UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde Curso de Medicina Veterinária TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) Curitiba 2006 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) Curitiba 2006 ii Bruna Lobo Kirchner RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR Relatório de Estágio Curricular apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Professor Orientador: Dr. José Mauricio França Orientador Profissional: Dra. Elen Cristine Soares Curitiba 2006 iii TERMO DE APROVAÇÃO Bruna Lobo Kirchner PRODUÇÃO DE MUZZARELLA DE BÚFALA Esta dissertação (trabalho de conclusão de curso e monografia) foi julgada e aprovada para obtenção de grau de Médica Veterinária no programa de conclusão de curso em Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, 17 de novembro de 2006. _______________________________ Universidade Tuiuti do Paraná Medicina Veterinária Orientador: _________________________________________________ Prof. José Mauricio França. ________________________________________________ Prof.ª Maria Aparecida de Alcantara. _______________________________________ Prof. Sebastião Aparecido Borges. iv Dedico este trabalho aos meus professores pela transmissão dos conhecimentos, aos amigos e colegas durante o período universitário, aos profissionais da Fazenda Antonina pela troca de informações, à Sra, Gilda Evelina Thiessen ao Sr. David Thiessen e a minha família por proporcionar a realização deste trabalho. DEDICO v AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a minha família, em especial meus pais Flávio e Celinha, que sempre acreditaram neste meu sonho, incentivaram e contribuíram diretamente em todos os momentos na minha formação. Ao meu namorado Cristofer pela compreensão e paciência e a Deus por dar-me força e luz sempre e a minha amiga Juliana Sacchelli pelo apoio e compreensão que teve comigo. vi Descobri como é bom chegar quando se tem paciência. E para se chegar, onde quer que seja, aprendi que não é preciso dominar a força, mas a razão. É preciso, antes de mais nada, querer. Anônimo vii SUMÁRIO 1 2 3 3.1 3.2 3.3 3.4 3.4.1 3.4.2 3.4.3 3.4.4 3.4.5 3.5 4 4.1 INTRODUÇÃO............................................................................................ DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO.................................................... REBANHO.................................................................................................. ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO........................................................................ MANEJO SANITÁRIO................................................................................. MANEJO REPRODUTIVO.......................................................................... MANEJO NUTRICIONAL............................................................................ Energia para Lactação................................................................................ Proteína....................................................................................................... Minerais....................................................................................................... Cálcio.......................................................................................................... Fósforo........................................................................................................ MASTITE..................................................................................................... LEITE DE BÚFALA.................................................................................... ATRIBUTOS TECNOLÓGICOS.................................................................. 1 2 4 4 5 7 10 10 11 11 12 12 13 16 16 4.2 4.3 4.3.1 4.3.2 4.3.3 4.3.4 4.3.5 4.3.6 4.3.7 5 5.1 6 7 7.1 7.1.1 7.1.2 7.1.3 7.1.4 7.1.5 7.1.6 8 MICROORGANISMOS DO LEITE.............................................................. PROVAS FÍSICO – QUÍMICAS.................................................................. Prova de Alizarol......................................................................................... Acidez do Leite (Método Dornic)................................................................. Densidade do Leite..................................................................................... Determinação de Gordura........................................................................... Teste de Redutase...................................................................................... Crioscopia do Leite..................................................................................... Fosfatase.................................................................................................... MUZZARELLA DE BÚFALA...................................................................... Elaboração do Queijo Muzzarella............................................................... LEGISLAÇÃO............................................................................................. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES............................................................... OBTENÇÃO HIGIÊNICA DO LEITE........................................................... Instalações da Ordenha.............................................................................. Manejo Sanitário......................................................................................... Manejo de Ordenha.................................................................................... Recepção do Leite...................................................................................... Elaboração.................................................................................................. Rotulagem Nutricional................................................................................. CONCLUSÃO............................................................................................. REFERÊNCIAS ......................................................................................... 19 20 20 21 21 22 22 23 24 25 27 29 31 31 31 31 32 34 36 39 40 41 viii LISTA DE TABELAS TABELA 1 Diferenças Anatômicas, Fisiológicas e Endócrinas entre Vacas e Búfala............................................................................................... 8 TABELA 2 Composição Química do Leite Bubalino e Bovino........................... 17 TABELA 3 Valores Comparativos Quanto à Porcentagem de Cálcio e Fósforo no Leite de Búfala e de Vaca........................................................... 18 TABELA 4 Composição Centesimal Leite de Búfala e de Vaca ....................... 18 TABELA 5 Interpretação do Teste de Alizarol................................................... 21 TABELA 6 Avaliação Química e Nutricional do Queijo Muzzarella.................... 26 TABELA 7 Composição Mineral do Queijo Muzzarella...................................... 26 TABELA 8 Controle Leiteiro (Fazenda Antonina – setembro/ outubro- 2006)... 34 TABELA 9 Análise do Leite (Fazenda Antonina – 30/05/06)............................. 36 TABELA 10 Informação Nutricional da Muzzarella de Búfala da Fazenda Antonina............................................................................................ 39 ix LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Rebanho de Búfala........................................................................... 5 FIGURA 2 Ordenha das Búfalas........................................................................ 7 FIGURA 3 Muzzarella de Búfala........................................................................ 25 FIGURA 4 Queijo Tipo Nozinho de Muzzarella................................................. 26 FIGURA 5 Ordenha Mecânica........................................................................... 33 FIGURA 6 Pedilúvio........................................................................................... 36 FIGURA 7 Massa Cortada em Forma de Asterisco........................................... 37 FIGURA 8 Modelagem da Massa Para Obtenção do Queijo Tipo Bola............ 38 FIGURA 9 Choque Térmico da Muzzarella....................................................... 38 x RESUMO O presente trabalho teve como objetivo relatar as atividades de produção de queijo muzzarella de búfala, realizado durante o estágio curricular obrigatório, nos meses de agosto, setembro e outubro de 2006 na Fazenda Antonina km 6, no município de Antonina/ PR. Para obtenção dos resultados foram vistos e estudados os seguintes aspectos na bubalinocultura leiteira: manejo sanitário, manejo reprodutivo, mastite, obtenção higiênica do leite, controles de atualidade e sanitária do leite e da muzzarella de búfala. Ampliando o conhecimento técnico, o aprendizado acadêmico e principalmente a ética profissional que se deve ter quando se trabalha com produtores e seus respectivos animais de produção. Palavras-chave: bubalinocultura leiteira, muzzarela de búfala, mastite. xi Reitor Profº Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitora Acadêmica Profª Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Profª Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini Secretário Geral Profº João Henrique Ribas de Lima Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Profº João Henrique Faryniuk Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Profª Neide Mariko Tanaka Coordenador de Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária Profº Elza Maria Galvão Ciffoni CAMPUS CHAMPAGNAT Rua .Marcelino Champagnat, 505 - Mercês CEP 80.215-090 – Curitiba – PR Fone: (41) 3331-7953 xii APRESENTAÇÃO Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Médico Veterinário, é composto de um Relatório de Estágio no qual são descritas as atividades realizadas durante o período de 21/08 a 21/10/2006, período este em que estive na Fazenda Antonina Km 6, localizada no município de Antonina / PR, cumprindo estágio curricular e também de uma Monografia que versa sobre o tema: “Produção de muzzarella de Búfala. xiii 1 INTRODUÇÃO Este trabalho teve por objetivo relatar o estágio curricular obrigatório, realizado na Fazenda Antonina Km 6, localizado no município de Antonina / PR, cumprindo a carga horária de 320 horas, através de trabalhos executados nos campos de tecnologia de produtos de origem animal, microbiologia, analises clinicas e bromatologia. Para obtenção destes resultados foram analisados no rebanho de búfalo o manejo sanitário, obtenção higiênica do leite, provas físico - químicas no leite dos animais que se encontram na fazenda para elaboração da muzzarella de búfala, descritos no decorrer do trabalho. 15 2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO O estágio realizado na Fazenda Antonina, está situada no município de Antonina / PR, com sede às margens da rodovia PR 408, na altura do km 06, rodovia que liga Antonina à Morretes. A propriedade rural é constituída de 182 alqueires paulistas, ou seja, 440,44 hectares, dos quais aproximadamente 266,2 hectares são de área aberta, constituída basicamente de áreas de pastagens, de capineiras, áreas de construções, mangueiras, estábulos, barracões, queijaria, casa sede, etc. A área de pastagem e de capineiras é toda cercada nos perímetros, bem como conta com divisões em piquetes da pastagem. Considerando que o asfalto da citada rodovia PR 408 corta a propriedade em duas partes, há uma estrutura para manejo das búfalas de cada lado, denominadas FA1 (Fazenda Antonina 1), FA2 (Fazenda Antonina 2), queijaria e casa sede. O lado FA1 é constituído de cerca de 140 hectares de pastos, aproximadamente 12 hectares de capineiras, mais ou menos quatro hectares abrangendo as construções da mangueira, estábulo, esterqueiras, depósito para guarda de materiais como farelos, adubos e a casa do caseiro. Dentro do estábulo, há repartições para a contenção das búfalas, estas representadas por um corredor que comporta cinco búfalas enfileiradas, com uma porteira de correr separando uma das outras. No brete, na altura do úbere de cada búfala existe uma abertura nas réguas de contenção, a fim de possibilitar o apojo dos bezerros, a limpeza e higienização da úbere e ordenha mecânica. De salientar que ao pé de cada búfala há uma mangueira com água corrente e regulada por torneira, o que facilita a limpeza e higienização da búfala para a ordenha. No estábulo há também divisórias de contenção dos bezerros. Na extremidade oeste do estábulo, fica o centro de manejo do gado, dotado de corredor, tronco de contenção, novo corredor, balança e rampa carregador de animais. O rebanho do estábulo denominado FA1 é composto de 88 matrizes e 1 touro, sendo que em média estão em lactação cerca de 55 à 60 búfalas. É notório observar que a búfala para ser ordenhada requer invariavelmente o apojo do bezerro, razão porque normalmente para cada búfala em lactação há um bezerro. São cinco os funcionários da fazenda que atendem o setor FA1: um capataz e quatro auxiliares. 15 16 A FA2 refere-se ao segundo retiro, sendo que em anexo fica a casa sede onde permaneci hospedada e próximo do estábulo. Distando aproximadamente 200 metros, situa-se a queijaria. A FA2 também é estruturada com mangueiras, estábulo, chorumeiro e contém nas proximidades dois barracões para armazenagem de rações, adubos, oficina mecânica e guarda de máquinas. A área de pastos e capineira abrange aproximadamente 92 hectares, onde está sendo implantado pasto rotacionado com divisórias de cerca elétrica. Internamente no estábulo há mangueira para contenção dos bezerros, corredor de contenção para quatro búfalas, separadas por porta de correr, sendo também na altura do úbere da búfala há uma abertura no brete para o apojo dos bezerros, limpeza e higienização do úbere da búfala e ordenha mecânica. Na extremidade oeste do estábulo, está situado o corredor de vacinação, o tronco de contenção e carregador de animais. Na parte externa dos piquetes localizase a esterqueira. Em ambos os estábulos há uma ensiladeira tocada a motor elétrico para a picagem do capim que é servido às búfalas em cochos existentes nos piquetes. O rebanho é constituído de 61 búfalas, mantendo-se em média, em lactação, cerca de 40 animais. É de notar que as búfalas denominadas secas são transferidas para pastos em outra propriedade da família, situada em Morretes, bem como lá são alojados os bezerros desmamados. Tanto na FA1, como na FA2, a raça que foi optada a ser criada é a raça Murrah, que é caracterizada por ter o chifre em forma espiralada. 16 17 3 REBANHO 3.1 ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO O búfalo teve origem na Ásia, por isso é conhecido como búfalo asiático.Depois desse continente, foi levado para a África, mais tarde introduzido na Europa e mais recentemente na América. Existem sinais de que os búfalos forma domesticados aproximadamente 4.500 anos atrás no Vale do Indo, onde estão situados hoje Índia e Paquistão (NASCIMENTO & CARVALHO, 1993). O búfalo se disseminou em várias partes do mundo, atingindo a Indochina, a Malásia, a Tailândia, a Indonésia entre outros países do Extremo Oriente. Chegaram também aos países da Europa, Austrália e África. Na América Latina as primeiras criações se instalaram no Brasil, Bolívia, Colômbia e Costa Rica, oriundas do Sudeste Asiático (MIRANDA, 1986). A entrada dos búfalos em território brasileiro, segundo FONSECA (1987) teria ocorrido em 1870, quando uma embarcação que transportava refugiados políticos da Guiana Francesa, aportou na Ilha de Marajó e trocou búfalos que trazia abordo por bois de corte. A expansão do gado bubalino no Brasil, deve-se a que 90% do território brasileiro (8.500.000 km 2) está localizado na região tropical e o resto na região subtropical. Com a aplicação dos conhecimentos das potencialidades dos búfalos, tornouse evidente uma nova alternativa pecuária para o Brasil, principalmente para as áreas inundáveis ou de solos pobres, localizadas na Amazônia, no Pantanal, nas margens dos rios e no litoral onde os bovinos não desempenham um comportamento satisfatório, mas tendo que levar em consideração que a criação na beira dos rios é de grande preocupação, pois estes acabam prejudicando a nascente dos rios. Com os conhecimentos atuais, pode-se afirmar, de modo geral, que os índices de produtividade dos bubalinos, no que diz respeito à carne, leite e trabalho, são superiores aos bovinos, nas condições brasileiras (ZAVA, 1987). Na FIGURA 1, mostra o rebanho de búfala. 17 18 FIGURA 1 Rebanho de Búfala 3.2 MANEJO SANITÁRIO Os búfalos são considerados animais rústicos, quando comparados com os bovinos que são menos resistentes ao meio ambiente, às enfermidades e alimentação. Pelo fato de serem rústicos, os búfalos são praticamente imunes ao carrapato e ao berne, apesar de serem sujeitos a piolhos do gênero Haematopnus tuberculatos, que lhes é comum e de fácil combate (FONSECA, 1987). Sendo o piolho causador de muita coceira, os búfalos ao se coçarem, esfregamse em árvores, chegando a provocar vários ferimentos. Durante o inverno é que se deve prestar maior atenção em relação aos piolhos e controlá-los através de pulverizações sistemáticas, interrompendo o seu ciclo (ZAVA, 1987). As doenças que atingem os búfalos, são as mesmas que afetam os bovinos e os cuidados e prevenções são também os mesmos (MIRANDA, 1986). Segundo NASCIMENTO & CARVALHO (1993) as doenças são as: • Febre Aftosa: as vacinas são efetuadas de quatro em quatro meses, a partir dos quatro meses de idade, nos meses de maio e novembro. • Brucelose: são vacinadas apenas bezerras entre três e oito meses de idade, com vacina viva B19. As fêmeas vacinadas recebem um “V” no 18 19 lado esquerdo da cara com ferro candente, acompanhado do último número do ano de vacinação. • Carbúnculo Sintomático: ocorre preferentemente em búfalos na faixa etária de três meses à três anos. A aplicação da vacina deve ser efetuada duas vezes, uma com cerca de três meses de idade e a revacinação quando o animal tiver em torno de nove meses. • Paratifo dos bezerros: causa diarréia nas crias bubalinas. A vacinação deve ser efetuada através de duas doses: uma na vaca gestante, no mês anterior ao da parição e a outra no bezerro da búfala vacinada, com quinze dias de idade. • Raiva: é realizada em animais com idade igual ou acima de quatro meses e feita anualmente. • Vermifugação: a primeira vermifugação é realizada de seis a quinze dias de vida. A segunda ocorre dez dias após a primeira. A terceira e a quarta será realizada trinta dias após a anterior de cada uma delas. A quinta é efetuada 170 dias após a primeira. Contudo, as aplicações subseqüentes devem ser efetuadas duas vezes por ano, uma na entrada das chuvas e a outra no início da estiagem. Nos bezerros, logo após o nascimento, deve ser efetuado o tratamento do cordão umbilical, que consiste inicialmente na sua limpeza com desinfetantes. Em seguida, realiza-se o corte do cordão com tesoura desinfetada, dois dedos abaixo do anel umbilical.Depois aplica-se um produto cicatrizante e repelente, preferentemente “ spray”, pela facilidade de uso, uma vez por dia, até a queda do coto umbilical (NASCIMENTO & CARVALHO, 1993). Com relação à higiene, as práticas inadequadas prejudicam a qualidade do leite, predispondo à ocorrência de mastite. Para se obter um leite de melhor qualidade e para prevenir e/ou reduzir a níveis toleráveis as infecções da glândula mamária do rebanho, uma vigilância constante deve ser dirigida ao manejo e ordenhadores (FZEAUSP, 2006). Segundo NASCIMENTO & CARVALHO (1993) um dos cuidados que se deve ter como criador de búfalos, é a higienização das instalações, principalmente no caso 19 20 de exploração leiteira, visto que deve ser realizada diariamente. Após retirada do esterco e sua colocação em esterqueira, as instalações são lavadas com água corrente. Pelo menos uma vez por mês, após a limpeza do local, as instalações devem ser lavadas com solução apropriada. Com relação à ordenha, antes de realizá-las, deve permitir as vacas e aos bezerros, separadamente, um banho de dez à quinze minutos em uma fonte com bastante volume de água. Após o banho, na sala de ordenha será realizada a limpeza da úbere com água limpa e aplicação de solução antisséptica de cloro. Os baldes, latões e utensílios empregados na exploração leiteira devem ser lavados e desinfetados cuidadosamente. No caso de ordenha mecânica (FIGURA 2), o criador de seguir as instruções sobre limpeza e manutenção contidas no manual que acompanha o equipamento. FIGURA 2 Ordenha das Búfalas 3.3 MANEJO REPRODUTIVO Segundo VALE & RIBEIRO (2005) as diferenças anatômicas, fisiológicas e endócrinas relacionadas com a reprodução é mostrado na TABELA.1, mostrando que existem muito mais diferenças do que semelhanças entre elas. 20 21 TABELA 1. Diferenças Anatômicas, Fisiológicas e Endócrinas entre Vaca e Búfala. CARACTERISTICA VACA BÚFALA Ovário Comprimento: 3,5 – 4,5 cm Comprimento: 2,5 – 3,0 cm Largura:2,5 cm Largura: 1,4 cm Peso: 15 – 20 g Peso: 4,6g Corpo lúteo Amarelo claro; projeta-se até o meio do ciclo Marrom / avermelhado; embebido para a superfície do ovário para o interior do ovário Tuba uterina Comprimento: 25 – 26 cm Comprimento: 19 – 24 cm Cornos uterinos Rígidos e tortuosos; tônus na fase Mais rígido e tortuoso que os estrogênica bovinos; maior tônus Corpo do útero Comprimento: 6,35 – 12,7cm Comprimento: 5,3 – 8,0 cm Cérvix Muscular e tortuosa; 2 – 4 anéis cervicais, Menor com mais anéis cervicais 3 – abertos durante o cio 5, que mesmo no cio são de difícil dilatação Duração do ciclo 20 – 24 dias ( média 21 dias) 20 – 24 dias, dependendo da raça e manejo Duração do estro 12,5 – 27,8 horas Sinais do estro Pronunciados; 8 – 32 horas atividade homossexual Menos pronunciado; pouca atividade intensa e descarga de muco límpido homossexual e pouca descarga de muco Período de gestação 265 – 280 dias Depende da raça: murrah (293 – 318 dias) e carabao (325 – 335 dias). LH (hormônio Ondas pulsáteis; fase luteínica 0,3 – 1,8 ng / Ondas luteinizante) pulsáteis ainda não ml; meio do ciclo1,2 – 7,0ng /ml; inicio do cio estabelecidas; níveis basais durante 15 – 65 ng / mL o ciclo 0,72 – 2,0 ng / mL no inicio do cio FSH ( hormônio folículo Flutuações irregulares duran te o ciclo ( 10- Flutuação media 12,0 ng /mL no dia estimulante) 400 ng / mL) do estro Fonte: VALE & RIBEIRO, 2005. Apesar da importância sócio – econômica que o búfalo representa para varios países em desenvolvimento, a literatura referente à idade de puberdade é bastante contraditória. A puberdade na fêmea pode ser definida como período em que se estabelece a primeira ovulação, com a formação de um corpo lúteo de vida normal. Existe grande variação com relação ao momento em que a fêmea bubalina atinge a puberdade, devendo-se levar em consideração não somente os aspectos ligados ao manejo e alimentação, mas também o fato de existirem variações entre búfalos do tipo leiteiro e do Carabao, sendo este ultimo mais tardio, mesmo quando comparado ao tipo leiteiro. 21 22 A duração do ciclo estral na búfala varia entre 16 e 33 dias, com maior concentração entre 21 e 24 dias. Esta amplitude é devido a vários fatores, tais como clima, manejo, alimentação, genética. Animais submetidos a manejo inadequado e com alimentação deficiente em energia, proteína e minerais, têm tendência a apresentarem cios curtos ou longos, da mesma maneira quando submetidos a estresse térmico. Nas regiões tropicais próximas ao Equador, o búfalo é um animal poliestral contínuo, ciclando durante todo o ano. Entretanto, à medida que se afasta do Equador, no sentido norte ou sul, o búfalo torna-se um animal poliestral sazonal de dias curtos. Na Índia, a expressividade do cio é mais intensa e os sinais clínicos mais evidentes durante o outono e inverno (estação fria), quando comparado a primavera e o verão (estação quente), (VALE & RIBEIRO, 2005). A melhor forma de detecção do cio na búfala é o uso dos rufiões com bucal marcador, além da freqüente observação visual. Um dos sinais de estro é a aceitação de monta pelo rufião. Nas regiões tropicais úmidas ou mesmo em regiões de clima mais ameno, durante o verão, sob temperaturas elevadas, a fêmea bubalina tem tendência em apresentar sinais de estro à noite, quando a temperatura está mais amena. Existem fatores que podem alterar o ciclo estral, devido a inatividade ovariana. Nas condições tropicais, o estresse térmico parece apresentar significado primordial. A falta de acesso à água ou à sombra, faz com que os bubalinos retenham calor no organismo. Muito embora os pigmentos de melanina existentes na sua pele escurecida promovam proteção efetiva contra efeitos deletérios do estresse térmico corporal, principal responsável pelo surgimento de cios curtos ou longos. O estresse térmico aumenta os níveis de ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) que levam a alterações endócrinas, induzindo a distúrbios no ciclo estral e ao anestro. 22 23 3.4 MANEJO NUTRICIONAL 3.4.1 Energia para Lactação Segundo KEARL (2006) as necessidades de energia durante a lactação é mais alta no bubablino do que para os bovinos. As necessidades para a manutenção de búfalas em lactação é cerca de 38% mais alta do que para as vacas em lactação quando de mesmo tamanho. Também revelou - se que, os búfalos são mais eficientes na obtenção de proteína e minerais dos alimentos de baixa qualidade do que os bovinos e que a digestibilidade de fibra bruta foi significativamente mais alta para os búfalos. O conceito aplicado no estabelecimento da energia metabolizável nos animais em lactação é, proporcionar uma nutrição adequada para suportar as necessidades em nutrientes da produção de leite e manutenção sem provocar mudança apreciável na composição corpórea. A necessidade de nutrientes para búfalas em lactação depende da quantidade de leite produzido e do seu conteúdo de nutrientes. A quantidade de leite produzido depende da raça e das características individuais da búfala, e do tipo de da dieta que está sendo fornecida. O conteúdo médio de gordura do leite de búfala, independe da raça, é de 6% a 8%. Isto é consideravelmente mais alto que o nível de gordura dos bovinos (3,6%), cabras (4,5%) e comparável ao leite de ovelhas (7,4%) e suínos (8,5%), (KEARL, 2006). Além disso, a energia metabolizável necessária para produzir leite dependerá de outros constituintes como proteína, sólidos não gordurosos, etc. A razão energia - proteína também afeta a maximização da utilização de energia metabolizável durantes a produção de leite. Obviamente, a dieta deve conter proteína suficiente para satisfazer a quantidade de leite secretada. Por outro lado, a proteína teria que sair dos tecidos corporais. A eficiência da energia metabolizável para a produção de leite é maior nos búfalos do que nos bovinos, assim, estes devem requere mais energia metabolizável para a produção de leite. 23 24 3.4.2 Proteína Ainda, segundo KEARL (2006) a proteína refere-se às necessidades do animal para alimentos nitrogenados. Estas substâncias como os aminoácidos constituem no material que os animais necessitam para construir seus tecidos (musculatura, tendões, etc) e fazer a reposição de células. As exigências de proteína para crescimento, produção, reprodução e ou trabalho, incluem a quantidade necessária para a manutenção doa animais. A necessidade para manutenção aumenta com o tamanho do corpo, mas decresce com a aproximação do animal à maturidade devido a diminuição da necessidade de proteína nos tecidos corporais. Não há relação constante entre as exigências de um animal jovem e adulto. Por isso, as necessidades são estabelecidas para diferentes estágios de crescimento e atividades fisiológicas dos animais, sempre atendendo a demanda para produção, reprodução e trabalho. A manutenção do balanço de nitrogênio nos búfalos deve ser proporcionada na quantidade suficiente que permita o processo metabólico, a perda pelas fezes, além de proporcionar o crescimento, a produção e a reprodução. A proteína para lactação deve ser oferecida ao animal na quantidade suficiente da necessidade requerida para manter as exigências de seu corpo, da quantidade necessária para a secreção do leite e freqüentemente, para permitir o desenvolvimento de um embrião. Durante o estágio inicial da lactação, com animais de alta produção, é difícil atender esse objetivo. Sob essas circunstâncias, o animal retirará das reservas corporais as suas necessidades. Isto é crítico, uma vez que a necessidade de nutrientes, incluindo a proteína deve ser fornecida ao animal durante este período. 3.4.3 Minerais Ainda, segundo KEARL (2006) os minerais estão constantemente sendo excretados através do corpo do animal, assim é necessária uma constante suplementação dos nutrientes perdidos. Alguns dos elementos minerais perdidos são 24 25 reciclados, outros são excretados através da urina, fezes e pele e que em virtude de toda essas perdas endógenas, o animal requer uma suplementação relativamente constante destes para sua manutenção. Também são requeridos minerais para crescimento, produção e reprodução. As necessidades de minerais em búfalos incluem, sódio, cálcio, fósforo, enxofre, cloro, cobalto, magnésio, potássio, iodo, ferro, manganês, zinco, selênio e cobre. Minerais como o cálcio e fósforo, devem ter uma necessidade de apenas 40 a 50%. A exigência diária de cálcio e fósforo tende a declinar com o avanço da idade dos animais decorrente à habilidade de absorção de cálcio e fósforo dos intestinos dos animais mais velhos tende a diminuir. O sódio e o cloro são elementos essências na nutrição de búfalos e podem ser economicamente utilizados pela simples adição do sal comum na dieta. 3.4.4 Cálcio Segundo KEARL (2006) a necessidade líquida dos animais para o cálcio é calculada a partir do consumo e das várias perdas endógenas e da quantidade retirada no corpo ou secretada com leite. A necessidade de cálcio para a manutenção de búfalas adultas é de aproximadamente 23 a 25g / dia. O cálcio contido no leite produzido deve ser adicionado nas necessidades de manutenção. As novilhas também necessitam de cálcio adicional para garantir o seu crescimento durante sua primeira e segunda lactação. 3.4.5 Fósforo Segundo KEARL (2006) o fósforo é talvez o mais deficiente mineral da dieta dos bovinos em todo o mundo. A maioria das forragens naturais contém baixo nível de fósforo. 25 26 Estes alimentos sendo os mais utilizados na nutrição dos ruminantes, muito cuidado se deve tomar para garantir que a dieta contenha quantidade suficiente para satisfazer todas as necessidades de manutenção, crescimento, gestação e lactação. 3.5 MASTITE Segundo TONHATI et al, (1999) o leite está presente em nossa dieta diária, contribuindo com o fornecimento de gordura, proteína, carboidratos, minerais, vitaminas e oligoelementos. É internacionalmente utilizado para combater a hipovitaminose, raquitismo, osteoporose e constitui a fonte mais importante de riboflavina, vitamina B12, cálcio entre outros. Entre as doenças que acometem os animais e constituem sérios problemas na produção leiteira, destaca-se a mastite. Esta enfermidade acomete todas as espécies de mamíferos, mas assume importância naquelas destinadas à produção de leite, como bovinos, caprinos, ovinos e bubalinos. Embora a mastite ocorra nas diferentes espécies animais, a maioria dos estudos realizados que visam elucidar o problema estão voltados para o rebanho bovino. Em bubalinos, poucas são as informações sobre o assunto. A mastite caracteriza-se por ser um processo inflamatório da glândula mamária. Além da causa infecciosa, a mastite pode ter outras: traumática, metabólica, fisiológica (nos primeiros dias de lactação e na interrupção da lactação), alérgica e psicológica. A mastite infecciosa é a mais importante porque não é autolimitante, podendo evoluir para um quadro de septicemia. É contagiosa e tem baixa porcentagem de cura espontânea. Quanto a intensidade do processo e forma de evolução, a mastite é classificada como: clínica, aguda, sub aguda e crônica ou sub clínica. A mastite clínica é caracterizada por alterações da glândula mamária e / ou leite.Na forma clínica aguda, a glândula mamária apresenta sintomatologia evidente do processo inflamatório: edema, dor, calor, rubor, ou seja, o quarto apresenta-se inchado, mais quente, avermelhado e o animal reage ao toque devido a dor. Estes sintomas podem ser acompanhados ou não de alterações da característica do leite. A forma subaguda 26 27 manifesta-se apenas pelas alterações características do leite, descoloração, presença de grumos, filamentos, pus ou sangue. Na crônica é observado fibrosamente o endurecimento do quarto, total ou parcial e alterações no leite (grumos, coágulos, etc), (TONHATI et al, 1999). Uma vaca com mastite tem sua produção afetada em qualidade e em quantidade. A composição do leite produzido e em conseqüência a qualidade, sofre influência direta da mastite sub clínica. Observa-se um menor teor de lactose, caseína, gordura, cálcio, fósforo e um aumento de imunoglobulinas, cloretos, lipase (esta enzima provoca a rancificação das gorduras e ranço nos derivados). O leite torna-se inadequado para o consumo e produção de derivados podendo ser rejeitado na plataforma de usina. Os principais microorganismos de mastite foram agrupados quanto à sua origem e modo de transmissão em dois grupos: microorganismo contagioso, transmitido principalmente durante a ordenha, presentes principalmente no corpo do animal com ou sem mastite e os chamados de microorganismos ambientais, presentes no ar, cama, água e fezes. Estão classificados no primeiro grupo: Streptococcus agalactiae, Streptococcus dysgalactiae, Stapyilococcus sp, Staphylococcus aureus, Corynebacterium bovis. No segundo grupo: Streptococcus uberis e outros estreptococcus à exceção dos citados acima (TONHATI et al,1999). A principal porta de entrada de microorganismos é o orifício do teto. Portanto, o canal do teto com boa oclusão, é a primeira barreira e uma das principais para evitar a penetração de microorganismo na cisterna da glândula. Os programas de controle da mastite tem como objetivo reduzir à ocorrência deste e deve ser baseado em quatro aspectos fundamentais: Quanto a fonte de infecção: o diagnostico, o tratamento ou descarte do animal doente; Em relação ao susceptível, ou seja, animais sadios e glândulas mamárias sem mastite; aspectos ligados a higiene de ordenha, a nutrição e ainda futuramente na seleção de animais mais resistentes; Em relação às vias de transmissão: higiene de ordenha e meio ambiente; 27 28 É o mais importante, a conscientização dos produtores quanto a seriedade do problema devido as perdas econômicas e melhor qualificação da mão de obra, tratadores e ordenhadores. Os métodos mais utilizados para identificação dos casos de mastite subclínica são: contagem celular do leite, contagem celular individual e / ou leite da pequena mistura, testes indiretos como Califórnia Mastitis Test (CMT), acompanhados de exames microbiológicos sempre que necessários e do registro de casos clínicos. Diferentes programas de controle podem utilizar diferentes estratégias para se atingir o mesmo objetivo. A redução do número e duração das novas infecções é conseguido pelo tratamento e pelo descarte de animais com mastite recorrente e de difícil tratamento (TONHATI et al, 1999). 28 29 4 LEITE DE BÚFALA 4.1 ATRIBUTOS TECNOLÓGICOS: Segundo BENEVIDES (1998) nos últimos anos tem sido realizado um intenso trabalho visando a implantação da bubalinocultura no Brasil. O búfalo, como animal leiteiro, é reconhecido em muitos países asiáticos há tempos. No Brasil, está havendo um aumento crescente na criação desses animais, principalmente na produção leiteira, devido ao elevado teor de sólidos totais de seu leite, essencialmente a gordura, cujo plenamente viável tanto para consumo direto, quanto para a produção de derivados. Embora sendo uma alternativa tecnológica viável, o leite bubalino apresenta características organolépticas indesejáveis quando consumido integralmente. Este quadro se reverte quando há padronização da gordura para 2% a 3%. A Secretaria de Inspeção de Produtos de Origem Animal do estado do Paraná (SIPOA- PR), através da Portaria nº 236, permite a incorporação de até 30% do leite bubalino ao bovino, desde que seja incluída esta especificação no rótulo. Entretanto, até o presente momento, não há legislação específica quanto aos critérios de seleção deste tipo de leite. A produção mais importante do búfalo é, sem dúvida, a de leite, que varia segundo o país e região. Na Índia, produções diárias de 7 – 8 kg (quilogramas), em lactações com 285 dias de duração, são comumente observadas. Na Bulgária, vários rebanhos apresentam média diária de produção ao redor de 12 kg (quilogramas). No Brasil, temos a recordista nacional de produção leite, a búfala Limeira, com a marca de 4.654 kg (quilograma) na segunda lactação (BENEVIDES, 1998). Em relação a qualidade do leite de búfala e suas características físico-químicas, o mesmo apresenta características muito próprias que permitem sua fácil identificação sob o ponto de vista físico químico e organoléptico. Seu sabor é peculiar, ligeiramente adocicado e é muito mais branco quando comparado ao leite de bovino, devido a ausência quase total do caroteno (pró-vitamina A) em sua gordura. Possui acentuada diferença em relação ao leite de vaca e estas se manifestam desde o colostro. 29 30 É na qualidade do leite bubalino que reside a maior vantagem desses produtos. É mais concentrado do que o leite bovino, apresentando menos água e mais matéria seca. Possui teores de proteínas, gordura e minerais que superam consideravelmente os do leite da vaca. Portanto, é no seu aproveitamento industrial que está sua grande importância por proporcionar produtos lácteos de qualidade inimitável ao leite bovino como por exemplo, a muzzarella e o iogurte. Seu rendimento industrial é efetivamente extraordinário, chegando comparativamente a suplantar o rendimento do leite bovino em mais de 40%. As composições químicas do leite bubalino e bovino, segundo diferentes autores, são apresentadas na TABELA 2. Não há dúvida de que, em relação ao bovino, o leite bubalino possui muito menos água; o teor de gordura é sempre mais elevado; os teores de proteína e caseína são bem mais elevados. Quanto ao conteúdo mineral, é elevado para bubalinos, conforme pode ser observado pelos valores apresentados. Os dados encontrados à respeito do leite de búfala são muito variados, o que é normal, considerando diversos fatores que agem sobre a mesma. Tem especial importância na composição do leite as condições do clima, alimentação, raça e manejo. TABELA 2. Composição Química do Leite Bubalino e Bovino Grupo Água Matéria Seca Gordura Proteína Minerais Carabao 79,64 20,36 9,65 5,26 - Mediterrâneo 81,10 19,90 8,50 4,50 0,84 Murrah 81,69 18,31 8,03 4,51 0,91 Holandês 87,85 15,15 3,60 3,25 O,70 Sindi 88,40 16,60 4,19 - 0,70 Bubalinos Bovinos Fonte: BENEVIDES, 1998. Na Itália, o leite de búfala nunca é destinado ao consumo “in natura”, ao contrário do que ocorre na Índia e outros países asiáticos. Lá, a população o consome após desnate parcial ou mesmo integral. 30 31 Os valores comparativos quanto à porcentagem de cálcio e fósforo no leite estão representados na TABELA 3. TABELA 3. Valores Comparativos Quanto à % de Cálcio e Fósforo no Leite de Búfala e de Vaca. Cálcio Fósforo Bubalino Bovino 0,18 0,12 0,12 a 0,13 0,10 a 0,20 Fonte: BENEVIDES, 1998. No que se refere ao tempo de coagulação, o leite bubalino requer menos tempo do que o leite bovino, representando melhor desempenho industrial. Na Itália, a produção do leite de búfala é quase que totalmente destinada à indústria de muzzarella, queijo típico de massa seriada mole, que deve ser obtido exclusivamente com leite integral de búfala. Há quem confunda a: “flor de leite” (impropriamente chamada de muzzarella de vaca, que é um queijo semelhante, feito de massa seriada mole, porém de leite bovino). A transformação de leite bubalino em “muzzarella” produz um rendimento médio de 25-26%. BENEVIDES (1998), publicou um quadro comparativo entre o leite de búfala e o leite de vaca (TABELA 4). • 100g de leite contêm: TABELA 4. Composição Centesimal Leite de Búfala e de Vaca Leite Calorias Proteína (g) Lipídeos (g) Cálcio (mg) Fósforo (mg) Ferro (mg) Búfala 115 5,2 8,7 210 101 0,1 Vaca 63 3,1 3,5 114 102 0,1 Vitaminas B1(U.I) B2 (U.I) B3 (U.I) C (U.I) Búfala 0,04 0,16 0,1 1 Vaca 0,04 0,14 0,2 1 Fonte: BENEVIDES, 1998. O colesterol existente no leite de búfala representa 0,16% da quantidade de gordura; no leite de vaca, esse teor é de 0,5%. Desta forma, se o leite de búfala possuir 6,25% de gordura (pode variar de 4,5% a 8%, dependendo da estação do ano, da idade da cria e da comida) e o leite de vaca 3,5%, teremos em 100 gramas de leite: 31 32 • búfala: com teor de gordura de 6,25%, colesterol 10,0 mg ; • vaca: com teor de gordura de 3,5%, colesterol 17,5 mg, nesse caso, pode-se dizer que esse leite de vaca possui 75% mais colesterol do que esse de búfala (BENEVIDES, 1998). 4.2 MICROORGANISMOS DO LEITE Segundo WOLF (1998) o leite contém também não só microorganismos que já possuía ao sair do úbere da vaca, mas também os procedentes de contaminação (meio ambiente, manuseio, etc.). Quase todos os microorganismos podem se desenvolver bem no leite, que é um excelente meio de cultivo. Entre eles temos: mofos, leveduras e principalmente bactérias. As bactérias podem fazer parte da flora normal do leite, sendo chamadas de bactérias láticas ou então estar presentes no leite, principalmente se a coleta não for higiênica. Entre as bactérias láticas, temos: • Streptococcus thermophilus e Lactobacillus bulgaricus: são utilizadas na fabricação de iogurte e queijos; • Streptococcus lactis e cremoris: largamente utilizados na fabricação de queijo; • Streptococcus agalactiae: responsável pela mamite; • Lactobacillus acidophilus e lactis: usados na fabricação de bebidas fermentadas. Entre as bactérias não láticas, temos: • Coliformes: são indicadores de recontaminação do leite pasteurizado, podendo ser de origem fecal. São destruídos à temperatura normal de pasteurização. Exemplo: Escherichia coli, Aerobacter aerógenes. • Bactérias butíricas: são comuns na silagem e terra. Ocasionam o estufamento dos queijos, pois liberam esporos termoresistentes. Exemplo: Clostridium butiricum. • Bactérias proteolíticas: Exemplo:Bacillus subtillis 32 33 • Bactérias lipolíticas: Exemplo: Pseudomonas fluorescens • Bactérias patogênicas: podem ser procedentes do animal, do homem, ou do meio ambiente. Procedentes do homem: Salmonella typhi e Shigella dysenteriae. Procedentes do animal: Mycobacterium tuberculosis bovis e Brucella abortus. 4.3 PROVAS FÍSICO-QUÍMICAS Segundo WOLF (1998) as provas físico-químicas realizadas no leite são as provas de Alizarol, Acidez do Leite (Método Dornic), Densidade do Leite, Determinação de Gordura, Teste de Redutase, Crioscopia do Leite e Pesquisa de Fosfatase. 4.3.1 Prova de Alizarol Segundo OLIVEIRA (2002) este teste indica através da coloração, o perfil do leite naquele momento, se é ácido, neutro ou alcalino, sem, no entanto, quantificar o grau de cada situação, mas de posse do resultado, podemos ter idéia da qualidade do leite com relação a população microbiana, se é baixa ou alta, se este leite suportará a pasteurização ou não. WOLF (1998) descreve o teste: -Material: Acidímetro de Salut -Reagente: Alizarol (álcool à 72º G.L., adicionado de um indicador de pH – a alizarina). -Técnica: Através do acidímetro de Salut, coletar a amostra do leite (2 mL), com um movimento de inversão, despejar no tubo de vidro do acidímetro a amostra de leite e 2 mL de Alizarol ( que está no depósito do acidímetro). Agitar e observar a cor formada, descartando a mistura em seguida para continuar as análises. O resultado interpretado está presente na TABELA 5. 33 34 TABELA 5. Interpretação do teste de Alizarol LEITE COLORAÇÃO Normal Rosa-lilás Ácido Amarelo ou com coagulação Alcalino Arroxeado-violeta Fonte: OLIVEIRA,J.F.S., 2002 4.3.2 Acidez do Leite ( Método Dornic) Segundo OLIVEIRA (2002) é um teste que permite qualificar o grau de acidez do leite. É de fácil execução e é feito depois que se realiza o teste com Alizarol. Para a determinação da acidez Dornic, basta ter uma amostra de 10 mL de leite, adicionar 3 gotas de fenolftaleína e 1,8 mL de Dornic e interpretar o resultado. WOLF (1998) descreve o teste: -Material: Acidímetro Dornic, Copo de Becker ou frasco de Erlenmeyer de 125 mL, Pipeta de 10 mL e Frasco conta-gotas. -Reagentes: Solução Dornic (Hidróxido de Sódio), Fenolftaleína 1% SI. -Técnica: Pipetar 10 mL de amostra homogeinizada para o copo Becker ou erlenmeyer, juntar 3 gotas de fenoftaleína SI, dosear com Solução Dornic, agitando até a viragem da cor para “ Róseo Discreto”, que deve permanecer por 20-30 segundos. O leite normal representa 15º Dornic a 18º Dornic de acidez (WOLF, 1998). Um leite que apresenta acidez Dornic abaixo de 14º indica fraude com água, mastite ou presença de antibiótico (OLIVEIRA, 2002). 4.3.3 Densidade do Leite De acordo com WOLF (1998): - Material: Proveta graduada de 250 mL e Termo lacto densímetro. -Técnica: Adicionar cerca de 250 mL de leite na proveta, evitando a formação de espuma, colocar o termo lacto densímetro girando-o; após estabilização observar na escala o ponto onde se forma a linha de leite e a temperatura do leite. Utilizar a tabela para correção de densidade a 15ºC. 34 35 -Observações: Densidade normal do leite a 15ºC: 1.028,0 a 1.033,0 gramas/litro. 4.3.4 Determinação de Gordura Segundo WOLF (1998): -Material: butirômetros de Gerber para leite, medidor automático de 10 mL para ácido Sulfúrico, medidor automático de 1 mL para ácido Amílico, pipeta volumétrica de 11 mL para leite, rolha dupla cônica para butirômetro, estante para butirômetros, centrífuga elétrica 1.000 - 1.400 rpm e banho Maria regulado a 62º - 65º. -Reagentes: ácido sulfúrico densidade 1.820 - 1.825 e álcool amílico densidade 0,815. -Técnica: colocar no butirômetro de Gerber 10 mL de ácido sulfúrico, pipetar lentamente no início gota a gota e pela parede de butirômetro 11 mL do leite previamente homogeinizado, adicionar 1 mL de álcool amílico, limpar internamente a boca do butirômetro e vedar com a rolha de borracha dupla cônica, envolver em toalha e agitar energicamente, levar o butirômetro à centrífuga por 3 a 4 minutos. Deixar em banho maria 62 - 65ºC por 2 minutos. Fazer a leitura imediatamente, por diferença de fases na escala do butirômetro. 4.3.5 Teste de Redutase Segundo WOLF (1998) este teste constitui um método indireto bastante rápido para se ter uma idéia aproximada da qualidade bacteriológica do leite cru, apesar de nem sempre haver uma relação direta entre o tempo de redução do corante (azul de metileno) e o número de microorganismos presentes do leite, pois existem limitações como: tipos de microorganismos presentes, temperatura do teste (37ºC), presença de inibidores, exposição à luz, etc. -Material: pipeta de 10 mL e 1 mL, tubo de ensaio com tampa e banho Maria regulado à 37ºC 35 36 -Indicador: solução azul de metileno (um tablete ou pastilha de tiocianato ou cloreto de azul de metileno dissolvido em 200 mL de água esterilizada, conservada em frasco âmbar e em geladeira). -Técnica: Em um tubo de ensaio (de preferência esterilizado), colocar 10 mL do leite a ser analisado, deixar em banho Maria a 37ºC por alguns minutos, adicionar 1 mL da solução de azul de metileno e inverter o tubo por três vezes (lentamente) para misturar o corante – o leite tomará uma coloração azul claro, voltar o tubo para banho maria e marcar o horário inicial, fazer observações a cada 30 minutos procedendo à inversão do tubo lentamente e reintubando o tubo se permanecer com coloração azul (mesmo fraca), se houver descoloração para branco, anotar o tempo gasto e classificar o leite segundo o tempo: Leite tipo A mínimo de 5:30 horas para reduzir; Leite tipo B mínimo de 3:30 horas para reduzir e Leite tipo C mínimo de 2:30 horas para reduzir. 4.3.6 Crioscopia do Leite Segundo WOLF (1998): -Material: crioscópio de Beckmann completo, água destilada fervida e resfriada, gelp picado. Sal fino e kit para acidez Dornic. -Técnica: Colocar na cuba metálica, três partes de gelo picado, uma parte de sal e duas partes de água (mistura frigorífica), ajustando a temperatura para 6ºC à – 8ºC; determinar o ponto de congelamento da água destilada, fervida e resfriada. Anotar o resultado; colocar a amostra de leite no tubo de vidro, adaptando o termômetro de Beckmann até que o bulbo seja coberto; adaptar o tubo de vidro na tampa da cuba metálica e usar o agitador da amostra e da mistura frigorífica com regularidade, até a temperatura indicada no termômetro de Beckamnn se estabilizar, após descer e subir. Anotar a temperatura lida; determinar a acidez Dornic do leite e fazer a conversão para constante K. 36 37 4.3.7 Fosfatase Segundo WOLF (1998): O reativo trabalho deve ser preparado conforme a bula do kit, ou seja, misturar o conteúdo de um frasco “2” (substrato) ao de um frasco “1” (tampão). Esse reativo de trabalho é estável por uma semana, armazenado em geladeira. -Técnica: Pipetar para um tubo de ensaio 2 mL (40 gotas) do reativo de trabalho e 0,2 mL (4 gotas) do leite pasteurizado. Misturar e deixar em repouso por 3 minutos à 37ºC ou 6 minutos à temperatura ambiente. -Interpretação: O leite bem pasteurizado não produzirá mudança de cor na mistura (verde claro). O leite cru ou mal pasteurizado produzirá uma mudança de cor para amarelo forte. 37 38 5 MUZZARELLA DE BÚFALA A tradicional muzzarella é originária da Itália do século XVI, produzida exclusivamente com leite de búfala cru (GHOSH & SINGH, 1990). É um queijo italiano, elaborado com leite de búfala nas regiões do Lácio e da Campânia, de pasta cozida, mole e sem casca (GHOSH & SINGH, 1990). A muzzarella foi introduzida no Brasil em 1922, pelo conde Matarazzo, que trouxe da Itália vinte e duas búfalas e dois machos para produção de muzzarella para consumo próprio. Diz que, ainda na Itália, país de origem da muzzarella, somente é permitido o uso deste nome para produtos elaborados exclusivamente com leite de búfala (SILVA, 2002). Conforme a FIGURA 3 que ilustra a muzzarella. FIGURA 3 Muzzarella de Búfala Para a produção de uma boa muzzarella, segundo INTRIERI et al (1998) o leite de búfala deve possuir uma ótima composição físico-química, condição microbiológica adequada, ausência de odores, sabor normal e ausência ou baixíssimo conteúdo de toxinas. Este é um queijo de massa filada e que têm como característica o formato (bolas de vários tamanhos, nozinhos, manta, trança,etc.), a cor (porcelana), o odor (perfume de musgo molhado na chuva), e o aspecto (“faccia”), pele lisa e brilhante. Ao ser cortada ao meio, deve apresentar textura resistente elástica, as duas metades devem soltar leite e perfume característico (durante 2 a 3 dias), descascar como 38 39 cebola (2 a 3 peles) e o centro da bola deve apresentar, esporadicamente pequenos buraquinho (CITRO, 1993). Conforme a FIGURA 4 que ilustra o nozinho. FIGURA 4 Queijo Tipo Nozinho de Muzzarella A avaliação química e nutricional do queijo muzzarella está descrito na TABELA 6 e a composição mineral está na TABELA 7. TABELA 6. Avaliação química e nutricional do queijo muzzarella Parâmetros determinados (%) Muzzarella Búfala Vaca Umidade 48,00 53,00 Proteína 43,20 34,00 Gordura 44,10 38,50 Cinzas 4,64 3,77 Extrato seco total 52,00 47,00 Fonte: OLIVEIRA et al, 1993. TABELA 7. Composição mineral do queijo muzzarella. Minerais Muzzarella Búfala Vaca Cálcio (%) 2,35 2,10 Fósforo (%) 1,43 1,05 Potássio (%) 0,80 0,80 Magnésio (%) 0,06 0,06 Ferro (%) 125 53 Fonte: OLIVEIRA et al, 1993. 39 40 5.1 Elaboração do Queijo Muzzarella Segundo SBRT (2006) o principal critério para obtenção de um bom produto, é a qualidade de sua matéria-prima. No caso do queijo tipo muzzarella, é a qualidade do leite utilizado. Todavia, só um bom leite não basta. É preciso ainda um monitoramento completo de todas as etapas de produção: recebimento do leite, análises e classificação, pasteurização, maturação do coalho, filagem da massa, moldagem das bolas, resfriamento das peças, salga, embalagem, estocagem e o transporte do produto até sua entrega nos mais diversos pontos de venda e consumo, sendo que a correta padronização do produto é essencial para se ter uma qualidade constante. Este queijo é designado para consumo em pizzarias, restaurantes, churrascarias, entre outros, na elaboração de pratos como massas, saladas, rocambole, aperitivos, etc. As etapas da fabricação do queijo muzzarella, estão descritas no fluxograma a seguir. A metodologia empregada foi descrita por CITRO (1993). 40 41 Fluxograma de elaboração do queijo muzzarella a partir do leite búfala Recepção do leite Filtração Pasteurização lenta (65ºC – 30 min) Resfriamento (35ºC) Adição de coadjuvantes (soro fermento/ coalho 30ºC) Coagulação (37ºC – 40 min) Corte em liras de 1,0 - 1,5 cm de aresta Agitação Aquecimento Fermentação Filagem (água 90ºC) Moldagem Resfriamento (5ºC) Embalagem Consumo 41 42 6 LEGISLAÇÃO De acordo com o Regulamento Técnico da Inspeção Sanitária e Industrial para Leite e seus Derivados, anexo da Resolução nº 065/05 (SIP / POA do Paraná). - Disposições preliminares: No artigo 4, o leite normal é o produto que atenda aos seguintes parâmetros: I – Quanto aos requisitos físico-químicos: a) caracteres de cor, sabor,odor e consistência normais; b) teor de gordura mínimo 3%; c) acidez de 14 a 18º Dornic; d) densidade a 15º C de 1,028 a 1,034 g / mL; Conforme o artigo 6, é proibido produzir ou processar leite em desacordo às exigências higiênico-sanitárias, independente da quantidade. Ainda em parágrafo único: As exigências higiênico-sanitárias abrangem o trato do gado leiteiro, os recipientes de acondicionamento e armazenamento, os equipamentos e utensílios, os veículos de transporte e os funcionários que mantenham contato direto com o produto. No artigo 7, é obrigatório resfriar o leite a no mínimo 7ºC em no máximo três horas após a ordenha. Ainda em parágrafo único: A partir de 1º de julho de 2008 será obrigatório resfriar o leite a no mínimo 4ºC não podendo ultrapassar 7ºC em no máximo três horas após a ordenha. Conforme o artigo 9, é permitida a entrega de leite em temperatura ambiente nos estabelecimentos industriais, desde que: I - da ordenha à entrega não tenha transcorrido lapso superior a duas horas; II – estabelecimento recebedor esteja apto ao processamento desse produto; III – a propriedade que abriga os animais realize uma única ordenha por dia. No artigo 21, os vasilhames, tanques, equipamentos e utensílios empregados na ordenha, transporte, resfriamento, acondicionamento e coleta do leite deverão atender os seguintes requisitos: 42 43 I – serem de material com perfeito acabamento e com formato que facilite sua lavagem; II – estarem limpos e desinfetados antes e após sua utilização. Conforme o artigo 43, é permitida a pasteurização mediante processo que submeta o leite à temperatura de 72ºC a 75ºC durante 15 a 20 segundos, exclusivamente em equipamentos de pasteurização a placas dotados de painel de controle com termo-registrador automáticos, válvula automática de desvio de fluxo, termômetros e torneiras de prova. No artigo 80, a água utilizada na fabricação do queijo deverá atender aos padrões de palatabilidade. Conforme o artigo 85, o queijo deverá ser embalado em material apropriado, higiênico e impermeável. No artigo 86, a data de fabricação do queijo fresco é a data final de sua elaboração. A Resolução ANVISA RDC 360 / 03 – Regulamento Técnico sobre Rotulagem Nutricional de Alimentos Embalados, torna obrigatória a rotulagem nutricional, baseada nas regras estabelecidas com o objetivo principal de atuar em benefício do consumidos e ainda evitar obstáculos técnicos ao comércio. As porções indicadas nos rótulos de alimentos e bebidas embalados foram determinadas com base numa dieta de 2000 kcal, considerando uma alimentação saudável e foram harmonizadas com outros países do Mercosul. Esta publicadas na Resolução ANVISA RDC 359 / 03 – Regulamento Técnico de Porções de Alimentos Embalados para fins de Rotulagem Nutricional. 43 44 7 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES 7.1 OBTENÇÃO HIGIÊNICA DO LEITE 7.1.1 Instalações da Ordenha O estabelecimento denominado Fazenda Antonina, é estruturado com piquetes, estábulos, esterqueira, entre outros. Para a ordenha, existe uma instalação adequada composta de mangueiras com três divisórias e servidas de cochos e pisos em alvenaria. O estábulo é coberto com paredes em alvenaria, telhado comum, e o piso também sendo de alvenaria. Para a ordenha propriamente dita, as búfalas são introduzidas a partir da mangueira para um corredor com quatro repartições em forma de tronco, a fim de serem instaladas quatro búfalas por vez, entre si fechadas com porta de correr. O brete na altura da úbere da búfala, contêm uma abertura à fim de higienizá-la com água limpa, sendo que para cada animal, há disponível uma mangueira com torneira, dispondo de água corrente. 7.1.2 Manejo Sanitário Na Fazenda Antonina, logo que a búfala cria, lhe é ministrado um desverminador que preferentemente alcance a fascíola hepática e o bezerro nos primeiros dez dias de vida também é desverminado e subseqüentemente de trinta em trinta dias enquanto mamar. As fêmeas são vacinadas dos quatro aos oito meses contra brucelose e uma vez por ano, ou até duas vezes por ano, são feitos os exames de brucelose e tuberculose em todas as búfalas adultas. Todos os animais são vacinados em maio e novembro de cada ano contra febre aftosa e uma vez por ano contra raiva. Sendo os búfalos animais rústicos, dificilmente são acometidos de doenças. No inverno, é comum surgirem piolhos, contra os quais é feita aplicação (pour-on) de piolhecida. 44 45 Com relação à higienização, os ordenhadores usam roupas limpas, higienizam as mãos e os utensílios da ordenha bem como: baldes, galões, teteiras, funil peneira etc. Todos os utensílios utilizados na ordenha, bem como o local da ordenha, mangueiras anexas ao estábulo, são devidamente higienizados com um produto denominado Sani-Clean, que é um detergente alcalino líquido clorado para limpeza de ordenhadeiras, resfriadores, latões e indústria de leite, cuja composição química é: sanitizante, alcalinizante, tensoativo não iônico e água e sua dosagem é de 100 a 200 ml do produto Sani-Clean para cada 10 mL de água. Um dos fatores mais importantes no sucesso de laticínios com produtor de qualidade superior, é a transformação higiênica do leite bubalino. Dessa maneira, máximo rigor deve ser observado na limpeza das instalações, dos animais, dos ordenhadores e dos utensílios. 7.1.3 Manejo de Ordenha Os procedimentos de ordenha são realizados por volta das 5:30 horas / 6:00 horas da manhã, uma vez por dia e inicia-se com o recolhimento das búfalas até a mangueira, sendo que os bezerros já ficam internados em sua mangueira à contar da tarde do dia anterior. As búfalas são introduzidas a partir do piquete, para um corredor com quatro repartições em forma de brete, a fim de serem instaladas quatro búfalas por vez. O brete na altura da úbere da búfala contém uma abertura afim de higienizá-la com água limpa. Após a lavagem da úbere e secagem com papel toalha, a búfala é identificada através de brincos e a partir dessa identificação, o seu bezerro também é identificado através de brincos e encaminhados até a búfala. Os bezerros permanecem numa mangueirinha ao lado, onde uma vez identificados, são encaminhados até a búfala e iniciam o apojo. Nesta etapa o bezerro só mama até o apojo, quando é colocado ao pé da vaca, através de uma corda no pescoço. Após nova higienização da úbere, é iniciada a ordenha através do sistema de ordenha mecânica, conforme FIGURA 5. 45 46 FIGURA 5 Ordenha Mecânica O leite é coletado em galão de aço e quando cheio, é transferido deste, para galões de leite passando por um funil peneira. Realizada a ordenha, solta-se o bezerro, que aproveita e faz o repasse, mamando o que lhe foi deixado. Normalmente, é dotado o critério de deixar um teto para o bezerro até ele atingir dois meses de idade. Após esses dois meses e dependendo do desenvolvimento corporal do bezerro, passa ele a só fazer o apojo e o repasse, alimentando-se prioritariamente de capim, pequena porção de ração e tendo à sua disposição sal mineral. Após a ordenha, as búfalas saem do corredor retro mencionado e dirigem-se ao piquete acompanhadas dos bezerros, sendo que, depois que todas as búfalas foram ordenhadas, é feita a separação dos bezerros que não acompanham as mães ao pasto e dos bezerros com idade inferior à dois meses, que são encaminhados com as mães ao pasto. Este procedimento ocorre por volta das 9:00 horas da manhã e o retorno das búfalas e dos bezerros ocorre por volta das 15:00 horas da tarde. As búfalas são alimentadas nos cochos disponíveis dentro da mangueira com capim triturado, recebendo como cobertura pequena porção de farelo de soja e em outro cocho, fica à sua disposição sal mineral. Na Fazenda Antonina, é de costume realizar um controle leiteiro, que consiste em uma vez por mês, aferir mediante pesagem, a produção de leite de cada búfala. O 46 47 processo da ordenha é o mesmo, sendo que depois de ordenhar a búfala, o leite é colocado em um balde de alumínio, devidamente higienizado, e colocado sobre da balança eletrônica de precisão, com capacidade para 15 kg, não esquecendo de desconsiderar o peso do balde (TABELA 8). TABELA 8. Controle Leiteiro (Fazenda Antonina – setembro / outubro) Búfalas – nº Setembro (litros/ leite) Outubro (litros/ leite) Nº 278 4,820 4,210 Nº 681 6,870 8,300 Nº 40 4,470 6,370 É comum as búfalas produzirem leite durante oito à nove meses, período que o bezerro acompanha à búfala. Quando à búfala cria, o leite colostro é destinado integralmente ao bezerro, passando à destinação deste para queijo, após um período e uma avaliação que varia de oito a dez dias após o nascimento do bezerro. Realizada a ordenha, o leite é coletado em tambores, denominados galões de leite e transportados com auxílio de um trator, do estábulo até a queijaria. Pelo atual regulamento do Serviço de Inspeção do Estado do Paraná, Art 9º, é permitida a utilização de tratores e galões para o transporte do leite, nos caos de uma só ordenha por dia e desde que, entre a ordenha e a chegada do leite ao laticínio, não haja defasagem superior à duas horas, e mesmo assim, limitada a entrega até as dez horas da manhã. 7.1.4 Recepção do Leite O local de recepção do leite de búfala é coberto. Ao chegar ao laticínio, os galões são observados visualmente e em seguida, estando em condições, abrem-se os galões para realizar o Teste de Alizarol. Trata-se de um teste que irá indicar, através da coloração, o perfil do leite naquele momento, se é ácido, neutro ou alcalino, sem, no entanto, quantificar o grau de cada situação, mas de posse do resultado, pode-se ter idéia da qualidade do leite com relação a população microbiana, se é alta 47 48 ou baixa e se suportará a pasteurização ou não. O teste consiste em pegar uma amostra de alizarina igual a amostra do leite, misturando-as de forma homogênea e interpretar o resultado: • Leite normal = coloração rosa lilás • Leite ácido = coloração amarelo ou com coagulação • Leite alcalino = arroxeado - violeta Caso haja reprovação, o leite retorna para o produtor e é descartado. O leite que permanece, ainda passa por alguns testes, o Dornic, o Redutase e os teste realizados em laboratório, com mostra a tabela 9. O teste Dornic, permite qualificar o grau de acidez do leite. Para determinação da acidez Dornic, basta pegar uma amostra de 10 mL de leite, adicionar três gotas de fenolftaleína e 1,8 mL de solução Dornic e interpretar o resultado (OLIVEIRA, 2002) • Coloração branca = graus Dornic > 18º • Coloração rósea discreta = graus Dornic + ou – 18º • Coloração rósea = graus Dornic 16 a 17º • Coloração avermelhada = graus Dornic < 15º O teste de Redutase, constitui um método indireto e rápido para se ter uma idéia aproximada da qualidade bacteriológica do leite cru. Para realizar o teste, pegase uma amostra de 10 mL de leite e adiciona-se 1 mL de azul de metileno. O leite tomará coloração azul claro e é colocado em banho-maria, marcando o horário inicial. Fazer observações a cada 30 min. Se o leite apresentar coloração branca, é reprovado. No caso de leite reprovado, este é utilizado para alimentar bezerro, puro ou misturado com farelo de soja. Realizados os exames, o leite é encaminhado para um tanque de recepção, localizado na parte externa do laticínio, com capacidade para 100 litros. O leite é despejado e este por sua vez, tem conecção com o pasteurizador, que fica dentro do laticínio. 48 49 TABELA 9. Análise do leite (Fazenda Antonina – 30/05/06) Amostragem Proteína % Gordura % Sólidos totais % Lactose % CCS (x1000) C.B.T (x1000) FA 1 3,63 5,47 15,43 5,22 25 1,716 FA 2 3,51 5,95 15,65 5,10 84 267 7.1.5 Elaboração Para poder entra no laticínio, os funcionários devem vestir uniformes e botas brancas, devem cortar as unhas, usar uma toca para proteger o cabelo e passam por um pedilúvio com água clorada. Conforme a FIGURA 6, que ilustra o pediluvio. FIGURA 6 Pediluvio Na sala de produção, o pasteurizador eleva a temperatura do leite à 75ºC e em seguida, abaixa para 30ºC. Tem capacidade de pasteurizar 100 litros de leite por hora. Do pasteurizador, o leite passa para o “Tanque de Descanso”, que tem capacidade para 200 litros de leite, onde descansará por cinco minutos em banhomaria (água numa temperatura 42º - 45ºC), para poder adicionar o “coalho industrial” e o “soro fermento”, homogeneizando constantemente durante 2 minutos até coalhar, e deixando em repouso até atingir a consistência apropriada. A massa coalhada está pronta quando, ao colocar o dorso da mão na superfície, esta permanecer limpa e quando se desprender da parede do recipiente. 49 50 Feita a verificação, a massa é cortada em “asterisco”, até o fundo do recipiente, descansando por 45 minutos.Em seguida é feita a quebradura da massa, na horizontal e na vertical, deixando-a cortada em vários “quadradinhos”, onde descansará por mais 15 - 20 minutos para iniciar a retirada do soro. O mesmo deverá ser retirado, deixando dois dedos para cobrir a massa. Este soro retirado é o que se transformará em soro fermento. Conforme a FGURA 7 que ilustra a massa cortada em asterisco. FIGURA 7 Massa Cortada em Forma de Asterisco Após a retirada do soro, o qual é usado para alimentar os animais, a massa permanece no tanque sedimentando até dar o ponto de filagem. Para saber se a massa chegou ao ponto, usa-se fazer um teste onde se põe um pouco da massa numa escumadeira, joga-se água quente e mexe-se com um bastão de polipropileno. Se a massa der liga e se apresentar lisa, brilhante, elástica, sem asperidade e forma um bolo compacto, diz-se que chegou ao ponto de filagem. Toda a massa do tanque deve ser retirada em partes e “quebrada“ no triturador, só então passará para o tanque de filagem (tanque com peneira e funil no fundo, com capacidade para 180 litros), onde receberá água quente (95ºC). Mexe-se a massa com um bastão de polipropileno, até formar uma massa de queijo, a qual vai para um tacho de água quente, e depois será moldada em vários formatos como: nozinho, manta, bola. Para moldar a muzzarella, pega-se uma parte da massa com as mãos e adiciona água quente (FIGURA 8). As bolas são moldadas com as duas mãos, para os nozinhos primeiramente é feito um fio comprido, dando um nó, um após o outro e cortando em seguida com faca ou tesoura. Para a manta, pega-se a massa, deixandoa em forma retangular, estica-a e coloca uma chapa de polipropileno encima com 50 51 pesos até a massa ficar bem esticada, cortando-a e deixando-a em forma de manta. Ambos vão para a sala de embalagem, numa bandeja plástica e recebem o choque térmico, que é a água corrente durante alguns minutos para chegar a temperatura ambiente e retirar todo o “líquido leitoso” de cor branca que sai as muzzarella, conforme FIGURA 9. Esta medida torna o produto mais atrativo comercialmente. FIGURA 8 Modelagem da Massa para Obtenção do Queijo Tipo Bola FIGURA 9 Choque Térmico da Muzzarella As bolas são pesadas e separadas em embalagens diferentes, 500 gramas e de 300 gramas e o mesmo para os nozinhos com pesos de 500 gramas e 300 gramas. Depois são empacotados em embalagem plástica, junto com água potável e as embalagens são vedadas co auxílio da máquina empacotadora, só então podem ir para a câmara fria onde serão submetidos à uma temperatura de 1º - 5ºC e poderão ser transportados e comercializados. O prazo de validade, de acordo com o SIP / POA, é de trinta dias, contando com a data de fabricação. 51 52 7.1.6 Rotulagem Nutricional De acordo com o Manual de Orientação às Indústrias de Alimentos, a importância da rotulagem nutricional dos alimentos para a promoção da alimentação saudável é destacada em grande parte dos estudos e pesquisas que envolvem a área da nutrição e sua relação com estratégias para a redução de risco de doenças crônicas. O uso das informações nutricionais obrigatórias nos rótulos dos alimentos e bebidas embaladas, está regulamentado no Brasil desde 2001. A embalagem da muzzarella produzida na Fazenda Antonina consta a seguinte informação nutricional mostrada na TABELA 10. TABELA 10. Informação Nutricional da Muzzarella Búfala da Fazenda Antonina. Informação Nutricional Quantidade por porçao Valor Calórico Porção de 30 gramas VD (%) 80 kcal 3% Carboidrato 1g 0% Proteína 5g 10% Gorduras totais 6g 7% Gorduras Saturadas 3,5g 14% Colesterol 15mg 5% 0g 0% Cálcio 210mg 26% Ferro 0g 0% Sódio 130mg 5% Fibra Alimentar Valores Diários de referência com base em uma dieta de 2.500 kcal Fonte: BUBALINOHAUS, 2001 52 53 8 CONCLUSÃO Com este trabalho, concluiu-se que, numa criação de búfalas leiteiras, as principais mediadas a serem tomadas são em relação ao manejo sanitário dos animais e da higiene da ordenha, o manejo nutricional, a obtenção higiênica do leite e as provas físico – químicas do leite para produção do queijo tipo muzzarella de búfala. A propriedade Fazenda Antonina, está devidamente em condições e apta a realizar todas as atividades citadas neste relatório. Os funcionários que trabalham no devido estabelecimento citado acima, são bem treinados e responsáveis ao realizar todas as tarefas que lhes são atribuídas. 53 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENEVIDES,C.M.J.,Leite de Búfala:Qualidade Tecnológica, 1998 Disponível em:http://bichoonline.com.Br/artigos/ha0015.htm. Acesso em: 26 out 2006 CITRO,A.,Fabricação de Queijo de Leite de Búfala na Itália. Fonte: Apostila ABUPAR- PR,1993. FONSECA,W., Búfalos: Estudo e Comportamento.Coleção Agrícola. Editora Ícone LTDA,1987. FZEA-USP.,Manejo na ordenha, 2006. Disponível em: http://www.criareplantar.com.br/pecuária/bovinodeleite/zootecnia.php?tipoconte udo=texto&idconteudo=40. Acesso em:24 out 2006. GHOSH,B.C.;SINGH,A.,Effect Of Heat Treatament On The Quality Of Mussarela Cheese From Bufalo Milk,1990. INTRIERI,F.;ALTIERO,V.;CAVALIERE,A.,Influenza Della Qualitá Del Latte Sulla Produzione Della Mozzarella com Particula Riferimento Allímpiego di Latte Scongelato, 1998. KEARL,L.C.,Nutrient Requeriment of Ruminants in developing Countries, 2006. Traduzido por RAMOS,A.A., Utah State University Logan,USA. MIRANDA,W.C., A criação de Búfalos no Brasil. Local: São Paulo. Edição do Criadores,1986. NASCIMENTO,C.;CARVALHO,L.M.,Criação de búfalos: alimentação, manejo, melhoramento e instalações. Empresa Brasileira de pesquisa Agropecuária – Centro de pesquisas Agroflorestal da Amozônia (CPATU). Local: Brasília,1993. 54 55 OLIVEIRA,A.J.;SALGADO,J.M.;VERRUMA,M.R.,Avaliação Química e Nutricional do Queijo de Mozzarella e Iogurte de Búfala, 1993. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex&pid=S010390161993000300016. Acesso em: 31 out 2006. OLIVEIRA,J.F.S.,Produção Higiênica de Leite de Búfala.Local: Registro SP, 2002. SERVIÇO BRASILEIRO DE RESPOSTAS TÉCNICAS-RT.,Alimentos e Bebidas, 2006. Disponível em: http://sbrt.ibict.br/upload/sbr872-1.html. Acesso em: 31 out 2006. SERVIÇO DE INSPEÇÃO DO PARANÁ / PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL – SIP/POA. Resolução Nº 065/05. SILVA,P.J.M.,Associação Brasileira dos Criadores de Búfalo, 2002. Disponível em: http://herbario.com.br/atual/1024bufa.htm. Acesso em: 31 out 2006. TONHATI,H.;BARNABE,V.H.;BARUSELLI,P.S. Bubalinos: Sanidade, reprodução e Produção. Local: Jabuticabal. Editora: Afiliada,1999. VALE,W.G.;RIBEIRO,H.F.L.,Características reprodutivas dos bubalinos, 2005.Disponível em: http://www.cbra.org.Br/pages/publicações/rbra/download/RE026.pdf. Acesso em: 29 out 2006. WOLF,M.C.C.,Tec Lab – Leite: Obtenção Higiênica, Composição e Análises Principais. Local: Indaiatuba SP, 1998. ZAVA,M.A.R.A.,Produção de Búfalos. Local: São Paulo. Editora: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola,1987. 55 56 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde Curso de Medicina Veterinária MONOGRAFIA VALOR NUTRICIONAL DO LEITE DE BÚFALA Curitiba 2006 56 57 MONOGRAFIA Curitiba 2006 57 58 Bruna Lobo Kirchner MONOGRAFIA Relatório de Estágio Curricular apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Professor Orientador: Dr. José Mauricio França Orientador Profissional: Dra. Elen Cristine Soares Curitiba 2006 58 59 SUMÁRIO 1 2 2.1 2.2 3 4 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................ 2 BÚFALO................................................................................................................ 2 VALOR NUTRICIONAL DO LEITE DE BÚFALA.................................................. 3 VARIAÇÃO DO COMPONENTE DO LEITE DE BÚFALA.................................. 9 CONCLUSÃO....................................................................................................... 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 12 59 60 LISTA DE TABELAS TABELA 1 Percentagens Médias Dos Constituintes do Leite................................... 4 TABELA 2 Dados Comparativos Entre o Leite Bubalino e Bovino, Quanto a Composição de Seus Constituintes a Partir de Dois Trabalhos Publicados no Brasil................................................................................. 4 TABELA 3 Proporção Relativa dos Macrocomponentes do Leite de Várias Espécies de Mamíferos............................................................................ 5 TABELA 4 Composição Química do Leite Bubalino e Bovino................................... 6 TABELA 5 Concentração de Minerais (Mg/100mL) no Leite Bubalino e Bovino....... 7 TABELA 6 Diferença de Conteúdo de Vitamina no Leite Bubalino e Bovino............. 8 TABELA 7 Valores Médios dos Componentes do Leite Total de Rebanhos Bubalinos da Região do Alto São Francisco, Minas Gerais (março a janeiro), de Acordo com a Estação do Ano............................................. 9 TABELA 8 Valores Médios dos Componentes do Leite Individual de Búfalas da Região do Alto São Francisco, Minas Gerais (março a janeiro), de Acordo com a Estação do Ano................................................................. 9 60 61 1 INTRODUÇÃO Este trabalho tem por objetivo relatar sobre as características nutricionais do leite de búfala no Brasil e do rebanho da Fazenda Antonina Km 6, que se localiza no município de Antonina / PR. Através de pesquisas bibliográficas, levantamento de dados e internet. É importante relatar sobre o valor nutricional do leite bubalino e bovino para que se compreenda melhor a individualidade da sua composição. É de interesse de toda a população saber do valor nutricional do alimento que se está consumindo. Este assunto é de grande importância tanto para crianças, adultos e idosos que consomem leite, esclarecendo a diferença entre os componentes dos diferentes tipos de leite. 61 62 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 BÚFALOS Segundo ROMITTO (2006) os búfalos são animais domésticos utilizados para a produção de carne e leite destinados ao consumo humano, além de serem algumas vezes aproveitados como força de trabalho no campo. Possuem temperamento bastante dócil, o que facilita sua criação e manejo e são muito rústicos, adaptando-se bem às mais variadas condições ambientais. No Brasil, são comuns a raça Mediterrâneo, Murrah, Jafarabadi e Carabao. Os animais da raça Mediterrâneo tem origem italiana, dupla aptidão (carne e leite), apresentam porte médio e são medianamente compactos. A raça Murrah, indiana, apresenta animais com conformação média e compacta, cabeças leves e chifres curtos, espiralados, enrodilhando-se em anéis na altura do crânio, conforme a FIGURA 1, que ilustra a raça Murrah. A raça Jafarabadi, também indiana, é menos compacta e de maior porte que existe no mundo, com chifres mais longos e de espessura menor, com uma curvatura longa e harmônica. A raça Carabao é a única adaptada às regiões pantanosas, estando concentrado na Ilha de Marajó, no Pará, originária do norte das Filipinas, apresenta pelagem mais clara, cabeça triangular, chifres grandes e pontiagudos, voltados para cima, porte médio e dupla aptidão (ROMITTO, 2006). Os bubalinos podem ser criados nas mais diversas condições climáticas, muitas vezes apresentando-se como uma opção para o aproveitamento de áreas da propriedade às quais os bovinos não se adaptam. A preferência por regiões alagadas ou áreas pantanosas é bastante peculiar para a espécie, isto ocorre porque o búfalo possui um menor número de glândulas sudoríparas em relação ao bovino e sua pele escura apresenta uma espessa camada de epiderme, fazendo com que eles sejam menos eficientes na termorregulação corpórea. Assim eles procuram a água para se refrescar e para se proteger do ataque de insetos. 62 63 FIGURA 1 Raça Murrah 2.2 VALOR NUTRICIONAL DO LEITE BÚFALA O leite de búfala apresenta algumas peculiaridades em comparação ao leite bovino, destacando-se o sabor adocicado e a coloração branco opaca, provocada pela ausência de pigmentos carotenóides (AMARAL et al,2005). É na qualidade do leite bubalino que realmente reside a maior vantagem desse produto. É mais concentrado do que o leite bovino, apresentando, desse modo, menos água e mais matéria seca. Possui ainda teores de proteína, de gordura e minerais que superam consideravelmente os do leite bovino. Essas características permitem que seja adicionada até cerca de 30% de água no leite bubalino e ainda obter um produto muito semelhante ao leite bovino integral, em valor nutritivo. Entretanto, é no seu aproveitamento industrial que está, na prática, sua grande importância, por proporcionar produtos lácteos de qualidade inimitável pelo leite bovino, como por exemplo, muzzarella e o iogurte. E mais, seu rendimento é efetivamente extraordinário, chegando comparativamente a suplantar o rendimento do leite bovino em mais 40% (NASCIMENTO & CARVALHO,1993). Segundo FONSECA (1986) as percentagens médias dos constituintes do leite, estão demonstradas na TABELA 1. A concentração total de colesterol de leite de búfala é menor do que a encontrada no leite de vaca (275 mg nas búfalas e 300 mg nas vacas, por 100 gramas de gordura) e é 1,5 à 1,9 vezes mais calórico do que o leite de vaca. Em relação ao teor de minerais, ele é mais rico em cálcio (1,99 gramas por Kg nas búfalas e 1,17 gramas por Kg nas vacas) e magnésio (0,18 gramas por Kg nas búfalas e 0,11 gramas 63 64 por Kg nas vacas), do que o leite de vacas, porém é mais pobre em sódio, potássio e cloro. Adicionalmente a relação cálcio / fósforo é 1,71, enquanto no leite de vaca é de 1,31 (AMARAL et al,2005). TABELA 1. Percentagens Médias dos Constituintes do Leite. Tipo do Leite Gordura Proteína Lactose Sólidos Totais Água Búfala 7,64% 4,36% 4,83% 17,96% 82,04% Vaca Européia 3,90% 3,47% 4,75% 12,82% 87,18% Vaca Zebuína 4,97% 3,18% 4,59% 13,45% 86,55% Fonte: FONSECA, 1986. Na análise de aminoácidos, o leite de búfala apresenta 25,5% de aminoácidos essenciais a mais do que o leite de vaca (VERRUMA & SALGADO, 1994) Na TABELA 2, encontram-se dois estudos comparativos, realizados no Brasil, entre a composição do leite de búfala e de vaca. TABELA 2. Dados Comparativos entre o Leite Bubalino e Bovino, Quanto à Composição de seus Constituintes, a Partir de Dois Trabalhos Publicados no Brasil. Parâmetros Búfalas Vacas Búfalas Vacas Determinados (Mediterrânea) (Sindi) (Jafarabadi) (Mestiças) 1,0327 1,0320 - - Gordura (%) 6,85 4,77 8,16 3,68 Proteína (%) 3,68 2,60 4,50 3,70 Cinza (%) 0,83 0,72 0,70 0,70 Sólidos Totais(%) 17,50 12,19 17,00 12,00 Lactose (%) 3,83 3,74 - - Umidade (%) - - 83,00 88,00 Vitamina A - - 204,27 185,49 Calorias por mL - - 104,29 62,83 Densidade Fonte: HUNT et al,1982; VERRUMA et al,1994. FURTADO (1980) diz que apesar da ausência do caroteno, o teor de vitamina A no leite de búfala é mais elevado que no leite bovino (aparentemente, o búfalo converte o caroteno de sua dieta em vitamina A). 64 65 Os dois tipos de leite se assemelham quanto às vitaminas do complexo B e vitamina C, porém, o leite de búfala tende a conter um teor mais baixo de riboflavina (ACARESC,1984). O leite de búfala apresenta um pigmento azul-esverdeado não carotenóide associado com a caseína, denominado biliverdina (FERREIRA,1980). O leite ainda possui sabor adocicado, muito típico e devido à seu alto teor de extrato seco, torna-se um alimento “pesado” e de difícil digestão para as crianças. Assim, foi desenvolvido o chamado “toned-milk” (leite cortado), basicamente é o leite de búfala diluído com leite reidratado, com a finalidade de baixar o teor de gordura e extrato seco, desengordurando para 3% a 9%, respectivamente (FERREIRA,1980). A composição do leite é bastante variável em diferentes espécies, particularmente no que diz respeito aos teores de proteína, gordura e lactose. A TABELA 3 mostra a proporção relativa dos macrocomponentes do leite de várias espécies de mamíferos (SGANBIERI,1996). TABELA 3. Proporção Relativa dos Macrocomponentes do Leite de Várias Espécies de Mamíferos. Espécie Água (%) Proteína (%) Gordura (%) Lactose (%) Cinzas (%) Cabra 84,7 3,9 5,0 4,2 0,81 Búfala 80,8 5,2 9,2 4,3 0,81 Veada 64,6 10,3 21,1 2,5 1,45 Elefanta 67,8 3,1 19,6 8,8 0,65 Cadela 75,4 0,3 10,9 3,2 0,73 Coelha 71,3 11,5 12,9 1,9 2,39 Vaca 87,3 3,3 3,8 4,9 0,72 Fonte: SGANBIERI, 1996. Segundo FAO (1991) as proteínas do leite de búfala são similares às do leite de vaca, porém não são idênticas e nem sempre estão nas mesmas proporções, com uma variação de 3,63% a 5,26% para o leite de búfala e de 3,25% a 3,90% para o leite de vaca. O leite de búfalas é caracterizado por seu padrão de qualidades nutritivas e sensoriais. O teor de gordura médio, de 8,5% e conseqüentemente o de sólidos totais, 65 66 de 17,5%, permite maior rendimento industrial quando comparado com o leite bovino, com percentuais de 3,5% e 12,5% respectivamente (HARTMANN et al,2002). VERRUMA & SALGADO (1994), apresentam na TABELA 4 a composição química do leite bubalino e do leite bovino. TABELA 4. Composição química do leite bubalino e do leite bovino. Parâmetros determinados (%) Leite Bubalino (%) Leite Bovino (%) Umidade 83,00 88,00 Gordura 8,16 3,68 Proteína 4,50 3,70 Cinzas 0,70 0,70 Extrato seco total 17,00 12,00 Vitamina A (U.I) 204,27 185,49 Calorias por 100 mL 104,29 62,83 Cálcio 1,88 1,30 Fósforo 0,90 0,90 61 37 Índice Iodo 29,1 34,1 Índice Saponificação 231,9 229,4 Ferro Fonte: VERRUMA & SALGADO, 1994. Em termos tecnológicos, a composição da gordura do leite tem influência na plasticidade, na conservação e aroma dos produtos obtidos (MARTINS et al, 1981). Devido ao notável conteúdo de sólidos desengordurados e gordura, o valor calórico do leite de búfala varia de 100 a 114,4 kcal/100 gramas. Segundo FAO, 1991 o colesterol está presente em quantidades pequenas e variáveis no leite de vaca e de búfala, havendo um aumento marcante no final da lactação de ambas espécies. Tendo em vista o alto teor de gordura, o leite de búfala pode ser misturado ao de vaca, sem constituir fraude, pois é permitido oficialmente. É diluído pela adição de 33,5% de água, tornando-o igual ao de bovinos (MIRANDA,1986). A grande vantagem do leite de búfala quando comparado ao bovino, está na qualidade. É mais concentrado que o leite bovino, apresentando menos água e mais matéria seca e ainda maiores teores de proteína, gordura e minerais (NASCIMENTO & CARVALHO, 1993). 66 67 O leite bubalino apresenta uma riqueza extraordinária em seu valor nutritivo. A apreciação e valores, revela a superioridade do leite bubalino sobre o leite bovino. Essa notável superioridade é responsável pelo maior rendimento de leite bubalino na fabricação de laticínios. Assim, com 8 litros de leite de búfala, se faz 1 quilo de queijo, enquanto, são necessários 12 litros de leite de vaca para a mesma finalidade (FZEAUSP, 2006). Segundo BUBALIFE (2006) o leite de búfala é um poderoso remédio contra a desnutrição. É vital no processo de recuperação de pacientes em luta contra doenças de todos os tipos, que precisam ingerir alimentos de qualidade em pequenas doses ao longo do dia. É um leite gordo, mas a sua percentagem de gordura saturada é muito baixa, cerca de 50% inferior à do leite bovino. Via de regra, não faz mal à pessoas alérgicas e não provoca diarréias como o leite de vaca. Tem 50% menos colesterol, tem quase o dobro de cálcio, fazendo com que seja recomendado para crianças e adolescentes e para quem está tendo perda óssea, prevenindo a osteoporose. Na TABELA 5, está representando a concentração de minerais (mg/100 mL) no leite bubalino e bovino. TABELA 5. Concentração de minerais (mg/100 mL) no leite bubalino e bovino. Espécie Cálcio Magnésio Sódio Potássio Fosfato Citrato Cloro Búfala 203,0 18,50 50,15 108,5 129,3 160-200 65-82 Vaca 102,1 11,50 50,00 148,0 95,0 166 106 Fonte: BUBALIFE, 2006. Na TABELA 6, mostra a diferença de conteúdo de vitamina no leite bubalino e bovino. 67 68 TABELA 6. Diferença de conteúdo de vitamina no leite bubalino e bovino. Espécie Vitamina A Tiamina Riboflavina (mg/g de gordura) (mg/mL de leite) (mg/mL de leite) Vitamina C (mg/100mL de leite) Búfala 9,5 0,50 1,07 2,97 Vaca 9,2 0,45 1,47 2,56 Fonte: BUBALIFE, 2006 O leite de búfala pode ser classificado como produto “nutracêutico” ( que além de alimento, possui potencialidades terapêuticas), seja por seu elevado teor de cálcio (prevenção de osteoporose), seja pelo menor teor de colesterol ( prevenção de aterosclerose e angiopatias), seja pelo maior teor de tocoferol (antioxidante), seja por seu maior poder calórico, protéico, vitamínico e seja por seu maior teor de gordura (DR.OTÁVIO BERNARDES – BUBALIFE, 2006). O leite de Búfala possui ainda o dobro de ácido linoléico conjugado (CLA) que o leite de vaca. O CLA, é uma substância anticancerígena e atua também sobre os efeitos secundários da obesidade e diabetes, e o aumento das fontes de gordura na alimentação das búfalas eleva o teor de CLA na gordura do leite (BUBALIFE, 2006). Segundo REDOMAO (2006) o leite de búfala destaca-se por suas qualidades intrínsicas comparados à outros animais. Vale lembrar que além do rendimento na produção de queijo, os derivados deste produto são reconhecidos internacionalmente. De acordo com KAKURI (2006) o leite de búfala contém vitamina A e também alto teor de vitamina D e B2 (ribiflavina) e é desintoxicante, após o acidente nuclear de Chernobil, o leite de búfala foi o alimento que eliminou mais rapidamente os resíduos de radioatividade. Pessoas alérgicas ao leite de vaca, podem consumir sem problema o leite de búfala. 68 69 3 VARIAÇÃO DO COMPONENTE DO LEITE DE BÚFALA Segundo AMARAL et al (2005) os componentes do leite (gordura, proteína, lactose e sólidos totais) podem variar em função de fatores ambientais (estação do ano, nutrição) e efeito do animal (raça, idade, estádio de lactação). AMARAL et al (2005) estudaram em rebanhos bubalinos na Região do Alto São Francisco, Minas Gerais, a variação dos componentes do leite de búfalas em relação a estação do ano, observando variações dos componentes tanto para amostras de leite total (TABELA 7), quanto para amostras individuais (TABELA 8). TABELA 7. valores médios dos componentes do leite total de rebanhos bubalinos da Região do Alto São Francisco, Minas Gerais (março à janeiro), de acordo com a estação do ano. Estação Gordura (%) Proteína (%) Lactose (%) Sólidos totais (%) Verão 6,55 4,47 4,92 17,14 Outono 6,52 4,13 4,95 16,82 Inverno 6,92 4,00 4,97 17,13 Primavera 7,59 4,20 4,88 17,86 Fonte: AMARAL et al, 2005 TABELA 8. Valores médios dos componentes de leite individual de búfalas da Região do Alto São Francisco, Minas Gerais (março à janeiro) de acordo com a estação do ano. Estação Gordura (%) Proteína (%) Lactose (%) Sólidos Totais (%) Verão 6,42 4,52 4,94 17,06 Outono 6,68 4,18 4,96 17,09 Inverno 6,85 4,02 4,93 17,03 Primavera 7,67 4,37 4,82 18,10 Fonte: AMARAL et al, 2005 69 70 O comportamento da variação dos componentes entre as amostras do elite total do rebanho e individual foram semelhantes, sendo que as maiores variações ocorreram para o teor de gordura, teor de proteína e teor de sólidos totais, com os maiores percentuais para o teor de proteína no verão e menores no inverno. Pra o teor de sólidos totais os maiores percentuais foram observados na primavera e os menores no outono/ inverno. A variação do teor de sólidos totais se deu em função do teor de gordura, que foi o constituinte que mais variou. A lactose apresentou teor inferior na primavera, não apresentando resultados divergentes nas demais estações (AMARAL et al, 2005) O fato das búfalas apresentarem o comportamento reprodutivo sazonal com estação de monta concentrada no outono e conseqüente estação de parição concentrada no verão, pode explicar algumas alterações da composição do leite em função da fase de lactação em que se encontra o animal e a respectiva estação do ano. Os resultados obtidos por AMARAL et al (2005) permitem inferir que os componentes do leite de búfala variaram em função das estações do ano e isto, provavelmente se deve ao estádio de lactação em que se encontram os animais, uma vez que a espécie bubalina apresenta fator sazonal de reprodução, concentrando os partos no verão, além do fator nutricional relacionado com a disponibilidade do alimento em cada estação. Apesar do maior valor nutritivo e rendimento industrial do leite de búfala quando comparados com o leite de vacas e do crescimento de sua exploração no país, pouco se tem feito para a regulamentação de normas de padrão de identidade e qualidade do leite bubalino, o que dificulta a realização de medidas de controle e fiscalização aliada de padrões a serem seguidos (AMARAL et al, 2005). 70 71 4 CONCLUSÕES Devido ao maior valor nutritivo do leite de búfala e do seu rendimento industrial, quando comparado ao de vaca, conclui-se que pouco se tem feito para a regulamentação de normas de padrão de identidade e qualidade do leite bubalino, dificultando assim a realização de medidas de fiscalização e controle aliadas de padrões a serem seguidos. É classificado como produto nutracêutico (além de alimento, possui potencialidades terapêuticas), seja pelo elevado teor de cálcio, pelo menor teor de colesterol, por seu maior poder calórico, protéico, vitamínico e seu maior teor de gordura. Por ter alto teor de estrato seco torna-se um alimento pesado e de difícil digestão para crianças. Assim foi desenvolvido o chamado “leite cortado” que é basicamente o leite de búfala diluído com leite reidratado, com a finalidade de baixar o teor de gordura e estrato seco. 71 72 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGROPECUÁRIA KAKURI. Búfalos e Queijos de Qualidade, 2006. Disponível em: http://www.kakuri.com.br. Acesso em: 05 nov 2006. AMARAL,F.R.;CARVALHO,L.B.;SILVA,N.;BRITO,J.R.F. Qualidade do Liete de Búfala, 2005. Disponível em: http://www.cbra.or.br/pages/publicacoes/rbra/download/RE022.pdf. Acesso em: 02 nov 2006. ASSOCIAÇÃO DE CRÉDITO E ASSISTÊNCIA RURAL DE SANTA CATARINA (ACARESC).Búfalos: Novas perspectivas para um animal mal-aproveitado. Local: Florianópolis, 1984. BUBBALIFE,2006. Disponível em: http://www.bubbalife.com.br/faze/faze08.html#12 EQUIPE DE BUBALINOCULTURA/ FZEA-USP, 2006. Disponível em: http://www.criareplantar.com.br/pecuaria/bubalino/zootecnia.php?tipoConteudo=texto&i dConteudo=79. Acesso em: 2 nov 2006. FAO. O búfalo. Local: Brasília, 1991. FAZENDA REDOMAO. Centro de Excelência em bubalinocultura. Disponível em: http://www.redomao.com.br. Acesso em: 05 nov 2006. FERREIRA,R. Do búfalo só não aproveita. Agricultura: Força Verde. Local: São Paulo,1980. FURTADO,M.M. Composição Centesimal do leite de búfala na Zona da Mata mineira. Local: Juiz de Fora, 1980. HARTMANN,W.;WASZCZYNSKYI,N.;MASSON,M.L.;MOCELIN,G.;MARQUES,J.M. Análise Sensorial de Queijo Minas Frescal de leite de Búfala, 2002. MARTINS,J.F.P.;BALDINI,V.L.S.;FIGUEIREDO,I.B.;FERNANDES,A.G. Qualidade do leite da bacia leiteira de Campinas. Boletim do Instituto de Tecnologia de Alimentos de Campinas,1981. MIRANDA,W.C. A criação de búfalos no Brasil. Local: São Paulo, 1986. NASCIMENTO,C.;CARVALHO,L.O.M. Criação de Búfalos: Alimentação, Manejo, Melhoramento e Instalações. Local: Brasília DF. 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