PROTOCOLOS
ASSISTENCIAIS
IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DA SEPSE
Protocolo é revisado e simplificado para facilitar sua
implantação pelas instituições
Por Taissa Sotto Mayor, diretora executiva do IQG
O Programa Brasileiro de Segurança do Paciente (PBSP) acaba de apresentar na 32a Conferência Anual da ISQua, em Doha, os resultados
referentes ao primeiro ano de gerenciamento do protocolo de identificação precoce da sepse, lançado em 2014.
Durante o período de julho de 2014 a julho de 2015, foram acompanhadas 45 instituições, o que resultou na inclusão de 1154
pacientes no protocolo. Como resultado, pôde-se observar uma significativa redução na mortalidade relacionada à sepse na população
acompanhada. (Gráf. 1)
gráfico 1 - Mortalidade relacionada à sepse
25%
20,09%
20%
18,71%
17,85%
17,82%
16,15%
15%
16,69%
15,08%
14,16%
14,05%
13,70%
14,89%
13,09%
12,43%
10%
5%
0%
jul/2014
ago/2014
set/2014
out/2014
nov/2014
dez/2014
jan/2015
fev/2015
mar/2015
abr/2015
mai/2015
jun/2015
jul/2015
Entretanto, a análise de adesão aos marcadores críticos preconizados no protocolo clínico, demonstra que alguns deles ainda não se
aproximaram da meta preconizada, de 90%. (veja gráfico 2)
Relembrando, as práticas recomendadas no protocolo de 2014 eram:
1. Resultado de exames em até 45 minutos;
2. Coleta de hemocultura antes da administração de antibióticos;
3. Administração de antibióticos em até uma hora;
4. Início de ressuscitação volêmica em até 1 hora para pacientes hipotensos ou com lactato ≥ 4 mmol/L;
5. Avaliação clínica para internação em UTI em até 3 horas.
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ASSISTENCIAIS
gráfico 2 - Taxa de adesão aos marcadores
O gráfico abaixo demonstra a taxa de adesão a cada um desses marcadores ao longo dos 13 meses acompanhados:
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
jul/2014
ago/2014
set/2014
out/2014
Resultado de exames em até 45 minutos
Administração de antibióticos em até uma hora
nov/2014
dez/2014
jan/2015
fev/2015
mar/2015
abr/2015
Coleta de hemocultura antes da administração de antibióticos
Avaliação clínica para internação em UTI em até 3 horas
mai/2015
jun/2015
jul/2015
Início de ressuscitação volêmica em até 1 hora
Diante desses resultados, a Câmara Técnica do PBSP entendeu que o protocolo deveria ser revisado e simplificado para facilitar a sua
implantação pelas instituições. Em parceria com o Instituto Latino-Americano de Sepse (ILAS) foi acordado que os esforços deveriam ser
voltados prioritariamente para a garantia de que os pacientes recebessem a primeira dose de antibióticos dentro da primeira hora, já que
essa medida tem comprovado impacto na letalidade da sepse.
Com esse objetivo, em setembro de 2015, o PBSP lançou a segunda versão do protocolo de identificação precoce da sepse, agora
beneficiando não apenas os pacientes com sepse grave e choque séptico, mas também aqueles com sepse sem disfunção orgânica
evidente. A principal diferença entre as duas versões é a indicação de administração da primeira dose de antibióticos independentemente
do resultado dos exames laboratoriais coletados.
Conforme a nova versão, as práticas recomendadas e utilizadas como marcadores críticos passam a ser:
1. Resultado do lactato na primeira hora.
2. Coleta de sangue para hemoculturas antes da administração de antibióticos;
3. Administração de antibioticoterapia de amplo espectro em até 1 hora;
4. Início de ressuscitação volêmica com 30 mL/kg de solução cristalOide em caso de hipotensão ou lactato ≥ 4 mmol/L.
Ainda em consenso com o ILAS definimos que o marcador “Avaliação clínica para internação em UTI em até 3 horas” poderia ser tratado
apenas como uma sugestão, entendendo que o ponto a ser enfatizado aqui é a necessidade de monitoramento e suporte intensivo aos
pacientes, independente da unidade onde estes estejam alocados.
A fim ainda de facilitar a mensuração dos resultados da implantação do protocolo pelas instituições os indicadores de resultado propostos
também foram modificados e estão alinhados aos indicadores sugeridos pelo ILAS:
Indicadores de resultado Versão 2014:
Indicadores de resultado Versão 2015:
1. Taxa de Efetividade do protocolo de identificação precoce
da sepse grave
a. Taxa de letalidade para sepse grave e choque séptico
2. Taxa de Efetividade na prevenção do óbito por sepse
a. Efetividade na prevenção de choque séptico
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ASSISTENCIAIS
PROTOCOLO DE IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DA SEPSE
Hipertermia > 38,3º C
Hipotermia < 36,0º C
Frequência Cardíaca > 90 bpm
Leucocitose > 12000/mm3
Leucopenia < 4000/mm3
Leucograma com presença
> 10% de bastões
Infecção Suspeita + 2 sinais de SIRS
Tempo A
(tempo 0)
Abertura do Protocolo
Exames:
Coleta de lactato + exames laboratoriais
Sódio
Potássio
Ureia
Creatinina
Glicose
Lactato
Gasometria Arterial
Hemograma
Bilirrubinas
TGO e TGP
PCR
TAP e TTPA
Coleta de hemoculturas
Hemocultura
(2 amostras de 2
pontos diferentes
Resultado do lactato
Tempo B
(até 45 min)
ATB IV Empírico
Tempo C
(até 1 hora)
Hipotensão ou Lactato > 4mmol/dl2
NÃO
SIM
Ressuscitação Volêmica
(30 mL/Kg de solução cristaloide)
Monitoramento Clínico
Reavaliação Clínica
e Tomada de Decisão
Internação em UTI
Tempo D
(início até 1 hora)
Sepse Grave
Choque Séptico
Reavaliação Diária de ATB
(Descalonamento)
Fonte: Programa Brasileiro de Segurança do Paciente. PROTOCOLO CLÍNICO: IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DA SEPSE: DEFINIÇÕES OPERACIONAIS DO
PBSP. São Paulo: IQG, 2015. 13 p. Disponível para consulta com: [email protected].
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