Técnicas de Análise de Dados
Qualitativos
Análise do Discurso x Análise de
Conteúdo
Triangulação
Mapa Cognitivo e Mapa de Associação
de Ideias
Process Tracing
Análise de Discurso (AD) e a Análise de Conteúdo
(AC)freqüentemente utilizadas na pesquisa
qualitativa e por vezes confundidas.
Análise de Discurso existem muitos estilos
diferentes com enfoques variados, a partir de
diversas tradições teóricas
Todas partilham de “uma rejeição da noção
realista de que a linguagem é simplesmente um
meio neutro de refletir, ou descrever o mundo, e
uma convicção da importância central do discurso
na construção da vida social.”
AD não é uma metodologia, é uma disciplina de interpretação
fundada pela intersecção de epistemologias distintas,
pertencentes a áreas da lingüística, do materialismo histórico
e da psicanálise
da lingüística deslocou-se a noção de fala para discurso;
 do materialismo histórico emergiu a teoria da ideologia;
da psicanálise veio a noção de inconsciente que a AD
trabalha com o
de-centramento do sujeito.
O processo de análise discursiva tem a pretensão de
interrogar os sentidos estabelecidos em diversas formas de
produção, que podem ser verbais e não verbais, bastando
que sua materialidade produza sentidos para interpretação;
podem ser entrecruzadas com séries textuais (orais ou
escritas) ou imagens (fotografias) ou linguagem corporal
(dança).
A AD trabalha com o sentido e não com o conteúdo do texto, um sentido que
não é traduzido, mas produzido; pode-se afirmar que o corpus da AD é
constituído pela seguinte formulação: ideologia + história + linguagem.
A ideologia é entendida como o posicionamento do sujeito quando se filia a
um discurso, sendo o processo de constituição do imaginário que está no
inconsciente, ou seja, o sistema de idéias que constitui a representação; a
história representa o contexto sócio histórico e a linguagem é a materialidade
do texto gerando “pistas” do sentido que o sujeito pretende dar.
AD a linguagem vai além do texto, traz sentidos pré-construídos que são
ecos da memória do dizer. Entende-se como memória do dizer o interdiscurso,
ou seja, a memória coletiva constituída socialmente; o sujeito tem a ilusão de
ser dono do seu discurso e de ter controle sobre ele, porém não percebe estar
dentro de um contínuo, porque todo o discurso já foi dito antes. Exemplo: o
enunciado “é dando que se recebe” permite uma multiplicidade de
sentidos pode ser pronunciado tanto por um padre franciscano, quanto por
um político ou por uma prostituta, com sentidos diferentes para cada sujeito.
A formação discursiva constitui-se na relação com o
interdiscurso e o intradiscurso.
Interdiscurso significa os saberes constituídos na memória
do dizer; sentidos do que é dizível e circula na sociedade;
saberes que existem antes do sujeito; saberes préconstruídos constituídos pela construção coletiva.
Intradiscurso é a materialidade (fala), a formulação do
texto; o fio do discurso; a linearização do discurso.
Interpretação o analista é um intérprete, que faz uma leitura
também discursiva influenciada pelo seu afeto, sua posição,
suas crenças, suas experiências e vivências; portanto,a
interpretação nunca será absoluta e única, pois também
produzirá seu sentido.
Para constituir o corpus para análise, representativo desse discurso,
decide ouvir os atores em entrevistas fazendo a transcrição da
gravação feita;
pós várias leituras poderão ser identificados eixos temáticos, que
emergem num movimento em que o enunciado leva ao enunciável e
vice-versa, fazendo os “recortes discursivos”, onde se representam
linguagem e situação.
O recorte resulta da teoria e é uma construção do analista; no estudo
do recorte se busca caracterizar as regularidades na “formação
discursiva”, no confronto com sentidos heterogêneos.
As regularidades das marcas lingüísticas que aparecem no discurso
fazem parte da identidade do discurso acessado pelo sujeito trazendo
sentidos pré-construídos que figuram na memória do dizer da
sociedade.
Na AD não é necessário analisar tudo que aparece na
entrevista, pois se trata de uma análise vertical e não
horizontal.
Qualquer elemento pode ser estudado enquanto marca
lingüística, ou “marca de discurso”, podendo ser
selecionadas poucas marcas linguísticas para interpretação.
O importante é captar a marca lingüística e relacioná-la ao
contexto sócio-histórico., pois este faz parte das “condições”
de produção do discurso
Deste modo, várias leituras do texto farão com que o analista
do discurso estranhe aquela(s) palavra(s) ou formas
sintáticas que marca(m) o discurso e se repete(m),
visualizando assim as marcas lingüísticas no material.
A interpretação deverá ser feita sempre entre o interdiscurso
e o intradiscurso chegando às posições representadas pelos
sujeitos através das marcas lingüísticas.
A AD não vai trabalhar com a forma e o conteúdo, mas irá
buscar os efeitos de sentido que se pode apreender mediante
interpretação que é sempre passível de equívoco, pois
embora a interpretação pareça ser clara, na realidade existem
muitas e diferentes definições, sendo que os sentidos não
são tão evidentes como parecem ser.
A Análise de Conteúdo (AC) é “um conjunto de técnicas de análise das
comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de
descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que
permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção [...] destas mensagens”.
A AC surgiu no início do século XX nos Estados Unidos ,ocorrendo um impulso
entre 1940 e 1950, quando os cientistas começaram a se interessar pelos
símbolos políticos; entre 1950 e 1960 a AC estendeu-se para várias áreas.
A AC pode ser quantitativa e qualitativa.
Na abordagem quantitativa se traça uma freqüência das características que
se repetem no conteúdo do texto.
Na abordagem qualitativa se “considera a presença ou a ausência de uma
dada característica de conteúdo ou conjunto de características num
determinado fragmento da mensagem”.
Na AC o texto é um meio de expressão do sujeito, onde o
analista busca categorizar as unidades de texto (palavras ou
frases) que se repetem, inferindo uma expressão que as
representem.
A AC admite dois métodos  método de dedução freqüencial
ou análise por categorias temáticas.
A dedução freqüencial ou semântica quantitativa
consiste em enumerar a ocorrência de um mesmo signo
lingüístico (palavra) que se repete com freqüência, visando
constatar “a pura existência de tal ou tal material lingüístico”,
não se preocupando com o “sentido contido no texto, nem à
diferença de sentido entre um texto e outro”,culminando em
descrições numéricas e no tratamento estatístico.
A análise por categorias temáticas tenta encontrar “uma série de
significações que o codificador detecta por meio de indicadores
que lhes estão ligados; [...]
codificar ou caracterizar um segmento é colocá-lo em uma das
classes de equivalências definidas, a partir das significações, [...]
em função do julgamento do codificador [...] o que exige
treinamento e qualidades psicológicas complementares como a
fineza, a sensibilidade a flexibilidade, por parte do codificador
para apreender o que importa”
A análise categorial é o tipo de análise mais antiga e a mais
utilizada. “Funciona por operações de desmembramento do texto
em unidades, em categorias segundo reagrupamento analógicos”.
A análise categorial poderá ser temática, construindo as
categorias conforme os temas que emergem do texto.
Para classificar os elementos em categorias é preciso identificar
o que eles têm em comum, permitindo seu agrupamento.Este
tipo de classificação é chamado de análise categorial.
A técnica de AC, se compõe de três grandes etapas:
1) a pré-análise fase de organização, que pode utilizar vários
procedimentos, tais como: leitura, hipóteses, objetivos e elaboração
de indicadores que fundamentem a interpretação.
2) a exploração do material os dados são codificados a partir das
unidades de registro.
3) o tratamento dos resultados e interpretação realiza-se a
categorização, que consiste na classificação dos elementos segundo
suas semelhanças e por diferenciação, com posterior
reagrupamento, em função de características comuns.
Existem dois tipos de textos que podem ser trabalhados pela AC
(1)os textos produzidos em pesquisa, através das transcrições de
entrevista e dos protocolos de observação; e (2) os textos já
existentes, produzidos para outros fins, como textos de jornais
Diferenças entre AD e AC
•a AD trabalha com o sentido e não com o conteúdo;
•a AC trabalha com o conteúdo, ou seja, com a materialidade
lingüística através das condições empíricas do texto, estabelecendo
categorias para sua interpretação.
•a AD busca os efeitos de sentido relacionados ao discurso,
• a AC fixa-se apenas no conteúdo do texto, sem fazer relações além
deste.
•a AD preocupa-se em compreender os sentidos que o sujeito
manifesta através do seu discurso;
•a AC espera compreender o pensamento do sujeito através do
conteúdo expresso no texto, numa concepção transparente de
linguagem.
Diferenças entre AD e AC
•na AD, a linguagem não é transparente, mas opaca, por isso, o
analista de discurso se põe diante da opacidade da linguagem
para efetuar uma leitura do texto enfocando a posição
discursiva do sujeito, legitimada socialmente pela união do
social, da história e da ideologia, produzindo sentidos.
•na AC “o que se visa, no texto, é justamente uma série de
significações que o codificador detecta por meio dos
indicadores que lhes estão ligados”
TRIANGULAÇÃO
Investigação social esforços para combinar, numa única
investigação, diferentes métodos de coleta e análise de
informação
TRIANGULAÇÃO um conceito central na integração
metodológica: uma das formas de combinar vários
métodos qualitativos entre si; de articular métodos
quantitativos e qualitativos ; também representa o conceito
que quebrou a hegemonia metodológica dos defensores
método único
TRIANGULAÇÃO
Triangulação tenta superar a dicotomia positivismo/construtivismo e
quantitativo/qualitativo "(...) relacionando dados de diferentes fontes
é aceitar uma epistemologia relativista, que justifica o valor de
conhecimento de várias fontes, ao invés de elevar uma fonte de
conhecimento (ou mais com precisão, talvez, considerar uma fonte de
conhecimento como menos imperfeito do que o resto).
Aqueles que tomaram uma abordagem favorável à triangulação em
termos convencionais são mais propensos a trabalhar a partir de uma
percepção da continuidade de toda a coleta de dados e esforços de
análise de dados (...) Eles são mais propensos a considerar todos os
métodos tanto como privilegiados e restritos: as qualidades que
permitem que um tipo de informação seja coletado e entendido
restringem outros tipos de informação "(Fielding e Schreier, 2001: 50).
Ciências Exatas a triangulação refere-se a um método
para determinar a posição de um ponto C, através da
observação de dois pontos, A e B.
Ciências Humanas década de 1950-1960 a obtenção de
dados de diferentes fontes e a sua análise, recorrendo a
estratégias distintas, melhoraria a validade dos resultados
 Denzin, 1970 uma hipótese testada com o recurso a
diferentes métodos podia ser considerada mais válida do
que uma hipótese testada unicamente com o uso de um
único método.
Denzin Tipos de Triangulação:
– A “triangulação de dados” refere-se à recolha de dados
recorrendo a diferentes fontes. Distinguindo subtipos de
triangulação, Denzin propõe que se estude o
fenômeno em tempos (datas – explorando as diferenças
temporais), espaços (locais – tomando a forma de
investigação comparativa) e com indivíduos diferentes;
– Na “triangulação do investigador”, os investigadores
recolhem dados independentemente uns dos outros sobre o
mesmo fenômeno em estudo e procedem à comparação de
resultados. Trata-se de comparar a influência dos vários
investigadores sobre os problemas e os resultados da
pesquisa;
Denzin Tipos de Triangulação:
– Na “triangulação teórica”, são usadas diferentes teorias para
interpretar um conjunto de dados de um estudo, verificando-se a sua
utilidade e capacidade;
- Na “triangulação metodológica”, são utilizados múltiplos métodos
para estudar um determinado problema de investigação. Denzin
distingue dois subtipos: a triangulação intramétodo – que envolve a
utilização do mesmo método em diferentes ocasiões – e a triangulação
intermétodos – que significa usar diferentes métodos em relação ao
mesmo objeto de estudo
Denzin  em face das “fraquezas” e das “virtudes” de cada método, a
“triangulação” consistia num processo complexo de colocar cada
método em confronto com outro para a maximização da sua validade
(interna e externa), tendo como referência o mesmo problema de
investigação. Neste sentido, o principal objetivo da integração de
métodos seria a convergência de resultados de investigação, resultados
que seriam válidos se conduzissem às mesmas conclusões
Denzin  em face das “fraquezas” e das “virtudes” de cada método, a
“triangulação” consistia num processo complexo de colocar cada
método em confronto com outro para a maximização da sua validade
(interna e externa), tendo como referência o mesmo problema de
investigação.
Neste sentido, o principal objetivo da integração de métodos seria a
convergência de resultados de investigação, resultados
que seriam válidos se conduzissem às mesmas conclusões.
Fielding e Schreier (2001) a “triangulação” como validação
de resultados pode induzir a erropode ser enganador o
recurso a múltiplas fontes de informação como forma de
ultrapassar os erros precisamente porque, ao limite, e se
cada um dos métodos contiver erros (um determinado tipo
de erros), está a proceder-se à sua duplicação.
Kelle(2011) triangulação é mais que recurso de
validação pretende produzir um retrato do fenômeno em
estudo que seja mais completo do que o alcançado por um
único método.
Da triangulação podem advir três resultados: – a
convergência e confirmação mútua, o que conduz às
mesmas conclusões; – a complementaridade, por
evidenciação de aspectos diferentes do mesmo problema;
– e a divergência ou contradição de resultados, que leva a
uma leitura mais crítica dos resultados.
Níveis de triangulação:
– “Triangulação centrada num caso”, um mesmo grupo de
indivíduos preenche, por exemplo, um questionário e
responde a uma entrevista. As respostas destes indivíduos
são comparadas e relacionadas na análise. Tendo a
amostragem dois passos (quantitativa e qualitativa), na
segunda parte tem de selecionar-se quantos dos
indivíduos que preencheram o questionário vão responder às
entrevistas;
– “Triangulação centrada num conjunto de dados”, existindo
um grupo de indivíduos que preenche um questionário e
responde a entrevistas, a análise destes dois métodos
procede-se através da frequência e da distribuição da
amostra (no caso do questionário) e através da criação de
uma tipologia (no caso das entrevistas). Por fim, conjuga-se
e compara-se a distribuição das respostas e a tipologia.
MAPA COGNITIVO
Mapeamento cognitivo:
[...] conjunto de técnicas ou ferramentas de pesquisa
voltadas para identificar os elementos que integram esses
mapas ou modelos construídos pelos indivíduos [mapas
cognitivos como representações mentais] e partilhados, em
maior ou menor grau, por outros indivíduos. Essas técnicas
envolvem, também, formas de retratar graficamente
as crenças subjetivas acessadas, dando-lhes um tratamento
espacial [mapas cognitivos como produto do mapeamento]
que facilite a visualização das relações significativas
identificadas.( Bastos 2002)
“o mapeamento cognitivo é uma técnica para mapear o
pensamento de indivíduos ou grupos de pessoas, que
debatem temas a partir de diferentes visões sobre o mesmo
assunto”. (Guimarães: 2007, p.24)
MAPA COGNITIVO
Mapa cognitivodois significados:
Construção mental do indivíduo a respeito do ambiente ou
de uma experiência, ou seja, representações mentaissão
schemas, ou seja, enquadramentos e códigos com elevado
grau de interpretação por parte do entrevistador, ou modelos
mentais construídos pelos indivíduos a partir da percepção e
interação deste indivíduo com o seu meio ambiente.
Resultam de um “processo de abstração, cerne da atividade
simbólica, o que envolve seleção, omissão, desconsideração
de diferenças e organização de detalhes da realidade de
modo que a pessoa possa construir um mundo coerente,
estável e organizado, enquanto uma totalidade” (BASTOS,
2002).
MAPA COGNITIVO
Mapa cognitivodois significados:
A cognição, além de ser uma associação entre ideias, que
media a ação, é uma associação entre situações e
consequências que influenciam o comportamento (FIOL;
HUFF, 1992).
processo de aprendizagem resultante de um processo de
abstração do indivíduo frente a um ambiente em mudanças
sua característica subjetiva e interpretativa resulta em um
modelo simplificado e impreciso da realidade.
Três aspectos essenciais para a compreensão dos mapas
cognitivos como construção mental
(a)os mapas são representações dinâmicas, constantemente
atualizadas a partir das experiências de aprendizagem do
sujeito;
(b)os mapas não consistem em uma cópia exata do ambiente
ou de uma experiência. Há sempre as características
pessoais, o limite da cognição individual.
(c): “os mapas estruturam as regularidades percebidas pelos
sujeitos ao explorarem os seus ambientes, funcionando
como estruturas epistemológicas que norteiam a ação da
pessoa” (WEICK; BOUGON, 1996 apud Bastos 2002, p. 67).
2-Mapeamento cognitivo processo de transcrição dos
mapas mentais ou schemas da mente dos indivíduos para
outro meio e o produto físico deste mapeamento (BASTOS,
2000).
Os mapas cognitivos, gerados a partir do mapeamento,
envolvem, ao menos, duas etapas de “perda” de traços da
realidade:
(1) quando o indivíduo, segundo a sua subjetividade,
constrói seus mapas cognitivos; e
(2) quando o mapeador, utilizando-se também de sua
própria subjetividade, tenta extrair a visão da realidade
descrita pelo indivíduo que está tendo seus processos
cognitivos mapeados.
Há diferentes tipos de mapas cognitivos sendo utilizados e
diversos autores fazem uma divisão diferenciada quanto a
esses tipos. Fiol e Huff (1992) dividem os mapas cognitivos
em três categorias, de acordo com os seus componentes:
1 – Mapas de identidade: identificam conceitos e temas
centrais do discurso do indivíduo, principais atores,
eventos e processos do ‘terreno’, por meio do agrupamento
de conceitos e de temas freqüentemente repetidos
(BASTOS, 2000).
Com base no número de repetições de conceitos ou
assuntos, os schemas são selecionados. Este tipo de mapa
volta-se para uma análise do conteúdo do discurso
(GUIMARÃES, 2007).
Mapas de identidade (Fiol e Huff (1992) são a base do
processo de mapeamento cognitivo em organizações, pois
mostram as principais características do “terreno
cognitivo”. Eles são importantes para o entendimento das
bases da organização com as quais os administradores
trabalham, informações estas que são necessárias para a
utilização de outros tipos de mapas.
Este tipo de mapa é uma ferramenta essencial para
identificar atores chave, eventos e processos críticos no
ambiente. É formado pela análise do conteúdo verbal do
entrevistado em entrevistas semi-estruturadas ou abertas,
ou alternativamente, fontes escritas.
O mapa (produto) não segue um formato padrão e pode ter,
como auxiliar para sua análise, programas computacionais
(GUIMARÃES, 2007).
2 – Mapas de categorização: buscam mapear como as pessoas
estruturam o seu conhecimento.
Centram-se então em três pressupostos:
1-[...] o pensamento requer um resgate da memória organizada;
2-o processo de categorização – modificação de velhas
categorias e criação de novas – está envolvido na aprendizagem;
3-o significado de qualquer conceito emerge do seu contraste
com outros conceitos (BASTOS, 2000, p.7).
Base a teoria dos construtos pessoais de Kellysão ideias,
informações que são construídas por cada indivíduo de uma
maneira particular e são organizados de forma hierarquizada na
mente, de maneira a estruturar a percepção a respeito de um
determinado assunto.
Homem procura continuamente dar sentido ao mundo ao seu
redor, constrói significados desenvolve um sistema de
“construtos” que têm como característica a bipolaridade (um
pólo de afirmação e outro de negação).
Por meio das similaridades e contrastes fornecidos por essa
bipolaridade, os construtos são organizados hierarquicamente
na mente do indivíduo, formando um sistema que permite a
construção de significados e a interação social (KELLY, 1955).
Os mapas de categorização buscam descrever os schemas
(construtos) mentais de uma pessoa por meio do contraste
entre conceitos, determinar a relação que existe entre
conceitos, trabalha com a classificação e a posição relativa
entre os conceitos obtidos em entrevistas semiestruturadas e estruturadas para a coleta de dados.
Os conceitos são agrupados com base nas semelhanças
e diferenças entre os eventos e situações identificados no
discurso (BASTOS, 2000).
Os schemas são separados em categorias, criadas pelo
mapeador de acordo com semelhanças e diferenças entre
os conceitos identificados no discurso.
A representação gráfica do mapa assume a figura de uma
árvore com ramificações hierárquicas (GUIMARÃES, 2007).
3 – Mapas causais ou de argumentação: explicitam a
influência, a relação de causalidade e a dinâmica do sistema
de construtos pessoais (schemas mentais).
São mapas mais complexos, que proporcionam, em uma
organização, construir um sentido para o ambiente em que o
decisor está inserido. Fornecem detalhes sobre as
características do ambiente e sobre o modo que estas
características estão conectadas. Traçam as relações entre
opções preferenciais, escolhas estratégicas e objetivos
(BASTOS, 2002) ou, opções potenciais, questões-chave e
objetivos (RIEG; FILHO, 2003).
Informam sobre ligações potenciais entre realidades de
importância para a organização através do tempo. Explicitam
como certos eventos individuais se ligam a outros eventos
ocorridos em tempos diferentes.
Estas relações estabelecidas capturam julgamentos sobre a
ligação entre ações e efeitos (FIOL; HUFF, 1992).Utilizam
entrevistas abertas e semi-estruturadas para a coleta de
dados.
As representações gráficas tomam forma de “redes de
associações entre os conceitos e setas de
causalidade”(GUIMARÃES, 2007).
Fiol e Huff (1992) concluem que os três tipos de mapas
cognitivos possuem seus pontos fortes e fracos. Eles podem
ser explorados em conjunto em uma organização,pois um
tipo de mapa pode complementar as informações capturadas
por outro. As particularidades de cada um devem ser
conhecidas para que eles possam ser melhor aproveitados.
Mapas de Associação de Idéias
Mapas de associação de ideias como recurso de
análise, permitem a visualização do encadeamento
das associações de ideias dos participantes das
entrevistas.
Não interessa o conteúdo da linguagem, mas a
produção de sentidos sobre os temas.
A análise inicia-se com uma imersão no conjunto
das informações obtidas, tentando o afloramento
dos sentidos, para uma possível confrontação
entre os sentidos construídos no processo de
pesquisa e de interpretação e daqueles oriundos
do campo teórico (SPINK, 1999)
Procedimentos:
Cria-se uma tabela com tantas colunas quantas forem as
categorias de análise. As colunas definem o “Objeto”, as
“Primeiras Associações”, as “Explicações das
Associações” e os “Qualificadores”
As falas são transpostas em sua totalidade para as
colunas, respeitando a ordem de fala original
No início, as categorias definidas são gerais, expressando
principalmente os objetivos da pesquisa e sua dimensão
teórica
À medida que a análise avança, as categorias são
revisadas, gerando uma aproximação gradual com os
sentidos percebidos como atividade fim.
Efetua-se a codificaçao linha por linha
Process Tracing é uma ferramenta fundamental de análise
qualitativa.
Define-se como o exame sistemático de evidências de
diagnóstico, selecionadas e analisadas à luz da investigação
de questões e hipóteses colocadas pelo investigador.
Serve para descrever fenômenos sociais e políticos e
também para avaliar afirmações causais.
David CollierA abordagem é diferenciada sob três
aspectos:
1-ProcessTracing vis-à-vis evidênciasO processo de
rastreamento concentra-se em “observações de processocausa”(CPOS).
A idéia de CPOS destaca o contraste entre:
(a) o fundamento empírico da pesquisa qualitativa, e
(b) as matrizes de dados analisados por pesquisadores
quantitativos, que podem ser chamados de dados de
observações (ORD).
2-Descrição. Descrição cuidadosa é uma base do processo
de rastreamento (Mahoney 2010, 125-31).
O processo de rastreamento inerentemente analisa
trajetórias de mudança e causalidade, mas a análise falha
se os fenómenos observadas em cada
passo nessa trajetória não forem adequadamente descritos.
Por isso, o que outras abordagens consideram a descrição
"estática“, é um elemento crucial para analisar os
processos em estudo.
3-Seqüência. Processo de rastreamento dá muita atenção
às seqüências de variáveis independente, dependente
e ​intervenientes. O método de Process-Tracing procura
identificar o processo de intervenção causal - a cadeia
causal e o mecanismo causal - entre uma variável
independente (ou variáveis​​) e o resultado da variável
dependente
O método opera extraindo todas as implicações observáveis
de uma teoria e não somente as implicações sobre a variável
dependente.
Em seguida, essas implicações são testadas como
hipóteses utiliza-se especialmente entrevistas com “elites”
No processo de rastreamento, o pesquisador analisa
histórias, documentos de arquivo, transcrições das
entrevistas e outras fontes para ver se o processo causal em
uma teoria ou hipótese, em um caso, é de fato evidente na
seqüência e valores das variáveis i​ ntervenientes nesse caso.
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AULA-7-Técnicas de Analise de Dados Quali