Caso Clínico: Atresia pulmonar Julianna Moura – R2 Pediatria HRAS Jussara Velasco – R4 UTIP HRAS Orientador: Dr.Jorge Afiunne INCOR-DF www.paulomargotto.com.br 24/4/2008 História Gestacional • Mãe 32 anos; G1 P0 A0 C0. – Sorologia positiva apenas para Chagas. – Pré-natal 10 consultas. – Eco gestacional 18ª semana: • gestação tópica, gemelar, monocoriônica, diamniótica • 1ºgemelar sem anormalidades; 2º gemelar: óbito fetal (houve reabsorção). – Evoluiu com DHEG no 3º trimestre, sem necessidade de medicação ou internação. – 38ª semana: US com dilatação de cavidades direitas. – 39ª semana: ECO fetal com IT acentuada. IT: PSVD =90mmHg Eco fetal: conclusões – Dilatação acentuada das cavidades direitas – FOP não restritivo, com fluxo D-E – Valva tricúspide apresenta regurgitação de grau acentuado com pressão sistólica do VD estimada em 90 mmHg – Valva pulmonar espessada (anel mede 8 mm) com provável estenose valvar – Valva aórtica sem disfunção (anel mede 10 mm) – Canal arterial com fluxo aorto-pulmonar – Boa função biventricular – Ausência de derrame pericárdico Conduta? Em discussão História Clínica do RN – Em 28/01/08: • Parto cesáreo a termo; IG: 39 semanas e 3 dias. (InCor-DF). • PN 2640g (<p10); Estatura 48cm (p25-50); PC 35cm; Apgar 9 e 10. • Transferido para UTI cardiopediatra. Exame físico • • • • • FC 141bpm; FR 45irpm; PA 86 x 72 (M 76)mmHg SpO2 entre 70 e 80% (ar ambiente) BEG, corada, hidratada, taquidispnéica AR e Abdomen : sem alterações ACV: – Ictus visível e palpável no 5ºEICE, na LHCE. Bulhas palpáveis na BEE baixa com frêmito palpável. – RCR em 2T. T1 hiperfonética. P2 normal. – SS 4+/6+ regurgitação na AT. SS+/6+ BEE alta. – Pulsos normais • Ext.: frias, com perfusão cianóticas. • SNC: normal para a idade. adequada, algo RX Tórax na 2ª hora de vida ECG na 2ª hora de vida –*: Ritmo sinusal, PR 133ms, FC 145bpm, ÂQRS 115°C, SAD e SBV Ecocardiograma Ecocardiograma Ecocardiograma Ecocardiograma • Atresia pulmonar com septo interventricular íntegro. • Valva pulmonar trivalvular e imperfurada (anel mede 9mm). • Anel da valva tricúspide medindo 11mm com regurgitação tricúspide de grau acentuado. – A PSVD estimada em 120mmHg • Presença de CIA tipo ostium secundum (7mm) com fluxo não restritivo. • AD com dimensão aumentada em grau acentuado. VD com hipertrofia acentuada da porção trabecular. • Disfunção sistólica e diastólica de VD. • Canal arterial (4mm) na extremidade pulmonar conectado à APE, com fluxo contínuo E-D. Conduta? Em discussão FISIOPATOLOGIA Atresia da valva pulmonar (ausência de fx anterógrado) ↑Pressão do VD Reg. tricúspide Fistula Coron-VD Shunt D-E pelo forame oval (1) ↑ AE e VE Shunt E-D pelo PCA (2) (Fx pulmonar canal dependente) Características anatômicas: • Local da obstrução: Atresia membranosa: 75% Atresia muscular: 25% • 1º dia de vida: – Iniciado prostaglandina E1 (PGE1) 0,01mcg/kg/min • Estável hemodinamicamente; saturação periférica acima de 90%, em ventilação espontânea • 5º dia de vida: – CIRURGIA CARDÍACA • Blalock Taussig modificado a direita (instalado um shunt de 3,5mm conectando o tronco braquiocefálico direito à artéria pulmonar direita) e Ligadura do canal arterial. Evolução • Retorna a UTI intubada e sedada. • Instabilidade hemodinâmica no POI: expansões com cristalóide e drogas vasoativas (Epinefrina e Norepinefrina). • Manteve boa saturação de O2 após suspensão da PGE1. • Sinais de ICC = taquicardia, presença de B3, ritmo de galope: iniciado Dobutamina. Eco POI (5º dia de vida) – Shunt sistêmico-pulmonar com fluxo contínuo, sem sinais de obstrução, gradiente máximo 28 mmHg – Valva tricúspide com regurgitação de grau acentuado e PSVD estimada em 120 mmHg – Regurgitação aórtica de grau discreto – Disfunção diastólica do VE (alteração do relaxamento) – Boa função sistólica biventricular qualitativa – CIA tipo ostium secundum com fluxo não restritivo – AD e VD com dimensão aumentada em grau acentuado – Ausência de derrame pericárdico Evolução 7- 9ºPO (13-15ºdias de vida) • • • • • 2 tentativas de extubação sem sucesso. Desconforto respiratório progressivo. Atelectasia pulmonar. 15ºdia de vida (9ºDPO): reintubada. Dificuldade de desmame ventilatório. Eco 11ºPO (17ºdias de vida) • • • • Semelhante ao realizado no POI. Shunt sistêmico-pulmonar OK, hiperfuncionante. IT acentuada. Disfunção diastólica do VE e boa função biventricular. • CIA OS com fluxo não restritivo. • Câmaras direita com dimensões aumentada em grau acentuado. • Ausência de derrame pericárdico. Hipóteses • ICC por IT acentuada? • Fluxo pulmonar aumentado (shunt hipefuncionante?) • Anemia? • *Infecção descartada até o momento Evolução 11- 30ºPO (17- 36ºdias de vida) – Piora clínica (fenômenos vasomotores e hipotermia) e laboratorial (hemograma com leucocitose e desvio e aumento da PCR = SEPSE. – Terapia empírica com Imipenem + Vancomicina. – Hemocultura positiva Klebsiella pneumoniae (sensível ao Imipenem). – Eco 11ºPO (17º dias de vida): idem ao anterior; ausência de trombos ou vegetações. Evolução 11- 30ºPO (17- 36ºdias de vida) • • • • Resolução do processo infeccioso. Desmame da ventilação mecânica. 28ºPO (1m 4d): extubada. Desconforto respiratório e sinais de ICC. • 30ºPO (1m 6d): reintubada. • Manteve ICC descompensada. 5º dia de vida: Pré-op 22º dia de vida: 16º PO BT Conduta? Em discussão Cateterismo Intervencionista • • • • • 42ºPO (1m 18d) VE dilatado; contratilidade preservada. Aorta a E sem alterações. BT a D pérvio com bom fluxo. Art. pulmonares confluentes e de bom calibre; valva pulmonar imperfurada. • VD com hipertrofia acentuada • IT acentuada e AD muito dilatado. Cateterismo Intervencionista – Valva pulmonar perfurada com cateter de radiofreqüência. – Dilatação inicial com balão de angioplastia coronária, seguida de valvoplastia pulmonar nº 6 x 20mm. – Angiografia: anel pulmonar de 5 mm. – Gradiente final VD - TP de 20mmHg. – Ventriculografia D de controle: bom fluxo anterógrado para as APs; tendo competição com o fluxo do BT para APD. – Aparente diminuição do fluxo regurgitante através da valva tricúspide. Cateterismo Cateterismo Cateterismo Cateterismo (pós-valvoplastia) Cateterismo (pós-valvoplastia) Evolução – Melhora progressiva do quadro geral sendo possível desmame do ventilador. – 4ºPO Cate (1m 22d): Extubada; ainda com sinais de taquidispnéia moderada. – 25ºPO Cate (2m 12d): Alta para enfermaria (ICC compensada e dificuldade de ganho ponderal). Eco 16º e 33ºPO Cate – Valvotomia pulmonar efetiva com fluxo direcionado para APE e BT pervio com fluxo para APD. – Gradiente VD-AP 50mmHg (16º po) e 36mmHg (33ºPO) e regurgitação pulmonar de grau moderado. 2m 16d: RX Tórax 12/04/08 Evolução – Recuperação nutricional: Peso atual 3160g – 2m 21d (33ºPO Cate): ALTA acompanhamento ambulatorial. MÉDICA, Conduta? Em discussão OBRIGADA!