CULAR TÉCNICA Nº 129 - JULHO/07 - ISSN 0100-3356
CIRCULAR TÉCNICA Nº 130 - SETEMBRO/07 - ISSN 0100-3356
O Agronegócio
do Palmito no Brasil
ROBERTO REQUIÃO
Governador do Estado do Paraná
VALTER BIANCHINI
Secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento
INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ - IAPAR
JOSÉ AUGUSTO TEIXEIRA DE FREITAS PICHETH
Diretor-Presidente
ARNALDO COLOZZI FILHO
Diretor Técnico-Científico
ALTAIR SEBASTIÃO DORIGO
Diretor de Administração e Finanças
MARIA LÚCIA CROCHEMORE
Diretora de Gestão de Pessoas
CIRCULAR TÉCNICA Nº 130
SETEMBRO/07
ISSN 0100-3356
O AGRONEGÓCIO DO PALMITO NO BRASIL
Aníbal dos Santos Rodrigues
Maria Eliane Durigan
INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ
Londrina 2007
INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ
COMITÊ EDITORIAL
Rui Gomes Carneiro – Coordenador
Sueli Souza Martinez - Editora Executiva
Antonio Carlos Rodrigues da Silva
Séphora Cloé Rezende Cordeiro
Telma Passini
EDITOR REVISOR
Álisson Néri
ASSISTENTE EDITORIAL/ESTAGIÁRIA
Stephanie Bergamo
DIAGRAMAÇÃO
Devanir de Souza Moraes
CAPA
Devanir de Souza Moraes
DISTRIBUIÇÃO
Área de Difusão de Tecnologia - ADT
[email protected] / (43) 3376-2373
TIRAGEM: 1.500 exemplares
Impresso na Gráfica do IAPAR
Todos os direitos reservados
É permitida a reprodução parcial, desde que citada a fonte.
É proibida a reprodução total desta obra.
R696a
Rodrigues, Aníbal dos Santos
O agronegócio do palmito no Brasil / Aníbal dos Santos
Rodrigues e Maria Eliane Durigan – Londrina: IAPAR, 2007.
131 p. – ( IAPAR. Circular técnica, 130)
ISSN: 0100-3356
1. Palmito–Agronegócio–Brasil. I. Durigan, Maria Eliane.
II. Instituto Agronômico do Paraná, Londrina, PR. III. Título.
IV. Série.
CDD 634.9745
338.1
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
2007
AUTORES
Aníbal dos Santos Rodrigues
Eng. Agr. Dr. Pesquisador da Área de Socioeconomia
IAPAR – Curitiba - PR
[email protected]
Maria Eliane Durigan
Eng. Agr. MSc. Pesquisadora da Área de Fitotecnia
IAPAR – Curitiba - PR
[email protected]
APRESENTAÇÃO
Este estudo faz parte do projeto “Palmito de pupunha (Bactris gasipaes):
uma alternativa sustentável para o aproveitamento de áreas abandonadas e/ou
degradadas pela agricultura no domínio da Mata Atlântica”, proposto ao Programa
de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Agricultura Brasileira (PRODETAB). O
projeto foi desenvolvido de outubro de 2000 a setembro de 2003, tendo como
instituição coordenadora a EMBRAPA/CNPF. Os executores foram a EMBRAPA, o
Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e a Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Trata-se de estudo prospectivo, com o objetivo de caracterizar o agronegócio
do palmito com enfoque nas questões do mercado, em que constem os fatores
críticos e as oportunidades ao desenvolvimento da atividade. Foram abrangidas as
regiões e as espécies mais importantes em produção, extração, transformação e
consumo do palmito. Foram levantados e sistematizados dados, informações e estudos
relativos ao mercado interno e externo, quantificou-se a produção, a transformação
(agroindústria) e a comercialização do produto nas suas diferentes formas.
O objetivo foi elaborar um quadro que permitisse uma visão atual do
agronegócio do palmito, estabelecer referências para o futuro e mapear com
mais acerto as restrições, oportunidades e tendências, ou seja, construir
cenários para o bom encaminhamento das atividades próprias de cada agente
e do conjunto da atividade.
O estudo é apresentado em duas partes. A primeira, na qual dados e
informações são sistematizados e comentados numa perspectiva histórica da
formação do agronegócio do palmito no Brasil e em países concorrentes. A segunda,
em que se caracteriza a situação contemporânea da atividade no país a partir de
informações obtidas em entrevistas diretas, com diversos agentes, nas regiões
onde a atividade é relevante.
O IAPAR apóia o desenvolvimento da atividade por meio de projetos de
pesquisa com pupunha iniciados em 1985, primeiramente no litoral e posteriormente
nas regiões do Paraná onde havia indicações de adaptação agronômica. Existe um
acervo de conhecimentos sobre a produção em estações experimentais e em
unidades de produtores: manejo da cultura, zoneamento da pupunha para o estado
e diversificação do produto na comercialização in natura.
Este estudo procura complementar, com informações de cunho
econômico, o quadro de referências necessárias ao entendimento do agronegócio
do palmito como um todo.
José Augusto Teixeira de Freitas Picheth
Diretor-Presidente do IAPAR
AGRADECIMENTOS
Embora a responsabilidade e as eventuais falhas sejam dos autores,
este estudo foi realizado com a colaboração de um grande número de pessoas
que, em maior ou menor grau, contribuíram para sua realização e finalização
a bom termo.
No levantamento dos dados, contamos com a prestimosa colaboração
de colegas pesquisadores e técnicos, que além de informar sobre as
especificidades da sua área de trabalho, abordaram as diversas questões com
as quais se defronta a atividade.
Os proprietários e gerentes das agroindústrias, bem como os agricultores,
em diversos eventos, prestaram informações valiosas. Também os gerentes
dos supermercados, dentro dos limites das suas ocupações, colaboraram
sobremaneira para a obtenção dos dados e informações sobre o “elo da cadeia”
em que atuam.
Agradecemos a todos e, apesar de corrermos o risco de falhar no
procedimento, nominamos instituições e pessoas que apoiaram de modo decisivo
a realização deste trabalho.
Em Manaus, agradecemos aos pesquisadores Lenoir Santos, Kaoru
Yuyama e Charles Clement. Ao Clement agradecimentos especiais, porque
colaborou significativamente ao orientar alguns procedimentos na primeira
entrevista do trabalho e quando da percuciente revisão deste. Agradecimentos
a Teruyuki Matsugu, diretor de produção da Cooperativa Mista Efigênio de
Sales, aos pesquisadores da EMBRAPA Amazônia Ocidental, Gladys de Souza e
Rosildo Simplício da Costa, a Geraldo Couto Araújo, Chefe do Departamento
de ATER, do IDAM.
Em Belém, agradecimentos especiais ao Carlos Eduardo Gorrësen, gerente
comercial da Meg Gorrësen, que nos bem recepcionou e colaborou sobremaneira
com informações e na organização do trabalho naquela cidade. Também ao
Luciano Correa, da Agroindústria Riomar e diretor presidente do SINDIPALM.
Aos pesquisadores da EMBRAPA Amazônia Oriental, Manoel Cravo, Oscar Nogueira
– este quando da entrevista por videoconferência – e Alfredo Homma, que nos
recepcionou em demorada entrevista e se empenhou no trabalho de revisão
deste. Agradecimentos também a Deusimar Miranda Rodrigues, engenheira
agrônoma da SAGRI-Pará.
No Sul da Bahia foram colaboradores importantes os colegas Ismael de
Souza Rosa e Maria das Graças Parada, pesquisadores da CEPLAC, Manoel
Aboboreira Neto, gerente de produção da Inaceres e José Humberto Mafuz,
diretor da agroindústria Estrela do Rio.
No Espírito Santo, agradecimentos ao Adilson Pereira, produtor de mudas,
ao Joaquim Amorim, gerente da Coimex, ao pesquisador César Pereira Teixeira
do INCAPER e ao Maurício Magnago, empresário em Venda Nova que nos
receberam muito bem e apoiaram o trabalho na região.
Os colegas Benito Igreja Junior, diretor técnico, Jairo R. G. Silva, gerente
técnico estadual e Herval F. Lopes, gerente de agroecologia da EMATER-RJ,
foram importantes para o entendimento da atividade no Rio de Janeiro.
Em Registro, agradecimentos aos colegas da CATI-Regional de Registro,
Luís Gustavo S. Ferreira e Nelson Basílio da Silva, que além de informar sobre
as questões do agronegócio do palmito, compartilham informações importantes
para o Projeto PRODETAB. Agradecimentos ao Waldomiro Talib, da Agroindústria
Conservale. Agradecimentos ao agricultor e empresário Ricardo Luiz de Oliveira,
do Palmito Selo Verde, de Itariri, pelas informações sobre palmito in natura e
ao Samuel G. Oliveira, representante comercial da Mafuz em São Paulo.
No Paraná, agradecimentos aos colegas do Projeto PRODETAB, que
contribuíram para que o estudo fosse a bom termo. Ao Álvaro Figueiredo e ao
colega Luiz Roberto Graça, pesquisadores da EMBRAPA Florestas e ao Cirino
Correa, da EMATER-PR. Ao Neder Corso, quando da realização da sua dissertação
de mestrado, ao Aniceto Zanuzzo, da Indústria de Conservas Zanuzzo e ao
Nelson Weideman Filho, da Tropical Distribuidora de Alimentos.
Aos colegas Milton Ramos e Terezinha Heck, da EPAGRI-SC, especial
agradecimento pelo apoio e companheirismo no desenvolvimento dos projetos
de pesquisa. Milton Ramos colaborou, ainda, na revisão deste estudo.
Agradecimentos ao professor Alfredo Fantini da UFSC, ao pesquisador Luiz
Toresan do ICEPA, ao Alcibaldo German, secretário de agricultura de
Guaramirim, aos proprietários de agroindústrias Elói Soter Correa Neto (Juriti),
Wilson Tomelin (Verde Vale), Agnaldo e Álvaro (Schoepping).
Agradecimentos a todos os agricultores, de diversas localidades, que se
dispuseram de boa vontade a participar das entrevistas. Sr. José Altoé (Venda
Nova-ES), Sr. Florentino Kiefer (processador de palmito em Marechal FlorianoES), Sr. Zoca (Guarapari-ES), Sr. Vigando Voigt (Pirabeiraba/Joinville-SC), Sr. Jorge
e Sra. Maria, do Sítio Morototó (Guaraqueçaba-PR) e a outros aqui não nominados,
mas que de alguma forma colaboraram com informações a respeito do agronegócio
do palmito.
LISTA DE SIGLAS
ABIPTI - Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica
ABRAPALM - Associação Brasileira dos Produtores de Palmito Cultivado
AGRIANUAL - Anuário da Agricultura Brasileira
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
BASA - Banco da Amazônia
CADA - Consejo Andino de Desarrollo Alternativo
CAMES - Cooperativa Agrícola Mista Efigênio Sales
CATI - Coordenadoria de Assistência Técnica Integral
CENEX - Centro de Extensão
CEPA - Centro de Estudos de Safras e Mercados
CEPEC - Centro de Pesquisas do Cacau
CEPLAC - Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
CNPF - Centro Nacional de Pesquisa de Florestas
CPATU - Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido
CRDR - Centro Regional de Desenvolvimento Rural
EDR - Escritório de Desenvolvimento Regional
EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EMCAPA - Empresa Capixaba de Pesquisa Agropecuária
EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A.
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
FAO - Food And Agriculture Organization
FATMA - Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina
FDA - Food and Drug Administration
FGV - Fundação Getúlio Vargas
FINAM - Fundo de Investimentos da Amazônia
FNO - Fundo Constitucional de Financiamento do Norte
FOB - Free on Board
FUNDAP - Fundo de Recuperação Econômica do Espírito Santo
IAC - Instituto Agronômico de Campinas
IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICRAF - Word Agroforestry Centre
IGP-DI - Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna
IDAM - Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Amazonas
IICA - Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura
INCAPER - Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
INFOAGRO - Sistema de Información de Sector Agropecuário Costarricence
INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
ITAL - Instituto de Tecnologia de Alimentos
ITER - Instituto de Terras do Estado de Minas Gerais
MERCANET/CNP - Sistema Integrado de Información de Mercado - Costa Rica
PAPS - Pão de Açúcar Produtos Selecionados
POF/IBGE - Pesquisa de Orçamento Familiar
PRODETAB - Projeto de Apoio ao Desenvolvimento de Tecnologia Agropecuária
para o Brasil
PROPALM - Programa de Desenvolvimento da Cultura de Palmáceas Produtoras
de Palmito no Espírito Santo
RMs - Regiões Metropolitanas
RMSP - Região Metropolitana de São Paulo
SAGRI - Secretaria Executiva de Agricultura do Pará
SEAGRO - Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SINDIPALM - Sindicato da Indústria de Palmito do Estado do Pará
SUDAM - Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia
UEM - Universidade Estadual de Maringá
UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa
UFAM - Universidade Federal do Amazonas
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
UNESP - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
UPAs - Unidades de Produção Agrícola
ZFM - Zona Franca de Manaus
SUMÁRIO
RESUMO .................................................................................
INTRODUÇÃO ...........................................................................
OBJETIVO ...............................................................................
METODOLOGIA .........................................................................
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17
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22
CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO DO PALMITO NO BRASIL E NO MUNDO
PRODUÇÃO, EXPORTAÇÃO, CONSUMO ............................................. 25
A PRODUÇÃO E A EXPORTAÇÃO DE PALMITO NO BRASIL .........................
1 As Décadas de 40 a 70 .............................................................
1.1 Agroindústria .....................................................................
1.2 Exportação na década de 60 ...................................................
2 As Décadas de 70 e 80 .............................................................
2.1 Agroindústria .....................................................................
2.2 Produção ..........................................................................
2.3 Exportação ........................................................................
3 A Década de 80 .....................................................................
3.1 Produção ..........................................................................
3.2 Exportação ........................................................................
4 A Década de 90 .....................................................................
4.1 As indústrias de palmito no Pará ..............................................
4.2 Produção ..........................................................................
4.3 Exportação ........................................................................
5 Síntese da Variação de Preços da Exportação de 1970 a 2001 .............
27
27
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36
O CONSUMO DE PALMITO NO BRASIL ............................................... 37
1 As Estimativas de Consumo ....................................................... 37
2 Razões que Afetam o Consumo do Palmito .................................... 40
PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PALMITO EM OUTROS PAÍSES ...................
1 Costa Rica ...........................................................................
1.1 Produção ..........................................................................
1.2 Exportação ........................................................................
1.3 Custos de produção .............................................................
1.4 Informações não oficiais .......................................................
1.5 Causas da crise na Costa Rica .................................................
2 Equador ..............................................................................
2.1 Produção e exportação .........................................................
41
41
41
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45
45
2.2 Preços pagos ao produtor ......................................................
2.3 Custo de produção ..............................................................
3 Informações dos Demais Países ...................................................
3.1 Bolívia ..............................................................................
3.2 Colômbia ..........................................................................
3.3 Peru ................................................................................
3.4 Estados Unidos da América do Norte – importações .......................
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47
47
48
49
49
CARACTERIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DO PALMITO NO BRASIL ................ 51
1 AMAZONAS ...........................................................................
1.1 A Atividade no Estado .........................................................
1.1.1 Área plantada ..................................................................
1.1.2 Agroindústria ...................................................................
1.2 Aspectos da Produção ...........................................................
1.2.1 Produtividade ..................................................................
1.3 O Mercado ........................................................................
1.3.1 Marcas e preços nos supermercados .......................................
1.3.2 Apresentação do produto nas gôndolas ...................................
1.3.3 Estimativa de vendas .........................................................
1.4 Comentários Gerais .............................................................
53
53
53
54
54
55
55
55
57
57
59
2 PARÁ ..................................................................................
2.1 A Atividade no Estado ..........................................................
2.1.1 Área plantada ..................................................................
2.1.2 Agroindústria ...................................................................
2.2 Aspectos da Produção ...........................................................
2.2.1 Preços pagos ao agricultor ...................................................
2.3 O Mercado ........................................................................
2.3.1 Marcas e preços nos supermercados .......................................
2.4 Comentários Gerais .............................................................
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59
61
62
64
64
64
65
65
3 REGIÃO SUL DA BAHIA .............................................................
3.1 A Atividade na Região ..........................................................
3.1.1 Área plantada ..................................................................
3.1.2 Agroindústria ...................................................................
3.2 Aspectos da Produção ..........................................................
3.2.1 Produtividade ..................................................................
3.2.2 Preços pagos ao agricultor ...................................................
3.3 O Mercado ........................................................................
3.4 Comentários Gerais .............................................................
68
68
68
69
70
70
70
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71
4 ESPÍRITO SANTO ....................................................................
4.1 A Atividade no Estado ..........................................................
4.1.1 Área plantada ..................................................................
4.1.2 Agroindústria ...................................................................
4.2 Aspectos da Produção ...........................................................
4.2.1 Produtividade ..................................................................
4.2.2 Preços pagos ao agricultor ...................................................
4.3 O Mercado ........................................................................
4.3.1 Marcas e preços nos supermercados .......................................
4.4 Comentários Gerais .............................................................
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71
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74
74
75
75
75
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5 RIO DE JANEIRO ....................................................................
5.1 A Atividade no Estado ..........................................................
5.1.1 Área plantada ..................................................................
5.1.2 Agroindústria ...................................................................
5.2 Aspectos da Produção ...........................................................
5.3 O Mercado ........................................................................
5.3.1 Marcas e preços nos supermercados .......................................
5.4 Comentários Gerais .............................................................
76
76
76
77
77
77
77
78
6 SÃO PAULO ...........................................................................
6.1 A Atividade no Estado ..........................................................
6.1.1 Área plantada ...................................................................
6.1.2 Agroindústria ...................................................................
6.2 Aspectos da Produção ...........................................................
6.2.1 Produtividade ..................................................................
6.2.2 Preços pagos ao agricultor ...................................................
6.3 O Mercado .........................................................................
6.3.1 Marcas e preços nos supermercados ........................................
6.3.2 Preços de palmito em Registro ..............................................
6.3.3 Condições do produto nas gôndolas ........................................
6.4 Comentários Gerais .............................................................
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78
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80
80
80
81
81
81
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83
83
7 PARANÁ ...............................................................................
7.1 A Atividade no Estado ..........................................................
7.1.1 Área plantada ..................................................................
7.1.2 Agroindústria ...................................................................
7.2 Aspectos da Produção ..........................................................
7.2.1 Produtividade ..................................................................
7.2.2 Preços pagos ao agricultor ...................................................
84
84
85
85
86
86
87
7.3 O Mercado ........................................................................ 87
7.3.1 Marcas e preços nos supermercados ........................................ 87
7.4 Comentários Gerais .............................................................. 88
8 SANTA CATARINA .....................................................................
8.1 A Atividade no Estado ............................................................
8.1.1 Área plantada ...................................................................
8.1.2 Agroindústria ...................................................................
8.2 Aspectos da Produção ...........................................................
8.2.1 Produtividade e preços pagos ao agricultor ...............................
8.3 O Mercado .........................................................................
8.4 Comentários Gerais .............................................................
8.4.1 Legislação ambiental .........................................................
8.4.2 Observações das agroindústrias ............................................
8.4.3 Observações dos agricultores ...............................................
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89
90
90
91
91
91
93
93
93
95
9 SÍNTESE DOS PREÇOS DO PALMITO E DOS PRODUTOS CONCORRENTES .... 96
CONCLUSÕES ........................................................................... 98
REFERÊNCIAS .......................................................................... 107
ANEXOS ................................................................................. 113
O Agronegócio do Palmito no Brasil
15
RESUMO
Na última década, o agronegócio do palmito perdeu o caráter de
atividade extrativa e clandestina devido às questões ambientais, exaustão
das espécies nativas, exigências da ANVISA e aumento do cultivo de espécies
nativas e exóticas. Os dados para este estudo foram obtidos de fontes
secundárias e por entrevistas diretas, entre junho de 2002 e março de 2003.
Nesse período, a produção de palmito no Brasil foi estimada em torno de
160.000 t/ano. Os dados oficiais de área plantada e produção (IBGE) são
inconsistentes. Para 2003 a produção informada foi de 51.378 t (73,7% seriam
de palmito cultivado). Em 2003, Goiás teria sido o maior produtor, com 20.004
t em 1.601 ha. O pólo dominante ainda era Belém, baseado na extração de
açaí. Além de Goiás (palmito de guariroba), no Sul da Bahia e no Vale do
Ribeira (SP) aumentam as lavouras de pupunha, assim como em Santa Catarina
e Paraná (palmeira-real e pupunha), com área total estimada em 14.396 ha,
em 2002. A diminuição dos estoques de palmito nativo e a pressão
ambientalista favorecem a expansão dos cultivos. As exportações decresceram
de 11.793 t em 1977 para 2.222 t em 2004. Com os preços (FOB) ocorreu o
mesmo, de US$ 5.772,00/t em 1977 para US$ 3.421,00/t em 2004. Equador e
Costa Rica, com 16.334 t e 14.443 t exportadas em 2001, são os principais
exportadores e atualmente apresentam a atividade em recuperação, após a
crise de preços de 1998. Na década de 90, outros países da América do Sul
tiveram alguma expressão no mercado, explorando palmito nativo. Excluindo
o Brasil, o mercado mundial do palmito é pouco expressivo (US$ 65,6 milhões
em 2002), tendo a França, Espanha e Estados Unidos como principais
importadores. As estimativas de consumo no Brasil variam de 100 g a 940 g/
pessoa/ano, sendo esta última alcançada neste estudo, com base na POF/
IBGE 1996 e ajustada com dados recentes. No mercado interno predomina o
palmito de açaí e o palmito de pupunha. Em 2003, os preços ao consumidor
variaram entre R$ 20,46 e R$ 25,23/kg/vidro 300 g/tolete, com variações
importantes: em São Paulo (capital) alcançavam valores 20% acima da média
e em Belém 30% abaixo. A comercialização de palmito in natura é incipiente,
mas crescente no Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. A diversificação
do produto é baixa: palmito couvert, rodelas, fatiado, bandas, toletinhos e
palmito com picles são pouco freqüentes. Atualmente (2007) falta matériaprima em algumas regiões e os preços do produto estão elevados.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
17
INTRODUÇÃO
Este estudo faz parte do Projeto “Palmito de pupunha (Bactris gasipaes):
uma alternativa sustentável para o aproveitamento de áreas abandonadas e/
ou degradadas pela agricultura no domínio da Mata Atlântica”, proposto ao
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Agricultura Brasileira
(PRODETAB). O desenvolvimento do projeto ocorreu de outubro de 2000 a
setembro de 2003, tendo como instituição coordenadora a EMBRAPA/CNPF e
como executores a própria EMBRAPA Florestas, o Instituto Agronômico do Paraná
(IAPAR) e a Universidade Estadual de Maringá (UEM).
O trabalho é prospectivo e tem por objetivo apresentar a caracterização
do agronegócio do palmito, com enfoque nas questões do mercado, em que
constem os fatores críticos e as oportunidades ao desenvolvimento da atividade,
com ênfase nas regiões e espécies mais importantes em produção, extração,
transformação e consumo. Foram levantados e sistematizados dados,
informações e análises relativas ao mercado interno e externo, quantificada a
produção, transformação (agroindústria) e comercialização do produto, nas
suas diferentes formas.
Buscou-se a elaboração de um quadro de referências que permitisse
elaborar uma visão compartilhada do agronegócio do palmito, atual e futuro,
visando a mapear e construir cenários com mais acerto das restrições,
oportunidades e tendências, permitindo o bom encaminhamento das
atividades próprias de cada agente envolvido na atividade e do conjunto do
agronegócio do palmito.
O estudo é apresentado em duas partes. A primeira, na qual dados e
informações são sistematizados e comentados numa perspectiva histórica da
formação do agronegócio do palmito no Brasil e em países concorrentes. A
segunda, na qual se caracteriza a situação contemporânea da atividade no
país a partir de informações obtidas em entrevistas diretas, com diversos
agentes, nas regiões em que a atividade é importante.
A exploração econômica do palmito é recente e tornou-se uma atividade
relevante a partir da década de 40 no Sul do país, onde se extraía palmito de
juçara (Euterpe edulis) da Floresta Atlântica. A partir de 1970, houve o
deslocamento das empresas do Sul (Santa Catarina, principalmente) para
explorar o palmito de açaí (Euterpe oleracea) no delta do Rio Amazonas,
atualmente o maior pólo de produção de palmito do país.
18
Circular Técnica nº 130
Até o início da década de 90, a atividade era predominantemente
extrativa e pouco organizada. A partir desse período, o agronegócio1 do palmito
passou a ser uma atividade importante e altamente promissora nos aspectos
produtivos e econômicos. Os estudos técnico-científicos ainda são poucos e se
referem à produção física, o que é compreensível em uma atividade
relativamente nova no setor agrícola. Os artigos, reportagens jornalísticas e
entrevistas têm apresentado mais especulações do que informações conclusivas
a respeito dos diversos aspectos da produção e da importância econômica da
atividade. Dados sobre a economia do palmito – área em exploração, área
plantada, produção, produtividade, comercialização – são geralmente frágeis
e, por decorrência, as análises e conclusões.
Especula-se que o mercado mundial do palmito alcança valores entre
R$ 840 milhões (US$ 350 milhões) e R$ 1,4 bilhão (US$ 500 milhões)2. Esses
valores são razoáveis, considerando o segmento da produção agrícola
(primeira cifra) e/ou o valor recebido pelas indústrias (segunda cifra).
Porém, de acordo com as estimativas de produção deste estudo (160.000 t/
ano) e os preços médios do palmito pagos pelo consumidor final (R$ 21,00
kg/palmito tolete e R$ 13,00 kg/palmito picado) os valores podem ser bem
maiores, em torno de US$ 900 milhões no Brasil, e US$ 76,8 milhões nos
demais países estudados, em 20013.
Além do palmito, a exploração do fruto para consumo como “vinho” de
açaí, na região de Belém, é importante fonte de renda e emprego. Nogueira e
Homma (2000), citam que a produção de frutos de açaí chegou a 156.046 t em
2000, e que são gerados 25.000 empregos diretos e R$ 40 milhões anualmente
nas atividades de extração, transporte, comercialização e industrialização de
frutos dos açaizeiros no Amapá e no Pará.
Embora não se compare às principais commodities do agronegócio (soja,
milho e café)4, a economia do palmito é relevante em âmbito nacional. É
superior ao valor da produção da erva-mate cancheada, calculado em R$ 92,5
milhões, e aproximadamente o mesmo valor da produção de madeira em tora,
1
Agronegócio é “a soma das operações de produção e distribuição de insumos agrícolas, das operações de
produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e
itens produzidos a partir deles” (BRANDÃO e MEDEIROS,1998, apud MOTTER, 2000).
2
a) BOVI, M. L. A. O agronegócio do palmito pupunha. O Agronômico, Informações Técnicas, 52 (1): 10-12,
2000. Disponível em: www.iac.br/oagronom/v.521/informacoestecnicas/pupunha. Acesso em: 07 maio 2002;
b) COSER FILHO, O. O Suplemento Agrícola do Estado de São Paulo. O Estado de São Paulo, 20/04/1997, pg. 14;
c) Associação Brasileira dos Produtores de Palmito Cultivado – ABRAPALM. Disponível em: www.unicamp.br/
nipe/rbma. Acesso em: 11 jul. 2001.
3
Em janeiro de 2001, US$ 1,00 = R$ 2,40.
4
Em 2000, o valor da produção desses produtos foi: soja (grão) – R$ 8,6 bilhões; milho (grão) – R$ 6,0 bilhões;
café (coco) – R$ 4,3 bilhões (IBGE, 2003).
O Agronegócio do Palmito no Brasil
19
que foi de R$ 1,25 bilhão (IBGE, 2003). O palmito tem aportado renda em
regiões pobres com populações excluídas da economia formal. A atividade
cresceu e se expandiu sob a forma extrativista, com implicações
socioeconômicas como a formação de latifúndios extrativos, disputas violentas
por território e alterações ambientais desastrosas.
Dados oficiais de extração e produção de palmito no país são inexatos,
com enormes variações de um ano para outro, sem explicação, gerando
informações inconsistentes sobre qual o valor ou a importância dessa economia
(se os valores referem-se ao preço da matéria-prima, do produto ao sair da
agroindústria ou ao preço final para o consumidor, p. ex.). O dimensionamento
dos diversos agentes do mercado informal e as quantidades negociadas por
eles também não é exato.
Este estudo visa a agregar informações e análises mais conclusivas sobre
o agronegócio do palmito, fundamentalmente porque a atividade desponta de
modo diferente em relação ao seu desenvolvimento histórico, baseado em
atividade eminentemente extrativa, economia escondida, estigmatizada pela
clandestinidade de parte significativa da produção e da comercialização. Esse
cenário vem se modificando substancialmente desde a última década,
principalmente com relação às condições do segmento fornecedor da matériaprima e às exigências do segmento consumidor.
No segmento fornecedor, a par da exaustão dos estoques de juçara na
região de Floresta Atlântica e do raleamento do açaí para palmito no delta do
Rio Amazonas, aumenta a pressão das organizações governamentais e nãogovernamentais para regular, fiscalizar e impedir a extração desordenada de
recursos naturais, sendo o palmito nativo um dos mais importantes. Assim, a
busca por novas formas de manejo, extração e, sobretudo, de matéria-prima
tornou-se obrigatória.
No segmento do consumo, as exigências crescentes dos clientes e a
concentração do mercado varejista pelas redes de supermercados exigem
padrão de qualidade, de apresentação e de regularidade no fornecimento
que não coadunam com relações clandestinas de produção e de
comercialização informal. Esse segmento está cada vez mais conscientizado
e valoriza a produção ecológica, a sanidade do que consome e a relação
custo/benefício. Postura reforçada pelos recentes eventos da contaminação
de carnes e lácteos – peste suína, gripe aviária, vaca-louca, aftosa – e pela
discussão dos efeitos dos transgênicos.
No caso do palmito, apesar de a questão qualidade e sanidade ser crônica,
como indica o extenso noticiário a respeito da contaminação bacteriana
20
Circular Técnica nº 130
denominada botulismo (Clostridium botulinum), em 19985, outros fatores
induziram a racionalizar a atividade de forma mais adequada ao agronegócio
moderno. Os principais fatores foram6:
a) Crescente exigência dos consumidores e do mercado por qualidade,
sanidade, apresentação e preço justo;
b) Perda do mercado externo, devido à falta de controle de qualidade
do produto envasado pelas agroindústrias extrativistas e à
competitividade da Costa Rica;
c) Ação da ANVISA que adequou a legislação e fiscaliza com maior ênfase
a industrialização do produto;
d) Consolidação de diversas áreas de proteção ambiental no Sul do país
e a exigência do IBAMA por planos de manejo para a extração de
espécies vegetais nativas a partir de 1985, em todas as regiões
extrativistas;
e) Crescente profissionalização e entrada de novas agroindústrias no
mercado: melhores técnicas de processamento, diminuição do envase
clandestino, padronização, valorização das marcas;
f) Expansão da atividade via produção de palmito cultivado.
Este último, embora com maiores exigências tecnológicas e custos mais
elevados do que o extrativismo, segue a tendência histórica da organização da
produção agrícola. A produção cresce de forma acelerada e tende a se firmar
com algumas vantagens econômicas diretas e indiretas. À medida que a
produção e a agroindústria se profissionalizarem, e a geração e aplicação de
conhecimento técnico-econômico responderem às exigências do novo
agronegócio, o palmito – extrativo ou de cultivo – terá cada vez mais relevância.
Assim, a profissionalização do segmento é necessária e inevitável, dadas as
exigências do mercado moderno, a sua crescente valorização como produto
para o público gourmet, a dispersão para novos mercados e o aumento crescente
da sua importância econômica.
Este estudo se inscreve na perspectiva do aumento da importância do
agronegócio do palmito, do ordenamento da atividade como forma de evitar a
exploração predatória dos recursos naturais, da substituição de áreas agrícolas
em uso inadequado por sistemas de produção com palmeiras cultivadas, bem
5
Na mídia a questão é recorrente, como mostra a reportagem publicada pela Revista ESTAMPA, ano 2, n. 16, fev.
2003 (Ed. Valor Econômico), em que se comenta o uso do C. botulinum (Botox) em estética humana: “Difícil
imaginar que espetar o rosto com agulhas acopladas de seringas recheadas com uma substância conhecida por
envenenar consumidores de palmito estragado...” (grifo nosso).
6
Parte dos comentários é de Charles Clement, quando da revisão deste estudo.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
21
como no desenvolvimento de uma atividade sustentável para um número maior
de agricultores e agroindústrias.
Tentou-se caracterizar e analisar os principais elementos que regem o
agronegócio dessa cultura, sem pretender estudar o que usualmente se concebe
como cadeia produtiva de um produto, tarefa mais complexa que deverá ser
levada a cabo oportunamente. Foram alinhados dados e informações visando a
registrar e analisar os principais fatos que conformaram historicamente a
atividade, objetivando construir um quadro atual das principais restrições e
oportunidades ao desenvolvimento do agronegócio do palmito, com enfoque
no segmento do mercado.
Não foi possível abranger estados e regiões onde o agronegócio do palmito
tem alguma importância: Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul,
nos quais se produz palmito de pupunha extrativo e cultivado, não foram
analisados, assim como as regiões do Cerrado Central, com palmito de guariroba
(Syagrus oleracea); do Sul do Pará até Rondônia, onde se extrai palmito de
açaí-solteiro7 (Euterpe precatoria); outras regiões de São Paulo, além do litoral,
e de Minas Gerais, nas quais se expandem lavouras de pupunha e de palmeirareal-da-austrália.
Foram realizadas tentativas de obtenção dessas informações junto
às instituições de pesquisa das regiões citadas, via questionário
estruturado e consultas por correio eletrônico, entretanto não houve
retorno por parte de nenhuma delas.
Como é característico em mercados de produtos relativamente novos
e/ou informais, a exemplo do palmito, há grande carência de informações
organizadas. Há poucos estudos a respeito e parte das informações é de
baixa confiabilidade. Por essa razão, serão apresentadas informações
complementares no rodapé das páginas, com o propósito de registrar os dados
obtidos em diversas situações.
OBJETIVO
Apresentar um quadro das referências históricas e das condições em
que se desenvolve o agronegócio do palmito no Brasil, com enfoque nas
questões de organização da atividade produtiva, transformação e
comercialização do produto.
7
Também denominado de açaí-do-amazonas, açaí-da-mata, açaí-de-terra-firme (RIBEIRO, 2005). George Duarte
Ribeiro é pesquisador em Sistemas Agroflorestais da EMBRAPA-RO.
22
Circular Técnica nº 130
METODOLOGIA
As etapas principais foram conduzidas aos moldes da maior parte dos
estudos de mercado com objetivos semelhantes:
a) Coleta e sistematização de dados estatísticos e não-estatísticos;
b) Análise dos dados, fatos e antecedentes importantes;
c) Projeções de cenários e tendências (FONTES, 1983).
As informações estatísticas para a primeira parte deste estudo –
análise histórica do agronegócio no Brasil – foram obtidas pelo método usual,
a partir dos dados secundários oficiais (IBGE, 1996; 2002; 2003; 2005), de
teses, monografias e consultas a bancos de dados, via Internet. Os dados
relativos às exportações, importações, área plantada e informações de
outros países são provenientes de sites oficiais (Ministérios da Agricultura,
da Fazenda, etc) 8. A revisão e a análise das informações coletadas na
primeira parte permitiram a caracterização histórica do agronegócio, além
de, junto com indicações diversas, identificar agentes importantes a
entrevistar na segunda parte do estudo.
A metodologia de Diagnóstico Participativo Intersetorial norteou a coleta
de informações não-estatísticas (ABIPTI, 1999). Esse processo prevê a
participação dos diversos agentes envolvidos nos diferentes segmentos do
agronegócio e na construção do diagnóstico, permitindo um bom prognóstico.
Em geral é realizado com agentes previamente selecionados, em entrevistas
pré-elaboradas, e compõe-se dos seguintes itens:
a) Diagnóstico de campo: realizado com agricultores, gerentes,
proprietários de agroindústrias e outros, individualmente, para definir
os diversos aspectos, restrições e oportunidades relacionadas ao seu
segmento e aos demais, que afetam o agronegócio como um todo;
b) Entrevistas em grupos focais: um entrevistador e um grupo de
entrevistados discutem suas percepções sobre o tema de interesse.
Cada membro influencia o outro e assim as informações são checadas.
Aplica-se mais a agroindústrias, gerentes e administradores;
c) Entrevistas semi-estruturadas: é necessário ter conhecimento prévio
do entrevistado e do seu conhecimento sobre o tema. São realizadas
por meio de roteiro adequado ao perfil do entrevistado (ABIPTI, 1999).
8
No caso do Brasil, as informações são do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior. Exportação
brasileira. Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/consulta>. Acessos em: 13 maio 2002 e
18 mar. 2005.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
23
A segunda parte teve início com a elaboração de uma lista de
instituições e pessoas que deveriam ser entrevistadas para obter as
informações e os dados necessários.
Os dados foram obtidos da seguinte forma:
a) Questionário: roteiro estruturado em quatro módulos específicos, a
serem preenchidos em entrevistas diretas com agentes
representativos – pesquisadores, produtores, comerciantes
intermediários e gerentes de supermercados – dos diferentes
segmentos em cada região do estudo.
Em cada módulo havia questões objetivas – dados de área plantada,
localização na respectiva região, produção, custos de produção – e questões
que traduziam o senso comum dos agentes envolvidos a respeito da situação
do seu setor e da atividade, ou seja, dos problemas e oportunidades para o
desenvolvimento desta sob diversos aspectos. Parte do questionário foi semiestruturado, para comportar itens em aberto, sendo obtidas as opiniões pessoais
e das instituições a respeito do futuro da atividade e os prognósticos com as
soluções para o seu desenvolvimento. Houve especial atenção para que o roteiro
e a forma das entrevistas permitissem adicionar novas questões que o
entrevistado julgasse pertinentes.
b) Seleção das regiões da pesquisa: face aos recursos disponíveis, foram
privilegiadas as regiões de maior importância histórica e atual no
desenvolvimento da atividade. Optou-se pela seqüência: Manaus,
Belém, Região Sul da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo
(Capital e Vale do Ribeira), Paraná e Santa Catarina.
O levantamento foi iniciado em junho de 2002, nas cidades de Manaus
e Belém. Nos estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraná, foi realizado
em novembro de 2002. No Sul da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro,
ocorreu em março de 2003.
Devido à diferença temporal, há certa defasagem nas informações, o
que não acarreta prejuízos significativos aos resultados, pois não houve
alterações de grande porte na economia nacional, no câmbio, etc.
Os dados referentes ao mercado no Paraná foram obtidos, em sua maior
parte, por Corso (2003).
Foram entrevistados técnicos e representantes das seguintes Instituições:
24
Circular Técnica nº 130
a) Manaus-AM: EMBRAPA, IDAM, INPA, UFAM, SEBRAE, CAMES, gerentes
de empresas de produção, gerentes de supermercados;
b) Belém-PA: EMBRAPA, IBAMA, Secretaria de Estado da Agricultura,
SINDIPALM, proprietários e gerentes de agroindústrias;
c) Bahia: Técnicos da CEPLAC, proprietários e gerentes de agroindústrias;
d) Espírito Santo: gerente de produção da Coimex, proprietário de
empresa de produção de mudas de pupunha, INCAPER, proprietário
de agroindústria (em fase instalação), comerciantes de palmito,
produtores de palmito, gerente de supermercado;
e) Niterói-RJ: Secretaria de Estado da Agricultura, EMATER-RJ, gerentes
de supermercados;
f) São Paulo: CATI/EDR-Registro, Casa da Agricultura/CATI-Registro,
gerentes e proprietários de agroindústrias, produtores de palmito,
gerentes de supermercados;
g) Paraná: EMATER-PR, proprietários de agroindústrias, gerentes de
supermercados;
h) Santa Catarina: EPAGRI, UFSC/CCA, Instituto CEPA, proprietários de
agroindústrias, produtores de palmito, produtores de sementes e
mudas.
Parte importante das informações foi obtida em entrevistas formais e
informais com diversos agentes, nos seguintes eventos:
a) Simpósio de Avaliação sobre o Manejo, Industrialização, Comercialização
e Legislação de Frutos e Palmito de Euterpe oleracea Mart. (Açaizeiro/
Palmiteiro). IBAMA/SINDIPALM, Belém (PA), 19/06/2002;
b) 1º Encontro Paranaense sobre Palmitos Cultivados: O Agronegócio
Pupunha e Palmeira-Real. EMATER-PR/EMBRAPA/IAPAR, Pontal do
Paraná (PR), 05 a 07/09/2002;
c) 1º Seminário sobre Palmito Pupunha no Litoral Paulista e Exposição
Itinerante – Ciclo do Palmito no Brasil. CATI, IAC, SEBRAE, São Vicente
(SP), 16 a 19/01/2003.
CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO
DO PALMITO NO BRASIL E NO MUNDO
Produção, Exportação, Consumo
O Agronegócio do Palmito no Brasil
27
A PRODUÇÃO E A EXPORTAÇÃO DE PALMITO NO BRASIL
1 As Décadas de 40 a 701
1.1 Agroindústria
A industrialização do palmito no Brasil começou em 1949, no município
de Guaraqueçaba, litoral do Paraná. Na década de 60, a expansão da atividade
se deu no Litoral Norte de Santa Catarina e no Litoral Sul de São Paulo,
culminando com 1.163 agroindústrias em 1970 (ROSETTI, 1988) (Tabela 1). A
matéria-prima principal era a juçara (Euterpe edulis), mas havia o
aproveitamento comercial da palmeira indaiá (Attalea dubia) em menor escala.
Em 1970 já havia duas indústrias registradas no Pará.
1.2 Exportação na Década de 602
Os dados (Tabela 2) indicam que o agronegócio do palmito estava
fortemente centrado no mercado interno e que o avanço para o mercado externo
ocorreu de forma lenta, levando uma década para se exportar volumes de
palmito mais expressivos.
Os volumes exportados e os preços até 1969 foram baixos, em comparação
com anos futuros. É interessante notar que em 2001 o Brasil exportou menos
palmito (total de 2.573 t) do que no último ano dessa série.
Tabela 1. Agroindústrias de palmito no Brasil, Paraná e Pará de 1949 a 1970.
Ano
1949
1959
1970
Brasil
2
95
1.163
Nº de agroindústrias
Paraná
2
95
196
Pará
2
Fonte: Adaptado de Rosetti (1988)
1
Não foram obtidos dados da produção nas décadas de 50 e 60. As séries históricas do IBGE/Estatísticas do
Século XX/Estatísticas Econômicas não informam a produção de palmito. Disponível em: www.ibge.gov.br/
seculosxx/estatisticas_economicas.shtm. Acesso em: 23 mar. 2003.
2
Os valores apresentados foram corrigidos e atualizados para o dólar de julho de 2002, em todas as citações
desta primeira parte do estudo.
28
Circular Técnica nº 130
Tabela 2. Exportação de palmito pelo Brasil de 1960 a 1969.
Volume
Ano
Toneladas
445
547
741
1.000
1.802
2.380
3.643
2.424
3.156
1960
1961
1962
1963
1964
1966
1967
1968
1969
US$/t
864
968
990
1.019
1.217
1.397
1.361
1.288
1.320
Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991)
2 As Décadas de 70 e 80
2.1 Agroindústria
Entre 1970 e 1974 houve um grande rearranjo na atividade – fechamento
de indústrias no Paraná, São Paulo e Santa Catarina e transferência de empresas
para o Pará – mas não há explicação para o desaparecimento de 1.097 indústrias
em tão curto período3 (Tabela 3).
Segundo Nascimento e Moraes (1991), os primeiros registros da
agroindústria do palmito no Pará mostram que em 1968 foi implantada a primeira
empresa nesse estado (Massoler Ltda) e em seguida surgiram outras como a
Oarde Correa (“Palmito Caiçara“).
Tabela 3. Agroindústrias de palmito no Brasil, Paraná e Pará de 1970 a 1987.
Ano
1970
1974
1977
1979
1980
1987
Brasil
1.163
66
81
76
260
-
Nº de agroindústrias
Paraná
196
10
5
7
4
7
Pará 1
2
-
Fonte: Rosetti (1988)
1
Sem informação após 1970
3
A reestruturação da oferta do produto extrativo, devido à diminuição dos estoques de palmeiras, explica parte
da questão (GRAÇA, 2003), mas não explica a magnitude do evento, ou seja, a diminuição de 1.097 fábricas.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
29
No Sul do país, o que determinou a migração e extinção das agroindústrias
foi a diminuição dos estoques de juçara ocorrido de forma direta, devido à
extração das palmeiras sem qualquer técnica de manejo, e indireta, pelo
desmatamento para prática da agropecuária ou extração de madeira.
Na Amazônia, além dos abundantes estoques de matéria-prima de açaí,
as políticas governamentais de expansão das fronteiras foram fortes atrativos,
principalmente a constituição dos pólos de desenvolvimento (1967/1971), dos
pólos agropecuários e agrominerais (1974), do primeiro plano de
desenvolvimento da Amazônia (1974) e a abertura de estradas como a
Transamazônica.
2.2 Produção
Entre 1974 e 1976 a extração de palmito cresceu 600% no país e,
oficialmente, o Pará produziu quase a totalidade do palmito brasileiro. Porém,
em 1977 a produção já apresenta um forte decréscimo, sem explicação
plausível. A retomada do crescimento da produção ocorre em 1980, mas
alcançou pouco mais da metade do montante de 1976.
Ao longo dessa década, Paraná e Santa Catarina participavam com
percentuais irrisórios na produção. São Paulo apresentava melhor desempenho,
mas com forte declínio (Tabela 4).
Em um curto período (1970-1973), uma importante estrutura
agroindustrial de palmito foi instaurada no Pará. Em 1973, o estado já contribuía
com a maior parte do palmito produzido no país (Tabela 5)4.
Tabela 4. Produção de palmito no Brasil, Pará, Paraná, São Paulo e Santa Catarina de
1973 a 1980.
Ano
Brasil (t)
1973
1974
1976
1977
1979
1980
36.586
34.273
203.948
35.123
31.358
114.408
Pará
53,0
62,0
97,0
85,0
86,0
95,0
Participação percentual (%)
Paraná
São Paulo
Santa Catarina
8,1
11,4
2,2
8,9
10,8
3,3
0,8
1,6
0,7
4,2
6,4
2,9
2,3
7,2
2,7
0,5
2,0
0,9
Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991)
4
O Maranhão teria sido o segundo (7.030 t) produtor de palmito em 1973 e o terceiro (3.096 t) em 1974. Nos anos
seguintes a produção no estado foi irrelevante.
30
Circular Técnica nº 130
Tabela 5. Produção de palmito no Pará de 1970 a 1973.
Ano
1970
1971
1972
1973
Produção (t/ano)
258
742
8.820
19.282
Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991)
2.3 Exportação
Como se pode observar pelas quantidades exportadas (Tabela 6) o
mercado interno consumia a maior parte do palmito produzido no país.
De 1970 para 1971 houve, sem explicação, expressivo acréscimo nas
exportações, que se firmaram a partir de então com volumes e preços mais
significativos5. O preço por tonelada alcançou US$ 5.772,00 em 1980.
3 A Década de 80
3.1 Produção
Os dados de produção na década de 80 apresentaram oscilações
significativas, com crescimento a partir do início da década, alcançando novo
ápice em 1989, quase a mesma produção recorde de 1976 (Tabela 7). A
participação dos demais estados, salvo em anos específicos, continua irrisória,
visto que cerca de 90% da produção vem do Pará. Porém, os registros oficiais
são incongruentes, em particular quanto à produção em São Paulo, Paraná e
Santa Catarina a partir de 1987.
Tabela 6. Exportação de palmito pelo Brasil de 1970 a 1979.
Ano
1970
1971
1973
1974
1977
1979
Volume
Toneladas
2.315
7.177
4.416
8.510
11.793
6.832
US$/t
1.334
1.331
1.825
2.605
2.756
5.110
Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991)
5
A Costa Rica iniciou plantios experimentais de palmito de pupunha em 1970, quando o mercado europeu
começou a ganhar importância.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
31
Tabela 7. Produção de palmito no Brasil, Pará, Paraná, São Paulo e Santa Catarina de
1980 a 1990.
Ano
Brasil (t)
1980
1981
1984
1985
1987
1989
114.408
90.540
105.225
132.104
142.060
202.440
Pará
95,0
84,6
88,1
88,5
92,0
96,4
Participação percentual (%)
Paraná
São Paulo
Santa Catarina
0,5
2,0
0,9
4,7
2,4
1,3
1,7
8,7
0,8
0,1
1,2
0,9
0,01
1,5
0,6
0,04
0,0003
0,0004
Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991) e de AGRIANUAL (2000)
3.2 Exportação
No início dos anos 80 (1980 a 1983)6 as exportações alcançaram os valores
mais expressivos, os quais só vão se repetir dez anos depois, em 1993 e 1994,
quando o Brasil começou a perder mercado para a Costa Rica. Contudo, os
preços se mantiveram elevados (Tabela 8).
4 A Década de 90
4.1 As indústrias de palmito no Pará
Nascimento e Moraes (1991) afirmam que as empresas não são
exatamente indústrias, mas unidades comerciais que recebem palmito de
diversas fontes, resultando em produto de menor qualidade (aqui se referindo
Tabela 8. Exportação de palmito pelo Brasil de 1980 a 1989.
Ano
1980
1983
1985
1987
1989
Volume
Toneladas
10.056
10.691
5.136
9.615
5.982
US$/t
5.772
4.082
3.048
5.763
4.950
Fonte: Nascimento e Moraes (1991) e AGRIANUAL (2000)
6
A falta dos dados em 1981 e 1982 significa que os montantes do ano anterior se repetiram, com poucas diferenças.
Isso vale para todas as tabelas.
32
Circular Técnica nº 130
a palmito de açaí)7. Embora não haja informações para os demais estados, o
Pará dominava expressivamente a produção de palmito envasado no Brasil.
Considerando que as indústrias de palmito do estado representavam, em 1991,
um total de 105 empresas com 486 fábricas (mais de uma fábrica por empresa)
e uma produção de 145.800 t, os números são razoavelmente confiáveis8, ficando
patente a imprecisão dos dados oficiais quanto ao palmito.
4.2 Produção
Os dados oficiais da produção de palmito no Brasil a partir de 1990
indicam notável declínio (Tabela 9 e Fig. 1) para 15% do montante produzido
em 1989, sem evidências significativas que expliquem o fato9.
Tabela 9. Produção de palmito no Brasil, Pará, Paraná, São Paulo e Santa Catarina de
1990 a 2003.
Ano
Brasil (t)1
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
27.031
23.687
21.003
21.596
22.400
21.889
21.616
41.222
35.637
37.664
41.510
41.714
55.648
51.376
Pará
81,0
82,0
81,0
83,0
84,8
82,3
89,5
95,4
95,0
95,0
39,5
34,7
24,9
24,5
Participação percentual (%)
Paraná
São Paulo
Santa Catarina
0,003
0,0006
0,02
0,4
0,0007
1,8
0,01
0,0005
0,003
0,003
0,0002
0,003
0,006
0,0002
0,006
0,01
0,004
0,009
0,2
0,6
0,0004
0,0002
1,2
0,0004
0,0003
0,4
0,3
0,1
7,0
1,1
0,2
5,4
3,6
0,4
6,3
2,3
1,0
8,9
3,4
Fonte: IBGE (2003)
1
Os dados da coluna referem-se à soma da produção extrativa e da produção em lavouras (Tabelas 289
e Lavouras Permanentes, IBGE, 2003).
7
Embora emitida há mais de dez anos, a observação vale para o presente. Segundo relato de gerentes de agroindústrias,
permanece o modo de envase do palmito em pequenas “fábricas” junto às áreas de extração das palmeiras.
8
Foram obtidos pelas autoras em entrevistas diretas (NASCIMENTO e MORAIS, 1991).
9
A razão mais plausível – falhas nas estatísticas do IBGE – é defendida por Homma (2003), pesquisador da EMBRAPA
Amazônia Oriental. A imprecisão dos dados oficiais pode ser demonstrada com os dados do próprio IBGE. A Tabela
546 (IBGE, 2003), “Quantidade produzida por produtos da extração vegetal e condição do produtor/produtos da
extração vegetal/produto açaí (palmito ou guariroba)”, informa a produção de 86.080 t em 1996, quase quatro
vezes mais que o informado na Tabela 9 deste estudo com os dados oficiais (IBGE – Tabela “Quantidade produzida”/
Brasil), já com a designação geral de “palmito”. Também não se explica o notável decréscimo da produção
extrativa, que em 2003 teria sido de apenas 13.704 t, menos de 27% do total da produção nacional.
33
2003
2002
2001
2000
1999
1998
1997
1996
1995
1994
1993
1992
1991
60.000
55.000
50.000
45.000
40.000
35.000
30.000
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
0
1990
Total Brasil (t)
O Agronegócio do Palmito no Brasil
Ano
Figura 1. Produção de palmito no Brasil de 1990 a 2003.
Fonte: IBGE (2003).
Desde a drástica queda apontada pelos dados oficiais em 1990, a
produção brasileira continuou em declínio até 1997, quando houve notável
recuperação até a época atual. Neste ano, o salto na produção (próximo ao
dobro de 1996) ocorreu em função da extração de 36.449 t10. A partir de
1998, a retomada se deu pelo cultivo, cuja participação foi a seguinte: 1998
- 32%; 1999 - 51%; 2000 - 59%; 2001 - 63%; 2002 - 74% e 2003 - 73%. O Pará
perdeu a posição de prevalência que mantinha desde 1973, quando
subitamente passa de 95% de participação em 1999 para 39,5% em 2000,
diminuindo para 24,5% em 2003 (Tabela 9).
Até 1993, toda a produção de palmito é relacionada no tópico
“Extração Vegetal” do IBGE (2003). A partir de 1994 aparece o registro da
produção de palmito também como produto agrícola, atividade que ganha
relevância a partir de 199811.
Desde 1999, os registros mostram a produção por região e por estado
(Tabela 10). A Região Centro-Oeste participa com mais de 70% (26.369 t em
2003) da produção nacional de palmito cultivado. Da produção nacional,
Goiás, o maior produtor, participou com os seguintes percentuais: 1999 77%; 2000 - 72%; 2001 - 68%; 2002 - 71% e 2003 - 66%. A Região Sudeste ocupa
o segundo lugar, com 18% da produção nacional em 2003. São Paulo produziu
de 1999 a 2003, respectivamente: 4,4%; 11,6%; 8,4%; 8,3%; e 13,3% do total
de palmito cultivado no país.
10
Somando-se às 4.773 t de palmito cultivado, alcança-se 41.222 t citadas na Tabela 9, em 1997.
A produção de palmito cultivado entre 1994 e 1998 teria sido a seguinte: 1994 - 497 t; 1995 - 1.236 t; 1996 3.461 t; 1997 - 4.773 t e 1998 - 11.449 t (IBGE, 2003). Os dados estão disponíveis por região e por estado a
partir de 1999.
11
34
Circular Técnica nº 130
Tabela 10. Produção de palmito (t) cultivado no Brasil nas regiões e principais estados
produtores de 1999 a 2003.
Região/estado
Centro-Oeste
Goiás
Sudeste
São Paulo
Minas Gerais
Espírito Santo
Norte
Rondônia
Acre
Sul
Santa Catarina
Nordeste
Total Brasil
1999
14.975
14.737
2.055
846
748
390
2.013
1.030
581
43
43
3
19.089
2000
17.984
17.460
4.297
2.827
1.252
375
1.820
1.030
385
220
220
35
24.356
2001
18.588
17.889
3.727
2.199
655
651
2.394
2.392
1.322
1.271
87
26.118
2002
30.099
29.052
5.697
3.436
909
811
3.984
1.622
1.955
1.205
1.012
134
41.119
2003
26.369
25.004
6.809
4.978
715
839
2.281
1.366
915
1.969
1.869
244
37.672
Fonte: IBGE (2003)
Com relação à área plantada, os registros oficiais começam em 1994,
com 213 ha; 1995 – 1.217 ha; 1996 – 1.495 ha; 1997 – 1.575 ha; 1998 –
2.507 ha; 1999 – 3.731 ha; 2000 – 4.985 ha; 2001 – 4.447 ha; 2002 – 7.772
ha e 2003 – 8.343 ha 12.
Segundo os dados oficiais (IBGE, 2003), a produtividade do palmito
cultivado no Brasil foi a seguinte, de 1999 a 2003, respectivamente: 5,1 t; 4,8
t; 5,9 t; 5,5 t; e 4,5 t 13. Nas condições atuais, tais produtividades são
improváveis, mesmo em situações especiais (p. ex., experimentação), o que
reforça sobremaneira as dúvidas quanto à consistência dos dados oficiais. A
inconsistência das informações de área e produção em Goiás são ainda mais
graves, pois desde 1999 a produtividade de palmito alcançou números sempre
superiores a 14 t14. Em comparação com informações de São Paulo, os dados
12
Segundo as estimativas de Bovi (2000), haveria no ano de 2000 entre 12.000 e 13.000 ha plantados com
pupunha para palmito e não os 4.985 ha dos dados oficiais. São Paulo era o estado com maior produção (mais
de 25% do total), seguido por Espírito Santo, Rondônia, Pará, Bahia, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Rio
Grande do Norte, Amazonas, Acre, Paraná e Santa Catarina.
13
O cálculo da produtividade é feito em relação à área colhida, usualmente menor que a área plantada: em 1994
– 213 ha; 1995 – 1.217 ha; 1996 – 1.411 ha; 1997 – 1.499 ha; 1998 – 1.693 ha; 1999 – 2.551 ha; 2000 – 3.649 ha;
2001 – 4.158 ha; 2002 – 6.176 ha e 2003 – 7.117 ha (IBGE, 2003).
14
Segundo os dados oficiais, em 1999, área colhida (A) – 829 ha e produtividade (P) – 17,7 t; em 2000, A – 911 ha
e P – 19,1 t; em 2001, A – 1.276 ha e P – 14,0 t; em 2002, A – 1.721 ha e P – 16,9 t; e em 2003, A – 1.443 ha e P
– 17,3 t. Apesar de haver plantios de palmeira-real e de pupunha, quase toda a produção é de guariroba
(Syagrus oleracea) (informação pessoal, Jairton de Almeida Diniz, SEAGRO–GO/Agência Rural). Somente em
2003 surge registro de palmito extrativo em Goiás, com 99 t (IBGE, 2005).
O Agronegócio do Palmito no Brasil
35
oficiais são menos discrepantes, mas também pouco defensáveis, pois o estado
produziu, em média, 3,5 t de palmito/ha em 2003.
Dados de área plantada mais confiáveis foram obtidos neste estudo,
com informantes de diversas regiões do país (Tabela 11).
4.3 Exportação
Com exceção dos anos de 1993 e 1994 (Tabela 12 e Fig. 2), os montantes
exportados são irrisórios, se comparados às exportações das décadas de 70 e
80. Os preços foram erráticos e também declinantes ao longo da década, embora
com valores elevados na maioria dos anos da série15. O volume exportado nos
anos 2000 foi o menor desde 1970 e continua declinante. A razão maior pode
ser o bom nível dos preços do produto no mercado interno16. Em 2004, o Brasil
exportou menos 93 t de palmito que em 1970.
Tabela 11. Estimativa da área plantada com pupunha e palmeira-real no Brasil em 2002.
Estado
Amazonas
Pará 1
Bahia (Sul)
Espírito Santo2
Rio de Janeiro
São Paulo (Vale do Ribeira)
Paraná
Santa Catarina
Total
Área (ha)
Observações
Plantada
Em produção
500
150
Pupunha
3.950
1.500
Pupunha
2.983
1.672
Pupunha - 494 produtores
1.100
900
Pupunha e palmeira-real
213
92
Pupunha - 293 produtores
3.600
2.700
Pupunha - 200 produtores
Pupunha e palmeira-real
950
880
com 65% da área
Palmeira-real e pupunha
com 12% da área
1.500
1.300
495 produtores
14.896
9.194
1
Segundo informação oficial, havia projetos totalizando os 3.950 ha, mas extra-oficialmente
apenas 1.500 ha plantados.
2
Predomina pupunha (aproximadamente 900 ha), entretanto havia cerca de 4 milhões de mudas
de palmeira-real plantadas/a plantar em 2003, cerca de 200 ha com essa palmeira, na região
de Venda Nova do Imigrante.
15
Como termo comparativo de preços e valores exportados, em 2002 o preço médio da tonelada de carne
exportada foi de US$ 1.200,00. No ano, o complexo carne exportou US$ 1,47 bilhão (FAEP, 2003).
16
Em 2002, o preço de venda das agroindústrias para os supermercados de São Paulo foi de R$ 50,00/cx de 15
vidros (4,5 kg de palmito), equivalente a R$ 11,10/kg. Em 2002, o produto para exportação foi vendido (FOB)
a R$ 12,21/kg, com o câmbio supervalorizado (US$ 1,00 = R$ 3,70). De acordo com o câmbio de 2004, o preço
do produto exportado foi de R$ 9,00/kg, portanto, menor que no mercado interno.
36
Circular Técnica nº 130
Tabela 12. Volumes e valores de exportação de palmito pelo Brasil de 1990 a 2004.
Volume
Ano
Toneladas
7.400
6.983
11.389
10.065
6.038
4.853
4.536
3.797
3.441
2.489
2.573
1.946
2.284
2.222
1990
1991
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
US$ mil/t
5.163
4.871
3.984
4.031
5.007
2.487
5.688
5.377
4.190
3.905
3.642
3.302
3.255
3.421
12.000
6.000
10.000
5.000
8.000
4.000
6.000
3.000
4.000
2.000
2.000
1.000
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1998
1997
1996
1995
1994
1993
1991
0
1990
0
US$ mil/t
Volume (t)
Fonte: Brasil (2005)
Ano
VOLUME (t)
US$ mil/t
Figura 2. Volumes e valores de exportação de palmito pelo Brasil de 1990 a 2004.
5 Síntese da Variação de Preços da Exportação de 1970 a 2001
Os preços variaram (Tabela 13) positiva e significativamente até 1980,
com queda a partir desse ano e notável recuperação de 1985 a 1990,
manutenção dos preços entre 1990 e 1995 e, novamente, acentuada queda
de 1995 a 2001.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
37
Tabela 13. Variação de preços do palmito exportado pelo Brasil de 1970 a 2004.
Ano/série
1970-71
1971-73
1973-75
1970-75
1974-78
1975-80
1980-83
1983-85
1985-90
1990-93
1993-95
1995-96
1995-98
1995-2004
Variação %
0,03
37,0
61,0
121,0
88,0
166,0
- 36,7
- 21,3
82,4
16,0
34,0
- 96,0
7,0
- 46,0
Fonte: IBGE (2003)
O CONSUMO DE PALMITO NO BRASIL
1 As Estimativas de Consumo
A estimativa de consumo da agroindústria em Belém é de 100 g/pessoa/
ano17. De acordo com esse cálculo, o consumo no mercado interno estaria em
torno de 17.500 t/ano. Dado aproximado aos números oficiais, pois o IBGE
(2003) informa produção de 20.599 t em 2000. Deduzindo-se as 2.489 t
exportadas em 2000, o saldo aproxima-se do valor citado anteriormente. Porém,
conforme os dados a seguir, a estimativa da agroindústria e os dados oficiais
não refletem a realidade.
Morsbach et al. (1998), citam informação de importante agroindústria
no Espírito Santo, cuja estimativa do consumo per capita no país está entre
160 e 300 g/palmito/ano. Citam ainda Rodriguez et al. (1995) que estimam em
660 g/palmito/ano o consumo per capita no Brasil.
A Pesquisa de Orçamento Familiar, realizada em 1996 na Região
Metropolitana de São Paulo (RMSP) aponta para conclusões diferentes dessas
estimativas (Tabela 14).
17
Estimativa do diretor de importante agroindústria de Belém, ex-dirigente do SINDIPALM, no mercado há mais
de 40 anos, e a estimativa com a qual diz operar o sindicato.
38
Circular Técnica nº 130
Tabela 14. Consumo de palmito por faixa de renda familiar na região metropolitana
de São Paulo em 1996.
Faixas de renda familiar1
(R$/mês)
1ª faixa
2ª faixa
3ª faixa
Total
até 400,17
400,17 a 747,39
acima de 747,39
Nº de domicílios
538.796
768.883
2.942.295
4.249.974
Consumo
G/domicílio mensal
Anual (t)
60
388
340
3.137
1.040
36.720
40.245
Fonte: Adaptado de Pontes et al. (2001)
1
Os valores da tabela têm como referência o salário mínimo mensal em 1996 (R$ 112,00).
A RMSP tinha cerca de 17 milhões de habitantes em 199618. O consumo
de palmito nesses domicílios foi de 40.245 t (Tabela 14), ou 2,4 kg/pessoa/ano
(8 vidros/300 g), bastante superior às estimativas anteriores para o país e
pouco mais que o dobro da produção nacional no ano19.
A elaboração de uma estimativa para todo o país deve levar em
consideração:
a) A renda média das famílias na RMSP é maior que a renda média
do país;
b) A RMSP abriga aproximadamente 10% da população do país;
c) Há regiões metropolitanas menos populosas, mas com renda média
aproximada à da RMSP (Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre,
Rio de Janeiro);
d) No país havia cerca de 39 milhões de domicílios e, presume-se, na
metade deles (19,5 milhões) não se consumia palmito;
e) Nesses 19,5 milhões de domicílios, pode-se consumir em média, o
mesmo que a faixa 2 da Tabela 14, ou seja, – 340 g de palmito,
aproximadamente um vidro de 300 g/mês, o que corresponde a 12
vidros/ano/domicílio (3,6 kg/ano);
f) Em uma estimativa subestimada, haveria no país o consumo de no
mínimo 66.300 t/ano. Somando-se as quase 5.000 t exportadas em
1996, a produção de palmito teria que ser maior do que mostram os
dados oficiais.
Para uma estimativa mediana, podem ser usados os dados da Tabela 15,
pois somadas as demais nove regiões metropolitanas do país (excluída a RMSP)
18
A capital, onde o consumo de palmito é mais elevado, tinha 10 milhões de habitantes em 1996.
Os dados referem-se à pesquisa dos gastos familiares em 19.816 domicílios nas dez maiores regiões metropolitanas
do país, incluída a cidade de Goiânia, realizada entre outubro de 1995 e setembro de 1996 (IBGE, 2002).
19
O Agronegócio do Palmito no Brasil
39
e Goiânia, em 1996, havia 8.261.332 domicílios. Considerando que nessas regiões
o consumo tenha sido a metade daquele registrado na RMSP, teriam sido
consumidas mais 32.521 t/ano.
No país havia cerca de 39 milhões de domicílios, subtraindo os 12,5
milhões das RMs, resta estimar o consumo em mais 26,5 milhões de domicílios.
Nesse caso, aplicando-se o mesmo conceito (a metade do consumo da RMSP),
desde que o consumo nesses domicílios esteja entre a média dos valores das
duas menores faixas de consumo (30 g + 170 g), tem-se mais 31.800 t de
palmito consumido no Brasil.
Os cálculos até aqui referem-se ao consumo domiciliar. É preciso adicionar
o consumo em restaurantes e afins, que pode ser estimado em torno de 25%20
do consumo domiciliar.
A Tabela 16 apresenta a síntese que totaliza a estimativa do consumo
interno de palmito no Brasil em 1996.
Somando as 5.000 t exportadas, totalizam-se 135.707 t de palmito,
quase o montante da produção do Pará e Amapá obtida por Nascimento e
Moraes (1991) em pesquisa no campo e com agroindústrias do Pará em 1991
(145.800 t). Partindo desse valor e somando a produção em outros estados
(11,5%) e os estoques (5%), é razoável adicionar mais 22.000 t à produção
nacional, em 1996.
Tabela 15. Número de domicílios nas principais regiões metropolitanas do país, exceto
a RMSP, e consumo de palmito em 1996.
Faixas de renda familiar1
(R$/mês)
Consumo
Nº de domicílios G/domicílio mensal
Anual
estimado (t)
(1/2 RMSP)2
1ª faixa
até 400,17
1.798.214
30
648
2ª faixa
400,17 a 747,39
2.013.637
170
4.108
3ª faixa
acima de 747,39
4.449.481
520
27.765
8.261.332
-
32.521
Total
Fonte: IBGE (2002)
1
Valores atualizados para julho de 2002: 1ª faixa - até R$ 550,00; 2ª faixa - R$ 550,00 a
R$ 1.005,00; e 3ª faixa - mais de R$ 1.005,00
2
Estimativa de metade do consumo da RMSP
20
Em 1996, os gastos das famílias com alimentação fora do domicílio foram calculados em 25,5% dos gastos nos
domicílios (IBGE, 2002).
40
Circular Técnica nº 130
Tabela 16. Síntese da estimativa do consumo interno de palmito no Brasil em 1996.
Região/condição
Metropolitana de SP
Outras metropolitanas
Demais regiões/Brasil
Consumo fora do domicílio
Total
Volume consumido (t)
40.245
32.521
31.800
26.141
130.707
Assim, a produção de palmito no Brasil pode ser estimada em torno de
160.000 t, em 1996. Tendo em vista a ausência de oscilações significativas no
mercado nos últimos anos, essa pode ser a produção atual, com consumo per
capita no país em torno de 940 g/ano ou aproximadamente três vidros de 300
g/pessoa/ano. Entretanto, diferenças na estrutura de consumo devem ser
consideradas, pois no Nordeste e no Norte (este, menos ainda) consome-se
pouco palmito e pessoas e famílias pobres raramente compram o produto.
2 Razões que Afetam o Consumo do Palmito
As razões a seguir foram apontadas por diversos agentes entrevistados,
porém refletem mais o ponto de vista dos gerentes de agroindústrias e de
supermercados:
a) Queda da renda da classe média e salários do funcionalismo sem
reajuste;
b) Vulgarização e preços mais acessíveis dos produtos concorrentes e
similares: aspargos, azeitonas, cogumelos e picles;
c) Aumento da cesta de gastos: celular, internet, tv a cabo, multas de
trânsito, seguros, educação privada, alimentação fora do lar (em
restaurantes sem palmito);
d) Divulgação, de forma sensacionalista21, dos casos de botulismo em
1998;
e) Merchandising fraco, exposição inadequada nas prateleiras dos
supermercados, profusão de marcas, baixa qualidade do palmito, etc.
21
Ocorreu em palmito de Euterpe precatória, oriundo da Bolívia.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
41
PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PALMITO EM OUTROS PAÍSES
1 Costa Rica
A Costa Rica iniciou os plantios de pupunha em 1970 e a primeira partida
de produto exportado ocorreu em 1978 (Agroindústria Del Campo, atual
Demasa). Em 2000 o palmito correspondia a 0,4% do agronegócio da Costa
Rica, incluída a pesca.
1.1 Produção
O agronegócio do palmito teve início na década de 70, porém só começou
a tomar vulto a partir do início dos anos 90, no tocante à área plantada.
Não há explicação para valores tão baixos em valor da produção total
e em valor da produção/ha, como os apresentados pelos dados oficiais da
Tabela 17 (3ª e 4ª colunas). Os dados apresentados, assim como no Brasil,
são pouco consistentes.
Houve acentuado declínio da área plantada após 1999, o que corrobora
especulações há tempos na imprensa e em sites 22 sobre o declínio da
atividade no país.
Tabela 17. Área e valor da produção de palmito na Costa Rica de 1991 a 2001.
Ano
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
Área plantada
(ha)
3.500
3.822
3.926
4.200
4.500
10.169
12.500
11.005
8.804
6.5002
Valor total
US$1
3.827.453
3.627.132
3.185.898
2.875.134
2.645.550
2.460.442
4.498.146
3.685.104
2.512.660
2.104.433
1.592.548
Valor
US$/ha
1.036
833
732
630
547
442
295
228
239
239
Fonte: INFOAGRO (2002)
1
Valores corrigidos para o dólar de dezembro de 2001
2
Estimativa
22
Diversas reportagens sobre o tema. Disponível em: www.mercanet.cnp.go.cr. Acesso em: 27 mar. 2002; Disponível
em: www.incae.edu/seminarios. Acesso em: 25 abr. 2002; Disponível em: www.agesti.org/news/newsfiles/
external/Nacion_com_Economia.htm. Acesso em: 23 maio 2001.
42
Circular Técnica nº 130
1.2 Exportação
Houve significativa queda na área plantada após 1999. Contudo,
surpreendentemente, o volume exportado aumentou, chegando a 14.433
t em 2001. O valor da tonelada de palmito exportado decresceu a partir
de 1998 e manteve a tendência declinante. O principal cliente da Costa
Rica sempre foi a França, com tendência crescente para o mercado dos
Estados Unidos (Tabela 18).
1.3 Custos de produção
Oquendo (1999) apresenta os custos de produção, preço de venda e
rendimento do palmito obtidos em uma agroindústria na Costa Rica (Tabela 19)23.
Tabela 18. Exportação de palmito pela Costa Rica de 1998 a 2001.
Ano
Volume (t)
US$ Total
US$/t
1998
1999
2000
2001
11.531
12.078
10.991
14.433
24.676.340
20.411.820
18.354.970
23.525.790
2.140
1.690
1.670
1.630
Participação percentual (%)
Estados
Espanha
França
Unidos
12
57
11
15
51
14
9
59
13
8
60
14
Fonte: INFOAGRO (2002)
Tabela 19. Custos de produção, preço de venda (US$) e rendimento do palmito na
Costa Rica em 1998.
Variáveis
Nº estipes colhidos
Custo produção (ha)
Custo/estipe colhido
Renda bruta (ha)
Renda bruta/estipe
Renda líquida/estipe
Renda líquida/ha
1º
0
1.914
-
2º
5.000
1.842
0,37
1.360
0,27
(492)
Anos após o plantio
3º
4º
8.000
12.500
1.914
2.064
0,24
0,17
2.176
3.400
0,27
0,27
0,03
0,11
262
1.336
...
15º
...
...
...
...
...
...
...
Fonte: Agropalmito (1998), citado por Oquendo (1999)
23
O autor trabalhou com dados de 1998 da Empresa Agropalmito, considerada uma plantação tradicional para a
análise econômica da atividade na Costa Rica. Um stand de 5.000 plantas/ha (recomendado pela pesquisa),
permitiria cortar 1 palmito/planta/ano no 2o ano, 1,6 no 3o e 2,5 palmitos/planta/ano do 4o ano em diante.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
43
A síntese dos custos de produção mostra o seguinte: mão-de-obra – 52%;
insumos – 33%; imprevistos – 9%; e transporte – 6%.
Segundo os dados da Agropalmito, a empresa recebeu US$ 0,27/estipe
de palmito, uma renda líquida de US$ 1.336,00/ha/ano, a partir do 4º ano,
quando há estabilização do projeto (OQUENDO, 1999). Corrigido para junho
de 2002, o preço pago por estipe foi de US$ 0,30 na Costa Rica, valor que em
dólares (em 2003) daria aproximadamente R$ 1,00. Este valor corresponde ao
preço pago pelo palmito cultivado no Brasil. Porém, na Costa Rica colhe-se
três vezes mais estipes de palmito/ha.
1.4 Informações não oficiais
Alguns periódicos locais noticiaram que em 2002 o custo de produção foi
de US$ 0,54/estipe e que as fábricas pagaram US$ 0, 38/estipe (INCAE, 2002).
Assim, aos produtores coube prejuízo de US$ 0,16/estipe, o que não
faz sentido e só pode ser explicado pela imprecisão dos dados ou por uma
situação momentânea de preços. A Tabela 20 mostra o resumo dos preços
pagos aos agricultores.
Os dados são díspares. Um noticiário informou que as fábricas pagaram
US$ 0,38/estipe em 2002. Os dados da Agropalmito, com os quais
trabalharam os pesquisadores da Universidade da Costa Rica, mostram que
a empresa recebeu US$ 0,27/estipe em 1998. Os dados da Tabela 20
apresentam preços declinantes pagos aos agricultores, chegando a US$ 0,16/
estipe em junho de 200124.
O preço recebido pelo produto exportado vem declinando desde 1998,
com base nos dados oficiais ou extra-oficiais, o que reflete em queda nos
preços internos (Tabela 21).
Tabela 20. Histórico do preço pago ao produtor, por estipe de palmito, na Costa Rica.
Ano
Antes de 1998
Em 1998
Em 2001
Colones1
85
40
55
US$ da época
0,33 US$ Jun/97
0,16 US$ Jun/98
0,17 US$ Jun/01
US$ dez/2001
0,36
0,17
0,162
Fonte: INCAE (2002)
1
Moeda da Costa Rica
2
O valor é menor, pois a inflação em colones foi maior que a correção em dólares
24
Valor corrigido para junho de 2002.
44
Circular Técnica nº 130
Tabela 21. Preço do produto (US$/kg palmito) exportado pela Costa Rica de 1997 a 2001.
Ano
1997
1998
1999
1999
2000
2001
MERCANET/CNP1
2,10
1,70
1,70
1,60
Outros informes
2,36
1,56
(Demasa) 3,00
1,64
(Demasa) 1,76
Fonte: MERCANET/CNP (2002)
1
Dados oficiais
1.5 Causas da crise na Costa Rica25
a) Falta de planificação dos plantios nos principais países exportadores,
situação que se prolongará por causa das novas áreas que ainda não
entraram em produção (Equador e Brasil);
b) Grandes quantidades de produto em estoque nos principais
importadores mundiais e redução do ritmo normal de vendas;
Obs: As citações acima foram enunciadas em 1998, quando já se
prenunciava a crise na Costa Rica e no Equador.
c) Crise monetária no Brasil, que o forçou a vender parte de sua produção
para autoconsumo no mercado internacional. O valor era de
aproximadamente sete milhões de caixas a US$ 23,00/caixa, enquanto
o preço local (Costa Rica) era de US$ 40,00, em março de 1999;
Obs.: A informação é incorreta, porque o Brasil teria exportado 67.000 t
de palmito em 1999, o que de fato não ocorreu.
d) Falta de efetiva promoção e diferenciação para um produto que por
muito tempo compartilhou prateleiras com outros reconhecidos e de
menor preço, como a alcachofra e o espargo, nos países desenvolvidos
(importadores);
e) Falta de tecnologia para comercializar o produto natural e fresco no
exterior;
f) Competição do Equador, cujas exportações para a Europa registraram
aumentos de até 90% de um ano para outro, com oferta de palmito
em conserva, fresco e desidratado (CNP, 1998);
25
As citações dos autores neste item não estavam referenciadas nos textos originais na Internet. Por isso não se
referenciam na bibliografia.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
45
g) Aumento das áreas produtivas de outros países como Colômbia, Peru
e Bolívia, em alguns casos subsidiadas e como alternativa ao cultivo
da folha de coca (ZÚÑIGA, 1999);
h) Dependência de mercados tradicionais e falta de exploração de
mercados não tradicionais (BOGANTES, 1999);
i) Lenta e difícil mudança dos padrões de consumo de palmito de pupunha
na Europa, situação que poderia ser alterada se houvesse
desabastecimento de palmito silvestre/extrativo (açaí, juçara) por
parte do Brasil (ANGULO, 1999);
j) Falta de pesquisa com outras variedades, visando a maior aceitação
no mercado internacional (MORA, 1999);
k) Competição desleal entre empresas nacionais, que oferecem o produto
a preços cada vez mais baixos (dumping), beneficiando o comerciante,
mas não o consumidor, para o qual o preço se mantém constante ou
aumenta (ZÚÑIGA, 1999; ANGULO, 1999)26.
2 Equador
2.1 Produção e exportação
No Equador, o cultivo de pupunha para palmito teve início em 1987 e a
expansão da atividade ocorreu concomitante ao aproveitamento comercial do
produto nativo (WRM, 2000)27. A produção cresceu a partir de 1994 (Tabela
22), com uma aceleração dos plantios a partir de 199728.
Assim como na Costa Rica, os dados oficiais do Equador são incoerentes, pois:
a) A área plantada decresceu 3.000 ha, de 2000 para 2001 (EQUADOR,
2002), enquanto a produção aumentou quase 2.000 t (Tabela 22)29;
b) Em 2000 havia 15.358 ha com lavouras de palmito (96% plantios
solteiros), 13.886 ha em produção e 13.711 ha de área colhida, cuja
26
No artigo “Mercado destruye la ilusión del palmito” (Jornal La Nación/San José, Costa Rica), o editor Marvin
Barquero arrola as mesmas questões, comenta o fechamento de duas empresas processadoras (Palmitos de
Costa Rica e Coopropalmito) e outras questões como: a) passou-se de 11.000 ha plantados em 1998 para 8.000
ha em 2000; b) a queda dos preços é o principal golpe no agronegócio do palmito (de US$ 2,36/kg em 1997,
para US$ 1,56/kg em 1999); c) em 1999 a caixa de 24 latas de 400 g era vendida por US$ 33,00 e em 2001 por
apenas US$ 19,00. O Conselho Nacional de Preços da Costa Rica realizou estudos de preços e rendimentos
irreais, o que teria condenado a Coopropalmito ao fracasso. Disponível em: www.incae.edu/seminários. Acesso
em: 22 abr. 2002.
27
O ‘chontaduro’ (Bactris gasipaes), espécie nativa do Equador, é a mais cultivada no país para este fim.
28
Somente 2% do total produzido no país correspondem a plantios com mais de 10 anos e 70% são cultivos com
menos de 5 anos de plantio (EQUADOR, 2002).
29
Mesmo havendo a possibilidade de áreas novas entrando em corte, a diminuição na área plantada foi significativa
a ponto de não compensar a redução da área versus o aumento na produção e produtividade. Segundo o Censo
de 2000, havia 852 UPAs (propriedades) com lavouras de palmito, em média 18,2 ha por propriedade.
46
Circular Técnica nº 130
Tabela 22. Produção, valor exportado e destino das exportações de palmito do Equador
de 1990 a 2002.
Ano
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
Área plantada
(ha)
10.000
7.000
-
Produção
(t)
603
677
223
132
254
1.765
3.540
5.347
7.881
10.798
14.477
16.334
16.900
Valor exportado
US$ 1.000
US$/t
933
1.547
1.526
2.254
631
2.830
388
2.939
598
2.354
4.125
2.337
8.741
2.469
12.489
2.336
18.156
2.304
18.132
1.679
23.654
1.634
27.029
1.655
27.978
1.655
Exportação (%)
Argentina
França
58
29
26
17
20
34
19
61
47
42
42
42
38
46
44
36
48
23
55
21
40
27
-
Fonte: Equador (2002)
produção foi de 92.532 t (EQUADOR, 2000)30. Para esse montante de
área e produção, a produtividade foi de 6,75 t de palmito, o que é
improvável.
Desde 1998 há queda significativa nos preços pagos por tonelada
exportada do palmito equatoriano. O Equador, a partir de 1995, investiu
equivocadamente na mudança do seu principal importador, que era a França,
para a Argentina. A “quebra” da economia neste país afetou sobremaneira
as vendas do Equador 31.
2.2 Preços pagos ao produtor
O preço pago declinou significativamente ao longo dos anos, alcançando
menos da metade em cinco anos. Era US$ 0,04 menor32 ou US$ 0,16 menor33
que na Costa Rica.
30
Os dados das fontes oficiais divergem, pois para o ano de 2000 Equador (2000) e Equador (2002) informaram
áreas e produção discordantes. Disponível em: www.sica.gov.ec/censo/docs/nacionales/tabla14.htm. Acesso
em: 21 ago. 2002.
31
Um dos principais compradores até ano anterior foi a Argentina, que por causa da crise econômica vivida, não
registra durante o primeiro semestre de 2002 nenhuma compra. Disponível em: www.sica.gov.ec/docs. Acesso
em: 22 fev. 2005.
32
Dado não oficial, obtido de artigos de jornais em consultas à Internet.
33
Dado oficial obtido do Ministério de Agricultura do Equador.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
47
Segundo Equador(2002), os preços pagos por estipe foram: 1997 – US$ 0,30;
1999 – US$ 0,17; e 2002 – US$ 0,1434.
2.3 Custo de produção
O custo de produção em 2002 estava em torno de US$ 0,20 por estipe,
valor US$ 0,02 maior (dados oficiais) ou US$ 0,34 menor (dados não oficiais)
que na Costa Rica. No Equador os custos são menores, porque o custo da mãode-obra é significativamente menor, fator que contribuiu, juntamente com a
boa adaptação agronômica dos cultivos, já que a pupunha é nativa, para a
instalação de agroindústrias e rápido desenvolvimento da atividade no país35.
3 Informações dos Demais Países
3.1 Bolívia
Bolívia e Brasil mantêm relações comerciais no agronegócio do palmito
desde a década de 60. Na Bolívia, a primeira agroindústria se estabeleceu
em 1965 e importava os vidros por Belém. Desde meados da década de 70 o
Brasil importa palmito boliviano, inicialmente da região de Guayaramerín,
na fronteira Nordeste desse país. A extração e o processamento ocorreram
em grande escala a partir do início dos anos 90, com a exploração de Euterpe
precatoria (asaí) na região amazônica (STOIAN, 2003) onde há mais de 1
milhão de hectares com palmito nativo36.
O auge da produção boliviana ocorreu entre 1994 e 1998. Em 1997 e
1998 o país exportou US$ 7,1 milhões e US$ 7,8 milhões, sendo o Brasil seu
principal comprador, com US$ 5,9 milhões, em 1998, seguido da Argentina37.
Em 1999, a exportação para o Brasil reduziu drasticamente para US$ 0,5 milhões,
como resultado da ocorrência de C. botulinum em 1998 38. Até 2002 as
exportações totais do país diminuíram para menos de US$ 1 milhão, devido
também à contração do mercado e às restrições do governo boliviano para a
extração do asaí, que nas principais regiões produtoras está em processo de
exaustão (STOIAN, 2003).
34
Valores atualizados para dezembro de 2003.
Conforme relato de entrevistados que conhecem a atividade no país.
36
A superfície com palmito nativo, com possível aproveitamento comercial, na Bolívia é de 1,24 milhões de
hectares (FAO, 2000).
37
O volume exportado é quase o mesmo do total produzido, pois o consumo local é de pequena escala e de
palmito de pupunha (“Si bien los volúmenes producidos hasta la fecha son menores y sobre todo destinados al
consumo local”) (STOIAN, 2003).
38
Desde o final dos anos 70, o Brasil importa palmito da Bolívia, entretanto, a partir de 2000 parou de importar
o produto (STOIAN, 2003).
35
48
Circular Técnica nº 130
Em 1997, havia na Bolívia 3.500 ha plantados com lavouras de B. gasipaes.
Porém, no mesmo ano havia apenas uma indústria processadora de palmito de
pupunha no país (Departamento de Santa Cruz) e mais 26 agroindústrias
legalizadas, processando E. precatoria. Em 2003 havia entre cinco e oito fábricas
em funcionamento (STOIAN, 2003).
3.2 Colômbia
A agroindústria do palmito se estabeleceu na região do pacífico
colombiano desde o fim da década de 70, envasando e exportando produto
extrativo de E. oleracea (naidí). Porém, só nos anos 80 as agroindústrias se
consolidaram e a extração de naidí se estabilizou (LEAL, 1997b, citado em
RESTREPO e CORTES, 2000). O país produziu e exportou quantidades
significativas de palmito desde 1991, embora em volumes decrescentes a partir
de então (Tabela 23)39. O declínio foi significativo a partir de 1998, devido a
diferentes causas40.
Segundo informação oficial, em 1997 havia 600 ha (CCI BOLETÍN, 2001) e
em 2001 havia 665 ha plantados com pupunha para palmito (COLÔMBIA, 2003).
Tabela 23. Exportações de palmito pela Colômbia de 1991 a 2001.
Ano
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
Valor US$ mil
4,3
2,6
2,7
2,3
2,4
2,4
1,8
1,7
0,24
0,39
0,15
Fonte: Colômbia (2003)
39
Nos registros oficiais, os dados estão disponíveis a partir desse ano.
Nos últimos cinco anos, a grande maioria das empresas havia declarado quebra e tinha deixado de funcionar.
Segundo Leal (1997b, p. 27), citado por Restrepo e Cortes (2000), entre as causas se encontram a baixa do
preço do produto no mercado de exportação, a reavaliação de 12 pontos e que o Cert (Certificado de Excención
Tributaria) diminuiu de 10% para 5% em 1992. A isto se pode somar as dificuldades para a obtenção da matériaprima devido às reduções de naidí e ao vencimento dos compromissos de exportação que não podiam ser
prolongados ou solicitados novos, dado o novo contexto jurídico.
40
O Agronegócio do Palmito no Brasil
49
3.3 Peru
No Peru, a atividade obteve e mantém alguma importância, contudo
está pouco documentada. No ano de 1999, a área colhida era de 2.006 ha, a
produção de 2.781 t e as exportações somaram US$ 21,3 milhões, resultando
em US$ 766,00/t exportada (PERU, 2002). Os números relativos à exportação
não são baixos se comparados àqueles alcançados pelo Brasil. Porém, a
informação de valor pago (US$ 766,00) por tonelada exportada não é coerente,
por ser muito baixo.
Em 2002, o Ministério de Agricultura e Ganaderia do Peru previa 10.000
ha de pupunha plantados em 2010. Essa intenção contempla a possibilidade de
recursos derivados do plano de erradicação da coca na região andina.
Em termos gerais, na Bolívia, Colômbia e Peru ocorreu desenvolvimento
significativo do agronegócio do palmito na década de 90, com intensidade
maior em diferentes anos em cada país. Porém, apesar das possíveis vantagens
no comércio internacional41 houve declínio significativo da atividade a partir
do final dos anos 90. A causa principal, comum à Colômbia e Peru, foi o
esgotamento dos estoques de palmito nativo42, e no caso da Bolívia, a ocorrência
de C. botulinum em 1998. Nesses países, ao contrário do Equador, não se
desenvolveu o cultivo de pupunha para palmito, mesmo com a perspectiva da
proposta internacional para elaborar um “Estudio del Potencial Comercial y
Viabildad Económica em Áreas Cocaleras de la Región Andina, de los Cultivos
de Palmito, Maracuyá y Piña”. Essa proposta foi apresentada pelo Instituto
Interamericano de Cooperación para la Agricultura (IICA), ao Consejo Andino
de Desarrollo Alternativo (CADA) e consolidada em fevereiro de 2001.
3.4 Estados Unidos da América do Norte – importações
O palmito é comercializado nos Estados Unidos há 30 anos e até o início
dos anos 90 o Brasil era seu principal fornecedor, posto ocupado posteriormente
pela Costa Rica (ICRAF, 1999). Na última década, o país vem se tornando
41
As exportações de palmito podem ser observadas na Lei de Preferência Comercial Andina – Andean Trade
Preference Act - (recentemente renovada) que outorga a entrada livre de direitos de importação para os
Estados Unidos de produtos provenientes de Bolívia, Colômbia, Equador e Peru, países que se encontram na
luta contra o narcotráfico. Por sua condição de países andinos, beneficiam-se da Lei de Preferências Tarifárias
outorgada unilateralmente pelos países da União Européia, que permite a exportação de palmito isenta de
direitos tarifários, frente à competitividade de terceiros países como o Brasil, que paga 10% (SIAMAZONIA,
2003).
42
A extração do palmito é, na atualidade, depredatória. Realiza-se sem controlar os aspectos de regeneração da
espécie e tampouco se aplicam técnicas de manejo que garantam a permanência da espécie... (RIOS TORRES,
2001).
50
Circular Técnica nº 130
importante comprador, com tendência constante e significativa de aumento
das importações43. Segundo empresários das agroindústrias em Belém, esse é
o principal mercado a explorar porque o produto já está difundido, deixou de
ser considerado exótico e passou a gourmet, e a estrutura de comercialização
e registro no Food and Drug Administration (FDA) estão mais bem organizados
(normatização de formulários, de rotulagem, definição de tarifas, de agentes
distribuidores)44. Essas características colaboram para o aumento do número
de consumidores interessados em um estilo de vida saudável (healthy lifestyle),
que procuram produtos naturais com baixas calorias, pouca gordura, sem
colesterol, teor elevado de fibras, ricos em vitaminas e minerais, favorecendo
o crescimento da demanda nos Estados Unidos45. A estrutura de oferta também
está mais adequada aos padrões de qualidade do FDA e da estrutura de
importação e de distribuição local (ICRAF, 1999)46.
Na série de treze anos (Tabela 24), a tendência de aumento das
importações dos Estados Unidos foi significativa e constante, principalmente
após 1997 (faltam dados para 1998 e 1999), tendo crescido a participação do
Brasil nesse mercado.
Tabela 24. Importações totais de palmito pelos Estados Unidos e exportações do
Brasil para esse país de 1991 a 2003.
Ano
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
2000
2001
2002
2003
(US$ mil)
Importação EUA
5.036
5.336
5.527
5.088
6.341
9.342
3.989
8.814
11.554
9.8721
10.7461
Exportação Brasil
3.572
3.734
3.360
4.119
Fonte: AGROCADENAS/USDA (2002)
1
SECEX, 2005
43
O consumo per capita no país era de 13,9 g/ano em 1999, com tendência de aumento (CHEMONICS
INTERNATIONAL, 2002).
Citado em GESTION. Diario de Economia y Negócios on Line (Lima, Peru). No artigo “Conservera Amazónica
invertirá en proyeto de plantación de palmito”, relata-se também observações semelhantes. (PROMPEX, 2002).
45
“Over the past few years, one of the most significant trends has been the movement toward good, clean,
natural food” (ICRAF, 1999).
46
Em 1999 havia 82 empresas produtoras de palmito registradas no FDA: 44 eram do Brasil; 11 do Equador; 9 da
Costa Rica; 6 da Colômbia; 4 da Venezuela; Guatemala, México e Peru com 2 cada; e Bolívia e Paraguai com 1
cada (ICRAF, 1999).
44
CARACTERIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO
DO PALMITO NO BRASIL
O Agronegócio do Palmito no Brasil
53
A caracterização foi realizada a partir das informações e condições
vigentes no agronegócio do palmito em cada estado visitado. Em alguns
deles a atividade está perdendo importância, enquanto em outros está
estável ou em expansão.
1 AMAZONAS
1.1 A Atividade no Estado
Os plantios de pupunha para palmito no Amazonas começaram no início
da década de 90, a partir de projetos de duas empresas de eletroeletrônicos,
Sharp e Semp-Toshiba, localizadas na Zona Franca de Manaus (ZFM), e das
empresas Aruanã, Caiari, Cames e Tapiré, situadas fora da ZFM. Apesar do
apoio decisivo das equipes de pesquisa do INPA47, os projetos de produção
foram iniciados sem estudos de mercado e sem destinação programada para o
produto. O palmito de melhor qualidade seria vendido para São Paulo, capital.
1.1.1 Área plantada
A partir de 1994, foram implementados projetos de plantio de pupunha
para palmito nas áreas de 15 associados da Cooperativa Agrícola Mista
Efigênio de Sales (CAMES), com sede em Manaus, da qual participam
agricultores de uma colônia japonesa no município de Rio Preto da Eva, a
40 km de Manaus, onde foram plantados cerca de 150 ha de pupunha 48. Os
demais plantios, de maior porte, são das empresas Caiari com 100 ha e
Sharp com 50 ha plantados. Outros dois projetos importantes são: 100 ha
plantados (congrega 75 agricultores) no município de Boa Vista do Ramos e
200 ha no município de Itacoatiara (Fazenda Aruanã), de um empresário
residente na cidade de São Paulo49.
Além desses, há 130 lavouras de pequeno porte, de 2 a 9 ha, dispersas
pelo estado, iniciadas em meados da década de 90. A maioria situa-se em
municípios circunvizinhos a Manaus.
47
O INPA possui uma equipe de pesquisadores – Charles Clement, Kaoru Yuyama, Lenoir Santos – que há duas
décadas trabalha com pupunha para a produção de frutos e para palmito.
48
O INPA apoiou o projeto da CAMES a partir de 1997. A colônia é formada, predominantemente, por agricultores
descendentes de japoneses, especializados na produção de ovos.
49
Boa Vista do Ramos localiza-se a 350 km, em linha reta, a Leste de Manaus, na microrregião de Parintins;
Itacoatiara dista aproximadamente 250 km a Leste de Manaus, por via asfaltada. Não foram obtidas informações
sobre a área plantada pela Semp-Toshiba e pela Tapiré.
54
Circular Técnica nº 130
De acordo com dados de junho de 2002 há, ao todo, cerca de 500 ha
plantados com pupunha para palmito no Amazonas. Desses, 50 ha foram
financiados e outros 50 ha apoiados por programas governamentais50.
Dos 500 ha plantados, são aproveitados comercialmente apenas cerca
de 100 ha, isto é, apenas 20% da área plantada é colhida. Nos plantios das
empresas, nos plantios da CAMES, na Fazenda Aruanã e na quase totalidade
dos pequenos projetos, as palmeiras não estão sendo cortadas. Em junho de
2002, a maioria já havia passado do ponto de corte. Restaram apenas dois
projetos com colheitas regulares, pertencentes aos mesmos empresários que
envasam o palmito. Um em Iranduba, município próximo a Manaus, processando
2.000 cabeças de palmito/dia51 e o outro em Borba, que transporta e envasa o
produto em Porto Velho.
1.1.2 Agroindústria
Em junho de 2002, oficialmente, havia apenas duas agroindústrias em
funcionamento no estado. Há tentativa de reativar uma das duas agroindústrias
do município de Rio Preto da Eva para envasar produto da região, da CAMES e
do Projeto Aruanã52.
Quase a totalidade da produção do Amazonas é destinada a outros
estados, pois o mercado local consome pouco palmito e as agroindústrias locais
não investiram em estratégias para ampliação desse mercado consumidor53,
sendo que o palmito de pupunha oriundo de Rondônia entra no mercado local
a preço mais baixo que o do produto local54.
1.2 Aspectos da Produção
Embora o volume de informações tecnológicas seja considerável, as
dificuldades para a implantação de lavouras em escala de produção adequada
às dificuldades estruturais – grandes distâncias, difícil acesso ao mercado
nacional – às dificuldades com a mão-de-obra, o elevado custo da embalagem
e outros fatores têm restringido a consolidação da atividade, a ponto de haver
50
Entre 1997 e 1998 foram financiados 2 ha por agricultor, sendo disponibilizado R$ 4.000,00/ha. Em junho de
2002 havia 131 agricultores inadimplentes, devendo cerca de R$ 7.000,00/ha: 75 deles em Boa Vista do Ramos,
23 em Barcelos, 20 em Manacapuru e 13 em Iranduba.
51
Embora sem confirmação, há comentários de que a empresa estaria com problemas para se manter no mercado.
52
O Projeto Aruanã tem palmeiras prontas e suficientes para envasar um milhão de vidros de 300 g de palmito.
53
Em 2002 uma agroindústria enviou um container de palmito envasado para Santa Catarina.
54
A marca Coroá, de Rondônia, era vendida nos mercados de Manaus a R$ 4,00 o vidro/tolete/300 g em 2002,
enquanto o produto da maior fábrica local, localizada em Iranduba, era comercializado a um preço um pouco
maior.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
55
lavouras de palmito sem aproveitamento comercial. Além disso, o governo do
estado retirou seu apoio à atividade antes de chegar ao processamento e
comercialização.
Assim, há poucos projetos com padrão adequado de manejo. Porém,
nas condições atuais de desenvolvimento tecnológico seria possível produzir
em condições agronômicas competitivas de 1.500 a 2.000 kg de palmito de
primeira por hectare, mas essa produtividade raramente é conseguida
(CLEMENT, 2002).
1.2.1 Produtividade
Não foram obtidas informações conclusivas quanto à produtividade das
lavouras. Como nas demais regiões produtoras do país, as condições que afetam
a produtividade – tratos culturais, época de corte, etc. – são bastante variáveis
e no Amazonas ainda mais acentuadas, devido às significativas variações
climáticas ocorridas em anos recentes. Nos projetos ativos, o rendimento médio
em palmito de primeira (tolete) está em torno de 200 g por estipe cortado.
Quanto à padronização dos termos usados para designar o produto palmito
– primeira, tolete, nobre, etc. – Clement e Bovi (2000) propõem um modo de
avaliar a produção e primeiro recomendam separar o produto em dois
componentes: palmito em toletes e demais estilos. Para as formas comerciais
do palmito (estilos) sugerem as designações toletes, rodelas, cubinhos e picado.
O estilo tolete (toletes macios) é convencionalmente chamado de “palmito de
primeira”, “palmito tipo exportação”, “palmito extra”, “palmito nobre” ou
simplesmente palmito. Neste estudo foram adotadas essas designações.
1.3 O Mercado
1.3.1 Marcas e preços nos supermercados
Nas lojas das principais redes de supermercados em Manaus havia 18
marcas de palmito à época deste levantamento. Predominava o palmito de
açaí (Tabela 2555) e havia apenas três marcas de pupunha. O preço/kg do produto
55
Com relação às informações apresentadas na Tabela 25: 1) Além de apresentar os dados quantitativos, procurouse registrar as formas em que o produto é comercializado. Por isso, mesmo que houvesse uma só forma/espécie
(toletinhos/pupunha, p. ex.), essa é aqui apresentada. O mesmo vale para as demais tabelas-síntese; 2) A
relação completa das formas/espécies, das marcas, da origem (município/estado), os respectivos preços e o
nome das indústrias que envasaram o produto encontram-se no Anexo 1; 3) Os preços estão em kg, permitindo a
comparação entre as diferentes formas de envase/embalagem; 4) O câmbio oficial em junho de 2002 era US$
1,00 = R$ 2,83; 5) Embora originada de uma mesma fábrica, considerou-se como marca diferente o produto com
diferentes especificidades/qualidades/embalagens, conforme o rótulo. Ex: Gini; Gini Extra, Gini Linha Prata.
Considerou-se que devem ser produtos com qualidades e/ou atributos diferentes e, em geral, têm preços diferentes.
56
Circular Técnica nº 130
Tabela 25. Síntese das formas/espécies, número de marcas e preços de palmito nas
principais redes de supermercados de Manaus, em junho de 2002.
Formas/espécies
1
Tolete -açaí-vidro
Tolete -pupunha-vidro
Tolete -açaí-lata2
Picado-açaí-vidro
Picado-pupunha-vidro
Banda-pupunha-vidro
Picles-açaí-vidro
Nº de
marcas
9
1
3
1
1
1
2
Médio
21,00
15,63
25,20
16,05
12,50
14,20
19,30
Preço (R$/kg)
Mínimo
15,90
15,98
15,90
Máximo
29,50
40,00
21,44
1
Em todas as tabelas-sÍntese são mencionados vidros de 300 g, porém há outros com 180 g e 270 g (Anexo 1)
Em geral, latas com 500 g de palmito
2
de tolete (primeira) em vidros de 300 g variou de R$ 15,63 a R$ 29,50
(US$ 5,52 a US$ 10,42/kg). O preço do produto enlatado chegou a R$ 40,00
(US$ 14,13/kg). No Anexo 1, constam os dados completos para cada cidade nas
quais houve levantamento de preços.
O estudo do mercado de palmito em Manaus, realizado por Santos e
Clement (1998), mostrou que nos principais mercados da cidade havia 23 marcas
diferentes. Dessas, onze eram de agroindústrias do Pará; seis de São Paulo;
três do Amazonas; duas de Santa Catarina; e uma de Goiás. Apenas duas,
CAMES e Tapiré, eram de palmito de pupunha. No varejo, em 1998, o preço
médio do palmito de primeira era R$ 6,00 (US$ 5,30), o mínimo R$ 3,30 (US$
2,92) e o máximo R$ 10,49 (US$ 9,30) para o vidro 300 g56. No atacado, o preço
médio era de R$ 4,05. Comparando os preços do palmito no varejo, em dólares
de 1998, com os preços em junho de 2002 anotados neste estudo, verificou-se
que em 1998 eram cerca de três vezes maiores do que em 2002 e 200357. Em
reais, os preços estavam cerca de 20% mais elevados em junho de 2002, número
bem menor que a inflação de 55% (IGP–DI, FGV)58 acumulada no período de
janeiro de 1998 a junho de 2002.
O custo médio de produção era de R$ 3,60 vidro/tolete 300 g59 e o preço no
atacado girava em torno de 60% do preço no varejo (SANTOS e CLEMENT, 1998).
Santos e Clement (1998) afirmam que o estado de Santa Catarina, apesar
56
Palmito de primeira: R$ 20,00/kg
A comparação deve ser ponderada, devido às fortes oscilações cambiais nos últimos cinco anos (antes de
2003). Em 1998 o real estava valorizado em relação ao dólar americano, pois em meados de 1998 o câmbio era:
US$ 1,00 = R$ 1,15; ao final do ano era US$ 1,00 = R$ 1,32. Embora em 1998 tenha havido desvalorização de 50%
do real frente ao dólar, a maior parte dos analistas a considerava insuficiente
58
Site dos Índices. Índices de Inflação. Disponível em: www.ai.com.br/pessoal/indices/indice. Acesso em: 21 ago. 2003.
59
Custo médio de produção para todas as marcas. No Anexo 2, reproduz-se a tabela apresentada pelos autores.
57
O Agronegócio do Palmito no Brasil
57
de estar a 4.500 km de Manaus, consegue colocar um vidro padrão de palmito
em Manaus ao custo estimado de R$ 3,29, valor 22% menor que o da agroindústria
local, que colocava o mesmo produto no mercado a R$ 3,97/vidro 300 g, e
menor que o preço do produto de São Paulo e de Goiás. O palmito do Pará
(distante 1.800 km) tinha o menor preço em Manaus. A maioria das agroindústrias
define os preços pelas condições oportunísticas60 de mercado e não em planilhas
de custo. Isso explicaria grande parte dos exagerados preços do produto nas
gôndolas e o baixíssimo consumo per capita no Amazonas, em particular, e no
restante do país.
Comentam ainda que a maioria das agroindústrias não baseiam seus
preços em planilhas de custos e simplesmente tentam obter o que puder do
mercado. Concluem afirmando que para entrar no mercado, os produtores de
palmito cultivado na Amazônia precisarão ser muito eficientes, reduzindo
custos, usando a melhor tecnologia e encontrando novas formas de processar
palmito que permitam agregar valor localmente. Essa conclusão confirma a
necessidade de desmistificar a idéia de que pupunha ou outras espécies para
palmito são plantas rústicas, “que vão bem” mesmo em condições pouco
favoráveis, e que são muito rentáveis, devido ao pretenso pouco investimento
em tecnologia que necessitam. Com relação à pupunha, não se podem descartar
os cuidados agronômicos adequados à atividade com potencial produtivo
elevado, mesmo na região em que a espécie é originária.
1.3.2 Apresentação do produto nas gôndolas
O palmito envasado ocupava posição pouco privilegiada e arrumação
desuniforme nas gôndolas dos principais supermercados de Manaus (Fig. 3).
Em todas as lojas pesquisadas havia pó na tampa das latas e dos vidros, latas
amassadas, com pontos de ferrugem, vidros com tampas e rótulos danificados
e produtos envasados em agosto de 199961.
1.3.3 Estimativa de vendas
As vendas de palmito nas redes dos três principais supermercados de
Manaus foram estimadas em 7.100 cx/15 vidros/300 g/ano. De acordo com os
entrevistados, os mercados menores, com menos de cinco caixas registradoras,
60
Termo sem conotação pejorativa. Entretanto, exploram-se oportunidades econômicas de um mercado ainda
pouco estruturado, pelo lado do agricultor, principalmente. As margens de lucro e as exigências das redes de
supermercados podem contribuir significativamente para a elevação dos preços do palmito.
61
Santos e Clement (1998) mencionam que o produto, em geral, não era bem cuidado e ocupava posições mal
localizadas nas gôndolas dos mercados em Manaus.
58
Circular Técnica nº 130
Figura 3. Apresentação do palmito em supermercados de Manaus, em junho de 2002.
vendem quantidades irrisórias de palmito. Não foi possível estimar a venda do
produto em latas e potões, porém vende-se pouco produto embalado dessa
forma. As maiores redes comercializavam 32 t/ano em embalagens com 300 g,
estimativa 26% menor do que uma realizada por Santos e Clement (1998), que
aponta consumo de 40,3 t/ano em Manaus.
Os mesmos autores afirmam que o valor do palmito comercializado em
Manaus, em 1997, foi de R$ 806.780,00 (US$ 701.550,00). Do total, 74,3%
eram oriundos do Amazonas e representavam 81,6 t de palmito produzido e
processado no estado pela CAMES e Sharp, principalmente62.
A maior parte do palmito comercializado em Manaus, em 1997, foi
produzida no Amazonas. Os estados do Pará e Goiás foram os principais
fornecedores do produto importado, participando com 15,1% e 6,1%. Situação
que se reverteu nos anos de 2001 e 2002, quando praticamente todo o palmito
disponível nos mercados de Manaus era importado, principalmente do Pará.
62
Tomando-se apenas o valor do palmito processado (R$ 806.780,00) e dividindo pela média do preço de venda
nos mercados de Manaus (R$ 6,00/vidro/300 g), foram comercializadas 8.964 caixas de palmito/vidros 300g
(40,3 t). Porém, o volume citado (81,6 t) equivale a 18.133 caixas com vidros de 300 g de palmito. Como o
produto do estado representa 74,3% do valor total comercializado, supõe-se que se tenha vendido mais 25,7%
(produto importado) o que somaria mais 4.660 caixas. Assim, em 1997 foram comercializadas 22.793 caixas de
palmito/vidros 300 g, ou 102,6 t, o que diverge bastante da quantidade estimada por este estudo para 2001
(32 t). Houve problemas metodológicos ou foram desconsideradas possíveis exportações e outras formas de
comercialização.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
59
1.4 Comentários Gerais
O agronegócio do palmito passa por grandes dificuldades no Amazonas:
a) Tanto o mercado local quanto o regional não têm tradição em consumir
palmito e aos preços atuais é muito difícil desenvolver o hábito do
consumo;
b) As tentativas bem sucedidas de exportação para o exterior e para o
mercado do Sul do país não tiveram continuidade, pois não há produção
suficiente;
c) Quase todo o palmito vendido pelas grandes e médias redes de
supermercados em Manaus é de açaí, importado do Pará;
d) A embalagem (vidros e tampas) é importada do Nordeste (Pernambuco)
e do Sul do país, encarecendo significativamente o produto final63;
e) Embora com histórico de produtividade razoável, há anos em que a
falta de chuva prejudica o desenvolvimento pleno das palmeiras. No
verão amazonense não é incomum dois ou três meses de estiagem;
f) O baixo sucesso da atividade no Amazonas se deu porque grande parte
dos projetos foram idealizados tendo a produção de palmito como
atividade menos importante, no conjunto das suas atividades64;
g) Uma opção seria a especialização na produção de sementes germinadas
e plântulas65;
h) Há bastante palmeira-real para ornamentação em Manaus, mas com
baixo desenvolvimento das plantas e redução do estipe.
2 PARÁ
2.1 A Atividade no Estado
A extração de palmito com fim comercial no Pará teve início na década
de 60, mas tomou vulto no início dos anos 70, impulsionada por empresários
do ramo, oriundos de Santa Catarina. Já nesse período, o Pará se tornou o
maior produtor do país, participando com cerca de 80% da produção nacional
(RODRIGUES e MIRANDA, 2001).
63
Um ex-gerente de agroindústria afirmou que o vidro para 300 g, com tampa, custava R$ 1,80 (cerca de US$
1,10) no ano de 1999. É possível que haja algum exagero nessa informação ou que conjunturalmente o preço
estivesse demasiado elevado.
64
Segundo Clement (2004), Sharp e Semp-Toshiba receberiam subsídios para a sua atividade principal
(eletroeletrônicos) se investissem em agricultura. Todas as empresas, entretanto, tiveram o palmito
como mais um projeto – nenhuma o assumiu como projeto principal – conseqüentemente, não se
especializaram no ramo.
65
Atualmente a forma mais usual de aquisição de mudas pelos produtores do Vale do Ribeira, em São Paulo,
como se poderá ver adiante no tópico que trata do agronegócio na região.
60
Circular Técnica nº 130
Segundo dados oficiais, o Pará é o maior produtor de palmito do país,
com 95% do total da produção. O produto é obtido principalmente de palmeiras
de açaí (E. oleracea). Embora a espécie exista em toda a Amazônia, os açaizais
mais densos estão no delta do Rio Amazonas (Fig. 4), dispersos em uma área
estimada em torno de um milhão de hectares (NOGUEIRA e HOMMA, 2000). No
Sul do Pará existem palmeiras de Euterpe precatoria exploradas comercialmente
para palmito, mas não se têm dados relativos à abrangência em área e
importância econômica.
Com relação às condições da exploração e produção do palmito no Pará
e no Amapá há diferentes situações, predominando o extrativismo sem planos
de manejo. Porém, devido ao maior rigor na aplicação da legislação ambiental,
às exigências sanitárias, a mercados mais exigentes (orgânico e ecológico) e o
risco de exaustão dos açaizais, há um processo de reversão do modo extrativo
tradicional para planos de manejo mais adequados, em termos
ambientais e econômicos.
A realização do Simpósio de Avaliação sobre o Manejo, Industrialização,
Comercialização e Legislação de Frutos e Palmito de Euterpe oleracea Mart.
(açaizeiro/palmiteiro) na sede do IBAMA em Belém-PA, em 19/06/2002,
confirma a importância dessa mudança e aponta rumos para a atividade. O
simpósio teve como finalidade reunir o público interessado na produção,
Figura 4. Área estimada de açaí no delta do Rio Amazonas.
Fonte: Nogueira e Homma (2000)
O Agronegócio do Palmito no Brasil
61
industrialização e comercialização de frutos e palmito de Euterpe oleracea
Mart, para discutir a melhor forma de manejar os açaizais e definir uma
legislação que possa ser plenamente atendida pelos pequenos produtores
(ribeirinhos), ao mesmo tempo em que garanta a sustentabilidade ecológica
da espécie. Participaram proprietários de importantes agroindústrias, técnicos
do IBAMA, de universidades locais e da EMBRAPA Amazônia Oriental66.
No Pará e no Amapá, o açaí exerce importante função na geração de
renda, emprego e no valor das exportações internas e externas. O palmito é o
quarto produto na pauta de exportações vegetais do Pará, ficando atrás apenas
da madeira, pimenta-do-reino e castanha-do-pará. Para o mercado exterior
do estado é mais importante o palmito, já para o mercado interno, a polpa do
fruto é muito valorizada67.
A recente valorização do fruto criou tensão entre a atividade extrativa
do fruto e a do palmito. Fato positivo, pois enfatiza a necessidade de planos
de manejo, de diversificação de renda e de manutenção das reservas da espécie.
Porém, se não é negativa, é menos favorável para o agronegócio do palmito,
pois desloca as áreas de extração para mais longe do núcleo de Belém, que é
o núcleo de exportação, encarecendo o produto68.
2.1.1 Área plantada
Depois do açaí, a pupunha é a palmeira mais importante para a exploração
do palmito69. As principais lavouras estão localizadas na região de Altamira e
em municípios próximos a Belém. Há projetos em andamento também no Sul
do estado, na região do município de Redenção e na Região Sudeste do Pará
(PONTES et al., 2001). Segundo informações não oficiais, em junho de 2002
havia 3.550 ha plantados de pupunha, dos quais 2.800 ha com financiamento
do BASA/FNO e da SUDAM/FINAM70. Os dados oficiais indicam que entre 1989 e
2000 foram financiados projetos no valor de R$ 1.963.000,00 pelo FNO e R$
66
A EMBRAPA Amazônia Oriental (CPATU) atua na pesquisa de manejo e produção de palmito e frutos de açaí e
outras palmáceas há mais de duas décadas. Destaca-se a equipe dos pesquisadores Oscar Nogueira e Alfredo
Homma.
67
Estima-se que em Belém são comercializados 120 mil litros de polpa de açaí diariamente. As exportações de
polpa congelada para outros estados do Brasil somam 180 t/mês. Em 2000 teriam sido produzidas 156.046 t de
frutos de açaí. Em sistemas de manejo (para obtenção de frutos), a partir do quarto ano pode-se ter renda
líquida ad infinitum de R$ 700,00/ha (NOGUEIRA e HOMMA, 2000).
68
A coleta dos frutos deve ser próxima ao local de consumo, devido à perecibilidade do produto.
69
Faltam dados da extração de E. precatoria.
70
Até julho de 2000 o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) havia financiado planos de manejo
em 10.887 ha de açaizais para mais de 5.000 produtores, visando à produção de frutos e de palmito (NOGUEIRA
e HOMMA, 2000).
62
Circular Técnica nº 130
6.753.280,00 pelo FINAM (PONTES et al., 2001)71. A Tabela 26 apresenta a
distribuição dos plantios em 2002, segundo dados não oficiais fornecidos por
agentes do agronegócio do palmito no Pará.
Parte dos projetos efetivamente implantados foram na forma de
integração, isto é, com agricultores associados a agroindústrias72 mediante
contrato. Além desses, Pontes et al. (2001) citam a instalação de um projeto
de 180 ha de pupunha no município de Redenção, apto a produzir 3,5 mil
potes/dia, em 2003.
2.1.2 Agroindústria
A agroindústria paraense predomina no agronegócio do palmito, por meio
do núcleo de 18 grandes indústrias (Anexo 3) centradas em Belém, as quais
processam produto de todo o delta amazônico. Elas suprem a maior parte da
demanda brasileira e quase a totalidade das exportações para outros países73.
A dimensão do agronegócio do palmito no Pará pode ser visualizada por meio
de informações obtidas em entrevistas no mês de junho de 2002:
a) Uma das maiores empresas de Belém envasa 7.200 t/palmito/ano;
b) No Pará, há outras cinco empresas com a mesma capacidade de
produção e envase. As demais envasam menos palmito, mas totalizam
65 empresas legalizadas;
Tabela 26. Área plantada com pupunha no Pará em 2002.
Região/município
Altamira
Sapucaia
Santa Izabel
Vigia
Outros
Total
71
Área plantada (ha)
1.750
500
1.000
300
400
3.950
As informações obtidas nas entrevistas com agentes atuantes no agronegócio do palmito em Belém dão conta
de que foram financiados projetos com recursos oficiais para plantar 10 milhões de palmeiras de pupunha.
Essas ocupariam 2.000 ha em stand usual (5.000 plantas/ha), mas teriam sido plantadas apenas 3 milhões de
mudas, suficientes para apenas 600 ha. Um pesquisador de instituição oficial estima que não há mais de 5.000
ha plantados com pupunha no Pará. Desses, cerca de 2.800 ha seriam projetos financiados com recursos da
SUDAM. Os plantios de pupunha financiados pela SUDAM ao longo da Rodovia Transamazônica revelaram-se um
mecanismo de corrupção, envolvendo um ex-governador e um ex-senador do Pará.
72
Pontes et al. (2001) citam outra forma de cooperação: as empresas de participação comunitária, nas quais
várias pessoas interessadas (produtores, investidores) se reúnem, fazem contribuições regulares e ao final de
um determinado período têm capital suficiente para a implantação de uma agroindústria.
73
Rodrigues e Miranda (2001) relacionam as 18 maiores empresas do Pará (Anexo 3), responsáveis por 98,8% das
exportações para o exterior em 1997.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
63
c) Em 2001, a maior exportadora vendeu 863 toneladas para o exterior
e a segunda exportou 442 toneladas.
Segundo um industrial, em junho de 2002 o custo de produção da indústria
estaria em torno de US$ 9,00 a caixa com 12 latas de 500 g (matéria-prima e
embalagem), ou seja, custo de US$ 0,75/lata de palmito envasado (R$ 2,15 ao
câmbio da época)74. O preço de venda estava entre US$ 12,00 e US$ 14,00. O
custo total do vidro com 300 g (palmito de açaí) à época era elevado. Segundo
o informante, o lucro da indústria proviria da venda do palmito picado, que
não é remunerado ao fornecedor da matéria-prima.
As principais empresas constituíram um sindicato (SINDIPALM) ativo
na representação das questões inerentes aos diferentes ramos da atividade:
extração do produto, aspectos ambientais, questões comerciais, fiscais,
exportação, etc.
Embora defasados, os dados apresentados por Nascimento e Moraes
(1991) demonstram a real dimensão da agroindústria no Pará e ajudam a
esclarecer os números reais de produção e extração do palmito no Brasil.
Em 1991, havia 105 empresas divididas em três classes: grandes, médias e
pequenas, comportando 486 fábricas distribuídas pelo Pará e Amapá75 (Tabela 27).
Cada uma dessas classes produzia aproximadamente um terço das 145
mil toneladas de palmito da região, no ano de 199176. Essas informações são
resultado de trabalho minucioso, com método adequado, anotando-se o volume
de produção mensal de cada fábrica, o que permite aceitar suas estimativas
Tabela 27. Número de empresas, de fábricas e produção de palmito no Pará e Amapá em 1991.
Classe
Grandes
Médias
Pequenas
Total
Nº empresas
10
18
77
Nº fábricas
170
162
154
Produção (t)
51.000
48.600
46.200
105
486
145.800
Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991)
74
A taxa de câmbio em junho de 2002 era US$ 1,00 = R$ 2,83. Segundo Nascimento e Moraes (1991), o valor médio
(do preço de venda da fábrica) de uma lata de 500 g de palmito era de US$ 1,45, em 1991. Atualizado o valor
de 1991 para junho de 2003, deveria estar em torno de US$ 2,00 (correção da inflação do dólar à taxa de 2,7%
a.a. nos Estados Unidos). Como visto (informação de proprietário de fábrica), em junho de 2002 o preço de
venda estava entre US$ 1,00 e US$ 1,17.
75
Um gerente-proprietário de importante agroindústria cita que atualmente existem 71 empresas registradas no
Pará e que a atividade não é tão dinâmica quanto há dez anos, o que coincide com a época do estudo de
Nascimento e Moraes (1991) (Tabela 27). Um dos motivos teria sido a diminuição das exportações.
76
Um proprietário de agroindústria de grande porte acredita que no Pará e no Amapá são produzidas 48.000t/
ano, valor não muito distante do dado oficial (41.714 t em 2001). Contudo, não se aproxima das estimativas
mais acuradas (145.800 t) obtidas por Nascimento e Moraes (1991).
64
Circular Técnica nº 130
como válidas. Esses dados são bastante coerentes com os dados oficiais para
os anos precedentes a 1987 e com as estimativas do IBGE para os anos
subseqüentes (1988, 1989 e 1990)77.
2.2 Aspectos da Produção
Os aspectos da produção no Pará não serão abordados neste tópico, por
dois motivos:
a) A atividade de cultivo da pupunha, como nas demais regiões, ainda
não está estabelecida. Diferenças regionais, variações quanto às
condições das lavouras, manejo, produção, produtividade e a
dificuldade em obter dados fidedignos dificultam a caracterização da
atividade78;
b) A atividade extrativa e o manejo do açaí, principal espécie para
palmito, estão bem caracterizados nos estudos dos pesquisadores da
EMBRAPA Amazônia Oriental79, os quais demonstram haver muita
variabilidade nas informações relativas à extração e produção.
2.2.1 Preços pagos ao agricultor
As agroindústrias pagavam ao produtor, em junho de 2002, de R$ 0,30 a
R$ 0,36/estipe de palmito80. Para encher uma lata de 500 g são necessárias
três cabeças, o que corresponde a aproximadamente 170 g de palmito inteiro
por estipe (não se remunera o palmito picado)81.
2.3 O Mercado
De acordo com informações dos gerentes dos supermercados, o consumo
de palmito em Belém e no estado é pequeno. Porém, baseados em avaliações do
77
As autoras trabalharam com os dados de produção oficiais do IBGE, disponíveis até 1986 e com as estimativas
oficiais (de 1987 a 1989) que foram as mesmas para os três anos. Entretanto a produção informada pelo IBGE
para 1989 (202.439 t) extrapolou excessivamente a estimativa de 142.060 t para o mesmo ano.
78
O “Estudo Exploratório da Cadeia Produtiva do Palmito de Pupunheira (Bactris gasipaes) no estado do Pará”,
monografia de Pontes et al. (2001), apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, tem mais informações
sobre a atividade no estado.
79
A EMBRAPA Amazônia Oriental tem trabalhado ativamente em projetos para o desenvolvimento da economia
do açaí. Mais recentemente Rodrigues e Miranda (2001) estudaram os principais aspectos da cadeia produtiva
do açaí no estado.
80
Na maioria dos casos trata-se de extratores de palmito. Os valores, em junho de 2002, giravam em torno de
US$ 0,10/estipe ou cabeça. Segundo Nascimento e Moraes (1991), o preço pago pelas indústrias em 1991 era
próximo de US$ 0,07 por cabeça. Corrigido pela inflação em dólares para 2002, daria entre US$ 0,09/US$ 0,10
= R$ 0,26/R$ 0,30. Assim, considerando a inflação em dólares, atualmente se paga aproximadamente o mesmo
valor pelo palmito ao produtor/extrator.
81
Contudo, Nascimento e Moraes (1991) afirmam que são necessárias seis cabeças para encher uma lata de 500 g.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
65
histórico de vendas, afirmaram que é significativa a tendência de aumento do
consumo e que o produto já é anunciado nas promoções dos jornais de ofertas
das maiores redes. Ainda que, no geral, se repitam as condições pouco favoráveis
de apresentação do produto como em Manaus, em Belém havia mais produto, as
gôndolas estavam mais bem arrumadas e ocupavam melhores posições nas lojas,
o que denota interesse em aumentar as vendas do produto82 (Fig. 5).
2.3.1 Marcas e preços nos supermercados
Nos principais supermercados de Belém só havia palmito de açaí, com
oferta quase exclusiva do produto em toletes. O preço era bem inferior em
relação ao encontrado em Manaus. A Tabela 28 apresenta informações relativas
à variação do preço médio em função da forma de apresentação do produto.
2.4 Comentários Gerais
Os dados da produção de palmito na região são bastante variáveis em
relação às fontes oficiais e extra-oficiais. Dentre estas (agroindústrias e técnicos,
principalmente), também variam, embora as informações sejam oriundas de
Figura 5. Apresentação do palmito nos supermercados de Belém em junho de 2002.
82
Todos os gerentes enfatizaram a importância do produto na composição e no potencial de aumento das vendas
de palmito em suas lojas, ao contrário das afirmações dos gerentes entrevistados em outras cidades.
66
Circular Técnica nº 130
Tabela 28. Síntese das formas, número de marcas e preço de palmito nas principais
redes de supermercados de Belém em junho de 2002.
Formas/espécies
Tolete -açaí-vidro
Tolete -açaí-lata
Picado-açaí-vidro
Nº de marcas
12
3
1
Médio
14,82
18,45
11,07
Preço (R$/kg)
Mínimo
12,43
17,73
-
Máximo
17,80
20,33
-
informantes qualificados. As informações são apresentadas de forma conjunta
para os estados do Pará e do Amapá, pois a maior parte do produto extraído no
Amapá é comercializada em Belém, fazendo parte das estatísticas do Pará83.
A participação do Pará na produção nacional foi de 53% em 1973 e 62%
em 1974. Nesses dois anos, a produção registrada no estado ficou em torno de
20.000 t, enquanto o país teria produzido 35.000 t, em média. Porém,
estranhamente, em 1975 o Pará teria produzido 192.182 t, 96% da produção
nacional de 200.154 t. Em 1976 foram registrados valores semelhantes, mas
com produção pouco maior no estado e no país (RODRIGUES e MIRANDA, 2001).
Em 1977, o Pará teria produzido apenas 29.801 t, 85% da produção nacional.
Em 1978 e 1979 os números não se alteraram significativamente. Novo acréscimo
ocorreu em 1980, quando o Pará teria produzido 110.125 t, 96% da produção
do país. A produção elevada e a participação significativa do estado se
mantiveram até 1989, quando produziu 201.395 t, 99,5% da produção nacional.
Entre 1980 e 1989 o Pará produziu, a cada ano, mais de 90% do palmito brasileiro.
Novamente ocorre diminuição significativa na produção paraense e na produção
nacional, já que o estado domina o agronegócio do produto. Em 1990, foram
produzidas apenas 25.995 t no Pará e 27.031 t no Brasil. Isso significa queda de
900% na produção entre 1989 e 1990.
Dentre as explicações para tão significativas variações, são arroladas:
a) Falha na coleta dos dados oficiais ou influência da nova divisão regional
do Brasil, promulgada em 30/07/89 (IBGE, Resolução PR-510), que
reordena os municípios a partir de 1989 por microrregiões geográficas
e não mais por microrregiões homogêneas, o que pode ter desordenado
a coleta de informações (RODRIGUES e MIRANDA, 2001);
b) Desde a morte de Chico Mendes estão mais patentes as questões
83
É provável que 15% da produção assinalada como sendo dos dois estados seja obtida do Amapá, com tendência
a aumentar, devido à escassez das palmeiras para corte na área do delta pertencente ao Pará, embora ainda
haja importantes reservas de açaí em Marajó e nas demais ilhas do delta paraense.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
67
ambientais, a exploração e a ocupação irracional da Amazônia, assim
como a necessidade de ações locais para uso menos predatório dos
recursos naturais, como as palmeiras de açaí. HOMMA (2000) menciona
que ocorreu uma profunda mudança no pensamento da sociedade
brasileira quanto à necessidade de conservação e preservação da
Amazônia84;
c) A Carta de Gurupá-PA 85 – com repercussão em toda a região –
que exige a interrupção e a diminuição do corte das palmeiras,
reflete a preocupação de instituições não-governamentais e de
prefeituras do delta do Amazonas com a diminuição dos estoques
de palmeiras de açaí 86;
d) Mourão (1999)87 cita como a instituição de uma nova dinâmica de
usos dos açaizais, na qual a extração dos frutos de açaí passa a
expressar uma aproximação do que ocorre na realidade e a do palmito
aparecendo como uma atividade secundária. A ameaça à produção de
frutos pode ser a razão mais plausível à proibição de cortes de
palmeiras ocorridas em diversos municípios, que tiveram suas reservas
exauridas na década de 198088.
Há outras explicações que aparentam ser menos importantes
individualmente, mas que no conjunto significam grande parte da variação
observada, dentre elas a promulgação da Constituição Nacional de 1988, com
maiores restrições à exploração dos recursos naturais de forma desordenada,
a recessão na Europa e nos Estados Unidos, o câmbio desfavorável às
exportações, os elevados preços do palmito no mercado interno, a conjuntura
interna da economia devido ao Plano Collor, palmito produzido em um estado
e rotulado em outro, etc.
84
Chico Mendes foi assassinado em dezembro de 1988, no Acre, e ficou conhecido em todo o mundo pela luta em
defesa da Floresta Amazônica (HOMMA, 2000).
85
A Carta foi redigida no Seminário dos Trabalhadores Rurais de Gurupá em Busca de Alternativas, em 23 de
setembro de 1990.
86
Clement (2004) não acredita que as explicações sejam as mais adequadas e que as questões dos itens (b) e (c)
refletem mais as pressões sociológicas e psicológicas sobre os extratores, donos de palmitais e o IBAMA, mas
não teriam impacto direto na produção e na comercialização. Contudo, explica a decisão do IBAMA em exigir
o cumprimento da Lei Florestal e a execução dos planos de manejo.
87
Citado em Rodrigues e Miranda (2001).
88
Em referência à quebra da exportação de palmito entre 1992 e 1999, Nogueira e Homma (2000) comentam que
a quebra de produção do palmito é decorrente da maior coleta de frutos, o que se reflete também na preservação
dos açaizais nativos, já que a extração do palmito vinha provocando degradação da espécie. A importância do
fruto do açaí aumentou a partir de 1995.
68
Circular Técnica nº 130
3 REGIÃO SUL DA BAHIA
3.1 A Atividade na Região
No Sul da Bahia89 se extrai e envasa palmito nativo desde a década de
70, quando da instalação das agroindústrias oriundas de Santa Catarina. O
cultivo de palmeiras para a produção de palmito começou no início dos anos
90, com lavouras de açaí e pupunha. A CEPLAC é a principal instituição
apoiadora, atuando por meio do Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC) e do
Centro de Extensão (CENEX), com equipes de pesquisadores e extensionistas
atuando em projetos regionais90.
Há projetos de produção de açaí também para coleta de frutos, com
bom desenvolvimento agronômico e boas perspectivas de rendimento, e
projetos de produção de palmito de juçara manejado, mas predominam e se
expandem as lavouras de pupunha em áreas de pastagem e de cacau pouco
produtivas91. A primeira agroindústria a envasar palmitos de cultivo teria sido
a Unacau, localizada em Una92, em 1994.
A recente retomada da produção do cacau – devido ao melhor controle
das doenças nas lavouras e à elevação do preço – diminuiu o ritmo da expansão
do palmito cultivado. Porém, a boa adaptação agronômica da pupunha, as
características climáticas favoráveis, a disponibilidade de terras, as razoáveis
perspectivas de mercado e a relativa proximidade dos mercados de Belo
Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo indicam que a atividade tem boas
perspectivas de expansão e sucesso na região93.
3.1.1 Área plantada
Em julho de 2002, as lavouras de pupunha no Sul da Bahia estavam
distribuídas entre 494 produtores em 30 municípios, sendo 1.311 ha em
89
A região possui economia agrícola fundamentada em: cacau – 49%; bovinos – 28%; banana – 4,7%; e côco-dabahia – 4% do valor bruto da produção em 1999 (HADDAD, 1999).
90
Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC). As referências para o estudo são os pesquisadores
Ismael de Souza Rosa e Maria das Graças Parada, que atuam no suporte técnico para a implantação e
desenvolvimento do agronegócio da pupunha na Região Sul da Bahia.
91
Segundo técnicos e gerentes de agroindústrias, apesar da relevância do custo da terra, não faz sentido a
definição por áreas de baixa fertilidade para estabelecer lavouras comerciais de pupunha ou de palmeirareal. Por serem espécies perenes e de implantação cara, devem ocupar áreas nobres em fertilidade, facilidade
de manejo, disponibilidade de água, etc. Caso contrário, dificilmente serão competitivas com áreas onde haja
essas vantagens (Sul da Bahia, Vale do Ribeira, Litoral Norte de Santa Catarina, p. ex.).
92
Unacau – agroindústria que atua no agronegócio do cacau.
93
A limitação mais importante é a topografia, mais acidentada na parte norte da região, o que impede a
mecanização em 54,5% da área (HADDAD, 1999).
O Agronegócio do Palmito no Brasil
69
desenvolvimento (áreas ainda sem produção) e 1.672 ha em produção, no total
de 2.983 ha de área cultivada (CEPLAC, 2002).
Os dados de julho de 2002 não incluem os plantios recentes das
agroindústrias de maior porte que se instalaram na região desde 1999. Estimase que haverá acréscimo de 400 ha plantados até julho de 2003. Essas novas
lavouras, aliadas às projeções de intensificação da atividade, modificarão o
perfil da região e confirmarão a crescente importância do agronegócio do
palmito na Bahia.
Segundo o gerente de produção de uma grande empresa, em março de
2003, o custo de implantação da pupunha estava em torno de R$ 6.000,00/ha94.
3.1.2 Agroindústria
Existem oito agroindústrias de grande porte instaladas95 na Bahia:
a) Agropecuária Cabruca
b) Ambial
c) Expropalm
d) Inaceres
e) Mafuz
f) Natuvalle
g) Santini
h) Unacau
A Inaceres e a Expropalm desenvolvem os projetos mais arrojados. A
primeira tem 190 ha plantados e pretende ampliar mais 132 ha em área própria.
A empresa projeta alcançar 2.400 ha em cinco anos, no sistema de parceria
com produtores de porte médio (mais de 10 ha) para abastecer sua indústria.
É associada à Inexpo, que produz palmito de pupunha no Equador em moldes
semelhantes ao projetado para a região. A Expropalm projeta obter 4.200 ha
plantados até 2008, com a mesma concepção da Inaceres, mas admitindo
parceiros com menores áreas plantadas. Nestes dois casos, a produção se destina
prioritariamente ao mercado interno. As lavouras estão planejadas para 7.200 plantas/
ha, ao invés das 5.000 usuais96. A Mafuz possui 90 ha plantados e a Agropecuária
Cabruca produz palmito orgânico em Ilhéus e no extremo Sul da Bahia.
94
Em março de 2003 o câmbio era US$ 1,00 = R$ 3,38.
Há projetos em andamento para novas agroindústrias de diversos portes na região.
Os gerentes da empresa admitem produzir menos palmito por planta e de menor diâmetro, mas acreditam
obter maior produtividade e rentabilidade com 7.200 plantas/ha (mesmo para o mercado interno, que prefere
palmito de maior diâmetro).
95
96
70
Circular Técnica nº 130
3.2 Aspectos da Produção
3.2.1 Produtividade
Os dados de produtividade informados variaram conforme as condições
do ambiente físico, de manejo, etc. Como em outras regiões, ainda não há
práticas de manejo homogêneas e eficazes.
A produtividade do palmito de pupunha, observada em experimentos
conduzidos pela CEPLAC em 2002, foi de 404 g por planta, assim distribuídos:
basal – 44,5%; tolete – 37,0%; e apical – 18,5%. A Tabela 29 apresenta os dados
de produtividade e de rendimento industrial esperado pela CEPLAC.
3.2.2 Preços pagos ao agricultor
O palmito de pupunha era pago por haste (estipe) a preços que variavam
de R$ 0,40 a R$ 0,70. O mais freqüente era R$ 0,50 por haste, cortada aos 16
meses após o plantio. São necessárias 1,5 a 1,7 hastes para um vidro de 300 g
de palmito/tolete.
Em janeiro de 2003, uma agroindústria pagou R$ 1,00/vidro de palmito
tolete proveniente de palmeiras cortadas aos dois anos. A mesma empresa
vendia palmito no mercado de São Paulo, onde mantém representante
comercial, a R$ 50,00/caixa com 15 vidros97.
Tabela 29. Produtividade e rendimento industrial esperado de palmito de pupunha.
Espaçamento
(m)
2x1
Plantas/ha
5.000
Hastes/ha
8.000
Preço
Renda
1
R$/haste
0,48
R$/ha
3.840,00
Rendimento
industrial
hastes/vidro2
Produção
de Palmito
kg/ha
2,6
923
2,0
1.200
1,5
1.600
Fonte: CEPLAC (2002)
1
Em julho de 2002 o câmbio era US$ 1,00 = R$ 2,83
2
O rendimento de 2,6 hastes/vidro refere-se ao primeiro corte e, na seqüência, ao segundo
e terceiro
97
Isso após ter conseguido a colocação do produto em uma rede de médio porte na capital. Para a colocação do
produto, pagou R$ 300,00 por loja, mais 60 caixas de entrega inicial, sem remuneração.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
71
3.3 O Mercado
Não foram realizadas visitas e entrevistas nos supermercados locais para
avaliar preços, disposição do produto, etc.
3.4 Comentários Gerais
Na Bahia, o desenvolvimento da atividade é incentivado por programas
oficiais (Secretaria de Estado da Indústria e Comércio) e não-governamentais
(Instituto de Desenvolvimento do Baixo Sul da Bahia) que apóiam o plantio e a
instalação de agroindústrias em projetos integrados com prefeituras,
agricultores, CEPLAC e outras instituições. Contudo, a extração e o envase
clandestino de palmito de juçara ainda é relevante. No Sul da Bahia há cerca
de 200.000 ha de terras disponíveis para novas lavouras, em substituição a
pastagens e lavouras de cacau com baixa produtividade. Embora com restrições
quanto à topografia, cerca de 70,5% da terra é de média a alta fertilidade,
com precipitação pluviométrica de até 2.000 mm na faixa litorânea. Ainda que
a questão ambiental imponha restrições à expansão das lavouras de palmito
como monocultura, é possível a realização da atividade de modo
economicamente viável e ambientalmente sustentável (HADDAD,1999).
4 ESPÍRITO SANTO
4.1 A Atividade no Estado
No Espírito Santo, o consumo de palmito in natura ou minimamente
processado é tradicional em tortas (especialmente na Semana Santa), em
conservas caseiras e saladas. O produto era obtido principalmente do
extrativismo de juçara e indaiá, mas atualmente provém de plantas de pupunha
e de palmeira-real.
A produção e a industrialização do palmito cultivado ocorre na
microrregião (MR) 08 (Linhares), na MR 10 (Nova Venécia), ao Norte do estado,
e na MR 01 (Afonso Cláudio), localizada ao Sul, que compreende a região serrana,
no entorno do município de Venda Nova do Imigrante98. No município litorâneo
de Guarapari (Litoral Sul) também há lavouras de pupunha, mas com menor
número de produtores e em áreas menores.
98
O município sedia um dos Centros Regionais de Desenvolvimento Rural (CRDR/Centro Serrano) do Instituto de
Pesquisa e Extensão Rural do Estado do Espírito Santo (INCAPER, Ex-EMCAPA) que apóia o desenvolvimento da
atividade. A referência nesse CRDR é o pesquisador Cesar Teixeira.
72
Circular Técnica nº 130
O início do cultivo e a industrialização de palmito ocorreram em 1989,
na região de São Mateus, com projeto da Coimex Fazendas Ecológicas S/A. Em
1992, a empresa já havia plantado 50 ha de pupunha e a fábrica estava apta a
operar. Atualmente, possui cerca de 450 ha de pupunha plantados em duas
fazendas na região, 90% dos quais irrigados99. A Coimex envasa palmito com as
marcas Carrefour e PAPS100.
Em 2000, a Abiko Agroindustrial, outra empresa de porte, implantou um
projeto com 100 ha de pupunha irrigados no município de Linhares, com
destinação de venda in natura para os mercados de São Paulo e Rio de Janeiro.
O projeto está em funcionamento e visa principalmente ao mercado da cidade
do Rio de Janeiro.
Além dessas empresas, a Agroindústria Betanorte tentou
recentemente implantar projeto de grande porte, com lavoura e
agroindústria próprias no município de Jaguaré (Norte do estado),
entretanto a empresa não chegou a funcionar.
A tendência dos empresários e dos pesquisadores do INCAPER/CRDRCentro Serrano é intensificar a atividade na região serrana e no Centro-Sul,
em Venda Nova e arredores. São regiões de clima mais ameno que no Norte e,
embora com baixas temperaturas no inverno (entre 110C e 130C) devido à
altitude (entre 450 m e 850 m), não geia e a precipitação média anual é de
2.200 mm, bem distribuídos durante o ano (TEIXEIRA e PAIVA, 1997).
Os plantios foram iniciados com lavouras de pupunha em 1994, com o
apoio do INCAPER e do FUNDAP101. Hoje tendem a se localizar nos municípios
do litoral, mais quentes e próximos aos bons mercados (praias) para o
produto in natura.
Nos municípios serranos, predominam e se disseminam plantios de
pequeno porte com pupunha e palmeira-real. Contudo, está em curso a
montagem de projetos de maior porte – porte médio, se comparados à Coimex
– com a instalação de agroindústrias no esquema de plantio próprio e em parceria
com agricultores.
4.1.1 Área plantada
De acordo com dados oficiais, em 2001 havia 700 ha com palmeiras
99
A empresa possui mais 75 ha de açaí em floresta nativa e 84 ha de açaí consorciado com seringueira (Cf. Banco
de Desenvolvimento do Espírito Santo, citado em ESPÍRITO SANTO, 2001).
Pão de Açúcar Produtos Selecionados (PAPS).
101
Em 1990, a Secretaria de Estado da Agricultura lançou o Programa de Desenvolvimento da Cultura de Palmáceas
Produtoras de Palmito no Espírito Santo (PROPALM). O FUNDAP aporta recursos em projetos de desenvolvimento
da Agropecuária do Estado do Espírito Santo.
100
O Agronegócio do Palmito no Brasil
73
cultivadas, sendo a maioria delas de pupunha, entretanto havia também juçara,
açaí e palmeira-real (ESPÍRITO SANTO, 2001). Em estimativa não oficial,
calcularam-se mais 4 milhões de mudas plantadas de palmeira-real nos dois
últimos anos, cerca de 200 ha a mais.
As lavouras de palmeiras para palmito, no Norte do estado, não se
expandiram significativamente desde a instalação dos primeiros projetos, pois
a falta de água e a baixa qualidade desta para irrigação impediram a expansão.
No extremo Sul da Bahia e no Norte do Espírito Santo há mais de 15 anos
ocorrem períodos mais ou menos longos de estiagem. Além disso, o custo da
energia elétrica para irrigação é elevado e em muitos casos a água é ferruginosa,
prejudicando o equipamento de irrigação. De acordo com o gerente da Coimex,
a produtividade nas áreas foi reduzida à metade nos últimos dois anos, devido
à estiagem e à falta de água para irrigação.
Embora haja terras disponíves no Norte do estado, a maior parte delas é
de baixa fertilidade, ocupadas por pastagens degradadas ou por Eucalyptus
para celulose. As de maior fertilidade são ocupadas por plantios de cana,
mamão, seringueira, pimenta-do-reino, macadâmia e abacaxi.
4.1.2 Agroindústria
Segundo o gerente da Coimex falta matéria-prima para manter os
contratos de fornecimento, devido à queda da produtividade das lavouras por
falta de água para irrigação.
A estimativa do consumo de palmito envasado, realizada por um grupo
de empresários em estudo prévio à instalação de agroindústria própria, é de
que no Espírito Santo são consumidas anualmente 10.800 t do produto.
Os empresários da região de Venda Nova acreditam que o agronegócio
do palmito é bastante promissor para o mercado local (in natura e em conserva)
e para exportação102. Em Venda Nova do Imigrante, na região serrana, há duas
pequenas agroindústrias em funcionamento e uma terceira, de maior porte,
sendo montada.
Na região de Venda Nova e nos municípios litorâneos, a comercialização
de palmito in natura é significativa, em particular na Semana Santa e nas
demais épocas festivas. Produtores e vendedores mais ou menos especializados,
comercializam diretamente com restaurantes e particulares. Um deles vende
em média 100 kg de palmito por semana, em pacotes plásticos com 1 kg.
102
Há projeto de construção de um aeroporto privado (um consórcio de empresas) na região, destinado
principalmente à exportação de produtos regionais (dentre eles o palmito) e ao transporte de turistas.
74
Circular Técnica nº 130
Compra a haste por R$ 2,00, prepara, embala e vende o produto refrigerado
a R$ 5,00/kg. Informou que venderia três ou quatro vezes mais se houvesse
produto de boa qualidade e fornecimento constante. A Abiko, de Linhares,
vende o produto in natura na cidade do Rio de Janeiro a R$ 5,00/kg,
embalado em bandejas de isopor, refrigerado e, segundo o informante, não
supre a demanda.
Além da utilização das palmeiras cultivadas, principalmente com a
pupunha, há ainda a exploração e comercialização in natura do palmito indaiá
(Attalea dubia) (Fig. 6).
4.2 Aspectos da Produção
4.2.1 Produtividade
A produtividade média do palmito na Coimex é de 1,6 vidro/haste
(tolete + picado), com rendimento de 30% em toletes103. Em experimentos de
produtividade de pupunha conduzidos pela Coimex verificou-se que a média
por planta foi de 495 g de palmito, sendo basal – 50%; tolete – 35%; e apical
– 15% (CEPLAC, 2002).
Figura 6. Comercialização in natura do palmito indaiá no Espírito Santo em março de 2003.
103
Os cortes das palmeiras ocorrem a cada 8 meses. É economicamente viável uma planta rendendo um vidro de
palmito a cada 8 meses, desde que se produza e envase palmito próprio.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
75
4.2.2 Preços pagos ao agricultor
Predomina ainda a comercialização in natura, com grande variabilidade
de fornecedores e de preços conforme a época (Semana Santa e outras festas).
O valor pago depende também do tamanho da haste. A maior parte da produção
para envase é de palmeiras das próprias indústrias. O preço pago ao agricultor
por haste de pupunha, que rende 1 kg de palmito total, em março de 2003
variava entre R$ 2,00 e R$ 2,50104.
4.3 O Mercado
4.3.1 Marcas e preços nos supermercados
As informações são de um único supermercado, pertencente a uma grande
rede internacional (Tabela 30). A freqüência das marcas do palmito de açaí e
de pupunha é a mesma, sendo este oriundo da Coimex, maior agroindústria do
estado, e da Ambial, do Sul da Bahia.
Na loja, além das prateleiras centrais, havia outras pequenas prateleiras
ao final de um corredor com vidros de palmito dispersos e misturados a outras
conservas. A apresentação do produto não era adequada, havia latas amassadas
e com poeira nas tampas.
O gerente informou que o palmito natural (em hastes) tem boa saída na
Semana Santa, sendo que na última (2002) foram vendidas cerca de 5.000
hastes selecionadas – de tamanho maior – a R$ 4,99 cada.
Tabela 30. Síntese das formas/espécies, número de marcas e preços de palmito na
principal rede de supermercados em Vila Velha, em março de 2003.
Formas/espécies
Tolete -açaí-vidro
Tolete -pupunha-vidro
Tolete -açaí-lata
Picado-pupunha-vidro
Fatiado-pupunha-vidro
Rodela-pupunha-vidro
104
Nº de
marcas
3
2
2
1
1
1
Médio
23,32
22,00
28,90
11,33
19,20
22,00
Preço (R$/kg)
Mínimo
20,33
18,96
28,00
-
Máximo
26,30
24,96
29,80
-
Para esse tipo de mercado – venda in natura de um produto bastante apreciado na região – obtém-se o
palmito de plantas mais desenvolvidas, em geral de lavouras menos extensas (0,5 ha, 1,0 ha, 1,5 ha) e mais
bem cuidadas. Um comprador que prepara e revende o produto informou que 100 estipes de pupunha
renderam apenas 55 kg de palmito (esperava rendimento de 100 kg, de tolete + basal + apical); o produto
foi vendido a R$ 5,00/kg sem diferenciação de tipo, pois todo o palmito, não só o tolete, é muito valorizado
para tortas e pastéis.
76
Circular Técnica nº 130
4.4 Comentários Gerais
No Espírito Santo há duas situações relacionadas ao desenvolvimento da atividade:
a) Certa euforia, como em Santa Catarina, de agricultores e empresários
da região serrana, com ênfase na expansão das lavouras de palmeirareal, devido à boa adaptação agronômica dessa palmeira, ao apoio oficial
para o desenvolvimento da atividade105 e às perspectivas de mercado –
particularmente para o produto in natura – o que favoreceria os plantios
de pupunha, mas não exclui as possibilidades da palmeira-real;
b) Quadro de dificuldades para a manutenção e expansão dos projetos
implantados no Norte do estado, devido a condições climáticas (seca,
qualidade da água e custo da irrigação) e de ordem estrutural (aumento
do preço da terra e da mão-de-obra).
5 RIO DE JANEIRO
5.1 A Atividade no Estado
A produção de palmito cultivado no Rio de Janeiro teve início em 1993,
no Centro-Sul do estado, em Cachoeiras de Macacu, com lavouras de pupunha,
embora tenha ocorrido nos dois últimos anos (2002 e 2003) a expansão da
atividade com plantios de palmeira-real106. Atualmente há lavouras de palmito
em todas as regiões (exceto de pupunha nas regiões serranas). A produção é
para venda in natura e aparentemente há especialização dos produtores e
demanda significativa e crescente na capital do estado. A comercialização
está bem organizada e o produto é embalado em bandejas de isopor e em
sacos plásticos (500 g e 1 kg), vendido em alguns supermercados, em butiques
de alimentos e servido em churrascarias e restaurantes finos.
5.1.1 Área plantada
Em 2001, predominavam pequenas lavouras, somando apenas 213 ha
(EMATER-RJ, 2002). Estimou-se que em março de 2003 houvesse cerca de 300
ha plantados no estado107. No Anexo 4 são apresentados dados de área plantada
e distribuição das lavouras de pupunha no Rio de Janeiro. Não há informação
das áreas de lavouras com palmeira-real.
105
Programas do estado, como o Programa de Desenvolvimento da Cultura de Palmáceas Produtoras de Palmito
no Espírito Santo (PROPALM) e os projetos de pesquisa do INCAPER em Venda Nova.
As informações para estabelecer as primeiras lavouras foram obtidas na Coimex.
107
Época das entrevistas para o estudo, no Rio de Janeiro.
106
O Agronegócio do Palmito no Brasil
77
5.1.2 Agroindústria
De acordo com informação oficial, existe apenas uma pequena
agroindústria no estado, pertencente a um empreendimento de turismo – Hotel
Fazenda do Frade – situado no litoral Sul, em Parati. A empresa não envasa o
produto, apenas vende palmito in natura. Porém, como em outras regiões, há
extração e envase clandestino.
5.2 Aspectos da Produção
Não foram obtidas informações para comentar os aspectos da produção.
Embora a atividade esteja pouco desenvolvida em área e volume, há uma
tendência de expansão dos plantios de pupunha, principalmente para a
comercialização in natura. Ainda que em pequena escala, existem pólos de
produção, relativamente bem organizados, em alguns municípios litorâneos,
com o apoio da EMATER-RJ. Além de ser um mercado efetivamente grande, o
potencial de crescimento da demanda na cidade do Rio de Janeiro reforça as
possibilidades de expansão da atividade.
5.3 O Mercado
O mercado da região metropolitana do Rio de Janeiro é o segundo em
potencial de consumo no país108. Ainda assim, nos supermercados visitados a
apresentação e os cuidados com o produto nas gôndolas não correspondem à
sua importância. Embora não houvesse latas amassadas, poeira nas tampas ou
rótulos danificados, a posição das gôndolas e a disposição do produto nas
prateleiras eram pouco favoráveis à observação e à aquisição do produto. As
churrascarias e os restaurantes finos da região do Grande Rio são grandes
compradores de palmito em potões, mercado cativo das agroindústrias de Santa
Catarina. Também não foram obtidas informações sobre o mercado de palmito
in natura e minimamente processado.
5.3.1 Marcas e preços nos supermercados
Das 36 marcas e formas de apresentação do palmito, 86% eram de açaí
(Tabela 31). O preço do vidro de 300 g de açaí tolete variou de R$ 13,97 a R$
108
Das nove regiões metropolitanas, a do Rio de Janeiro é a segunda em população, com 11 milhões de habitantes
em 2000 (RM de São Paulo – 18 milhões). Em 2002, ocupava a quarta posição em valor do rendimento médio
mensal por família residente, com R$ 1.383,00 (1º – RM São Paulo com R$ 1.669,00; 2º – RM Curitiba com R$
1.476,00; 3º – RM Porto Alegre com R$ 1.456,00) [Tabelas 194 e 202, IBGE (2003)].
78
Circular Técnica nº 130
20,83/kg. Na mesma forma, o preço da pupunha era bem mais elevado, variando
de R$ 18,50 a R$ 33,00/kg.
5.4 Comentários Gerais
O Rio de Janeiro não apresenta indícios de que será um produtor
importante de palmito cultivado, pois embora possua grande faixa litorânea,
clima e regime de chuvas bastante favoráveis, o preço e a valorização da
terra, e a questão ambiental tendem a diminuir as possíveis vantagens naturais
e estruturais (vias de transporte, mercado próximo, etc.).
Parece que a grande oportunidade é a produção para venda in natura e
minimamente processado, em diversas formas de apresentação, visto o grande
potencial de consumo de residentes e de turistas na cidade do Rio de Janeiro.
Dada a importância do mercado consumidor no estado, justificam-se
estudos mais elaborados a respeito do agronegócio do palmito.
6 SÃO PAULO
6.1 A Atividade no Estado
O cultivo de palmeiras para palmito em São Paulo está disseminado por
todas as regiões de clima quente. Embora faltem informações conclusivas, há
projetos importantes na Região Oeste – na área de influência da UNESP de Ilha
Solteira109, que há alguns anos pesquisa e apóia o desenvolvimento da atividade
– no planalto central, na região de Avaré e no Vale do Ribeira (Litoral Sul do
estado), sendo esta a região mais importante em termos de lavouras plantadas
e agroindústrias em funcionamento.
Tabela 31. Síntese das formas/espécies, número de marcas e preços de palmito nas
principais redes de supermercados no Rio de Janeiro e Niterói em março de 2003.
Formas/espécies
Tolete -açaí-vidro
Tolete -pupunha-vidro
Tolet e-açaí-lata
Picado-açaí-vidro
Fatiado-pupunha-vidro
Couvert-pupunha-vidro
Picles-açaí-vidro
109
Nº de
marcas
22
3
2
7
1
1
1
Médio
19,16
23,33
27,30
14,65
16,30
22,00
27,60
Preço (R$/kg)
Mínimo
13,97
18,50
16,78
12,30
-
Máximo
20,83
33,00
37,00
18,50
-
A referência na UNESP/Ilha Solteira é o Prof. Fernando Tangerino; na UNESP/Jaboticabal é o Prof. José Roberto Moro.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
79
O cultivo comercial de palmeiras para palmito no Vale do Ribeira teve
início em 1993, com lavouras de pupunha implantadas com o apoio do IAC e da
CATI110. Nessa região e no Litoral Sul de São Paulo a atividade extrativa é
antiga e importante em termos econômicos e ambientais111.
Como no Sul da Bahia, os projetos agroindustriais tendem à produção
em áreas próprias e em parceria com produtores associados. Predominam
largamente as lavouras de pupunha, mas há umas poucas lavouras de palmeirareal, de palmeiras híbridas de juçara e de açaí (resultado das pesquisas do
IAC). No Vale do Ribeira, no litoral do estado e no planalto do Rio Turvo (este
pertencente a São Paulo e Paraná) é importante a produção de palmito nativo
em áreas com planos de manejo112.
6.1.1 Área plantada
Semelhante a outras regiões com lavouras em expansão, no Vale do
Ribeira as lavouras com pupunha tendem a ocupar áreas antes usadas para
atividades menos produtivas, em substituição a bananais e pastagens,
principalmente. Estima-se que haja entre 3.500 e 4.000 ha plantados com
pupunha em 14 dos 17 municípios da região. A maioria da atividade está
concentrada em oito municípios113.
É nessa região que a atividade parece estar mais estruturada, em termos
de área plantada, agroindústrias envasando palmito cultivado, assistência
técnica e uso eficaz de tecnologia. O fato de ser um pólo produtor de banana,
com elevada competitividade, induz à realização de projetos em moldes
empresariais, com menor grau de improvisação. Um exemplo é o posicionamento
dos técnicos das instituições oficiais, que não validam a idéia de que a pupunha
110
O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) estuda palmeiras para palmito desde 1973, com importante base
física na Estação de Pesquisa de Pariquera-Açu, próxima à cidade de Registro. Destaca-se o trabalho da
pesquisadora Marilene Bovi como uma das precursoras no desenvolvimento das pesquisas com juçara, pupunha
e açaí. Destaca-se também o trabalho dos pesquisadores do ITAL/Campinas na industrialização do palmito
(pesquisa, treinamento de técnicos para as indústrias, padronização, etc.), e a Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral – CATI EDR/Registro, com a atuação dos técnicos Luís Gustavo Ferreira e Nelson Basílio da
Silva, no Vale do Ribeira.
111
Assim como na faixa litorânea de Mata Atlântica de São Paulo, Santa Catarina e Paraná, na região predominava
o extrativismo do palmito juçara. As primeiras fábricas instalaram-se há mais de 40 anos, inicialmente por
empresários oriundos de Santa Catarina. Uma das mais antigas (de proprietário nativo da região) funciona há
mais de 30 anos. Embora as fábricas trabalhem com palmito cultivado e produto nativo de planos de manejo,
o extrativismo ilegal ainda ocorre em larga escala.
112
Um técnico atuante no setor afirma que os projetos de manejo do palmito nativo são pouco viáveis
economicamente. A maioria do produto ainda é retirada da mata de forma clandestina, ainda viável. A opinião
desse, de outros técnicos e dos empresários é de que o palmito cultivado de pupunha vai predominar e será
uma atividade econômica e ambientalmente sustentável.
113
As informações são de técnicos da CATI/EDR Registro. Há discordância, pois estimou-se a área plantada em
2.800 ha. A diferença pode ter ocorrido em função da falta de atualização da área plantada com os projetos
mais recentes.
80
Circular Técnica nº 130
é uma espécie rústica, que não exige muitos cuidados agronômicos. Os
resultados são os bons índices técnicos, de produtividade e produção, que se
refletem nos resultados econômicos.
6.1.2 Agroindústria
Quatro fábricas envasavam palmito de pupunha em 1996. Atualmente,
12 fábricas envasam o produto, a maioria com empreendimentos bem
estruturados (sete são agroindústrias novas), envasando produto de boa
qualidade e com boa inserção no mercado da capital do estado,
notoriamente exigente em preço e qualidade114. Embora algumas trabalhem
com outros produtos, como conservas de olerícolas (porém, menos que em
Santa Catarina) e com palmito de juçara, a tendência é ter pupunha como
produto principal ou exclusivo.
Os preços médios115 de comercialização de palmito praticados pelas
indústrias da região do Vale do Ribeira são apresentados na Tabela 32.
6.2 Aspectos da Produção
6.2.1 Produtividade
A produtividade das lavouras de pupunha implantadas e conduzidas de
modo adequado, com mudas perfeitas, terra com acidez corrigida, fertilização
das lavouras e assistência técnica eficaz está em torno de 2.000 a 2.500 kg de
palmito (500 g/planta), resultado do primeiro corte aos 24 meses após o plantio
das mudas. É usual se cortar 5.000 plantas aos dois anos ou pouco mais. Neste
caso, 60% da produção é de palmito basal.
Nos cortes seguintes, a produtividade é praticamente a mesma, pois se
corta 1,5 perfilhos por touceira a cada ano. Porém, aumenta a percentagem
de palmito basal.
114
Assim como nas demais regiões onde há palmito nativo, há numerosas fábricas legalizadas e clandestinas
envasando o produto. O Vale tem um diferencial positivo de localização, com vistas ao mercado de São Paulo
e de Curitiba, devido à duplicação da rodovia que liga as duas capitais (aproximadamente 200 km de cada
capital).
115
São exemplos de duas indústrias e refletem os preços médios na região. Uma é de grande porte, recém
instalada; outra é das mais antigas e relativamente bem sucedida. Em novembro de 2002, o câmbio era US$
1,00 = R$ 3,70.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
81
Tabela 32. Preços médios de palmito das indústrias da região do Vale do Ribeira (SP).
Capacidade
da caixa
Peso unitário
drenado
Forma
Preço (R$)
cx
kg
Indústria A 1
15 vidros
6 latas
300 g
1,8 kg
15 vidros
300 g
6 potões
1,8 kg
Toletes (nobre) 2
Picado (segunda)
Indústria B3
Toletes (primeira)
Rodelas (segunda)
Picado
Toletes
70,00
48,00
15,50
4,40
65,00
50,00
45,00
120,00
14,40
11,11
10,00
11,11
1
Indústria recém montada, com bom procedimento de preparação e envase do produto (um
engenheiro químico em tempo integral). Processa aproximadamente 2.500 hastes/dia.
2
Na região são utilizadas as designações “nobre” e “primeira” para toletes e “segunda” para
picado e rodelas.
3
Indústria estabelecida na região há mais de trinta anos, a primeira a envasar palmito de pupunha.
Processa aproximadamente 3.000 hastes/dia.
6.2.2 Preços pagos ao agricultor
Paga-se em torno de R$ 1,20/vidro 300 g/tolete e R$ 0,30/vidro 300 g/
picado ou R$ 1,80/kg de palmito total produzido116. Assim, a renda bruta do
agricultor está entre R$ 3.600,00 e R$ 4.500,00/ha/ano. O custo de implantação
de um hectare da lavoura varia de R$ 4.300,00 a R$ 5.500,00/ha, não incluído
o custo de manutenção da lavouras117.
6.3 O Mercado
6.3.1 Marcas e preços nos supermercados
Foram visitadas oito lojas das duas principais redes de supermercados
da cidade de São Paulo. Dada a importância do mercado dessa cidade, no
Anexo 1 são mostradas as informações por “bandeira” (Carrefour, Pão de Açúcar,
Extra, Barateiro)118 para que se possa avaliar melhor as formas e as espécies
em que o produto é apresentado, o número de marcas e os preços do palmito.
116
Uma agroindústria de maior porte pagava, em abril de 2003, R$ 4,00/kg de palmito tolete. O palmito de
segunda (rodelas, picado) era pago a R$ 0,30/kg. O rendimento dos tipos do palmito é 70% de segunda e 30%
de palmito tolete, sendo que o rendimento do produto tolete pode variar de 25% a 45%.
117
O custo menor refere-se a projetos bem elaborados, implantados em áreas apropriadas, com assistência
técnica adequada. Na Região Oeste do estado, com necessidade de irrigação, o custo de implantação estaria
em torno dos R$ 7.000,00/ha.
118
Extra e Barateiro fazem parte do grupo Pão-de-Açúcar.
82
Circular Técnica nº 130
Na Tabela 33 apresenta-se a síntese dessas informações e a variação do preço
médio em função de formas/espécies.
Nas lojas das maiores redes havia, na quase totalidade, açaí (57,4%) e
pupunha (37,0%) à venda. O produto era ofertado principalmente em tolete,
com baixa freqüência das outras formas. Havia pequena diferença entre os
preços médios das espécies ofertadas. Entretanto, merece destaque a amplitude
entre os preços mínimos e máximos do palmito de açaí e pupunha em tolete.
Não foram obtidas informações do mercado do produto in natura na
cidade de São Paulo, mas o Anexo 5 apresenta a relação de preços de palmito
in natura comercializado na capital de São Paulo, obtida em agosto de 2001,
por Chaimsohn (2001). Contudo, a forma in natura do produto é comercializada
e, inegavelmente, tem enorme potencial de comercialização. Falta, entretanto,
resolver grandes problemas como a logística, custos de distribuição, embalagem
e conservação, escala de fornecimento, etc119.
6.3.2 Preços de palmito em Registro
Os preços ao consumidor em Registro (Tabela 34), cidade de porte médio
no Vale do Ribeira (SP), não são exorbitantes como os das grandes redes nas
grandes cidades. O gerente de uma das lojas afirmou que é lucrativo vender
aos preços vigentes.
Tabela 33. Síntese das formas/espécies, número de marcas e preços (R$/kg) de palmito
nas principais redes de supermercados da capital de São Paulo em novembro de 2002.
Formas/espécies
Tolete -açaí-vidro
Tolete -pupunha-vidro
Tolete -juçara-vidro
Tolete -açaí-lata
Tolete -juçara-lata
Picado-açaí-vidro
Picado-pupunha-vidro
Toletinhos -açaí-vidro
Toletinhos -pupunha-vidro
Rodela-pupunha-vidro
Couvert-pupunha-vidro
119
Nº de
marcas
18
15
1
7
1
4
3
2
1
1
1
Médio
25,90
26,20
27,43
29,23
35,75
14,76
14,73
24,50
23,16
20,10
23,16
Preço (R$/kg)
Mínimo
24,90
20,10
23,80
13,30
13,00
S/ preço
-
Máximo
35,66
33,00
38,00
17,00
17,30
-
Conforme relato de experiência do produtor rural e empresário Ricardo Luiz de Oliveira, do município de
Itariri (SP), no 1º Seminário sobre Palmito de Pupunha no Litoral Paulista, ocorrido em São Vicente (SP) de 16
a 19 de janeiro de 2003.
83
O Agronegócio do Palmito no Brasil
Tabela 34. Marcas e preços de palmito em supermercados de porte médio em Registro
(SP), em março de 2003.
Marca
Indústria
Palmito da
Serra
Pupura
Tuchê
Savana
ARFP - PA
Forma/espécie
Tolete - açaí
Conservale – Registro - SP Picado - pupunha
Conservale - Registro - SP Picado - pupunha
Conservale - Registro - SP Picado - pupunha
Preço (R$)
Vidro/
R$/kg
300 g
4,82
16,06
3,12
2,90
3,19
10,40
9,66
10,63
Além do produto local, há palmito de açaí tolete a preço razoável.
6.3.3 Condições do produto nas gôndolas
O mercado da cidade de São Paulo é formado por consumidores exigentes
e o de maior consumo per capita de palmito do país, portanto muito disputado
pelos fornecedores. Contudo, essas especificidades não se refletem em cuidados
na apresentação do produto, na quase totalidade das lojas das redes de
supermercados visitadas.
Como visto na maioria das lojas das demais cidades, a disposição e a
apresentação do produto são descuidadas. Em lojas menores, é usual a presença
de poucas marcas e tipos. O produto fica pouco visível em meio a fileiras de
outras conservas, sem padrão de apresentação.
Em uma loja de grande rede, a primeira prateleira estava com latas de
palmito, a segunda com vidros de palmito tolete e palmito picado. Em outra
loja da mesma rede, a primeira prateleira estava com vidros de aspargos, a
segunda com vidros de palmito em rodelas, palmito couvert e palmito tolete.
Havia falhas nas prateleiras, pois os vidros retirados não eram repostos.
Entretanto, não se observa o mesmo descuido nas gôndolas com produtos
concorrentes (azeitonas, aspargos e cogumelos). Quanto ao palmito envasado
em latas, apresenta as mesmas características das outras cidades analisadas,
produto envasado há mais de um ano, latas amassadas e com bastante poeira
na tampa superior.
6.4 Comentários Gerais
Os comentários mais importantes dos técnicos, agricultores e gerentes
de agroindústrias no Vale do Ribeira foram:
84
Circular Técnica nº 130
a) O modo mais comum de implantar projetos na região é preparar os
viveiros de mudas a partir de sementes germinadas (plântulas de 3
cm a 6 cm) de germoplasma adquirido no Peru (transportado por avião).
Um quilo contém cerca de 220 plântulas, ao custo de R$ 0,30 cada;
b) Há falta de matéria-prima nas agroindústrias da região.
Aparentemente, não devido ao incremento da demanda, mas à
escassez do palmito extrativo em função da exaustão das reservas
nativas e maior eficácia da fiscalização;
c) Uma agroindústria não é viável se não tiver garantido o fornecimento
de 500.000 estipes/ano;
d) De modo semelhante à tendência em regiões de agricultura mais
avançada, no Vale do Ribeira já se terceiriza parte das operações
agrícolas em projetos para lavouras de maior porte. O mais usual é
contratar o plantio à razão de R$ 0,15/muda120.
7 PARANÁ
7.1 A Atividade no Estado
No Paraná, os plantios comerciais de palmeiras para palmito foram
iniciados por volta de 1995, com lavouras de pupunha implantadas
primeiramente no Litoral e na Região Noroeste do estado, ampliando-se para
a região do Alto Ribeira (municípios de Cerro Azul e Adrianópolis)121.
Nos últimos quatro anos, há forte tendência em ampliar a atividade
com plantios de palmeira-real no litoral, no Alto Ribeira e em municípios da
Região Norte (Londrina, principalmente) em função da escassez de sementes
e mudas de pupunha, gerando preços elevados; do menor custo de implantação
das lavouras de palmeira-real, pois as mudas são mais baratas; e da pretensa
supremacia da qualidade desse palmito em relação ao de pupunha.
A atividade começou e se desenvolveu de forma mais organizada no Litoral,
em processo de parceria e fomento entre agricultores e uma agroindústria
instalada em Guaraqueçaba, inicialmente com lavouras de pupunha122. Na
seqüência, disseminaram-se as lavouras de palmeira em outros municípios
(Morretes e Antonina, principalmente), com ênfase na palmeira-real.
120
Um projeto em execução à época do levantamento (novembro de 2004), contratou o plantio de 450.000
mudas de pupunha, a ser concluído até o fim de 2004. Ao empreiteiro cabe abrir as covas (usualmente com
boca-de-lobo) e plantar as mudas.
121
O Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), iniciou pesquisas com pupunha e 40 outras espécies amazônicas em
1985 na Estação Experimental de Morretes (Litoral do estado), por meio do trabalho da pesquisadora Nancy
Morsbach.
122
Até o ano de 2001 havia cerca de 30 agricultores no município de Guaraqueçaba.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
85
Em 2001, fundou-se uma associação de produtores de palmito com
sede no município de Morretes (Litoral), que inicialmente se interessava
apenas por palmeira-real. O objetivo, como nas demais associações do tipo,
era organizar ações de apoio ao desenvolvimento da atividade e a instalação
de agroindústria própria.
Assim como no Sul da Bahia, São Paulo e Santa Catarina, em que há
algum apoio das instituições oficiais de desenvolvimento rural, no Paraná a
atividade é apoiada há algum tempo pelo IAPAR e pela EMATER, e mais
recentemente pela EMBRAPA Florestas, Universidade Estadual de Maringá (UEM)
e Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Essas instituições, em
conjunto, desenvolvem o projeto financiado pelo PRODETAB, citado na
apresentação deste estudo.
7.1.1 Área plantada
A área plantada em 2001 não chegava a 1.000 ha (Tabela 35). Exceto nas
Regiões Norte e Noroeste prevalecem lavouras com palmeira-real. Contudo,
nessas mesmas regiões já existem áreas significativas de palmeira-real recém
implantadas e ainda não contabilizadas. Para 2002, foram estimados 830 ha
plantados com palmeira-real e 463 ha com pupunha, somando 1.293 ha
plantados em todo o estado (BELLETTINI, 2004).
7.1.2 Agroindústria123
O histórico da agroindústria do palmito no Brasil remonta a 1949, ano de
instalação da primeira agroindústria no município de Guaraqueçaba, Litoral
do Paraná124. Entretanto, há controvérsias, porquanto algumas das mais antigas
Tabela 35. Área e número de produtores de palmito cultivado por região no Paraná
em 2001.
Região
Ribeira
Litoral
Norte/Noroeste
Total
123
Pupunha
36
108
164
308
Área (ha)
Palmeira-real
293
281
574
Total
329
389
164
882
Nº de
produtores
Parte das informações contidas no item são oriundas do trabalho de Corso (2003).
Rosetti (1988) afirma que em 1949 havia apenas duas agroindústrias no país, situadas no Paraná.
124
180
245
70
495
86
Circular Técnica nº 130
agroindústrias de Santa Catarina reivindicam a condição de primazia na
atividade125. Há 11 indústrias registradas no estado, sendo nove no Litoral,
uma na Região Noroeste e uma no Alto Ribeira (município de Adrianópolis)126.
Os preços pagos pelos supermercados às agroindústrias para a caixa de
palmito de juçara alcançou preços médios mais elevados que as das demais
espécies (Tabela 36). A palmeira-real apresenta ligeiro diferencial para mais
em relação ao açaí e ao palmito de pupunha.
7.2 Aspectos da Produção
7.2.1 Produtividade
Chaimsohn e Durigan (2002) apresentam estimativa razoável da
produtividade de palmeira-real e de pupunha em trabalho comparativo do
rendimento econômico das duas espécies. É uma indicação bem fundamentada,
pois refere-se a condições médias de lavouras do Litoral do Paraná, onde a
dinâmica da atividade é grande e há o maior número de produtores e a maior
área plantada. Os rendimentos são os seguintes127:
a) Rendimento da pupunha
· Primeiro corte: planta mãe, com 24 meses após o plantio (m.a.p.) =
4.000 hastes/ha (corte em 80% do estande);
· Cortes subseqüentes: corte em 80% do estande (em 4.000 touceiras/
ha) x 1,8 hastes/touceira = 7.200 hastes/ha;
· Preço médio do palmito = R$ 1,00/ peça;
· Receita bruta: a) primeiro corte: R$ 4.000,00/ha;
b) cortes subseqüentes: R$ 7.200,00/ha.
Tabela 36. Preços pagos pelos supermercados de Curitiba às agroindústrias de palmito
em dezembro de 20021.
Espécie
Juçara
Palmeira-real
Açaí
Pupunha
Preço (R$/cx/15 vidros/300g palmito tolete)
Médio
Mínimo
Máximo
73,80
60,00
90,00
54,75
52,50
57,00
49,35
37,50
67,50
48,45
41,25
60,00
Fonte: Adaptado de Corso (2003)
1
Detalhamento no Anexo 6.
125
Conforme relato de proprietários de agroindústrias, no levantamento de dados para este estudo.
Deve haver, ainda, um número significativo de envasadores clandestinos.
127
Considerou-se o preço médio pago pela indústria em 2002. O câmbio em dezembro de 2002 era US$ 1,00 = R$ 3,70.
126
O Agronegócio do Palmito no Brasil
87
b) Rendimento da palmeira-real
· Corte com 36 a 48 m.a.p. = 13.333 hastes/ha (80% do estande);
· Preço médio do palmito = R$ 1,00/peça;
· Receita bruta: R$ 13.333,00/ha
Em ambos os casos, a produtividade esperada pelos agricultores era de
750 g/palmito/haste, difícil de ocorrer para um número razoável de plantas.
7.2.2 Preços pagos ao agricultor
No Paraná, os preços pagos ao agricultor são mais baixos que os de
Santa Catarina e Vale do Ribeira (SP), embora mais elevados em relação ao
que se paga no Sul da Bahia128. Assim como nas demais regiões, a variação e as
condições que afetam a formação dos preços do palmito cultivado são grandes.
O maior comprador, uma agroindústria do Litoral do Paraná, pagava entre R$
1,00 e R$ 1,20 a haste de pupunha e de palmeira-real em março de 2003, com
rendimento esperado de 750 g de palmito total.
7.3 O Mercado129
7.3.1 Marcas e preços nos supermercados
Nos supermercados de Curitiba foram identificadas 92 marcas de
palmito130. O produto mais freqüente e mais valorizado – o palmito de primeira/
tolete, em vidros de 300 g – era oferecido em 48 marcas: 50,0% açaí, 25,0%
pupunha, 16,7% juçara e 8,3% palmeira-real (Tabela 37).
Quanto à freqüência de todas as marcas por espécie de palmito, o açaí
predomina com 50,7%, seguido da pupunha com 21,5%, juçara com 21,3%, e
palmeira-real com 6,5% das marcas nos supermercados.
As marcas provenientes dos estados do Pará (49,2%) e Santa Catarina
(27,9%) representavam a maior parte (77,1%) das marcas encontradas nos
supermercados de Curitiba. As marcas do Paraná representavam apenas
8,2% do total.
128
Um dos motivos é a concorrência do palmito extrativo, que força o preço para baixo.
Os dados e parte das análises deste tópico são do trabalho de Corso (2003).
130
Refere-se a todas as marcas de palmito encontradas. Como a pesquisa de Corso (2003) abrangeu quase todos os
supermercados mais importantes de Curitiba, aparece um número também maior de marcas. Também em Curitiba
pode haver de fato um número maior de marcas de palmito no mercado. Além das marcas em palmito tolete/
vidros 300 g, foram registradas 26 marcas em palmito/picado/vidros 300 g, 5 em palmito/tolete/latas 500 g, 4
em tolete/vidros 180 g, 4 em tolete/vidros 1.800 g, 3 em tolete/vidros 500 g e 2 em tolete/vidros 1.200 g.
129
88
Circular Técnica nº 130
Tabela 37. Síntese das formas/espécies, número de marcas e preços de palmito nas
principais redes de supermercados de Curitiba em dezembro de 20021.
Formas/espécies
Tolete -açaí-vidro
Tolete -pupunha-vidro
Tolete -juçara-vidro
Tolete -palmeira-real-vidro
Tolete -açaí-lata
Picado-açaí-vidro
Picado-pupunha-vidro
Picado-juçara-vidro
Picado-palmeira-real-vidro
Nº de
marcas
24
12
8
4
5
14
7
4
1
Médio
20,40
20,33
23,17
20,47
25,39
12,63
12,07
16,57
11,67
Preço (R$/kg)
Mínimo
12,50
11,30
16,97
15,50
11,70
8,13
8,37
11,97
-
Máximo
32,16
35,30
29,16
24,00
36,20
18,27
17,53
22,07
-
Fonte: Adaptado de Corso (2003)
1
Detalhamento sobre marcas e procedência no mercado de Curitiba no Anexo 7
O preço médio do palmito tolete estava em torno de R$ 21,00, com
ligeiro destaque para o palmito de juçara, em média 15% maior que as outras
espécies e com preços mais elevados nas demais categorias de preço (mínimo
e máximo). As exceções são os preços máximos do palmito tolete de açaí e de
pupunha das três marcas que sempre apresentam os preços mais altos: Gini e
Hemmer (açaí) e Bonduelle (pupunha). Como nos demais casos, o palmito em
latas apresentava valor mais elevado.
7.4 Comentários Gerais
Os custos para colocar e manter o produto nos supermercados, como
“enxoval”, aniversário de loja, desconto fidelidade, “rappel” e “rappel escalão”
são citados como abusivos. Em Curitiba, a única rede que confirmou cobrar
por espaço em gôndolas foi a Sonae, por meio de contrato para espaços em
pontas de gôndolas e mídia. Porém, poucas empresas solicitam pontas de
gôndola, com destaque para a marca Gini. No Big (Grupo Sonae), o valor para
pontas de gôndola é de R$ 1.800,00 e no Mercadorama (Grupo Sonae) é de R$
1.500,00 (CORSO, 2003).
Há necessidade e intenção de organizar o setor do agronegócio do palmito
em âmbito nacional para fazer frente às redes de supermercados. Trata-se de
criar uma câmara permanente, na qual os interesses de agricultores e empresas
possam ser discutidos e encaminhados, a exemplo dos órgãos de defesa dos
interesses dos produtores e do agronegócio do café, do arroz e do leite.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
89
Embora não haja a devida quantificação, a extração de palmito de juçara
no Paraná é significativa, de modo ilegal e em planos de manejo.
Ainda que o estado tenha sido um dos pioneiros na pesquisa e no plantio
de palmito cultivado, a atividade não se desenvolveu como na Bahia e São
Paulo (pupunha), Santa Catarina (palmeira-real e pupunha) e Espírito Santo
(pupunha e palmeira-real), porque na região com melhor aptidão climática
para as espécies cultivadas – o litoral – há pouca disponibilidade de terras e
aquelas disponíveis são pouco aptas. O litoral não é muito extenso, e na parte
sul os solos são inaptos ou estão ocupados por outras atividades rentáveis,
como arroz irrigado e banana, e por cidades e balneários. Na parte centronorte há mais área, porém, o solo é de baixa fertilidade, com boa parte sujeito
a encharcamento, com estrutura fundiária problemática, de baixa dinâmica
econômica, acentuado número de agricultores pouco capitalizados, infraestrutura viária precária, etc. Por ser uma região onde os remanescentes da
Mata Atlântica estão relativamente preservados, as instituições oficiais e
privadas de preservação e proteção ambiental têm reservado áreas significativas
para esses fins. Assim, ainda que não impeçam a expansão da atividade, impõem
restrições ao seu avanço.
Na região do Vale do Ribeira, a atividade tem alguma expressão, embora
com clima menos apto, solos predominantemente de baixa e média fertilidade,
topografia pouco favorável à atividade e à agricultura em geral, e com infraestrutura viária bastante deficiente. Contudo, o projeto de asfaltamento
imediato da rodovia que conecta a região a Curitiba pode facilitar a expansão
das lavouras em áreas mais aptas e próximas desse mercado e de São Paulo.
8 SANTA CATARINA
8.1 A Atividade no Estado
As informações a respeito do mercado do palmito em Santa Catarina
foram obtidas em entrevistas com proprietários e gerentes de algumas das
principais agroindústrias do estado, técnicos da EPAGRI131, do Instituto CEPA,
da UFSC, da Fundação Municipal 25 de Julho, secretários de agricultura
municipais, produtores de sementes e mudas, e com agricultores. Na ocasião
do levantamento (25 a 30/11/2002) ocorria o “II Seminário Estadual de PalmeiraReal”132, no município de Guaramirim. O seminário foi realizado em dois dias,
131
Há uma década, a EPAGRI atua em pesquisa de palmeiras cultivadas para palmito (palmeira-real,
principalmente), destacando-se os pesquisadores Milton Ramos e Terezinha Heck.
132
O “I Seminário Estadual de Palmeira-Real” ocorreu em 1995.
90
Circular Técnica nº 130
com freqüência e número de participantes representativos, além da
participação de outros agentes de Goiás, Paraná e São Paulo. Isso reflete a
acentuada dinâmica do agronegócio do palmito.
O programa do seminário previa a apresentação de diferentes segmentos
ligados à atividade. Os mais interessantes, sob o ponto de vista do mercado,
foram os painéis: “Enfoque da Atividade – Visão das Empresas” e “PalmeiraReal na Visão dos Produtores”. As apresentações do primeiro painel confirmaram
o clima de euforia vigente na região em relação ao estado atual e ao grande
potencial do mercado nacional do palmito, principalmente na visão do segmento
da agroindústria. Os representantes das empresas e outros entrevistados
afirmaram que falta matéria-prima para a indústria do palmito em Santa
Catarina. Prevalece o entendimento de que o mercado nacional possui grande
demanda e o potencial de expansão do mercado externo é favorável.
A explicação usual para a escassez do produto é o atraso na expansão
das lavouras (de palmeira-real, principalmente), que em Santa Catarina foi
iniciada comercialmente em 1997. O atraso ocorreu por conta das restrições
impostas pela FATMA/IBAMA133, que inibiram e desestimularam a expansão da
atividade por longo tempo.
8.1.1 Área plantada
Ainda não há dados organizados quanto à área plantada, número de
produtores e produção de palmito em Santa Catarina. Em outubro de 2002, a
EPAGRI iniciou o levantamento da atividade, em todo o estado e estimou que
houvesse 1.500 ha plantados, predominantemente com palmeira-real. A maior
ocorrência da atividade está nos vales e regiões adjacentes à bacia do Rio
Itapocu (municípios de Guaramirim, Jaraguá e Massaranduba), na região de
Joinville e no Vale do Itajaí-Açu (Blumenau e Itajaí)134.
8.1.2 Agroindústria
Em Santa Catarina, há 23 agroindústrias de palmito legalizadas. Porém,
ainda há muito envase clandestino. Vários informantes afirmaram que
algumas agroindústrias adquirem produto clandestino (sem o qual,
133
Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (FATMA). A região do Litoral Norte de Santa Catarina
é de domínio da Mata Atlântica e há diversas unidades de proteção ambiental (APAs).
É preciso considerar a importância histórica do estado no agronegócio do palmito no país. Embora as reservas
de palmito nativo (juçara) estejam rarefeitas, ainda é importante a contribuição da espécie no montante
produzido no estado (embora parte significativa seja adquirida no Paraná).
134
O Agronegócio do Palmito no Brasil
91
pretensamente, não conseguiriam sobreviver), fato que desorganiza e
prejudica a atividade em geral.
Foi obtido, através de três empresas135, o custo médio da matéria-prima
(palmeira-real) para encher um vidro/300 g/tolete sem impostos, sendo para
a empresa X de R$ 1,80, para a empresa Y de R$ 2,70 e para a empresa Z de R$
2,00. Para vidro/300 g/picado sem impostos, para a empresa X, era R$ 0,40.
Quanto ao preço de venda da agroindústria aos supermercados é bastante
variável, semelhante às outras regiões, ficando entre R$ 4,00 e R$ 4,86 o
vidro/300 g/tolete. A empresa X vendeu, em setembro de 2002, um lote de
vidros/300 g/tolete (palmeira-real) para uma rede de supermercados do Espírito
Santo a R$ 4,86/vidro. Segundo o proprietário da agroindústria, na prateleira
desse mesmo supermercado o produto estava a R$ 7,25. Em outubro de 2002,
a empresa Y vendeu para churrascarias do Rio de Janeiro (capital) o potão de
1,8 kg de palmito/tolete a R$ 20,00 e de palmito picado a R$ 11,00.
8.2 Aspectos da Produção
8.2.1 Produtividade e preços pagos ao agricultor
A produtividade e o preço no estado são bastante variáveis. A seguir
são apresentados dois casos reais que retratam a média da produtividade e
o rendimento industrial do palmito e dos preços pagos ao agricultor. No
primeiro caso (Tabela 38) são apresentados o rendimento do palmito e os
preços pagos a um agricultor do município de Massaranduba, entre setembro
e novembro de 2002, pela empresa W, localizada em Navegantes, município
próximo ao litoral norte136.
O segundo caso refere-se à empresa N, localizada no município de
Guaramirim, que pagou R$ 2,00 por estipe de pupunha de primeira (plantamãe ou perfilho bem desenvolvido) e R$ 1,75 por estipes de diâmetros variados.
Um lote pago a R$ 2,00 por estipe rendeu, em média, 1,4 vidro/300 g/tolete e
4,8 vidro/300 g/picado. Nesse caso, o pagamento ao agricultor foi em dinheiro,
por estipe, no ato da compra.
8.3 O Mercado
Não foram realizadas entrevistas ou visitas aos supermercados para
135
Informações de três empresas (X, Y, Z) de pequeno, médio e grande porte no estado. A diferença aparentemente
não afeta a formação dos custos, que depende mais das diversas condições de negociação para adquirir a
matéria-prima.
136
O proprietário informou que envasa em média 100.000 kg líquidos/palmito/mês.
92
Circular Técnica nº 130
Tabela 38. Rendimento industrial e preço pago a um agricultor por três lotes de
palmeira-real entre setembro e novembro de 2002.
Produto
Nº
Peso palmito
vidros/300g
(kg)
Rendimento 1
%
Vidro/estipe
R$/vidro
pagos ao
agricultor
Lote 1 - 780 estipes
Tolete
Picado
Rodela
Total
1.003
1.402
327
2.732
301
421
83
805
38
52
10
1,3
1,8
0,4
2,00
0,50
0,60
3,72/estipe
1,2
1,2
0,02
2,00
0,50
0,60
3,01/estipe
1,1
1,5
0,05
2,00
0,50
0,60
Lote 2 - 652 estipes
Tolete
Picado
Rodela
Total
767
768
12
1.547
230
230
4
464
49
49
2
Lote 3 - 401 estipes
Tolete
Picado
Rodela
Total
1
446
620
22
134
186
7
1.088
327
41
57
2
2,98/estipe
Informações obtidas com o proprietário da empresa, em novembro de 2002.
avaliar preços, disposição do produto, etc. Contudo, Fantini et al.
(2000)137, ainda que em estudo defasado (dados de 1998), caracterizam
bem o mercado do produto em Florianópolis. As vendas foram estimadas
em 200 t/ano (60% de palmito juçara) equivalente ao consumo de 2,5 vidros/
300 g/pessoa/ano, possivelmente o maior do país138. O preço médio no varejo
estava em
137
O estudo é criterioso, amostra os vários tipos de compradores e tece análises bem fundamentadas. Como os
preços estão em dólares, à época supervalorizado, servem para futuras comparações: em março de 1998, US$
1,00 = R$ 1,14. Porém, pode haver maiores divergências para comparações quanto à quantidade consumida
nesse ano e em outros, dada a diminuição dos turistas (argentinos, principalmente) em Florianópolis em anos
recentes.
138
Em 1998 a população de Florianópolis era de 271.000 habitantes. Deve-se relativizar a informação, devido ao
consumo da população flutuante no verão, que acrescenta números apreciáveis de turistas.
Movimento estimado de turistas em Florianópolis, de 2000 a 2002.
Origem
Nacionais
Estrangeiros
Total
2000
335.000
171.000
506.000
2001
320.000
233.000
553.000
2002
295.000
75.000
370.000
Fonte: SANTA CATARINA (2003)
Para comparar, Cervi (1996), citado em Fantini et al. (2000), estimou o consumo na cidade de São Paulo em
1 vidro/300 g/família.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
93
US$ 4,97/vidro/300 g (R$ 14,00, em correção para a moeda brasileira,
atualmente)139. O preço variava de US$ 3,47 a US$ 8,41 o vidro de palmito
juçara. Os preços do açaí eram bem mais baixos: preço médio de US$ 3,75,
variando entre US$ 2,47 e US$ 4,24/vidro/300 g. O preço pago pelos restaurantes
para o palmito clandestino estava em torno de US$ 2,00/vidro/300 g. No
mercado de Santa Catarina há bastante palmeira-real e juçara, embora o açaí
seja freqüente e seu preço competitivo.
Segundo Fantini et al. (2000), os custos de produção, cuja junção com
as estratégias de venda definem o preço, podem variar imensamente já que
os sistemas de produção variam desde o roubo e a exploração predatória até
o sistema de manejo que emprega as mais modernas técnicas para garantir
uma reprodução sustentável. Tal apontamento assemelha-se ao de outro
pesquisador, citado anteriormente, de que o preço do palmito é formado por
práticas comerciais oportunísticas em um mercado ainda com relações
bastante obscuras.
8.4 Comentários Gerais
8.4.1Legislação ambiental
Predomina a opinião de que a questão está resolvida em Santa Catarina.
Não há nenhuma restrição não regulamentada e relativamente bem aceita
pelos agentes envolvidos. A produção de palmito de palmeiras cultivadas não
autóctones é tratada como a de lavouras normais e, como tal, exige-se apenas
a nota de venda do produtor. Alguns afirmam que a legislação relativa ao
produto extrativo é inadequada ao restringir a atividade sem apoiar outras
alternativas de renda, como a produção de palmito cultivado, planos de manejo
sustentado, etc.
8.4.2 Observações das agroindústrias
Foram mencionados como os problemas mais importantes relativos ao
agronegócio em Santa Catarina:
a) Ainda são produzidas quantidades significativas de conserva com
palmito de origem clandestina. São principalmente os fornecedores
de restaurantes, churrascarias e buffets que comercializam o produto
139
Contudo, é mais lógico considerar o preço em reais em 1998, igual a R$ 5,70 e corrigir pela inflação acumulada.
Isso daria aproximadamente R$ 10,00 em agosto de 2003.
94
Circular Técnica nº 130
no estado e fora dele. Tal prática prejudica muito o mercado legal,
tanto em preço quanto em qualidade. Ainda há muita juçara extrativa
(principalmente do Paraná), fato confirmado por diversos
entrevistados;
b) O preço para a fábrica está muito elevado, chegando a R$ 2,00 só a
matéria-prima para um vidro/300 g/tolete;
c) A margem dos supermercados e os custos de manutenção do produto
na prateleira estão elevados e tendem a crescer;
d) A pesquisa e a assistência técnica oficiais não têm realizado estudos
de mercado ou de apoio à comercialização.
Outras observações, relacionadas à administração das agroindústrias, foram:
a) A atividade está desorganizada. É preciso maior grau de organização
das agroindústrias, visando a evitar a produção de conserva de má
qualidade (mais freqüente quando o mercado apresenta grande
demanda), fazer frente aos supermercados, sugerir legislação mais
apropriada ao setor, alcançar escala de exportação, etc;
b) As principais agroindústrias constituíram um núcleo das empresas de
conservas de Santa Catarina. Porém, a maioria dos vinculados tem
baixo grau de atuação – apenas três empresas se ocupam em manter
as atividades do núcleo;
c) Em 2002, houve falência de um número significativo de empresas de
pequeno e médio porte (Roja, Lorenz, Adil, Petri e outras) devido à
falta de matéria-prima140;
d) Não é rentável para as agroindústrias manter lavouras próprias com
funcionários pagos em horário comercial, tendo em vista a
competitividade do mercado. Uma alternativa é a produção
programada, contratada e/ou integrada com pequenos e médios
produtores. Estes, bem capacitados e apoiados, teriam custos mais
baixos e o produto final seria de melhor qualidade141. De fato, essa
possibilidade e a compra programada por contrato entre empresas e
agricultores foi manifestada por um número significativo de
empresas142;
140
O fato é estranho porque, entre outros motivos, em Santa Catarina é usual a produção de outras conservas
como forma de ocupar a fábrica e garantir o funcionamento da empresa. Outros motivos estão relacionados
à má gestão das empresas e a gastos perdulários dos proprietários, como relatado por diversos entrevistados.
141
Neste caso, foram colocadas as seguintes questões: seria uma estratégia para manter a produção “pulverizada”,
aumentar a competição e reduzir preços de venda à agroindústria? A saída poderia ser o associativismo, a
fabricação do produto pelos agricultores em associação?
142
A empresa W tem pronto modelo de contrato em que empresa e agricultor se comprometem a negociar peças
de palmeira-real ao preço de R$ 2,65 a peça, sendo palmito de primeira, com diâmetro acima de 4,0 cm. Um
documento firmado entre essa empresa e um agricultor do município de Astorga, no Norte do Paraná, cita a
negociação de 11.000 peças de palmeira-real, da mesma forma como acima, em maio de 2002.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
95
e) A maioria dos proprietários de agroindústrias manifestou preferência
pela palmeira-real, alegando melhor qualidade se comparada à juçara
e preferência dos supermercados143.
8.4.3 Observações dos agricultores
As questões postas pelos agricultores, no painel de apresentações do II
Seminário Estadual, foram:
a) Faltam estudos para entender como se estabelece a demanda, por
quanto tempo o mercado ficaria “aquecido”, como estabelecer a
produção programada, etc;
b) É preciso resolver questões técnicas como o controle das plantas
invasoras, aplicação adequada de herbicidas, uso de cobertura verde
e de cobertura morta;
c) Há grande carência de assistência técnica e de informação de mercado
(preços de compra das fábricas na região e em outros estados);
d) Falta financiamento à atividade, principalmente para custeio. O
custeio é para dois anos, entretanto a produção e venda se viabiliza
em três ou quatro anos.
Outras questões relatadas nas entrevistas, com diferentes agentes,
referem-se:
a) À concorrência da atividade extrativa ilegal;
b) Às formas de pagamento do produto pelas indústrias. Como em outras
atividades (tabaco, p. ex.), os agricultores reivindicam melhor
avaliação do rendimento e qualidade do produto entregue144;
c) Há concepção por parte das empresas e técnicos de que o palmito de
pupunha é de difícil venda. No entanto, os agricultores que plantam
a espécie e duas indústrias de médio e grande porte – uma delas,
citada como a mais antiga e conceituada, envasa entre 20.000 e 40.000
estipes de palmeira-real/mês – afirmam que não há problemas para
colocar o produto no mercado. Pode ocorrer que as grandes redes de
supermercados executem uma estratégia de baixar o preço de compra,
embora nas gôndolas dos supermercados esse seja igual ao dos demais
palmitos145;
143
A rede Pão de Açúcar encomendou grande quantidade de palmito, preferentemente de palmeira-real (4.000
caixas/mês). A mesma agroindústria tem comprado palmito in natura a 600 km de distância da fábrica. O
proprietário cita que é usual buscar produto a 400 km.
144
O usual é entregar os estipes à agroindústria e esta paga pelo rendimento em vidros de palmito. As reclamações
não se estendem a todas as empresas, pois há citações de negócios justos.
145
A questão pode ter fundamento em fato ocorrido há cinco ou seis anos (1997 e 1998), quando uma agroindústria
do Espírito Santo colocou no mercado nacional uma quantidade significativa de palmito de pupunha demasiado
amarelado e adocicado. Embora com a qualidade íntegra, bem envasado, etc., houve rejeição do consumidor
final. A informação é de um proprietário de agroindústria de Belém.
96
Circular Técnica nº 130
d) Há expansão de médios e grandes plantios e agroindústrias para o
Oeste de São Paulo e Goiás;
e) Um entrevistado, no agronegócio do palmito há mais de 20 anos,
afirmou que um problema importante quanto ao desenvolvimento da
atividade é a falta de profissionalismo de grande parte das
agroindústrias, que exigem qualidade dos fornecedores da matériaprima, mas preferem comprar produto de mais baixa qualidade (em
geral, palmito juçara de extrativismo), mais barato e que dá maior
margem de lucro.
9 SÍNTESE DOS PREÇOS DO PALMITO E DOS PRODUTOS CONCORRENTES
Neste tópico, será apresentada a síntese dos preços do palmito e realizada
a comparação entre os preços nas cidades abrangidas pelo levantamento.
Também será comparado o preço do palmito e das conservas concorrentes
(aspargos, cogumelos e azeitonas), nas principais redes de supermercados das
cidades em que se fez o levantamento. Serão relacionados apenas os preços do
palmito tolete (de primeira) por ser a forma em que o produto é mais comercializado
e por acreditar-se que essa define grande parte do agronegócio do palmito.
Embora o palmito seja um produto altamente apreciado e de elevado
valor organoléptico, os preços são, em si e comparativamente a produtos
potencialmente substitutos, bastante elevados. Isso leva o consumidor a
repensar ou mudar a intenção de compra, ou, ainda, diminuir a quantidade
comprada, o que inibe a expansão do agronegócio do palmito146.
Na cidade de São Paulo, os preços são os mais elevados, seguidos de Vila
Velha, Rio de Janeiro/Niterói, Curitiba, Manaus e Belém, esta com preços bem
menores que a média das cidades consideradas (Tabela 39). O preço do produto
envasado em latas é bem mais elevado que em potes de vidro. Clement (2004),
especula que isso pode ocorrer em função do custo das máquinas para fechar
as latas (chamadas de recravadeiras) ou pelo consumidor identificar o produto
enlatado como tipo exportação e assim valorizá-lo mais.
O palmito de açaí e de pupunha predominam nos mercados. Juçara e
palmeira-real só estavam disponíveis em São Paulo (as duas espécies) e em
Curitiba (só palmeira-real).
146
Embora não se tenha realizado pesquisa específica com os consumidores nos supermercados, quando da visita
às lojas, os comentários de pessoas que avaliavam o produto e o compravam, ou não, foram anotados. Em
geral, opinavam que o preço exageradamente alto era o principal motivo da recusa ou diminuição da compra.
Em seguida, aparecia a dúvida se o produto seria de boa qualidade e sadio. Uma compradora habitual do
produto foi bastante enfática, ao afirmar que comprar palmito bom, é sorte.
97
O Agronegócio do Palmito no Brasil
A comparação entre o preço do palmito tolete e o do palmito picado
mostra que este estava 37% mais barato que o palmito de primeira (Tabela
40). Os preços do mercado tomados como indicativo são de Curitiba,
acreditando que a relação entre as duas formas não se modifica
significativamente nas demais cidades147.
Os preços de alguns produtos em conserva concorrentes do palmito tolete
são apresentados na Tabela 41.
Tabela 39. Síntese do preço médio do palmito tolete, nas principais redes de
supermercados em seis cidades do Brasil em 2002 e 2003.
1
Preço médio do palmito (R$/kg)
Formas/espécies
Manaus Belém
Tolete -juçara-vidro
-
-
-
-
27,43
23,16
25,23
Tolete -pupunha-vidro
15,63
-
22,00
23,33
26,20
20,33
21,50
Tolete -açaí-vidro
21,00
14,82
23,32
19,16
25,90
20,40
20,80
-
-
-
-
-
20,46
20,46
Tolete -palmeira-real-vidro
Tolete -juçara-lata
Tolete -açaí-lata
1
Rio de
Preço
Vila Janeiro/ São
Curitiba médio
Paulo
Velha
geral
Niterói
-
-
-
-
35,75
-
35,75
25,20
18,45
28,90
27,30
29,23
-
25,82
O levantamento foi realizado em diferentes datas: Manaus e Belém, em junho de 2002; São
Paulo, em novembro de 2002; Curitiba, em dezembro de 2002; Vila Velha, Rio de Janeiro/
Niterói, em março de 2003. A inflação no período de junho de 2002 a março de 2003 foi de
15,8% (INPC-IBGE) ou 25,6% (IGP-M/FGV)
Tabela 40. Preço 1 do palmito tolete e do palmito picado em Curitiba em
dezembro de 2002.
Espécie
Juçara
Palmeira-real
Açaí
Pupunha
Média
Palmito (R$/vidro 300 g)
Tolete (a)
Picado (b)
6,95
4,97
6,14
3,50
6,12
3,79
6,10
3,62
6,33
3,97
Variação (%)
(a-b)
-
28
43
38
41
37
Fonte: Adaptado de Corso (2003)
1
Em dezembro de 2002, US$ 1,00 = R$ 3,70
147
Para o açaí tolete (o de maior freqüência) foram 57 observações, com desvio padrão de 1,45 e variância de
2,11. Para o açaí picado foram 30 observações, com desvio padrão de 0,79 e variância de 0,63 (CORSO, 2003).
98
Circular Técnica nº 130
Tabela 41. Preço dos produtos em conserva concorrentes do palmito tolete, no Rio de
Janeiro (capital)/Niterói, em São Paulo (capital) e em Curitiba em março de 2003.
Preço (R$/kg) 1
Produto
Médio
Mínimo
Máximo
44,95
Rio de Janeiro/Niterói
Aspargos
34,80
25,31
Cogumelos/champignons
34,73
29,45
42,90
Azeitonas verdes
15,80
9,69
23,90
Azeitonas pretas
12,90
11,30
15,40
São Paulo
Aspargos
41,96
36,58
58,05
Cogumelos/champignons
41,18
25,95
54,70
Azeitonas verdes
12,98
9,30
23,00
Mini-milho
44,95
-
-
21,00
57,14
Curitiba
Alcachofras
39,00
1
Em março de 2003, US$ 1,00 = R$ 3,38
O preço do mini-milho148 em conserva é apresentado como um indicativo
de que o mercado de São Paulo aceita produtos novos a preços bastante
elevados. Tal observação visa a fomentar a discussão sobre a necessidade de
se apresentar novas formas do palmito em conserva, como a do picles misto
(toletinhos de palmito, pepinos, couve-flor e cebolinhas), já comercializado
pela Riomar149.
CONCLUSÕES
O agronegócio do palmito é relativamente novo no Brasil e no mundo.
Se adotada a concepção mais restrita do termo negócio agrícola é mais recente
ainda, pois só na última década começa a perder o caráter de atividade
eminentemente extrativa e de industrialização, em grande parte clandestina.
Em termos gerais, o acirramento da questão ambiental, a quase exaustão
das espécies nativas na Mata Atlântica, o raleamento dos estoques de açaí no
148
Pequenas espigas em vidros de 200 g; apresentação bem cuidada, embalagem e produto atraentes.
Idéia defendida pelo pesquisador Charles Clement (INPA), como forma de aumentar o mix do produto e o
potencial de comercialização do palmito.
149
O Agronegócio do Palmito no Brasil
99
Pará e Amapá, e o crescente aproveitamento dessa palmeira para a colheita
de frutos induziram, mais recentemente, a dois grandes movimentos:
a) Extração organizada em planos de manejo, em locais onde a legislação
e a pressão ambientalista permitem;
b) Cultivo de espécies nativas e exóticas em todas as regiões do país e
em quase todos os estados.
Os resultados desses movimentos já são perceptíveis:
a) Reordenação do segmento extrativo-industrial em Belém, através de
extração via planos de manejo, maior atenção à qualidade e palmito
ecológico;
b) Instalação de novos grupos empresariais no Sul da Bahia e no Vale do
Ribeira (SP);
c) Reordenação das agroindústrias tradicionais no Sul do país;
d) Incremento da atividade em Santa Catarina e no Paraná, via projetos
de cultivo.
Essas modificações têm possibilitado atendimento ao mercado de forma
mais eficiente e com produto de melhor qualidade, como atestam os gerentes
das maiores redes de supermercados.
Os dados de produção e extração carecem muito de confiabilidade, o
que de resto é comum às informações do extrativismo da maioria das espécies
vegetais e dos minerais do país. Assim, as informações e, por decorrência, as
análises e conclusões a respeito do agronegócio do palmito são bastante
precárias no Brasil e nos demais países onde a atividade ocorre e possui
registros oficiais. No caso do Brasil, são confiáveis (pelo menos, coerentes)
os dados de exportação, já nos demais países, nem tanto. A Costa Rica, por
exemplo, de 2000 para 2001 teve a área plantada diminuída em 2.304 ha e as
exportações aumentadas em 3.442 t. No Equador, entre os anos de 2000 e
2001, a área diminuiu 3.000 ha e as exportações aumentaram 1.857 t. Haveria
tanto produto estocado?
Neste estudo, estimou-se que a produção de palmito no Brasil estava
em torno de 160.000 t em 1996. Em 2000 aparecem registros oficiais do volume
de palmito cultivado: 3.445 t, igual a 20% do total, segundo os dados oficiais,
mas apenas 0,02% segundo as estimativas deste estudo.
As informações relativas ao consumo de palmito no país são também
bastante variáveis, com estimativas de 100 g a 940 g/pessoa/ano. A última,
sugerida por este estudo como a mais apropriada, foi realizada a partir da
100
Circular Técnica nº 130
pesquisa de orçamento familiar (IBGE, 1996) e ajustada com informações de
produção e exportação fidedignas, as quais permitiram calcular o consumo
aparente no país. No item consumo, há questões importantes a resolver, como
as diferenças significativas na estrutura de consumo (Norte e Nordeste
consomem pouco), a sanidade e as questões ligadas ao desenvolvimento do
produto no mercado interno e externo.
Os principais países concorrentes do Brasil no mercado internacional do
palmito são o Equador e a Costa Rica. Este dominou o mercado internacional até
1999, quando exportou 12.078 t. No ano de 2000, o Equador exportou 16.334 t,
6.000 t a mais que a Costa Rica neste mesmo ano. Esses volumes são bastante
superiores às exportações do Brasil (2.573 t, em 2001). Em 2001, os preços
conseguidos por esses países foram muitos menores, enquanto Costa Rica e Equador
venderam a aproximadamente US$ 1.642,00/t, o Brasil vendeu a US$ 3.642,00/t.
Nos últimos anos (2001/2002), Equador e Costa Rica têm enfrentado
grande turbulência no agronegócio do palmito, com significativa redução da
área plantada nos dois países. Na Costa Rica, a área decresceu de 12.500 ha
em 1998 para 6.000 ha em 2000, e no Equador de 10.000 ha em 2000 para
7.000 ha em 2001.
As causas relatadas para os dois casos são variadas:
a) Demanda por produtos frescos;
b) Saturação do mercado;
c) Planejamento inadequado de quantidades e de preços para o
mercado externo;
d) Rebaixamento dos preços pagos aos produtores;
e) Competição do Equador, no caso da Costa Rica;
f) Quebra da economia Argentina, o maior comprador de palmito
do Equador.
Há outros países potencialmente concorrentes no mercado internacional
do palmito – Bolívia, Colômbia, Peru e Venezuela – mas ao contrário do que,
em parte, se esperava, o apoio oficial à substituição dos plantios de coca por
pupunha não impulsionou a produção de palmito nesses países. Além desses,
há notícias do início de plantios de pupunha para palmito em países do Sudeste
asiático (Malásia, principalmente), o que deve ser levado em conta, tendo em
vista a capacidade desses países em implantar projetos agrícolas fortemente
apoiados pelo estado e competitivos no mercado internacional.
Quanto ao mercado consumidor, o Brasil é o país mais importante. No
exterior, os Estados Unidos são o país em que a demanda cresce relativamente
O Agronegócio do Palmito no Brasil
101
mais e de modo constante. Em 2001, por exemplo, importaram US$ 11, 6
milhões, cerca US$ 5 milhões a mais que em 1995. Com a recuperação da
economia Argentina é prevista a retomada das importações desse país e a
continuidade do suprimento da sua demanda pelo Equador, visto que o
fluxo comercial diminuiu, mas não foi interrompido por barreiras
comerciais ou conflitos.
As principais questões para o segmento agroindustrial, obtidas através
deste estudo foram:
a) Ainda que as notícias em rede nacional da existência de botulismo
em conservas de palmito em 1997 e 1998 tenham afetado
negativamente o mercado, o fato já está superado. Mesmo com custo
de envase mais elevado, as novas exigências da ANVISA (lacre na
tampa e tampa litografada, p. ex.), tendem a garantir a confiança
dos consumidores quanto à sanidade do produto. Entretanto, ainda
resta a questão da qualidade;
b) A atividade extrativa tende a melhorar com o aumento das exigências
para a realização de planos de manejo. Embora com possível elevação
dos custos, pode-se ter ganhos em padrão e qualidade do produto;
c) Ainda que não mensurado, mas confirmado pelos gerentes de
supermercados, há aumento consistente no consumo de palmito nos
centros consumidores tradicionais (Centro-Sul e Sudeste) e em outros
grandes centros urbanos. O aumento ocorre também nas maiores
cidades do Norte e Nordeste, nas quais praticamente não se consumia
o produto, e no Centro-Oeste (Brasília e Goiânia). Gerentes de algumas
agroindústrias do Sul da Bahia, do Espírito Santo e de Santa Catarina
afirmaram, em março de 2003, que não havia matéria-prima para
atender à demanda de grandes pedidos;
d) A produção de palmito cultivado vai se firmando como atividade
economicamente viável e ambientalmente defensável, o que permite
às indústrias melhorar o padrão do produto em forma, qualidade e
sanidade, e planejar a retomada do mercado externo.
Há ainda muito palmito de origem clandestina, cuja entrada no mercado,
via agroindústrias legalizadas, tende a diminuir. Entretanto, há redes de
fornecimento de produto envasado em fabriquetas ilegais atendendo a maior
parte da demanda de restaurantes, churrascarias e lanchonetes em São Paulo,
Paraná e Santa Catarina.
As grandes redes de supermercados praticamente monopolizam o comércio
do produto envasado. Embora oficialmente os gerentes de compras tenham
declarado que a margem de lucro não é exagerada (ficaria em torno de 25%),
102
Circular Técnica nº 130
extra-oficialmente outros informantes relataram margens em torno de 60%.
Além disso, os supermercados impõem condições que inviabilizam a realização
de negócios com pequenos e médios fornecedores, como o registro no cadastro
de vendedores e a manutenção do produto nas gôndolas. Como em outros
setores da economia, isso favorece a concentração e o domínio do agronegócio
por poucas empresas.
Nas duas regiões mais dinâmicas – Sul da Bahia e Vale do Ribeira – há um
processo de reestruturação das fábricas tradicionais envasadoras de palmito
nativo e a instalação de agroindústrias de grupos empresariais de porte
significativo. A estratégia, para a maioria das agroindústrias, é obter a maior
parte da matéria-prima comprada de agricultores associados. Uma parcela
menor será de lavouras próprias, de modo a garantir matéria-prima em
momentos críticos e, possivelmente, ter reservas para negociar preço. Em
todos os casos, a orientação das agroindústrias é primeiro consolidar posições
comerciais no mercado interno. Como o mercado externo ainda é largamente
dominado pelas fábricas do Pará e as dificuldades para exportar são grandes,
para as novas empresas ele se torna secundário.
A retomada do mercado externo depende da melhoria da qualidade, da
diversificação das formas de apresentação, do fornecimento ampliado para os
nichos de produto orgânico, da valorização do produto cultivado e da negociação
das tarifas externas que penalizam o produto nacional.
Quanto ao setor extrativo e ao produtivo agrícola, as principais conclusões são:
a) Aumenta significativamente a pressão legal e dos movimentos
ambientalistas com vistas ao manejo sustentável de produtos
florestais, em especial do palmito, nas áreas de Mata Atlântica,
Amazônia e Pará. A valorização de outros produtos, como os frutos do
açaí (e potencialmente da juçara), coloca em xeque o extrativismo
desordenado do palmito. Esses fatos, aliados às necessidades de um
mercado mais exigente em qualidade e que tende a padronizar
produtos, permitem acreditar na valorização crescente da produção
do palmito cultivado e no extrativismo racional. Embora alguns
representantes do segmento agroindustrial baseado no extrativismo
não acreditem no sucesso dos projetos de cultivo, devido ao maior
custo da matéria-prima, a história da economia agrícola mostra que a
maioria das atividades extrativas submetidas ao cultivo comercial
foram suplantadas;
b) A região do delta do Rio Amazonas é a principal fornecedora de palmito
para o mercado interno e para exportação. Há cerca de 10.000 km2
O Agronegócio do Palmito no Brasil
103
com áreas densas em palmeiras de açaí, em diferentes condições de
exploração. A tendência em adotar planos de manejo é crescente.
Até julho de 2000 havia 10.887 ha manejados, principalmente para a
coleta de frutos, mas também produzindo palmito;
c) A produção de palmito cultivado, iniciada com lavouras de pupunha
nos arredores de Manaus, é pouco importante para o estado. Na Região
Norte, a atividade se expandiu com essa espécie – mas também há
açaí cultivado – ao longo da Rodovia Transamazônica e no Centro-Sul
do Pará. Contudo, as informações relativas à área plantada são pouco
confiáveis. Haveria número significativo de projetos implantados e
abandonados por diversos motivos, dentre eles a dificuldade de acesso
e a falta de assistência técnica;
d) No Pará e Amapá, a retomada das discussões entre as empresas
(SINDIPALM) e o IBAMA tem permitido encaminhar melhor as questões
relativas à regulamentação da atividade extrativa, do manejo e da
produção do palmito. O mesmo acontece com os órgãos de gestão
ambiental quanto à regulamentação dos plantios e corte das palmeiras
exóticas na Mata Atlântica no Sul da Bahia, no Vale do Ribeira e em
Santa Catarina. No Paraná, a falta de definição e regulamentação dos
procedimentos possíveis tem causado transtornos à atividade produtiva
e agroindustrial;
e) A expansão da atividade ocorre de forma dinâmica nas regiões em
que a pupunha se adaptou bem e onde havia agroindústrias já
instaladas, em ordem, por área plantada, no Vale do Ribeira e no Sul
da Bahia. Em Santa Catarina, é maior a área com palmeira-real,
tendência seguida pelo Paraná, na região litoral e em regiões mais
frias, como o Norte do estado (Londrina e Maringá). Com relação às
vantagens e desvantagens apresentadas pela pupunha e pela palmeirareal, no Paraná e em Santa Catarina há controvérsia importante e
urgente a resolver entre pesquisadores, técnicos e agricultores, pois
são usuais afirmações de que pupunha é melhor que palmeira-real e
vice-versa, desprezado o fato de que cada espécie tem vantagens em
diferentes condições. Trata-se de definir parâmetros que permitam
decidir com segurança qual lavoura plantar e em que condições, pois
são lavouras caras e não há margem para recuperar investimentos
equivocados. As lavouras de palmeira-real são mais baratas – as mudas
custam cerca de 25% do preço das mudas de pupunha – e, por se
adaptarem melhor ao frio, são preferidas por agricultores menos
capitalizados, em amplitude maior de localidades no Centro-Sul do
país. As palmeiras devem ser replantadas após cada corte, então, a
médio e longo prazo as lavouras de pupunha tendem a ser mais
econômicas em regiões de boa adaptação agronômica;
f) Na estimativa da área plantada com palmeiras para palmito em 2002
(Tabela 11), faltam os dados de estados onde a atividade é importante
104
Circular Técnica nº 130
como o Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além do
Oeste de São Paulo. Também faltam informações de regiões onde
houve implantação recente de lavouras de palmeira-real e de pupunha,
como no cerrado de Minas Gerais e de Goiás, no Tocantins e na zona
da mata de Minas Gerais;
g) Tudo indica que em regiões com chuva abaixo de 1.600 mm anuais,
principalmente se mal distribuídas, o palmito cultivado não é
competitivo com regiões de melhor regime de chuvas. A irrigação
encarece significativamente a produção, pelo elevado custo da
energia, da tarifação do uso da água e de variações climáticas (falta
de água para irrigação, como é o caso do Norte do Espírito Santo). A
opção das novas empresas por instalar seus projetos no Sul da Bahia
levou em conta a vantagem climática da região, além da fertilidade
média e alta da maior parte das terras da região;
h) No caso do palmito cultivado, ainda que se tenha avançado
significativamente na geração de conhecimento, não foram alcançados
patamares economicamente viáveis frente à competição com o palmito
extrativo e à produção e industrialização nos países concorrentes (com
subsídios e sem taxação no destino da exportação). Há perspectiva
de que a médio e longo prazo os projetos de pequenos e médios
produtores e agroindústrias passem por grandes dificuldades, devido
à ausência do estado no tocante à pesquisa e assistência técnica.
Quanto ao mercado – preços, marcas de palmito, condições de
comercialização – pode-se concluir que:
a) Em algumas regiões – Santa Catarina e Sul da Bahia – há falta de matériaprima, devido ao aumento significativo da demanda ou à retração na
oferta de palmito extrativo, de juçara principalmente;
b) O preço do palmito é muito elevado, pois o produto não completou a
transição do ciclo extrativo (geralmente pouco reconhecido e valorizado)
para o ciclo cultivado (no qual se investe um montante maior de
recursos). Ainda que custe em torno de 50% menos que cogumelos e
aspargos, o palmito é mais caro que camarão e carne de primeira;
c) O produto ainda é mal apresentado nas gôndolas, há grande
desuniformidade nas embalagens (vidros de boca estreita, boca larga,
etc.), são freqüentes as latas amassadas, rótulos soltos, produto
envasado há mais de um ano, profusão de marcas, etc. Em geral, as
empresas possuem diversas marcas, que ao menor sinal de algum
problema, são retiradas do mercado e substituídas por outras. A isso
se deve agregar a questão da baixa uniformidade e qualidade intrínseca
de grande parte do produto à venda, mesmo em supermercados
exigentes (palmito com a marca Doidão, em uma grande rede de
São Paulo, p. ex.);
O Agronegócio do Palmito no Brasil
105
d) O número de marcas com a designação orgânica, ecológica, produto
natural e outras ainda não é significativo. Das dezenas de marcas
anotadas nos supermercados, apenas uma apresentava a designação
palmito ecológico. Havia marcas (uma de cada) com as designações
palmito silvestre tradicional, palmito natural da Amazônia, palmito
cultivado, produto natural cultivado. As agroindústrias do Pará e
Amapá tendem a explorar mais as designações ecológico, orgânico,
nativo e natural, principalmente com o produto para exportação. A
designação cultivado (duas marcas) constava em produto do Sul da
Bahia e em mais algumas marcas de palmeira-real de agroindústrias
de Santa Catarina.
A julgar pelos dados da pesquisa de marcas e espécies nos supermercados,
praticamente não existe mais palmito de juçara no mercado. De fato, essa
espécie vem sendo menos freqüente no mercado formal, o que, em tese, reflete
a diminuição dos seus estoques na floresta. Contudo, o produto que abastece
restaurantes, churrascarias e lanchonetes no Sudeste e Sul do país ainda é de
juçara, oriundo da produção informal.
Quanto aos preços do palmito de tolete no varejo, verificou-se que:
a) Os preços de açaí, pupunha e palmeira-real se equivalem (média de
R$ 21,00/kg/vidro 300 g). O palmito de juçara tem preço 20% superior
aos demais;
b) Em São Paulo, os preços são de 20% a 25% maiores que a média geral
para todas as espécies;
c) Em Belém, o palmito é 30% mais barato que a média geral;
d) O preço do palmito enlatado (média de R$ 25,82/kg) é sempre cerca
de 25% maior que o envasado em vidros;
e) Em um supermercado de São Paulo, anotou-se o preço de R$ 35,00/kg/
palmito/juçara e R$ 40,00/kg/palmito/açaí, ambos em latas de 500 g;
f) Os preços do palmito das marcas Gini, Hemmer (açaí) e Bonduelle
(pupunha) foram sempre os mais elevados em todos os mercados
visitados. Segundo os gerentes das lojas, essas marcas vendem
bem e não “encalham” na gôndola, possivelmente devido à
garantia de qualidade.
Com relação ao palmito picado, na média geral (consideradas as quatro
espécies) o preço era cerca de 37% mais baixo que o do palmito tolete. Também
nesta forma o palmito juçara possui, em média, preço 25% mais elevado
que os demais.
106
Circular Técnica nº 130
Das dezenas de marcas observadas, a grande maioria é envasada em
vidros de 300 g. Apenas 11 eram envasadas em vidros de 180 g, duas em vidros
de 270 g, uma de 290 g, uma de 100 g e outra de 450 g com picles. São mais
freqüentes os vidros de boca estreita que os de boca larga. Havia latas à venda
em quase todos os supermercados, predominando as de 500 g e apenas um
local em que havia latas de 400 g.
Diferente do que ocorre em outros países de mercado mais desenvolvido,
ainda são poucas as marcas da própria rede de supermercados. Foram
registradas apenas três marcas: Carrefour, PAPS e Sendas, nos mercados do
Rio de Janeiro, Niterói e São Paulo.
Nos mercados de Manaus e Belém não havia o produto envasado em
potões. No Rio de Janeiro e em Niterói só havia em duas lojas. Em São Paulo e
Curitiba, essas embalagens são freqüentes nas maiores redes de supermercados.
A diversificação dos tipos de produto é baixa, em todos os
supermercados havia palmito tolete e picado. Outras formas de apresentação
do palmito como couvert, rodelas, fatiado, bandas, toletinhos e palmito com
picles foram pouco freqüentes.
As poucas informações sobre o produto in natura indicam baixo
desenvolvimento desse mercado em todo o país. Embora sejam comercializadas
quantidades significativas de palmito extrativo e cultivado in natura, por conta
da tradição, esse mercado parece ser mais dinâmico no Espírito Santo. Há
empresas de grande porte atentas ao potencial desse mercado, como a Abiko,
de Linhares.
Na região serrana e nos municípios litorâneos de veraneio mais
importantes do Espírito Santo, a comercialização de pupunha in natura é
significativa. A demanda é alta, faltando produto, e há condições razoáveis de
produção. Em março de 2003, o produtor recebia R$ 2,00/haste. Processado e
embalado em sacos plásticos de polietileno era vendido a R$ 5,00/kg. Esse era
também o preço de comercialização da Abiko, no Rio de Janeiro.
No Rio de Janeiro, essa forma de comercialização possui relativa
importância, com alguns produtores especializados em processamento
mínimo, vendendo principalmente para restaurantes e churrascarias. O mesmo
acontece no município de Itariri, localizado no Vale do Ribeira (SP), onde há
um núcleo de produtores de palmito de pupunha para comercializar o produto
na capital do estado.
Os problemas de custo, logística, distribuição, regulamentação sanitária,
conservação e embalagem, quantidade e regularidade no fornecimento da
matéria-prima têm dificultado o desenvolvimento da comercialização do
produto in natura em maior escala.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
107
A questão da produtividade e, por conseguinte, do rendimento econômico
da pupunha e da palmeira-real permanece com baixo grau de definição, devido
à falta de padrão tecnológico razoavelmente definido para as diferentes
condições de solo e clima em que se plantam as duas espécies também por ser
atividade bastante recente em termos agronômicos.
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O Agronegócio do Palmito no Brasil
113
ANEXOS
Anexo 1
Marcas comerciais, indústria/origem, tipo/espécie, preço e formas de
apresentação de palmito nos supermercados em Manaus, Belém, Rio de Janeiro,
Niterói, São Paulo e Curitiba.
Tabela 1. Supermercados de Manaus em junho de 2002.
Marca
Cuniã
Cuniã
Cuniã
Rio Preto
Itaipu
Orly
Ivaí
Ideal5
Gini6
Gini
Gini
Carrefour
Ivaí
Ivaí
Ideal
Hemmer
Carrefour
Ideal
Ivaí
1
Indústria/origem
Tipo
Preço (R$)
2
Supermercados DB
Cooperama-RO
Picado-pupunha
3,75
Cooperama-RO
Tolete -pupunha
4,69
Cooperama-RO
Banda-pupunha3
4,27
Rio Preto/Belém-PA
Tolete -açaí
4,77
Rio Preto/Belém-PA
Tolete -açaí
2,32
Sem dados
Tolete -açaí
4,77
Carrefour Shopping Amazonas
Riomar/Belém 4-PA
Tolete -açaí
5,79
Riomar
Tolete -açaí
6,89
Muaná/Muaná-PA
Tolete -açaí
8,85
Gini/Afuá-PA
Tolete -açaí
20,00
Gini/Afuá-PA
Picado-açaí
5,35
Floresta Norte/Belém-PA Tolete -açaí
9,75
Riomar
Picles-açaí7
5,79
Riomar
Picles-açaí
7,16
Carrefour Loja Centro
Riomar
Picles-açaí
6,35
Itaituba/Itaituba-PA
Tolete -açaí
6,15
Floresta Norte/Belém-PA Tolete -açaí
7,99
Riomar
Tolete -açaí
6,89
Riomar/Belém 4-PA
Tolete -açaí
5,55
Forma1
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 100 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Lata 500 g
Vidro 300 g
Lata 500 g
Vidro 300 g
Vidro 450 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Lata 500 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidros de boca larga ou estreita
DB: Depósito Bandeirantes
3
Banda é palmito cortado na forma longitudinal, em torno de 1 cm
4
No rótulo, “Qualidade Caracol”
5
No rótulo, “Palmito Silvestre Tradicional”
6
"Linha Prata”
7
Picles misto de palmito de açaí”: 50% de pequenos toletes no fundo do vidro, mais cenoura,
nabo e couve-flor.
2
114
Circular Técnica nº 130
Tabela 2. Supermercados1 de Belém em junho de 2002.
Marca
Indústria/origem
Tipo
Nazaré
MEG
MEG/Novo Repartimento-PA Tolete -açaí
BrasPalm
Maiauatá/Belém-PA
Tolete -açaí
Tolete -açaí
Palmazon 2 Maiauatá/Belém-PA
MEG
MEG/Belém-PA
Tolete -açaí
BrasPalm
Maiauatá/Belém-PA
Tolete -açaí
Ivaí
Riomar
Tolete -açaí
MEG
MEG
Tolete -açaí
Palmazon
Maiauatá
Tolete -açaí
Yamada
Ivaí
Riomar
Tolete -açaí
Ideal
Riomar
Tolete -açaí
Excellence Riomar
Tolete -açaí
Ivaí
Riomar
Tolete -açaí
Riomar
Tolete -açaí
Ivaí3
Riomar
Picado-açaí
Ivaí4
Ivaí
Riomar
Tolete -açaí
Preço (R$)
Forma
2,85
2,58
2,71
4,02
3,73
4,31
5,32
5,19
Vidro 180 g
Vidro 180 g
Vidro 180 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Lata 500 g
Lata 500 g
2,61
4,29
4,29
4,16
5,34
3,32
6,10
Vidro 180 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Lata 500 g
Preço (R$)
Forma
7,89
7,49
6,59
6,10
5,75
5,69
Sem preço
3,40
14,90
14,00
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Lata 500 g
Lata 500 g
1
Pesquisa em três lojas de cada rede
No rótulo, “Palmito Natural da Amazônia”
3
Em conserva vinagrete
4
"Qualidade Caracol”
2
Tabela 3. Hipermercado do Espírito Santo em março de 2003.
Marca
Indústria/origem
Tipo
Carrefour Vila Velha
Hemmer
Juçara1/Porto Velho-RO Tolete -açaí
Bonduelle Ambial/Igrapiúna-BA
Tolete -pupunha
Ecopalm
Coimex
Rodela-pupunha
Carrefour Floresta Norte/Belém-PA Tolete -açaí
Ecopalm
Coimex
Fatiado-pupunha
Carrefour Coimex
Tolete -pupunha
Cipalm
Maiauatá/Belém-PA
Tolete -açaí
Carrefour Coimex
Picado-pupunha
Ita
Ita/Muaná-PA
Tolete -açaí
Carrefour F. Norte/Afuá -PA
Tolete -açaí
1
Indústria e Comércio Juçara
O Agronegócio do Palmito no Brasil
115
Tabela 4. Supermercado do Rio de Janeiro em março de 2003.
Marca
Royal Palm
Sendas2
Sendas
King of Palm
Guajará
King of Palm
Doidão
Royal Palm 3
King of Palm
Hamex
1
Indústria/origem
Tipo
Sendas Leblon
C. C. Áreas/S. Sebastião-PA Tolete -açaí
Hamex/Breves-PA
Tolete -açaí
Hamex
Tolete -açaí
K. of P./Santana -PA
Tolete -açaí
Hamex
Tolete -açaí
K. of P./Santana -PA
Tolete -açaí
Hamex
Tolete -açaí
C.C.Areas/S. Sebastião-PA
Picado-açaí
K. of P./Santana -PA
Picado-açaí
Hamex
Picado-açaí
Preço (R$) 1
Preço/kg
(R$)
5,35
6,25
5,49
6,02
5,05
Sem preço
Sem preço
4,15
4,50
3,69
17,83
20,83
18,30
20,06
16,83
15,37
15,00
12,30
Vidro 300 g
Com a designação “Mais em conta”
3
Picado na forma transversal
Nota: A primeira prateleira estava ocupada com aspargos, a segunda com cogumelos e as demais
(quatro) com palmito. Segundo o gerente, esta é a melhor loja da rede, com movimento
aproximado de 5.000 clientes/dia.
2
116
Circular Técnica nº 130
Tabela 5. Supermercados de Niterói em março de 2003.
Marca
Cipalm
Carrefour
Gini
Ivaí
Ideal
Bonduelle
Extra Gini3
Carrefour
Cipalm
Carrefour
Carrefour
Ivaí
Carrefour
Golden Palm
Sendas
Doidão4
Guajará
Golden Palm
Hamex
Sendas
Royal Palms
King of Palm
King of Palm 4
King of Palm
Doidão5
Guajará
Golden Palm 6
Hamex
1
Indústria
Tipo
Preço
(R$)1
Carrefour Centro 2
Maiauatá
Tolete -açaí
5,25
Floresta Norte
Tolete -açaí
6,10
Muaná
Tolete -açaí
7,69
Riomar
Tolete -açaí
6,99
Riomar
Tolete -açaí
8,19
Ambial/Igrapiúna-BA
Tolete -pupunha
9,90
Muaná
Tolete -açaí - lata
18,90
Floresta Norte
Tolete -açaí
8,39
Maiauatá
Picado-açaí
3,85
Floresta Norte
Picado-açaí
5,55
Coimex
Picado-pupunha
Sem preço
Riomar
Picles-açaí
8,29
Coimex
Fatiado-pupunha
4,89
Unacau
Couvert-pupunha
6,59
Sendas Centro
Hamex/Breves-PA
Tolete -açaí
5,49
Hamex
Tolete -açaí
4,35
Hamex
Tolete -açaí
Sem preço
Unacau
Tolete -Pupunha
5,55
Hamex
Picado-açaí
Sem preço
Sendas Icaraíma
Hamex/Breves-PA
Tolete -açaí
5,49
C.C. Areas/S.Sebastião-PA Tolete -açaí
5,35
K. of P./Santana -PA
Tolete -açaí
5,95
K. of P./Santana -PA
Picado-açaí
4,50
K. of P./Santana -PA
Tolete -açaí
4,39
Hamex
Tolete -açaí
4,19
Hamex
Tolete -açaí
5,05
Unacau
Tolete -Pupunha
5,55
Hamex
Picado-açaí
3,69
Preço/kg
(R$)
17,50
20,33
25,63
23,30
27,30
33,00
37,80
16,78
12,83
18,50
18,42
16,30
21,97
18,30
14,50
18,50
18,30
17,83
19,83
15,00
14,63
13,97
16,83
18,50
12,30
Vidros de 300 g
Loja com 50 caixas, sete prateleiras simples com palmito e latas nas duas primeiras de cima
3
Latas amassadas com poeira na tampa
4
Com a designação “Orgânico”
5
Vidros com 15 ou 16 toletes de palmito
6
Com a designação “100% macio e ecologicamente correto”
Nota: A loja possui 3.970 m2. Segundo o gerente, esta é a terceira loja Sendas em vendas.
2
O Agronegócio do Palmito no Brasil
117
Tabela 6. Supermercados de São Paulo (capital) em novembro de 2002.
Marca
Indústria
Tipo
Preço
(R$)
Forma
Pão de Açúcar Ana Rosa
Juquiá
Tolete-juçara
8,23
Vidro 300 g
Riomar
Tolete -açaí
7,75
Vidro 300 g
Ambial
8,99
Vidro 300 g
Agropalm/Juazeiro-BA
7,53
Vidro 300 g
Floresta Norte
Tolete -açaí
7,86
Vidro 300 g
Cristalina1
7,93
Vidro 300 g
Cristalina
Toletinhos -açaí
S/ preço Vidro 300 g
Pão de Açúcar Jabaquara
Ivaí
Riomar
Tolete -açaí
7,47
Vidro 300 g
Bonduelle
Ambial
Tolete -pupunha
8.69
Vidro 300 g
Agropalm
Agropalm/Juazeiro-BA Tolete -pupunha
7,23
Vidro 300 g
PAPS
Floresta Norte
Tolete-açaí
7,86
Vidro 300 g
Tolete -pupunha
6,23
Costa Dourada
Tinoco-PE2
Piquóia
Sem dados
Tolete -pupunha
7,05
Cristalina
Cristalina-PA
Tolete -açaí
7,63
Golden Palm
Unacau/Una-BA
Tolete -pupunha
7,23
Gini
Muaná
Tolete -açaí
10,30
Muaná
Tolet e-açaí
18,20
Lata 500 g
Gini3
Floresta Norte
Tolete -açaí
13,10
Lata 500 g
PAPS 4
PAPS
Floresta Norte
Tolete -açaí
11,90
Lata 500 g
Carrefour Imigrantes
Ivaí
Riomar
Tolete -açaí
6,99
Vidro 300 g
Ideal5
Riomar
Tolete -açaí
5,99
Vidro 300 g
Carrefour
Floresta Norte
Tolete -açaí
6,10
Vidro 300 g
Carrefour
Floresta Norte
Picado-açaí
5,10
Vidro 300 g
Carrefour
Floresta Norte
Tolete -açaí
S/ preço Lata 500 g
Coimex
Coimex
Picado-Pupunha
3,90
Vidro 300 g
Cipalm
Maiauatá-PA
Tolete -açaí
4,90
Vidro 300 g
Cipalm
Maiauatá-PA
Picado-açaí
3,99
Vidro 300 g
Natural Premium 6 Natural-PA
Tolete -açaí
8,30
Vidro 300 g
Golden Primus
Natural-PA
Tolete -açaí
7,15
Vidro 300 g
Bonduelle
Ambial
Tolete -pupunha
9,89
Vidro 300 g
Gini
Muaná
Tolete -açaí
9,65
Vidro 300 g
Muaná
Tole te-açaí
19,00
Lata 500 g
Gini7
Golden Palm
Unacau
Couvert-pupunha8
6,95
Vidro 300 g
Golden Palm 9
Unacau
Tolete -pupunha
7,63
Vidro 300 g
Golden
Unacau
Toletinhos -pupunha
6,95
Vidro 300 g
Riomar
Toletinhos -açaí
7,35
Vidro 300 g
Ivaí Pickles 10
Continua
Juquiá
Ivaí
Bonduelle
Agropalm
PAPS
Cristalina
Cristalina
118
Circular Técnica nº 130
Tabela 6. Continuação.
Marca
Indústria
Tipo
Extra Brigadeiro
Muaná
Tolete -açaí
Riomar
Tolete -açaí
Coimex
Picado-pupunha
Coimex
Tolete -pupunha
Coimex
Rodelas-pupunha
Floresta Norte
Tolete -açaí
Unacau
Tolete -pupunha
Floresta
Tolete -pupunha
Ambial
Tolete -pupunha
Cristalina-PA
Tolete -açaí
Cristalina-PA
Picado-açaí
Agropalm/Juazeiro-BA Tolete -pupunha
Blumenau-SC
Tolete -juçara
Pão de Açúcar Paraíso
Bonduelle
Unacau/Una-BA
Tolete -pupunha
Gini
Riomar/Trairão-PA
Tolete -açaí
Juquiá
Floresta/Juquiá-SP
Tolete -pupunha
Agropalm/Juazeiro-BA
Tolete -pupunha
Agropalm 12
PAPS -Rótulo Preto Floresta Norte/Afuá-AP Tolete -açaí
PAPS
Floresta Norte/Afuá-AP Tolete -açaí
Barateiro Paraíso
Agropalm 12
Agropalm/Juazeiro-BA
Tolete -pupunha
Ivaí
Riomar/Belém-PA
Tolete -açaí
Barateiro
Floresta
Tolet e-pupunha
Juquiá
Floresta/Juquiá-SP
Picado-pupunha
Barateiro
Floresta Norte/Belém-PA
Picado-açaí
Gini11
Ivaí
Extra
Extra
Extra
Extra
Golden Palm
Juquiá
Bonduelle
Cristalina
Cristalina
Agropalm
Hemmer
1
Preço
(R$)
Forma
9,77
7,93
4,17
6,03
6,03
7,09
7,43
8,39
9,05
8,09
S/ preço
7,67
14,30
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Lata 400 g
9,90
10,70
8,23
7,53
13,70
11,90
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Lata 500 g
Lata 500 g
7,39
7,69
6,43
5,19
4,20
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 300 g
Vidro 290 g
Indústria no município de Santa Maria do Pará
Tinoco Agroindustrial - município de Sirinhaem - PE (produto amarelado)
3
Gini, Rótulo Preto “Palmito Extra”, selo ANFAP
4
PAPS, Rótulo Preto, selo “Qualitá”
5
"Qualidade Caracol”
6
Natural Premium, Agroindústria Natural/M. P. Duran - São Sebastião da Boa Vista - PA
7
Gini Extra, Rótulo Preto
8
Golden Palm “Palmito Cultivado”; Couvert é uma preparação do palmito em pequenas bolas
9
Golden Palm “Extra Macio”
10
Conserva: palmito com cebolas, azeitonas, cogumelos
11
Gini “Linha Prata”
12
Palmito amarelado
2
O Agronegócio do Palmito no Brasil
119
Tabela 7. Supermercados de Curitiba em 2002.
Marca
Ale Supremo
Bom Bonito
Bom Bonito
Carrefour
Carrefour
Chef
Chef
Chef
Cipalm
Colônia
Cristalina
Cristalina
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
DoVale
Espécie
Embalagem
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (picado)
Lata (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (picado)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (picado)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (picado)
Vidro (picado)
Vidro (picado)
Vidro (picado)
Vidro (picado)
Vidro (picado)
Vidro (picado)
Vidro (picado)
Vidro (picado)
Vidro (picado)
Vidro (picado)
Vidro (rodelas)
Vidro (rodelas)
Vidro (rodelas)
Vidro (picado)
Peso
drenado (g)
300
500
270
500
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
1.800
Procedência
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
Preço
(R$)
4,37
6,00
3,03
8,95
6,09
3,98
4,14
4,24
4,10
3,75
6,57
4,96
4,74
4,89
5,15
5,19
5,56
5,57
5,69
5,89
6,00
6,07
2,44
2,82
2,95
3,29
3,47
3,51
3,73
3,93
3,98
3,98
4,03
3,41
4,90
4,93
14,84
Continua
120
Circular Técnica nº 130
Tabela 7. Continuação.
Marca
Extra
Extra
Floripa Real
Floripa Real
Galeão
Galeão
Galeão
Gini
Gini
Gini
Gini
Gini-Extra
Gini-Extra
Gini-Rótulo Preto
Gini-Rótulo Preto
Gold Primus
Gold Primus
Great Value
Great Value
Guará
Hemmer
Hemmer
Hemmer
Hemmer
Hemmer
Hemmer
Hemmer
Hemmer
Henck
Ideal
Ideal
Ideal
Ivaí
Ivaí
Ivaí
Ivaí
Ivaí
Espécie
Embalagem
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Vidro (inteiro)
Vidro (picado)
Vidro (inteiro)
Vidro (picado)
Vidro (picado)
Vidro (picado)
Vidro (picado)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Lata (inteiro)
Lata (inteiro)
Lata (inteiro)
Lata (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (picado)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Peso
drenado (g)
180
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
500
500
500
500
180
300
180
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
Procedência
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
RO
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
Preço
(R$)
5,99
3,75
5,54
3,94
4,06
4,37
4,37
8,55
8,97
5,33
5,48
17,10
17,18
17,59
18,10
3,88
5,19
4,38
4,58
5,95
5,98
6,75
6,99
7,08
7,81
7,98
8,59
8,67
4,98
5,48
6,59
6,99
4,99
5,00
5,48
6,56
6,99
Continua
O Agronegócio do Palmito no Brasil
121
Tabela 7. Continuação.
Marca
Ivaí
Ivaí
Jaraguá
Jaraguá
Jaraguá
Jaraguá
Jaraguá
King of Palms
King of Palms
King of Palms
Kormann
Kormann
Kormann
Kormann
Kormann
La Valle
Mercadorama
Muana
Muana
Muana
PAPS
PAPS
PAPS
PAPS
PAPS
Primus
Rio Preto
Rio Preto
Soberano
Soberano
Soberano
Soberano
Tauá
Tauá
Tauá
Tauá
Tauá
Espécie
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Peso
drenado (g)
Vidro (inteiro)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (inteiro)
180
Vidro (inteiro)
300
Vidro (picado)
180
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (rodela)
300
Vidro (rodela)
300
Lata (inteiro)
500
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
500
Vidro (inteiro)
500
Vidro (picado)
270
Vidro (couvert)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
1.800
Vidro (picado)
300
Vidro (picado)
1.800
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (picado)
1.200
Vidro (picado)
1.200
Embalagem
Procedência
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
AP
AP
AP
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
Preço
(R$)
7,29
3,37
4,28
6,25
3,75
3,75
5,09
5,15
7,28
4,95
4,98
5,73
5,98
3,23
3,25
4,49
3,95
7,53
6,15
6,67
5,85
5,85
7,89
11,40
12,10
4,79
5,25
4,99
4,30
28,80
2,70
13,25
7,20
7,35
2,59
12,99
16,99
Continua
122
Circular Técnica nº 130
Tabela 7. Continuação.
Marca
Yaco
Barriga Verde
Costa Sul
Euro
Hemmer
Hemmer
Hemmer
Hemmer
Hemmer
Hemmer
Jurere
Juriti
Juriti
Martendal
Nativus
Régio
Riston
Tunga
Zilse
Barriga Verde
GDM
GDM
GDM
GDM
GDM
GDM
Juquiá/Juriti
Nativus
Agropalm
Agropalm
Bonduelle
Bonduelle
Bonduelle
Bonduelle
Bonduelle
Carrefour
Carrefour
Espécie
Embalagem
Açaí
Juçara
Juçara
Juçara
Juçara
Juçara
Juçara
Juçara
Juçara
Juçara
Juçara
Juçara
Juçara
Juçara
Juçara
Juçara
Juçara
Juçara
Juçara
Palmeira-real
Palmeira-real
Palmeira-real
Palmeira-real
Palmeira-real
Palmeira-real
Palmeira-real
Palmeira-real
Palmeira-real
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Vidro (picado)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (picado)
Vidro (inteiro)
Vidro (picado)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (picado)
Vidro (picado)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (Banda)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (picado)
Vidro (picado)
Vidro (rodela)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (inteiro)
Vidro (picado)
Peso
drenado (g)
300
300
300
1.800
300
300
300
300
300
1.200
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
1.800
300
1.800
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
300
Procedência
PA
SC
SC
SC
SC
SC
SC
SC
SC
SC
SC
SC
SC
SC
SC
PR
SC
SC
SC
SC
SC
SC
SC
SC
SC
SC
SC
SC
BA
BA
BA
BA
BA
BA
BA
ES
ES
Preço
(R$)
2,76
6,10
5,09
28,40
6,41
7,79
7,79
8,35
8,67
24,70
3,59
8,75
6,62
5,10
6,50
4,82
4,85
5,85
6,99
6,10
3,50
4,65
26,20
3,50
12,98
3,19
6,62
7,20
5,77
6,27
7,89
7,98
9,57
10,20
10,59
4,87
3,90
Continua
O Agronegócio do Palmito no Brasil
123
Tabela 7. Continuação.
Marca
Espécie
Carrefour
Ecopalm
Ecopalm
Ecopalm
Ecopalm Gold
Extra
Extra
Golden Palm
Golden Palm
Golden Palm
Golden Palm
Golden Palm
Guajaratiba
Guajaratiba
Guajaratiba
Guajaratiba
Guajaratiba
Guajaratiba
Juquiá
Juquiá
Marbbel
Marbbel
Marbbel
Marbbel
Marbbel
Marbbel
Marbbel
Marbbel
Nativus
Nativus
Nativus
Nativus
Nativus
Nativus
Nativus
Nativus
Nativus
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Peso
drenado (g)
Vidro (rodela)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (rodela)
300
Vidro (rodela)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (rodela)
300
Vidro (couvert)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (picado)
300
Embalagem
Procedência
ES
ES
ES
ES
ES
ES
ES
BA
BA
BA
BA
BA
PR
PR
PR
PR
PR
PR
PA
PA
PR
PR
PR
PR
PR
PR
PR
PR
SC
SC
SC
SC
SC
SC
SC
SC
SC
Preço
(R$)
4,65
6,19
5,32
5,32
5,71
4,23
3,13
5,26
5,86
6,25
4,34
5,26
3,39
5,65
6,25
6,25
4,25
4,25
6,13
6,63
4,39
4,63
4,70
5,00
2,51
2,57
2,59
2,78
5,48
5,67
6,13
3,77
3,87
3,02
3,02
3,29
3,55
Continua
124
Circular Técnica nº 130
Tabela 7. Continuação.
Marca
Espécie
Nativus
Yata
Yata
Yata
Yata
Yat a
Yata
Yata
Yata
Zanuzzo
Zanuzzo
Zanuzzo
Zanuzzo
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Pupunha
Fonte: Corso (2003)
Peso
drenado (g)
Vidro (picado)
300
Vidro (banda)
300
Vidro (couvert)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (picado)
300
Vidro (rodela)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Vidro (inteiro)
300
Embalagem
Procedência
SC
RO
RO
RO
RO
RO
RO
RO
RO
PR
PR
PR
PR
Preço
(R$)
3,57
4,35
2,98
4,58
5,41
5,60
2,67
4,15
3,75
5,49
5,99
5,99
6,06
125
O Agronegócio do Palmito no Brasil
Anexo 2
Preços do palmito em Manaus.
Tabela 1. Preços de venda e custo aproximado para vidros de 300 g.
Marcas
Pará
Kaburé
Marisa
Fortaleza
Trovão
Cristalina
Palm’s
Jaraguá
Ycapui
Goiás
Arisco
São Paulo
Cica Jurema
Só Fruta
Nosso Palmito
Bordon
Gini
Kenko
Santa Catarina
Hemmer
Tauá
Amazonas
Tapiré
Média geral
A
B
3,90
Venda (R$)
C
D
E
4,52
6,91
6,14
5,50
4,28
5,50
4,94
3,30
4,72
8,90
6,90
7,50
8,39
5,90
6,90
6,79
3,90
7,80
7,46
7,53
7,15
5,76
6,44
10,49
6,45
4,50
6,50
6,35
7,00
Fonte: Santos e Clement (1998)
A: Lojas Americanas
B: Roma
C: Distribuidor Bandeirantes
D: Grupo CO
E: Popular
1
Custo de atacado ao redor de 60% do custo de varejo
Média
4,91
4,21
6,53
5,50
4,28
5,50
4,90
3,60
4,72
Custo (R$)
Atacado Cálculo1
3,16
2,95
2,60
2,53
3,90
3,92
3,65
3,30
2,50
2,57
3,30
2,96
2,16
2,83
7,77
7,22
7,31
7,44
5,90
5,76
6,44
10,49
5,48
6,45
4,50
4,50
4,49
4,50
4,45
4,30
6,62
6,00
5,00
4,05
3,10
6,08
4,66
4,33
4,39
4,47
3,54
3,46
3,86
6,29
3,29
3,87
2,70
3,97
3,60
126
Circular Técnica nº 130
Anexo 3
Agroindústrias do palmito em Belém.
Tabela 1. Principais empresas exportadoras de palmito em conserva em 1997.
Empresa
Riomar Conservas Ltda. (Pará)
Kanoa Indústrias Alimentícias Ltda. (Pará)
Arisco Indústria Ltda.
Indústria e Comércio de Conservas Maiuatá Ltda. (Pará)
Gorrensen e Companhia Ltda. (Pará)
Empasa Empreend. Agro Industriais do Pará Ltda. (Pará)
Indústrias Alimentícias Flórida S.A. (Pará)
Indústria de Conservas Alimentícias Juruena Ltda.
Amazon - Com. Importadora e Exportadora Ltda. (Pará)
Indústria e Comércio de Conservas Rio Preto Ltda. (Pará)
Amazônia S.A. Indústria Alimentícia
Afuá Ind. Com. de Conservas Alimentícias Ltda. (Pará)
Hamex Ind. e Com. de Produtos Alimentícios Ltda. (Pará)
Floresta Norte Indústria e Comércio Ltda. (Pará)
Propus Conservas e Serviços Ltda. (Pará)
Equador Indústria e Comércio de Conservas Ltda.
Brasil Express Com. Importação e Exportação Ltda.
F. C. Júnior Comércio e Exportação
Outros
Total
Fonte: Adaptado de Rodrigues e Miranda (2001). FNP/SECEX/DECEX
Valor
(US$1.000
FOB)
3.805
3.270
3.070
2.384
1.858
1.609
1.596
1.035
1.027
926
479
441
304
302
275
262
142
122
286
23.192
%
16,4
14,1
13,2
10,3
8,0
6,9
6,9
4,5
4,4
4,0
2,1
1,9
1,3
1,3
1,2
1,1
0,6
0,5
1,2
100,0
O Agronegócio do Palmito no Brasil
127
Anexo 4
Área plantada com pupunha no Rio de Janeiro.
Tabela 1. Área com pupunha para palmito no Rio de Janeiro em junho de 2001.
Área
Quantidade
Nº
Em
produzida
Município
Plantada
produtores
produção
(t)
(ha)
(ha)
Angra dos Reis
115
39,50
16,00
19,20
Paraty
52
53,00
18,00
21,00
Resende
6
4,50
4,00
4,80
Conservatória (Valença)
1
3,00
Piraí
1
2,00
Itaguaí
15
0,25
Mangaratiba
10
23,50
10,00
12,00
Nova Iguaçu
9
4,10
2,00
1,00
Japeri
32
10,00
6,00
2,00
Guapimirim
2
4,00
7,00
6,00
Bom Jesus do Itabapoana
4
0,30
Miracema
3
7,00
3,00
10,00
Natividade
1
0,80
Macaé
1
2,00
0,80
1,00
Bom Jardim
2
0,20
Nova Friburgo
1
0,50
Casimiro de Abreu
2
1,50
Silva Jardim
7
40,00
25,00
30,00
Paraíba do Sul
1
0,50
Vassouras
1
1,00
São José do Vale do Rio Preto
1
0,60
Duas Barras
5
3,00
Santa Maria Madalena
3
2,50
Trajano de Moraes
5
3,00
Cachoeiras de Macacu
10
5,00
Papucaia (Cachoeiras de Macacu)
3
1,50
Total
293
213,25
91,80
107,00
Fonte: EMATER-RJ (2002)
128
Circular Técnica nº 130
Anexo 5
Mercado do palmito de pupunha in natura em São Paulo (SP) em 2001.
Os dados foram coletados entre 14 e 18 de agosto de 2001 pelo pesquisador do
IAPAR Francisco Paulo Chaimshon. O câmbio em agosto de 2001 era US$ 1,00 =
R$ 2,30.
CEAGESP
Comerciante A
Preço no mercado: R$ 3,50/peça
Preço pago ao produtor: R$ 2,30/peça
Origem: Córrego dos Espanhóis/Araçatuba (SP), de José Ferreira Batista Neto(18) 623-0407/ 621-0957
Comercializa há cerca de um mês e vende cerca de 12 toletes a cada 15 dias.
Segundo o comerciante, há receio de comercialização do palmito in natura
por causa da proibição do juçara. Joga um monte da parte basal por não saber
que poderia ser usado.
Comerciante B
Preço: R$ 4,00/peça
Mesma origem e preço.
Vende cerca de 20 peças por semana.
Houve redução do consumo em função de notícias de botulismo.
Comerciante C
Preço: R$ 5,00/peça
Origem: Vale do Ribeira, São José do Rio Preto e Araçatuba (SP)
Distribui cerca de 1.500 peças por semana.
MERCADO MUNICIPAL
Preço da pupunha com casca: R$ 9,00/peça
Preço da pupunha sem casca: R$ 14,00/peça
Havia um comerciante comercializando palmito juçara a R$ 5,00 e 8,00/peça.
O comerciante informou que a pupunha não teve boa aceitação.
O Agronegócio do Palmito no Brasil
129
FEIRA DO PACAEMBU
Preço: R$ 10,00 (palmito bruto com casca)
Segundo a feirante, há receio de vender em função da fiscalização.
SACOLÃO DA HIGIENÓPOLIS
Palmito de primeira (processado): R$ 5,90 (cerca de 500 g)
Palmito de segunda (processado): R$ 3,30
Validade de 13 dias (refrigeração).
PÃO DE AÇÚCAR
(R: Maranhão - Higienópolis; R: Oscar Freire - Jardins; R: Cerro Corá - Alto da Lapa)
Palmito de segunda (processado): de R$ 6,79 a R$ 7,65 (500 g)
Palmito desfiado: R$ 7,60 (250 g)
Palmito carpaccio: R$ 7,65 (250 g)
Validade: 7 dias
Segundo informações de um gerente, o produto só era vendido em cinco lojas
da rede, localizadas na zona sul.
SANTA LUZIA
Palmito de primeira (processado): de R$ 14,00 a R$ 15,10/kg
Palmito carpaccio: R$ 16,00/kg
Palmito desfiado: R$ 16,00/kg
130
Circular Técnica nº 130
Anexo 6
Preço do palmito nos supermercados do Paraná em 2002.
Rede/Grupo
Sonae
Condor
Lembrasul
Pão de Açúcar
Carrefour
Festval
Angeloni
Makro
Média
Variância
Fonte: Corso (2003)
Açaí
3,00
2,60
4,00
4,30
4,50
2,80
2,65
2,50
3,29
0,69
Pupunha
4,00
2,75
2,90
3,95
3,00
3,20
2,80
3,23
0,28
Preço R$/vidro 300 g
Juçara
Palmeira-real
5,60
4,20
3,50
5,80
6,00
4,50
3,80
4,35
4,00
4,92
3,65
0,71
0,04
Preço médio
4,20
3,26
3,45
4,68
4,50
3,50
3,50
3,10
3,78
O Agronegócio do Palmito no Brasil
131
Anexo 7
Número e procedência das marcas de palmito, por espécie na cidade de Curitiba
em 2002.
Tabela 1. Número e procedência das marcas de palmito, por espécie, nos
supermercados de Curitiba em 2002.
Espécie
Açaí
Procedência
Pará
Amapá
Rondônia
Nº de marcas
29
1
1
%
47,5
1,6
1,6
Juçara
Santa Catarina
Paraná
11
2
18,0
3,3
Pupunha
Bahia
Espírito Santo
Paraná
Santa Catarina
Pará
Rondônia
3
3
3
2
1
1
5,0
5,0
5,0
3,3
1,6
1,6
Palmeira-real
Santa Catarina
4
6,5
Fonte: Corso (2003)
Tabela 2. Procedência do palmito nos supermercados de Curitiba em 2002.
Estado
Pará
Santa Catarina
Paraná
Bahia
Espírito Santo
Rondônia
Amapá
Total
Fonte: Corso (2003)
Nº de marcas
30
17
5
3
3
2
1
61
%
49,2
27,9
8,2
4,9
4,9
3,3
1,6
100,0
Circular Técnica nº 130 | O Agronegócio do Palmito no Brasil
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O Agronegócio do Palmito no Brasil