Contabilidade e Análise de Balanço I -EaD Professora: Elisete Dahmer Pfitscher, Dra. Professor: João Paulo de Oliveira Nunes, Mestrando E-mail: [email protected] [email protected] [email protected] Fones: 0(xx48) 3721-9383; 3721-6665;3721-6667 4009-2220; 8817-2019 0(xx48)9968-2897 1 Enquanto os projetos de investimento da empresa tiverem retornos acima do exigido, ela usará os lucros retidos – e tanto endividamento quanto seu capital próprio permitir – para financiar esses projetos. Se a empresa ainda ficar com lucros retidos depois de financiar todas as oportunidades aceitáveis de investimento, estes lucros serão distribuídos pelos acionistas sob a forma de dividendos em dinheiro 2 Quinta aula A preparação das Demonstrações Contábeis para Análise e Métodos de Análise Sumário • • • • • • • • • 5.1 Breve histórico da análise de demonstrações contábeis 5.2 Objetivo da análise das demonstrações financeiras 5.3 Aspectos que podem não ser evidenciados pela análise 5.4 Análise de estrutura ou vertical 5.5 Análise de evolução ou horizontal 5.6 Análise por diferenças absolutas 5.7 Análise por quocientes e índices de endividamento Análise por quocientes Índices de endividamento Quinta aula A preparação das Demonstrações Contábeis para Análise e Métodos de Análise Nesta unidade apresenta-se, primeiramente, um breve histórico da análise de balanços. Após, apresentam-se os objetivos da análise de demonstrações financeiras e os aspectos que podem não ser evidenciados por uma análise. Ainda, mostram-se algumas formas que o mercado utiliza para realizar estudos das situações econômico-financeiras das empresas, obtendo, a partir desse estudo, subsídios para a tomada de decisões da parte dos investidores, dos administradores da empresa, enfim, de todas as partes interessadas da sociedade em geral. •5.1 Breve histórico da análise de demonstrações contábeis Segundo Oliveira, Silva e Souza (2003, p. 1 apud PFITSCHER, 2008, p.220): “A análise de balanços surgiu e desenvolveu-se dentro do sistema bancário que foi até hoje seu principal usuário. Seu início remonta ao final do século XIX, quando os banqueiros americanos passaram a solicitar balanços às empresas tomadoras de empréstimos”. O Quadro 5.1 apresenta a evolução histórica da Análise de Balanços. Ordem 01 02 03 Data 1895 1906 1918 04 1968 05 2000 Descrição Conselho Executivo da Associação dos Bancos do Estado de New York; Balanços examinados superficialmente sem nenhuma técnica analítica; Livreto de procedimentos de auditoria e princípios de preparação de demonstrações financeiras (Federal Reserve Board); Análise de Balanços é considerado um instrumento pouco utilizado na prática. Utilização dos analistas nos estudos fundamentalistas. Quadro 5.1: Evolução histórica das Análises de Balanços Fonte: adaptado de Pfitscher (2008, p. 22 a 25) 5 •5.2 Objetivo das análises das demonstrações financeiras Segundo Neves e Viceconti (2002, p. 437) a Análise das Demonstrações Financeiras tem como objetivo: Fornecer informações numéricas de dois ou mais períodos, de modo a auxiliar ou instrumentar acionistas, administradores, fornecedores, clientes, governo, instituições financeiras, investidores e outras pessoas físicas ou jurídicas interessadas em conhecer a situação da empresa ou para tomar decisões. A Análise das demonstrações financeiras é o estudo detalhado da situação patrimonial das empresas, através da decomposição, comparação e interpretação das demonstrações contábeis, com interesse na obtenção de informações analíticas e precisas. 6 A preparação das demonstrações contábeis para análise exige um raciocínio científico do profissional que irá formular o estudo. Segundo Matarazzo (1994,p.22): “Quando esta seqüência não é levada em conta, fatalmente a Análise de Balanços fica prejudicada”. 1. Extraem-se índices das demonstrações financeiras. 2. Comparam-se os índices com os padrões. 3. Ponderam-se as diferentes informações e chega-se a um diagnóstico ou a conclusões. 4. Recomendações. 5. Tomam-se as decisões. Desta forma, a preparação das demonstrações contábeis para análise das demonstrações financeiras é um instrumento de grande utilidade, podendo auxiliar na previsão de uma possível insolvência e a análise de informação objetiva do desempenho numa determinada série de períodos de estudo, por exemplo, um triênio. 7 5.3 Aspectos que podem não ser evidenciados na análise Existem alguns aspectos que não são evidenciados em uma análise preliminar, tais como: a) Capacidade ociosa de máquinas e equipamentos Segundo Neves e Viceconti (2002, p. 437), este aspecto é um “fato que, numa simples análise de demonstrativos, pode ficar encoberto”. Uma das normas de analisá-lo é a verificação “in loco”. b) Análise de tendências: Segundo os mesmos autores, através da análise comparativa de diversos períodos pode-se obter a tendência do resultado. Assim, apresentam o Quadro abaixo: EMPRESAS X6 X7 X8 X9 A 20% 17% 13% 10% B 2% 4% 7% 8% 8 EMPRESAS X6 X7 X8 X9 A 20% 17% 13% 10% B 2% 4% 7% 8% 5.4 Análise de estrutura ou vertical Um dos objetivos da Análise dos Balanços é “Medir percentualmente cada componente em relação ao todo do qual faz parte, e fazer as comparações caso existam dois ou mais períodos”. (NEVES; VICENCONTI, 2002, p. 439). Por exemplo, mensurar a participação, em termos percentuais, dos valores do Ativo Circulante em relação ao total do ativo e, da mesma forma, a relação das contas do Passivo em relação ao total do Passivo, é a forma de calcular a Análise de Estrutura ou Vertical. 10 BALANÇO PATRIMONIAL Ativo Ano 2006 Ano 2007 Disponível Clientes Estoques 64 1.442 493 7 848 431 Total 2.034 1.291 35 36 Circulante Realizável Longo Prazo Bancos Fornecedores Outras Obrigações Total Exigível Ano 2007 777 1.425 411 1.617 800 293 2.624 2.726 456 0 Longo Prazo Ativo Patrimônio Líquido Permanente Investimentos Imobilizado (-) Depreciação Acumulada Total TOTAL Circulante Passivo Ano 2006 0 1.191 94 0 1.633 183 Capital Social Reservas Lucros Acumulados 20 0 31 20 0 26 1.097 3.131 1.450 2.772 Total TOTAL 51 3.131 46 2.772 11 O Balanço Patrimonial apresenta uma situação fictícia de uma determinada empresa, onde são mostradas as contas para realizar um estudo. - Verifica-se que a conta “Clientes” representa 70,89% do total do grupo “Ativo Circulante” ou seja, (1.442/2.034). Com relação à conta “Fornecedores”, ela representa 54,30% do total do grupo “Passivo Circulante” ou seja, (1.425/2.624). - Analisando especificamente essa equação, pode-se afirmar que 70,89% - 54,30% mostra uma diferença positiva de 16,59%. Porém, embora sejam duas contas correlatas, deve-se analisar outras contas que compõem esses dois grupos. - Nesse sentido, faz-se um novo cálculo do total do grupo Ativo Circulante em relação ao total do Ativo, e percebe-se que 64,96% (2.034/3.131) existem de bens e direitos a serem transformados em dinheiro a curto prazo;quanto às obrigações a curto prazo, elas representam 83,80% (2.624/3.131). Dessa forma, nota-se que a empresa apresenta um déficit a curto prazo de 18,84% (64,96% - 83,80%). - Vale ressaltar que é conveniente analisar também o grupo “Ativo Permanente”, e verifica-se que existe a concentração das contas do “Imobilizado”, pois, a conta investimento está zerada. Ainda, evidencia-se que essa análise vertical é a base preliminar para o início dos estudos. 12 5.5 Análise de evolução ou horizontal As demonstrações financeiras são documentos essencialmente históricos que informam o que acontece nos períodos dentro das empresas estudadas e fornecem informações valiosas quanto à capacidade futura da empresa de saldar seus compromissos financeiros. (GARRISON; NOREEN 2000). A Análise de evolução ou horizontal, segundo Neves e Viceconti (2002, p. 442): avaliar “o aumento ou diminuição dos valores que expressam os elementos patrimoniais ou do resultado numa determinada série histórica de exercício. 13 5.6 Análise por diferenças absolutas O resultado das análises de Balanços é apresentado em forma de relatório ou parecer, que inclui uma análise da estrutura e composição do patrimônio e um conjunto de índices sobre os quais é formada a conclusão do analista. O Quadro a seguir mostra uma forma de cálculo por diferenças absolutas. 14 Segundo Neves e Viceconti, (2002, p. 444): O objetivo da analise absoluta é avaliar qualitativa e quantitativamente os novos recursos injetados na empresa e a forma como esses recursos foram aplicados. Baseia-se na diferença entre os saldos no inicio e no fim do período para determinar o fluxo de origens e aplicações de recursos. 15 Assim, conforme está demonstrado no Quadro a seguir o grupo que apresenta maior origem é o Patrimônio Líquido (R$ 347) e o grupo que apresenta maior aplicação é o do Ativo Permanente (R$ 310). Componentes 31.12.X2 31.12.X3 Origens AC ARLP AP Total do Ativo PC PELP REF PL Total do Passivo Aplicações 520 100 530 612 80 840 20 - 92 310 1.150 1.532 20 402 285 250 615 330 220 20 962 45 20 347 30 - 1.150 1.532 412 30 16 5.7 Análise por quocientes e índices de endividamento Nesta seção são estudados a análise por quocientes e os índices de endividamento. 5.7.1 Análise por Quocientes Segundo Neves e Viceconti (2002,p. 446): “É determinada em função da relação existente entre dois elementos, indicando quantas vezes um contém o outro ou a proporção de um em relação ao outro”. Índices de Liquidez e Solvência Geral Segundo os mesmos autores os índices de liquidez servem para avaliar a capacidade financeira da empresa e para satisfazer compromissos de pagamento com terceiros. São divididos em: Liquidez Absoluta, Imediata ou Instantânea (LI); Liquidez Corrente (LC); Liquidez Seca (LS); Liquidez Geral (LG) e Solvência Geral (SG). 17 a) Liquidez Absoluta, Imediata ou Instantânea (LI) ou (ILM) Esse indicador, obtido a partir da divisão das contas do disponível pelas obrigações de curto prazo, mostra que para cada um real de dívida a curto prazo, quanto a empresa tem de disponibilidade para cumprir aquela obrigação exigível no curto prazo. A fórmula é representada pela equação: ILM = DISPONÍVEL ______________________ PASSIVO CIRCULANTE 18 b) Liquidez Corrente (LC) ou (ILC) A mensuração desse indicador é realizada pela divisão dos direitos que a empresa dispõe no curto prazo, ou seja, que podem ser convertidas no exercício em análise (Ativo Circulante) pelas exigibilidades de curto prazo (Passivo Circulante). ATIVO CIRCULANTE ILC = ____________________ PASSIVO CIRCULANTE 19 c) Liquidez Seca (LS) ou (ILS) Demonstra esse indicador, a capacidade de pagamento que a empresa possui, no curto prazo, de honrar os seus compromissos com terceiros. Nesse caso, para o efetivo cálculo, são excluídos os estoques da empresa. Tem essa motivação o fato de que os produtos constantes dos estoques necessitariam ainda serem processados ou comercializados, dentro do processo operacional da empresa. É representado pela seguinte fórmula: ILS = ATIVO CIRUCLANTE - ESTOQUES _____________________________ PASSIVO CIRCULANTE 20 d) Liquidez Geral (LG) ou (ILG) Nesse indicador estão compreendidos os bens e direitos da empresa, aqueles que estão no giro operacional da empresa, sendo que a sua conversão em dinheiro deve ocorrer até o fim do exercício social em curso e também os do exercício seguinte, divididos pelas obrigações exigíveis que serão liquidadas no exercício social em curso e as obrigações exigíveis com prazo superior a um ano. É representada pela seguinte fórmula: ATIVO CIRUCLANTE + Realizável no Longo Prazo ILG= ____________________________________________ PASSIVO CIRCULANTE + Exigível a Longo Prazo 21 e) Solvência Geral (SG) Este índice auxilia os gestores na tomada de decisão, pois indica a capacidade de solvência da empresa, ou seja, mostra qual a quantidade de bens e direitos (AC e ARLP) que a empresa possui em relação ao total Exigível (PC + PELP). É representado pela fórmula: SG = ATIVO TOTAL _____________ PASSIVO EXIGÍVEL 22