COMPORTAMENTO DOS CONSUMIDORES E REDES SOCIAIS Maria Teresa Somma1 O comportamento do consumidor mudou após o advento das Redes Sociais e esse meio de comunicação tende a tornar o consumidor cada vez mais exigente, buscando informações sobre empresas e produtos. A expansão da internet e dos smartphones ocasionou o surgimento de uma nova classe de consumidores, denominados de “sofisticados”, uma vez que propagam suas opiniões aos demais por meio de redes sociais, influenciando os hábitos e comportamentos dos outros consumidores. Os consumidores “sofisticados” buscam informações sobre as empresas antes de efetuar uma compra e possuem características como o conhecimento maior sobre o mercado e a disponibilidade para tentar novos produtos (TOMAS et al, 2012)2. A facilidade de compartilhar conteúdos midiáticos desempenha um papel imprescindível para a configuração de um novo perfil de consumidor, que tem consciência de seu poder no cenário econômico e que se posiciona de forma mais clara sobre aspectos ligados ao consumo (CANCLINI, 2008)3. Devido a facilidade atual na obtenção de informações sobre os produtos e o histórico das empresas em termos de performance, as organizações não tem mais o poder de construir e controlar sua reputação como antes. A interatividade criou novo relacionamento entre clientes e empresas, sendo que 1 Maria Teresa Somma é graduada em Gestão de Marketing pela Universidade Cândido Mendes / RJ. Possui MBA em Marketing Digital pela INFNET/RJ. Diretora de Planejamento e Estratégias Digitais na empresa DIGITRENDS Marketing Digital (www.digitrends.com.br). Coordenadora de conteúdo do portal www.ecommerceinfoco.com.br. Publisher da Revista Digital e-commerce in foco. Atua também como consultora empresarial e instrutora de cursos na área de gestão de e-commerce e gestão de franquias (www.sommaconsult.com.br). Autora dos livros E-consumer: análise dos hábitos e comportamentos do consumidor digital (2014) e Franquia ao alcance de todos (2010). 2 TOMAS, R.B.; MESCHGRAHW, R.P.; ALCANTARA, R.L.C. As Redes Sociais e o comportamento de compra do consumidor: o reinado do “boca-a-boca” está de volta? Revista Brasileira de Marketing, v.11, n.2, p.124-151, 2012. 3 CANCLINI, N.G. Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. 7. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008 os consumidores passaram a ter um papel mais ativo, colaborando inclusive na melhoria da prestação de serviços. Nesse cenário, a comunicação boca a boca se amplificou para os meios virtuais causando um impacto mais rápido e obrigando as empresas a se preocuparem mais com a satisfação dos consumidores. A comunicação boca a boca é mais utilizada na compra de serviços, devido à sua intangibilidade. Nesse caso, os consumidores procuram dados como preço e qualidade entre as pessoas mais próximas antes de comprar. Com as redes sociais, essa busca tomou proporções maiores e as empresas passaram a monitorar as opiniões dos consumidores a respeito de suas marcas. Allard (2006) relata que há diferentes níveis de influência dos consumidores, sendo que a proporção é de 10% de indivíduos formadores de opinião influenciando o comportamento de 90% restantes. Isso é explicado pelo fato de que a intenção de compra online está ligada intimamente à influência social. Nesse aspecto, muitos consumidores, por necessitarem da aceitação dos grupos aos quais pertencem, têm uma propensão a acreditarem em suas opiniões. As redes sociais têm sido muito utilizadas para buscar informações sobre empresas. Esse comportamento tem propiciado uma segurança maior nos consumidores antes de efetuarem alguma compra. Além disso, as redes sociais também tem sido um meio de saber de produtos e serviços de empresas através de seus perfis. Nesse sentido, pesquisa realizada pelo E-Life em 20134 verificou que as redes sociais são o 4º canal mais utilizado para falar com as empresas. Dos entrevistados, nessa pesquisa, 66,9% acompanham as páginas e perfis de empresas, produtos e serviços em redes sociais com o objetivo de ser atendido online quando necessitar. Foi observado ainda que 93,3% dos entrevistados curtiram páginas de empresas, produtos ou serviços 4 Disponível em: http://pt.slideshare.net/Elife2009/pesquisa-estudo-de-comportamento-e-hbitosde-uso-das-redes-sociais-2013. Acesso em: 16 de maio de 2014. no Facebook, com o intuito de saber das novidades e também para apoiar as marcas que admiram. Essa mudança de comportamento por parte dos consumidores propiciou um aumento expressivo nas reclamações nas redes sociais acerca de problemas com empresas. A utilização desses canais para demonstrarem sua insatisfação, acabou agilizando muito a resposta das empresas em relação às reclamações feitas pelos consumidores. Pesquisa realizada pela Folha.com5 em 2011 revela que as reclamações realizadas via Twitter tem uma resposta por parte das empresas de até 8,4 mil vezes mais rápidas do que se fossem feitas através do Procon. Pelo Facebook essa eficiência chega a ser 1,4 mil vezes mais rápida. O quadro 1 ilustra o tempo médio de respostas a reclamações pelos diversos canais. Quadro 1 – Tempo médio de resposta a reclamações Canal Twitter Facebook Chat 0800 Procon Tempo médio de resposta Entre 5 minutos e 2 horas Entre 30 minutos e 6 horas Até 5 dias úteis Até 5 dias úteis Até 1 mês Tempo de resolução do problema Até 24 horas Até 24 horas Mais de 5 dias úteis Mais de 5 dias úteis Sem prazo 6 Fonte: Folha.com , 2011 Pesquisa realizada pela Websia juntamente com o Instituto Data Popular, revelou que o Twitter é o principal canal de reclamações, com 61,07% do número de queixas, seguido pelo Facebook, com 25,57% e blogs com 8,2%7. 5 Disponível em: http://info.abril.com.br/noticias/internet/twitter-e-8-mil-vezes-mais-eficaz-queprocon-13102011-22.shl. Acesso em: 20 de abril de 2014. 6 Disponível em: http://info.abril.com.br/noticias/internet/twitter-e-8-mil-vezes-mais-eficaz-queprocon-13102011-22.shl. Acesso em: 20 de abril de 2014. 7 Disponível em: http://puc-riodigital.com.puc-rio.br/Jornal/Economia/Redes-sociais-recebemmais-reclamacoes-contra-empresas-23833.html#.U_ySUPldWD4, 28/01/2014. Acesso em: 23 de março de 2014. Pesquisa realizada por Somma (2014)8 com 568 pessoas detectou que 56% delas quando tem algum problema com compras feitas pela internet, costumam reclamar através das redes sociais. Desses, 45% afirmaram que a resolução do problema foi rápida na maioria das vezes; 35% poucas vezes e 20% mencionaram que nenhuma vez a resolução do problema foi rápida. Para minimizar os impactos negativos, as empresas ao monitorarem as opiniões e reclamações nas redes sociais, têm buscado responder aos consumidores insatisfeitos de forma rápida. Esse tipo de atitude, além de minimizar os impactos negativos, pode ser encarado como uma atitude positiva por parte das empresas e com isso obter o respeito dos consumidores. 88 SOMMA, Maria Teresa. E-consumer: análise dos hábitos e comportamentos do consumidor digital. Rio de Janeiro: Opus 3, 2014.