INOCÊNCIA
Visconde de Taunay
INOCÊNCIA
Autor
 Alfredo d’Escragnolle Taunay (1843-99) nasceu no Rio de
Janeiro.
 Bacharel em Ciências e Letras pelo Colégio Pedro II,
cursou Ciências Físicas e Matemáticas na Escola Militar.
 Recebeu educação familiar de espírito e gosto, que lhe deu
destaque em nosso meio literário, artístico e social.
 Fez carreira militar e ingressou no curso de Engenharia
militar, mas teve de interromper para participar da Guerra
do Paraguai.
INOCÊNCIA
Autor
 Recebeu várias promoções, mas passou a ser reconhecido
quando recebeu a “missão” de escrever o Diário do
Exército (relato oficial dos militares).
 Cenas da vida brasileira (1868), seu primeiro livro, surgiu
de sua experiência na Retirada da Laguna (1867). Trata-se
de um relato historiográfico que traz os fatos do episódio
e as emoções de um narrador-participante.
INOCÊNCIA
Autor
 Ao retornar da guerra, publicou seu primeiro romance: A
mocidade de Trajano (1870). O livro vai além dos moldes
românticos da época, pois nele há também a preocupação
política, principalmente com o problema da escravidão, já
que a participação dos negros na guerra foi decisiva na
derrota dos paraguaios.
 É em Inocência (1872), sua obra-prima, que sua carreira
como escritor é consolidada.
INOCÊNCIA
Autor
 Devido a sua grande experiência de guerra e sertão,
reproduziu com precisão o cenário sertanejo, com seus
tipos humanos e normas rígidas de comportamento social
e familiar, equilibrando ficção e realidade, valores da
realidade bruta do sertão e dos românticos, linguagem
culta e regional.
 Mesmo com um enredo sentimental, Inocência apresenta
traços da prosa realista ao documentar, com a
sensibilidade de um pintor documentalista e de espírito
naturalista, a realidade presente nos sertões de MT.
INOCÊNCIA
Autor
 Nesse ponto Taunay critica a postura de Alencar,
afirmando que o romancista cearense falava da natureza
mais relembrando o que havia lido do que presenciado.
INOCÊNCIA
Principais obras
Romances

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
A mocidade de Trajano (1870);
Inocência (1872);
Lágrimas do coração, o manuscrito de uma mulher (1873);
Ouro sobre azul (1875);
O encilhamento (1894);
No declínio (1899).
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Principais obras
Contos
 Histórias brasileiras (1874);
 Narrativas militares (1878);
 Ao entardecer (1900) – Obra póstuma.

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Autor x Obra
 Visconde de Taunay tinha um senso agudo de observação
e análise, que somado ao seu conhecimento sobre a
paisagem e a História do Brasil, transformou-o em um
renomado escritor.
 Destacou-se dentre os romancistas devido sua experiência
do interior brasileiro. Ele escreveu sobre o que conheceu.
 Taunay foi um dos primeiros prosadores brasileiros a fazer
uso da linguagem coloquial e regionalista em suas obras.
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Autor x Obra
 Inocência foi publicado em 1872.
 Em 1871, foi aprovada a Lei do Ventre Livre, na qual
todos os filhos de negros que nascessem à partir daquela
data seria livre da escravidão brasileira.
 Taunay revela com muita sinceridade seu relacionamento
com uma jovem que conheceu no Mato Grosso, fato que
nos leva a perceber a origem mais íntima da personagem
central de Inocência, modelo da mulher sertaneja
imaginada pelo autor.
INOCÊNCIA
Autor x Obra
 O narrador nos mostra o choque de duas concepções de
mundo extremamente diferentes. Pereira, homem do
sertão, preso a padrões estritos de comportamento,
mantém sua bela filha Inocência reclusa.
 Nesse romance, o rigor do observador militar que
percorreu os sertões mistura-se à capacidade imaginativa
do ficcionista. O resultado é um belo equilíbrio entre a
ficção e a realidade, raramente alcançado na literatura
brasileira até então.
INOCÊNCIA
Estrutura da obra
 Trinta capítulos e um epílogo.
 Poucos personagens se movem. E esses podem ser
agrupados de acordo com a sua posição no desenrolar da
obra
 A qualidade de Inocência resulta do equilíbrio alcançado
pela verossimilhança – ficção e realidade, linguagem culta
e linguagem regional, adequação dos valores românticos à
realidade bruta do nosso Sertão.
INOCÊNCIA
Temática da obra
 Trama amorosa.
 Choque de valores entre Pereira e Meyer, um naturalista
alemão que se hospedara na casa de Pereira à procura de
borboletas, evidenciando as contradições entre o meio
rural brasileiro e o meio urbano europeu.
INOCÊNCIA
Temática da obra
 Sofrimento – o sertanejo em busca de seus objetivos
caminha por longas distâncias, sendo que no percurso,
existe a dificuldade do abrigo.
 Simplicidade – observada por meio do comportamento e
dos diálogos entre as personagens típicas.
 Contradições – Pereira e Meyer.
INOCÊNCIA
Temática da obra
 Amor impossível – amor tão puro e verdadeiro que por
falta de condições de existência preferiu a morte, ou pelo
menos, foram levados a ela.
 Honra – Pereira, em nome da honra, sacrifica sua própria
filha, pois sua palavra está acima de tudo.
 Beleza – por meio da paisagem do sertão e da Inocência.
 Escravidão – Maria Conga e outros.
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Espaço
 Confluência dos Estados de:
- Mato Grosso;
- Minas Gerais;
- Goiás;
- São Paulo.
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Foco Narrativo
 Narrador onisciente – aquele cujo ponto de vista é
externo.
 Este tipo de narrador era tendência no século XIX, ele
focaliza a vida, os costumes e os valores sociais.
 Neste modelo narrativo tudo é apresentado a partir de um
único ponto, com onisciência e onipresença.

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Personagens
 Inocência: tem cabelos longos e pretos, nariz fino, olhos
matadores, beleza deslumbrante e incomparável, faces
mimosas, cílios sedosos, boca pequena e queixo
admiravelmente torneado. Enfim, jovem de beleza
deslumbrante e incomparável. Simples, humilde, meiga,
carinhosa, indefesa e eternamente apaixonada. Moça tão
bonita e de traços tão delicados, que nem parece moça do
sertão – fato fundamental no despertar da paixão entre ela e
Cirino, bem como na compreensão da atitude que ela tomará
mais tarde, pois, de algum modo, Inocência não era uma típica
moça do sertão.
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Personagens
 Cirino Ferreira de Campos: de olhos negros e bem
rasgados, barbas e cabelos cortados quase à escovinha,
tinha mais ou menos 25 anos. De presença agradável, era
prático de farmácia e se autopromoveu a médico
ambulante. Era tão inteligente quanto decidido. "Doutor"
Cirino era caridoso, bom doava a própria vida em defesa
do amor.

INOCÊNCIA
Personagens
 Manecão: Homem rude, mas decente, trabalhador, sério e
acumulou fortuna, era dotado também de uma certa
macheza. Alto, forte, pançudo e usava bigode. Enfim,
vaqueiro bruto do sertão. Pessoa fria que matava, se fosse
preciso, em defesa de sua honra.
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Personagens
 Martinho dos Santos Pereira (Pereira): Homem de
mais ou menos 45 anos, gordo, bem disposto, cabelos
brancos, rosto expressivo e franco. Pessoa honesta,
hospitaleiro, severo e não trocava a sua palavra nem pela
vida. Condensa em si desconfiança e ingenuidade, além de
ser durão e conservador.
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Personagens
 Tico: Anão que vivia na fazenda, mudo, mas que foi
capaz de entregar lnocência ao pai. Ele a vigiava e detinha
profundo respeito e admiração pela mesma. Guardião de
Inocência. Mudo, raquítico, esperto e fez por um
momento, o papel de fofoqueiro.
 Meyer: Um naturalista, que teve a sinceridade de elogiar
Inocência, acabou por ser vigiado por Pereira, mas era
muito dedicado a profissão que exercia, portanto viajava
muito.
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Personagens
 Maria Conga: Escrava de Pereira que cuidava dos
afazeres domésticos. Escura, idosa e malvestida. Usava na
cabeça um pano branco de algodão.
 Major Martinho de Melo Taques: Homem que merecia
influência na vila de Santana do Parnaíba: Juiz de paz e
servia de juiz municipal. Participou da Guerra dos
Farrapos no Rio Grande do Sul. Era comerciante e
gostava de contar casos, ou seja, "prosear".
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Personagens
 Antônio Cesário: Padrinho de Inocência. Homem
respeitado, de palavra, honesto e justo. Fazendeiro do
sertão.
 Guilherme Tembel Meyer: Alto, rosto redondo, juvenil,
olhos claros, nariz pequeno e arrebitado, barbas
compridas, escorrido bigode e cabelos muito louros.
Pessoa de boa índole, esperto em sua função e simples ao
pronunciar as sua palavras. Admirador da natureza e da
beleza de Inocência.
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Personagens
 José Pinho (Juque): Ajudante de Meyer. Era muito
intrometido em conversas alheias. Pessoa boa e de
confiança de seu patrão.
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Enredo
O acaso no meio do caminho
 Cirino não tinha um destino certo quando enveredou pela
estrada que ligava a vila de Santana do Parnaíba aos
campos de Camapuã, sul da província de Mato Grosso,
fronteira de Goiás, Minas Gerais e São Paulo.
 A única certeza dele é que devia seguir “curando maleitas
e feridas brabas”(p.22), em lugares esquecidos, no sertão.
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Enredo
O acaso no meio do caminho
 Era igualmente levado pelo desejo de conhecer terras
novas, lugares perdidos nos mais diversos pontos do
interior da província.
 Por isso, não hesitou em acompanhar o falante Sr.
Pereira.
 Pereira seguia o mesmo caminho, voltava para casa
depois da frustrada tentativa de conseguir remédio
para a filha doente.
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Enredo
O acaso no meio do caminho
 O encontro casual de Pereira com Cirino lhe trouxe
tanto um parceiro de prosa quanto o remédio que
procurava.
 Pereira, apesar da gravidade da doença, demorou para
conduzir o médico até o quarto da filha.
 Hospitaleiro, ofereceu a Cirino comida farta e pouso.
 Depois, com muita hesitação, dirigiu-se ao médico
em sinal de alerta:
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Enredo
O acaso no meio do caminho
 “- Sr. Cirino, eu cá sou homem muito bom de gênio,
muito amigo de todos, muito acomodado e que tenho
o coração perto da boca, como vosmecê deve ter
visto...”
 “Por certo, concordou o outro.”
 “- Pois bem, mas... tenho um grande defeito; sou
muito desconfiado. Vai o doutor entrar no interior da
minha casa e... deve portar-se como... (p.35)”
INOCÊNCIA
Enredo
O acaso no meio do caminho
 Martinho dos Santos Pereira vivia só, com a filha, no
mais calado sertão.
 Guardava a jovem dos olhos dos viajantes, pois já
havia dado sua palavra que Inocência seria mulher do
tropeiro Manecão.
 Manecão viajava negociando gado e cuidado dos
papéis para o casamento.
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Enredo
O acaso no meio do caminho
 Era grande a responsabilidade de Pereira, já que, no
seu entender, as mulheres eram frágeis, inconstantes
e incapazes de seguir leis da razão.
 Para ele, todos os homens representavam um grande
risco à sua doce e bela Nocência.
 Seus cuidados faziam-se ainda maiores porque
Inocência era dotada de beleza incomum.
INOCÊNCIA
Enredo
O acaso no meio do caminho
 Por isso, Pereira dividia com Tico, um anão mudo, a
tarefa de guardar a filha.
 - Orgulhava-se o homúnculo de ser “uma espécie de
cachorro de Nocência” (p.41).
 Contudo, quando Cirino entra no quarto escuro para
examinar Inocência e, com a ajuda de uma vela, vê a
moça, fica profundamente desconcertado.
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Enredo
O acaso no meio do caminho
 Mesmo doente, a jovem demonstrava uma beleza
impressionante.
 Na mesma noite da chegada de Cirino, um naturalista
alemão, Meyer, e seu camarada, pedem abrigo na
fazenda de Pereira.
 O entomologista trazia uma coleção de insetos e
muitas cartas de recomendação.
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Enredo
O acaso no meio do caminho
 Entre elas, uma, assinada por Francisco dos Santos
Pereira, irmão esquecido do Sr. Pereira.
 Esse feliz acaso foi suficiente para o bom matuto
perder a cabeça de alegria e se colocar totalmente à
disposição do alemão.
 “Esta carta vale, para mim, mais que uma letra do
Imperador que governa o Brasil” (p.59), diz,
emocionado, o matuto.
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Enredo
O acaso no meio do caminho
 Como prova de sua satisfação, promete apresentarlhe a filha Inocência assim que ela se recupere.
 Os remédios de Cirino logo trazem a saúde de volta
ao corpo de Inocência e, com ela, os traços vitais de
sua beleza.
 Um dia, após o almoço na casa de Pereira, Inocência
é apresentada a Meyer.
INOCÊNCIA
Enredo
O acaso no meio do caminho
 Diferentemente de Cirino, Meyer não consegue se
controlar e faz muitos elogios a Inocência.
 Enquanto o alemão fala, enrolando a língua, Pereira e
Cirino não conseguem disfarçar o mal-estar causado
pelo discurso de Meyer.
 Um momento patético, que abala a todos.
 Tornou-se Pereira pálido [...].
 Inocência enrubesceu quem nem uma romã.
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Enredo
O acaso no meio do caminho
 Cirino sentiu um movimento impetuoso, misturado de
estranheza e desespero, e, lá da sua pele de tamanduábandeira, ergueu-se meio apavorado o anão. (p.65)
 Sem poder voltar atrás com sua palavra, Pereira enfiou
na cabeça que Meyer queria se aproveitar de Inocência.
 Passa a vigiar e a controlar os mínimos gestos e palavras
de Meyer, deixando a filha aos cuidados de Tico e do
doutor.
INOCÊNCIA
Enredo
Doutor enfeitiçado sem remédio para seu mal
 Cirino percebe rapidamente que, à medida que cura
Inocência, torna-se ele enfermo, acometido pelo mal
grave e incurável da paixão.
 Resolve retomar seu caminho, mas o bom Pereira
protesta.
 É que, quanto mais Pereira suspeitava de Meyer, mais
confiava em Cirino.
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Enredo
Doutor enfeitiçado sem remédio para seu mal
 Em nenhum momento percebe que o doutor está
perdidamente apaixonado por sua filha, embora o
ache meio abatido às vezes.
 Para evitar que Cirino vá embora, Pereira arranja-lhe
muitos doentes.
 Quanto mais Cirino cura os males alheios, mais se
conscientiza de seu triste destino.
INOCÊNCIA
Enredo
Doutor enfeitiçado sem remédio para seu mal
 Pereira jamais voltará atrás com a palavra dada a
Manecão e, para isso, gasta todo o seu tempo
embrenhado na mata com o naturalista, que vai
aumentando, a cada dia, sua coleção de espécies raras
de insetos.
 Num desses dias, como fosse sair muito cedo com
Meyer e Juca para a mata, Pereira encarrega Cirino de
medicar Inocência na hora certa.
INOCÊNCIA
Enredo
Doutor enfeitiçado sem remédio para seu mal
 O doutor passa a manhã contando todos os segundo
até a hora de poder ver a moça.
 Enquanto Tico vai chamar a criada para preparar café,
Cirino conversa apaixonadamente com Inocência.
 Ainda que não se declare abertamente, dá mostras mais
que evidentes de seu sentimento. Inocência demonstra
igualmente um certo envolvimento.
 Depois disso, torna-se cada vez mais difícil para Cirino
encontrar-se com ela.
INOCÊNCIA
Enredo
Doutor enfeitiçado sem remédio para seu mal
 Apesar do cerco fechado em que vive a moça, Cirino,
tomado pelo desespero, bate a sua janela numa noite
de luar e dá voz a sua paixão.
 Conversam os dois quase num sussurro e, sem muito
esforço, descobre que é amado por Inocência.
 A paixão já não é mais segredo para eles.

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Enredo
O perigo está muito perto
 A ira de Pereira atinge o grau máximo no dia em que
Meyer, vasculhando a mata perto de seu roçado, cai
em grande euforia ao descobrir uma borboleta de
uma espécie totalmente desconhecida.
 Pulando “como um cabrito” (p.103), anuncia que
dará o nome de Inocência a seu achado.
INOCÊNCIA
Enredo
O perigo está muito perto
 Pereira recebe a notícia como uma grande ofensa:
“Vejam só... o nome de Nocência numa bicharada!...
Até parece mangação...” (p.104).
 Depois do grande achado, Meyer, exultante e
vitorioso, decide partir, deixando Pereira duvidoso
quanto ao excesso de suas desconfianças:
INOCÊNCIA
Enredo
O perigo está muito perto
 “- [...] Quem sabe se tudo que eu parafusei não foi
abusão cá da cachola? [...] Hoje estou convencido que
o tal alamão era bom e sincero... Olhou para a
menina... achou-a bonitinha... e disse aquele
despotismo de asneiras sem ver a mal... Em pessoa
que não guarda o que pensa, é que os outros se
podem fiar... Às vezes o perigo vem donde nunca se
esperou... (p.111-2)”.
INOCÊNCIA
Enredo
O perigo está muito perto
 E a vida de Pereira retoma seu curso.
 Sem nenhuma esperança, Inocência e Cirno se
encontram mais uma vez às escondidas.
 No laranjal, numa noite de luar, pensam numa
solução para suas vidas.
 Cirino propõe-lhe fuga.
 Inocência recusa com medo de tornar uma mulher
perdida, amaldiçoada pelo pai.
INOCÊNCIA
Enredo
O perigo está muito perto
 Diante do pranto de Cirino, Inocência lembra de seu
padrinho Antônio Cesário.
 Seu pai lhe devia dinheiro e respeitava sua vontade; se
Cirino conseguisse convencê-lo a falar com Pereira,
talvez eles estivessem salvos.
 Enquanto se abraçavam felizes e esperançosos,
ouvem um assobio seguido de uma gargalhada.
 Cirino pega Inocência nos braços e a leva para casa.
INOCÊNCIA
Enredo
O perigo está muito perto
 Ao voltar ao laranjal, sente algo cair sobre seus pés,
pensa ser assombração.
 Aterrorizado, ouve um tiro disparado por ordem de
Pereira, que vistoriava o pomar junto com um
escravo.
 Cirino corre de volta para seu alojamento, aonde
consegue chegar antes de Pereira.
 Finge não saber de nada.
INOCÊNCIA
Enredo
O perigo está muito perto
 Nesse mesmo dia, parte em busca da ajuda de
Antônio Cesário.
 Manecão retorna com os documentos prontos para o
casamento.
 Inocência se assusta quando o encontra.
 Enfrenta o pai e noivo, desafia a palavra que tinha
força de lei.
INOCÊNCIA
Enredo
O perigo está muito perto
 “- Eu?... Casar com o senhor?! Antes uma boa
morte!... Não quero... não quero... Nunca... Nunca...”
 Manecão bambaleou.
 Pereira quis pôr-se de pé, mas por instantes não
pôde.
 “- Está doida, balbuciou, está doida.”
INOCÊNCIA
Enredo
O perigo está muito perto
 E segurando-se à mesa, ergueu-se terrível - Então, você
não quer? Perguntou com os queixos a bater de raiva. Não, disse a moça com desespero, quero antes...
 - Não pode terminar. (p.138)
 Com a ajuda de Tico, que tudo sabia, o grande equívoco
de Pereira é desfeito. Fulminado, mas não liquidado.
 Pereira autoriza Manecão a lavar a honra de sua casa.
 O tropeiro parte imediatamente.
INOCÊNCIA
Enredo
Desfecho
 Cirino, por sua vez, encontra Cesário e, com muita
dificuldade, expõe a ele sua situação.
 Cesário, desconfiado, lhe faz muitas perguntas e, por
fim, pede-lhe que faça um juramento.
 Cirino
aceita
imediatamente,
e
Cesário,
impressionado com o caráter e os sentimentos
nobres do moço, que jurara sem saber o quê,
promete-lhe pensar durante oito dias.
INOCÊNCIA
Enredo
Desfecho
 Se resolvesse ajudá-los, apareceria até o final desse
período; caso contrário, valeria o juramento: Cirino
deveria desaparecer de suas terras e da vida de
Inocência.
 No último dia do prazo combinado, Cirino espera
ansiosamente ver Cesário quando depara com
Manecão.
INOCÊNCIA
Enredo
Desfecho
 Este lhe dirige algumas palavras desaforadas e, em
seguida, pega sua arma e atira impiedosamente no
rival.
 Cesário aparece.
 Cirino ainda tem tempo de perdoar seu algoz e de
agradecer Cesário.
 Morre murmurando o nome de Inocência.
INOCÊNCIA
Enredo
Desfecho
 O destino de Inocência é revelado no último
momento da história, quando Meyer apresenta sua
coleção com a espécie rara de borboleta à sociedade
científica de seu país.
 Enquanto o naturalista alemão fala euforicamente da
jovem que dera o nome a seu achado, o narrador
comenta ironicamente que, havia dois anos,
Inocência não existia mais.
INOCÊNCIA
O que se pode observar na obra
 É o romance sertanista onde mais se percebe a
divisão entre o enredo central - folhetinesco e ultraromântico - e as histórias secundárias, quase todas
realistas.
 Este mesmo descompasso é visível entre o tom
trágico da intriga amorosa e as passagens hilariantes
das tramas paralelas.
INOCÊNCIA
O que se pode observar na obra
 Apesar do excesso melodramático final, os caracteres
de Cirino e Inocência nos são mostrados de forma
muito mais verossímil que os personagens de outros
romances românticos da época.
 Há uma forte crítica de Taunay em relação ao
implacável patriarcalismo do mundo rural.
INOCÊNCIA
O que se pode observar na obra
 O curioso é que durante quase toda a narrativa, o
autor ironiza a visão machista, como nesta cômica
exposição de Pereira sobre o comportamento das
mulheres: Eu repito, isto de mulheres, não há que fiar. Bem
faziam os nossos do tempo antigo. As raparigas andavam
direitinhas que nem um fuso... Uma piscadela de olho mais
duvidosa, era logo pau. (...) Cá no meu modo de pensar,
entendo que não se maltratem as coitadinhas, mas também é
preciso não dar asas às formigas...
INOCÊNCIA
O que se pode observar na obra
 No final do relato, contudo, esta crítica amena e
humorística transforma-se quase em um panfleto
contra o domínio absoluto que, dentro do código
patriarcalista, os pais tinham sobre os filhos.
 Importante ressaltar que o simplório Pereira, além de
possuir boa índole, ama desesperadamente a filha.
 Portanto, também ele nos é mostrado como vítima
dos costumes patriarcais.
INOCÊNCIA
O que se pode observar na obra
 Estes "regionalismos", na sua maioria, são explicados
pelo próprio autor, em notas ao pé das páginas. O
resultado dessa junção é uma prosa bastante viva,
colorida e com acentos humorísticos na sua
formulação.
O que se pode observar na obra
 Meyer, o naturalista alemão, sábio das coisas da
ciência, porém incapaz de perceber a estreiteza moral
do mundo em que está metido, é um dos
protagonistas mais engraçados da ficção brasileira do
século XIX. Suas trapalhadas são impagáveis.
 O romance apresenta uma curiosa mescla de
linguagem culta urbana e termos regionais
(arcaísmos, corruptelas, provérbios, expressões
típicas).