Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Certificate in Business Administration – CBA José Sayeg Neto TRISUL E A SUA RETOMADA São Paulo 2013 Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Certificate in Business Administration – CBA José Sayeg Neto TRISUL E A SUA RETOMADA TCC apresentado ao curso de CBA, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Especialista em Administração de Negócios do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Orientador: Prof.Guy Cliquet do Amaral Filho São Paulo 2013 Resumo SAYEG NETO, José. Título do TCC: TRISUL E A SUA RETOMADA. São Paulo, 2013, 28 p. Certificate in Business Administration. CBA. Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. O trabalho analisa a evolução financeira da empresa Trisul por meio de suas posições contábeis nos últimos anos. A Trisul passou por uma longo período de perda de desempenho em seus resultados desde a abertura de seu capital em 2007. O trabalho analisa toda a evolução da empresa, com foco na mudança de perspectiva após uma série de alterações gerenciais em 2011. Por meio da análise, apresenta-se como ocorreu a retomada da Trisul a partir de 2012, que incluiu uma mudança de foco do negócio, a redução de seu faturamento e de seus custos. Palavras-chave: Contabilidade Financeira, Indicadores Financeiros de Desempenho. Sumário Conteúdo 1. Introdução .......................................................................................................................... V 2. Objetivos......................................................................................................................... VII 2.1 Objetivos Gerais ...................................................................................................... VII 2.2 Objetivos Específicos .............................................................................................. VII 3. Metodologia ................................................................................................................... VIII 4. Fundamentação Teórica.................................................................................................... IX 5. 4.1 Demonstrações Contábeis .......................................................................................... IX 4.2 Usuários das Informações Contábeis ......................................................................... IX 4.3 Análise das Demonstrações Contábeis ....................................................................... X 4.4 Processo e Métodos de Análise Contábil .................................................................... X 4.4.1 Análise Horizontal e vertical .............................................................................. XI 4.4.2 Análise Através de Índices ou Quocientes ......................................................... XI 4.4.2.1 Participação de Capitais de Terceiros ....................................................... XII 4.4.2.2 Composição do Endividamento ................................................................ XII 4.4.2.3 Imobilização do Patrimônio Líquido........................................................ XIII 4.4.2.4 Liquidez Corrente ..................................................................................... XIV 4.4.2.5 Liquidez Seca ........................................................................................... XIV 4.4.2.6 Giro do Ativo ............................................................................................ XV 4.4.2.7 Rentabilidade do Ativo............................................................................. XVI 4.4.2.8 Rentabilidade do Patrimônio Líquido ...................................................... XVI Trisul e sua Retomada ................................................................................................. XVII 5.1 Características da Empresa ................................................................................... XVII 5.2 Análise Financeira ............................................................................................... XVIII 5.2.1 Análise Horizontal ............................................................................................. XVIII 5.2.2 Análise Vertical ..................................................................................................... XX 5.2.3 Participação de Capital de Terceiros .................................................................... XXI 5.2.4 Composição do Endividamento ............................................................................ XXI 5.2.5 Imobilização do Patrimônio Líquido .................................................................. XXII 5.2.6 Liquidez Corrente ............................................................................................... XXII 5.2.7 Liquidez Seca .................................................................................................... XXIII 5.2.8 Giro do Ativo ..................................................................................................... XXIII 5.2.9 Rentabilidade do Ativo ...................................................................................... XXIV 5.2.10 Rentabilidade do Patrimônio Líquido.............................................................. XXIV 6. Conclusão ....................................................................................................................... XXVI Referências Bibliográficas .................................................................................................XXVII 5 1. Introdução Segundo reportagem da revista Exame por Vaz (2012), após a abertura de capital da Trisul, que ocorreu em seguida à fusão das empresas Tricury e Incosul que originaram a mesma, a empresa passou por uma fase difícil com uma série de prejuízos. O principal motivo de tais prejuízos era a falta de expertise da empresa na construção de imóveis de baixo padrão. Anteriormente a abertura de capital, a Trisul, antigas Tricury e Incosul, era uma empresa focada na construção e incorporação de imóveis de médio e alto padrão, contudo, visando seu crescimento no mercado, ela passou a atuar no segmento de baixo padrão. Com isso a empresa ganhou o volume que desejava, mas deixou de fazer o que fazia de melhor, que era construir casas para os paulistanos de classe média e classe média alta. Decidida a retomar seu foco e voltar a viver os tempos de seu próspero passado, a empresa passou por um choque de gestão. A construtora decidiu reduzir os custos, entregar aos clientes o que foi prometido e iniciar apenas projetos menores e dentro do que conhecia e fazia muito bem, mesmo tendo como ônus um valor geral de vendas (VGV) substancialmente menor do que o desejado pelos seus novos acionistas. Sobre esta reestruturação Vaz (2012) aponta que a mesma se passou entre fevereiro e setembro de 2011 e em 2012 já estava mostrando os resultados positivos, sendo que nesse ano a empresa já tinha resultado positivo de R$ 4 milhões, enquanto em 2011 amargou um prejuízo de R$ 33,7 milhões.1 Com a decisão de voltar a atender um mercado mais abastado, a Trisul voltou a vender apartamentos com o preço médio do imóvel entre R$ 140.000 e R$ 400.000. Outra decisão pode ser apontada por Vaz (2012) foi a de atuar apenas na capital paulistana e em sua região metropolitana. Assim a Trisul saiu das outras 24 cidades onde tinha projetos no país e simplificou sua operação. Apenas Ribeirão Preto e Brasília continuaram com projetos da empresa. A empresa optou por ter uma operação mais centralizada e, consequentemente, mais controlada. Caso desenvolvido pelo aluno do programa Certificate in Business Administration sob orientação do Prof. Guy Cliquet do Amaral Filho. Nenhuma parte deste caso pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer meio eletrônico ou mecânico, inclusive fotocópia, gravação ou qualquer outro sistema de armazenamento, sem autorização por escrito do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Aos infratores aplicam-se as sanções previstas nos artigos 102, 104, 106, 107 da lei 9610 de 19/02/1998. 6 Outro novo objetivo da empresa é garantir a qualidade de suas ações. Segundo o relatório de acionistas do primeiro trimestre de 2013, a operação da empresa passou a buscar empreendimentos que forneçam uma margem bruta superior a 32%, ou seja, substancialmente acima de sua média percentual de 20% nos últimos períodos de apuração. Tornando-se assim um investimento saudável e seguro para os acionistas. Ainda segundo matéria da revista Exame por Vaz (2012) atualmente, 75% do banco de terrenos da Trisul já estão no novo perfil do negócio. Ou seja, projetos tanto no segmento comercial como no segmento residencial, de médio e alto padrão. Uma força-tarefa foi reunida para resolver situações de clientes com atraso ou documentação pendente, a fim de resolver a situação de todos os imóveis que eram anteriores à nova estratégia. Assim as unidades foram trocadas, renegociadas e uma série de problemas de transação foram resolvidos rapidamente. Outras medidas gerenciais como a criação de comissões para a tomada de decisões mais apuradas e efetivas e o corte de gastos drástico foram medidas essenciais para a guinada da empresa e a mudança de seu rumo para uma história de sucesso. 7 2. Objetivos 2.1 Objetivos Gerais O objetivo central do trabalho é utilizar metodologias de análise financeira para entender com profundidade o movimento de retomada da incorporadora e construtora TRISUL, e a recuperação de sua rentabilidade desde seu IPO. 2.2 Objetivos Específicos • Apresentar teorias sobre administração contábil • Analisar demonstrações contábeis • Apontar os processos e métodos de demonstrações contábeis • Apresentar as principais características da Trisul • Mostrar como foi a retomada da Trisul depois de seqüentes prejuízos 8 3. Metodologia A metodologia desse trabalho trata-se da análise de um problema tendo como material de suporte o embasamento bibliográfico para aprofundar o entendimento dos motivos de sua existência. A pesquisa terá como abordagem teórica uma análise quantitativa baseada em índices e análises financeiras construídas com os dados fornecidos pelo setor de relações com investidores da empresa. Com esses índices é possível analisarmos o desenvolvimento da crise na empresa, e quais as principais mudanças que contornaram essa situação. Essa análise torna-se bastante pontual para medir a velocidade da melhora da empresa e quais foram os fatores chave administrativos que trouxeram a TRISUL novamente para um caminho de sucesso. 9 4. Revisão Teórica 4.1 Demonstrações Contábeis As demonstrações contábeis são basicamente os registros que devem ser expostos todos os anos, obrigatoriamente. Eles serão a principal ferramenta de prestação de contas com seu corpo de acionistas e para ter confiabilidade, devem ser auditados. Esses documentos são: • Balanço da Administração; • Demonstrações Contábeis com adicionais de notas explicativas; • Proposta dos Auditores Independentes (não obrigatório) e • Proposta do Conselho fiscal (não obrigatório). Conforme Art. 176 da Lei – 6404/76 apontado por Marion (2005) as Demonstrações Contábeis serão referentes a cada exercício e serão publicadas indicando os valores correspondentes das demonstrações do exercício imediatamente anterior. Elas poderão agrupar contas semelhantes, contudo é vedada a utilização de nomeações genéricas. Além disso, Marion (2005) aponta a importância do registro do destino dos lucros apurados no período, e de as demonstrações contábeis serem complementadas por notas explicativas e outros quadros complementares. As demonstrações contábeis precisam esclarecer a qual período se referem, a qual companhia e qual caráter que analisam. Deverão, então, ser construídas apenas por profissionais com registro no conselho regional de contabilidade, a fim de padronizar o modelo de demonstrações contábeis e garantir a qualidade e veracidade das informações. 4.2 Usuários das Informações Contábeis O item 4.2 foi baseado nos apontamentos de Silva (2009). Existem dois diferentes tipos de público para as informações contábeis, sendo esses: internos (participantes da organização) ou externos. 10 Cada um desses grupos possui preocupações distintas em relação à empresa, e portanto é importante que as demonstrações estejam claras e sejam universais. Os usuários internos das informações contábeis podem ser os empresários, parceiros e acionistas da companhia, e podem também ser qualquer profissional assalariado da companhia. Já os usuários externos são todos que possuem relações com a empresa, mas não são parte atuante da mesma. Como, por exemplo, bancos, fornecedores, auditores, governo, etc. 4.3 Análise das Demonstrações Contábeis O item 4.3 foi baseado nos apontamentos de Pires (2008). A análise das demonstrações contábeis, a contabilidade, pode ser definida como a ciência que examina toda a estrutura da companhia, e através de sua leitura conseguimos entender suas modificações, evolução, e todas explicações econômicas competentes à mesma. A maior ferramenta do analista contábil é seu próprio conhecimento, quão melhor for este analista, melhor serão suas percepções no que tange as informações recebidas. No entanto a base de demonstrações contábeis é a fonte para suas análises e a qualidade ou falta de qualidade dessas informações têm influência direta na qualidade de seu trabalho. 4.4 Processo e Métodos de Análise Contábil Segundo Rufatto (2010) as duas técnicas mais utilizadas para análise de uma companhia é a análise vertical e horizontal. A análise vertical verifica em pontos percentuais o quão representativa é uma conta sobre o total de demonstrativo. Enquanto a análise horizontal analisa, também em percentual, a evolução de uma conta no tempo. Ainda segundo Rufatto (2010) a análise através de índices também é comumente utilizada e demonstra aspectos específicos da estrutura financeira da empresa, como a liquidez e rentabilidade por exemplo. Os prazos médios também são boas ferramentas de análise e apresentam uma visão sobre a velocidade com a operação é capaz de renovar seus elementos patrimoniais. Os indicadores de resultados devem analisar os mais variados fatores da companhia, para isso precisam ser dirigidos pra que se tirem boas conclusões de modo comparativo. 11 Para avaliar os índices, Rufatto (2010) exalta três maneiras. A primeira é a avaliação intrínseca de um índice, que é mais bruta, mas acaba por ser uma avaliação um pouco limitada. A segunda é a comparação de índices no tempo, esta se revela uma ótima análise pois mostra a evolução da empresa. Por fim a última técnica é a comparação dos índices com padrões considerados ótimo, bom, satisfatório, razoável ou deficiente. 4.4.1 Análise Horizontal e vertical Este item baseia-se nos apontamentos de Fernandes (1996). A análise horizontal tem como principal argumento o estudo de cada conta do demonstrativo ao longo de tempo, tendo assim um caráter analítico evolutivo muito forte. Ela mostra as mudanças da organização, e consegue também distinguir exatamente qual componente sofreu alterações mais drásticas. Ela cuida, portanto, da análise das tendências de uma empresa, e do desenvolvimento da sua operação baseado na análise dos componentes. A análise vertical, em contraponto, analisa uma data específica no tempo, mas tem o poder de comparar um componente em relação ao total dos componentes. Por exemplo, comparar o ativo de curto prazo sobre o total do ativo, ou então no caso da demonstração de resultados, o lucro líquido sobre a receita líquida. Assim mostra quanto cada componente representa do total. Essa análise é comumente conhecida como análise estrutural, pois analisa o peso de um componente sobre a estrutura geral do demonstrativo. Assim ela não possibilita a análise da evolução dos componentes como a análise horizontal, mas possibilita a análise da composição dos elementos em determinada data. Podemos explicar facilmente a aplicação análise vertical, como a fixação de um total como 100% em determinado momento e descobrir dentro desse total os componentes desses 100% em valores percentuais. 4.4.2 Análise Através de Índices ou Quocientes 12 Segundo Pizzolato (2008) para uma ótima análise é possível usarmos os índices como ferramenta. Os índices é a relação entre componentes das demonstrações que possibilitam análises específicas sobre todas as partes da companhia. Desta maneira, com o uso dos índices, o investidor conseguirá ter uma avaliação mais aprofundada da operação da companhia e assim tomar decisões de maneira mais ajustada e certeira. 4.4.2.1 Participação de Capitais de Terceiros Segundo Pizzolato (2008) a participação de capital de terceiros demonstra o quanto a empresa tomou de empréstimo para cada R$ 1,00 de capital próprio. Este índice pode ser dado pela equação (1): PARTICIPAÇÃO DE CAPITAL DE TERCEIROS= (PC+PNC)/ PL Equação 1 Sendo PC o passivo circulante, as dívidas de curto prazo, o PNC o passivo não circulante, as dívidas de longo prazo e o PL o patrimônio líquido da empresa. Esse índice demonstra a dependência da empresa em relação às dívidas de curto e longo prazo. 4.4.2.2 Composição do Endividamento O item 4.4.2.2 está baseado nos apontamentos de Carrion (2000). O índice de composição de endividamento explicita o perfil da dívida de uma companhia, pois demonstra a relação entre os exigíveis de curto prazo e o passivo total, ou seja, qual parte da dívida é vinculada a financiamentos de curto prazo. A equação (2) abaixo demonstra a fórmula para cálculo da composição do endividamento de curto prazo: 13 COMPOSIÇÃO DE ENDIVIDAMENTO= PC / (PC+ PNC) Equação 2 O intervalo do índice deve variar de zero e um, dado que o passivo circulante é um componente do passivo total. Quanto maior este número, maior a utilização de recursos de curto prazo, e mais arriscada é a dívida da empresa. Este indicador uma ótima ferramenta para entendermos melhor o perfil da dívida da companhia e o seu compromisso com pagamentos no curto prazo. Logicamente, ele deve ser empregado em conjunto com outros indicadores para apresentar um conceito preciso à situação da companhia e também ser combinado com índices de liquidez para entender se a empresa é capaz de arcar com as dívidas assumidas. Altos valores mostram uma dívida mais ousada, pois indicam que uma parcela maior do passivo está atrelada à dívidas de curto prazo. Nesta hipótese, podemos considerar um custo de capital mais baixo (dívida em relação à capital próprio), porém altos valores podem comprometer a saúde financeira da empresa, portanto a empresa deve apresentar boa rentabilidade para justificar o alto risco de sua operação e atrair investidores com este “apetite”. 4.4.2.3 Imobilização do Patrimônio Líquido O item 4.4.2.3 está baseado nos apontamentos de Franco (1966). Os indicadores de imobilização demonstram a parcela do investimento próprio que está investida em ativos imobilizados, ou seja, imóveis, maquinário, etc. Segundo Franco (1966) a Imobilização do Patrimônio Líquido mostra o percentual do patrimônio líquido que foi aplicado no ativo permanente . Sua importância é analisar a possíveis problemas de solvência na empresa, sendo que uma alta imobilização pode indicar tal situação. Na equação 3, abaixo, segue a fórmula para o cálculo deste índice: IMOBILIZAÇÃO DE PATRIMÔNIO LÍQUIDO= IMOBILIZADO*100 / (PL) Equação 3 14 Em geral, quanto menor é este índice, mais recursos possui a empresa para aquisições, investimentos, aumento de estrutura, sem a necessidade de aumentar sua alavancagem financeira. Este índice sofre transformações consideráveis de acordo com o tipo de negócio de atuação da companhia. Isso deve também ser analisado para não haver distorções na análise. 4.4.2.4 Liquidez Corrente O item 4.4.2.4 e 4.4.2.5 está baseado nos apontamentos de Pizzolato (2008). Este índice é uma razão entre o valor disponível no curto prazo (ativo circulante) e as obrigações de curto prazo (passivo circulante). É um indicador altamente analisado, pois indica a liquidez da empresa no curto prazo. Existem muitos analistas que consideram esse o melhor índice de liquidez existente. É necessário avaliar que no numerador, ativo circulante, (AC) estão contidos contas como: • Caixa, • Recebíveis de curto prazo, • Estoques, e • Despesas pagas antecipadamente. No denominador (PC), estão contabilizados todos os débitos que vencerão no curto prazo. Podemos observar sua fórmula na equação (4), logo abaixo: LIQUIDEZ CORRENTE= AC/PC Equação 4 4.4.2.5 Liquidez Seca 15 O indicador de liquidez seca é bastante parecido com o indicador de liquidez corrente, porém faz-se um ajuste e exclui o estoque da conta de ativo circulante. Isto é verificado, pois considera-se que o estoque muitas vezes tem baixa rotatividade e liquidez e não consegue facilmente se converter em caixa. É um indicador de liquidez que analisa a capacidade da empresa quitar suas dívidas de curto prazo de uma maneira mais conservadora. Podemos analisar, que caso haja uma diferença muito grande entre o indicador de liquidez corrente e o indicador de liquidez seca, isso irá demonstrar altos níveis de estoque, e portanto uma errada política de giro e de estocagem. A fórmula para isto pode ser vista na equação 5: LIQUIDEZ SECA= (AC- ESTOQUES)/PC Equação 5 4.4.2.6 Giro do Ativo Segundo Ferrari (2009) o giro do ativo descreve qual a geração de receita para cada R$ 1,00 de ativo que a empresa tenha. Esse índice está expresso na equação (6) abaixo: GIRO DO ATIVO= RECEITA LÍQUIDA/ ATIVO MÉDIO Equação 6 O ativo médio, indicado na fórmula acima, é o ativo inicial somado ao ativo final do período dividido por dois. A unidade de medida desse índice não é um percentual e sim um número integral. Considerando que tanto a receita como o ativo médio são números maiores que zero, esse indicador deve estar entre zero e o infinito, no entanto, os valores entre meio e cinco são mais comuns no mercado. Uma observação é feita por Ferrari (2009) sobre o cálculo realizado para este índice. É possível utilizarmos o valor inicial ou final do ativo para o cálculo, visto que o mesmo não deve sofrer alterações substanciais em tal período. Os resultados devem ser aproximadamente iguais. 16 4.4.2.7 Rentabilidade do Ativo Segundo Pizzolato (2008) o percentual resultante do índice “Rentabilidade do Ativo” demonstra a rentabilidade que está sendo gerada pelos ativos da empresa, portanto, quanto for maior a percentagem, melhor. A fórmula para isto pode ser vista na equação (7): RENTABILIDADE DO ATIVO= LL/ ATIVO TOTAL *100 Equação 7 4.4.2.8 Rentabilidade do Patrimônio Líquido Segundo Pizzolato (2008) podemos expressar a rentabilidade do patrimônio líquido pela fórmula a seguir demonstrada na equação (8): RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO= PL/ ATIVO TOTAL *100 Equação 8 Este indicador mostra quanto a companhia lucrou para cada R$ 100,00 do próprio capital investido. Segundo Paiva (1997) o principal objetivo desta análise é avaliar o retorno sobre os recursos próprios investidos no negócio. Essa taxa pode ser comparada a outros rendimentos do mercado como a Caderneta de Poupança, CDB, Ações, etc., para mostrar a atratividade da empresa em relação a outros investimentos. 17 5. Trisul e sua Retomada 5.1 Características da Empresa O item 5.1 está baseado nas informações contidas no site da Trisul. A Trisul S.A. é uma das maiores incorporadoras e construtoras da região metropolitana de São Paulo. Ao longo de sua história, a empresa lançou mais de 30 mil unidades, em seus 195 empreendimentos. A Trisul é uma empresa relativamente nova, que surgiu da união de duas empresas com mais de 30 anos de experiência no mercado imobiliário: a Tricury e a Incosul. Essa fusão aconteceu em 2007, e no mesmo ano a nova empresa abriu capital na Bovespa. Segundo dado do ranking da Embraesp em 2005, nessa data a Tricury alcançava a posição de 10ª maior incorporadora imobiliária, seguida pela Incosul com a posição de 11ª. A preocupação da Trisul com a evolução e inovação da engenharia é evidente. Sempre preocupada em se atualizar com o andamento da tecnologia e aplicando esta evolução em suas obras: limpeza, agilidade, organização estética, conforto, etc. Para que assim, consiga entregar com excelência suas unidades para seu novo público de “médio e alto padrão” que com certeza é mais exigente do que os clientes que a empresa costumava atender. Com isto, a Trisul pretende voltar a figurar entre as 10 maiores incorporadoras e construtoras do Estado de São Paulo. Além disso, a Trisul também está presente no último elo da cadeia produtiva imobiliária: as vendas. Buscando um controle maior sobre a qualidade de seus serviços de atendimento ao consumidor, a Trisul possui um braço imobiliário, a Trisul Vendas, que realiza a comercialização de seus produtos imobiliários. Por atuar em um mercado que exige um nível de excelência alto, além de ter uma vasta gama de acionistas por ter ações negociadas na Bovespa, a Trisul assume uma política de controle de qualidade pautada por uma série de certificados, estabelecidos pelo Sistema de Avaliação de Conformidade de Serviços e Obras (SIAC). Dentre os certificados podemos ressaltar o ISO 9001, que garante a qualidade de suas obras e processos internos, o PBPQ(H) que e é o um certificado de qualidade específico para o mercado de construção e no qual a Trisul possui a mais alta certificação, e o GERIC, certificado da Caixa Econômica Federal que visa segmentar quais empresas podem receber 18 empréstimos provenientes do FGTS para imóveis do MCMV. Vale ressaltar que apesar da Trisul não atender mais o segmento de baixo padrão, que é o destino dos recursos disponibilizados pelo GERIC, foi uma importante certificação para a empresa principalmente pelo alto grau de exigência para obter o tal selo. Além dos certificados acima citados que comprovam a qualidade dos processos e dos empreendimentos da Trisul, a empresa assume medidas para que sua atuação seja benéfica para a sociedade e para o meio ambiente. A utilização de canteiros sustentáveis e de softwares de gerenciamento de dados possibilita uma série de benefícios às obras da Trisul e ao ambiente em que estão inseridas, além de e um controle rígido e eficiente sobre a manutenção dos mesmos benefícios. Por estar inserida no Novo Mercado da Bovespa, a Trisul se preocupa em adotar as melhores práticas de governança corporativa. Entre elas a divulgação de demonstração financeiras trimestrais, de acordo com os padrões internacionais da IFRS - International Financial Reporting Standards (Normas Internacionais de Relatório Financeiros, que também são utilizadas a entidades de incorporação imobiliária no Brasil). 5.2 Análise Financeira Após a experiência negativa no segmento de baixo padrão a Trisul voltou a focar no segmento de médio-alto padrão. Abaixo, vamos observar com algumas análises como isso refletiu na retomada do bom desempenho da empresa. Todos os índices foram construídos com informações financeiras divulgadas pelo site de relações com investidores da Trisul. 5.2.1 Análise Horizontal Com essa análise podemos ver o decorrer de uma conta da empresa em um período de tempo. Vamos analisar o Demonstrativo de Resultados na tabela (1) da Empresa entre 2008 e 2012: 19 Receita Op. Líquida (-) CMV 2012 2011 2010 2009 2008 627.471 799.527 785.896 560.184 315.267 - 477.328 - 685.809 - 584.643 - 388.995 - 208.553 Lucro Bruto Margem Bruta Despesas Op. Despesas Op. % 150.143 23,93% - Lucro Operacional Margem Operacional Desp./Receitas Fin. - Lucro Antes do IR Margem Líquida IR e CSSL Part.o Minoritários Lucro Líquido Margem Líquida - 113.718 14,22% 32,0% -43,5% 17,6% 60,4% 93.982 - 106.819 - 112.103 14,98% 13,36% 14,26% 93.433 - 97.666 16,68% 30,98% -12,0% -4,7% 20,0% -4,3% 56.161 8,95% 77.756 13,88% 9.048 2,87% 714,0% -92,3% 14,7% 759,4% 9.849 8.690 -69,4% 67.907 12,12% 17.738 5,63% 89.150 11,34% 171.189 30,56% 09x08 77,7% 106.714 33,85% 6.899 0,86% 201.253 25,61% 12x11 11x10 10x09 -21,5% 1,7% 40,3% 10.052 - 32.813 - 20.099 - 46.109 7,35% 25.914 -3,24% 18.480 -364 29.604 - 29.062 -2011 -830 16.518 127 8.957 0 27.265 4,35% 57.529 -7,20% 51.516 9,20% 8.781 2,79% 69.051 8,79% 39.159 4,98% 63,3% 104,1% -213,3% -277,9% -137,5% 1,7% 282,8% -37,6% 1,9% 75,9% -81,9% 142,3% -753,5% 84,4% -147,4% -246,9% -24,0% 486,7% Tabela 1 Devemos ressaltar alguns pontos da evolução do demonstrativo de resultados da Trisul: • Receita de Vendas: Entre 2008 e 2011 a Trisul vinha numa ascensão de vendas grande. Tendo apresentado entre 2008 e 2009 um crescimento abundante de 77,7% por exemplo. Durante todo esse período o crescimento total acumulado foi de 153,6% entre 2008 e 2011. Pode-se perceber que o ano de 2012 a Trisul passou por uma reversão na sua estratégia, principalmente baseada nos ruins resultados de 2011. A empresa voltou a focar no segmento de médio padrão mesmo reduzindo o número de lançamentos, a receita nesse ano teve redução de 21,5% em relação ao ano anterior. • Lucro Bruto: Apesar da redução no faturamento o ano de 2012 mostrou-se muito mais saudável do que os dois anos anteriores. A empresa voltou a trabalhar com margens positivas. • Despesas Operacionais: Desde 2011 a empresa vem fazendo um movimento para reduzir suas despesas operacionais. 2012 foi o ano em que observamos uma redução mais drástica de cortes na empresa. Sendo que essas despesas reduziram 12% em apenas um ano. 20 • Lucro Líquido: 2011 foi o único ano do período analisado que a empresa apurou prejuízo. No ano de 2012, apesar da diminuição de faturamento, como resultado de uma maior margem bruta e menores custos operacionais a empresa apurou novamente resultado positivo, na base de 5%. 5.2.2 Análise Vertical A análise vertical permite que estudemos cada período e seus resultados. Vamos analisar cada ano da figura 4: • 2008: neste período a margem bruta apurada foi saudável, no entanto as despesas operacionais foram extremamente altas e corroeram os lucros, deixando a operação com uma margem líquida de apenas, 2,79%. • 2009: novamente foi um período de boa margem bruta, porém com o aumento da receita não acompanhado pelo aumento em mesma velocidade das despesas operacionais, houve uma otimização percentual dessas despesas resultando em um lucro maior, quase chegando na casa dos dois dígitos. • 2010: Nesse ano houve a primeira deterioração da margem bruta da empresa. Resultante principalmente dos empreendimentos de baixo custo, nos quais houve a extrapolação das verbas de obra e consequentemente um maior CMV. No entanto novamente houve um importante crescimento de receita que não foi acompanhado pelo aumento de despesas operacionais, o que ajudou na lucratividade do ano. As despesas operacionais nesse ano chegaram a 14,26% contra 16,67% no ano anterior. • 2011: Foi o ano de pior desempenho da empresa. Foi o ponto de inflexão para a mudança de estratégia. Nesse ano, novamente o maior problema foi uma nova deterioração da margem bruta, que alcançou seu mínimo em 14,22%. Foi então que acendeu o farol vermelho. Nesse período foram apurados todos os “estouros” de obra de baixo padrão, e foi observado que elas custaram muito mais caro do que se previu. Uma soma de um crescimento acelerado, em um segmento de margens apertadas onde 21 o controle tem de ser feito com perfeição. Foi um momento importante para a empresa avaliar que era o momento para voltar a fazer empreendimentos nos quais eles possuem expertise a fim de trabalhar com margens saudáveis para os investidores. Apesar do aumento de receita que culminou novamente numa diminuição percentual das despesas operacionais, a empresa nesse período amargou um prejuízo de 7,20%. • 2012: Foi o ano da mudança. Pela primeira vez na série foi visto uma diminuição de receita. A empresa teve uma margem bruta positiva consistentemente mais elevada do que no ano anterior em 23,93%. Com a diminuição das despesas operacionais, mesmo com uma queda em valores absolutos, corroeram o resultado do período, que voltou a ser positivo com tímidos 4,35%, mas mostrando uma postura de mudança que estimulou o mercado. 5.2.3 Participação de Capital de Terceiros Podemos observar na tabela abaixo a evolução da participação de capital de terceiros na operação da Trisul: PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO PART. CAPITAL TERCEIROS Tabela 2 2012 678.105 301.009 488.271 2,005 2011 683.048 513.573 468.098 2,556 2010 620.947 670.336 508.413 2,540 2009 245.584 374.879 463.024 1,340 2008 188.910 296.721 420.780 1,154 Observamos que desde 2008 o nível de endividamento em relação ao capital próprio de Trisul cresceu substancialmente para sustentar o rápido crescimento da empresa. No ano de 2012 houve uma diminuição significativa no Passivo Não Circulante da empresa, indicando que ela está buscando diminuir sua taxa de risco para o investidor. 5.2.4 Composição do Endividamento Na tabela abaixo podemos ver a evolução do índice de composição de endividamento. Como vimos no item 5.2.3., o endividamento da empresa diminui em 2012, após uma série de 22 4 anos crescente. No entanto, vemos que ele está se tornando cada vez mais atrelado à dívidas de curto prazo, o que aumenta o risco da operação da empresa. Isto mostra que a Trisul, apesar dos esforços para sua mudança de perfil, ainda possui uma dívida bastante ousada. PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE COMPOSIÇÃO DE ENDIVIDAMENTO 2012 678.105 301.009 0,693 2011 683.048 513.573 0,571 2010 620.947 670.336 0,481 2009 245.584 374.879 0,396 2008 188.910 296.721 0,389 Tabela 3 5.2.5 Imobilização do Patrimônio Líquido Podemos observar na tabela abaixo uma recente evolução positiva na imobilização do patrimônio líquido da corporação. Em 2011 a empresa atingiu seu pico de imobilização, sendo que aproximadamente a cada R$ 1,00 de capital próprio havia o mesmo valor imobilizado em ativo permanente. Vemos que o índice do ano passado mostrou que a empresa vem fazendo um esforço para ter mais capital livre, a fim de ter mais liberdade e oportunidade de despender capital em outros bens e negócios. ATIVO NÃO CIRCULANTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO IMOBILIZAÇÃO DE PL 2012 192.004 488.271 39,323 2011 445.259 468.098 95,121 2010 318.241 508.413 62,595 2009 213.206 463.024 46,046 2008 315.588 420.780 75,001 Tabela 4 5.2.6 Liquidez Corrente Observamos na tabela (5) que a liquidez corrente da empresa é outro índice que teve a primeira melhora do período no ano de 2012. Após quatro anos sequentes de degradação do índice, o que indica que a empresa diminuía sua capacidade de pagar suas dívidas de curto prazo com suas disponibilidades de curto prazo, em 2012 a empresa passou a aumentar esse índice mostrando novamente uma mudança de comportamento. 23 ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE LIQUIDEZ CORRENTE 2012 1.275.381 678.105 1,881 2011 1.219.460 683.048 1,785 2010 1.481.455 620.947 2,386 2009 870.281 245.584 3,544 2008 590.824 188.910 3,128 Tabela 5 Vale ressaltar que durante esta série, a empresa manteve esse índice superior a 1 (um), ou seja, sua disponibilidade de curto prazo é superior à suas obrigações no curto prazo. 5.2.7 Liquidez Seca A liquidez seca da empresa, representada pela figura 14, apresenta o mesmo comportamento da liquidez corrente, contudo com índices menores como resultado da exclusão da conta estoque do ativo circulante. Sempre superior a um, a empresa se mostrou durante todo o período estudado capaz de honrar suas dívidas de curto prazo. No entanto sua disponibilidade de ativo de curto prazo em relação aos seus passivos para mesma data foi diminuindo gradativamente. Sendo que no ano de 2011 alcançou seu mínimo em 1,375. Ou seja, a cada R$1,00 de dívida de curto prazo, a empresa dispunha de apenas R$ 1,375. Se tornando cada vez mais arriscada para os seus acionistas e perdendo valor de mercado. Em 2012, apesar de tímida, vemos uma reversão desse índice que subiu para 1,459. ATIVO CIRCULANTE ESTOQUE PASSIVO CIRCULANTE LIQUIDEZ SECA 2012 1.275.381 285.922 678.105 1,459 2011 1.219.460 280.242 683.048 1,375 2010 1.481.455 271.010 620.947 1,949 2009 870.281 190.305 245.584 2,769 2008 590.824 164.360 188.910 2,257 Tabela 6 5.2.8 Giro do Ativo Observamos uma diminuição do giro do ativo durante toda a sequencia. Podemos analisar que diferentemente dos outros índices, não houve uma reversão do cenário no ano de 2012. O principal motivo dessa continuidade de queda, mesmo no ano de mudança da operação, é a diminuição de receita. 24 Para realizar a série de ajustes que analisamos nos índices anteriores a Trisul teve como preço a diminuição do seu faturamento, o que fez com que ela continuasse a diminuir seu giro do ativo. Entre os anos de 2009 e 2011 o motivo da degradação do giro do ativo foi outro: o aumento do ativo. Mesmo o aumento de receita não conseguiu acompanhar o ritmo do aumento do ativo. 2012 1.664.719 1.467.385 627.471 0,401 ATIVO INICIAL ATIVO FINAL RECEITA GIRO DO ATIVO 2011 1.799.696 1.664.719 799.527 0,462 2010 1.083.487 1.799.696 785.896 0,545 2009 906.412 1.083.487 560.184 0,563 Tabela 7 5.2.9 Rentabilidade do Ativo A rentabilidade do ativo mostrou-se negativa no ano de 2011, dado que houve apuração de prejuízo. Contudo, apesar de um dos menores resultados positivos da série, em 2012 a empresa mostrou a reversão dessa situação apresentando um resultado nitidamente menor do que no ano de 2009, por exemplo, mas novamente positivo. LL ATIVO RENTABILIDADE DO ATIVO 2012 27.265 1.467.385 1,858 - 2011 57.529 1.664.719 3,456 2010 39.159 1.799.696 2,176 2009 51.516 1.083.487 4,755 2008 8.781 906.412 0,969 Tabela 8 5.2.10 Rentabilidade do Patrimônio Líquido A rentabilidade do patrimônio líquido também é fortemente influenciada pelo retorno do lucro líquido positivo em 2012. Vemos que a reversão desse cenário resultou em 2012 que para cada R$ 100,00 de capital próprio foram gerados R$ 5,58 de lucro líquido. 25 LL PL RENTABILIDADE DO PL Tabela 9 2012 27.265 488.271 5,584 - 2011 57.529 468.098 12,290 2010 39.159 508.413 7,702 2009 51.516 463.024 11,126 2008 8.781 420.780 2,087 26 6. Conclusão Podemos observar, através da soma de relatos da história da Trisul e principalmente pela análise de seus demonstrativos financeiros que a empresa passou por dois momentos extremamente diferentes nos últimos 5 anos. Entre 2008 e 2011 a empresa observou um imenso aumento de faturamento, baseado na sua expansão no segmento de baixo-padrão. Contudo no mesmo período suas margens brutas foram degradas, resultando em 2011 em seu primeiro resultado negativo de lucro líquido. Em 2012, uma importante mudança em seu comportamento foi vista. Com uma perda significativa de 21,5% de receita em relação ao ano anterior, a Trisul voltou a focar no segmento de médio-alto padrão e assim voltou a trabalhar com margens brutas saudáveis. A mudança em apenas um ano foi imensa. Entre 2011 e 2012 houve um aumento de 68,23% de margem bruta, uma queda de 12% nas despesas operacionais, o que resultou, mesmo com a diminuição do faturamento, em um lucro líquido de 4,35%. Mais do que analisar o ano de 2012 isoladamente, a sequencia dos anos nos mostra uma alteração drástica do comportamento da empresa. Em 2012 pela primeira vez no período houve uma diminuição da participação de capital de terceiros, uma queda na imobilização de capital próprio e um aumento na liquidez seca e corrente. A empresa ainda enfrenta alguns problemas, como o aumento da sua composição de dívida que indica um maior atrelamento a empréstimos de curto prazo, mas no geral seu resultado em 2012 deixou uma expectativa muito grande para o que pode ser o futuro da empresa. Para uma corporação que conseguiu realizar mudanças importantes em sua estrutura operacional em financeira em apenas um ano, espera-se que o ano de 2013 seja um crescimento acelerado desse movimento, colocando a Trisul novamente nos trilhos do sucesso. 27 Referências Bibliográficas BRAGA, Roberto; MARQUES, José Augusto C. V.. 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