ISCTE, Escola de Gestão Aula 4 - Matemática (Gestão e Marketing) Diana Aldea Mendes 22 de Outubro de 2008 Inversa de uma matriz quadrada de ordem n • Matriz Adjunta: Seja A uma matriz quadrada de ordem n. Uma matriz quadrada Â(n×n) (ou adj (A)), que se obtém de A substituíndo cada um dos seus elementos aij pelo respectivo complemento algébrico e transpondo-a, chama-se matriz adjunta de A, isto é ⎡ ⎢ ⎢ An = ⎢ ⎣ a11 a12 a21 a22 .. .. an1 an2 ⎤ ⎡ ... a1n A11 A12 ⎢ A ... a2n ⎥ ⎥ ⎢ 21 A22 →  = ⎥ ⎢ . n .. .. ⎦ ... ⎣ . ... ann An1 An2 ⎤T A1n A2n ⎥ ⎥ .. ⎥ ⎦ ... ... ... ... Ann com Aij = (−1)i+j Dij complemento algébrico do elemento aij • Propriedade:  · A = A ·  = |A| · I, onde I é a matriz identidade da mesma ordem que A. • Obtem-se a inversa, A−1, de uma matriz A quadrada de ordem n, multiplicando a sua adjunta pelo inverso do determinante que lhe está associado, isto é  −1 A = , |A| com |A| 6= 0 • A matriz inversa, A−1, caso existe, tem a mesma ordem que a matriz dada A. • |A| 6= 0, é condição necessária para que uma matriz A ser invertível (admitir inversa A−1). • Mais, se |A| 6= 0, então a matriz A diz-se regular e tem característica igual a ordem (r = n) . Caso contrário, a matriz A diz-se singular. Propriedades da matriz inversa: Seja A uma matriz quadrada invertível. Então: • A · A−1 = A−1 · A = I, onde I é a matriz identidade da mesma ordem que A • ³ ´−1 −1 A =A −1 −1 • (A1 · A2 · ... · An)−1 = A−1 · ... · A · A n 2 1 • ³ ´−1 T A ³ ´T −1 = A • ³ ´−1 ³ ´k k −1 A = A , k∈ • |A| = 1 |A−1| ¯ ¯ ¯ −1¯ • ¯A ¯ = |A|−1 R+ • Exemplo: Calcule, caso existe, a inversa da matriz A : ⎡ 1 ⎤ 0 −2 ⎥ 1 −1 ⎦ −1 1 0 ⎢ A=⎣ 2 Primeira vez, verificamos se a matriz A é invertível, isto é, se |A| 6= 0. ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ 1 0 −2 ¯ ¯ 1 0 −2 ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ |A| = ¯ 2 1 −1 ¯ = ¯ 2 1 −1 ¯ = ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ −1 1 0 ¯ ¯ −1 1 0 ¯ 1 0 −2 2 1 −1 = (0 − 4 + 0) − (2 − 1 + 0) = −5 6= 0 → A é invertível Calculamos a matriz adjunta: ⎡ ⎤T ⎡ ⎤T A11 A12 A13 1 1 3 ⎢ ⎥ ⎢ ⎥  = ⎣ A21 A22 A23 ⎦ = ⎣ −2 −2 −1 ⎦ A31 A32 A33 2 −3 1 ⎡ ⎤ 1 −2 2 ⎢ ⎥ = ⎣ 1 −2 −3 ⎦ 3 −1 1 com Aij complementos algébricos associados aos elementos aij (9 complementos algébricos) Temos então ¯ ¯ ¯ 1 −1 ¯ ¯ ¯ A11 = (−1)1+1 ¯ ¯ = 1, ¯ 1 0¯ ¯ ¯ ¯ 2 −1 ¯ ¯ ¯ A12 = (−1)1+2 ¯ ¯ = 1, ¯ −1 0¯ A13 = A22 = A31 = A33 = ¯ ¯ ¯ 1+3 (−1) ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ 2+2 (−1) ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ 3+1 (−1) ¯ ¯ ¯ ¯ 3+3 ¯ (−1) ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ 2 1¯ ¯ 0 −2 ¯ 2+1 ¯ = 3, A21 = (−1) ¯ ¯ ¯ 1 0 ¯ −1 1 ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ 1 1 −2 ¯ ¯ 2+3 ¯ = −2, A23 = (−1) ¯ ¯ −1 −1 0¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ 0 −2 ¯ ¯ 1 −2 ¯ 3+2 ¯ = 2, A32 = (−1) ¯ ¯ ¯ 2 −1 ¯ 1 −1 ¯ ¯ 1 0 ¯¯ ¯=1 2 1¯ Finalmente, a matriz inversa é dada por ⎡ ⎤ ⎡ 1 −2 2 ⎢  1 ⎢ ⎥ ⎢ −1 A = = ⎣ 1 −2 −3 ⎦ = ⎢ ⎣ |A| −5 3 −1 1 − 15 − 15 − 35 2 5 2 5 1 5 − 25 3 5 − 15 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ = −2, ¯ 0 ¯¯ ¯ = −1 1¯ = −3, Discussão de sistemas de equações lineares, recorrendo os determinantes • Considere um sistema de m equações lineares e n incógnitas, A(m×n)X(n×1) = B(m×1) onde a característica da matriz A é r. • Se r = m = n, então o sistema é possível e determinado • Se r = m < n, então o sistema é possível e indeterminado (com grau de indeterminação (n − r)) • Se r < m — Determinar uma submatriz quadrada ∆ de A da maior ordem possível tal que o seu determinante, |∆| é diferente de zero. — |∆| 6= 0 é o determinante principal do sistema e o seu ordem define a caraterística r da matriz A — Temos então r equações principais e r incógnitas principais no sistema — Formar os (m − r) determinantes característicos, |∆s| , s = r + 1, ..., m, do sistema que se obtém do determinate principal |∆| , ampliandoo com os coeficientes das incógnitas principais da equação dada e com os termos independentes correspondentes: ¯ ¯ | ¯ ¯ ¯ |∆| | ¯ | |∆s| = ¯¯ ¯ __ __ __ | ¯ ¯ ¯ as1 as2 ... asr b1 b2 .. br bs ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ — Teorema de Rouché: Um sistema de equações lineares é possível se e só se não existem determinantes característicos ou, caso existem, são todos nulos. — Se o sistema é possível (todos os determinantes característicos são nulos), então é determinado se r = n e é indeterminado se r < n. Exemplo: Estude a natureza do seguinte sistema de equações lineares ⎧ ⎪ ⎨ −x + y + z = 0 2x + 3y − 12z = 0 ⎪ ⎩ 3x − 2y − 5z = −1 Forma matricial do sistema ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤ −1 1 1 x 0 ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥ AX = B ⇐⇒ ⎣ 2 3 −12 ⎦ ⎣ y ⎦ = ⎣ 0 ⎦ 3 −2 −5 z −1 m = 3 equações e n = 3 incógnitas Obtenção do determinante principal do sistema ¯ ¯ ¯ −1 1 1 ¯¯ ¯ ¯ ¯ 3 −12 ¯ = 0; não é o determinante principal do sistema ¯ 2 ¯ ¯ ¯ 3 −2 −5 ¯ ¯ ¯ −1 1 ¯ ¯ ¯ 2 3 ¯ ¯ ¯ ¯ = −5 6= 0, logo é o determinante principal |∆| do sistema ¯ e tem-se r = 2 Como a característica da matriz A é r = 2, estamos no caso r < m, logo temos 2 equações principais (as primeiras duas) e 2 incógnitas principais (x e y), também como m − r = 3 − 2 = 1 determinantes característicos. Construímos o determinante característico: ¯ ¯ −1 1 0 ¯ ¯ |∆1| = ¯ 2 3 0 ¯ ¯ 3 −2 −1 ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ = 5 6= 0 ¯ ¯ Como o determinante característico é diferente de zero, temos pelo Teorema de Rouché, que o sistema é impossível.