas. Porque tanto as crianças, como os jovens sempre tem
curiosidades, tem necessidade de estar em movimento. Não gostam de rotina.
Por isso é preciso estar antenado ao que acontece. Buscar a fundo o que é
necessário fazer para tornar a aula mais estimulante, que consiga segurar a
atenção deles. Principalmente nos dias atuais, com informações modificadoras
por minuto no mundo da internet, o educador que tem seu trabalho organizado
ajuda no sucesso da atividade. Essa organização começa com o planejamento.
As questões relativas ao processo de avaliação devem ser repensadas,
verificar de que forma é colocado (trabalhos de casa, exames, notas, etc.), não
contribui para uma relação de reciprocidade entre os alunos.
32
As escolas têm sofrido muitas mudanças em diversos aspectos, ela tem
se desenvolvido, mas a avaliação, apesar da flexibilidade permitida, ainda, não
é aplicada de uma forma adequada. Existe, ainda, a questão da memorização.
O professor trabalha com a informação, e vê o educando como repetidor dessa
informação. E quando ele realiza testes, está muito mais preocupado com a
quantidade do que com a qualidade, mais com o fim do que com o processo.
Se o educando continuar sendo trabalhado dessa forma, pelo professor,
como um repetidor, estará trabalhando apenas com uma área da inteligência.
Existem outras inteligências que devem ser trabalhadas, a afetiva, lógicamatemática etc.
Os professores não podem determinar qual o tipo de inteligência que os
alunos devem usar ou quanto à criança ou o adolescente devem saber. Mas
podemos afirmar o que ela domina em termos de conteúdo, conceitos e
competências. A avaliação consiste em valores. Ou seja, o professor deve
realizar uma troca de conhecimentos com os alunos, valorizá-los e realizar
avaliações a partir de um acompanhamento.
A avaliação proporciona, ao aluno, os dois pontos, o fracasso e ao
sucesso. E no fracasso, ainda, existe a situação da reprovação, que afeta de
qualquer forma a auto-estima do educando.
E, alguns professores a usam de forma agressiva, pois assusta o aluno
com a nota, como forma de mantê-lo quieto.
Um dos problemas que tem ocorrido nos dias atuais, e vejo que é por
causa de situações de rejeição, é que o aluno começa a ter reações difíceis na
escola, como: agressão ao professor e ao colega, roubo de materiais
fundamentais para o funcionamento da escola, agridem verbalmente ou
fisicamente, essa é um forma de chamar a atenção, ou seja , ela quer mostrar
sua insatisfação contra aquele ambiente que o faz sofrer. Segundo Goleman
(1995, p.86) “Como sociedade, não tivemos preocupação de garantir as
crianças o mínimo de competência para lidar com a raiva e para resolver
conflitos de forma positiva” .
33
O professor deve ter cuidado para não se deter no comportamento do
aluno, rotulando-o, pois o aluno agressivo ou conversador sempre tende a ser
visto dessa maneira, assim como aquele que sempre se apresenta como
atencioso e comportado.
Quando seu aluno está agressivo, procure conhecer o responsável dele.
Essa é uma boa forma de conhecê-lo. Se na escola existir uma psicóloga que
tente encaminhá-lo, Conversar, mostrar que o comportamento dele te deixa
triste e mostra que o ser humano é o único ser vivo que fala e raciocina,
justamente por isso é capaz de resolver suas dúvidas com conversa e não com
brigas.
Quando se avalia para o sucesso, tem que avaliar além do cognitivo, o
que chamamos de qualidade de afetividade. Quando o aluno se enquadra
nestas propostas e adere a elas, sempre há uma mudança de comportamento.
O professor deve reconhecer que o erro também leva ao acerto. Pois quando
os alunos erram e são punidos, a tendência é ajustar-se, por isso podemos
dizer que:
Considerar o erro como parte do pensamento em formação traz
uma nova dimensão ao processo avaliativo: avaliação implica
na dinâmica do processo de aprendizagem de um determinado
objeto de conhecimento, através da articulação (dialética)
entre os elementos adequados da resposta ( geralmente
referidos como acertos) e os elementos inadequados (
geralmente referidos como erros). (LIMA, 2002, p.17).
Avaliar é ter capacidade de conduzir o processo de construção de
conhecimento do educando, para ajudar a enfrentar os obstáculos.
Lidar com relações afetivas não é coisa que se aprende facilmente. Mas,
é por meio dos vínculos existente entre o professor e o aluno que a
aprendizagem ocorre. A afetividade existe quando o professor considera o
aluno e o conduz a construir sua própria relação com o mundo. E firmar esse
vínculo afetivo é ensinar os alunos a serem curiosos e fazer que com que eles
encontrem um lugar para sua idéia. Quanto a isso, Antunes afirma que:
34
Se um professor assume aulas para uma classe e crê que ela
não aprenderá, então está certo e ela terá imensas
dificuldades. Se ao invés disso, ele crê no desempenho da
classe, ele conseguirá uma mudança, porque o cérebro
humano é muito sensível essa expectativa sobre o
desempenho. (ANTUNES,1996,p. 56).
Essa relação, professor e aluno, têm que ser baseada em efetividade e
sinceridade. A escola como parte completa e essencial em uma sociedade, não
pode ficar indiferente a esta busca.
A escola não é a reposta para todos os obstáculos existentes do ser
humano, porém, como órgão educacional que tem como seu exercício a
formação do cidadão como sujeito construtor do seu contexto histórico, pode e
deve cooperar para mudanças significativas na relação professor e aluno.
Para a construção da auto-estima é preciso buscar a responsabilidade e
não a culpa, criar um ambiente de segurança que faça com que o educando
sinta-se genuinamente recebido, compreendido e respeitado, sensibilidades
que ajudam a trabalhar núcleos emocionais que bloqueiam comportamentos
inconvenientes.
Os professores têm que compreender que as crianças assimilam melhor
o ensinamento quando estão satisfeitos com elas mesmas e que bons
sentimentos são importantes.
O professor na sala de aula passa a ser o “espelho” do aluno. E eles
esquecem muitas vezes que o educando o admira e querem imitar. Se todos
em seus pensamentos e atitudes soubessem disso procurariam vigiar suas
palavras e posturas.
A avaliação é uma herança das instituições educativas. Ela como
atividade de pesquisa e expansiva, acontece em todo momento e em várias
atividades da vida. Está sempre fazendo análise sobre o que se vê, o que se
faz, o que se ouve, o que interessa e o que não agrada. Avalia-se a tudo e a
todos.
35
Quando se está avaliando para o sucesso devemos nos questionar
sobre as seguintes perguntas: Avaliar para quê? Avaliar o quê? Avaliar
quando? Avaliar como? Avaliar quem? Avaliar por quê?
O educador quando avalia seu aluno em sala de aula, perante seus
colegas, se torna uma situação constrangedora. Pois expõe seu aluno a
repreensão verbal, física, análise crítica e até humilhação perante a turma,
criticando seus valores e suas atitudes.
É preciso que o professor tenha competência para ensinar, ou seja não
basta somente conhecer as teorias de aprendizagem, é necessário
compreender os processos de aprendizagem, o que lhe ajudaria a estabelecer
um caminho para ensinar.
Todo professor deve ajudar seu aluno, ou seja, tem que ser amigo
mesmo, e não falso. Avaliar as qualidades e defeitos do educando, mas na
medida certa, sem deixar seqüelas. Pois muitas frustrações de vários alunos
existem, pelo professor não ter se expressado direito, magoando dessa forma e
ferindo sua auto-estima. Ajudá-lo a se valorizar, dizer que ele é importante, é
capaz, que tem um gigante dentro dele, cheio de criatividade, estimulá-lo
mesmo.
Para avaliarmos o aluno para o sucesso, temos que conhecermos o
problema da desmotivação do educando. Sabemos que muitos fatos são
influentes nesta fase: os pais, os meios de comunicação, a internet, o exagero
de materialismo e consumismo, os estilos de vida, o desenvolvimento
econômico. Tudo isso afeta direta e indiretamente o bom desempenho de
nossas crianças e jovens. Sendo dessa forma não só um problema exclusivo
da escola, mas acaba sendo um problema de ordem social e cultural.
Em qualquer escola para se obter o sucesso de cada aluno é preciso
muita flexibilidade do professor, e ele tem que estar muito bem para
desempenhar tão importante papel. Ele tem que se tornar o ídolo de cada
aluno. Ou melhor, deve ser brilhante, para que seu brilho chegue a cada
educando, como uma mágica para a transformação do ser.
36
CONCLUSÃO
“A pior falência é a do homem que perdeu o
entusiasmo. Se o homem perder tudo na vida, menos
o entusiasmo, ele voltará a ter sucesso” ( H.W.Arnold).
Em cada criança e em cada jovem existe uma grande capacidade de
amar. Esse é o sentimento maior que pode transformar a vida de cada ser, a
auto-estima está envolvida nesse sentimento. O lema para uma boa autoestima é amar-se.
O educador deve reforçar todo desempenho escolar necessário, por
mínimo que seja esta valorização da auto-imagem implica no desenvolvimento
da autoconfiança necessária para que a criança ou o jovem sinta prazer em
conviver com os demais.
A receita importante para melhorar a auto-estima de um educando ou de
um professor, é sorrir, simplesmente sorrir, estar de bem com a vida.Por mais
que não tenha algo acontecendo, o cérebro recebe uma mensagem que está
tudo bem.Existe uma conexão direta entre o sorriso e o sistema nervoso
central.
O educador tem o dever de estimular seu aluno a voar como águia,
despertar o gigante que existe dentro dele, para elevar sua auto-estima,
fazendo que com isso, obtenha bom desempenho na aprendizagem.
A auto-estima é uma força que impulsiona a criança, o jovem, os
professores, os pais, a viver uma vida de encorajamento, força para fazer que
se tem vontade, com garra. Ela é comparada como a gasolina que não pode
faltar no carro, pois se falta, não anda, nem para frente nem para trás. Assim é
o educando sem uma auto-estima elevada, ele não consegue desenvolver bem
no seu aprendizado, ficando dessa forma prejudicado.
Mas, a auto-estima envolve muitas considerações. A família é um dos
componentes dessa consideração, também o professor bem motivado, de bem
com a vida mesmo, gostando de sua profissão, exercendo com amor etc. Pois
37
professor que não se aceita, não consegue transmitir para seu educando o
sucesso da auto-estima.
A parceria da família com os professores é a essência de toda
transformação. Pois somente conhecendo seu aluno a fundo, pode-se trabalhar
a mudança na aprendizagem do educando com baixa auto-estima.
Todo ser é capaz de mudança, quando se quer executar um bom
trabalho, basta somente a vontade e seguir meios que levem a modificação
total. A motivação é primordial para que todo o desenvolvimento da auto-estima
aconteça.
Cada educando que existe merece ser motivado, seja criança ou
adolescente. Com certeza esse aluno será o futuro melhor de nossa sociedade.
E tudo isso é transformando, estimulando-se a auto-estima.
O maior desafio para o educador é fazer seu educando dar certo.
Toda estrutura psicológica de um ser se forma quase toda na primeira
infância, desenvolvendo-se normalmente até os 21 anos de idade; todavia,
essa estrutura pode ser modificada no suceder da vida, a qualquer momento.
Nunca é tarde, para promover a modificação no padrão da sua auto-estima. Só
é preciso, conhecer a forma exata para acessar o conjunto de crenças que
estão codificadas no seu cérebro e reprogramá-las.
Com a auto-estima elevada toda mudança é eficaz. O ser se torna
melhor e com mais alegria de viver.
38
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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BRANDEN, Nataniel. O Poder da Auto-Estima. 9. ed. São Paulo: Saraiva,
2000.
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Download

Adriana Martins de Freitas