CULAR TÉCNICA Nº 129 - JULHO/07 - ISSN 0100-3356 CIRCULAR TÉCNICA Nº 130 - SETEMBRO/07 - ISSN 0100-3356 O Agronegócio do Palmito no Brasil ROBERTO REQUIÃO Governador do Estado do Paraná VALTER BIANCHINI Secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ - IAPAR JOSÉ AUGUSTO TEIXEIRA DE FREITAS PICHETH Diretor-Presidente ARNALDO COLOZZI FILHO Diretor Técnico-Científico ALTAIR SEBASTIÃO DORIGO Diretor de Administração e Finanças MARIA LÚCIA CROCHEMORE Diretora de Gestão de Pessoas CIRCULAR TÉCNICA Nº 130 SETEMBRO/07 ISSN 0100-3356 O AGRONEGÓCIO DO PALMITO NO BRASIL Aníbal dos Santos Rodrigues Maria Eliane Durigan INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ Londrina 2007 INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ COMITÊ EDITORIAL Rui Gomes Carneiro – Coordenador Sueli Souza Martinez - Editora Executiva Antonio Carlos Rodrigues da Silva Séphora Cloé Rezende Cordeiro Telma Passini EDITOR REVISOR Álisson Néri ASSISTENTE EDITORIAL/ESTAGIÁRIA Stephanie Bergamo DIAGRAMAÇÃO Devanir de Souza Moraes CAPA Devanir de Souza Moraes DISTRIBUIÇÃO Área de Difusão de Tecnologia - ADT [email protected] / (43) 3376-2373 TIRAGEM: 1.500 exemplares Impresso na Gráfica do IAPAR Todos os direitos reservados É permitida a reprodução parcial, desde que citada a fonte. É proibida a reprodução total desta obra. R696a Rodrigues, Aníbal dos Santos O agronegócio do palmito no Brasil / Aníbal dos Santos Rodrigues e Maria Eliane Durigan – Londrina: IAPAR, 2007. 131 p. – ( IAPAR. Circular técnica, 130) ISSN: 0100-3356 1. Palmito–Agronegócio–Brasil. I. Durigan, Maria Eliane. II. Instituto Agronômico do Paraná, Londrina, PR. III. Título. IV. Série. CDD 634.9745 338.1 Impresso no Brasil / Printed in Brazil 2007 AUTORES Aníbal dos Santos Rodrigues Eng. Agr. Dr. Pesquisador da Área de Socioeconomia IAPAR – Curitiba - PR [email protected] Maria Eliane Durigan Eng. Agr. MSc. Pesquisadora da Área de Fitotecnia IAPAR – Curitiba - PR [email protected] APRESENTAÇÃO Este estudo faz parte do projeto “Palmito de pupunha (Bactris gasipaes): uma alternativa sustentável para o aproveitamento de áreas abandonadas e/ou degradadas pela agricultura no domínio da Mata Atlântica”, proposto ao Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Agricultura Brasileira (PRODETAB). O projeto foi desenvolvido de outubro de 2000 a setembro de 2003, tendo como instituição coordenadora a EMBRAPA/CNPF. Os executores foram a EMBRAPA, o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e a Universidade Estadual de Maringá (UEM). Trata-se de estudo prospectivo, com o objetivo de caracterizar o agronegócio do palmito com enfoque nas questões do mercado, em que constem os fatores críticos e as oportunidades ao desenvolvimento da atividade. Foram abrangidas as regiões e as espécies mais importantes em produção, extração, transformação e consumo do palmito. Foram levantados e sistematizados dados, informações e estudos relativos ao mercado interno e externo, quantificou-se a produção, a transformação (agroindústria) e a comercialização do produto nas suas diferentes formas. O objetivo foi elaborar um quadro que permitisse uma visão atual do agronegócio do palmito, estabelecer referências para o futuro e mapear com mais acerto as restrições, oportunidades e tendências, ou seja, construir cenários para o bom encaminhamento das atividades próprias de cada agente e do conjunto da atividade. O estudo é apresentado em duas partes. A primeira, na qual dados e informações são sistematizados e comentados numa perspectiva histórica da formação do agronegócio do palmito no Brasil e em países concorrentes. A segunda, em que se caracteriza a situação contemporânea da atividade no país a partir de informações obtidas em entrevistas diretas, com diversos agentes, nas regiões onde a atividade é relevante. O IAPAR apóia o desenvolvimento da atividade por meio de projetos de pesquisa com pupunha iniciados em 1985, primeiramente no litoral e posteriormente nas regiões do Paraná onde havia indicações de adaptação agronômica. Existe um acervo de conhecimentos sobre a produção em estações experimentais e em unidades de produtores: manejo da cultura, zoneamento da pupunha para o estado e diversificação do produto na comercialização in natura. Este estudo procura complementar, com informações de cunho econômico, o quadro de referências necessárias ao entendimento do agronegócio do palmito como um todo. José Augusto Teixeira de Freitas Picheth Diretor-Presidente do IAPAR AGRADECIMENTOS Embora a responsabilidade e as eventuais falhas sejam dos autores, este estudo foi realizado com a colaboração de um grande número de pessoas que, em maior ou menor grau, contribuíram para sua realização e finalização a bom termo. No levantamento dos dados, contamos com a prestimosa colaboração de colegas pesquisadores e técnicos, que além de informar sobre as especificidades da sua área de trabalho, abordaram as diversas questões com as quais se defronta a atividade. Os proprietários e gerentes das agroindústrias, bem como os agricultores, em diversos eventos, prestaram informações valiosas. Também os gerentes dos supermercados, dentro dos limites das suas ocupações, colaboraram sobremaneira para a obtenção dos dados e informações sobre o “elo da cadeia” em que atuam. Agradecemos a todos e, apesar de corrermos o risco de falhar no procedimento, nominamos instituições e pessoas que apoiaram de modo decisivo a realização deste trabalho. Em Manaus, agradecemos aos pesquisadores Lenoir Santos, Kaoru Yuyama e Charles Clement. Ao Clement agradecimentos especiais, porque colaborou significativamente ao orientar alguns procedimentos na primeira entrevista do trabalho e quando da percuciente revisão deste. Agradecimentos a Teruyuki Matsugu, diretor de produção da Cooperativa Mista Efigênio de Sales, aos pesquisadores da EMBRAPA Amazônia Ocidental, Gladys de Souza e Rosildo Simplício da Costa, a Geraldo Couto Araújo, Chefe do Departamento de ATER, do IDAM. Em Belém, agradecimentos especiais ao Carlos Eduardo Gorrësen, gerente comercial da Meg Gorrësen, que nos bem recepcionou e colaborou sobremaneira com informações e na organização do trabalho naquela cidade. Também ao Luciano Correa, da Agroindústria Riomar e diretor presidente do SINDIPALM. Aos pesquisadores da EMBRAPA Amazônia Oriental, Manoel Cravo, Oscar Nogueira – este quando da entrevista por videoconferência – e Alfredo Homma, que nos recepcionou em demorada entrevista e se empenhou no trabalho de revisão deste. Agradecimentos também a Deusimar Miranda Rodrigues, engenheira agrônoma da SAGRI-Pará. No Sul da Bahia foram colaboradores importantes os colegas Ismael de Souza Rosa e Maria das Graças Parada, pesquisadores da CEPLAC, Manoel Aboboreira Neto, gerente de produção da Inaceres e José Humberto Mafuz, diretor da agroindústria Estrela do Rio. No Espírito Santo, agradecimentos ao Adilson Pereira, produtor de mudas, ao Joaquim Amorim, gerente da Coimex, ao pesquisador César Pereira Teixeira do INCAPER e ao Maurício Magnago, empresário em Venda Nova que nos receberam muito bem e apoiaram o trabalho na região. Os colegas Benito Igreja Junior, diretor técnico, Jairo R. G. Silva, gerente técnico estadual e Herval F. Lopes, gerente de agroecologia da EMATER-RJ, foram importantes para o entendimento da atividade no Rio de Janeiro. Em Registro, agradecimentos aos colegas da CATI-Regional de Registro, Luís Gustavo S. Ferreira e Nelson Basílio da Silva, que além de informar sobre as questões do agronegócio do palmito, compartilham informações importantes para o Projeto PRODETAB. Agradecimentos ao Waldomiro Talib, da Agroindústria Conservale. Agradecimentos ao agricultor e empresário Ricardo Luiz de Oliveira, do Palmito Selo Verde, de Itariri, pelas informações sobre palmito in natura e ao Samuel G. Oliveira, representante comercial da Mafuz em São Paulo. No Paraná, agradecimentos aos colegas do Projeto PRODETAB, que contribuíram para que o estudo fosse a bom termo. Ao Álvaro Figueiredo e ao colega Luiz Roberto Graça, pesquisadores da EMBRAPA Florestas e ao Cirino Correa, da EMATER-PR. Ao Neder Corso, quando da realização da sua dissertação de mestrado, ao Aniceto Zanuzzo, da Indústria de Conservas Zanuzzo e ao Nelson Weideman Filho, da Tropical Distribuidora de Alimentos. Aos colegas Milton Ramos e Terezinha Heck, da EPAGRI-SC, especial agradecimento pelo apoio e companheirismo no desenvolvimento dos projetos de pesquisa. Milton Ramos colaborou, ainda, na revisão deste estudo. Agradecimentos ao professor Alfredo Fantini da UFSC, ao pesquisador Luiz Toresan do ICEPA, ao Alcibaldo German, secretário de agricultura de Guaramirim, aos proprietários de agroindústrias Elói Soter Correa Neto (Juriti), Wilson Tomelin (Verde Vale), Agnaldo e Álvaro (Schoepping). Agradecimentos a todos os agricultores, de diversas localidades, que se dispuseram de boa vontade a participar das entrevistas. Sr. José Altoé (Venda Nova-ES), Sr. Florentino Kiefer (processador de palmito em Marechal FlorianoES), Sr. Zoca (Guarapari-ES), Sr. Vigando Voigt (Pirabeiraba/Joinville-SC), Sr. Jorge e Sra. Maria, do Sítio Morototó (Guaraqueçaba-PR) e a outros aqui não nominados, mas que de alguma forma colaboraram com informações a respeito do agronegócio do palmito. LISTA DE SIGLAS ABIPTI - Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica ABRAPALM - Associação Brasileira dos Produtores de Palmito Cultivado AGRIANUAL - Anuário da Agricultura Brasileira ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária BASA - Banco da Amazônia CADA - Consejo Andino de Desarrollo Alternativo CAMES - Cooperativa Agrícola Mista Efigênio Sales CATI - Coordenadoria de Assistência Técnica Integral CENEX - Centro de Extensão CEPA - Centro de Estudos de Safras e Mercados CEPEC - Centro de Pesquisas do Cacau CEPLAC - Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira CNPF - Centro Nacional de Pesquisa de Florestas CPATU - Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido CRDR - Centro Regional de Desenvolvimento Rural EDR - Escritório de Desenvolvimento Regional EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMCAPA - Empresa Capixaba de Pesquisa Agropecuária EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A. FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná FAO - Food And Agriculture Organization FATMA - Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina FDA - Food and Drug Administration FGV - Fundação Getúlio Vargas FINAM - Fundo de Investimentos da Amazônia FNO - Fundo Constitucional de Financiamento do Norte FOB - Free on Board FUNDAP - Fundo de Recuperação Econômica do Espírito Santo IAC - Instituto Agronômico de Campinas IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICRAF - Word Agroforestry Centre IGP-DI - Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna IDAM - Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Amazonas IICA - Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura INCAPER - Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural INFOAGRO - Sistema de Información de Sector Agropecuário Costarricence INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia ITAL - Instituto de Tecnologia de Alimentos ITER - Instituto de Terras do Estado de Minas Gerais MERCANET/CNP - Sistema Integrado de Información de Mercado - Costa Rica PAPS - Pão de Açúcar Produtos Selecionados POF/IBGE - Pesquisa de Orçamento Familiar PRODETAB - Projeto de Apoio ao Desenvolvimento de Tecnologia Agropecuária para o Brasil PROPALM - Programa de Desenvolvimento da Cultura de Palmáceas Produtoras de Palmito no Espírito Santo RMs - Regiões Metropolitanas RMSP - Região Metropolitana de São Paulo SAGRI - Secretaria Executiva de Agricultura do Pará SEAGRO - Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SINDIPALM - Sindicato da Indústria de Palmito do Estado do Pará SUDAM - Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia UEM - Universidade Estadual de Maringá UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa UFAM - Universidade Federal do Amazonas UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina UNESP - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” UPAs - Unidades de Produção Agrícola ZFM - Zona Franca de Manaus SUMÁRIO RESUMO ................................................................................. INTRODUÇÃO ........................................................................... OBJETIVO ............................................................................... METODOLOGIA ......................................................................... 15 17 21 22 CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO DO PALMITO NO BRASIL E NO MUNDO PRODUÇÃO, EXPORTAÇÃO, CONSUMO ............................................. 25 A PRODUÇÃO E A EXPORTAÇÃO DE PALMITO NO BRASIL ......................... 1 As Décadas de 40 a 70 ............................................................. 1.1 Agroindústria ..................................................................... 1.2 Exportação na década de 60 ................................................... 2 As Décadas de 70 e 80 ............................................................. 2.1 Agroindústria ..................................................................... 2.2 Produção .......................................................................... 2.3 Exportação ........................................................................ 3 A Década de 80 ..................................................................... 3.1 Produção .......................................................................... 3.2 Exportação ........................................................................ 4 A Década de 90 ..................................................................... 4.1 As indústrias de palmito no Pará .............................................. 4.2 Produção .......................................................................... 4.3 Exportação ........................................................................ 5 Síntese da Variação de Preços da Exportação de 1970 a 2001 ............. 27 27 27 27 28 28 29 30 30 30 31 31 31 32 35 36 O CONSUMO DE PALMITO NO BRASIL ............................................... 37 1 As Estimativas de Consumo ....................................................... 37 2 Razões que Afetam o Consumo do Palmito .................................... 40 PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PALMITO EM OUTROS PAÍSES ................... 1 Costa Rica ........................................................................... 1.1 Produção .......................................................................... 1.2 Exportação ........................................................................ 1.3 Custos de produção ............................................................. 1.4 Informações não oficiais ....................................................... 1.5 Causas da crise na Costa Rica ................................................. 2 Equador .............................................................................. 2.1 Produção e exportação ......................................................... 41 41 41 42 42 43 44 45 45 2.2 Preços pagos ao produtor ...................................................... 2.3 Custo de produção .............................................................. 3 Informações dos Demais Países ................................................... 3.1 Bolívia .............................................................................. 3.2 Colômbia .......................................................................... 3.3 Peru ................................................................................ 3.4 Estados Unidos da América do Norte – importações ....................... 46 47 47 47 48 49 49 CARACTERIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DO PALMITO NO BRASIL ................ 51 1 AMAZONAS ........................................................................... 1.1 A Atividade no Estado ......................................................... 1.1.1 Área plantada .................................................................. 1.1.2 Agroindústria ................................................................... 1.2 Aspectos da Produção ........................................................... 1.2.1 Produtividade .................................................................. 1.3 O Mercado ........................................................................ 1.3.1 Marcas e preços nos supermercados ....................................... 1.3.2 Apresentação do produto nas gôndolas ................................... 1.3.3 Estimativa de vendas ......................................................... 1.4 Comentários Gerais ............................................................. 53 53 53 54 54 55 55 55 57 57 59 2 PARÁ .................................................................................. 2.1 A Atividade no Estado .......................................................... 2.1.1 Área plantada .................................................................. 2.1.2 Agroindústria ................................................................... 2.2 Aspectos da Produção ........................................................... 2.2.1 Preços pagos ao agricultor ................................................... 2.3 O Mercado ........................................................................ 2.3.1 Marcas e preços nos supermercados ....................................... 2.4 Comentários Gerais ............................................................. 59 59 61 62 64 64 64 65 65 3 REGIÃO SUL DA BAHIA ............................................................. 3.1 A Atividade na Região .......................................................... 3.1.1 Área plantada .................................................................. 3.1.2 Agroindústria ................................................................... 3.2 Aspectos da Produção .......................................................... 3.2.1 Produtividade .................................................................. 3.2.2 Preços pagos ao agricultor ................................................... 3.3 O Mercado ........................................................................ 3.4 Comentários Gerais ............................................................. 68 68 68 69 70 70 70 71 71 4 ESPÍRITO SANTO .................................................................... 4.1 A Atividade no Estado .......................................................... 4.1.1 Área plantada .................................................................. 4.1.2 Agroindústria ................................................................... 4.2 Aspectos da Produção ........................................................... 4.2.1 Produtividade .................................................................. 4.2.2 Preços pagos ao agricultor ................................................... 4.3 O Mercado ........................................................................ 4.3.1 Marcas e preços nos supermercados ....................................... 4.4 Comentários Gerais ............................................................. 71 71 72 73 74 74 75 75 75 76 5 RIO DE JANEIRO .................................................................... 5.1 A Atividade no Estado .......................................................... 5.1.1 Área plantada .................................................................. 5.1.2 Agroindústria ................................................................... 5.2 Aspectos da Produção ........................................................... 5.3 O Mercado ........................................................................ 5.3.1 Marcas e preços nos supermercados ....................................... 5.4 Comentários Gerais ............................................................. 76 76 76 77 77 77 77 78 6 SÃO PAULO ........................................................................... 6.1 A Atividade no Estado .......................................................... 6.1.1 Área plantada ................................................................... 6.1.2 Agroindústria ................................................................... 6.2 Aspectos da Produção ........................................................... 6.2.1 Produtividade .................................................................. 6.2.2 Preços pagos ao agricultor ................................................... 6.3 O Mercado ......................................................................... 6.3.1 Marcas e preços nos supermercados ........................................ 6.3.2 Preços de palmito em Registro .............................................. 6.3.3 Condições do produto nas gôndolas ........................................ 6.4 Comentários Gerais ............................................................. 78 78 79 80 80 80 81 81 81 82 83 83 7 PARANÁ ............................................................................... 7.1 A Atividade no Estado .......................................................... 7.1.1 Área plantada .................................................................. 7.1.2 Agroindústria ................................................................... 7.2 Aspectos da Produção .......................................................... 7.2.1 Produtividade .................................................................. 7.2.2 Preços pagos ao agricultor ................................................... 84 84 85 85 86 86 87 7.3 O Mercado ........................................................................ 87 7.3.1 Marcas e preços nos supermercados ........................................ 87 7.4 Comentários Gerais .............................................................. 88 8 SANTA CATARINA ..................................................................... 8.1 A Atividade no Estado ............................................................ 8.1.1 Área plantada ................................................................... 8.1.2 Agroindústria ................................................................... 8.2 Aspectos da Produção ........................................................... 8.2.1 Produtividade e preços pagos ao agricultor ............................... 8.3 O Mercado ......................................................................... 8.4 Comentários Gerais ............................................................. 8.4.1 Legislação ambiental ......................................................... 8.4.2 Observações das agroindústrias ............................................ 8.4.3 Observações dos agricultores ............................................... 89 89 90 90 91 91 91 93 93 93 95 9 SÍNTESE DOS PREÇOS DO PALMITO E DOS PRODUTOS CONCORRENTES .... 96 CONCLUSÕES ........................................................................... 98 REFERÊNCIAS .......................................................................... 107 ANEXOS ................................................................................. 113 O Agronegócio do Palmito no Brasil 15 RESUMO Na última década, o agronegócio do palmito perdeu o caráter de atividade extrativa e clandestina devido às questões ambientais, exaustão das espécies nativas, exigências da ANVISA e aumento do cultivo de espécies nativas e exóticas. Os dados para este estudo foram obtidos de fontes secundárias e por entrevistas diretas, entre junho de 2002 e março de 2003. Nesse período, a produção de palmito no Brasil foi estimada em torno de 160.000 t/ano. Os dados oficiais de área plantada e produção (IBGE) são inconsistentes. Para 2003 a produção informada foi de 51.378 t (73,7% seriam de palmito cultivado). Em 2003, Goiás teria sido o maior produtor, com 20.004 t em 1.601 ha. O pólo dominante ainda era Belém, baseado na extração de açaí. Além de Goiás (palmito de guariroba), no Sul da Bahia e no Vale do Ribeira (SP) aumentam as lavouras de pupunha, assim como em Santa Catarina e Paraná (palmeira-real e pupunha), com área total estimada em 14.396 ha, em 2002. A diminuição dos estoques de palmito nativo e a pressão ambientalista favorecem a expansão dos cultivos. As exportações decresceram de 11.793 t em 1977 para 2.222 t em 2004. Com os preços (FOB) ocorreu o mesmo, de US$ 5.772,00/t em 1977 para US$ 3.421,00/t em 2004. Equador e Costa Rica, com 16.334 t e 14.443 t exportadas em 2001, são os principais exportadores e atualmente apresentam a atividade em recuperação, após a crise de preços de 1998. Na década de 90, outros países da América do Sul tiveram alguma expressão no mercado, explorando palmito nativo. Excluindo o Brasil, o mercado mundial do palmito é pouco expressivo (US$ 65,6 milhões em 2002), tendo a França, Espanha e Estados Unidos como principais importadores. As estimativas de consumo no Brasil variam de 100 g a 940 g/ pessoa/ano, sendo esta última alcançada neste estudo, com base na POF/ IBGE 1996 e ajustada com dados recentes. No mercado interno predomina o palmito de açaí e o palmito de pupunha. Em 2003, os preços ao consumidor variaram entre R$ 20,46 e R$ 25,23/kg/vidro 300 g/tolete, com variações importantes: em São Paulo (capital) alcançavam valores 20% acima da média e em Belém 30% abaixo. A comercialização de palmito in natura é incipiente, mas crescente no Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. A diversificação do produto é baixa: palmito couvert, rodelas, fatiado, bandas, toletinhos e palmito com picles são pouco freqüentes. Atualmente (2007) falta matériaprima em algumas regiões e os preços do produto estão elevados. O Agronegócio do Palmito no Brasil 17 INTRODUÇÃO Este estudo faz parte do Projeto “Palmito de pupunha (Bactris gasipaes): uma alternativa sustentável para o aproveitamento de áreas abandonadas e/ ou degradadas pela agricultura no domínio da Mata Atlântica”, proposto ao Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Agricultura Brasileira (PRODETAB). O desenvolvimento do projeto ocorreu de outubro de 2000 a setembro de 2003, tendo como instituição coordenadora a EMBRAPA/CNPF e como executores a própria EMBRAPA Florestas, o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e a Universidade Estadual de Maringá (UEM). O trabalho é prospectivo e tem por objetivo apresentar a caracterização do agronegócio do palmito, com enfoque nas questões do mercado, em que constem os fatores críticos e as oportunidades ao desenvolvimento da atividade, com ênfase nas regiões e espécies mais importantes em produção, extração, transformação e consumo. Foram levantados e sistematizados dados, informações e análises relativas ao mercado interno e externo, quantificada a produção, transformação (agroindústria) e comercialização do produto, nas suas diferentes formas. Buscou-se a elaboração de um quadro de referências que permitisse elaborar uma visão compartilhada do agronegócio do palmito, atual e futuro, visando a mapear e construir cenários com mais acerto das restrições, oportunidades e tendências, permitindo o bom encaminhamento das atividades próprias de cada agente envolvido na atividade e do conjunto do agronegócio do palmito. O estudo é apresentado em duas partes. A primeira, na qual dados e informações são sistematizados e comentados numa perspectiva histórica da formação do agronegócio do palmito no Brasil e em países concorrentes. A segunda, na qual se caracteriza a situação contemporânea da atividade no país a partir de informações obtidas em entrevistas diretas, com diversos agentes, nas regiões em que a atividade é importante. A exploração econômica do palmito é recente e tornou-se uma atividade relevante a partir da década de 40 no Sul do país, onde se extraía palmito de juçara (Euterpe edulis) da Floresta Atlântica. A partir de 1970, houve o deslocamento das empresas do Sul (Santa Catarina, principalmente) para explorar o palmito de açaí (Euterpe oleracea) no delta do Rio Amazonas, atualmente o maior pólo de produção de palmito do país. 18 Circular Técnica nº 130 Até o início da década de 90, a atividade era predominantemente extrativa e pouco organizada. A partir desse período, o agronegócio1 do palmito passou a ser uma atividade importante e altamente promissora nos aspectos produtivos e econômicos. Os estudos técnico-científicos ainda são poucos e se referem à produção física, o que é compreensível em uma atividade relativamente nova no setor agrícola. Os artigos, reportagens jornalísticas e entrevistas têm apresentado mais especulações do que informações conclusivas a respeito dos diversos aspectos da produção e da importância econômica da atividade. Dados sobre a economia do palmito – área em exploração, área plantada, produção, produtividade, comercialização – são geralmente frágeis e, por decorrência, as análises e conclusões. Especula-se que o mercado mundial do palmito alcança valores entre R$ 840 milhões (US$ 350 milhões) e R$ 1,4 bilhão (US$ 500 milhões)2. Esses valores são razoáveis, considerando o segmento da produção agrícola (primeira cifra) e/ou o valor recebido pelas indústrias (segunda cifra). Porém, de acordo com as estimativas de produção deste estudo (160.000 t/ ano) e os preços médios do palmito pagos pelo consumidor final (R$ 21,00 kg/palmito tolete e R$ 13,00 kg/palmito picado) os valores podem ser bem maiores, em torno de US$ 900 milhões no Brasil, e US$ 76,8 milhões nos demais países estudados, em 20013. Além do palmito, a exploração do fruto para consumo como “vinho” de açaí, na região de Belém, é importante fonte de renda e emprego. Nogueira e Homma (2000), citam que a produção de frutos de açaí chegou a 156.046 t em 2000, e que são gerados 25.000 empregos diretos e R$ 40 milhões anualmente nas atividades de extração, transporte, comercialização e industrialização de frutos dos açaizeiros no Amapá e no Pará. Embora não se compare às principais commodities do agronegócio (soja, milho e café)4, a economia do palmito é relevante em âmbito nacional. É superior ao valor da produção da erva-mate cancheada, calculado em R$ 92,5 milhões, e aproximadamente o mesmo valor da produção de madeira em tora, 1 Agronegócio é “a soma das operações de produção e distribuição de insumos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles” (BRANDÃO e MEDEIROS,1998, apud MOTTER, 2000). 2 a) BOVI, M. L. A. O agronegócio do palmito pupunha. O Agronômico, Informações Técnicas, 52 (1): 10-12, 2000. Disponível em: www.iac.br/oagronom/v.521/informacoestecnicas/pupunha. Acesso em: 07 maio 2002; b) COSER FILHO, O. O Suplemento Agrícola do Estado de São Paulo. O Estado de São Paulo, 20/04/1997, pg. 14; c) Associação Brasileira dos Produtores de Palmito Cultivado – ABRAPALM. Disponível em: www.unicamp.br/ nipe/rbma. Acesso em: 11 jul. 2001. 3 Em janeiro de 2001, US$ 1,00 = R$ 2,40. 4 Em 2000, o valor da produção desses produtos foi: soja (grão) – R$ 8,6 bilhões; milho (grão) – R$ 6,0 bilhões; café (coco) – R$ 4,3 bilhões (IBGE, 2003). O Agronegócio do Palmito no Brasil 19 que foi de R$ 1,25 bilhão (IBGE, 2003). O palmito tem aportado renda em regiões pobres com populações excluídas da economia formal. A atividade cresceu e se expandiu sob a forma extrativista, com implicações socioeconômicas como a formação de latifúndios extrativos, disputas violentas por território e alterações ambientais desastrosas. Dados oficiais de extração e produção de palmito no país são inexatos, com enormes variações de um ano para outro, sem explicação, gerando informações inconsistentes sobre qual o valor ou a importância dessa economia (se os valores referem-se ao preço da matéria-prima, do produto ao sair da agroindústria ou ao preço final para o consumidor, p. ex.). O dimensionamento dos diversos agentes do mercado informal e as quantidades negociadas por eles também não é exato. Este estudo visa a agregar informações e análises mais conclusivas sobre o agronegócio do palmito, fundamentalmente porque a atividade desponta de modo diferente em relação ao seu desenvolvimento histórico, baseado em atividade eminentemente extrativa, economia escondida, estigmatizada pela clandestinidade de parte significativa da produção e da comercialização. Esse cenário vem se modificando substancialmente desde a última década, principalmente com relação às condições do segmento fornecedor da matériaprima e às exigências do segmento consumidor. No segmento fornecedor, a par da exaustão dos estoques de juçara na região de Floresta Atlântica e do raleamento do açaí para palmito no delta do Rio Amazonas, aumenta a pressão das organizações governamentais e nãogovernamentais para regular, fiscalizar e impedir a extração desordenada de recursos naturais, sendo o palmito nativo um dos mais importantes. Assim, a busca por novas formas de manejo, extração e, sobretudo, de matéria-prima tornou-se obrigatória. No segmento do consumo, as exigências crescentes dos clientes e a concentração do mercado varejista pelas redes de supermercados exigem padrão de qualidade, de apresentação e de regularidade no fornecimento que não coadunam com relações clandestinas de produção e de comercialização informal. Esse segmento está cada vez mais conscientizado e valoriza a produção ecológica, a sanidade do que consome e a relação custo/benefício. Postura reforçada pelos recentes eventos da contaminação de carnes e lácteos – peste suína, gripe aviária, vaca-louca, aftosa – e pela discussão dos efeitos dos transgênicos. No caso do palmito, apesar de a questão qualidade e sanidade ser crônica, como indica o extenso noticiário a respeito da contaminação bacteriana 20 Circular Técnica nº 130 denominada botulismo (Clostridium botulinum), em 19985, outros fatores induziram a racionalizar a atividade de forma mais adequada ao agronegócio moderno. Os principais fatores foram6: a) Crescente exigência dos consumidores e do mercado por qualidade, sanidade, apresentação e preço justo; b) Perda do mercado externo, devido à falta de controle de qualidade do produto envasado pelas agroindústrias extrativistas e à competitividade da Costa Rica; c) Ação da ANVISA que adequou a legislação e fiscaliza com maior ênfase a industrialização do produto; d) Consolidação de diversas áreas de proteção ambiental no Sul do país e a exigência do IBAMA por planos de manejo para a extração de espécies vegetais nativas a partir de 1985, em todas as regiões extrativistas; e) Crescente profissionalização e entrada de novas agroindústrias no mercado: melhores técnicas de processamento, diminuição do envase clandestino, padronização, valorização das marcas; f) Expansão da atividade via produção de palmito cultivado. Este último, embora com maiores exigências tecnológicas e custos mais elevados do que o extrativismo, segue a tendência histórica da organização da produção agrícola. A produção cresce de forma acelerada e tende a se firmar com algumas vantagens econômicas diretas e indiretas. À medida que a produção e a agroindústria se profissionalizarem, e a geração e aplicação de conhecimento técnico-econômico responderem às exigências do novo agronegócio, o palmito – extrativo ou de cultivo – terá cada vez mais relevância. Assim, a profissionalização do segmento é necessária e inevitável, dadas as exigências do mercado moderno, a sua crescente valorização como produto para o público gourmet, a dispersão para novos mercados e o aumento crescente da sua importância econômica. Este estudo se inscreve na perspectiva do aumento da importância do agronegócio do palmito, do ordenamento da atividade como forma de evitar a exploração predatória dos recursos naturais, da substituição de áreas agrícolas em uso inadequado por sistemas de produção com palmeiras cultivadas, bem 5 Na mídia a questão é recorrente, como mostra a reportagem publicada pela Revista ESTAMPA, ano 2, n. 16, fev. 2003 (Ed. Valor Econômico), em que se comenta o uso do C. botulinum (Botox) em estética humana: “Difícil imaginar que espetar o rosto com agulhas acopladas de seringas recheadas com uma substância conhecida por envenenar consumidores de palmito estragado...” (grifo nosso). 6 Parte dos comentários é de Charles Clement, quando da revisão deste estudo. O Agronegócio do Palmito no Brasil 21 como no desenvolvimento de uma atividade sustentável para um número maior de agricultores e agroindústrias. Tentou-se caracterizar e analisar os principais elementos que regem o agronegócio dessa cultura, sem pretender estudar o que usualmente se concebe como cadeia produtiva de um produto, tarefa mais complexa que deverá ser levada a cabo oportunamente. Foram alinhados dados e informações visando a registrar e analisar os principais fatos que conformaram historicamente a atividade, objetivando construir um quadro atual das principais restrições e oportunidades ao desenvolvimento do agronegócio do palmito, com enfoque no segmento do mercado. Não foi possível abranger estados e regiões onde o agronegócio do palmito tem alguma importância: Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, nos quais se produz palmito de pupunha extrativo e cultivado, não foram analisados, assim como as regiões do Cerrado Central, com palmito de guariroba (Syagrus oleracea); do Sul do Pará até Rondônia, onde se extrai palmito de açaí-solteiro7 (Euterpe precatoria); outras regiões de São Paulo, além do litoral, e de Minas Gerais, nas quais se expandem lavouras de pupunha e de palmeirareal-da-austrália. Foram realizadas tentativas de obtenção dessas informações junto às instituições de pesquisa das regiões citadas, via questionário estruturado e consultas por correio eletrônico, entretanto não houve retorno por parte de nenhuma delas. Como é característico em mercados de produtos relativamente novos e/ou informais, a exemplo do palmito, há grande carência de informações organizadas. Há poucos estudos a respeito e parte das informações é de baixa confiabilidade. Por essa razão, serão apresentadas informações complementares no rodapé das páginas, com o propósito de registrar os dados obtidos em diversas situações. OBJETIVO Apresentar um quadro das referências históricas e das condições em que se desenvolve o agronegócio do palmito no Brasil, com enfoque nas questões de organização da atividade produtiva, transformação e comercialização do produto. 7 Também denominado de açaí-do-amazonas, açaí-da-mata, açaí-de-terra-firme (RIBEIRO, 2005). George Duarte Ribeiro é pesquisador em Sistemas Agroflorestais da EMBRAPA-RO. 22 Circular Técnica nº 130 METODOLOGIA As etapas principais foram conduzidas aos moldes da maior parte dos estudos de mercado com objetivos semelhantes: a) Coleta e sistematização de dados estatísticos e não-estatísticos; b) Análise dos dados, fatos e antecedentes importantes; c) Projeções de cenários e tendências (FONTES, 1983). As informações estatísticas para a primeira parte deste estudo – análise histórica do agronegócio no Brasil – foram obtidas pelo método usual, a partir dos dados secundários oficiais (IBGE, 1996; 2002; 2003; 2005), de teses, monografias e consultas a bancos de dados, via Internet. Os dados relativos às exportações, importações, área plantada e informações de outros países são provenientes de sites oficiais (Ministérios da Agricultura, da Fazenda, etc) 8. A revisão e a análise das informações coletadas na primeira parte permitiram a caracterização histórica do agronegócio, além de, junto com indicações diversas, identificar agentes importantes a entrevistar na segunda parte do estudo. A metodologia de Diagnóstico Participativo Intersetorial norteou a coleta de informações não-estatísticas (ABIPTI, 1999). Esse processo prevê a participação dos diversos agentes envolvidos nos diferentes segmentos do agronegócio e na construção do diagnóstico, permitindo um bom prognóstico. Em geral é realizado com agentes previamente selecionados, em entrevistas pré-elaboradas, e compõe-se dos seguintes itens: a) Diagnóstico de campo: realizado com agricultores, gerentes, proprietários de agroindústrias e outros, individualmente, para definir os diversos aspectos, restrições e oportunidades relacionadas ao seu segmento e aos demais, que afetam o agronegócio como um todo; b) Entrevistas em grupos focais: um entrevistador e um grupo de entrevistados discutem suas percepções sobre o tema de interesse. Cada membro influencia o outro e assim as informações são checadas. Aplica-se mais a agroindústrias, gerentes e administradores; c) Entrevistas semi-estruturadas: é necessário ter conhecimento prévio do entrevistado e do seu conhecimento sobre o tema. São realizadas por meio de roteiro adequado ao perfil do entrevistado (ABIPTI, 1999). 8 No caso do Brasil, as informações são do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior. Exportação brasileira. Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/consulta>. Acessos em: 13 maio 2002 e 18 mar. 2005. O Agronegócio do Palmito no Brasil 23 A segunda parte teve início com a elaboração de uma lista de instituições e pessoas que deveriam ser entrevistadas para obter as informações e os dados necessários. Os dados foram obtidos da seguinte forma: a) Questionário: roteiro estruturado em quatro módulos específicos, a serem preenchidos em entrevistas diretas com agentes representativos – pesquisadores, produtores, comerciantes intermediários e gerentes de supermercados – dos diferentes segmentos em cada região do estudo. Em cada módulo havia questões objetivas – dados de área plantada, localização na respectiva região, produção, custos de produção – e questões que traduziam o senso comum dos agentes envolvidos a respeito da situação do seu setor e da atividade, ou seja, dos problemas e oportunidades para o desenvolvimento desta sob diversos aspectos. Parte do questionário foi semiestruturado, para comportar itens em aberto, sendo obtidas as opiniões pessoais e das instituições a respeito do futuro da atividade e os prognósticos com as soluções para o seu desenvolvimento. Houve especial atenção para que o roteiro e a forma das entrevistas permitissem adicionar novas questões que o entrevistado julgasse pertinentes. b) Seleção das regiões da pesquisa: face aos recursos disponíveis, foram privilegiadas as regiões de maior importância histórica e atual no desenvolvimento da atividade. Optou-se pela seqüência: Manaus, Belém, Região Sul da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo (Capital e Vale do Ribeira), Paraná e Santa Catarina. O levantamento foi iniciado em junho de 2002, nas cidades de Manaus e Belém. Nos estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraná, foi realizado em novembro de 2002. No Sul da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro, ocorreu em março de 2003. Devido à diferença temporal, há certa defasagem nas informações, o que não acarreta prejuízos significativos aos resultados, pois não houve alterações de grande porte na economia nacional, no câmbio, etc. Os dados referentes ao mercado no Paraná foram obtidos, em sua maior parte, por Corso (2003). Foram entrevistados técnicos e representantes das seguintes Instituições: 24 Circular Técnica nº 130 a) Manaus-AM: EMBRAPA, IDAM, INPA, UFAM, SEBRAE, CAMES, gerentes de empresas de produção, gerentes de supermercados; b) Belém-PA: EMBRAPA, IBAMA, Secretaria de Estado da Agricultura, SINDIPALM, proprietários e gerentes de agroindústrias; c) Bahia: Técnicos da CEPLAC, proprietários e gerentes de agroindústrias; d) Espírito Santo: gerente de produção da Coimex, proprietário de empresa de produção de mudas de pupunha, INCAPER, proprietário de agroindústria (em fase instalação), comerciantes de palmito, produtores de palmito, gerente de supermercado; e) Niterói-RJ: Secretaria de Estado da Agricultura, EMATER-RJ, gerentes de supermercados; f) São Paulo: CATI/EDR-Registro, Casa da Agricultura/CATI-Registro, gerentes e proprietários de agroindústrias, produtores de palmito, gerentes de supermercados; g) Paraná: EMATER-PR, proprietários de agroindústrias, gerentes de supermercados; h) Santa Catarina: EPAGRI, UFSC/CCA, Instituto CEPA, proprietários de agroindústrias, produtores de palmito, produtores de sementes e mudas. Parte importante das informações foi obtida em entrevistas formais e informais com diversos agentes, nos seguintes eventos: a) Simpósio de Avaliação sobre o Manejo, Industrialização, Comercialização e Legislação de Frutos e Palmito de Euterpe oleracea Mart. (Açaizeiro/ Palmiteiro). IBAMA/SINDIPALM, Belém (PA), 19/06/2002; b) 1º Encontro Paranaense sobre Palmitos Cultivados: O Agronegócio Pupunha e Palmeira-Real. EMATER-PR/EMBRAPA/IAPAR, Pontal do Paraná (PR), 05 a 07/09/2002; c) 1º Seminário sobre Palmito Pupunha no Litoral Paulista e Exposição Itinerante – Ciclo do Palmito no Brasil. CATI, IAC, SEBRAE, São Vicente (SP), 16 a 19/01/2003. CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO DO PALMITO NO BRASIL E NO MUNDO Produção, Exportação, Consumo O Agronegócio do Palmito no Brasil 27 A PRODUÇÃO E A EXPORTAÇÃO DE PALMITO NO BRASIL 1 As Décadas de 40 a 701 1.1 Agroindústria A industrialização do palmito no Brasil começou em 1949, no município de Guaraqueçaba, litoral do Paraná. Na década de 60, a expansão da atividade se deu no Litoral Norte de Santa Catarina e no Litoral Sul de São Paulo, culminando com 1.163 agroindústrias em 1970 (ROSETTI, 1988) (Tabela 1). A matéria-prima principal era a juçara (Euterpe edulis), mas havia o aproveitamento comercial da palmeira indaiá (Attalea dubia) em menor escala. Em 1970 já havia duas indústrias registradas no Pará. 1.2 Exportação na Década de 602 Os dados (Tabela 2) indicam que o agronegócio do palmito estava fortemente centrado no mercado interno e que o avanço para o mercado externo ocorreu de forma lenta, levando uma década para se exportar volumes de palmito mais expressivos. Os volumes exportados e os preços até 1969 foram baixos, em comparação com anos futuros. É interessante notar que em 2001 o Brasil exportou menos palmito (total de 2.573 t) do que no último ano dessa série. Tabela 1. Agroindústrias de palmito no Brasil, Paraná e Pará de 1949 a 1970. Ano 1949 1959 1970 Brasil 2 95 1.163 Nº de agroindústrias Paraná 2 95 196 Pará 2 Fonte: Adaptado de Rosetti (1988) 1 Não foram obtidos dados da produção nas décadas de 50 e 60. As séries históricas do IBGE/Estatísticas do Século XX/Estatísticas Econômicas não informam a produção de palmito. Disponível em: www.ibge.gov.br/ seculosxx/estatisticas_economicas.shtm. Acesso em: 23 mar. 2003. 2 Os valores apresentados foram corrigidos e atualizados para o dólar de julho de 2002, em todas as citações desta primeira parte do estudo. 28 Circular Técnica nº 130 Tabela 2. Exportação de palmito pelo Brasil de 1960 a 1969. Volume Ano Toneladas 445 547 741 1.000 1.802 2.380 3.643 2.424 3.156 1960 1961 1962 1963 1964 1966 1967 1968 1969 US$/t 864 968 990 1.019 1.217 1.397 1.361 1.288 1.320 Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991) 2 As Décadas de 70 e 80 2.1 Agroindústria Entre 1970 e 1974 houve um grande rearranjo na atividade – fechamento de indústrias no Paraná, São Paulo e Santa Catarina e transferência de empresas para o Pará – mas não há explicação para o desaparecimento de 1.097 indústrias em tão curto período3 (Tabela 3). Segundo Nascimento e Moraes (1991), os primeiros registros da agroindústria do palmito no Pará mostram que em 1968 foi implantada a primeira empresa nesse estado (Massoler Ltda) e em seguida surgiram outras como a Oarde Correa (“Palmito Caiçara“). Tabela 3. Agroindústrias de palmito no Brasil, Paraná e Pará de 1970 a 1987. Ano 1970 1974 1977 1979 1980 1987 Brasil 1.163 66 81 76 260 - Nº de agroindústrias Paraná 196 10 5 7 4 7 Pará 1 2 - Fonte: Rosetti (1988) 1 Sem informação após 1970 3 A reestruturação da oferta do produto extrativo, devido à diminuição dos estoques de palmeiras, explica parte da questão (GRAÇA, 2003), mas não explica a magnitude do evento, ou seja, a diminuição de 1.097 fábricas. O Agronegócio do Palmito no Brasil 29 No Sul do país, o que determinou a migração e extinção das agroindústrias foi a diminuição dos estoques de juçara ocorrido de forma direta, devido à extração das palmeiras sem qualquer técnica de manejo, e indireta, pelo desmatamento para prática da agropecuária ou extração de madeira. Na Amazônia, além dos abundantes estoques de matéria-prima de açaí, as políticas governamentais de expansão das fronteiras foram fortes atrativos, principalmente a constituição dos pólos de desenvolvimento (1967/1971), dos pólos agropecuários e agrominerais (1974), do primeiro plano de desenvolvimento da Amazônia (1974) e a abertura de estradas como a Transamazônica. 2.2 Produção Entre 1974 e 1976 a extração de palmito cresceu 600% no país e, oficialmente, o Pará produziu quase a totalidade do palmito brasileiro. Porém, em 1977 a produção já apresenta um forte decréscimo, sem explicação plausível. A retomada do crescimento da produção ocorre em 1980, mas alcançou pouco mais da metade do montante de 1976. Ao longo dessa década, Paraná e Santa Catarina participavam com percentuais irrisórios na produção. São Paulo apresentava melhor desempenho, mas com forte declínio (Tabela 4). Em um curto período (1970-1973), uma importante estrutura agroindustrial de palmito foi instaurada no Pará. Em 1973, o estado já contribuía com a maior parte do palmito produzido no país (Tabela 5)4. Tabela 4. Produção de palmito no Brasil, Pará, Paraná, São Paulo e Santa Catarina de 1973 a 1980. Ano Brasil (t) 1973 1974 1976 1977 1979 1980 36.586 34.273 203.948 35.123 31.358 114.408 Pará 53,0 62,0 97,0 85,0 86,0 95,0 Participação percentual (%) Paraná São Paulo Santa Catarina 8,1 11,4 2,2 8,9 10,8 3,3 0,8 1,6 0,7 4,2 6,4 2,9 2,3 7,2 2,7 0,5 2,0 0,9 Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991) 4 O Maranhão teria sido o segundo (7.030 t) produtor de palmito em 1973 e o terceiro (3.096 t) em 1974. Nos anos seguintes a produção no estado foi irrelevante. 30 Circular Técnica nº 130 Tabela 5. Produção de palmito no Pará de 1970 a 1973. Ano 1970 1971 1972 1973 Produção (t/ano) 258 742 8.820 19.282 Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991) 2.3 Exportação Como se pode observar pelas quantidades exportadas (Tabela 6) o mercado interno consumia a maior parte do palmito produzido no país. De 1970 para 1971 houve, sem explicação, expressivo acréscimo nas exportações, que se firmaram a partir de então com volumes e preços mais significativos5. O preço por tonelada alcançou US$ 5.772,00 em 1980. 3 A Década de 80 3.1 Produção Os dados de produção na década de 80 apresentaram oscilações significativas, com crescimento a partir do início da década, alcançando novo ápice em 1989, quase a mesma produção recorde de 1976 (Tabela 7). A participação dos demais estados, salvo em anos específicos, continua irrisória, visto que cerca de 90% da produção vem do Pará. Porém, os registros oficiais são incongruentes, em particular quanto à produção em São Paulo, Paraná e Santa Catarina a partir de 1987. Tabela 6. Exportação de palmito pelo Brasil de 1970 a 1979. Ano 1970 1971 1973 1974 1977 1979 Volume Toneladas 2.315 7.177 4.416 8.510 11.793 6.832 US$/t 1.334 1.331 1.825 2.605 2.756 5.110 Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991) 5 A Costa Rica iniciou plantios experimentais de palmito de pupunha em 1970, quando o mercado europeu começou a ganhar importância. O Agronegócio do Palmito no Brasil 31 Tabela 7. Produção de palmito no Brasil, Pará, Paraná, São Paulo e Santa Catarina de 1980 a 1990. Ano Brasil (t) 1980 1981 1984 1985 1987 1989 114.408 90.540 105.225 132.104 142.060 202.440 Pará 95,0 84,6 88,1 88,5 92,0 96,4 Participação percentual (%) Paraná São Paulo Santa Catarina 0,5 2,0 0,9 4,7 2,4 1,3 1,7 8,7 0,8 0,1 1,2 0,9 0,01 1,5 0,6 0,04 0,0003 0,0004 Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991) e de AGRIANUAL (2000) 3.2 Exportação No início dos anos 80 (1980 a 1983)6 as exportações alcançaram os valores mais expressivos, os quais só vão se repetir dez anos depois, em 1993 e 1994, quando o Brasil começou a perder mercado para a Costa Rica. Contudo, os preços se mantiveram elevados (Tabela 8). 4 A Década de 90 4.1 As indústrias de palmito no Pará Nascimento e Moraes (1991) afirmam que as empresas não são exatamente indústrias, mas unidades comerciais que recebem palmito de diversas fontes, resultando em produto de menor qualidade (aqui se referindo Tabela 8. Exportação de palmito pelo Brasil de 1980 a 1989. Ano 1980 1983 1985 1987 1989 Volume Toneladas 10.056 10.691 5.136 9.615 5.982 US$/t 5.772 4.082 3.048 5.763 4.950 Fonte: Nascimento e Moraes (1991) e AGRIANUAL (2000) 6 A falta dos dados em 1981 e 1982 significa que os montantes do ano anterior se repetiram, com poucas diferenças. Isso vale para todas as tabelas. 32 Circular Técnica nº 130 a palmito de açaí)7. Embora não haja informações para os demais estados, o Pará dominava expressivamente a produção de palmito envasado no Brasil. Considerando que as indústrias de palmito do estado representavam, em 1991, um total de 105 empresas com 486 fábricas (mais de uma fábrica por empresa) e uma produção de 145.800 t, os números são razoavelmente confiáveis8, ficando patente a imprecisão dos dados oficiais quanto ao palmito. 4.2 Produção Os dados oficiais da produção de palmito no Brasil a partir de 1990 indicam notável declínio (Tabela 9 e Fig. 1) para 15% do montante produzido em 1989, sem evidências significativas que expliquem o fato9. Tabela 9. Produção de palmito no Brasil, Pará, Paraná, São Paulo e Santa Catarina de 1990 a 2003. Ano Brasil (t)1 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 27.031 23.687 21.003 21.596 22.400 21.889 21.616 41.222 35.637 37.664 41.510 41.714 55.648 51.376 Pará 81,0 82,0 81,0 83,0 84,8 82,3 89,5 95,4 95,0 95,0 39,5 34,7 24,9 24,5 Participação percentual (%) Paraná São Paulo Santa Catarina 0,003 0,0006 0,02 0,4 0,0007 1,8 0,01 0,0005 0,003 0,003 0,0002 0,003 0,006 0,0002 0,006 0,01 0,004 0,009 0,2 0,6 0,0004 0,0002 1,2 0,0004 0,0003 0,4 0,3 0,1 7,0 1,1 0,2 5,4 3,6 0,4 6,3 2,3 1,0 8,9 3,4 Fonte: IBGE (2003) 1 Os dados da coluna referem-se à soma da produção extrativa e da produção em lavouras (Tabelas 289 e Lavouras Permanentes, IBGE, 2003). 7 Embora emitida há mais de dez anos, a observação vale para o presente. Segundo relato de gerentes de agroindústrias, permanece o modo de envase do palmito em pequenas “fábricas” junto às áreas de extração das palmeiras. 8 Foram obtidos pelas autoras em entrevistas diretas (NASCIMENTO e MORAIS, 1991). 9 A razão mais plausível – falhas nas estatísticas do IBGE – é defendida por Homma (2003), pesquisador da EMBRAPA Amazônia Oriental. A imprecisão dos dados oficiais pode ser demonstrada com os dados do próprio IBGE. A Tabela 546 (IBGE, 2003), “Quantidade produzida por produtos da extração vegetal e condição do produtor/produtos da extração vegetal/produto açaí (palmito ou guariroba)”, informa a produção de 86.080 t em 1996, quase quatro vezes mais que o informado na Tabela 9 deste estudo com os dados oficiais (IBGE – Tabela “Quantidade produzida”/ Brasil), já com a designação geral de “palmito”. Também não se explica o notável decréscimo da produção extrativa, que em 2003 teria sido de apenas 13.704 t, menos de 27% do total da produção nacional. 33 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 1992 1991 60.000 55.000 50.000 45.000 40.000 35.000 30.000 25.000 20.000 15.000 10.000 5.000 0 1990 Total Brasil (t) O Agronegócio do Palmito no Brasil Ano Figura 1. Produção de palmito no Brasil de 1990 a 2003. Fonte: IBGE (2003). Desde a drástica queda apontada pelos dados oficiais em 1990, a produção brasileira continuou em declínio até 1997, quando houve notável recuperação até a época atual. Neste ano, o salto na produção (próximo ao dobro de 1996) ocorreu em função da extração de 36.449 t10. A partir de 1998, a retomada se deu pelo cultivo, cuja participação foi a seguinte: 1998 - 32%; 1999 - 51%; 2000 - 59%; 2001 - 63%; 2002 - 74% e 2003 - 73%. O Pará perdeu a posição de prevalência que mantinha desde 1973, quando subitamente passa de 95% de participação em 1999 para 39,5% em 2000, diminuindo para 24,5% em 2003 (Tabela 9). Até 1993, toda a produção de palmito é relacionada no tópico “Extração Vegetal” do IBGE (2003). A partir de 1994 aparece o registro da produção de palmito também como produto agrícola, atividade que ganha relevância a partir de 199811. Desde 1999, os registros mostram a produção por região e por estado (Tabela 10). A Região Centro-Oeste participa com mais de 70% (26.369 t em 2003) da produção nacional de palmito cultivado. Da produção nacional, Goiás, o maior produtor, participou com os seguintes percentuais: 1999 77%; 2000 - 72%; 2001 - 68%; 2002 - 71% e 2003 - 66%. A Região Sudeste ocupa o segundo lugar, com 18% da produção nacional em 2003. São Paulo produziu de 1999 a 2003, respectivamente: 4,4%; 11,6%; 8,4%; 8,3%; e 13,3% do total de palmito cultivado no país. 10 Somando-se às 4.773 t de palmito cultivado, alcança-se 41.222 t citadas na Tabela 9, em 1997. A produção de palmito cultivado entre 1994 e 1998 teria sido a seguinte: 1994 - 497 t; 1995 - 1.236 t; 1996 3.461 t; 1997 - 4.773 t e 1998 - 11.449 t (IBGE, 2003). Os dados estão disponíveis por região e por estado a partir de 1999. 11 34 Circular Técnica nº 130 Tabela 10. Produção de palmito (t) cultivado no Brasil nas regiões e principais estados produtores de 1999 a 2003. Região/estado Centro-Oeste Goiás Sudeste São Paulo Minas Gerais Espírito Santo Norte Rondônia Acre Sul Santa Catarina Nordeste Total Brasil 1999 14.975 14.737 2.055 846 748 390 2.013 1.030 581 43 43 3 19.089 2000 17.984 17.460 4.297 2.827 1.252 375 1.820 1.030 385 220 220 35 24.356 2001 18.588 17.889 3.727 2.199 655 651 2.394 2.392 1.322 1.271 87 26.118 2002 30.099 29.052 5.697 3.436 909 811 3.984 1.622 1.955 1.205 1.012 134 41.119 2003 26.369 25.004 6.809 4.978 715 839 2.281 1.366 915 1.969 1.869 244 37.672 Fonte: IBGE (2003) Com relação à área plantada, os registros oficiais começam em 1994, com 213 ha; 1995 – 1.217 ha; 1996 – 1.495 ha; 1997 – 1.575 ha; 1998 – 2.507 ha; 1999 – 3.731 ha; 2000 – 4.985 ha; 2001 – 4.447 ha; 2002 – 7.772 ha e 2003 – 8.343 ha 12. Segundo os dados oficiais (IBGE, 2003), a produtividade do palmito cultivado no Brasil foi a seguinte, de 1999 a 2003, respectivamente: 5,1 t; 4,8 t; 5,9 t; 5,5 t; e 4,5 t 13. Nas condições atuais, tais produtividades são improváveis, mesmo em situações especiais (p. ex., experimentação), o que reforça sobremaneira as dúvidas quanto à consistência dos dados oficiais. A inconsistência das informações de área e produção em Goiás são ainda mais graves, pois desde 1999 a produtividade de palmito alcançou números sempre superiores a 14 t14. Em comparação com informações de São Paulo, os dados 12 Segundo as estimativas de Bovi (2000), haveria no ano de 2000 entre 12.000 e 13.000 ha plantados com pupunha para palmito e não os 4.985 ha dos dados oficiais. São Paulo era o estado com maior produção (mais de 25% do total), seguido por Espírito Santo, Rondônia, Pará, Bahia, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Amazonas, Acre, Paraná e Santa Catarina. 13 O cálculo da produtividade é feito em relação à área colhida, usualmente menor que a área plantada: em 1994 – 213 ha; 1995 – 1.217 ha; 1996 – 1.411 ha; 1997 – 1.499 ha; 1998 – 1.693 ha; 1999 – 2.551 ha; 2000 – 3.649 ha; 2001 – 4.158 ha; 2002 – 6.176 ha e 2003 – 7.117 ha (IBGE, 2003). 14 Segundo os dados oficiais, em 1999, área colhida (A) – 829 ha e produtividade (P) – 17,7 t; em 2000, A – 911 ha e P – 19,1 t; em 2001, A – 1.276 ha e P – 14,0 t; em 2002, A – 1.721 ha e P – 16,9 t; e em 2003, A – 1.443 ha e P – 17,3 t. Apesar de haver plantios de palmeira-real e de pupunha, quase toda a produção é de guariroba (Syagrus oleracea) (informação pessoal, Jairton de Almeida Diniz, SEAGRO–GO/Agência Rural). Somente em 2003 surge registro de palmito extrativo em Goiás, com 99 t (IBGE, 2005). O Agronegócio do Palmito no Brasil 35 oficiais são menos discrepantes, mas também pouco defensáveis, pois o estado produziu, em média, 3,5 t de palmito/ha em 2003. Dados de área plantada mais confiáveis foram obtidos neste estudo, com informantes de diversas regiões do país (Tabela 11). 4.3 Exportação Com exceção dos anos de 1993 e 1994 (Tabela 12 e Fig. 2), os montantes exportados são irrisórios, se comparados às exportações das décadas de 70 e 80. Os preços foram erráticos e também declinantes ao longo da década, embora com valores elevados na maioria dos anos da série15. O volume exportado nos anos 2000 foi o menor desde 1970 e continua declinante. A razão maior pode ser o bom nível dos preços do produto no mercado interno16. Em 2004, o Brasil exportou menos 93 t de palmito que em 1970. Tabela 11. Estimativa da área plantada com pupunha e palmeira-real no Brasil em 2002. Estado Amazonas Pará 1 Bahia (Sul) Espírito Santo2 Rio de Janeiro São Paulo (Vale do Ribeira) Paraná Santa Catarina Total Área (ha) Observações Plantada Em produção 500 150 Pupunha 3.950 1.500 Pupunha 2.983 1.672 Pupunha - 494 produtores 1.100 900 Pupunha e palmeira-real 213 92 Pupunha - 293 produtores 3.600 2.700 Pupunha - 200 produtores Pupunha e palmeira-real 950 880 com 65% da área Palmeira-real e pupunha com 12% da área 1.500 1.300 495 produtores 14.896 9.194 1 Segundo informação oficial, havia projetos totalizando os 3.950 ha, mas extra-oficialmente apenas 1.500 ha plantados. 2 Predomina pupunha (aproximadamente 900 ha), entretanto havia cerca de 4 milhões de mudas de palmeira-real plantadas/a plantar em 2003, cerca de 200 ha com essa palmeira, na região de Venda Nova do Imigrante. 15 Como termo comparativo de preços e valores exportados, em 2002 o preço médio da tonelada de carne exportada foi de US$ 1.200,00. No ano, o complexo carne exportou US$ 1,47 bilhão (FAEP, 2003). 16 Em 2002, o preço de venda das agroindústrias para os supermercados de São Paulo foi de R$ 50,00/cx de 15 vidros (4,5 kg de palmito), equivalente a R$ 11,10/kg. Em 2002, o produto para exportação foi vendido (FOB) a R$ 12,21/kg, com o câmbio supervalorizado (US$ 1,00 = R$ 3,70). De acordo com o câmbio de 2004, o preço do produto exportado foi de R$ 9,00/kg, portanto, menor que no mercado interno. 36 Circular Técnica nº 130 Tabela 12. Volumes e valores de exportação de palmito pelo Brasil de 1990 a 2004. Volume Ano Toneladas 7.400 6.983 11.389 10.065 6.038 4.853 4.536 3.797 3.441 2.489 2.573 1.946 2.284 2.222 1990 1991 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 US$ mil/t 5.163 4.871 3.984 4.031 5.007 2.487 5.688 5.377 4.190 3.905 3.642 3.302 3.255 3.421 12.000 6.000 10.000 5.000 8.000 4.000 6.000 3.000 4.000 2.000 2.000 1.000 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 1991 0 1990 0 US$ mil/t Volume (t) Fonte: Brasil (2005) Ano VOLUME (t) US$ mil/t Figura 2. Volumes e valores de exportação de palmito pelo Brasil de 1990 a 2004. 5 Síntese da Variação de Preços da Exportação de 1970 a 2001 Os preços variaram (Tabela 13) positiva e significativamente até 1980, com queda a partir desse ano e notável recuperação de 1985 a 1990, manutenção dos preços entre 1990 e 1995 e, novamente, acentuada queda de 1995 a 2001. O Agronegócio do Palmito no Brasil 37 Tabela 13. Variação de preços do palmito exportado pelo Brasil de 1970 a 2004. Ano/série 1970-71 1971-73 1973-75 1970-75 1974-78 1975-80 1980-83 1983-85 1985-90 1990-93 1993-95 1995-96 1995-98 1995-2004 Variação % 0,03 37,0 61,0 121,0 88,0 166,0 - 36,7 - 21,3 82,4 16,0 34,0 - 96,0 7,0 - 46,0 Fonte: IBGE (2003) O CONSUMO DE PALMITO NO BRASIL 1 As Estimativas de Consumo A estimativa de consumo da agroindústria em Belém é de 100 g/pessoa/ ano17. De acordo com esse cálculo, o consumo no mercado interno estaria em torno de 17.500 t/ano. Dado aproximado aos números oficiais, pois o IBGE (2003) informa produção de 20.599 t em 2000. Deduzindo-se as 2.489 t exportadas em 2000, o saldo aproxima-se do valor citado anteriormente. Porém, conforme os dados a seguir, a estimativa da agroindústria e os dados oficiais não refletem a realidade. Morsbach et al. (1998), citam informação de importante agroindústria no Espírito Santo, cuja estimativa do consumo per capita no país está entre 160 e 300 g/palmito/ano. Citam ainda Rodriguez et al. (1995) que estimam em 660 g/palmito/ano o consumo per capita no Brasil. A Pesquisa de Orçamento Familiar, realizada em 1996 na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) aponta para conclusões diferentes dessas estimativas (Tabela 14). 17 Estimativa do diretor de importante agroindústria de Belém, ex-dirigente do SINDIPALM, no mercado há mais de 40 anos, e a estimativa com a qual diz operar o sindicato. 38 Circular Técnica nº 130 Tabela 14. Consumo de palmito por faixa de renda familiar na região metropolitana de São Paulo em 1996. Faixas de renda familiar1 (R$/mês) 1ª faixa 2ª faixa 3ª faixa Total até 400,17 400,17 a 747,39 acima de 747,39 Nº de domicílios 538.796 768.883 2.942.295 4.249.974 Consumo G/domicílio mensal Anual (t) 60 388 340 3.137 1.040 36.720 40.245 Fonte: Adaptado de Pontes et al. (2001) 1 Os valores da tabela têm como referência o salário mínimo mensal em 1996 (R$ 112,00). A RMSP tinha cerca de 17 milhões de habitantes em 199618. O consumo de palmito nesses domicílios foi de 40.245 t (Tabela 14), ou 2,4 kg/pessoa/ano (8 vidros/300 g), bastante superior às estimativas anteriores para o país e pouco mais que o dobro da produção nacional no ano19. A elaboração de uma estimativa para todo o país deve levar em consideração: a) A renda média das famílias na RMSP é maior que a renda média do país; b) A RMSP abriga aproximadamente 10% da população do país; c) Há regiões metropolitanas menos populosas, mas com renda média aproximada à da RMSP (Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro); d) No país havia cerca de 39 milhões de domicílios e, presume-se, na metade deles (19,5 milhões) não se consumia palmito; e) Nesses 19,5 milhões de domicílios, pode-se consumir em média, o mesmo que a faixa 2 da Tabela 14, ou seja, – 340 g de palmito, aproximadamente um vidro de 300 g/mês, o que corresponde a 12 vidros/ano/domicílio (3,6 kg/ano); f) Em uma estimativa subestimada, haveria no país o consumo de no mínimo 66.300 t/ano. Somando-se as quase 5.000 t exportadas em 1996, a produção de palmito teria que ser maior do que mostram os dados oficiais. Para uma estimativa mediana, podem ser usados os dados da Tabela 15, pois somadas as demais nove regiões metropolitanas do país (excluída a RMSP) 18 A capital, onde o consumo de palmito é mais elevado, tinha 10 milhões de habitantes em 1996. Os dados referem-se à pesquisa dos gastos familiares em 19.816 domicílios nas dez maiores regiões metropolitanas do país, incluída a cidade de Goiânia, realizada entre outubro de 1995 e setembro de 1996 (IBGE, 2002). 19 O Agronegócio do Palmito no Brasil 39 e Goiânia, em 1996, havia 8.261.332 domicílios. Considerando que nessas regiões o consumo tenha sido a metade daquele registrado na RMSP, teriam sido consumidas mais 32.521 t/ano. No país havia cerca de 39 milhões de domicílios, subtraindo os 12,5 milhões das RMs, resta estimar o consumo em mais 26,5 milhões de domicílios. Nesse caso, aplicando-se o mesmo conceito (a metade do consumo da RMSP), desde que o consumo nesses domicílios esteja entre a média dos valores das duas menores faixas de consumo (30 g + 170 g), tem-se mais 31.800 t de palmito consumido no Brasil. Os cálculos até aqui referem-se ao consumo domiciliar. É preciso adicionar o consumo em restaurantes e afins, que pode ser estimado em torno de 25%20 do consumo domiciliar. A Tabela 16 apresenta a síntese que totaliza a estimativa do consumo interno de palmito no Brasil em 1996. Somando as 5.000 t exportadas, totalizam-se 135.707 t de palmito, quase o montante da produção do Pará e Amapá obtida por Nascimento e Moraes (1991) em pesquisa no campo e com agroindústrias do Pará em 1991 (145.800 t). Partindo desse valor e somando a produção em outros estados (11,5%) e os estoques (5%), é razoável adicionar mais 22.000 t à produção nacional, em 1996. Tabela 15. Número de domicílios nas principais regiões metropolitanas do país, exceto a RMSP, e consumo de palmito em 1996. Faixas de renda familiar1 (R$/mês) Consumo Nº de domicílios G/domicílio mensal Anual estimado (t) (1/2 RMSP)2 1ª faixa até 400,17 1.798.214 30 648 2ª faixa 400,17 a 747,39 2.013.637 170 4.108 3ª faixa acima de 747,39 4.449.481 520 27.765 8.261.332 - 32.521 Total Fonte: IBGE (2002) 1 Valores atualizados para julho de 2002: 1ª faixa - até R$ 550,00; 2ª faixa - R$ 550,00 a R$ 1.005,00; e 3ª faixa - mais de R$ 1.005,00 2 Estimativa de metade do consumo da RMSP 20 Em 1996, os gastos das famílias com alimentação fora do domicílio foram calculados em 25,5% dos gastos nos domicílios (IBGE, 2002). 40 Circular Técnica nº 130 Tabela 16. Síntese da estimativa do consumo interno de palmito no Brasil em 1996. Região/condição Metropolitana de SP Outras metropolitanas Demais regiões/Brasil Consumo fora do domicílio Total Volume consumido (t) 40.245 32.521 31.800 26.141 130.707 Assim, a produção de palmito no Brasil pode ser estimada em torno de 160.000 t, em 1996. Tendo em vista a ausência de oscilações significativas no mercado nos últimos anos, essa pode ser a produção atual, com consumo per capita no país em torno de 940 g/ano ou aproximadamente três vidros de 300 g/pessoa/ano. Entretanto, diferenças na estrutura de consumo devem ser consideradas, pois no Nordeste e no Norte (este, menos ainda) consome-se pouco palmito e pessoas e famílias pobres raramente compram o produto. 2 Razões que Afetam o Consumo do Palmito As razões a seguir foram apontadas por diversos agentes entrevistados, porém refletem mais o ponto de vista dos gerentes de agroindústrias e de supermercados: a) Queda da renda da classe média e salários do funcionalismo sem reajuste; b) Vulgarização e preços mais acessíveis dos produtos concorrentes e similares: aspargos, azeitonas, cogumelos e picles; c) Aumento da cesta de gastos: celular, internet, tv a cabo, multas de trânsito, seguros, educação privada, alimentação fora do lar (em restaurantes sem palmito); d) Divulgação, de forma sensacionalista21, dos casos de botulismo em 1998; e) Merchandising fraco, exposição inadequada nas prateleiras dos supermercados, profusão de marcas, baixa qualidade do palmito, etc. 21 Ocorreu em palmito de Euterpe precatória, oriundo da Bolívia. O Agronegócio do Palmito no Brasil 41 PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PALMITO EM OUTROS PAÍSES 1 Costa Rica A Costa Rica iniciou os plantios de pupunha em 1970 e a primeira partida de produto exportado ocorreu em 1978 (Agroindústria Del Campo, atual Demasa). Em 2000 o palmito correspondia a 0,4% do agronegócio da Costa Rica, incluída a pesca. 1.1 Produção O agronegócio do palmito teve início na década de 70, porém só começou a tomar vulto a partir do início dos anos 90, no tocante à área plantada. Não há explicação para valores tão baixos em valor da produção total e em valor da produção/ha, como os apresentados pelos dados oficiais da Tabela 17 (3ª e 4ª colunas). Os dados apresentados, assim como no Brasil, são pouco consistentes. Houve acentuado declínio da área plantada após 1999, o que corrobora especulações há tempos na imprensa e em sites 22 sobre o declínio da atividade no país. Tabela 17. Área e valor da produção de palmito na Costa Rica de 1991 a 2001. Ano 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Área plantada (ha) 3.500 3.822 3.926 4.200 4.500 10.169 12.500 11.005 8.804 6.5002 Valor total US$1 3.827.453 3.627.132 3.185.898 2.875.134 2.645.550 2.460.442 4.498.146 3.685.104 2.512.660 2.104.433 1.592.548 Valor US$/ha 1.036 833 732 630 547 442 295 228 239 239 Fonte: INFOAGRO (2002) 1 Valores corrigidos para o dólar de dezembro de 2001 2 Estimativa 22 Diversas reportagens sobre o tema. Disponível em: www.mercanet.cnp.go.cr. Acesso em: 27 mar. 2002; Disponível em: www.incae.edu/seminarios. Acesso em: 25 abr. 2002; Disponível em: www.agesti.org/news/newsfiles/ external/Nacion_com_Economia.htm. Acesso em: 23 maio 2001. 42 Circular Técnica nº 130 1.2 Exportação Houve significativa queda na área plantada após 1999. Contudo, surpreendentemente, o volume exportado aumentou, chegando a 14.433 t em 2001. O valor da tonelada de palmito exportado decresceu a partir de 1998 e manteve a tendência declinante. O principal cliente da Costa Rica sempre foi a França, com tendência crescente para o mercado dos Estados Unidos (Tabela 18). 1.3 Custos de produção Oquendo (1999) apresenta os custos de produção, preço de venda e rendimento do palmito obtidos em uma agroindústria na Costa Rica (Tabela 19)23. Tabela 18. Exportação de palmito pela Costa Rica de 1998 a 2001. Ano Volume (t) US$ Total US$/t 1998 1999 2000 2001 11.531 12.078 10.991 14.433 24.676.340 20.411.820 18.354.970 23.525.790 2.140 1.690 1.670 1.630 Participação percentual (%) Estados Espanha França Unidos 12 57 11 15 51 14 9 59 13 8 60 14 Fonte: INFOAGRO (2002) Tabela 19. Custos de produção, preço de venda (US$) e rendimento do palmito na Costa Rica em 1998. Variáveis Nº estipes colhidos Custo produção (ha) Custo/estipe colhido Renda bruta (ha) Renda bruta/estipe Renda líquida/estipe Renda líquida/ha 1º 0 1.914 - 2º 5.000 1.842 0,37 1.360 0,27 (492) Anos após o plantio 3º 4º 8.000 12.500 1.914 2.064 0,24 0,17 2.176 3.400 0,27 0,27 0,03 0,11 262 1.336 ... 15º ... ... ... ... ... ... ... Fonte: Agropalmito (1998), citado por Oquendo (1999) 23 O autor trabalhou com dados de 1998 da Empresa Agropalmito, considerada uma plantação tradicional para a análise econômica da atividade na Costa Rica. Um stand de 5.000 plantas/ha (recomendado pela pesquisa), permitiria cortar 1 palmito/planta/ano no 2o ano, 1,6 no 3o e 2,5 palmitos/planta/ano do 4o ano em diante. O Agronegócio do Palmito no Brasil 43 A síntese dos custos de produção mostra o seguinte: mão-de-obra – 52%; insumos – 33%; imprevistos – 9%; e transporte – 6%. Segundo os dados da Agropalmito, a empresa recebeu US$ 0,27/estipe de palmito, uma renda líquida de US$ 1.336,00/ha/ano, a partir do 4º ano, quando há estabilização do projeto (OQUENDO, 1999). Corrigido para junho de 2002, o preço pago por estipe foi de US$ 0,30 na Costa Rica, valor que em dólares (em 2003) daria aproximadamente R$ 1,00. Este valor corresponde ao preço pago pelo palmito cultivado no Brasil. Porém, na Costa Rica colhe-se três vezes mais estipes de palmito/ha. 1.4 Informações não oficiais Alguns periódicos locais noticiaram que em 2002 o custo de produção foi de US$ 0,54/estipe e que as fábricas pagaram US$ 0, 38/estipe (INCAE, 2002). Assim, aos produtores coube prejuízo de US$ 0,16/estipe, o que não faz sentido e só pode ser explicado pela imprecisão dos dados ou por uma situação momentânea de preços. A Tabela 20 mostra o resumo dos preços pagos aos agricultores. Os dados são díspares. Um noticiário informou que as fábricas pagaram US$ 0,38/estipe em 2002. Os dados da Agropalmito, com os quais trabalharam os pesquisadores da Universidade da Costa Rica, mostram que a empresa recebeu US$ 0,27/estipe em 1998. Os dados da Tabela 20 apresentam preços declinantes pagos aos agricultores, chegando a US$ 0,16/ estipe em junho de 200124. O preço recebido pelo produto exportado vem declinando desde 1998, com base nos dados oficiais ou extra-oficiais, o que reflete em queda nos preços internos (Tabela 21). Tabela 20. Histórico do preço pago ao produtor, por estipe de palmito, na Costa Rica. Ano Antes de 1998 Em 1998 Em 2001 Colones1 85 40 55 US$ da época 0,33 US$ Jun/97 0,16 US$ Jun/98 0,17 US$ Jun/01 US$ dez/2001 0,36 0,17 0,162 Fonte: INCAE (2002) 1 Moeda da Costa Rica 2 O valor é menor, pois a inflação em colones foi maior que a correção em dólares 24 Valor corrigido para junho de 2002. 44 Circular Técnica nº 130 Tabela 21. Preço do produto (US$/kg palmito) exportado pela Costa Rica de 1997 a 2001. Ano 1997 1998 1999 1999 2000 2001 MERCANET/CNP1 2,10 1,70 1,70 1,60 Outros informes 2,36 1,56 (Demasa) 3,00 1,64 (Demasa) 1,76 Fonte: MERCANET/CNP (2002) 1 Dados oficiais 1.5 Causas da crise na Costa Rica25 a) Falta de planificação dos plantios nos principais países exportadores, situação que se prolongará por causa das novas áreas que ainda não entraram em produção (Equador e Brasil); b) Grandes quantidades de produto em estoque nos principais importadores mundiais e redução do ritmo normal de vendas; Obs: As citações acima foram enunciadas em 1998, quando já se prenunciava a crise na Costa Rica e no Equador. c) Crise monetária no Brasil, que o forçou a vender parte de sua produção para autoconsumo no mercado internacional. O valor era de aproximadamente sete milhões de caixas a US$ 23,00/caixa, enquanto o preço local (Costa Rica) era de US$ 40,00, em março de 1999; Obs.: A informação é incorreta, porque o Brasil teria exportado 67.000 t de palmito em 1999, o que de fato não ocorreu. d) Falta de efetiva promoção e diferenciação para um produto que por muito tempo compartilhou prateleiras com outros reconhecidos e de menor preço, como a alcachofra e o espargo, nos países desenvolvidos (importadores); e) Falta de tecnologia para comercializar o produto natural e fresco no exterior; f) Competição do Equador, cujas exportações para a Europa registraram aumentos de até 90% de um ano para outro, com oferta de palmito em conserva, fresco e desidratado (CNP, 1998); 25 As citações dos autores neste item não estavam referenciadas nos textos originais na Internet. Por isso não se referenciam na bibliografia. O Agronegócio do Palmito no Brasil 45 g) Aumento das áreas produtivas de outros países como Colômbia, Peru e Bolívia, em alguns casos subsidiadas e como alternativa ao cultivo da folha de coca (ZÚÑIGA, 1999); h) Dependência de mercados tradicionais e falta de exploração de mercados não tradicionais (BOGANTES, 1999); i) Lenta e difícil mudança dos padrões de consumo de palmito de pupunha na Europa, situação que poderia ser alterada se houvesse desabastecimento de palmito silvestre/extrativo (açaí, juçara) por parte do Brasil (ANGULO, 1999); j) Falta de pesquisa com outras variedades, visando a maior aceitação no mercado internacional (MORA, 1999); k) Competição desleal entre empresas nacionais, que oferecem o produto a preços cada vez mais baixos (dumping), beneficiando o comerciante, mas não o consumidor, para o qual o preço se mantém constante ou aumenta (ZÚÑIGA, 1999; ANGULO, 1999)26. 2 Equador 2.1 Produção e exportação No Equador, o cultivo de pupunha para palmito teve início em 1987 e a expansão da atividade ocorreu concomitante ao aproveitamento comercial do produto nativo (WRM, 2000)27. A produção cresceu a partir de 1994 (Tabela 22), com uma aceleração dos plantios a partir de 199728. Assim como na Costa Rica, os dados oficiais do Equador são incoerentes, pois: a) A área plantada decresceu 3.000 ha, de 2000 para 2001 (EQUADOR, 2002), enquanto a produção aumentou quase 2.000 t (Tabela 22)29; b) Em 2000 havia 15.358 ha com lavouras de palmito (96% plantios solteiros), 13.886 ha em produção e 13.711 ha de área colhida, cuja 26 No artigo “Mercado destruye la ilusión del palmito” (Jornal La Nación/San José, Costa Rica), o editor Marvin Barquero arrola as mesmas questões, comenta o fechamento de duas empresas processadoras (Palmitos de Costa Rica e Coopropalmito) e outras questões como: a) passou-se de 11.000 ha plantados em 1998 para 8.000 ha em 2000; b) a queda dos preços é o principal golpe no agronegócio do palmito (de US$ 2,36/kg em 1997, para US$ 1,56/kg em 1999); c) em 1999 a caixa de 24 latas de 400 g era vendida por US$ 33,00 e em 2001 por apenas US$ 19,00. O Conselho Nacional de Preços da Costa Rica realizou estudos de preços e rendimentos irreais, o que teria condenado a Coopropalmito ao fracasso. Disponível em: www.incae.edu/seminários. Acesso em: 22 abr. 2002. 27 O ‘chontaduro’ (Bactris gasipaes), espécie nativa do Equador, é a mais cultivada no país para este fim. 28 Somente 2% do total produzido no país correspondem a plantios com mais de 10 anos e 70% são cultivos com menos de 5 anos de plantio (EQUADOR, 2002). 29 Mesmo havendo a possibilidade de áreas novas entrando em corte, a diminuição na área plantada foi significativa a ponto de não compensar a redução da área versus o aumento na produção e produtividade. Segundo o Censo de 2000, havia 852 UPAs (propriedades) com lavouras de palmito, em média 18,2 ha por propriedade. 46 Circular Técnica nº 130 Tabela 22. Produção, valor exportado e destino das exportações de palmito do Equador de 1990 a 2002. Ano 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Área plantada (ha) 10.000 7.000 - Produção (t) 603 677 223 132 254 1.765 3.540 5.347 7.881 10.798 14.477 16.334 16.900 Valor exportado US$ 1.000 US$/t 933 1.547 1.526 2.254 631 2.830 388 2.939 598 2.354 4.125 2.337 8.741 2.469 12.489 2.336 18.156 2.304 18.132 1.679 23.654 1.634 27.029 1.655 27.978 1.655 Exportação (%) Argentina França 58 29 26 17 20 34 19 61 47 42 42 42 38 46 44 36 48 23 55 21 40 27 - Fonte: Equador (2002) produção foi de 92.532 t (EQUADOR, 2000)30. Para esse montante de área e produção, a produtividade foi de 6,75 t de palmito, o que é improvável. Desde 1998 há queda significativa nos preços pagos por tonelada exportada do palmito equatoriano. O Equador, a partir de 1995, investiu equivocadamente na mudança do seu principal importador, que era a França, para a Argentina. A “quebra” da economia neste país afetou sobremaneira as vendas do Equador 31. 2.2 Preços pagos ao produtor O preço pago declinou significativamente ao longo dos anos, alcançando menos da metade em cinco anos. Era US$ 0,04 menor32 ou US$ 0,16 menor33 que na Costa Rica. 30 Os dados das fontes oficiais divergem, pois para o ano de 2000 Equador (2000) e Equador (2002) informaram áreas e produção discordantes. Disponível em: www.sica.gov.ec/censo/docs/nacionales/tabla14.htm. Acesso em: 21 ago. 2002. 31 Um dos principais compradores até ano anterior foi a Argentina, que por causa da crise econômica vivida, não registra durante o primeiro semestre de 2002 nenhuma compra. Disponível em: www.sica.gov.ec/docs. Acesso em: 22 fev. 2005. 32 Dado não oficial, obtido de artigos de jornais em consultas à Internet. 33 Dado oficial obtido do Ministério de Agricultura do Equador. O Agronegócio do Palmito no Brasil 47 Segundo Equador(2002), os preços pagos por estipe foram: 1997 – US$ 0,30; 1999 – US$ 0,17; e 2002 – US$ 0,1434. 2.3 Custo de produção O custo de produção em 2002 estava em torno de US$ 0,20 por estipe, valor US$ 0,02 maior (dados oficiais) ou US$ 0,34 menor (dados não oficiais) que na Costa Rica. No Equador os custos são menores, porque o custo da mãode-obra é significativamente menor, fator que contribuiu, juntamente com a boa adaptação agronômica dos cultivos, já que a pupunha é nativa, para a instalação de agroindústrias e rápido desenvolvimento da atividade no país35. 3 Informações dos Demais Países 3.1 Bolívia Bolívia e Brasil mantêm relações comerciais no agronegócio do palmito desde a década de 60. Na Bolívia, a primeira agroindústria se estabeleceu em 1965 e importava os vidros por Belém. Desde meados da década de 70 o Brasil importa palmito boliviano, inicialmente da região de Guayaramerín, na fronteira Nordeste desse país. A extração e o processamento ocorreram em grande escala a partir do início dos anos 90, com a exploração de Euterpe precatoria (asaí) na região amazônica (STOIAN, 2003) onde há mais de 1 milhão de hectares com palmito nativo36. O auge da produção boliviana ocorreu entre 1994 e 1998. Em 1997 e 1998 o país exportou US$ 7,1 milhões e US$ 7,8 milhões, sendo o Brasil seu principal comprador, com US$ 5,9 milhões, em 1998, seguido da Argentina37. Em 1999, a exportação para o Brasil reduziu drasticamente para US$ 0,5 milhões, como resultado da ocorrência de C. botulinum em 1998 38. Até 2002 as exportações totais do país diminuíram para menos de US$ 1 milhão, devido também à contração do mercado e às restrições do governo boliviano para a extração do asaí, que nas principais regiões produtoras está em processo de exaustão (STOIAN, 2003). 34 Valores atualizados para dezembro de 2003. Conforme relato de entrevistados que conhecem a atividade no país. 36 A superfície com palmito nativo, com possível aproveitamento comercial, na Bolívia é de 1,24 milhões de hectares (FAO, 2000). 37 O volume exportado é quase o mesmo do total produzido, pois o consumo local é de pequena escala e de palmito de pupunha (“Si bien los volúmenes producidos hasta la fecha son menores y sobre todo destinados al consumo local”) (STOIAN, 2003). 38 Desde o final dos anos 70, o Brasil importa palmito da Bolívia, entretanto, a partir de 2000 parou de importar o produto (STOIAN, 2003). 35 48 Circular Técnica nº 130 Em 1997, havia na Bolívia 3.500 ha plantados com lavouras de B. gasipaes. Porém, no mesmo ano havia apenas uma indústria processadora de palmito de pupunha no país (Departamento de Santa Cruz) e mais 26 agroindústrias legalizadas, processando E. precatoria. Em 2003 havia entre cinco e oito fábricas em funcionamento (STOIAN, 2003). 3.2 Colômbia A agroindústria do palmito se estabeleceu na região do pacífico colombiano desde o fim da década de 70, envasando e exportando produto extrativo de E. oleracea (naidí). Porém, só nos anos 80 as agroindústrias se consolidaram e a extração de naidí se estabilizou (LEAL, 1997b, citado em RESTREPO e CORTES, 2000). O país produziu e exportou quantidades significativas de palmito desde 1991, embora em volumes decrescentes a partir de então (Tabela 23)39. O declínio foi significativo a partir de 1998, devido a diferentes causas40. Segundo informação oficial, em 1997 havia 600 ha (CCI BOLETÍN, 2001) e em 2001 havia 665 ha plantados com pupunha para palmito (COLÔMBIA, 2003). Tabela 23. Exportações de palmito pela Colômbia de 1991 a 2001. Ano 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Valor US$ mil 4,3 2,6 2,7 2,3 2,4 2,4 1,8 1,7 0,24 0,39 0,15 Fonte: Colômbia (2003) 39 Nos registros oficiais, os dados estão disponíveis a partir desse ano. Nos últimos cinco anos, a grande maioria das empresas havia declarado quebra e tinha deixado de funcionar. Segundo Leal (1997b, p. 27), citado por Restrepo e Cortes (2000), entre as causas se encontram a baixa do preço do produto no mercado de exportação, a reavaliação de 12 pontos e que o Cert (Certificado de Excención Tributaria) diminuiu de 10% para 5% em 1992. A isto se pode somar as dificuldades para a obtenção da matériaprima devido às reduções de naidí e ao vencimento dos compromissos de exportação que não podiam ser prolongados ou solicitados novos, dado o novo contexto jurídico. 40 O Agronegócio do Palmito no Brasil 49 3.3 Peru No Peru, a atividade obteve e mantém alguma importância, contudo está pouco documentada. No ano de 1999, a área colhida era de 2.006 ha, a produção de 2.781 t e as exportações somaram US$ 21,3 milhões, resultando em US$ 766,00/t exportada (PERU, 2002). Os números relativos à exportação não são baixos se comparados àqueles alcançados pelo Brasil. Porém, a informação de valor pago (US$ 766,00) por tonelada exportada não é coerente, por ser muito baixo. Em 2002, o Ministério de Agricultura e Ganaderia do Peru previa 10.000 ha de pupunha plantados em 2010. Essa intenção contempla a possibilidade de recursos derivados do plano de erradicação da coca na região andina. Em termos gerais, na Bolívia, Colômbia e Peru ocorreu desenvolvimento significativo do agronegócio do palmito na década de 90, com intensidade maior em diferentes anos em cada país. Porém, apesar das possíveis vantagens no comércio internacional41 houve declínio significativo da atividade a partir do final dos anos 90. A causa principal, comum à Colômbia e Peru, foi o esgotamento dos estoques de palmito nativo42, e no caso da Bolívia, a ocorrência de C. botulinum em 1998. Nesses países, ao contrário do Equador, não se desenvolveu o cultivo de pupunha para palmito, mesmo com a perspectiva da proposta internacional para elaborar um “Estudio del Potencial Comercial y Viabildad Económica em Áreas Cocaleras de la Región Andina, de los Cultivos de Palmito, Maracuyá y Piña”. Essa proposta foi apresentada pelo Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura (IICA), ao Consejo Andino de Desarrollo Alternativo (CADA) e consolidada em fevereiro de 2001. 3.4 Estados Unidos da América do Norte – importações O palmito é comercializado nos Estados Unidos há 30 anos e até o início dos anos 90 o Brasil era seu principal fornecedor, posto ocupado posteriormente pela Costa Rica (ICRAF, 1999). Na última década, o país vem se tornando 41 As exportações de palmito podem ser observadas na Lei de Preferência Comercial Andina – Andean Trade Preference Act - (recentemente renovada) que outorga a entrada livre de direitos de importação para os Estados Unidos de produtos provenientes de Bolívia, Colômbia, Equador e Peru, países que se encontram na luta contra o narcotráfico. Por sua condição de países andinos, beneficiam-se da Lei de Preferências Tarifárias outorgada unilateralmente pelos países da União Européia, que permite a exportação de palmito isenta de direitos tarifários, frente à competitividade de terceiros países como o Brasil, que paga 10% (SIAMAZONIA, 2003). 42 A extração do palmito é, na atualidade, depredatória. Realiza-se sem controlar os aspectos de regeneração da espécie e tampouco se aplicam técnicas de manejo que garantam a permanência da espécie... (RIOS TORRES, 2001). 50 Circular Técnica nº 130 importante comprador, com tendência constante e significativa de aumento das importações43. Segundo empresários das agroindústrias em Belém, esse é o principal mercado a explorar porque o produto já está difundido, deixou de ser considerado exótico e passou a gourmet, e a estrutura de comercialização e registro no Food and Drug Administration (FDA) estão mais bem organizados (normatização de formulários, de rotulagem, definição de tarifas, de agentes distribuidores)44. Essas características colaboram para o aumento do número de consumidores interessados em um estilo de vida saudável (healthy lifestyle), que procuram produtos naturais com baixas calorias, pouca gordura, sem colesterol, teor elevado de fibras, ricos em vitaminas e minerais, favorecendo o crescimento da demanda nos Estados Unidos45. A estrutura de oferta também está mais adequada aos padrões de qualidade do FDA e da estrutura de importação e de distribuição local (ICRAF, 1999)46. Na série de treze anos (Tabela 24), a tendência de aumento das importações dos Estados Unidos foi significativa e constante, principalmente após 1997 (faltam dados para 1998 e 1999), tendo crescido a participação do Brasil nesse mercado. Tabela 24. Importações totais de palmito pelos Estados Unidos e exportações do Brasil para esse país de 1991 a 2003. Ano 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 2000 2001 2002 2003 (US$ mil) Importação EUA 5.036 5.336 5.527 5.088 6.341 9.342 3.989 8.814 11.554 9.8721 10.7461 Exportação Brasil 3.572 3.734 3.360 4.119 Fonte: AGROCADENAS/USDA (2002) 1 SECEX, 2005 43 O consumo per capita no país era de 13,9 g/ano em 1999, com tendência de aumento (CHEMONICS INTERNATIONAL, 2002). Citado em GESTION. Diario de Economia y Negócios on Line (Lima, Peru). No artigo “Conservera Amazónica invertirá en proyeto de plantación de palmito”, relata-se também observações semelhantes. (PROMPEX, 2002). 45 “Over the past few years, one of the most significant trends has been the movement toward good, clean, natural food” (ICRAF, 1999). 46 Em 1999 havia 82 empresas produtoras de palmito registradas no FDA: 44 eram do Brasil; 11 do Equador; 9 da Costa Rica; 6 da Colômbia; 4 da Venezuela; Guatemala, México e Peru com 2 cada; e Bolívia e Paraguai com 1 cada (ICRAF, 1999). 44 CARACTERIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DO PALMITO NO BRASIL O Agronegócio do Palmito no Brasil 53 A caracterização foi realizada a partir das informações e condições vigentes no agronegócio do palmito em cada estado visitado. Em alguns deles a atividade está perdendo importância, enquanto em outros está estável ou em expansão. 1 AMAZONAS 1.1 A Atividade no Estado Os plantios de pupunha para palmito no Amazonas começaram no início da década de 90, a partir de projetos de duas empresas de eletroeletrônicos, Sharp e Semp-Toshiba, localizadas na Zona Franca de Manaus (ZFM), e das empresas Aruanã, Caiari, Cames e Tapiré, situadas fora da ZFM. Apesar do apoio decisivo das equipes de pesquisa do INPA47, os projetos de produção foram iniciados sem estudos de mercado e sem destinação programada para o produto. O palmito de melhor qualidade seria vendido para São Paulo, capital. 1.1.1 Área plantada A partir de 1994, foram implementados projetos de plantio de pupunha para palmito nas áreas de 15 associados da Cooperativa Agrícola Mista Efigênio de Sales (CAMES), com sede em Manaus, da qual participam agricultores de uma colônia japonesa no município de Rio Preto da Eva, a 40 km de Manaus, onde foram plantados cerca de 150 ha de pupunha 48. Os demais plantios, de maior porte, são das empresas Caiari com 100 ha e Sharp com 50 ha plantados. Outros dois projetos importantes são: 100 ha plantados (congrega 75 agricultores) no município de Boa Vista do Ramos e 200 ha no município de Itacoatiara (Fazenda Aruanã), de um empresário residente na cidade de São Paulo49. Além desses, há 130 lavouras de pequeno porte, de 2 a 9 ha, dispersas pelo estado, iniciadas em meados da década de 90. A maioria situa-se em municípios circunvizinhos a Manaus. 47 O INPA possui uma equipe de pesquisadores – Charles Clement, Kaoru Yuyama, Lenoir Santos – que há duas décadas trabalha com pupunha para a produção de frutos e para palmito. 48 O INPA apoiou o projeto da CAMES a partir de 1997. A colônia é formada, predominantemente, por agricultores descendentes de japoneses, especializados na produção de ovos. 49 Boa Vista do Ramos localiza-se a 350 km, em linha reta, a Leste de Manaus, na microrregião de Parintins; Itacoatiara dista aproximadamente 250 km a Leste de Manaus, por via asfaltada. Não foram obtidas informações sobre a área plantada pela Semp-Toshiba e pela Tapiré. 54 Circular Técnica nº 130 De acordo com dados de junho de 2002 há, ao todo, cerca de 500 ha plantados com pupunha para palmito no Amazonas. Desses, 50 ha foram financiados e outros 50 ha apoiados por programas governamentais50. Dos 500 ha plantados, são aproveitados comercialmente apenas cerca de 100 ha, isto é, apenas 20% da área plantada é colhida. Nos plantios das empresas, nos plantios da CAMES, na Fazenda Aruanã e na quase totalidade dos pequenos projetos, as palmeiras não estão sendo cortadas. Em junho de 2002, a maioria já havia passado do ponto de corte. Restaram apenas dois projetos com colheitas regulares, pertencentes aos mesmos empresários que envasam o palmito. Um em Iranduba, município próximo a Manaus, processando 2.000 cabeças de palmito/dia51 e o outro em Borba, que transporta e envasa o produto em Porto Velho. 1.1.2 Agroindústria Em junho de 2002, oficialmente, havia apenas duas agroindústrias em funcionamento no estado. Há tentativa de reativar uma das duas agroindústrias do município de Rio Preto da Eva para envasar produto da região, da CAMES e do Projeto Aruanã52. Quase a totalidade da produção do Amazonas é destinada a outros estados, pois o mercado local consome pouco palmito e as agroindústrias locais não investiram em estratégias para ampliação desse mercado consumidor53, sendo que o palmito de pupunha oriundo de Rondônia entra no mercado local a preço mais baixo que o do produto local54. 1.2 Aspectos da Produção Embora o volume de informações tecnológicas seja considerável, as dificuldades para a implantação de lavouras em escala de produção adequada às dificuldades estruturais – grandes distâncias, difícil acesso ao mercado nacional – às dificuldades com a mão-de-obra, o elevado custo da embalagem e outros fatores têm restringido a consolidação da atividade, a ponto de haver 50 Entre 1997 e 1998 foram financiados 2 ha por agricultor, sendo disponibilizado R$ 4.000,00/ha. Em junho de 2002 havia 131 agricultores inadimplentes, devendo cerca de R$ 7.000,00/ha: 75 deles em Boa Vista do Ramos, 23 em Barcelos, 20 em Manacapuru e 13 em Iranduba. 51 Embora sem confirmação, há comentários de que a empresa estaria com problemas para se manter no mercado. 52 O Projeto Aruanã tem palmeiras prontas e suficientes para envasar um milhão de vidros de 300 g de palmito. 53 Em 2002 uma agroindústria enviou um container de palmito envasado para Santa Catarina. 54 A marca Coroá, de Rondônia, era vendida nos mercados de Manaus a R$ 4,00 o vidro/tolete/300 g em 2002, enquanto o produto da maior fábrica local, localizada em Iranduba, era comercializado a um preço um pouco maior. O Agronegócio do Palmito no Brasil 55 lavouras de palmito sem aproveitamento comercial. Além disso, o governo do estado retirou seu apoio à atividade antes de chegar ao processamento e comercialização. Assim, há poucos projetos com padrão adequado de manejo. Porém, nas condições atuais de desenvolvimento tecnológico seria possível produzir em condições agronômicas competitivas de 1.500 a 2.000 kg de palmito de primeira por hectare, mas essa produtividade raramente é conseguida (CLEMENT, 2002). 1.2.1 Produtividade Não foram obtidas informações conclusivas quanto à produtividade das lavouras. Como nas demais regiões produtoras do país, as condições que afetam a produtividade – tratos culturais, época de corte, etc. – são bastante variáveis e no Amazonas ainda mais acentuadas, devido às significativas variações climáticas ocorridas em anos recentes. Nos projetos ativos, o rendimento médio em palmito de primeira (tolete) está em torno de 200 g por estipe cortado. Quanto à padronização dos termos usados para designar o produto palmito – primeira, tolete, nobre, etc. – Clement e Bovi (2000) propõem um modo de avaliar a produção e primeiro recomendam separar o produto em dois componentes: palmito em toletes e demais estilos. Para as formas comerciais do palmito (estilos) sugerem as designações toletes, rodelas, cubinhos e picado. O estilo tolete (toletes macios) é convencionalmente chamado de “palmito de primeira”, “palmito tipo exportação”, “palmito extra”, “palmito nobre” ou simplesmente palmito. Neste estudo foram adotadas essas designações. 1.3 O Mercado 1.3.1 Marcas e preços nos supermercados Nas lojas das principais redes de supermercados em Manaus havia 18 marcas de palmito à época deste levantamento. Predominava o palmito de açaí (Tabela 2555) e havia apenas três marcas de pupunha. O preço/kg do produto 55 Com relação às informações apresentadas na Tabela 25: 1) Além de apresentar os dados quantitativos, procurouse registrar as formas em que o produto é comercializado. Por isso, mesmo que houvesse uma só forma/espécie (toletinhos/pupunha, p. ex.), essa é aqui apresentada. O mesmo vale para as demais tabelas-síntese; 2) A relação completa das formas/espécies, das marcas, da origem (município/estado), os respectivos preços e o nome das indústrias que envasaram o produto encontram-se no Anexo 1; 3) Os preços estão em kg, permitindo a comparação entre as diferentes formas de envase/embalagem; 4) O câmbio oficial em junho de 2002 era US$ 1,00 = R$ 2,83; 5) Embora originada de uma mesma fábrica, considerou-se como marca diferente o produto com diferentes especificidades/qualidades/embalagens, conforme o rótulo. Ex: Gini; Gini Extra, Gini Linha Prata. Considerou-se que devem ser produtos com qualidades e/ou atributos diferentes e, em geral, têm preços diferentes. 56 Circular Técnica nº 130 Tabela 25. Síntese das formas/espécies, número de marcas e preços de palmito nas principais redes de supermercados de Manaus, em junho de 2002. Formas/espécies 1 Tolete -açaí-vidro Tolete -pupunha-vidro Tolete -açaí-lata2 Picado-açaí-vidro Picado-pupunha-vidro Banda-pupunha-vidro Picles-açaí-vidro Nº de marcas 9 1 3 1 1 1 2 Médio 21,00 15,63 25,20 16,05 12,50 14,20 19,30 Preço (R$/kg) Mínimo 15,90 15,98 15,90 Máximo 29,50 40,00 21,44 1 Em todas as tabelas-sÍntese são mencionados vidros de 300 g, porém há outros com 180 g e 270 g (Anexo 1) Em geral, latas com 500 g de palmito 2 de tolete (primeira) em vidros de 300 g variou de R$ 15,63 a R$ 29,50 (US$ 5,52 a US$ 10,42/kg). O preço do produto enlatado chegou a R$ 40,00 (US$ 14,13/kg). No Anexo 1, constam os dados completos para cada cidade nas quais houve levantamento de preços. O estudo do mercado de palmito em Manaus, realizado por Santos e Clement (1998), mostrou que nos principais mercados da cidade havia 23 marcas diferentes. Dessas, onze eram de agroindústrias do Pará; seis de São Paulo; três do Amazonas; duas de Santa Catarina; e uma de Goiás. Apenas duas, CAMES e Tapiré, eram de palmito de pupunha. No varejo, em 1998, o preço médio do palmito de primeira era R$ 6,00 (US$ 5,30), o mínimo R$ 3,30 (US$ 2,92) e o máximo R$ 10,49 (US$ 9,30) para o vidro 300 g56. No atacado, o preço médio era de R$ 4,05. Comparando os preços do palmito no varejo, em dólares de 1998, com os preços em junho de 2002 anotados neste estudo, verificou-se que em 1998 eram cerca de três vezes maiores do que em 2002 e 200357. Em reais, os preços estavam cerca de 20% mais elevados em junho de 2002, número bem menor que a inflação de 55% (IGP–DI, FGV)58 acumulada no período de janeiro de 1998 a junho de 2002. O custo médio de produção era de R$ 3,60 vidro/tolete 300 g59 e o preço no atacado girava em torno de 60% do preço no varejo (SANTOS e CLEMENT, 1998). Santos e Clement (1998) afirmam que o estado de Santa Catarina, apesar 56 Palmito de primeira: R$ 20,00/kg A comparação deve ser ponderada, devido às fortes oscilações cambiais nos últimos cinco anos (antes de 2003). Em 1998 o real estava valorizado em relação ao dólar americano, pois em meados de 1998 o câmbio era: US$ 1,00 = R$ 1,15; ao final do ano era US$ 1,00 = R$ 1,32. Embora em 1998 tenha havido desvalorização de 50% do real frente ao dólar, a maior parte dos analistas a considerava insuficiente 58 Site dos Índices. Índices de Inflação. Disponível em: www.ai.com.br/pessoal/indices/indice. Acesso em: 21 ago. 2003. 59 Custo médio de produção para todas as marcas. No Anexo 2, reproduz-se a tabela apresentada pelos autores. 57 O Agronegócio do Palmito no Brasil 57 de estar a 4.500 km de Manaus, consegue colocar um vidro padrão de palmito em Manaus ao custo estimado de R$ 3,29, valor 22% menor que o da agroindústria local, que colocava o mesmo produto no mercado a R$ 3,97/vidro 300 g, e menor que o preço do produto de São Paulo e de Goiás. O palmito do Pará (distante 1.800 km) tinha o menor preço em Manaus. A maioria das agroindústrias define os preços pelas condições oportunísticas60 de mercado e não em planilhas de custo. Isso explicaria grande parte dos exagerados preços do produto nas gôndolas e o baixíssimo consumo per capita no Amazonas, em particular, e no restante do país. Comentam ainda que a maioria das agroindústrias não baseiam seus preços em planilhas de custos e simplesmente tentam obter o que puder do mercado. Concluem afirmando que para entrar no mercado, os produtores de palmito cultivado na Amazônia precisarão ser muito eficientes, reduzindo custos, usando a melhor tecnologia e encontrando novas formas de processar palmito que permitam agregar valor localmente. Essa conclusão confirma a necessidade de desmistificar a idéia de que pupunha ou outras espécies para palmito são plantas rústicas, “que vão bem” mesmo em condições pouco favoráveis, e que são muito rentáveis, devido ao pretenso pouco investimento em tecnologia que necessitam. Com relação à pupunha, não se podem descartar os cuidados agronômicos adequados à atividade com potencial produtivo elevado, mesmo na região em que a espécie é originária. 1.3.2 Apresentação do produto nas gôndolas O palmito envasado ocupava posição pouco privilegiada e arrumação desuniforme nas gôndolas dos principais supermercados de Manaus (Fig. 3). Em todas as lojas pesquisadas havia pó na tampa das latas e dos vidros, latas amassadas, com pontos de ferrugem, vidros com tampas e rótulos danificados e produtos envasados em agosto de 199961. 1.3.3 Estimativa de vendas As vendas de palmito nas redes dos três principais supermercados de Manaus foram estimadas em 7.100 cx/15 vidros/300 g/ano. De acordo com os entrevistados, os mercados menores, com menos de cinco caixas registradoras, 60 Termo sem conotação pejorativa. Entretanto, exploram-se oportunidades econômicas de um mercado ainda pouco estruturado, pelo lado do agricultor, principalmente. As margens de lucro e as exigências das redes de supermercados podem contribuir significativamente para a elevação dos preços do palmito. 61 Santos e Clement (1998) mencionam que o produto, em geral, não era bem cuidado e ocupava posições mal localizadas nas gôndolas dos mercados em Manaus. 58 Circular Técnica nº 130 Figura 3. Apresentação do palmito em supermercados de Manaus, em junho de 2002. vendem quantidades irrisórias de palmito. Não foi possível estimar a venda do produto em latas e potões, porém vende-se pouco produto embalado dessa forma. As maiores redes comercializavam 32 t/ano em embalagens com 300 g, estimativa 26% menor do que uma realizada por Santos e Clement (1998), que aponta consumo de 40,3 t/ano em Manaus. Os mesmos autores afirmam que o valor do palmito comercializado em Manaus, em 1997, foi de R$ 806.780,00 (US$ 701.550,00). Do total, 74,3% eram oriundos do Amazonas e representavam 81,6 t de palmito produzido e processado no estado pela CAMES e Sharp, principalmente62. A maior parte do palmito comercializado em Manaus, em 1997, foi produzida no Amazonas. Os estados do Pará e Goiás foram os principais fornecedores do produto importado, participando com 15,1% e 6,1%. Situação que se reverteu nos anos de 2001 e 2002, quando praticamente todo o palmito disponível nos mercados de Manaus era importado, principalmente do Pará. 62 Tomando-se apenas o valor do palmito processado (R$ 806.780,00) e dividindo pela média do preço de venda nos mercados de Manaus (R$ 6,00/vidro/300 g), foram comercializadas 8.964 caixas de palmito/vidros 300g (40,3 t). Porém, o volume citado (81,6 t) equivale a 18.133 caixas com vidros de 300 g de palmito. Como o produto do estado representa 74,3% do valor total comercializado, supõe-se que se tenha vendido mais 25,7% (produto importado) o que somaria mais 4.660 caixas. Assim, em 1997 foram comercializadas 22.793 caixas de palmito/vidros 300 g, ou 102,6 t, o que diverge bastante da quantidade estimada por este estudo para 2001 (32 t). Houve problemas metodológicos ou foram desconsideradas possíveis exportações e outras formas de comercialização. O Agronegócio do Palmito no Brasil 59 1.4 Comentários Gerais O agronegócio do palmito passa por grandes dificuldades no Amazonas: a) Tanto o mercado local quanto o regional não têm tradição em consumir palmito e aos preços atuais é muito difícil desenvolver o hábito do consumo; b) As tentativas bem sucedidas de exportação para o exterior e para o mercado do Sul do país não tiveram continuidade, pois não há produção suficiente; c) Quase todo o palmito vendido pelas grandes e médias redes de supermercados em Manaus é de açaí, importado do Pará; d) A embalagem (vidros e tampas) é importada do Nordeste (Pernambuco) e do Sul do país, encarecendo significativamente o produto final63; e) Embora com histórico de produtividade razoável, há anos em que a falta de chuva prejudica o desenvolvimento pleno das palmeiras. No verão amazonense não é incomum dois ou três meses de estiagem; f) O baixo sucesso da atividade no Amazonas se deu porque grande parte dos projetos foram idealizados tendo a produção de palmito como atividade menos importante, no conjunto das suas atividades64; g) Uma opção seria a especialização na produção de sementes germinadas e plântulas65; h) Há bastante palmeira-real para ornamentação em Manaus, mas com baixo desenvolvimento das plantas e redução do estipe. 2 PARÁ 2.1 A Atividade no Estado A extração de palmito com fim comercial no Pará teve início na década de 60, mas tomou vulto no início dos anos 70, impulsionada por empresários do ramo, oriundos de Santa Catarina. Já nesse período, o Pará se tornou o maior produtor do país, participando com cerca de 80% da produção nacional (RODRIGUES e MIRANDA, 2001). 63 Um ex-gerente de agroindústria afirmou que o vidro para 300 g, com tampa, custava R$ 1,80 (cerca de US$ 1,10) no ano de 1999. É possível que haja algum exagero nessa informação ou que conjunturalmente o preço estivesse demasiado elevado. 64 Segundo Clement (2004), Sharp e Semp-Toshiba receberiam subsídios para a sua atividade principal (eletroeletrônicos) se investissem em agricultura. Todas as empresas, entretanto, tiveram o palmito como mais um projeto – nenhuma o assumiu como projeto principal – conseqüentemente, não se especializaram no ramo. 65 Atualmente a forma mais usual de aquisição de mudas pelos produtores do Vale do Ribeira, em São Paulo, como se poderá ver adiante no tópico que trata do agronegócio na região. 60 Circular Técnica nº 130 Segundo dados oficiais, o Pará é o maior produtor de palmito do país, com 95% do total da produção. O produto é obtido principalmente de palmeiras de açaí (E. oleracea). Embora a espécie exista em toda a Amazônia, os açaizais mais densos estão no delta do Rio Amazonas (Fig. 4), dispersos em uma área estimada em torno de um milhão de hectares (NOGUEIRA e HOMMA, 2000). No Sul do Pará existem palmeiras de Euterpe precatoria exploradas comercialmente para palmito, mas não se têm dados relativos à abrangência em área e importância econômica. Com relação às condições da exploração e produção do palmito no Pará e no Amapá há diferentes situações, predominando o extrativismo sem planos de manejo. Porém, devido ao maior rigor na aplicação da legislação ambiental, às exigências sanitárias, a mercados mais exigentes (orgânico e ecológico) e o risco de exaustão dos açaizais, há um processo de reversão do modo extrativo tradicional para planos de manejo mais adequados, em termos ambientais e econômicos. A realização do Simpósio de Avaliação sobre o Manejo, Industrialização, Comercialização e Legislação de Frutos e Palmito de Euterpe oleracea Mart. (açaizeiro/palmiteiro) na sede do IBAMA em Belém-PA, em 19/06/2002, confirma a importância dessa mudança e aponta rumos para a atividade. O simpósio teve como finalidade reunir o público interessado na produção, Figura 4. Área estimada de açaí no delta do Rio Amazonas. Fonte: Nogueira e Homma (2000) O Agronegócio do Palmito no Brasil 61 industrialização e comercialização de frutos e palmito de Euterpe oleracea Mart, para discutir a melhor forma de manejar os açaizais e definir uma legislação que possa ser plenamente atendida pelos pequenos produtores (ribeirinhos), ao mesmo tempo em que garanta a sustentabilidade ecológica da espécie. Participaram proprietários de importantes agroindústrias, técnicos do IBAMA, de universidades locais e da EMBRAPA Amazônia Oriental66. No Pará e no Amapá, o açaí exerce importante função na geração de renda, emprego e no valor das exportações internas e externas. O palmito é o quarto produto na pauta de exportações vegetais do Pará, ficando atrás apenas da madeira, pimenta-do-reino e castanha-do-pará. Para o mercado exterior do estado é mais importante o palmito, já para o mercado interno, a polpa do fruto é muito valorizada67. A recente valorização do fruto criou tensão entre a atividade extrativa do fruto e a do palmito. Fato positivo, pois enfatiza a necessidade de planos de manejo, de diversificação de renda e de manutenção das reservas da espécie. Porém, se não é negativa, é menos favorável para o agronegócio do palmito, pois desloca as áreas de extração para mais longe do núcleo de Belém, que é o núcleo de exportação, encarecendo o produto68. 2.1.1 Área plantada Depois do açaí, a pupunha é a palmeira mais importante para a exploração do palmito69. As principais lavouras estão localizadas na região de Altamira e em municípios próximos a Belém. Há projetos em andamento também no Sul do estado, na região do município de Redenção e na Região Sudeste do Pará (PONTES et al., 2001). Segundo informações não oficiais, em junho de 2002 havia 3.550 ha plantados de pupunha, dos quais 2.800 ha com financiamento do BASA/FNO e da SUDAM/FINAM70. Os dados oficiais indicam que entre 1989 e 2000 foram financiados projetos no valor de R$ 1.963.000,00 pelo FNO e R$ 66 A EMBRAPA Amazônia Oriental (CPATU) atua na pesquisa de manejo e produção de palmito e frutos de açaí e outras palmáceas há mais de duas décadas. Destaca-se a equipe dos pesquisadores Oscar Nogueira e Alfredo Homma. 67 Estima-se que em Belém são comercializados 120 mil litros de polpa de açaí diariamente. As exportações de polpa congelada para outros estados do Brasil somam 180 t/mês. Em 2000 teriam sido produzidas 156.046 t de frutos de açaí. Em sistemas de manejo (para obtenção de frutos), a partir do quarto ano pode-se ter renda líquida ad infinitum de R$ 700,00/ha (NOGUEIRA e HOMMA, 2000). 68 A coleta dos frutos deve ser próxima ao local de consumo, devido à perecibilidade do produto. 69 Faltam dados da extração de E. precatoria. 70 Até julho de 2000 o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) havia financiado planos de manejo em 10.887 ha de açaizais para mais de 5.000 produtores, visando à produção de frutos e de palmito (NOGUEIRA e HOMMA, 2000). 62 Circular Técnica nº 130 6.753.280,00 pelo FINAM (PONTES et al., 2001)71. A Tabela 26 apresenta a distribuição dos plantios em 2002, segundo dados não oficiais fornecidos por agentes do agronegócio do palmito no Pará. Parte dos projetos efetivamente implantados foram na forma de integração, isto é, com agricultores associados a agroindústrias72 mediante contrato. Além desses, Pontes et al. (2001) citam a instalação de um projeto de 180 ha de pupunha no município de Redenção, apto a produzir 3,5 mil potes/dia, em 2003. 2.1.2 Agroindústria A agroindústria paraense predomina no agronegócio do palmito, por meio do núcleo de 18 grandes indústrias (Anexo 3) centradas em Belém, as quais processam produto de todo o delta amazônico. Elas suprem a maior parte da demanda brasileira e quase a totalidade das exportações para outros países73. A dimensão do agronegócio do palmito no Pará pode ser visualizada por meio de informações obtidas em entrevistas no mês de junho de 2002: a) Uma das maiores empresas de Belém envasa 7.200 t/palmito/ano; b) No Pará, há outras cinco empresas com a mesma capacidade de produção e envase. As demais envasam menos palmito, mas totalizam 65 empresas legalizadas; Tabela 26. Área plantada com pupunha no Pará em 2002. Região/município Altamira Sapucaia Santa Izabel Vigia Outros Total 71 Área plantada (ha) 1.750 500 1.000 300 400 3.950 As informações obtidas nas entrevistas com agentes atuantes no agronegócio do palmito em Belém dão conta de que foram financiados projetos com recursos oficiais para plantar 10 milhões de palmeiras de pupunha. Essas ocupariam 2.000 ha em stand usual (5.000 plantas/ha), mas teriam sido plantadas apenas 3 milhões de mudas, suficientes para apenas 600 ha. Um pesquisador de instituição oficial estima que não há mais de 5.000 ha plantados com pupunha no Pará. Desses, cerca de 2.800 ha seriam projetos financiados com recursos da SUDAM. Os plantios de pupunha financiados pela SUDAM ao longo da Rodovia Transamazônica revelaram-se um mecanismo de corrupção, envolvendo um ex-governador e um ex-senador do Pará. 72 Pontes et al. (2001) citam outra forma de cooperação: as empresas de participação comunitária, nas quais várias pessoas interessadas (produtores, investidores) se reúnem, fazem contribuições regulares e ao final de um determinado período têm capital suficiente para a implantação de uma agroindústria. 73 Rodrigues e Miranda (2001) relacionam as 18 maiores empresas do Pará (Anexo 3), responsáveis por 98,8% das exportações para o exterior em 1997. O Agronegócio do Palmito no Brasil 63 c) Em 2001, a maior exportadora vendeu 863 toneladas para o exterior e a segunda exportou 442 toneladas. Segundo um industrial, em junho de 2002 o custo de produção da indústria estaria em torno de US$ 9,00 a caixa com 12 latas de 500 g (matéria-prima e embalagem), ou seja, custo de US$ 0,75/lata de palmito envasado (R$ 2,15 ao câmbio da época)74. O preço de venda estava entre US$ 12,00 e US$ 14,00. O custo total do vidro com 300 g (palmito de açaí) à época era elevado. Segundo o informante, o lucro da indústria proviria da venda do palmito picado, que não é remunerado ao fornecedor da matéria-prima. As principais empresas constituíram um sindicato (SINDIPALM) ativo na representação das questões inerentes aos diferentes ramos da atividade: extração do produto, aspectos ambientais, questões comerciais, fiscais, exportação, etc. Embora defasados, os dados apresentados por Nascimento e Moraes (1991) demonstram a real dimensão da agroindústria no Pará e ajudam a esclarecer os números reais de produção e extração do palmito no Brasil. Em 1991, havia 105 empresas divididas em três classes: grandes, médias e pequenas, comportando 486 fábricas distribuídas pelo Pará e Amapá75 (Tabela 27). Cada uma dessas classes produzia aproximadamente um terço das 145 mil toneladas de palmito da região, no ano de 199176. Essas informações são resultado de trabalho minucioso, com método adequado, anotando-se o volume de produção mensal de cada fábrica, o que permite aceitar suas estimativas Tabela 27. Número de empresas, de fábricas e produção de palmito no Pará e Amapá em 1991. Classe Grandes Médias Pequenas Total Nº empresas 10 18 77 Nº fábricas 170 162 154 Produção (t) 51.000 48.600 46.200 105 486 145.800 Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991) 74 A taxa de câmbio em junho de 2002 era US$ 1,00 = R$ 2,83. Segundo Nascimento e Moraes (1991), o valor médio (do preço de venda da fábrica) de uma lata de 500 g de palmito era de US$ 1,45, em 1991. Atualizado o valor de 1991 para junho de 2003, deveria estar em torno de US$ 2,00 (correção da inflação do dólar à taxa de 2,7% a.a. nos Estados Unidos). Como visto (informação de proprietário de fábrica), em junho de 2002 o preço de venda estava entre US$ 1,00 e US$ 1,17. 75 Um gerente-proprietário de importante agroindústria cita que atualmente existem 71 empresas registradas no Pará e que a atividade não é tão dinâmica quanto há dez anos, o que coincide com a época do estudo de Nascimento e Moraes (1991) (Tabela 27). Um dos motivos teria sido a diminuição das exportações. 76 Um proprietário de agroindústria de grande porte acredita que no Pará e no Amapá são produzidas 48.000t/ ano, valor não muito distante do dado oficial (41.714 t em 2001). Contudo, não se aproxima das estimativas mais acuradas (145.800 t) obtidas por Nascimento e Moraes (1991). 64 Circular Técnica nº 130 como válidas. Esses dados são bastante coerentes com os dados oficiais para os anos precedentes a 1987 e com as estimativas do IBGE para os anos subseqüentes (1988, 1989 e 1990)77. 2.2 Aspectos da Produção Os aspectos da produção no Pará não serão abordados neste tópico, por dois motivos: a) A atividade de cultivo da pupunha, como nas demais regiões, ainda não está estabelecida. Diferenças regionais, variações quanto às condições das lavouras, manejo, produção, produtividade e a dificuldade em obter dados fidedignos dificultam a caracterização da atividade78; b) A atividade extrativa e o manejo do açaí, principal espécie para palmito, estão bem caracterizados nos estudos dos pesquisadores da EMBRAPA Amazônia Oriental79, os quais demonstram haver muita variabilidade nas informações relativas à extração e produção. 2.2.1 Preços pagos ao agricultor As agroindústrias pagavam ao produtor, em junho de 2002, de R$ 0,30 a R$ 0,36/estipe de palmito80. Para encher uma lata de 500 g são necessárias três cabeças, o que corresponde a aproximadamente 170 g de palmito inteiro por estipe (não se remunera o palmito picado)81. 2.3 O Mercado De acordo com informações dos gerentes dos supermercados, o consumo de palmito em Belém e no estado é pequeno. Porém, baseados em avaliações do 77 As autoras trabalharam com os dados de produção oficiais do IBGE, disponíveis até 1986 e com as estimativas oficiais (de 1987 a 1989) que foram as mesmas para os três anos. Entretanto a produção informada pelo IBGE para 1989 (202.439 t) extrapolou excessivamente a estimativa de 142.060 t para o mesmo ano. 78 O “Estudo Exploratório da Cadeia Produtiva do Palmito de Pupunheira (Bactris gasipaes) no estado do Pará”, monografia de Pontes et al. (2001), apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, tem mais informações sobre a atividade no estado. 79 A EMBRAPA Amazônia Oriental tem trabalhado ativamente em projetos para o desenvolvimento da economia do açaí. Mais recentemente Rodrigues e Miranda (2001) estudaram os principais aspectos da cadeia produtiva do açaí no estado. 80 Na maioria dos casos trata-se de extratores de palmito. Os valores, em junho de 2002, giravam em torno de US$ 0,10/estipe ou cabeça. Segundo Nascimento e Moraes (1991), o preço pago pelas indústrias em 1991 era próximo de US$ 0,07 por cabeça. Corrigido pela inflação em dólares para 2002, daria entre US$ 0,09/US$ 0,10 = R$ 0,26/R$ 0,30. Assim, considerando a inflação em dólares, atualmente se paga aproximadamente o mesmo valor pelo palmito ao produtor/extrator. 81 Contudo, Nascimento e Moraes (1991) afirmam que são necessárias seis cabeças para encher uma lata de 500 g. O Agronegócio do Palmito no Brasil 65 histórico de vendas, afirmaram que é significativa a tendência de aumento do consumo e que o produto já é anunciado nas promoções dos jornais de ofertas das maiores redes. Ainda que, no geral, se repitam as condições pouco favoráveis de apresentação do produto como em Manaus, em Belém havia mais produto, as gôndolas estavam mais bem arrumadas e ocupavam melhores posições nas lojas, o que denota interesse em aumentar as vendas do produto82 (Fig. 5). 2.3.1 Marcas e preços nos supermercados Nos principais supermercados de Belém só havia palmito de açaí, com oferta quase exclusiva do produto em toletes. O preço era bem inferior em relação ao encontrado em Manaus. A Tabela 28 apresenta informações relativas à variação do preço médio em função da forma de apresentação do produto. 2.4 Comentários Gerais Os dados da produção de palmito na região são bastante variáveis em relação às fontes oficiais e extra-oficiais. Dentre estas (agroindústrias e técnicos, principalmente), também variam, embora as informações sejam oriundas de Figura 5. Apresentação do palmito nos supermercados de Belém em junho de 2002. 82 Todos os gerentes enfatizaram a importância do produto na composição e no potencial de aumento das vendas de palmito em suas lojas, ao contrário das afirmações dos gerentes entrevistados em outras cidades. 66 Circular Técnica nº 130 Tabela 28. Síntese das formas, número de marcas e preço de palmito nas principais redes de supermercados de Belém em junho de 2002. Formas/espécies Tolete -açaí-vidro Tolete -açaí-lata Picado-açaí-vidro Nº de marcas 12 3 1 Médio 14,82 18,45 11,07 Preço (R$/kg) Mínimo 12,43 17,73 - Máximo 17,80 20,33 - informantes qualificados. As informações são apresentadas de forma conjunta para os estados do Pará e do Amapá, pois a maior parte do produto extraído no Amapá é comercializada em Belém, fazendo parte das estatísticas do Pará83. A participação do Pará na produção nacional foi de 53% em 1973 e 62% em 1974. Nesses dois anos, a produção registrada no estado ficou em torno de 20.000 t, enquanto o país teria produzido 35.000 t, em média. Porém, estranhamente, em 1975 o Pará teria produzido 192.182 t, 96% da produção nacional de 200.154 t. Em 1976 foram registrados valores semelhantes, mas com produção pouco maior no estado e no país (RODRIGUES e MIRANDA, 2001). Em 1977, o Pará teria produzido apenas 29.801 t, 85% da produção nacional. Em 1978 e 1979 os números não se alteraram significativamente. Novo acréscimo ocorreu em 1980, quando o Pará teria produzido 110.125 t, 96% da produção do país. A produção elevada e a participação significativa do estado se mantiveram até 1989, quando produziu 201.395 t, 99,5% da produção nacional. Entre 1980 e 1989 o Pará produziu, a cada ano, mais de 90% do palmito brasileiro. Novamente ocorre diminuição significativa na produção paraense e na produção nacional, já que o estado domina o agronegócio do produto. Em 1990, foram produzidas apenas 25.995 t no Pará e 27.031 t no Brasil. Isso significa queda de 900% na produção entre 1989 e 1990. Dentre as explicações para tão significativas variações, são arroladas: a) Falha na coleta dos dados oficiais ou influência da nova divisão regional do Brasil, promulgada em 30/07/89 (IBGE, Resolução PR-510), que reordena os municípios a partir de 1989 por microrregiões geográficas e não mais por microrregiões homogêneas, o que pode ter desordenado a coleta de informações (RODRIGUES e MIRANDA, 2001); b) Desde a morte de Chico Mendes estão mais patentes as questões 83 É provável que 15% da produção assinalada como sendo dos dois estados seja obtida do Amapá, com tendência a aumentar, devido à escassez das palmeiras para corte na área do delta pertencente ao Pará, embora ainda haja importantes reservas de açaí em Marajó e nas demais ilhas do delta paraense. O Agronegócio do Palmito no Brasil 67 ambientais, a exploração e a ocupação irracional da Amazônia, assim como a necessidade de ações locais para uso menos predatório dos recursos naturais, como as palmeiras de açaí. HOMMA (2000) menciona que ocorreu uma profunda mudança no pensamento da sociedade brasileira quanto à necessidade de conservação e preservação da Amazônia84; c) A Carta de Gurupá-PA 85 – com repercussão em toda a região – que exige a interrupção e a diminuição do corte das palmeiras, reflete a preocupação de instituições não-governamentais e de prefeituras do delta do Amazonas com a diminuição dos estoques de palmeiras de açaí 86; d) Mourão (1999)87 cita como a instituição de uma nova dinâmica de usos dos açaizais, na qual a extração dos frutos de açaí passa a expressar uma aproximação do que ocorre na realidade e a do palmito aparecendo como uma atividade secundária. A ameaça à produção de frutos pode ser a razão mais plausível à proibição de cortes de palmeiras ocorridas em diversos municípios, que tiveram suas reservas exauridas na década de 198088. Há outras explicações que aparentam ser menos importantes individualmente, mas que no conjunto significam grande parte da variação observada, dentre elas a promulgação da Constituição Nacional de 1988, com maiores restrições à exploração dos recursos naturais de forma desordenada, a recessão na Europa e nos Estados Unidos, o câmbio desfavorável às exportações, os elevados preços do palmito no mercado interno, a conjuntura interna da economia devido ao Plano Collor, palmito produzido em um estado e rotulado em outro, etc. 84 Chico Mendes foi assassinado em dezembro de 1988, no Acre, e ficou conhecido em todo o mundo pela luta em defesa da Floresta Amazônica (HOMMA, 2000). 85 A Carta foi redigida no Seminário dos Trabalhadores Rurais de Gurupá em Busca de Alternativas, em 23 de setembro de 1990. 86 Clement (2004) não acredita que as explicações sejam as mais adequadas e que as questões dos itens (b) e (c) refletem mais as pressões sociológicas e psicológicas sobre os extratores, donos de palmitais e o IBAMA, mas não teriam impacto direto na produção e na comercialização. Contudo, explica a decisão do IBAMA em exigir o cumprimento da Lei Florestal e a execução dos planos de manejo. 87 Citado em Rodrigues e Miranda (2001). 88 Em referência à quebra da exportação de palmito entre 1992 e 1999, Nogueira e Homma (2000) comentam que a quebra de produção do palmito é decorrente da maior coleta de frutos, o que se reflete também na preservação dos açaizais nativos, já que a extração do palmito vinha provocando degradação da espécie. A importância do fruto do açaí aumentou a partir de 1995. 68 Circular Técnica nº 130 3 REGIÃO SUL DA BAHIA 3.1 A Atividade na Região No Sul da Bahia89 se extrai e envasa palmito nativo desde a década de 70, quando da instalação das agroindústrias oriundas de Santa Catarina. O cultivo de palmeiras para a produção de palmito começou no início dos anos 90, com lavouras de açaí e pupunha. A CEPLAC é a principal instituição apoiadora, atuando por meio do Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC) e do Centro de Extensão (CENEX), com equipes de pesquisadores e extensionistas atuando em projetos regionais90. Há projetos de produção de açaí também para coleta de frutos, com bom desenvolvimento agronômico e boas perspectivas de rendimento, e projetos de produção de palmito de juçara manejado, mas predominam e se expandem as lavouras de pupunha em áreas de pastagem e de cacau pouco produtivas91. A primeira agroindústria a envasar palmitos de cultivo teria sido a Unacau, localizada em Una92, em 1994. A recente retomada da produção do cacau – devido ao melhor controle das doenças nas lavouras e à elevação do preço – diminuiu o ritmo da expansão do palmito cultivado. Porém, a boa adaptação agronômica da pupunha, as características climáticas favoráveis, a disponibilidade de terras, as razoáveis perspectivas de mercado e a relativa proximidade dos mercados de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo indicam que a atividade tem boas perspectivas de expansão e sucesso na região93. 3.1.1 Área plantada Em julho de 2002, as lavouras de pupunha no Sul da Bahia estavam distribuídas entre 494 produtores em 30 municípios, sendo 1.311 ha em 89 A região possui economia agrícola fundamentada em: cacau – 49%; bovinos – 28%; banana – 4,7%; e côco-dabahia – 4% do valor bruto da produção em 1999 (HADDAD, 1999). 90 Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC). As referências para o estudo são os pesquisadores Ismael de Souza Rosa e Maria das Graças Parada, que atuam no suporte técnico para a implantação e desenvolvimento do agronegócio da pupunha na Região Sul da Bahia. 91 Segundo técnicos e gerentes de agroindústrias, apesar da relevância do custo da terra, não faz sentido a definição por áreas de baixa fertilidade para estabelecer lavouras comerciais de pupunha ou de palmeirareal. Por serem espécies perenes e de implantação cara, devem ocupar áreas nobres em fertilidade, facilidade de manejo, disponibilidade de água, etc. Caso contrário, dificilmente serão competitivas com áreas onde haja essas vantagens (Sul da Bahia, Vale do Ribeira, Litoral Norte de Santa Catarina, p. ex.). 92 Unacau – agroindústria que atua no agronegócio do cacau. 93 A limitação mais importante é a topografia, mais acidentada na parte norte da região, o que impede a mecanização em 54,5% da área (HADDAD, 1999). O Agronegócio do Palmito no Brasil 69 desenvolvimento (áreas ainda sem produção) e 1.672 ha em produção, no total de 2.983 ha de área cultivada (CEPLAC, 2002). Os dados de julho de 2002 não incluem os plantios recentes das agroindústrias de maior porte que se instalaram na região desde 1999. Estimase que haverá acréscimo de 400 ha plantados até julho de 2003. Essas novas lavouras, aliadas às projeções de intensificação da atividade, modificarão o perfil da região e confirmarão a crescente importância do agronegócio do palmito na Bahia. Segundo o gerente de produção de uma grande empresa, em março de 2003, o custo de implantação da pupunha estava em torno de R$ 6.000,00/ha94. 3.1.2 Agroindústria Existem oito agroindústrias de grande porte instaladas95 na Bahia: a) Agropecuária Cabruca b) Ambial c) Expropalm d) Inaceres e) Mafuz f) Natuvalle g) Santini h) Unacau A Inaceres e a Expropalm desenvolvem os projetos mais arrojados. A primeira tem 190 ha plantados e pretende ampliar mais 132 ha em área própria. A empresa projeta alcançar 2.400 ha em cinco anos, no sistema de parceria com produtores de porte médio (mais de 10 ha) para abastecer sua indústria. É associada à Inexpo, que produz palmito de pupunha no Equador em moldes semelhantes ao projetado para a região. A Expropalm projeta obter 4.200 ha plantados até 2008, com a mesma concepção da Inaceres, mas admitindo parceiros com menores áreas plantadas. Nestes dois casos, a produção se destina prioritariamente ao mercado interno. As lavouras estão planejadas para 7.200 plantas/ ha, ao invés das 5.000 usuais96. A Mafuz possui 90 ha plantados e a Agropecuária Cabruca produz palmito orgânico em Ilhéus e no extremo Sul da Bahia. 94 Em março de 2003 o câmbio era US$ 1,00 = R$ 3,38. Há projetos em andamento para novas agroindústrias de diversos portes na região. Os gerentes da empresa admitem produzir menos palmito por planta e de menor diâmetro, mas acreditam obter maior produtividade e rentabilidade com 7.200 plantas/ha (mesmo para o mercado interno, que prefere palmito de maior diâmetro). 95 96 70 Circular Técnica nº 130 3.2 Aspectos da Produção 3.2.1 Produtividade Os dados de produtividade informados variaram conforme as condições do ambiente físico, de manejo, etc. Como em outras regiões, ainda não há práticas de manejo homogêneas e eficazes. A produtividade do palmito de pupunha, observada em experimentos conduzidos pela CEPLAC em 2002, foi de 404 g por planta, assim distribuídos: basal – 44,5%; tolete – 37,0%; e apical – 18,5%. A Tabela 29 apresenta os dados de produtividade e de rendimento industrial esperado pela CEPLAC. 3.2.2 Preços pagos ao agricultor O palmito de pupunha era pago por haste (estipe) a preços que variavam de R$ 0,40 a R$ 0,70. O mais freqüente era R$ 0,50 por haste, cortada aos 16 meses após o plantio. São necessárias 1,5 a 1,7 hastes para um vidro de 300 g de palmito/tolete. Em janeiro de 2003, uma agroindústria pagou R$ 1,00/vidro de palmito tolete proveniente de palmeiras cortadas aos dois anos. A mesma empresa vendia palmito no mercado de São Paulo, onde mantém representante comercial, a R$ 50,00/caixa com 15 vidros97. Tabela 29. Produtividade e rendimento industrial esperado de palmito de pupunha. Espaçamento (m) 2x1 Plantas/ha 5.000 Hastes/ha 8.000 Preço Renda 1 R$/haste 0,48 R$/ha 3.840,00 Rendimento industrial hastes/vidro2 Produção de Palmito kg/ha 2,6 923 2,0 1.200 1,5 1.600 Fonte: CEPLAC (2002) 1 Em julho de 2002 o câmbio era US$ 1,00 = R$ 2,83 2 O rendimento de 2,6 hastes/vidro refere-se ao primeiro corte e, na seqüência, ao segundo e terceiro 97 Isso após ter conseguido a colocação do produto em uma rede de médio porte na capital. Para a colocação do produto, pagou R$ 300,00 por loja, mais 60 caixas de entrega inicial, sem remuneração. O Agronegócio do Palmito no Brasil 71 3.3 O Mercado Não foram realizadas visitas e entrevistas nos supermercados locais para avaliar preços, disposição do produto, etc. 3.4 Comentários Gerais Na Bahia, o desenvolvimento da atividade é incentivado por programas oficiais (Secretaria de Estado da Indústria e Comércio) e não-governamentais (Instituto de Desenvolvimento do Baixo Sul da Bahia) que apóiam o plantio e a instalação de agroindústrias em projetos integrados com prefeituras, agricultores, CEPLAC e outras instituições. Contudo, a extração e o envase clandestino de palmito de juçara ainda é relevante. No Sul da Bahia há cerca de 200.000 ha de terras disponíveis para novas lavouras, em substituição a pastagens e lavouras de cacau com baixa produtividade. Embora com restrições quanto à topografia, cerca de 70,5% da terra é de média a alta fertilidade, com precipitação pluviométrica de até 2.000 mm na faixa litorânea. Ainda que a questão ambiental imponha restrições à expansão das lavouras de palmito como monocultura, é possível a realização da atividade de modo economicamente viável e ambientalmente sustentável (HADDAD,1999). 4 ESPÍRITO SANTO 4.1 A Atividade no Estado No Espírito Santo, o consumo de palmito in natura ou minimamente processado é tradicional em tortas (especialmente na Semana Santa), em conservas caseiras e saladas. O produto era obtido principalmente do extrativismo de juçara e indaiá, mas atualmente provém de plantas de pupunha e de palmeira-real. A produção e a industrialização do palmito cultivado ocorre na microrregião (MR) 08 (Linhares), na MR 10 (Nova Venécia), ao Norte do estado, e na MR 01 (Afonso Cláudio), localizada ao Sul, que compreende a região serrana, no entorno do município de Venda Nova do Imigrante98. No município litorâneo de Guarapari (Litoral Sul) também há lavouras de pupunha, mas com menor número de produtores e em áreas menores. 98 O município sedia um dos Centros Regionais de Desenvolvimento Rural (CRDR/Centro Serrano) do Instituto de Pesquisa e Extensão Rural do Estado do Espírito Santo (INCAPER, Ex-EMCAPA) que apóia o desenvolvimento da atividade. A referência nesse CRDR é o pesquisador Cesar Teixeira. 72 Circular Técnica nº 130 O início do cultivo e a industrialização de palmito ocorreram em 1989, na região de São Mateus, com projeto da Coimex Fazendas Ecológicas S/A. Em 1992, a empresa já havia plantado 50 ha de pupunha e a fábrica estava apta a operar. Atualmente, possui cerca de 450 ha de pupunha plantados em duas fazendas na região, 90% dos quais irrigados99. A Coimex envasa palmito com as marcas Carrefour e PAPS100. Em 2000, a Abiko Agroindustrial, outra empresa de porte, implantou um projeto com 100 ha de pupunha irrigados no município de Linhares, com destinação de venda in natura para os mercados de São Paulo e Rio de Janeiro. O projeto está em funcionamento e visa principalmente ao mercado da cidade do Rio de Janeiro. Além dessas empresas, a Agroindústria Betanorte tentou recentemente implantar projeto de grande porte, com lavoura e agroindústria próprias no município de Jaguaré (Norte do estado), entretanto a empresa não chegou a funcionar. A tendência dos empresários e dos pesquisadores do INCAPER/CRDRCentro Serrano é intensificar a atividade na região serrana e no Centro-Sul, em Venda Nova e arredores. São regiões de clima mais ameno que no Norte e, embora com baixas temperaturas no inverno (entre 110C e 130C) devido à altitude (entre 450 m e 850 m), não geia e a precipitação média anual é de 2.200 mm, bem distribuídos durante o ano (TEIXEIRA e PAIVA, 1997). Os plantios foram iniciados com lavouras de pupunha em 1994, com o apoio do INCAPER e do FUNDAP101. Hoje tendem a se localizar nos municípios do litoral, mais quentes e próximos aos bons mercados (praias) para o produto in natura. Nos municípios serranos, predominam e se disseminam plantios de pequeno porte com pupunha e palmeira-real. Contudo, está em curso a montagem de projetos de maior porte – porte médio, se comparados à Coimex – com a instalação de agroindústrias no esquema de plantio próprio e em parceria com agricultores. 4.1.1 Área plantada De acordo com dados oficiais, em 2001 havia 700 ha com palmeiras 99 A empresa possui mais 75 ha de açaí em floresta nativa e 84 ha de açaí consorciado com seringueira (Cf. Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo, citado em ESPÍRITO SANTO, 2001). Pão de Açúcar Produtos Selecionados (PAPS). 101 Em 1990, a Secretaria de Estado da Agricultura lançou o Programa de Desenvolvimento da Cultura de Palmáceas Produtoras de Palmito no Espírito Santo (PROPALM). O FUNDAP aporta recursos em projetos de desenvolvimento da Agropecuária do Estado do Espírito Santo. 100 O Agronegócio do Palmito no Brasil 73 cultivadas, sendo a maioria delas de pupunha, entretanto havia também juçara, açaí e palmeira-real (ESPÍRITO SANTO, 2001). Em estimativa não oficial, calcularam-se mais 4 milhões de mudas plantadas de palmeira-real nos dois últimos anos, cerca de 200 ha a mais. As lavouras de palmeiras para palmito, no Norte do estado, não se expandiram significativamente desde a instalação dos primeiros projetos, pois a falta de água e a baixa qualidade desta para irrigação impediram a expansão. No extremo Sul da Bahia e no Norte do Espírito Santo há mais de 15 anos ocorrem períodos mais ou menos longos de estiagem. Além disso, o custo da energia elétrica para irrigação é elevado e em muitos casos a água é ferruginosa, prejudicando o equipamento de irrigação. De acordo com o gerente da Coimex, a produtividade nas áreas foi reduzida à metade nos últimos dois anos, devido à estiagem e à falta de água para irrigação. Embora haja terras disponíves no Norte do estado, a maior parte delas é de baixa fertilidade, ocupadas por pastagens degradadas ou por Eucalyptus para celulose. As de maior fertilidade são ocupadas por plantios de cana, mamão, seringueira, pimenta-do-reino, macadâmia e abacaxi. 4.1.2 Agroindústria Segundo o gerente da Coimex falta matéria-prima para manter os contratos de fornecimento, devido à queda da produtividade das lavouras por falta de água para irrigação. A estimativa do consumo de palmito envasado, realizada por um grupo de empresários em estudo prévio à instalação de agroindústria própria, é de que no Espírito Santo são consumidas anualmente 10.800 t do produto. Os empresários da região de Venda Nova acreditam que o agronegócio do palmito é bastante promissor para o mercado local (in natura e em conserva) e para exportação102. Em Venda Nova do Imigrante, na região serrana, há duas pequenas agroindústrias em funcionamento e uma terceira, de maior porte, sendo montada. Na região de Venda Nova e nos municípios litorâneos, a comercialização de palmito in natura é significativa, em particular na Semana Santa e nas demais épocas festivas. Produtores e vendedores mais ou menos especializados, comercializam diretamente com restaurantes e particulares. Um deles vende em média 100 kg de palmito por semana, em pacotes plásticos com 1 kg. 102 Há projeto de construção de um aeroporto privado (um consórcio de empresas) na região, destinado principalmente à exportação de produtos regionais (dentre eles o palmito) e ao transporte de turistas. 74 Circular Técnica nº 130 Compra a haste por R$ 2,00, prepara, embala e vende o produto refrigerado a R$ 5,00/kg. Informou que venderia três ou quatro vezes mais se houvesse produto de boa qualidade e fornecimento constante. A Abiko, de Linhares, vende o produto in natura na cidade do Rio de Janeiro a R$ 5,00/kg, embalado em bandejas de isopor, refrigerado e, segundo o informante, não supre a demanda. Além da utilização das palmeiras cultivadas, principalmente com a pupunha, há ainda a exploração e comercialização in natura do palmito indaiá (Attalea dubia) (Fig. 6). 4.2 Aspectos da Produção 4.2.1 Produtividade A produtividade média do palmito na Coimex é de 1,6 vidro/haste (tolete + picado), com rendimento de 30% em toletes103. Em experimentos de produtividade de pupunha conduzidos pela Coimex verificou-se que a média por planta foi de 495 g de palmito, sendo basal – 50%; tolete – 35%; e apical – 15% (CEPLAC, 2002). Figura 6. Comercialização in natura do palmito indaiá no Espírito Santo em março de 2003. 103 Os cortes das palmeiras ocorrem a cada 8 meses. É economicamente viável uma planta rendendo um vidro de palmito a cada 8 meses, desde que se produza e envase palmito próprio. O Agronegócio do Palmito no Brasil 75 4.2.2 Preços pagos ao agricultor Predomina ainda a comercialização in natura, com grande variabilidade de fornecedores e de preços conforme a época (Semana Santa e outras festas). O valor pago depende também do tamanho da haste. A maior parte da produção para envase é de palmeiras das próprias indústrias. O preço pago ao agricultor por haste de pupunha, que rende 1 kg de palmito total, em março de 2003 variava entre R$ 2,00 e R$ 2,50104. 4.3 O Mercado 4.3.1 Marcas e preços nos supermercados As informações são de um único supermercado, pertencente a uma grande rede internacional (Tabela 30). A freqüência das marcas do palmito de açaí e de pupunha é a mesma, sendo este oriundo da Coimex, maior agroindústria do estado, e da Ambial, do Sul da Bahia. Na loja, além das prateleiras centrais, havia outras pequenas prateleiras ao final de um corredor com vidros de palmito dispersos e misturados a outras conservas. A apresentação do produto não era adequada, havia latas amassadas e com poeira nas tampas. O gerente informou que o palmito natural (em hastes) tem boa saída na Semana Santa, sendo que na última (2002) foram vendidas cerca de 5.000 hastes selecionadas – de tamanho maior – a R$ 4,99 cada. Tabela 30. Síntese das formas/espécies, número de marcas e preços de palmito na principal rede de supermercados em Vila Velha, em março de 2003. Formas/espécies Tolete -açaí-vidro Tolete -pupunha-vidro Tolete -açaí-lata Picado-pupunha-vidro Fatiado-pupunha-vidro Rodela-pupunha-vidro 104 Nº de marcas 3 2 2 1 1 1 Médio 23,32 22,00 28,90 11,33 19,20 22,00 Preço (R$/kg) Mínimo 20,33 18,96 28,00 - Máximo 26,30 24,96 29,80 - Para esse tipo de mercado – venda in natura de um produto bastante apreciado na região – obtém-se o palmito de plantas mais desenvolvidas, em geral de lavouras menos extensas (0,5 ha, 1,0 ha, 1,5 ha) e mais bem cuidadas. Um comprador que prepara e revende o produto informou que 100 estipes de pupunha renderam apenas 55 kg de palmito (esperava rendimento de 100 kg, de tolete + basal + apical); o produto foi vendido a R$ 5,00/kg sem diferenciação de tipo, pois todo o palmito, não só o tolete, é muito valorizado para tortas e pastéis. 76 Circular Técnica nº 130 4.4 Comentários Gerais No Espírito Santo há duas situações relacionadas ao desenvolvimento da atividade: a) Certa euforia, como em Santa Catarina, de agricultores e empresários da região serrana, com ênfase na expansão das lavouras de palmeirareal, devido à boa adaptação agronômica dessa palmeira, ao apoio oficial para o desenvolvimento da atividade105 e às perspectivas de mercado – particularmente para o produto in natura – o que favoreceria os plantios de pupunha, mas não exclui as possibilidades da palmeira-real; b) Quadro de dificuldades para a manutenção e expansão dos projetos implantados no Norte do estado, devido a condições climáticas (seca, qualidade da água e custo da irrigação) e de ordem estrutural (aumento do preço da terra e da mão-de-obra). 5 RIO DE JANEIRO 5.1 A Atividade no Estado A produção de palmito cultivado no Rio de Janeiro teve início em 1993, no Centro-Sul do estado, em Cachoeiras de Macacu, com lavouras de pupunha, embora tenha ocorrido nos dois últimos anos (2002 e 2003) a expansão da atividade com plantios de palmeira-real106. Atualmente há lavouras de palmito em todas as regiões (exceto de pupunha nas regiões serranas). A produção é para venda in natura e aparentemente há especialização dos produtores e demanda significativa e crescente na capital do estado. A comercialização está bem organizada e o produto é embalado em bandejas de isopor e em sacos plásticos (500 g e 1 kg), vendido em alguns supermercados, em butiques de alimentos e servido em churrascarias e restaurantes finos. 5.1.1 Área plantada Em 2001, predominavam pequenas lavouras, somando apenas 213 ha (EMATER-RJ, 2002). Estimou-se que em março de 2003 houvesse cerca de 300 ha plantados no estado107. No Anexo 4 são apresentados dados de área plantada e distribuição das lavouras de pupunha no Rio de Janeiro. Não há informação das áreas de lavouras com palmeira-real. 105 Programas do estado, como o Programa de Desenvolvimento da Cultura de Palmáceas Produtoras de Palmito no Espírito Santo (PROPALM) e os projetos de pesquisa do INCAPER em Venda Nova. As informações para estabelecer as primeiras lavouras foram obtidas na Coimex. 107 Época das entrevistas para o estudo, no Rio de Janeiro. 106 O Agronegócio do Palmito no Brasil 77 5.1.2 Agroindústria De acordo com informação oficial, existe apenas uma pequena agroindústria no estado, pertencente a um empreendimento de turismo – Hotel Fazenda do Frade – situado no litoral Sul, em Parati. A empresa não envasa o produto, apenas vende palmito in natura. Porém, como em outras regiões, há extração e envase clandestino. 5.2 Aspectos da Produção Não foram obtidas informações para comentar os aspectos da produção. Embora a atividade esteja pouco desenvolvida em área e volume, há uma tendência de expansão dos plantios de pupunha, principalmente para a comercialização in natura. Ainda que em pequena escala, existem pólos de produção, relativamente bem organizados, em alguns municípios litorâneos, com o apoio da EMATER-RJ. Além de ser um mercado efetivamente grande, o potencial de crescimento da demanda na cidade do Rio de Janeiro reforça as possibilidades de expansão da atividade. 5.3 O Mercado O mercado da região metropolitana do Rio de Janeiro é o segundo em potencial de consumo no país108. Ainda assim, nos supermercados visitados a apresentação e os cuidados com o produto nas gôndolas não correspondem à sua importância. Embora não houvesse latas amassadas, poeira nas tampas ou rótulos danificados, a posição das gôndolas e a disposição do produto nas prateleiras eram pouco favoráveis à observação e à aquisição do produto. As churrascarias e os restaurantes finos da região do Grande Rio são grandes compradores de palmito em potões, mercado cativo das agroindústrias de Santa Catarina. Também não foram obtidas informações sobre o mercado de palmito in natura e minimamente processado. 5.3.1 Marcas e preços nos supermercados Das 36 marcas e formas de apresentação do palmito, 86% eram de açaí (Tabela 31). O preço do vidro de 300 g de açaí tolete variou de R$ 13,97 a R$ 108 Das nove regiões metropolitanas, a do Rio de Janeiro é a segunda em população, com 11 milhões de habitantes em 2000 (RM de São Paulo – 18 milhões). Em 2002, ocupava a quarta posição em valor do rendimento médio mensal por família residente, com R$ 1.383,00 (1º – RM São Paulo com R$ 1.669,00; 2º – RM Curitiba com R$ 1.476,00; 3º – RM Porto Alegre com R$ 1.456,00) [Tabelas 194 e 202, IBGE (2003)]. 78 Circular Técnica nº 130 20,83/kg. Na mesma forma, o preço da pupunha era bem mais elevado, variando de R$ 18,50 a R$ 33,00/kg. 5.4 Comentários Gerais O Rio de Janeiro não apresenta indícios de que será um produtor importante de palmito cultivado, pois embora possua grande faixa litorânea, clima e regime de chuvas bastante favoráveis, o preço e a valorização da terra, e a questão ambiental tendem a diminuir as possíveis vantagens naturais e estruturais (vias de transporte, mercado próximo, etc.). Parece que a grande oportunidade é a produção para venda in natura e minimamente processado, em diversas formas de apresentação, visto o grande potencial de consumo de residentes e de turistas na cidade do Rio de Janeiro. Dada a importância do mercado consumidor no estado, justificam-se estudos mais elaborados a respeito do agronegócio do palmito. 6 SÃO PAULO 6.1 A Atividade no Estado O cultivo de palmeiras para palmito em São Paulo está disseminado por todas as regiões de clima quente. Embora faltem informações conclusivas, há projetos importantes na Região Oeste – na área de influência da UNESP de Ilha Solteira109, que há alguns anos pesquisa e apóia o desenvolvimento da atividade – no planalto central, na região de Avaré e no Vale do Ribeira (Litoral Sul do estado), sendo esta a região mais importante em termos de lavouras plantadas e agroindústrias em funcionamento. Tabela 31. Síntese das formas/espécies, número de marcas e preços de palmito nas principais redes de supermercados no Rio de Janeiro e Niterói em março de 2003. Formas/espécies Tolete -açaí-vidro Tolete -pupunha-vidro Tolet e-açaí-lata Picado-açaí-vidro Fatiado-pupunha-vidro Couvert-pupunha-vidro Picles-açaí-vidro 109 Nº de marcas 22 3 2 7 1 1 1 Médio 19,16 23,33 27,30 14,65 16,30 22,00 27,60 Preço (R$/kg) Mínimo 13,97 18,50 16,78 12,30 - Máximo 20,83 33,00 37,00 18,50 - A referência na UNESP/Ilha Solteira é o Prof. Fernando Tangerino; na UNESP/Jaboticabal é o Prof. José Roberto Moro. O Agronegócio do Palmito no Brasil 79 O cultivo comercial de palmeiras para palmito no Vale do Ribeira teve início em 1993, com lavouras de pupunha implantadas com o apoio do IAC e da CATI110. Nessa região e no Litoral Sul de São Paulo a atividade extrativa é antiga e importante em termos econômicos e ambientais111. Como no Sul da Bahia, os projetos agroindustriais tendem à produção em áreas próprias e em parceria com produtores associados. Predominam largamente as lavouras de pupunha, mas há umas poucas lavouras de palmeirareal, de palmeiras híbridas de juçara e de açaí (resultado das pesquisas do IAC). No Vale do Ribeira, no litoral do estado e no planalto do Rio Turvo (este pertencente a São Paulo e Paraná) é importante a produção de palmito nativo em áreas com planos de manejo112. 6.1.1 Área plantada Semelhante a outras regiões com lavouras em expansão, no Vale do Ribeira as lavouras com pupunha tendem a ocupar áreas antes usadas para atividades menos produtivas, em substituição a bananais e pastagens, principalmente. Estima-se que haja entre 3.500 e 4.000 ha plantados com pupunha em 14 dos 17 municípios da região. A maioria da atividade está concentrada em oito municípios113. É nessa região que a atividade parece estar mais estruturada, em termos de área plantada, agroindústrias envasando palmito cultivado, assistência técnica e uso eficaz de tecnologia. O fato de ser um pólo produtor de banana, com elevada competitividade, induz à realização de projetos em moldes empresariais, com menor grau de improvisação. Um exemplo é o posicionamento dos técnicos das instituições oficiais, que não validam a idéia de que a pupunha 110 O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) estuda palmeiras para palmito desde 1973, com importante base física na Estação de Pesquisa de Pariquera-Açu, próxima à cidade de Registro. Destaca-se o trabalho da pesquisadora Marilene Bovi como uma das precursoras no desenvolvimento das pesquisas com juçara, pupunha e açaí. Destaca-se também o trabalho dos pesquisadores do ITAL/Campinas na industrialização do palmito (pesquisa, treinamento de técnicos para as indústrias, padronização, etc.), e a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – CATI EDR/Registro, com a atuação dos técnicos Luís Gustavo Ferreira e Nelson Basílio da Silva, no Vale do Ribeira. 111 Assim como na faixa litorânea de Mata Atlântica de São Paulo, Santa Catarina e Paraná, na região predominava o extrativismo do palmito juçara. As primeiras fábricas instalaram-se há mais de 40 anos, inicialmente por empresários oriundos de Santa Catarina. Uma das mais antigas (de proprietário nativo da região) funciona há mais de 30 anos. Embora as fábricas trabalhem com palmito cultivado e produto nativo de planos de manejo, o extrativismo ilegal ainda ocorre em larga escala. 112 Um técnico atuante no setor afirma que os projetos de manejo do palmito nativo são pouco viáveis economicamente. A maioria do produto ainda é retirada da mata de forma clandestina, ainda viável. A opinião desse, de outros técnicos e dos empresários é de que o palmito cultivado de pupunha vai predominar e será uma atividade econômica e ambientalmente sustentável. 113 As informações são de técnicos da CATI/EDR Registro. Há discordância, pois estimou-se a área plantada em 2.800 ha. A diferença pode ter ocorrido em função da falta de atualização da área plantada com os projetos mais recentes. 80 Circular Técnica nº 130 é uma espécie rústica, que não exige muitos cuidados agronômicos. Os resultados são os bons índices técnicos, de produtividade e produção, que se refletem nos resultados econômicos. 6.1.2 Agroindústria Quatro fábricas envasavam palmito de pupunha em 1996. Atualmente, 12 fábricas envasam o produto, a maioria com empreendimentos bem estruturados (sete são agroindústrias novas), envasando produto de boa qualidade e com boa inserção no mercado da capital do estado, notoriamente exigente em preço e qualidade114. Embora algumas trabalhem com outros produtos, como conservas de olerícolas (porém, menos que em Santa Catarina) e com palmito de juçara, a tendência é ter pupunha como produto principal ou exclusivo. Os preços médios115 de comercialização de palmito praticados pelas indústrias da região do Vale do Ribeira são apresentados na Tabela 32. 6.2 Aspectos da Produção 6.2.1 Produtividade A produtividade das lavouras de pupunha implantadas e conduzidas de modo adequado, com mudas perfeitas, terra com acidez corrigida, fertilização das lavouras e assistência técnica eficaz está em torno de 2.000 a 2.500 kg de palmito (500 g/planta), resultado do primeiro corte aos 24 meses após o plantio das mudas. É usual se cortar 5.000 plantas aos dois anos ou pouco mais. Neste caso, 60% da produção é de palmito basal. Nos cortes seguintes, a produtividade é praticamente a mesma, pois se corta 1,5 perfilhos por touceira a cada ano. Porém, aumenta a percentagem de palmito basal. 114 Assim como nas demais regiões onde há palmito nativo, há numerosas fábricas legalizadas e clandestinas envasando o produto. O Vale tem um diferencial positivo de localização, com vistas ao mercado de São Paulo e de Curitiba, devido à duplicação da rodovia que liga as duas capitais (aproximadamente 200 km de cada capital). 115 São exemplos de duas indústrias e refletem os preços médios na região. Uma é de grande porte, recém instalada; outra é das mais antigas e relativamente bem sucedida. Em novembro de 2002, o câmbio era US$ 1,00 = R$ 3,70. O Agronegócio do Palmito no Brasil 81 Tabela 32. Preços médios de palmito das indústrias da região do Vale do Ribeira (SP). Capacidade da caixa Peso unitário drenado Forma Preço (R$) cx kg Indústria A 1 15 vidros 6 latas 300 g 1,8 kg 15 vidros 300 g 6 potões 1,8 kg Toletes (nobre) 2 Picado (segunda) Indústria B3 Toletes (primeira) Rodelas (segunda) Picado Toletes 70,00 48,00 15,50 4,40 65,00 50,00 45,00 120,00 14,40 11,11 10,00 11,11 1 Indústria recém montada, com bom procedimento de preparação e envase do produto (um engenheiro químico em tempo integral). Processa aproximadamente 2.500 hastes/dia. 2 Na região são utilizadas as designações “nobre” e “primeira” para toletes e “segunda” para picado e rodelas. 3 Indústria estabelecida na região há mais de trinta anos, a primeira a envasar palmito de pupunha. Processa aproximadamente 3.000 hastes/dia. 6.2.2 Preços pagos ao agricultor Paga-se em torno de R$ 1,20/vidro 300 g/tolete e R$ 0,30/vidro 300 g/ picado ou R$ 1,80/kg de palmito total produzido116. Assim, a renda bruta do agricultor está entre R$ 3.600,00 e R$ 4.500,00/ha/ano. O custo de implantação de um hectare da lavoura varia de R$ 4.300,00 a R$ 5.500,00/ha, não incluído o custo de manutenção da lavouras117. 6.3 O Mercado 6.3.1 Marcas e preços nos supermercados Foram visitadas oito lojas das duas principais redes de supermercados da cidade de São Paulo. Dada a importância do mercado dessa cidade, no Anexo 1 são mostradas as informações por “bandeira” (Carrefour, Pão de Açúcar, Extra, Barateiro)118 para que se possa avaliar melhor as formas e as espécies em que o produto é apresentado, o número de marcas e os preços do palmito. 116 Uma agroindústria de maior porte pagava, em abril de 2003, R$ 4,00/kg de palmito tolete. O palmito de segunda (rodelas, picado) era pago a R$ 0,30/kg. O rendimento dos tipos do palmito é 70% de segunda e 30% de palmito tolete, sendo que o rendimento do produto tolete pode variar de 25% a 45%. 117 O custo menor refere-se a projetos bem elaborados, implantados em áreas apropriadas, com assistência técnica adequada. Na Região Oeste do estado, com necessidade de irrigação, o custo de implantação estaria em torno dos R$ 7.000,00/ha. 118 Extra e Barateiro fazem parte do grupo Pão-de-Açúcar. 82 Circular Técnica nº 130 Na Tabela 33 apresenta-se a síntese dessas informações e a variação do preço médio em função de formas/espécies. Nas lojas das maiores redes havia, na quase totalidade, açaí (57,4%) e pupunha (37,0%) à venda. O produto era ofertado principalmente em tolete, com baixa freqüência das outras formas. Havia pequena diferença entre os preços médios das espécies ofertadas. Entretanto, merece destaque a amplitude entre os preços mínimos e máximos do palmito de açaí e pupunha em tolete. Não foram obtidas informações do mercado do produto in natura na cidade de São Paulo, mas o Anexo 5 apresenta a relação de preços de palmito in natura comercializado na capital de São Paulo, obtida em agosto de 2001, por Chaimsohn (2001). Contudo, a forma in natura do produto é comercializada e, inegavelmente, tem enorme potencial de comercialização. Falta, entretanto, resolver grandes problemas como a logística, custos de distribuição, embalagem e conservação, escala de fornecimento, etc119. 6.3.2 Preços de palmito em Registro Os preços ao consumidor em Registro (Tabela 34), cidade de porte médio no Vale do Ribeira (SP), não são exorbitantes como os das grandes redes nas grandes cidades. O gerente de uma das lojas afirmou que é lucrativo vender aos preços vigentes. Tabela 33. Síntese das formas/espécies, número de marcas e preços (R$/kg) de palmito nas principais redes de supermercados da capital de São Paulo em novembro de 2002. Formas/espécies Tolete -açaí-vidro Tolete -pupunha-vidro Tolete -juçara-vidro Tolete -açaí-lata Tolete -juçara-lata Picado-açaí-vidro Picado-pupunha-vidro Toletinhos -açaí-vidro Toletinhos -pupunha-vidro Rodela-pupunha-vidro Couvert-pupunha-vidro 119 Nº de marcas 18 15 1 7 1 4 3 2 1 1 1 Médio 25,90 26,20 27,43 29,23 35,75 14,76 14,73 24,50 23,16 20,10 23,16 Preço (R$/kg) Mínimo 24,90 20,10 23,80 13,30 13,00 S/ preço - Máximo 35,66 33,00 38,00 17,00 17,30 - Conforme relato de experiência do produtor rural e empresário Ricardo Luiz de Oliveira, do município de Itariri (SP), no 1º Seminário sobre Palmito de Pupunha no Litoral Paulista, ocorrido em São Vicente (SP) de 16 a 19 de janeiro de 2003. 83 O Agronegócio do Palmito no Brasil Tabela 34. Marcas e preços de palmito em supermercados de porte médio em Registro (SP), em março de 2003. Marca Indústria Palmito da Serra Pupura Tuchê Savana ARFP - PA Forma/espécie Tolete - açaí Conservale – Registro - SP Picado - pupunha Conservale - Registro - SP Picado - pupunha Conservale - Registro - SP Picado - pupunha Preço (R$) Vidro/ R$/kg 300 g 4,82 16,06 3,12 2,90 3,19 10,40 9,66 10,63 Além do produto local, há palmito de açaí tolete a preço razoável. 6.3.3 Condições do produto nas gôndolas O mercado da cidade de São Paulo é formado por consumidores exigentes e o de maior consumo per capita de palmito do país, portanto muito disputado pelos fornecedores. Contudo, essas especificidades não se refletem em cuidados na apresentação do produto, na quase totalidade das lojas das redes de supermercados visitadas. Como visto na maioria das lojas das demais cidades, a disposição e a apresentação do produto são descuidadas. Em lojas menores, é usual a presença de poucas marcas e tipos. O produto fica pouco visível em meio a fileiras de outras conservas, sem padrão de apresentação. Em uma loja de grande rede, a primeira prateleira estava com latas de palmito, a segunda com vidros de palmito tolete e palmito picado. Em outra loja da mesma rede, a primeira prateleira estava com vidros de aspargos, a segunda com vidros de palmito em rodelas, palmito couvert e palmito tolete. Havia falhas nas prateleiras, pois os vidros retirados não eram repostos. Entretanto, não se observa o mesmo descuido nas gôndolas com produtos concorrentes (azeitonas, aspargos e cogumelos). Quanto ao palmito envasado em latas, apresenta as mesmas características das outras cidades analisadas, produto envasado há mais de um ano, latas amassadas e com bastante poeira na tampa superior. 6.4 Comentários Gerais Os comentários mais importantes dos técnicos, agricultores e gerentes de agroindústrias no Vale do Ribeira foram: 84 Circular Técnica nº 130 a) O modo mais comum de implantar projetos na região é preparar os viveiros de mudas a partir de sementes germinadas (plântulas de 3 cm a 6 cm) de germoplasma adquirido no Peru (transportado por avião). Um quilo contém cerca de 220 plântulas, ao custo de R$ 0,30 cada; b) Há falta de matéria-prima nas agroindústrias da região. Aparentemente, não devido ao incremento da demanda, mas à escassez do palmito extrativo em função da exaustão das reservas nativas e maior eficácia da fiscalização; c) Uma agroindústria não é viável se não tiver garantido o fornecimento de 500.000 estipes/ano; d) De modo semelhante à tendência em regiões de agricultura mais avançada, no Vale do Ribeira já se terceiriza parte das operações agrícolas em projetos para lavouras de maior porte. O mais usual é contratar o plantio à razão de R$ 0,15/muda120. 7 PARANÁ 7.1 A Atividade no Estado No Paraná, os plantios comerciais de palmeiras para palmito foram iniciados por volta de 1995, com lavouras de pupunha implantadas primeiramente no Litoral e na Região Noroeste do estado, ampliando-se para a região do Alto Ribeira (municípios de Cerro Azul e Adrianópolis)121. Nos últimos quatro anos, há forte tendência em ampliar a atividade com plantios de palmeira-real no litoral, no Alto Ribeira e em municípios da Região Norte (Londrina, principalmente) em função da escassez de sementes e mudas de pupunha, gerando preços elevados; do menor custo de implantação das lavouras de palmeira-real, pois as mudas são mais baratas; e da pretensa supremacia da qualidade desse palmito em relação ao de pupunha. A atividade começou e se desenvolveu de forma mais organizada no Litoral, em processo de parceria e fomento entre agricultores e uma agroindústria instalada em Guaraqueçaba, inicialmente com lavouras de pupunha122. Na seqüência, disseminaram-se as lavouras de palmeira em outros municípios (Morretes e Antonina, principalmente), com ênfase na palmeira-real. 120 Um projeto em execução à época do levantamento (novembro de 2004), contratou o plantio de 450.000 mudas de pupunha, a ser concluído até o fim de 2004. Ao empreiteiro cabe abrir as covas (usualmente com boca-de-lobo) e plantar as mudas. 121 O Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), iniciou pesquisas com pupunha e 40 outras espécies amazônicas em 1985 na Estação Experimental de Morretes (Litoral do estado), por meio do trabalho da pesquisadora Nancy Morsbach. 122 Até o ano de 2001 havia cerca de 30 agricultores no município de Guaraqueçaba. O Agronegócio do Palmito no Brasil 85 Em 2001, fundou-se uma associação de produtores de palmito com sede no município de Morretes (Litoral), que inicialmente se interessava apenas por palmeira-real. O objetivo, como nas demais associações do tipo, era organizar ações de apoio ao desenvolvimento da atividade e a instalação de agroindústria própria. Assim como no Sul da Bahia, São Paulo e Santa Catarina, em que há algum apoio das instituições oficiais de desenvolvimento rural, no Paraná a atividade é apoiada há algum tempo pelo IAPAR e pela EMATER, e mais recentemente pela EMBRAPA Florestas, Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Essas instituições, em conjunto, desenvolvem o projeto financiado pelo PRODETAB, citado na apresentação deste estudo. 7.1.1 Área plantada A área plantada em 2001 não chegava a 1.000 ha (Tabela 35). Exceto nas Regiões Norte e Noroeste prevalecem lavouras com palmeira-real. Contudo, nessas mesmas regiões já existem áreas significativas de palmeira-real recém implantadas e ainda não contabilizadas. Para 2002, foram estimados 830 ha plantados com palmeira-real e 463 ha com pupunha, somando 1.293 ha plantados em todo o estado (BELLETTINI, 2004). 7.1.2 Agroindústria123 O histórico da agroindústria do palmito no Brasil remonta a 1949, ano de instalação da primeira agroindústria no município de Guaraqueçaba, Litoral do Paraná124. Entretanto, há controvérsias, porquanto algumas das mais antigas Tabela 35. Área e número de produtores de palmito cultivado por região no Paraná em 2001. Região Ribeira Litoral Norte/Noroeste Total 123 Pupunha 36 108 164 308 Área (ha) Palmeira-real 293 281 574 Total 329 389 164 882 Nº de produtores Parte das informações contidas no item são oriundas do trabalho de Corso (2003). Rosetti (1988) afirma que em 1949 havia apenas duas agroindústrias no país, situadas no Paraná. 124 180 245 70 495 86 Circular Técnica nº 130 agroindústrias de Santa Catarina reivindicam a condição de primazia na atividade125. Há 11 indústrias registradas no estado, sendo nove no Litoral, uma na Região Noroeste e uma no Alto Ribeira (município de Adrianópolis)126. Os preços pagos pelos supermercados às agroindústrias para a caixa de palmito de juçara alcançou preços médios mais elevados que as das demais espécies (Tabela 36). A palmeira-real apresenta ligeiro diferencial para mais em relação ao açaí e ao palmito de pupunha. 7.2 Aspectos da Produção 7.2.1 Produtividade Chaimsohn e Durigan (2002) apresentam estimativa razoável da produtividade de palmeira-real e de pupunha em trabalho comparativo do rendimento econômico das duas espécies. É uma indicação bem fundamentada, pois refere-se a condições médias de lavouras do Litoral do Paraná, onde a dinâmica da atividade é grande e há o maior número de produtores e a maior área plantada. Os rendimentos são os seguintes127: a) Rendimento da pupunha · Primeiro corte: planta mãe, com 24 meses após o plantio (m.a.p.) = 4.000 hastes/ha (corte em 80% do estande); · Cortes subseqüentes: corte em 80% do estande (em 4.000 touceiras/ ha) x 1,8 hastes/touceira = 7.200 hastes/ha; · Preço médio do palmito = R$ 1,00/ peça; · Receita bruta: a) primeiro corte: R$ 4.000,00/ha; b) cortes subseqüentes: R$ 7.200,00/ha. Tabela 36. Preços pagos pelos supermercados de Curitiba às agroindústrias de palmito em dezembro de 20021. Espécie Juçara Palmeira-real Açaí Pupunha Preço (R$/cx/15 vidros/300g palmito tolete) Médio Mínimo Máximo 73,80 60,00 90,00 54,75 52,50 57,00 49,35 37,50 67,50 48,45 41,25 60,00 Fonte: Adaptado de Corso (2003) 1 Detalhamento no Anexo 6. 125 Conforme relato de proprietários de agroindústrias, no levantamento de dados para este estudo. Deve haver, ainda, um número significativo de envasadores clandestinos. 127 Considerou-se o preço médio pago pela indústria em 2002. O câmbio em dezembro de 2002 era US$ 1,00 = R$ 3,70. 126 O Agronegócio do Palmito no Brasil 87 b) Rendimento da palmeira-real · Corte com 36 a 48 m.a.p. = 13.333 hastes/ha (80% do estande); · Preço médio do palmito = R$ 1,00/peça; · Receita bruta: R$ 13.333,00/ha Em ambos os casos, a produtividade esperada pelos agricultores era de 750 g/palmito/haste, difícil de ocorrer para um número razoável de plantas. 7.2.2 Preços pagos ao agricultor No Paraná, os preços pagos ao agricultor são mais baixos que os de Santa Catarina e Vale do Ribeira (SP), embora mais elevados em relação ao que se paga no Sul da Bahia128. Assim como nas demais regiões, a variação e as condições que afetam a formação dos preços do palmito cultivado são grandes. O maior comprador, uma agroindústria do Litoral do Paraná, pagava entre R$ 1,00 e R$ 1,20 a haste de pupunha e de palmeira-real em março de 2003, com rendimento esperado de 750 g de palmito total. 7.3 O Mercado129 7.3.1 Marcas e preços nos supermercados Nos supermercados de Curitiba foram identificadas 92 marcas de palmito130. O produto mais freqüente e mais valorizado – o palmito de primeira/ tolete, em vidros de 300 g – era oferecido em 48 marcas: 50,0% açaí, 25,0% pupunha, 16,7% juçara e 8,3% palmeira-real (Tabela 37). Quanto à freqüência de todas as marcas por espécie de palmito, o açaí predomina com 50,7%, seguido da pupunha com 21,5%, juçara com 21,3%, e palmeira-real com 6,5% das marcas nos supermercados. As marcas provenientes dos estados do Pará (49,2%) e Santa Catarina (27,9%) representavam a maior parte (77,1%) das marcas encontradas nos supermercados de Curitiba. As marcas do Paraná representavam apenas 8,2% do total. 128 Um dos motivos é a concorrência do palmito extrativo, que força o preço para baixo. Os dados e parte das análises deste tópico são do trabalho de Corso (2003). 130 Refere-se a todas as marcas de palmito encontradas. Como a pesquisa de Corso (2003) abrangeu quase todos os supermercados mais importantes de Curitiba, aparece um número também maior de marcas. Também em Curitiba pode haver de fato um número maior de marcas de palmito no mercado. Além das marcas em palmito tolete/ vidros 300 g, foram registradas 26 marcas em palmito/picado/vidros 300 g, 5 em palmito/tolete/latas 500 g, 4 em tolete/vidros 180 g, 4 em tolete/vidros 1.800 g, 3 em tolete/vidros 500 g e 2 em tolete/vidros 1.200 g. 129 88 Circular Técnica nº 130 Tabela 37. Síntese das formas/espécies, número de marcas e preços de palmito nas principais redes de supermercados de Curitiba em dezembro de 20021. Formas/espécies Tolete -açaí-vidro Tolete -pupunha-vidro Tolete -juçara-vidro Tolete -palmeira-real-vidro Tolete -açaí-lata Picado-açaí-vidro Picado-pupunha-vidro Picado-juçara-vidro Picado-palmeira-real-vidro Nº de marcas 24 12 8 4 5 14 7 4 1 Médio 20,40 20,33 23,17 20,47 25,39 12,63 12,07 16,57 11,67 Preço (R$/kg) Mínimo 12,50 11,30 16,97 15,50 11,70 8,13 8,37 11,97 - Máximo 32,16 35,30 29,16 24,00 36,20 18,27 17,53 22,07 - Fonte: Adaptado de Corso (2003) 1 Detalhamento sobre marcas e procedência no mercado de Curitiba no Anexo 7 O preço médio do palmito tolete estava em torno de R$ 21,00, com ligeiro destaque para o palmito de juçara, em média 15% maior que as outras espécies e com preços mais elevados nas demais categorias de preço (mínimo e máximo). As exceções são os preços máximos do palmito tolete de açaí e de pupunha das três marcas que sempre apresentam os preços mais altos: Gini e Hemmer (açaí) e Bonduelle (pupunha). Como nos demais casos, o palmito em latas apresentava valor mais elevado. 7.4 Comentários Gerais Os custos para colocar e manter o produto nos supermercados, como “enxoval”, aniversário de loja, desconto fidelidade, “rappel” e “rappel escalão” são citados como abusivos. Em Curitiba, a única rede que confirmou cobrar por espaço em gôndolas foi a Sonae, por meio de contrato para espaços em pontas de gôndolas e mídia. Porém, poucas empresas solicitam pontas de gôndola, com destaque para a marca Gini. No Big (Grupo Sonae), o valor para pontas de gôndola é de R$ 1.800,00 e no Mercadorama (Grupo Sonae) é de R$ 1.500,00 (CORSO, 2003). Há necessidade e intenção de organizar o setor do agronegócio do palmito em âmbito nacional para fazer frente às redes de supermercados. Trata-se de criar uma câmara permanente, na qual os interesses de agricultores e empresas possam ser discutidos e encaminhados, a exemplo dos órgãos de defesa dos interesses dos produtores e do agronegócio do café, do arroz e do leite. O Agronegócio do Palmito no Brasil 89 Embora não haja a devida quantificação, a extração de palmito de juçara no Paraná é significativa, de modo ilegal e em planos de manejo. Ainda que o estado tenha sido um dos pioneiros na pesquisa e no plantio de palmito cultivado, a atividade não se desenvolveu como na Bahia e São Paulo (pupunha), Santa Catarina (palmeira-real e pupunha) e Espírito Santo (pupunha e palmeira-real), porque na região com melhor aptidão climática para as espécies cultivadas – o litoral – há pouca disponibilidade de terras e aquelas disponíveis são pouco aptas. O litoral não é muito extenso, e na parte sul os solos são inaptos ou estão ocupados por outras atividades rentáveis, como arroz irrigado e banana, e por cidades e balneários. Na parte centronorte há mais área, porém, o solo é de baixa fertilidade, com boa parte sujeito a encharcamento, com estrutura fundiária problemática, de baixa dinâmica econômica, acentuado número de agricultores pouco capitalizados, infraestrutura viária precária, etc. Por ser uma região onde os remanescentes da Mata Atlântica estão relativamente preservados, as instituições oficiais e privadas de preservação e proteção ambiental têm reservado áreas significativas para esses fins. Assim, ainda que não impeçam a expansão da atividade, impõem restrições ao seu avanço. Na região do Vale do Ribeira, a atividade tem alguma expressão, embora com clima menos apto, solos predominantemente de baixa e média fertilidade, topografia pouco favorável à atividade e à agricultura em geral, e com infraestrutura viária bastante deficiente. Contudo, o projeto de asfaltamento imediato da rodovia que conecta a região a Curitiba pode facilitar a expansão das lavouras em áreas mais aptas e próximas desse mercado e de São Paulo. 8 SANTA CATARINA 8.1 A Atividade no Estado As informações a respeito do mercado do palmito em Santa Catarina foram obtidas em entrevistas com proprietários e gerentes de algumas das principais agroindústrias do estado, técnicos da EPAGRI131, do Instituto CEPA, da UFSC, da Fundação Municipal 25 de Julho, secretários de agricultura municipais, produtores de sementes e mudas, e com agricultores. Na ocasião do levantamento (25 a 30/11/2002) ocorria o “II Seminário Estadual de PalmeiraReal”132, no município de Guaramirim. O seminário foi realizado em dois dias, 131 Há uma década, a EPAGRI atua em pesquisa de palmeiras cultivadas para palmito (palmeira-real, principalmente), destacando-se os pesquisadores Milton Ramos e Terezinha Heck. 132 O “I Seminário Estadual de Palmeira-Real” ocorreu em 1995. 90 Circular Técnica nº 130 com freqüência e número de participantes representativos, além da participação de outros agentes de Goiás, Paraná e São Paulo. Isso reflete a acentuada dinâmica do agronegócio do palmito. O programa do seminário previa a apresentação de diferentes segmentos ligados à atividade. Os mais interessantes, sob o ponto de vista do mercado, foram os painéis: “Enfoque da Atividade – Visão das Empresas” e “PalmeiraReal na Visão dos Produtores”. As apresentações do primeiro painel confirmaram o clima de euforia vigente na região em relação ao estado atual e ao grande potencial do mercado nacional do palmito, principalmente na visão do segmento da agroindústria. Os representantes das empresas e outros entrevistados afirmaram que falta matéria-prima para a indústria do palmito em Santa Catarina. Prevalece o entendimento de que o mercado nacional possui grande demanda e o potencial de expansão do mercado externo é favorável. A explicação usual para a escassez do produto é o atraso na expansão das lavouras (de palmeira-real, principalmente), que em Santa Catarina foi iniciada comercialmente em 1997. O atraso ocorreu por conta das restrições impostas pela FATMA/IBAMA133, que inibiram e desestimularam a expansão da atividade por longo tempo. 8.1.1 Área plantada Ainda não há dados organizados quanto à área plantada, número de produtores e produção de palmito em Santa Catarina. Em outubro de 2002, a EPAGRI iniciou o levantamento da atividade, em todo o estado e estimou que houvesse 1.500 ha plantados, predominantemente com palmeira-real. A maior ocorrência da atividade está nos vales e regiões adjacentes à bacia do Rio Itapocu (municípios de Guaramirim, Jaraguá e Massaranduba), na região de Joinville e no Vale do Itajaí-Açu (Blumenau e Itajaí)134. 8.1.2 Agroindústria Em Santa Catarina, há 23 agroindústrias de palmito legalizadas. Porém, ainda há muito envase clandestino. Vários informantes afirmaram que algumas agroindústrias adquirem produto clandestino (sem o qual, 133 Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (FATMA). A região do Litoral Norte de Santa Catarina é de domínio da Mata Atlântica e há diversas unidades de proteção ambiental (APAs). É preciso considerar a importância histórica do estado no agronegócio do palmito no país. Embora as reservas de palmito nativo (juçara) estejam rarefeitas, ainda é importante a contribuição da espécie no montante produzido no estado (embora parte significativa seja adquirida no Paraná). 134 O Agronegócio do Palmito no Brasil 91 pretensamente, não conseguiriam sobreviver), fato que desorganiza e prejudica a atividade em geral. Foi obtido, através de três empresas135, o custo médio da matéria-prima (palmeira-real) para encher um vidro/300 g/tolete sem impostos, sendo para a empresa X de R$ 1,80, para a empresa Y de R$ 2,70 e para a empresa Z de R$ 2,00. Para vidro/300 g/picado sem impostos, para a empresa X, era R$ 0,40. Quanto ao preço de venda da agroindústria aos supermercados é bastante variável, semelhante às outras regiões, ficando entre R$ 4,00 e R$ 4,86 o vidro/300 g/tolete. A empresa X vendeu, em setembro de 2002, um lote de vidros/300 g/tolete (palmeira-real) para uma rede de supermercados do Espírito Santo a R$ 4,86/vidro. Segundo o proprietário da agroindústria, na prateleira desse mesmo supermercado o produto estava a R$ 7,25. Em outubro de 2002, a empresa Y vendeu para churrascarias do Rio de Janeiro (capital) o potão de 1,8 kg de palmito/tolete a R$ 20,00 e de palmito picado a R$ 11,00. 8.2 Aspectos da Produção 8.2.1 Produtividade e preços pagos ao agricultor A produtividade e o preço no estado são bastante variáveis. A seguir são apresentados dois casos reais que retratam a média da produtividade e o rendimento industrial do palmito e dos preços pagos ao agricultor. No primeiro caso (Tabela 38) são apresentados o rendimento do palmito e os preços pagos a um agricultor do município de Massaranduba, entre setembro e novembro de 2002, pela empresa W, localizada em Navegantes, município próximo ao litoral norte136. O segundo caso refere-se à empresa N, localizada no município de Guaramirim, que pagou R$ 2,00 por estipe de pupunha de primeira (plantamãe ou perfilho bem desenvolvido) e R$ 1,75 por estipes de diâmetros variados. Um lote pago a R$ 2,00 por estipe rendeu, em média, 1,4 vidro/300 g/tolete e 4,8 vidro/300 g/picado. Nesse caso, o pagamento ao agricultor foi em dinheiro, por estipe, no ato da compra. 8.3 O Mercado Não foram realizadas entrevistas ou visitas aos supermercados para 135 Informações de três empresas (X, Y, Z) de pequeno, médio e grande porte no estado. A diferença aparentemente não afeta a formação dos custos, que depende mais das diversas condições de negociação para adquirir a matéria-prima. 136 O proprietário informou que envasa em média 100.000 kg líquidos/palmito/mês. 92 Circular Técnica nº 130 Tabela 38. Rendimento industrial e preço pago a um agricultor por três lotes de palmeira-real entre setembro e novembro de 2002. Produto Nº Peso palmito vidros/300g (kg) Rendimento 1 % Vidro/estipe R$/vidro pagos ao agricultor Lote 1 - 780 estipes Tolete Picado Rodela Total 1.003 1.402 327 2.732 301 421 83 805 38 52 10 1,3 1,8 0,4 2,00 0,50 0,60 3,72/estipe 1,2 1,2 0,02 2,00 0,50 0,60 3,01/estipe 1,1 1,5 0,05 2,00 0,50 0,60 Lote 2 - 652 estipes Tolete Picado Rodela Total 767 768 12 1.547 230 230 4 464 49 49 2 Lote 3 - 401 estipes Tolete Picado Rodela Total 1 446 620 22 134 186 7 1.088 327 41 57 2 2,98/estipe Informações obtidas com o proprietário da empresa, em novembro de 2002. avaliar preços, disposição do produto, etc. Contudo, Fantini et al. (2000)137, ainda que em estudo defasado (dados de 1998), caracterizam bem o mercado do produto em Florianópolis. As vendas foram estimadas em 200 t/ano (60% de palmito juçara) equivalente ao consumo de 2,5 vidros/ 300 g/pessoa/ano, possivelmente o maior do país138. O preço médio no varejo estava em 137 O estudo é criterioso, amostra os vários tipos de compradores e tece análises bem fundamentadas. Como os preços estão em dólares, à época supervalorizado, servem para futuras comparações: em março de 1998, US$ 1,00 = R$ 1,14. Porém, pode haver maiores divergências para comparações quanto à quantidade consumida nesse ano e em outros, dada a diminuição dos turistas (argentinos, principalmente) em Florianópolis em anos recentes. 138 Em 1998 a população de Florianópolis era de 271.000 habitantes. Deve-se relativizar a informação, devido ao consumo da população flutuante no verão, que acrescenta números apreciáveis de turistas. Movimento estimado de turistas em Florianópolis, de 2000 a 2002. Origem Nacionais Estrangeiros Total 2000 335.000 171.000 506.000 2001 320.000 233.000 553.000 2002 295.000 75.000 370.000 Fonte: SANTA CATARINA (2003) Para comparar, Cervi (1996), citado em Fantini et al. (2000), estimou o consumo na cidade de São Paulo em 1 vidro/300 g/família. O Agronegócio do Palmito no Brasil 93 US$ 4,97/vidro/300 g (R$ 14,00, em correção para a moeda brasileira, atualmente)139. O preço variava de US$ 3,47 a US$ 8,41 o vidro de palmito juçara. Os preços do açaí eram bem mais baixos: preço médio de US$ 3,75, variando entre US$ 2,47 e US$ 4,24/vidro/300 g. O preço pago pelos restaurantes para o palmito clandestino estava em torno de US$ 2,00/vidro/300 g. No mercado de Santa Catarina há bastante palmeira-real e juçara, embora o açaí seja freqüente e seu preço competitivo. Segundo Fantini et al. (2000), os custos de produção, cuja junção com as estratégias de venda definem o preço, podem variar imensamente já que os sistemas de produção variam desde o roubo e a exploração predatória até o sistema de manejo que emprega as mais modernas técnicas para garantir uma reprodução sustentável. Tal apontamento assemelha-se ao de outro pesquisador, citado anteriormente, de que o preço do palmito é formado por práticas comerciais oportunísticas em um mercado ainda com relações bastante obscuras. 8.4 Comentários Gerais 8.4.1Legislação ambiental Predomina a opinião de que a questão está resolvida em Santa Catarina. Não há nenhuma restrição não regulamentada e relativamente bem aceita pelos agentes envolvidos. A produção de palmito de palmeiras cultivadas não autóctones é tratada como a de lavouras normais e, como tal, exige-se apenas a nota de venda do produtor. Alguns afirmam que a legislação relativa ao produto extrativo é inadequada ao restringir a atividade sem apoiar outras alternativas de renda, como a produção de palmito cultivado, planos de manejo sustentado, etc. 8.4.2 Observações das agroindústrias Foram mencionados como os problemas mais importantes relativos ao agronegócio em Santa Catarina: a) Ainda são produzidas quantidades significativas de conserva com palmito de origem clandestina. São principalmente os fornecedores de restaurantes, churrascarias e buffets que comercializam o produto 139 Contudo, é mais lógico considerar o preço em reais em 1998, igual a R$ 5,70 e corrigir pela inflação acumulada. Isso daria aproximadamente R$ 10,00 em agosto de 2003. 94 Circular Técnica nº 130 no estado e fora dele. Tal prática prejudica muito o mercado legal, tanto em preço quanto em qualidade. Ainda há muita juçara extrativa (principalmente do Paraná), fato confirmado por diversos entrevistados; b) O preço para a fábrica está muito elevado, chegando a R$ 2,00 só a matéria-prima para um vidro/300 g/tolete; c) A margem dos supermercados e os custos de manutenção do produto na prateleira estão elevados e tendem a crescer; d) A pesquisa e a assistência técnica oficiais não têm realizado estudos de mercado ou de apoio à comercialização. Outras observações, relacionadas à administração das agroindústrias, foram: a) A atividade está desorganizada. É preciso maior grau de organização das agroindústrias, visando a evitar a produção de conserva de má qualidade (mais freqüente quando o mercado apresenta grande demanda), fazer frente aos supermercados, sugerir legislação mais apropriada ao setor, alcançar escala de exportação, etc; b) As principais agroindústrias constituíram um núcleo das empresas de conservas de Santa Catarina. Porém, a maioria dos vinculados tem baixo grau de atuação – apenas três empresas se ocupam em manter as atividades do núcleo; c) Em 2002, houve falência de um número significativo de empresas de pequeno e médio porte (Roja, Lorenz, Adil, Petri e outras) devido à falta de matéria-prima140; d) Não é rentável para as agroindústrias manter lavouras próprias com funcionários pagos em horário comercial, tendo em vista a competitividade do mercado. Uma alternativa é a produção programada, contratada e/ou integrada com pequenos e médios produtores. Estes, bem capacitados e apoiados, teriam custos mais baixos e o produto final seria de melhor qualidade141. De fato, essa possibilidade e a compra programada por contrato entre empresas e agricultores foi manifestada por um número significativo de empresas142; 140 O fato é estranho porque, entre outros motivos, em Santa Catarina é usual a produção de outras conservas como forma de ocupar a fábrica e garantir o funcionamento da empresa. Outros motivos estão relacionados à má gestão das empresas e a gastos perdulários dos proprietários, como relatado por diversos entrevistados. 141 Neste caso, foram colocadas as seguintes questões: seria uma estratégia para manter a produção “pulverizada”, aumentar a competição e reduzir preços de venda à agroindústria? A saída poderia ser o associativismo, a fabricação do produto pelos agricultores em associação? 142 A empresa W tem pronto modelo de contrato em que empresa e agricultor se comprometem a negociar peças de palmeira-real ao preço de R$ 2,65 a peça, sendo palmito de primeira, com diâmetro acima de 4,0 cm. Um documento firmado entre essa empresa e um agricultor do município de Astorga, no Norte do Paraná, cita a negociação de 11.000 peças de palmeira-real, da mesma forma como acima, em maio de 2002. O Agronegócio do Palmito no Brasil 95 e) A maioria dos proprietários de agroindústrias manifestou preferência pela palmeira-real, alegando melhor qualidade se comparada à juçara e preferência dos supermercados143. 8.4.3 Observações dos agricultores As questões postas pelos agricultores, no painel de apresentações do II Seminário Estadual, foram: a) Faltam estudos para entender como se estabelece a demanda, por quanto tempo o mercado ficaria “aquecido”, como estabelecer a produção programada, etc; b) É preciso resolver questões técnicas como o controle das plantas invasoras, aplicação adequada de herbicidas, uso de cobertura verde e de cobertura morta; c) Há grande carência de assistência técnica e de informação de mercado (preços de compra das fábricas na região e em outros estados); d) Falta financiamento à atividade, principalmente para custeio. O custeio é para dois anos, entretanto a produção e venda se viabiliza em três ou quatro anos. Outras questões relatadas nas entrevistas, com diferentes agentes, referem-se: a) À concorrência da atividade extrativa ilegal; b) Às formas de pagamento do produto pelas indústrias. Como em outras atividades (tabaco, p. ex.), os agricultores reivindicam melhor avaliação do rendimento e qualidade do produto entregue144; c) Há concepção por parte das empresas e técnicos de que o palmito de pupunha é de difícil venda. No entanto, os agricultores que plantam a espécie e duas indústrias de médio e grande porte – uma delas, citada como a mais antiga e conceituada, envasa entre 20.000 e 40.000 estipes de palmeira-real/mês – afirmam que não há problemas para colocar o produto no mercado. Pode ocorrer que as grandes redes de supermercados executem uma estratégia de baixar o preço de compra, embora nas gôndolas dos supermercados esse seja igual ao dos demais palmitos145; 143 A rede Pão de Açúcar encomendou grande quantidade de palmito, preferentemente de palmeira-real (4.000 caixas/mês). A mesma agroindústria tem comprado palmito in natura a 600 km de distância da fábrica. O proprietário cita que é usual buscar produto a 400 km. 144 O usual é entregar os estipes à agroindústria e esta paga pelo rendimento em vidros de palmito. As reclamações não se estendem a todas as empresas, pois há citações de negócios justos. 145 A questão pode ter fundamento em fato ocorrido há cinco ou seis anos (1997 e 1998), quando uma agroindústria do Espírito Santo colocou no mercado nacional uma quantidade significativa de palmito de pupunha demasiado amarelado e adocicado. Embora com a qualidade íntegra, bem envasado, etc., houve rejeição do consumidor final. A informação é de um proprietário de agroindústria de Belém. 96 Circular Técnica nº 130 d) Há expansão de médios e grandes plantios e agroindústrias para o Oeste de São Paulo e Goiás; e) Um entrevistado, no agronegócio do palmito há mais de 20 anos, afirmou que um problema importante quanto ao desenvolvimento da atividade é a falta de profissionalismo de grande parte das agroindústrias, que exigem qualidade dos fornecedores da matériaprima, mas preferem comprar produto de mais baixa qualidade (em geral, palmito juçara de extrativismo), mais barato e que dá maior margem de lucro. 9 SÍNTESE DOS PREÇOS DO PALMITO E DOS PRODUTOS CONCORRENTES Neste tópico, será apresentada a síntese dos preços do palmito e realizada a comparação entre os preços nas cidades abrangidas pelo levantamento. Também será comparado o preço do palmito e das conservas concorrentes (aspargos, cogumelos e azeitonas), nas principais redes de supermercados das cidades em que se fez o levantamento. Serão relacionados apenas os preços do palmito tolete (de primeira) por ser a forma em que o produto é mais comercializado e por acreditar-se que essa define grande parte do agronegócio do palmito. Embora o palmito seja um produto altamente apreciado e de elevado valor organoléptico, os preços são, em si e comparativamente a produtos potencialmente substitutos, bastante elevados. Isso leva o consumidor a repensar ou mudar a intenção de compra, ou, ainda, diminuir a quantidade comprada, o que inibe a expansão do agronegócio do palmito146. Na cidade de São Paulo, os preços são os mais elevados, seguidos de Vila Velha, Rio de Janeiro/Niterói, Curitiba, Manaus e Belém, esta com preços bem menores que a média das cidades consideradas (Tabela 39). O preço do produto envasado em latas é bem mais elevado que em potes de vidro. Clement (2004), especula que isso pode ocorrer em função do custo das máquinas para fechar as latas (chamadas de recravadeiras) ou pelo consumidor identificar o produto enlatado como tipo exportação e assim valorizá-lo mais. O palmito de açaí e de pupunha predominam nos mercados. Juçara e palmeira-real só estavam disponíveis em São Paulo (as duas espécies) e em Curitiba (só palmeira-real). 146 Embora não se tenha realizado pesquisa específica com os consumidores nos supermercados, quando da visita às lojas, os comentários de pessoas que avaliavam o produto e o compravam, ou não, foram anotados. Em geral, opinavam que o preço exageradamente alto era o principal motivo da recusa ou diminuição da compra. Em seguida, aparecia a dúvida se o produto seria de boa qualidade e sadio. Uma compradora habitual do produto foi bastante enfática, ao afirmar que comprar palmito bom, é sorte. 97 O Agronegócio do Palmito no Brasil A comparação entre o preço do palmito tolete e o do palmito picado mostra que este estava 37% mais barato que o palmito de primeira (Tabela 40). Os preços do mercado tomados como indicativo são de Curitiba, acreditando que a relação entre as duas formas não se modifica significativamente nas demais cidades147. Os preços de alguns produtos em conserva concorrentes do palmito tolete são apresentados na Tabela 41. Tabela 39. Síntese do preço médio do palmito tolete, nas principais redes de supermercados em seis cidades do Brasil em 2002 e 2003. 1 Preço médio do palmito (R$/kg) Formas/espécies Manaus Belém Tolete -juçara-vidro - - - - 27,43 23,16 25,23 Tolete -pupunha-vidro 15,63 - 22,00 23,33 26,20 20,33 21,50 Tolete -açaí-vidro 21,00 14,82 23,32 19,16 25,90 20,40 20,80 - - - - - 20,46 20,46 Tolete -palmeira-real-vidro Tolete -juçara-lata Tolete -açaí-lata 1 Rio de Preço Vila Janeiro/ São Curitiba médio Paulo Velha geral Niterói - - - - 35,75 - 35,75 25,20 18,45 28,90 27,30 29,23 - 25,82 O levantamento foi realizado em diferentes datas: Manaus e Belém, em junho de 2002; São Paulo, em novembro de 2002; Curitiba, em dezembro de 2002; Vila Velha, Rio de Janeiro/ Niterói, em março de 2003. A inflação no período de junho de 2002 a março de 2003 foi de 15,8% (INPC-IBGE) ou 25,6% (IGP-M/FGV) Tabela 40. Preço 1 do palmito tolete e do palmito picado em Curitiba em dezembro de 2002. Espécie Juçara Palmeira-real Açaí Pupunha Média Palmito (R$/vidro 300 g) Tolete (a) Picado (b) 6,95 4,97 6,14 3,50 6,12 3,79 6,10 3,62 6,33 3,97 Variação (%) (a-b) - 28 43 38 41 37 Fonte: Adaptado de Corso (2003) 1 Em dezembro de 2002, US$ 1,00 = R$ 3,70 147 Para o açaí tolete (o de maior freqüência) foram 57 observações, com desvio padrão de 1,45 e variância de 2,11. Para o açaí picado foram 30 observações, com desvio padrão de 0,79 e variância de 0,63 (CORSO, 2003). 98 Circular Técnica nº 130 Tabela 41. Preço dos produtos em conserva concorrentes do palmito tolete, no Rio de Janeiro (capital)/Niterói, em São Paulo (capital) e em Curitiba em março de 2003. Preço (R$/kg) 1 Produto Médio Mínimo Máximo 44,95 Rio de Janeiro/Niterói Aspargos 34,80 25,31 Cogumelos/champignons 34,73 29,45 42,90 Azeitonas verdes 15,80 9,69 23,90 Azeitonas pretas 12,90 11,30 15,40 São Paulo Aspargos 41,96 36,58 58,05 Cogumelos/champignons 41,18 25,95 54,70 Azeitonas verdes 12,98 9,30 23,00 Mini-milho 44,95 - - 21,00 57,14 Curitiba Alcachofras 39,00 1 Em março de 2003, US$ 1,00 = R$ 3,38 O preço do mini-milho148 em conserva é apresentado como um indicativo de que o mercado de São Paulo aceita produtos novos a preços bastante elevados. Tal observação visa a fomentar a discussão sobre a necessidade de se apresentar novas formas do palmito em conserva, como a do picles misto (toletinhos de palmito, pepinos, couve-flor e cebolinhas), já comercializado pela Riomar149. CONCLUSÕES O agronegócio do palmito é relativamente novo no Brasil e no mundo. Se adotada a concepção mais restrita do termo negócio agrícola é mais recente ainda, pois só na última década começa a perder o caráter de atividade eminentemente extrativa e de industrialização, em grande parte clandestina. Em termos gerais, o acirramento da questão ambiental, a quase exaustão das espécies nativas na Mata Atlântica, o raleamento dos estoques de açaí no 148 Pequenas espigas em vidros de 200 g; apresentação bem cuidada, embalagem e produto atraentes. Idéia defendida pelo pesquisador Charles Clement (INPA), como forma de aumentar o mix do produto e o potencial de comercialização do palmito. 149 O Agronegócio do Palmito no Brasil 99 Pará e Amapá, e o crescente aproveitamento dessa palmeira para a colheita de frutos induziram, mais recentemente, a dois grandes movimentos: a) Extração organizada em planos de manejo, em locais onde a legislação e a pressão ambientalista permitem; b) Cultivo de espécies nativas e exóticas em todas as regiões do país e em quase todos os estados. Os resultados desses movimentos já são perceptíveis: a) Reordenação do segmento extrativo-industrial em Belém, através de extração via planos de manejo, maior atenção à qualidade e palmito ecológico; b) Instalação de novos grupos empresariais no Sul da Bahia e no Vale do Ribeira (SP); c) Reordenação das agroindústrias tradicionais no Sul do país; d) Incremento da atividade em Santa Catarina e no Paraná, via projetos de cultivo. Essas modificações têm possibilitado atendimento ao mercado de forma mais eficiente e com produto de melhor qualidade, como atestam os gerentes das maiores redes de supermercados. Os dados de produção e extração carecem muito de confiabilidade, o que de resto é comum às informações do extrativismo da maioria das espécies vegetais e dos minerais do país. Assim, as informações e, por decorrência, as análises e conclusões a respeito do agronegócio do palmito são bastante precárias no Brasil e nos demais países onde a atividade ocorre e possui registros oficiais. No caso do Brasil, são confiáveis (pelo menos, coerentes) os dados de exportação, já nos demais países, nem tanto. A Costa Rica, por exemplo, de 2000 para 2001 teve a área plantada diminuída em 2.304 ha e as exportações aumentadas em 3.442 t. No Equador, entre os anos de 2000 e 2001, a área diminuiu 3.000 ha e as exportações aumentaram 1.857 t. Haveria tanto produto estocado? Neste estudo, estimou-se que a produção de palmito no Brasil estava em torno de 160.000 t em 1996. Em 2000 aparecem registros oficiais do volume de palmito cultivado: 3.445 t, igual a 20% do total, segundo os dados oficiais, mas apenas 0,02% segundo as estimativas deste estudo. As informações relativas ao consumo de palmito no país são também bastante variáveis, com estimativas de 100 g a 940 g/pessoa/ano. A última, sugerida por este estudo como a mais apropriada, foi realizada a partir da 100 Circular Técnica nº 130 pesquisa de orçamento familiar (IBGE, 1996) e ajustada com informações de produção e exportação fidedignas, as quais permitiram calcular o consumo aparente no país. No item consumo, há questões importantes a resolver, como as diferenças significativas na estrutura de consumo (Norte e Nordeste consomem pouco), a sanidade e as questões ligadas ao desenvolvimento do produto no mercado interno e externo. Os principais países concorrentes do Brasil no mercado internacional do palmito são o Equador e a Costa Rica. Este dominou o mercado internacional até 1999, quando exportou 12.078 t. No ano de 2000, o Equador exportou 16.334 t, 6.000 t a mais que a Costa Rica neste mesmo ano. Esses volumes são bastante superiores às exportações do Brasil (2.573 t, em 2001). Em 2001, os preços conseguidos por esses países foram muitos menores, enquanto Costa Rica e Equador venderam a aproximadamente US$ 1.642,00/t, o Brasil vendeu a US$ 3.642,00/t. Nos últimos anos (2001/2002), Equador e Costa Rica têm enfrentado grande turbulência no agronegócio do palmito, com significativa redução da área plantada nos dois países. Na Costa Rica, a área decresceu de 12.500 ha em 1998 para 6.000 ha em 2000, e no Equador de 10.000 ha em 2000 para 7.000 ha em 2001. As causas relatadas para os dois casos são variadas: a) Demanda por produtos frescos; b) Saturação do mercado; c) Planejamento inadequado de quantidades e de preços para o mercado externo; d) Rebaixamento dos preços pagos aos produtores; e) Competição do Equador, no caso da Costa Rica; f) Quebra da economia Argentina, o maior comprador de palmito do Equador. Há outros países potencialmente concorrentes no mercado internacional do palmito – Bolívia, Colômbia, Peru e Venezuela – mas ao contrário do que, em parte, se esperava, o apoio oficial à substituição dos plantios de coca por pupunha não impulsionou a produção de palmito nesses países. Além desses, há notícias do início de plantios de pupunha para palmito em países do Sudeste asiático (Malásia, principalmente), o que deve ser levado em conta, tendo em vista a capacidade desses países em implantar projetos agrícolas fortemente apoiados pelo estado e competitivos no mercado internacional. Quanto ao mercado consumidor, o Brasil é o país mais importante. No exterior, os Estados Unidos são o país em que a demanda cresce relativamente O Agronegócio do Palmito no Brasil 101 mais e de modo constante. Em 2001, por exemplo, importaram US$ 11, 6 milhões, cerca US$ 5 milhões a mais que em 1995. Com a recuperação da economia Argentina é prevista a retomada das importações desse país e a continuidade do suprimento da sua demanda pelo Equador, visto que o fluxo comercial diminuiu, mas não foi interrompido por barreiras comerciais ou conflitos. As principais questões para o segmento agroindustrial, obtidas através deste estudo foram: a) Ainda que as notícias em rede nacional da existência de botulismo em conservas de palmito em 1997 e 1998 tenham afetado negativamente o mercado, o fato já está superado. Mesmo com custo de envase mais elevado, as novas exigências da ANVISA (lacre na tampa e tampa litografada, p. ex.), tendem a garantir a confiança dos consumidores quanto à sanidade do produto. Entretanto, ainda resta a questão da qualidade; b) A atividade extrativa tende a melhorar com o aumento das exigências para a realização de planos de manejo. Embora com possível elevação dos custos, pode-se ter ganhos em padrão e qualidade do produto; c) Ainda que não mensurado, mas confirmado pelos gerentes de supermercados, há aumento consistente no consumo de palmito nos centros consumidores tradicionais (Centro-Sul e Sudeste) e em outros grandes centros urbanos. O aumento ocorre também nas maiores cidades do Norte e Nordeste, nas quais praticamente não se consumia o produto, e no Centro-Oeste (Brasília e Goiânia). Gerentes de algumas agroindústrias do Sul da Bahia, do Espírito Santo e de Santa Catarina afirmaram, em março de 2003, que não havia matéria-prima para atender à demanda de grandes pedidos; d) A produção de palmito cultivado vai se firmando como atividade economicamente viável e ambientalmente defensável, o que permite às indústrias melhorar o padrão do produto em forma, qualidade e sanidade, e planejar a retomada do mercado externo. Há ainda muito palmito de origem clandestina, cuja entrada no mercado, via agroindústrias legalizadas, tende a diminuir. Entretanto, há redes de fornecimento de produto envasado em fabriquetas ilegais atendendo a maior parte da demanda de restaurantes, churrascarias e lanchonetes em São Paulo, Paraná e Santa Catarina. As grandes redes de supermercados praticamente monopolizam o comércio do produto envasado. Embora oficialmente os gerentes de compras tenham declarado que a margem de lucro não é exagerada (ficaria em torno de 25%), 102 Circular Técnica nº 130 extra-oficialmente outros informantes relataram margens em torno de 60%. Além disso, os supermercados impõem condições que inviabilizam a realização de negócios com pequenos e médios fornecedores, como o registro no cadastro de vendedores e a manutenção do produto nas gôndolas. Como em outros setores da economia, isso favorece a concentração e o domínio do agronegócio por poucas empresas. Nas duas regiões mais dinâmicas – Sul da Bahia e Vale do Ribeira – há um processo de reestruturação das fábricas tradicionais envasadoras de palmito nativo e a instalação de agroindústrias de grupos empresariais de porte significativo. A estratégia, para a maioria das agroindústrias, é obter a maior parte da matéria-prima comprada de agricultores associados. Uma parcela menor será de lavouras próprias, de modo a garantir matéria-prima em momentos críticos e, possivelmente, ter reservas para negociar preço. Em todos os casos, a orientação das agroindústrias é primeiro consolidar posições comerciais no mercado interno. Como o mercado externo ainda é largamente dominado pelas fábricas do Pará e as dificuldades para exportar são grandes, para as novas empresas ele se torna secundário. A retomada do mercado externo depende da melhoria da qualidade, da diversificação das formas de apresentação, do fornecimento ampliado para os nichos de produto orgânico, da valorização do produto cultivado e da negociação das tarifas externas que penalizam o produto nacional. Quanto ao setor extrativo e ao produtivo agrícola, as principais conclusões são: a) Aumenta significativamente a pressão legal e dos movimentos ambientalistas com vistas ao manejo sustentável de produtos florestais, em especial do palmito, nas áreas de Mata Atlântica, Amazônia e Pará. A valorização de outros produtos, como os frutos do açaí (e potencialmente da juçara), coloca em xeque o extrativismo desordenado do palmito. Esses fatos, aliados às necessidades de um mercado mais exigente em qualidade e que tende a padronizar produtos, permitem acreditar na valorização crescente da produção do palmito cultivado e no extrativismo racional. Embora alguns representantes do segmento agroindustrial baseado no extrativismo não acreditem no sucesso dos projetos de cultivo, devido ao maior custo da matéria-prima, a história da economia agrícola mostra que a maioria das atividades extrativas submetidas ao cultivo comercial foram suplantadas; b) A região do delta do Rio Amazonas é a principal fornecedora de palmito para o mercado interno e para exportação. Há cerca de 10.000 km2 O Agronegócio do Palmito no Brasil 103 com áreas densas em palmeiras de açaí, em diferentes condições de exploração. A tendência em adotar planos de manejo é crescente. Até julho de 2000 havia 10.887 ha manejados, principalmente para a coleta de frutos, mas também produzindo palmito; c) A produção de palmito cultivado, iniciada com lavouras de pupunha nos arredores de Manaus, é pouco importante para o estado. Na Região Norte, a atividade se expandiu com essa espécie – mas também há açaí cultivado – ao longo da Rodovia Transamazônica e no Centro-Sul do Pará. Contudo, as informações relativas à área plantada são pouco confiáveis. Haveria número significativo de projetos implantados e abandonados por diversos motivos, dentre eles a dificuldade de acesso e a falta de assistência técnica; d) No Pará e Amapá, a retomada das discussões entre as empresas (SINDIPALM) e o IBAMA tem permitido encaminhar melhor as questões relativas à regulamentação da atividade extrativa, do manejo e da produção do palmito. O mesmo acontece com os órgãos de gestão ambiental quanto à regulamentação dos plantios e corte das palmeiras exóticas na Mata Atlântica no Sul da Bahia, no Vale do Ribeira e em Santa Catarina. No Paraná, a falta de definição e regulamentação dos procedimentos possíveis tem causado transtornos à atividade produtiva e agroindustrial; e) A expansão da atividade ocorre de forma dinâmica nas regiões em que a pupunha se adaptou bem e onde havia agroindústrias já instaladas, em ordem, por área plantada, no Vale do Ribeira e no Sul da Bahia. Em Santa Catarina, é maior a área com palmeira-real, tendência seguida pelo Paraná, na região litoral e em regiões mais frias, como o Norte do estado (Londrina e Maringá). Com relação às vantagens e desvantagens apresentadas pela pupunha e pela palmeirareal, no Paraná e em Santa Catarina há controvérsia importante e urgente a resolver entre pesquisadores, técnicos e agricultores, pois são usuais afirmações de que pupunha é melhor que palmeira-real e vice-versa, desprezado o fato de que cada espécie tem vantagens em diferentes condições. Trata-se de definir parâmetros que permitam decidir com segurança qual lavoura plantar e em que condições, pois são lavouras caras e não há margem para recuperar investimentos equivocados. As lavouras de palmeira-real são mais baratas – as mudas custam cerca de 25% do preço das mudas de pupunha – e, por se adaptarem melhor ao frio, são preferidas por agricultores menos capitalizados, em amplitude maior de localidades no Centro-Sul do país. As palmeiras devem ser replantadas após cada corte, então, a médio e longo prazo as lavouras de pupunha tendem a ser mais econômicas em regiões de boa adaptação agronômica; f) Na estimativa da área plantada com palmeiras para palmito em 2002 (Tabela 11), faltam os dados de estados onde a atividade é importante 104 Circular Técnica nº 130 como o Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além do Oeste de São Paulo. Também faltam informações de regiões onde houve implantação recente de lavouras de palmeira-real e de pupunha, como no cerrado de Minas Gerais e de Goiás, no Tocantins e na zona da mata de Minas Gerais; g) Tudo indica que em regiões com chuva abaixo de 1.600 mm anuais, principalmente se mal distribuídas, o palmito cultivado não é competitivo com regiões de melhor regime de chuvas. A irrigação encarece significativamente a produção, pelo elevado custo da energia, da tarifação do uso da água e de variações climáticas (falta de água para irrigação, como é o caso do Norte do Espírito Santo). A opção das novas empresas por instalar seus projetos no Sul da Bahia levou em conta a vantagem climática da região, além da fertilidade média e alta da maior parte das terras da região; h) No caso do palmito cultivado, ainda que se tenha avançado significativamente na geração de conhecimento, não foram alcançados patamares economicamente viáveis frente à competição com o palmito extrativo e à produção e industrialização nos países concorrentes (com subsídios e sem taxação no destino da exportação). Há perspectiva de que a médio e longo prazo os projetos de pequenos e médios produtores e agroindústrias passem por grandes dificuldades, devido à ausência do estado no tocante à pesquisa e assistência técnica. Quanto ao mercado – preços, marcas de palmito, condições de comercialização – pode-se concluir que: a) Em algumas regiões – Santa Catarina e Sul da Bahia – há falta de matériaprima, devido ao aumento significativo da demanda ou à retração na oferta de palmito extrativo, de juçara principalmente; b) O preço do palmito é muito elevado, pois o produto não completou a transição do ciclo extrativo (geralmente pouco reconhecido e valorizado) para o ciclo cultivado (no qual se investe um montante maior de recursos). Ainda que custe em torno de 50% menos que cogumelos e aspargos, o palmito é mais caro que camarão e carne de primeira; c) O produto ainda é mal apresentado nas gôndolas, há grande desuniformidade nas embalagens (vidros de boca estreita, boca larga, etc.), são freqüentes as latas amassadas, rótulos soltos, produto envasado há mais de um ano, profusão de marcas, etc. Em geral, as empresas possuem diversas marcas, que ao menor sinal de algum problema, são retiradas do mercado e substituídas por outras. A isso se deve agregar a questão da baixa uniformidade e qualidade intrínseca de grande parte do produto à venda, mesmo em supermercados exigentes (palmito com a marca Doidão, em uma grande rede de São Paulo, p. ex.); O Agronegócio do Palmito no Brasil 105 d) O número de marcas com a designação orgânica, ecológica, produto natural e outras ainda não é significativo. Das dezenas de marcas anotadas nos supermercados, apenas uma apresentava a designação palmito ecológico. Havia marcas (uma de cada) com as designações palmito silvestre tradicional, palmito natural da Amazônia, palmito cultivado, produto natural cultivado. As agroindústrias do Pará e Amapá tendem a explorar mais as designações ecológico, orgânico, nativo e natural, principalmente com o produto para exportação. A designação cultivado (duas marcas) constava em produto do Sul da Bahia e em mais algumas marcas de palmeira-real de agroindústrias de Santa Catarina. A julgar pelos dados da pesquisa de marcas e espécies nos supermercados, praticamente não existe mais palmito de juçara no mercado. De fato, essa espécie vem sendo menos freqüente no mercado formal, o que, em tese, reflete a diminuição dos seus estoques na floresta. Contudo, o produto que abastece restaurantes, churrascarias e lanchonetes no Sudeste e Sul do país ainda é de juçara, oriundo da produção informal. Quanto aos preços do palmito de tolete no varejo, verificou-se que: a) Os preços de açaí, pupunha e palmeira-real se equivalem (média de R$ 21,00/kg/vidro 300 g). O palmito de juçara tem preço 20% superior aos demais; b) Em São Paulo, os preços são de 20% a 25% maiores que a média geral para todas as espécies; c) Em Belém, o palmito é 30% mais barato que a média geral; d) O preço do palmito enlatado (média de R$ 25,82/kg) é sempre cerca de 25% maior que o envasado em vidros; e) Em um supermercado de São Paulo, anotou-se o preço de R$ 35,00/kg/ palmito/juçara e R$ 40,00/kg/palmito/açaí, ambos em latas de 500 g; f) Os preços do palmito das marcas Gini, Hemmer (açaí) e Bonduelle (pupunha) foram sempre os mais elevados em todos os mercados visitados. Segundo os gerentes das lojas, essas marcas vendem bem e não “encalham” na gôndola, possivelmente devido à garantia de qualidade. Com relação ao palmito picado, na média geral (consideradas as quatro espécies) o preço era cerca de 37% mais baixo que o do palmito tolete. Também nesta forma o palmito juçara possui, em média, preço 25% mais elevado que os demais. 106 Circular Técnica nº 130 Das dezenas de marcas observadas, a grande maioria é envasada em vidros de 300 g. Apenas 11 eram envasadas em vidros de 180 g, duas em vidros de 270 g, uma de 290 g, uma de 100 g e outra de 450 g com picles. São mais freqüentes os vidros de boca estreita que os de boca larga. Havia latas à venda em quase todos os supermercados, predominando as de 500 g e apenas um local em que havia latas de 400 g. Diferente do que ocorre em outros países de mercado mais desenvolvido, ainda são poucas as marcas da própria rede de supermercados. Foram registradas apenas três marcas: Carrefour, PAPS e Sendas, nos mercados do Rio de Janeiro, Niterói e São Paulo. Nos mercados de Manaus e Belém não havia o produto envasado em potões. No Rio de Janeiro e em Niterói só havia em duas lojas. Em São Paulo e Curitiba, essas embalagens são freqüentes nas maiores redes de supermercados. A diversificação dos tipos de produto é baixa, em todos os supermercados havia palmito tolete e picado. Outras formas de apresentação do palmito como couvert, rodelas, fatiado, bandas, toletinhos e palmito com picles foram pouco freqüentes. As poucas informações sobre o produto in natura indicam baixo desenvolvimento desse mercado em todo o país. Embora sejam comercializadas quantidades significativas de palmito extrativo e cultivado in natura, por conta da tradição, esse mercado parece ser mais dinâmico no Espírito Santo. Há empresas de grande porte atentas ao potencial desse mercado, como a Abiko, de Linhares. Na região serrana e nos municípios litorâneos de veraneio mais importantes do Espírito Santo, a comercialização de pupunha in natura é significativa. A demanda é alta, faltando produto, e há condições razoáveis de produção. Em março de 2003, o produtor recebia R$ 2,00/haste. Processado e embalado em sacos plásticos de polietileno era vendido a R$ 5,00/kg. Esse era também o preço de comercialização da Abiko, no Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro, essa forma de comercialização possui relativa importância, com alguns produtores especializados em processamento mínimo, vendendo principalmente para restaurantes e churrascarias. O mesmo acontece no município de Itariri, localizado no Vale do Ribeira (SP), onde há um núcleo de produtores de palmito de pupunha para comercializar o produto na capital do estado. Os problemas de custo, logística, distribuição, regulamentação sanitária, conservação e embalagem, quantidade e regularidade no fornecimento da matéria-prima têm dificultado o desenvolvimento da comercialização do produto in natura em maior escala. O Agronegócio do Palmito no Brasil 107 A questão da produtividade e, por conseguinte, do rendimento econômico da pupunha e da palmeira-real permanece com baixo grau de definição, devido à falta de padrão tecnológico razoavelmente definido para as diferentes condições de solo e clima em que se plantam as duas espécies também por ser atividade bastante recente em termos agronômicos. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PRODUTORES DE PALMITO CULTIVADO – ABRAPALM. Disponível em: www.unicamp.br/nipe/rbma. Acesso em: 11 jul. 2001. AGRIANUAL. Anuário da agricultura brasileira. São Paulo: FNP, 2000. AGRIANUAL. Anuário Estatístico da Agricultura Brasileira. Palmito: da extração ao cultivo. São Paulo: FNP Consultoria e Comércio, 2000. AGROCADENAS/USDA. Importaciones de palmito de Estados Unidos de América. 2002. Disponível em: <http://www.agrocadenas.gov.co>. Acesso em: 10 set. 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INSTITUIÇÕES DE PESQUISA TECNOLÓGICA ABIPTI. Agropolos: uma proposta metodológica. Brasília: 1999. BELLETTINI, S. Situação dos palmitos cultivados no litoral: pupunha e palmeira real. In: Encontro Paranaense sobre Palmitos Cultivados 1, 2004: Pontal do Paraná. PR. Anais... Colombo: Embrapa Florestas, 2004. p. 77-81 BOVI, M. L. A. O agronegócio do palmito pupunha. O Agronômico, Informações Técnicas, 52(1), 2000. Disponível em: <www.iac.br/oagronom/ v. 521/informacoestecnicas/pupunha.pdf>. Acesso em: 07 maio 2002. CCI Boletín. Corporación Colômbia Internacional. El palmito en Colômbia. Exótica. Año 2. Volumen 6. Abril – Junio 1998. Disponível em: www.cci.org.co/publicaciones. Acesso em: 25 abr. 2001. CEPLAC. Cultivo da pupunheira: produção de palmito – Região Sul da Bahia. Itabuna: CEPLAC/CENEX, 2002. CHAIMSOHN, F. P. O mercado de palmito de pupunha. Pesquisa de preços do palmito in natura na cidade de São Paulo (SP), ano 2001. Ponta Grossa: IAPAR, 2001. (não publicado). 108 Circular Técnica nº 130 CHAIMSOHN, F. P. e DURIGAN, M. E. Rentabilidade do cultivo de palmeirareal vs. pupunha para a produção de palmito. 2002. Disponível em: <http:/ /www.inpa. gov.br/pupunha/revista/economia>. Acesso em: 25 abr. 2003. CHEMONICS INTERNATIONAL. Estúdio del mercado mundial del palmito y subproductos. Washington D. C. Por J. E. Austin Associates e Corporación CEA, Bogotá, Colômbia, 2002. Disponível em: <http:// www.resembassy.state.gov.bogota>. Acesso em: 15 abr. 2004. CLEMENT, C. R. Informação pessoal. 2002. Manaus: INPA, 10/06/02._____. Comentário na revisão deste estudo. 2004 Manaus: INPA, 05/01/04. CLEMENT, C. R. e BOVI, M. L. A. Padronização de medidas de crescimento em experimento com pupunheiras para palmito. Acta Amazônica, Manaus, v. 30, n. 30, p. 349-362, 2000. COLÔMBIA. Ministerio de Agricultura y Desarrollo Rural. Sistemas de información: Evaluaciones agrícolas. Disponível em: <http:// www.minagricultura.gov.co/sistemas/interfaces>. Acesso em: 25 mar. 2003. COLOMBIA. Ministerio de Agricultura y Desarrollo Rural. Información estadística. Disponível em: <http://www.agrocadenas.gov.co/home.htm>. Acessos em: 10 set. 2002 e em 28 maio 2004. COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA – CEPLAC. Cultivo da pupunheira: produção de palmito – Região Sul da Bahia. Itabuna: CEPLAC/CENEX, 2002. CORSO, N. M. Palmitos cultivados no Paraná: situação atual e perspectivas. Curitiba: 2003. Dissertação (Mestrado em Economia Florestal) – Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná. COSER FILHO, O. O Suplemento Agrícola do Estado de São Paulo. O Estado de São Paulo, 20/04/1997, p. 14. EQUADOR. Ministerio de Agricultura Y Ganadería. Servicio de Información y Censo Agropecuária. III Censo Nacional Agropecuário – ano 2000. Disponível em: <http//www.sica.gov.ec/censo/docs/nacionales>. Acesso em: 21 ago. 2002. EQUADOR. Ministerio de Agricultura Y Ganadería. Servicio de Información y Censo Agropecuária. Exportación de productos no tradicionales agroindustriales 1 – ano 2002. Disponível em: <http://.www.sica.gov.ec/ comext/docs/export>. Acesso em: 18 mar. 2002. O Agronegócio do Palmito no Brasil 109 EQUADOR. Ministerio de Agricultura Y Ganadería. Servicio de Información y Censo Agropecuária. Exportación de productos no tradicionales agroindustriales 1 – ano 2004. Disponível em: <http://.www.sica.gov.ec/ comext/docs/export>. Acesso em: 14 ago. 2004. EMATER/PR. Situação e perspectivas dos palmitos cultivados no Paraná. In: ENCONTRO PARANAENSE SOBRE PALMITOS CULTIVADOS: o Agronegócio Pupunha e Palmeira Real, 2002, Pontal do Paraná. Anais... Curitiba: PRODETAB/EMBRAPA/IAPAR/EMATER. No prelo. EMATER/RJ. Municípios e respectivas áreas com lavouras de pupunha para palmito. Niterói: Emater/RJ, 2002 (fotocópia). Dados dos escritórios locais, 2001. Niterói: Emater/RJ, 2002 (fotocópia). ESPÍRITO SANTO. Secretaria de Estado da Agricultura. Secretaria de Estado para Assuntos do Meio Ambiente. Cultivo e repovoamento de áreas rurais, com espécies de palmeiras, em três bacias hidrográficas do Estado do Espírito Santo. Vitória: 2001. ESTAMPA. A nova estética. ano 2, n. 16, fev. São Paulo: Valor Econômico, 2003. FAO. Bibliografia comentada. Câmbios en la cobertura forestal. Departamento de Montes. FAO, Documento de Trabalho 39. 2000. Disponível em: <www.wrm.org.uy/deforestations>. Acesso em: 20 mar. 2002. FANTINI, A. C.; RIBEIRO, R. J.; GURIES, R. P. A produção de palmito de Euterpe Edulis Martius – Arecaceae, na Floresta Ombrófila Densa: potencial, problemas e possíveis soluções. Sellowia, Itajaí: v. 49, n. 52, p. 256-280, 2000. FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA DO ESTADO DO PARANÁ – FAEP. CNA denuncia ação de frigoríficos na tentativa de reduzir preço do boi. Boletim Informativo, Curitiba: N. 780, semana de 4 a 10 de agosto de 2003. p. 11. FONTES, R. M. O. O estudo de mercado na elaboração de projetos. Viçosa: UFV. 1983. GRAÇA, L. R. Comentário na revisão deste estudo. 2004. Colombo: EMBRAPA/CNPF, 05/12/2003. HADDAD, P. R. (org). A competitividade do agronegócio e o desenvolvimento regional no Brasil: estudo de cluster. Brasília: CNPq/ EMBRAPA, 1999. 110 Circular Técnica nº 130 HOMMA, A. K. O. Amazônia: os limites da opção extrativa. Ciência Hoje, Brasília: vol. 27, n. 159, p. 70-73, 2000. _____. Comentário na revisão deste estudo. 2003. Belém: EMBRAPA/ Amazônia Oriental, 26/11/03. IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF. Pesquisa de orçamento familiar, 1996. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/orcfam/ default>. Acesso em: 14 out. 2002. Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA. Produtos da extração vegetal. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/agric/default>. Acesso em: 04 mar. 2003. _____. Produtos da extração vegetal. Disponível em: <http://www.sidra. ibge.gov.br/bda/agric/default>. Acesso em: 25 mar. 2005. ICRAF – INTERNATIONAL CENTRE FOR RESEARCHE IN AGROFORESTRY. Analyses of the U.S. food market: opportunities for heart of palm. New York: KV Marketing Inc., 1999. 109 p. INCAE – Business School de Costa Rica. Economia Nación. Noticias de economia. Disponível em: <http://www. incae.ac.cr>. Acesso em: 13 ago. 2002. INFOAGRO. Estadísticas agrícolas. Disponível em: <www.infoagro.go.cr>. Acesso em: 20 set. 2002. INFOAGRO. Sistema de información del setor agropecuario. Disponível em: <http://www.infoagro.go.cr/>. Acesso em: 20 set. 2002. MERCANET/CNP. Frutas y vegetales – 2001. Disponível em: <http:// www.mercanet.cnp.go.cr/SIM/Frutas_y_Vegetales/documentospdf/ palmito.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2002. MORSBACH, N. et al. Pupunha para palmito: cultivo no Paraná. Londrina: IAPAR,1998. 56 p. (IAPAR. Circular, 103). MOTTER, A. Estudos de cadeias produtivas no Paraná: identificação de demandas e oportunidades no agronegócio. In: INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ. Agronegócio do Paraná: Perfil e caracterização das demandas da cadeia produtiva. Londrina: IAPAR. 2000. (IAPAR. Documento, 24). NASCIMENTO, M. J. M. e MORAES, A. B. de. Produção e comercialização de palmito em conserva. Belém: UFPA/CFCH, 1991. (Relatório de Pesquisa, Tomo II). O Agronegócio do Palmito no Brasil 111 NOGUEIRA, O. L. e HOMMA, A. K. O. Açaizal: técnica de manejo. Belém: EMBRAPA/CPATU, 2000. (Folder). OQUENDO, C. A. Costos de producción de palmito. In: MORA URPÍ, J. e GAINZA ECHEVERRÍA, J. Org. Palmito de pejibaye [Bactris gasipaes Kunth]: su cultivo y industrialización. San José: Universidad de Costa Rica, 1999. p. 166-171. PERU. Ministerio de Agricultura. Estadísticas sobre los sectores agrícolas – 2002. Disponível em: <http://www.minag.gob.pe/estadísticas>. Acesso em: 22 dez. 2002. PONTES, A. de M.; MUNIZA, A. P. M.; AGUIAR, M. L. B. de. Estudo exploratório da cadeia produtiva do palmito de pupunheira (Bactris gasipaes) no Estado do Pará. Belém, 2001. Monografia (Especialização em Agricultura Integrada da Amazônia) – Setor de Ciências Agrárias, Faculdade de Ciências Agrárias do Pará. PROMPEX PERU. Comisión para la Promoción de Exportaciones. Disponível em: www.prompex.gob.pe/prompex/Inf. Acesso em: 18 abr. 2002 RESTREPO, E. e CORTES, H. Deforestación y degradación de los bosques en el territorio-región de las comunidades negras del Pacífico colombiano. Boletín de WRM, n. 33, Abr. 2000. Disponível em: <www.wrm.org.uy/ boletin/33html>. Acesso em: 22 mar. 2004. RIBEIRO, G. D. Açaí-solteiro, açaí-do-amazonas (Euterpe precatoria), uma boa opção de exploração agrícola em Rondônia. Porto Velho: EMBRAPA. Disponível em: www.ambientebrasil.com.br. Acesso em: 25 jan. 2005. RIOS TORRES, M. Proyecto. Información y Analises para el Manejo Forestal Sostenible: integrando esfuerzos nacionales e internacionales en 13. Compilación y analises sobre los productos forestales no maderables (PFNM) en el Perú. Santiago de Chile, FAO. 2001. Disponível em: <www.rlc.fao.org/ Proyecto/rla>. Acesso em: 15 maio 2004. RODRIGUES, D. M. e MIRANDA, H. dos A. A cadeia produtiva do palmito no estado do Pará: situação atual e perpectivas. Belém, 2001. Monografia (Especialização em Agricultura Integrada da Amazônia) – Setor de Ciências Agrárias, Faculdade de Ciências Agrárias do Pará. ROSETTI, C. F. Análise econômica da indústria de palmito no estado do Paraná. Curitiba, 1988. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) – Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná. 112 Circular Técnica nº 130 SANTA CATARINA. SANTUR. Estatísticas, Demanda 2000, 2001, 2002. Disponível em: www.santur.sc.gov.br/FrameDemanda2002. Acesso em: 12 dez. 2003. SANTANA, A. C. et al. Benefícios sociais do açaí manejado no estado do Pará. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 40, 2002, Passo Fundo. Anais... Brasília: SOBER, 2002. p. 101. SANTOS, L. A. e CLEMENT, C. R. Mercado de palmito em Manaus. Manaus: INPA. 1998. SECEX. Radar Comercial. Análises de Mercados e Produtos. Disponível em: www.radarcomercial.desenvolvimento.gov.br. Acesso em: 11 fev. 2005. SIAMAZONIA. Sistema de Información de la Diversidad Biologica y Ambiental en la Amazonia. Palmito en búsqueda de nuevos mercados. Disponível em: www.siamazonia.org.pe/DetallesNoticias/Setiembre2002. Acesso em: 20 jan. 2003. Site dos Índices. Índices de Inflação. Disponível em: www.ai.com.br/ pessoal/indices/indice. Acesso em: 21 ago. 2003. STOIAN, D. Todo lo que sube tiene que bajar: la economia del palmito (Euterpe precatoria Mart.) en el norte amazónico de Bolivia. Documento do CATIE (Capítulo 6. 2003). Disponível em: <www.catie.ac.cr/ bancoconocimiento>. Acesso em: 22 fev. 2005. TEIXEIRA, C. P.; PAIVA, J. C. A. Situação atual do cultivo de palmito pupunha no estado do Espírito Santo/Brasil. Venda Nova (ES): EMCAPA, 1997. WRM. Movimiento Mundial por los Bosques Tropicales. El ‘chontaduro’ (Bactris gasipaes). Boletín de WRM, n. 33, Abr. 2000. Disponível em: <http:/ /www.wrm.org.uy/boletín/33.html>. Acesso em: 28 fev. 2005. O Agronegócio do Palmito no Brasil 113 ANEXOS Anexo 1 Marcas comerciais, indústria/origem, tipo/espécie, preço e formas de apresentação de palmito nos supermercados em Manaus, Belém, Rio de Janeiro, Niterói, São Paulo e Curitiba. Tabela 1. Supermercados de Manaus em junho de 2002. Marca Cuniã Cuniã Cuniã Rio Preto Itaipu Orly Ivaí Ideal5 Gini6 Gini Gini Carrefour Ivaí Ivaí Ideal Hemmer Carrefour Ideal Ivaí 1 Indústria/origem Tipo Preço (R$) 2 Supermercados DB Cooperama-RO Picado-pupunha 3,75 Cooperama-RO Tolete -pupunha 4,69 Cooperama-RO Banda-pupunha3 4,27 Rio Preto/Belém-PA Tolete -açaí 4,77 Rio Preto/Belém-PA Tolete -açaí 2,32 Sem dados Tolete -açaí 4,77 Carrefour Shopping Amazonas Riomar/Belém 4-PA Tolete -açaí 5,79 Riomar Tolete -açaí 6,89 Muaná/Muaná-PA Tolete -açaí 8,85 Gini/Afuá-PA Tolete -açaí 20,00 Gini/Afuá-PA Picado-açaí 5,35 Floresta Norte/Belém-PA Tolete -açaí 9,75 Riomar Picles-açaí7 5,79 Riomar Picles-açaí 7,16 Carrefour Loja Centro Riomar Picles-açaí 6,35 Itaituba/Itaituba-PA Tolete -açaí 6,15 Floresta Norte/Belém-PA Tolete -açaí 7,99 Riomar Tolete -açaí 6,89 Riomar/Belém 4-PA Tolete -açaí 5,55 Forma1 Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 100 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Lata 500 g Vidro 300 g Lata 500 g Vidro 300 g Vidro 450 g Vidro 300 g Vidro 300 g Lata 500 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidros de boca larga ou estreita DB: Depósito Bandeirantes 3 Banda é palmito cortado na forma longitudinal, em torno de 1 cm 4 No rótulo, “Qualidade Caracol” 5 No rótulo, “Palmito Silvestre Tradicional” 6 "Linha Prata” 7 Picles misto de palmito de açaí”: 50% de pequenos toletes no fundo do vidro, mais cenoura, nabo e couve-flor. 2 114 Circular Técnica nº 130 Tabela 2. Supermercados1 de Belém em junho de 2002. Marca Indústria/origem Tipo Nazaré MEG MEG/Novo Repartimento-PA Tolete -açaí BrasPalm Maiauatá/Belém-PA Tolete -açaí Tolete -açaí Palmazon 2 Maiauatá/Belém-PA MEG MEG/Belém-PA Tolete -açaí BrasPalm Maiauatá/Belém-PA Tolete -açaí Ivaí Riomar Tolete -açaí MEG MEG Tolete -açaí Palmazon Maiauatá Tolete -açaí Yamada Ivaí Riomar Tolete -açaí Ideal Riomar Tolete -açaí Excellence Riomar Tolete -açaí Ivaí Riomar Tolete -açaí Riomar Tolete -açaí Ivaí3 Riomar Picado-açaí Ivaí4 Ivaí Riomar Tolete -açaí Preço (R$) Forma 2,85 2,58 2,71 4,02 3,73 4,31 5,32 5,19 Vidro 180 g Vidro 180 g Vidro 180 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Lata 500 g Lata 500 g 2,61 4,29 4,29 4,16 5,34 3,32 6,10 Vidro 180 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Lata 500 g Preço (R$) Forma 7,89 7,49 6,59 6,10 5,75 5,69 Sem preço 3,40 14,90 14,00 Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Lata 500 g Lata 500 g 1 Pesquisa em três lojas de cada rede No rótulo, “Palmito Natural da Amazônia” 3 Em conserva vinagrete 4 "Qualidade Caracol” 2 Tabela 3. Hipermercado do Espírito Santo em março de 2003. Marca Indústria/origem Tipo Carrefour Vila Velha Hemmer Juçara1/Porto Velho-RO Tolete -açaí Bonduelle Ambial/Igrapiúna-BA Tolete -pupunha Ecopalm Coimex Rodela-pupunha Carrefour Floresta Norte/Belém-PA Tolete -açaí Ecopalm Coimex Fatiado-pupunha Carrefour Coimex Tolete -pupunha Cipalm Maiauatá/Belém-PA Tolete -açaí Carrefour Coimex Picado-pupunha Ita Ita/Muaná-PA Tolete -açaí Carrefour F. Norte/Afuá -PA Tolete -açaí 1 Indústria e Comércio Juçara O Agronegócio do Palmito no Brasil 115 Tabela 4. Supermercado do Rio de Janeiro em março de 2003. Marca Royal Palm Sendas2 Sendas King of Palm Guajará King of Palm Doidão Royal Palm 3 King of Palm Hamex 1 Indústria/origem Tipo Sendas Leblon C. C. Áreas/S. Sebastião-PA Tolete -açaí Hamex/Breves-PA Tolete -açaí Hamex Tolete -açaí K. of P./Santana -PA Tolete -açaí Hamex Tolete -açaí K. of P./Santana -PA Tolete -açaí Hamex Tolete -açaí C.C.Areas/S. Sebastião-PA Picado-açaí K. of P./Santana -PA Picado-açaí Hamex Picado-açaí Preço (R$) 1 Preço/kg (R$) 5,35 6,25 5,49 6,02 5,05 Sem preço Sem preço 4,15 4,50 3,69 17,83 20,83 18,30 20,06 16,83 15,37 15,00 12,30 Vidro 300 g Com a designação “Mais em conta” 3 Picado na forma transversal Nota: A primeira prateleira estava ocupada com aspargos, a segunda com cogumelos e as demais (quatro) com palmito. Segundo o gerente, esta é a melhor loja da rede, com movimento aproximado de 5.000 clientes/dia. 2 116 Circular Técnica nº 130 Tabela 5. Supermercados de Niterói em março de 2003. Marca Cipalm Carrefour Gini Ivaí Ideal Bonduelle Extra Gini3 Carrefour Cipalm Carrefour Carrefour Ivaí Carrefour Golden Palm Sendas Doidão4 Guajará Golden Palm Hamex Sendas Royal Palms King of Palm King of Palm 4 King of Palm Doidão5 Guajará Golden Palm 6 Hamex 1 Indústria Tipo Preço (R$)1 Carrefour Centro 2 Maiauatá Tolete -açaí 5,25 Floresta Norte Tolete -açaí 6,10 Muaná Tolete -açaí 7,69 Riomar Tolete -açaí 6,99 Riomar Tolete -açaí 8,19 Ambial/Igrapiúna-BA Tolete -pupunha 9,90 Muaná Tolete -açaí - lata 18,90 Floresta Norte Tolete -açaí 8,39 Maiauatá Picado-açaí 3,85 Floresta Norte Picado-açaí 5,55 Coimex Picado-pupunha Sem preço Riomar Picles-açaí 8,29 Coimex Fatiado-pupunha 4,89 Unacau Couvert-pupunha 6,59 Sendas Centro Hamex/Breves-PA Tolete -açaí 5,49 Hamex Tolete -açaí 4,35 Hamex Tolete -açaí Sem preço Unacau Tolete -Pupunha 5,55 Hamex Picado-açaí Sem preço Sendas Icaraíma Hamex/Breves-PA Tolete -açaí 5,49 C.C. Areas/S.Sebastião-PA Tolete -açaí 5,35 K. of P./Santana -PA Tolete -açaí 5,95 K. of P./Santana -PA Picado-açaí 4,50 K. of P./Santana -PA Tolete -açaí 4,39 Hamex Tolete -açaí 4,19 Hamex Tolete -açaí 5,05 Unacau Tolete -Pupunha 5,55 Hamex Picado-açaí 3,69 Preço/kg (R$) 17,50 20,33 25,63 23,30 27,30 33,00 37,80 16,78 12,83 18,50 18,42 16,30 21,97 18,30 14,50 18,50 18,30 17,83 19,83 15,00 14,63 13,97 16,83 18,50 12,30 Vidros de 300 g Loja com 50 caixas, sete prateleiras simples com palmito e latas nas duas primeiras de cima 3 Latas amassadas com poeira na tampa 4 Com a designação “Orgânico” 5 Vidros com 15 ou 16 toletes de palmito 6 Com a designação “100% macio e ecologicamente correto” Nota: A loja possui 3.970 m2. Segundo o gerente, esta é a terceira loja Sendas em vendas. 2 O Agronegócio do Palmito no Brasil 117 Tabela 6. Supermercados de São Paulo (capital) em novembro de 2002. Marca Indústria Tipo Preço (R$) Forma Pão de Açúcar Ana Rosa Juquiá Tolete-juçara 8,23 Vidro 300 g Riomar Tolete -açaí 7,75 Vidro 300 g Ambial 8,99 Vidro 300 g Agropalm/Juazeiro-BA 7,53 Vidro 300 g Floresta Norte Tolete -açaí 7,86 Vidro 300 g Cristalina1 7,93 Vidro 300 g Cristalina Toletinhos -açaí S/ preço Vidro 300 g Pão de Açúcar Jabaquara Ivaí Riomar Tolete -açaí 7,47 Vidro 300 g Bonduelle Ambial Tolete -pupunha 8.69 Vidro 300 g Agropalm Agropalm/Juazeiro-BA Tolete -pupunha 7,23 Vidro 300 g PAPS Floresta Norte Tolete-açaí 7,86 Vidro 300 g Tolete -pupunha 6,23 Costa Dourada Tinoco-PE2 Piquóia Sem dados Tolete -pupunha 7,05 Cristalina Cristalina-PA Tolete -açaí 7,63 Golden Palm Unacau/Una-BA Tolete -pupunha 7,23 Gini Muaná Tolete -açaí 10,30 Muaná Tolet e-açaí 18,20 Lata 500 g Gini3 Floresta Norte Tolete -açaí 13,10 Lata 500 g PAPS 4 PAPS Floresta Norte Tolete -açaí 11,90 Lata 500 g Carrefour Imigrantes Ivaí Riomar Tolete -açaí 6,99 Vidro 300 g Ideal5 Riomar Tolete -açaí 5,99 Vidro 300 g Carrefour Floresta Norte Tolete -açaí 6,10 Vidro 300 g Carrefour Floresta Norte Picado-açaí 5,10 Vidro 300 g Carrefour Floresta Norte Tolete -açaí S/ preço Lata 500 g Coimex Coimex Picado-Pupunha 3,90 Vidro 300 g Cipalm Maiauatá-PA Tolete -açaí 4,90 Vidro 300 g Cipalm Maiauatá-PA Picado-açaí 3,99 Vidro 300 g Natural Premium 6 Natural-PA Tolete -açaí 8,30 Vidro 300 g Golden Primus Natural-PA Tolete -açaí 7,15 Vidro 300 g Bonduelle Ambial Tolete -pupunha 9,89 Vidro 300 g Gini Muaná Tolete -açaí 9,65 Vidro 300 g Muaná Tole te-açaí 19,00 Lata 500 g Gini7 Golden Palm Unacau Couvert-pupunha8 6,95 Vidro 300 g Golden Palm 9 Unacau Tolete -pupunha 7,63 Vidro 300 g Golden Unacau Toletinhos -pupunha 6,95 Vidro 300 g Riomar Toletinhos -açaí 7,35 Vidro 300 g Ivaí Pickles 10 Continua Juquiá Ivaí Bonduelle Agropalm PAPS Cristalina Cristalina 118 Circular Técnica nº 130 Tabela 6. Continuação. Marca Indústria Tipo Extra Brigadeiro Muaná Tolete -açaí Riomar Tolete -açaí Coimex Picado-pupunha Coimex Tolete -pupunha Coimex Rodelas-pupunha Floresta Norte Tolete -açaí Unacau Tolete -pupunha Floresta Tolete -pupunha Ambial Tolete -pupunha Cristalina-PA Tolete -açaí Cristalina-PA Picado-açaí Agropalm/Juazeiro-BA Tolete -pupunha Blumenau-SC Tolete -juçara Pão de Açúcar Paraíso Bonduelle Unacau/Una-BA Tolete -pupunha Gini Riomar/Trairão-PA Tolete -açaí Juquiá Floresta/Juquiá-SP Tolete -pupunha Agropalm/Juazeiro-BA Tolete -pupunha Agropalm 12 PAPS -Rótulo Preto Floresta Norte/Afuá-AP Tolete -açaí PAPS Floresta Norte/Afuá-AP Tolete -açaí Barateiro Paraíso Agropalm 12 Agropalm/Juazeiro-BA Tolete -pupunha Ivaí Riomar/Belém-PA Tolete -açaí Barateiro Floresta Tolet e-pupunha Juquiá Floresta/Juquiá-SP Picado-pupunha Barateiro Floresta Norte/Belém-PA Picado-açaí Gini11 Ivaí Extra Extra Extra Extra Golden Palm Juquiá Bonduelle Cristalina Cristalina Agropalm Hemmer 1 Preço (R$) Forma 9,77 7,93 4,17 6,03 6,03 7,09 7,43 8,39 9,05 8,09 S/ preço 7,67 14,30 Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Lata 400 g 9,90 10,70 8,23 7,53 13,70 11,90 Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Lata 500 g Lata 500 g 7,39 7,69 6,43 5,19 4,20 Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 300 g Vidro 290 g Indústria no município de Santa Maria do Pará Tinoco Agroindustrial - município de Sirinhaem - PE (produto amarelado) 3 Gini, Rótulo Preto “Palmito Extra”, selo ANFAP 4 PAPS, Rótulo Preto, selo “Qualitá” 5 "Qualidade Caracol” 6 Natural Premium, Agroindústria Natural/M. P. Duran - São Sebastião da Boa Vista - PA 7 Gini Extra, Rótulo Preto 8 Golden Palm “Palmito Cultivado”; Couvert é uma preparação do palmito em pequenas bolas 9 Golden Palm “Extra Macio” 10 Conserva: palmito com cebolas, azeitonas, cogumelos 11 Gini “Linha Prata” 12 Palmito amarelado 2 O Agronegócio do Palmito no Brasil 119 Tabela 7. Supermercados de Curitiba em 2002. Marca Ale Supremo Bom Bonito Bom Bonito Carrefour Carrefour Chef Chef Chef Cipalm Colônia Cristalina Cristalina DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale DoVale Espécie Embalagem Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (picado) Lata (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (picado) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (picado) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (picado) Vidro (picado) Vidro (picado) Vidro (picado) Vidro (picado) Vidro (picado) Vidro (picado) Vidro (picado) Vidro (picado) Vidro (picado) Vidro (picado) Vidro (rodelas) Vidro (rodelas) Vidro (rodelas) Vidro (picado) Peso drenado (g) 300 500 270 500 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 1.800 Procedência PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA Preço (R$) 4,37 6,00 3,03 8,95 6,09 3,98 4,14 4,24 4,10 3,75 6,57 4,96 4,74 4,89 5,15 5,19 5,56 5,57 5,69 5,89 6,00 6,07 2,44 2,82 2,95 3,29 3,47 3,51 3,73 3,93 3,98 3,98 4,03 3,41 4,90 4,93 14,84 Continua 120 Circular Técnica nº 130 Tabela 7. Continuação. Marca Extra Extra Floripa Real Floripa Real Galeão Galeão Galeão Gini Gini Gini Gini Gini-Extra Gini-Extra Gini-Rótulo Preto Gini-Rótulo Preto Gold Primus Gold Primus Great Value Great Value Guará Hemmer Hemmer Hemmer Hemmer Hemmer Hemmer Hemmer Hemmer Henck Ideal Ideal Ideal Ivaí Ivaí Ivaí Ivaí Ivaí Espécie Embalagem Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Vidro (inteiro) Vidro (picado) Vidro (inteiro) Vidro (picado) Vidro (picado) Vidro (picado) Vidro (picado) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Lata (inteiro) Lata (inteiro) Lata (inteiro) Lata (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (picado) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Peso drenado (g) 180 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 500 500 500 500 180 300 180 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 Procedência PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA RO PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA Preço (R$) 5,99 3,75 5,54 3,94 4,06 4,37 4,37 8,55 8,97 5,33 5,48 17,10 17,18 17,59 18,10 3,88 5,19 4,38 4,58 5,95 5,98 6,75 6,99 7,08 7,81 7,98 8,59 8,67 4,98 5,48 6,59 6,99 4,99 5,00 5,48 6,56 6,99 Continua O Agronegócio do Palmito no Brasil 121 Tabela 7. Continuação. Marca Ivaí Ivaí Jaraguá Jaraguá Jaraguá Jaraguá Jaraguá King of Palms King of Palms King of Palms Kormann Kormann Kormann Kormann Kormann La Valle Mercadorama Muana Muana Muana PAPS PAPS PAPS PAPS PAPS Primus Rio Preto Rio Preto Soberano Soberano Soberano Soberano Tauá Tauá Tauá Tauá Tauá Espécie Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Peso drenado (g) Vidro (inteiro) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (inteiro) 180 Vidro (inteiro) 300 Vidro (picado) 180 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (rodela) 300 Vidro (rodela) 300 Lata (inteiro) 500 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 500 Vidro (inteiro) 500 Vidro (picado) 270 Vidro (couvert) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 1.800 Vidro (picado) 300 Vidro (picado) 1.800 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (picado) 1.200 Vidro (picado) 1.200 Embalagem Procedência PA PA PA PA PA PA PA AP AP AP PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA PA Preço (R$) 7,29 3,37 4,28 6,25 3,75 3,75 5,09 5,15 7,28 4,95 4,98 5,73 5,98 3,23 3,25 4,49 3,95 7,53 6,15 6,67 5,85 5,85 7,89 11,40 12,10 4,79 5,25 4,99 4,30 28,80 2,70 13,25 7,20 7,35 2,59 12,99 16,99 Continua 122 Circular Técnica nº 130 Tabela 7. Continuação. Marca Yaco Barriga Verde Costa Sul Euro Hemmer Hemmer Hemmer Hemmer Hemmer Hemmer Jurere Juriti Juriti Martendal Nativus Régio Riston Tunga Zilse Barriga Verde GDM GDM GDM GDM GDM GDM Juquiá/Juriti Nativus Agropalm Agropalm Bonduelle Bonduelle Bonduelle Bonduelle Bonduelle Carrefour Carrefour Espécie Embalagem Açaí Juçara Juçara Juçara Juçara Juçara Juçara Juçara Juçara Juçara Juçara Juçara Juçara Juçara Juçara Juçara Juçara Juçara Juçara Palmeira-real Palmeira-real Palmeira-real Palmeira-real Palmeira-real Palmeira-real Palmeira-real Palmeira-real Palmeira-real Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Vidro (picado) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (picado) Vidro (inteiro) Vidro (picado) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (picado) Vidro (picado) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (Banda) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (picado) Vidro (picado) Vidro (rodela) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (inteiro) Vidro (picado) Peso drenado (g) 300 300 300 1.800 300 300 300 300 300 1.200 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 1.800 300 1.800 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 Procedência PA SC SC SC SC SC SC SC SC SC SC SC SC SC SC PR SC SC SC SC SC SC SC SC SC SC SC SC BA BA BA BA BA BA BA ES ES Preço (R$) 2,76 6,10 5,09 28,40 6,41 7,79 7,79 8,35 8,67 24,70 3,59 8,75 6,62 5,10 6,50 4,82 4,85 5,85 6,99 6,10 3,50 4,65 26,20 3,50 12,98 3,19 6,62 7,20 5,77 6,27 7,89 7,98 9,57 10,20 10,59 4,87 3,90 Continua O Agronegócio do Palmito no Brasil 123 Tabela 7. Continuação. Marca Espécie Carrefour Ecopalm Ecopalm Ecopalm Ecopalm Gold Extra Extra Golden Palm Golden Palm Golden Palm Golden Palm Golden Palm Guajaratiba Guajaratiba Guajaratiba Guajaratiba Guajaratiba Guajaratiba Juquiá Juquiá Marbbel Marbbel Marbbel Marbbel Marbbel Marbbel Marbbel Marbbel Nativus Nativus Nativus Nativus Nativus Nativus Nativus Nativus Nativus Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Peso drenado (g) Vidro (rodela) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (rodela) 300 Vidro (rodela) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (rodela) 300 Vidro (couvert) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (picado) 300 Embalagem Procedência ES ES ES ES ES ES ES BA BA BA BA BA PR PR PR PR PR PR PA PA PR PR PR PR PR PR PR PR SC SC SC SC SC SC SC SC SC Preço (R$) 4,65 6,19 5,32 5,32 5,71 4,23 3,13 5,26 5,86 6,25 4,34 5,26 3,39 5,65 6,25 6,25 4,25 4,25 6,13 6,63 4,39 4,63 4,70 5,00 2,51 2,57 2,59 2,78 5,48 5,67 6,13 3,77 3,87 3,02 3,02 3,29 3,55 Continua 124 Circular Técnica nº 130 Tabela 7. Continuação. Marca Espécie Nativus Yata Yata Yata Yata Yat a Yata Yata Yata Zanuzzo Zanuzzo Zanuzzo Zanuzzo Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Pupunha Fonte: Corso (2003) Peso drenado (g) Vidro (picado) 300 Vidro (banda) 300 Vidro (couvert) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (picado) 300 Vidro (rodela) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Vidro (inteiro) 300 Embalagem Procedência SC RO RO RO RO RO RO RO RO PR PR PR PR Preço (R$) 3,57 4,35 2,98 4,58 5,41 5,60 2,67 4,15 3,75 5,49 5,99 5,99 6,06 125 O Agronegócio do Palmito no Brasil Anexo 2 Preços do palmito em Manaus. Tabela 1. Preços de venda e custo aproximado para vidros de 300 g. Marcas Pará Kaburé Marisa Fortaleza Trovão Cristalina Palm’s Jaraguá Ycapui Goiás Arisco São Paulo Cica Jurema Só Fruta Nosso Palmito Bordon Gini Kenko Santa Catarina Hemmer Tauá Amazonas Tapiré Média geral A B 3,90 Venda (R$) C D E 4,52 6,91 6,14 5,50 4,28 5,50 4,94 3,30 4,72 8,90 6,90 7,50 8,39 5,90 6,90 6,79 3,90 7,80 7,46 7,53 7,15 5,76 6,44 10,49 6,45 4,50 6,50 6,35 7,00 Fonte: Santos e Clement (1998) A: Lojas Americanas B: Roma C: Distribuidor Bandeirantes D: Grupo CO E: Popular 1 Custo de atacado ao redor de 60% do custo de varejo Média 4,91 4,21 6,53 5,50 4,28 5,50 4,90 3,60 4,72 Custo (R$) Atacado Cálculo1 3,16 2,95 2,60 2,53 3,90 3,92 3,65 3,30 2,50 2,57 3,30 2,96 2,16 2,83 7,77 7,22 7,31 7,44 5,90 5,76 6,44 10,49 5,48 6,45 4,50 4,50 4,49 4,50 4,45 4,30 6,62 6,00 5,00 4,05 3,10 6,08 4,66 4,33 4,39 4,47 3,54 3,46 3,86 6,29 3,29 3,87 2,70 3,97 3,60 126 Circular Técnica nº 130 Anexo 3 Agroindústrias do palmito em Belém. Tabela 1. Principais empresas exportadoras de palmito em conserva em 1997. Empresa Riomar Conservas Ltda. (Pará) Kanoa Indústrias Alimentícias Ltda. (Pará) Arisco Indústria Ltda. Indústria e Comércio de Conservas Maiuatá Ltda. (Pará) Gorrensen e Companhia Ltda. (Pará) Empasa Empreend. Agro Industriais do Pará Ltda. (Pará) Indústrias Alimentícias Flórida S.A. (Pará) Indústria de Conservas Alimentícias Juruena Ltda. Amazon - Com. Importadora e Exportadora Ltda. (Pará) Indústria e Comércio de Conservas Rio Preto Ltda. (Pará) Amazônia S.A. Indústria Alimentícia Afuá Ind. Com. de Conservas Alimentícias Ltda. (Pará) Hamex Ind. e Com. de Produtos Alimentícios Ltda. (Pará) Floresta Norte Indústria e Comércio Ltda. (Pará) Propus Conservas e Serviços Ltda. (Pará) Equador Indústria e Comércio de Conservas Ltda. Brasil Express Com. Importação e Exportação Ltda. F. C. Júnior Comércio e Exportação Outros Total Fonte: Adaptado de Rodrigues e Miranda (2001). FNP/SECEX/DECEX Valor (US$1.000 FOB) 3.805 3.270 3.070 2.384 1.858 1.609 1.596 1.035 1.027 926 479 441 304 302 275 262 142 122 286 23.192 % 16,4 14,1 13,2 10,3 8,0 6,9 6,9 4,5 4,4 4,0 2,1 1,9 1,3 1,3 1,2 1,1 0,6 0,5 1,2 100,0 O Agronegócio do Palmito no Brasil 127 Anexo 4 Área plantada com pupunha no Rio de Janeiro. Tabela 1. Área com pupunha para palmito no Rio de Janeiro em junho de 2001. Área Quantidade Nº Em produzida Município Plantada produtores produção (t) (ha) (ha) Angra dos Reis 115 39,50 16,00 19,20 Paraty 52 53,00 18,00 21,00 Resende 6 4,50 4,00 4,80 Conservatória (Valença) 1 3,00 Piraí 1 2,00 Itaguaí 15 0,25 Mangaratiba 10 23,50 10,00 12,00 Nova Iguaçu 9 4,10 2,00 1,00 Japeri 32 10,00 6,00 2,00 Guapimirim 2 4,00 7,00 6,00 Bom Jesus do Itabapoana 4 0,30 Miracema 3 7,00 3,00 10,00 Natividade 1 0,80 Macaé 1 2,00 0,80 1,00 Bom Jardim 2 0,20 Nova Friburgo 1 0,50 Casimiro de Abreu 2 1,50 Silva Jardim 7 40,00 25,00 30,00 Paraíba do Sul 1 0,50 Vassouras 1 1,00 São José do Vale do Rio Preto 1 0,60 Duas Barras 5 3,00 Santa Maria Madalena 3 2,50 Trajano de Moraes 5 3,00 Cachoeiras de Macacu 10 5,00 Papucaia (Cachoeiras de Macacu) 3 1,50 Total 293 213,25 91,80 107,00 Fonte: EMATER-RJ (2002) 128 Circular Técnica nº 130 Anexo 5 Mercado do palmito de pupunha in natura em São Paulo (SP) em 2001. Os dados foram coletados entre 14 e 18 de agosto de 2001 pelo pesquisador do IAPAR Francisco Paulo Chaimshon. O câmbio em agosto de 2001 era US$ 1,00 = R$ 2,30. CEAGESP Comerciante A Preço no mercado: R$ 3,50/peça Preço pago ao produtor: R$ 2,30/peça Origem: Córrego dos Espanhóis/Araçatuba (SP), de José Ferreira Batista Neto(18) 623-0407/ 621-0957 Comercializa há cerca de um mês e vende cerca de 12 toletes a cada 15 dias. Segundo o comerciante, há receio de comercialização do palmito in natura por causa da proibição do juçara. Joga um monte da parte basal por não saber que poderia ser usado. Comerciante B Preço: R$ 4,00/peça Mesma origem e preço. Vende cerca de 20 peças por semana. Houve redução do consumo em função de notícias de botulismo. Comerciante C Preço: R$ 5,00/peça Origem: Vale do Ribeira, São José do Rio Preto e Araçatuba (SP) Distribui cerca de 1.500 peças por semana. MERCADO MUNICIPAL Preço da pupunha com casca: R$ 9,00/peça Preço da pupunha sem casca: R$ 14,00/peça Havia um comerciante comercializando palmito juçara a R$ 5,00 e 8,00/peça. O comerciante informou que a pupunha não teve boa aceitação. O Agronegócio do Palmito no Brasil 129 FEIRA DO PACAEMBU Preço: R$ 10,00 (palmito bruto com casca) Segundo a feirante, há receio de vender em função da fiscalização. SACOLÃO DA HIGIENÓPOLIS Palmito de primeira (processado): R$ 5,90 (cerca de 500 g) Palmito de segunda (processado): R$ 3,30 Validade de 13 dias (refrigeração). PÃO DE AÇÚCAR (R: Maranhão - Higienópolis; R: Oscar Freire - Jardins; R: Cerro Corá - Alto da Lapa) Palmito de segunda (processado): de R$ 6,79 a R$ 7,65 (500 g) Palmito desfiado: R$ 7,60 (250 g) Palmito carpaccio: R$ 7,65 (250 g) Validade: 7 dias Segundo informações de um gerente, o produto só era vendido em cinco lojas da rede, localizadas na zona sul. SANTA LUZIA Palmito de primeira (processado): de R$ 14,00 a R$ 15,10/kg Palmito carpaccio: R$ 16,00/kg Palmito desfiado: R$ 16,00/kg 130 Circular Técnica nº 130 Anexo 6 Preço do palmito nos supermercados do Paraná em 2002. Rede/Grupo Sonae Condor Lembrasul Pão de Açúcar Carrefour Festval Angeloni Makro Média Variância Fonte: Corso (2003) Açaí 3,00 2,60 4,00 4,30 4,50 2,80 2,65 2,50 3,29 0,69 Pupunha 4,00 2,75 2,90 3,95 3,00 3,20 2,80 3,23 0,28 Preço R$/vidro 300 g Juçara Palmeira-real 5,60 4,20 3,50 5,80 6,00 4,50 3,80 4,35 4,00 4,92 3,65 0,71 0,04 Preço médio 4,20 3,26 3,45 4,68 4,50 3,50 3,50 3,10 3,78 O Agronegócio do Palmito no Brasil 131 Anexo 7 Número e procedência das marcas de palmito, por espécie na cidade de Curitiba em 2002. Tabela 1. Número e procedência das marcas de palmito, por espécie, nos supermercados de Curitiba em 2002. Espécie Açaí Procedência Pará Amapá Rondônia Nº de marcas 29 1 1 % 47,5 1,6 1,6 Juçara Santa Catarina Paraná 11 2 18,0 3,3 Pupunha Bahia Espírito Santo Paraná Santa Catarina Pará Rondônia 3 3 3 2 1 1 5,0 5,0 5,0 3,3 1,6 1,6 Palmeira-real Santa Catarina 4 6,5 Fonte: Corso (2003) Tabela 2. Procedência do palmito nos supermercados de Curitiba em 2002. Estado Pará Santa Catarina Paraná Bahia Espírito Santo Rondônia Amapá Total Fonte: Corso (2003) Nº de marcas 30 17 5 3 3 2 1 61 % 49,2 27,9 8,2 4,9 4,9 3,3 1,6 100,0 Circular Técnica nº 130 | O Agronegócio do Palmito no Brasil