Laços de família
Clarice Lispector
(Por Leni Nobre de Oliveira)
Sobre a autora
Clarice Lispector nasceu na Ucrânia
em 1926 e morreu no Brasil em 1977.
Tornou-se uma das mais importantes
escritoras brasileiras da geração de
1945.
Sobre o estilo da autora
Como os representantes mais atirados
desse estilo literário, Clarice manifesta um
estilo cheio de novidades, dentre elas, a
pesquisa em torno da linguagem, da
introspecção na alma da personagem por
meio do uso do fluxo de consciência, o que
quebra os limites entre narrador e
personagem.
O leitor agora tem menos domínio sobre os
sentido evocados pelo texto.
Sobre o estilo da autora
Apresenta uma narrativa em que os
pensamentos parecem soltos, em
desordem na cabeça da personagem e e
são assim captados pelo narrador, sem
preocupação com a lógica e com a ordem
narrativa.
E considerada uma escritora, portanto,
intimista e psicológica.
A autora subverte a estrutura tradicional
dos gêneros( conto, crônica, novela)
Sobre o estilo da autora
Clarice envolve em seus contos contextos
considerados de valores universais, motivo
porque sua literatura extrapola os
conceitos de Literatura brasileira e adquire
dimensão de literatura universal. É uma
das escritoras brasileiras mais lindos no
mundo, al´me de sua obra ser de muito
interesse dos estudiosos de psicanálise,
psicologia e de psicopatologia.
Sobre a obra
Sua obra apresenta as características
estilísticas da autora conforme já
delineamos.
Além disso, Clarice cria personagens que
vivem um momento epifânico.
Os momentos epifânicos são dilacerantes
e dão origem a rupturas de valores, a
questionamentos filosóficos e existenciais,
o que corrompe as estruturas oficiais de
pensamento, provocando a reflexão
filosófica e metafísica do mundo.
A estrutura do conto
O conto é uma narrativa curta que surpreende
pelo rápido e às vezes inusitado desenlace.
Narra uma história mais evidente e várias
outras subjacentes. Conta sempre mais de
uma história.
Nos contos de Clarice, o que os desencadeia
é exatamente um fato externo que provoca o
mergulho da personagem num fluxo de
consciência. Esses fatos podem ser um
tropeção, uma luz que se apaga, um beijo, um
olhar, um rato. À elevação conduzida por
esses incidentes se dá o nome de epifania.
A estrutura da narrativa
Enredo
Personagens
Tempo
Espaço
Narrador
Lapso temporal
Climax
Desenlace
Ponto de vista
Enredo dos contos
1- Devaneio e embriaguês de uma
rapariga
A esposa, um mulher portuguesa, em suas
divagações como dona de casa, vê suas
obrigações por fazer enquanto delira com
o jantar oferecido por seu protetor ao seu
marido. Durante um jantar, a mulher se
deixou, socialmente seduzir pelo protetor
do marido, que percebeu, mas evitou criar
confusão pelo que o chefe representava
para ele.
Enredo dos contos
2- Amor
Voltando das compras, a esposa bem casada e
com filhos saudáveis, que dará um jantar, para
sua família. Do bonde, ela vê, no ponto, um cego
mascando chicletes e se desequilibra em
pensamentos, deixa a rede de compras cair, os
ovos se quebram, distraída ela perde o ponto de
ônibus, atravessa em Pânico o jardim botânico,
chega em casa, sufoca um dos filhos no abraço e
tudo termina ao final indo para a cama com o
marido, não sem antes pentear os cabelos e
apagar a flama do dia que findava.
Enredo dos contos
3 - Uma galinha
O galinha do almoço de domingo foge, é
perseguida pelo dono da casa que a
recupera. Porém logo após a captura, a
galinha põe um ovo e, daí em diante, o
marido e a filha se recusam a comer o
bípede. Ela passa a ficar na casa até que
um dia, vira o almoço e ninguém mais se
lembra do fato.
Enredo dos contos
4 - A imitação da rosa
Laura, a esposa, em casa, aguarda o final do dia em
que irá a um jantar com o marido Armando. Com o
vestido escolhido para este momento ela se retarda
em se arrumar, tomando um copo de leite no sofá da
sala, enquanto decide se manda ou não as flores que
comprou para Carlota, a amiga tão diferente dela que
oferecerá o jantar. Percebe-se que Laura enfrenta o
retorno para casa após a internação por um transtorno
psicológico, que parece voltar, quando Armando entra
na sala e a encontra no sofá, inerte como uma rosa, a
sua boa esposa.
Enredo dos contos
5 - Feliz aniversário
A velha matriarca faz 89 anos, a família se reúne
para a festa. Na cabeceira da mesa, é perceptível
que a velha percebe toda a encenação, até que,
num momento, pede vinho o que assusta a todos,
mas acaba não tomando. Em seguida, para susto
de todos, cospe no chão todo o seu asco pela
encenação. O povo se despede e Zilda, a filha
que cuida da mãe, que se esmerou para fazer, às
suas custas, o aniversário da mãe, vê, no discurso
do irmão – até o ano que vem- o desprezo que
todos demonstravam pelo seu trabalho e pela
mãe.
Enredo dos contos
6 - A menor mulher do mundo
Um pesquisador francês encontrou, nas
profundezas da África Equatorial, uma tribo
de pigmeus de uma pequenez
surpreendente. A menor pigméia
encontrada no Congo media 45 cm. A
partir dessa notícia, pequena Flor, o nome
dado pelo cientista à pigméia, as pessoas
que a receberam demonstraram suas
variadas apreciações, nas quais se
percebe um a diversidade de concepções
dos humanos sobre os demais seres.
Enredo dos contos
7- O jantar
Um homem observa, durante um jantar no
restaurante, os movimentos de outro
homem velho enquanto esse janta. Ao
meditar sobre a perda, a traição, o
assassinato e a morte, o narrador
abandona o prato de carne em que havia
sangue, por se considerar impotente para
comer quando a vida se esvai como a do
velho desconhecido que deixa o
restaurante e desaparece na multidão.
Enredo dos contos
8 - Preciosidade
A menina-moça, aos quinze anos, não se
considera bonita e sai todos os dias ainda muito
cedo para ir à escola, e isso a fazia feliz, desde
que as pessoas não olhassem para ela. Uma
manhã, porém, erra o horário, dois jovens vindo
em posição contrária à sua, passam-lhe a mão
pelo corpo e, assustados pelo próprio ato, fogem
em desespero. Ela fica extática no mesmo ponto,
chega atrasada à escola, depois, em casa, pede
um par de sapatos novos que não fizessem
barulho sob a alegação de que uma mulher não
deve andar com sapatos barulhentos.
Enredo dos contos
9 - Os laços de família
O genro ajuda a despachar a sogra. A filha
acompanha-a à estação. Na despedida, mãe e
filha se abraçam e se sentem como nunca se
sentiram antes, mesmo a filha não tendo qualquer
lembrança de amor pela mãe. Tocada, a filha volta
para casa e sai com o filho magro e nervoso, para
passear, deixando o marido perplexo pela atitude
inusitada da esposa.
Enredo dos contos
10- Começos de uma fortuna
Artur em conversa sobre mesada pede
dinheiro ao pai, que recusa acusando-o de
jogador. A mãe também recusa, mas o
Artur deixa a entender que ela está do seu
lado e acabará cedendo. Ele termina pro
aceitar dinheiro emprestado para levar
uma menina ao cinema, sem tirar proveito
dela e depois, pergunta o pai o que é uma
nota promissória.
Enredo dos contos
11- Mistério de São Cristóvão
Após o jantar, numa noite de maio, uma família
tradicional e bem resolvida se aconchega para
dormir. Um grupo de jovens fantasiados de galo,
touro e de cavalheiro antigo com cara de
demônio,indo para uma festa, decidiram colher
jacintos na janela da casa e deparam com o rosto
da menina do outro lado. O efeito do choque entre
essas quatro máscaras provoca o mistério do
conto- a grande lua apareceu. O incidente
desorientou momentaneamente a família, menos
a menina.
Enredo dos contos
12 - O crime do professor de matemática
O professor de matemática leva um cão
morto encontrado na rua para enterrar no
alto de um pasto, para se redimir um crime
que pensa que cometera: abandonar um
cão que criara na cidade de onde mudara.
Após a encenação, toda feita como se ele
o fizesse ao seu cão, ele retorna para
casa, após descobrir novamente o cadáver
do cão desconhecido.
Enredo dos contos
13 - O búfalo
Uma mulher, a quem um homem dissera não mar, vai
ao zoloógico e, humilhada em sua condição,
observava os animais desejando encontrar a maior
quantidade de ódio possível que pudesse, enquanto
repetia, como se dissesse àquele homem: eu te odeio.
Porém não sabia como odiar. Assim, ao final do
passeio, ela atira uma pedra em um búfalo para incitálo, ele se atira para ela protegida pelas grades,
enquanto ela dizia “eu te amo” com ódio, para o
homem que não a amava – e eu te odeio, com amor,
para o búfalo que a odiava. E pela grade, olhos nos
olhos, búfalo e mulher, a mulher desmaia, diante do
búfalo, agora calmo.
Personagens
São muitas e deve-se analisar todas as
personagens de cada conto. Na verdade,
como a história em si interessa menos, os
personagens e suas características que os
levam aos seus dramas devem ser
considerados mais importantes. Por isso,
deve-se ler o livro.
Apesar de muitos de seus romances terem
como centro um protagonista feminino, a
escritora não aceitou o rótulo de escritora
feminista. Porém sua pros intimista e
psicológica prefere a inserção no universo
interior feminino
Espaço
Os espaços são variados, mas a
predominância é por espaços
restritos tais como interior de lares,
restaurantes, com espaço externo
urbano. A vida contemporânea e seus
subterfúgios submergem nesses
espaços. Deles emergem os eventos
que conduzem à epifania.
Narradores
Diferença de narrador para autor:
O narrador é eleito pelo autor que é,
nesse caso a escritora Lygia
Fagundes. Na obra há narradores de
1ª e de terceira pessoa. Narradores
oniscientes
Tempo
Tempo cronológico
Tempo psicológico
Lapso temporal
Fluxo de consciência.
A prova
5.1.4. Cada questão da prova objetiva equivale a 01
(um) acerto.
5.1.5. A prova de redação para os Cursos de
Graduação será constituída por 05 (cinco) questões
discursivas,
assim distribuídas: 04 (quatro) baseadas nas obras
literárias indicadas e 01 (uma) elaborada a partir de
tema livre.
5.1.6. As obras literárias indicadas para os Cursos de
Graduação são:
a. Antes do Baile Verde, de Lygia Fagundes Telles,
editora Companhia das Letras.
b. Laços de Família, de Clarice Lispector, editora
Rocco.
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