Técnicas de Análise de Dados Qualitativos Análise do Discurso x Análise de Conteúdo Triangulação Mapa Cognitivo e Mapa de Associação de Ideias Process Tracing Análise de Discurso (AD) e a Análise de Conteúdo (AC)freqüentemente utilizadas na pesquisa qualitativa e por vezes confundidas. Análise de Discurso existem muitos estilos diferentes com enfoques variados, a partir de diversas tradições teóricas Todas partilham de “uma rejeição da noção realista de que a linguagem é simplesmente um meio neutro de refletir, ou descrever o mundo, e uma convicção da importância central do discurso na construção da vida social.” AD não é uma metodologia, é uma disciplina de interpretação fundada pela intersecção de epistemologias distintas, pertencentes a áreas da lingüística, do materialismo histórico e da psicanálise da lingüística deslocou-se a noção de fala para discurso; do materialismo histórico emergiu a teoria da ideologia; da psicanálise veio a noção de inconsciente que a AD trabalha com o de-centramento do sujeito. O processo de análise discursiva tem a pretensão de interrogar os sentidos estabelecidos em diversas formas de produção, que podem ser verbais e não verbais, bastando que sua materialidade produza sentidos para interpretação; podem ser entrecruzadas com séries textuais (orais ou escritas) ou imagens (fotografias) ou linguagem corporal (dança). A AD trabalha com o sentido e não com o conteúdo do texto, um sentido que não é traduzido, mas produzido; pode-se afirmar que o corpus da AD é constituído pela seguinte formulação: ideologia + história + linguagem. A ideologia é entendida como o posicionamento do sujeito quando se filia a um discurso, sendo o processo de constituição do imaginário que está no inconsciente, ou seja, o sistema de idéias que constitui a representação; a história representa o contexto sócio histórico e a linguagem é a materialidade do texto gerando “pistas” do sentido que o sujeito pretende dar. AD a linguagem vai além do texto, traz sentidos pré-construídos que são ecos da memória do dizer. Entende-se como memória do dizer o interdiscurso, ou seja, a memória coletiva constituída socialmente; o sujeito tem a ilusão de ser dono do seu discurso e de ter controle sobre ele, porém não percebe estar dentro de um contínuo, porque todo o discurso já foi dito antes. Exemplo: o enunciado “é dando que se recebe” permite uma multiplicidade de sentidos pode ser pronunciado tanto por um padre franciscano, quanto por um político ou por uma prostituta, com sentidos diferentes para cada sujeito. A formação discursiva constitui-se na relação com o interdiscurso e o intradiscurso. Interdiscurso significa os saberes constituídos na memória do dizer; sentidos do que é dizível e circula na sociedade; saberes que existem antes do sujeito; saberes préconstruídos constituídos pela construção coletiva. Intradiscurso é a materialidade (fala), a formulação do texto; o fio do discurso; a linearização do discurso. Interpretação o analista é um intérprete, que faz uma leitura também discursiva influenciada pelo seu afeto, sua posição, suas crenças, suas experiências e vivências; portanto,a interpretação nunca será absoluta e única, pois também produzirá seu sentido. Para constituir o corpus para análise, representativo desse discurso, decide ouvir os atores em entrevistas fazendo a transcrição da gravação feita; pós várias leituras poderão ser identificados eixos temáticos, que emergem num movimento em que o enunciado leva ao enunciável e vice-versa, fazendo os “recortes discursivos”, onde se representam linguagem e situação. O recorte resulta da teoria e é uma construção do analista; no estudo do recorte se busca caracterizar as regularidades na “formação discursiva”, no confronto com sentidos heterogêneos. As regularidades das marcas lingüísticas que aparecem no discurso fazem parte da identidade do discurso acessado pelo sujeito trazendo sentidos pré-construídos que figuram na memória do dizer da sociedade. Na AD não é necessário analisar tudo que aparece na entrevista, pois se trata de uma análise vertical e não horizontal. Qualquer elemento pode ser estudado enquanto marca lingüística, ou “marca de discurso”, podendo ser selecionadas poucas marcas linguísticas para interpretação. O importante é captar a marca lingüística e relacioná-la ao contexto sócio-histórico., pois este faz parte das “condições” de produção do discurso Deste modo, várias leituras do texto farão com que o analista do discurso estranhe aquela(s) palavra(s) ou formas sintáticas que marca(m) o discurso e se repete(m), visualizando assim as marcas lingüísticas no material. A interpretação deverá ser feita sempre entre o interdiscurso e o intradiscurso chegando às posições representadas pelos sujeitos através das marcas lingüísticas. A AD não vai trabalhar com a forma e o conteúdo, mas irá buscar os efeitos de sentido que se pode apreender mediante interpretação que é sempre passível de equívoco, pois embora a interpretação pareça ser clara, na realidade existem muitas e diferentes definições, sendo que os sentidos não são tão evidentes como parecem ser. A Análise de Conteúdo (AC) é “um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção [...] destas mensagens”. A AC surgiu no início do século XX nos Estados Unidos ,ocorrendo um impulso entre 1940 e 1950, quando os cientistas começaram a se interessar pelos símbolos políticos; entre 1950 e 1960 a AC estendeu-se para várias áreas. A AC pode ser quantitativa e qualitativa. Na abordagem quantitativa se traça uma freqüência das características que se repetem no conteúdo do texto. Na abordagem qualitativa se “considera a presença ou a ausência de uma dada característica de conteúdo ou conjunto de características num determinado fragmento da mensagem”. Na AC o texto é um meio de expressão do sujeito, onde o analista busca categorizar as unidades de texto (palavras ou frases) que se repetem, inferindo uma expressão que as representem. A AC admite dois métodos método de dedução freqüencial ou análise por categorias temáticas. A dedução freqüencial ou semântica quantitativa consiste em enumerar a ocorrência de um mesmo signo lingüístico (palavra) que se repete com freqüência, visando constatar “a pura existência de tal ou tal material lingüístico”, não se preocupando com o “sentido contido no texto, nem à diferença de sentido entre um texto e outro”,culminando em descrições numéricas e no tratamento estatístico. A análise por categorias temáticas tenta encontrar “uma série de significações que o codificador detecta por meio de indicadores que lhes estão ligados; [...] codificar ou caracterizar um segmento é colocá-lo em uma das classes de equivalências definidas, a partir das significações, [...] em função do julgamento do codificador [...] o que exige treinamento e qualidades psicológicas complementares como a fineza, a sensibilidade a flexibilidade, por parte do codificador para apreender o que importa” A análise categorial é o tipo de análise mais antiga e a mais utilizada. “Funciona por operações de desmembramento do texto em unidades, em categorias segundo reagrupamento analógicos”. A análise categorial poderá ser temática, construindo as categorias conforme os temas que emergem do texto. Para classificar os elementos em categorias é preciso identificar o que eles têm em comum, permitindo seu agrupamento.Este tipo de classificação é chamado de análise categorial. A técnica de AC, se compõe de três grandes etapas: 1) a pré-análise fase de organização, que pode utilizar vários procedimentos, tais como: leitura, hipóteses, objetivos e elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação. 2) a exploração do material os dados são codificados a partir das unidades de registro. 3) o tratamento dos resultados e interpretação realiza-se a categorização, que consiste na classificação dos elementos segundo suas semelhanças e por diferenciação, com posterior reagrupamento, em função de características comuns. Existem dois tipos de textos que podem ser trabalhados pela AC (1)os textos produzidos em pesquisa, através das transcrições de entrevista e dos protocolos de observação; e (2) os textos já existentes, produzidos para outros fins, como textos de jornais Diferenças entre AD e AC •a AD trabalha com o sentido e não com o conteúdo; •a AC trabalha com o conteúdo, ou seja, com a materialidade lingüística através das condições empíricas do texto, estabelecendo categorias para sua interpretação. •a AD busca os efeitos de sentido relacionados ao discurso, • a AC fixa-se apenas no conteúdo do texto, sem fazer relações além deste. •a AD preocupa-se em compreender os sentidos que o sujeito manifesta através do seu discurso; •a AC espera compreender o pensamento do sujeito através do conteúdo expresso no texto, numa concepção transparente de linguagem. Diferenças entre AD e AC •na AD, a linguagem não é transparente, mas opaca, por isso, o analista de discurso se põe diante da opacidade da linguagem para efetuar uma leitura do texto enfocando a posição discursiva do sujeito, legitimada socialmente pela união do social, da história e da ideologia, produzindo sentidos. •na AC “o que se visa, no texto, é justamente uma série de significações que o codificador detecta por meio dos indicadores que lhes estão ligados” TRIANGULAÇÃO Investigação social esforços para combinar, numa única investigação, diferentes métodos de coleta e análise de informação TRIANGULAÇÃO um conceito central na integração metodológica: uma das formas de combinar vários métodos qualitativos entre si; de articular métodos quantitativos e qualitativos ; também representa o conceito que quebrou a hegemonia metodológica dos defensores método único TRIANGULAÇÃO Triangulação tenta superar a dicotomia positivismo/construtivismo e quantitativo/qualitativo "(...) relacionando dados de diferentes fontes é aceitar uma epistemologia relativista, que justifica o valor de conhecimento de várias fontes, ao invés de elevar uma fonte de conhecimento (ou mais com precisão, talvez, considerar uma fonte de conhecimento como menos imperfeito do que o resto). Aqueles que tomaram uma abordagem favorável à triangulação em termos convencionais são mais propensos a trabalhar a partir de uma percepção da continuidade de toda a coleta de dados e esforços de análise de dados (...) Eles são mais propensos a considerar todos os métodos tanto como privilegiados e restritos: as qualidades que permitem que um tipo de informação seja coletado e entendido restringem outros tipos de informação "(Fielding e Schreier, 2001: 50). Ciências Exatas a triangulação refere-se a um método para determinar a posição de um ponto C, através da observação de dois pontos, A e B. Ciências Humanas década de 1950-1960 a obtenção de dados de diferentes fontes e a sua análise, recorrendo a estratégias distintas, melhoraria a validade dos resultados Denzin, 1970 uma hipótese testada com o recurso a diferentes métodos podia ser considerada mais válida do que uma hipótese testada unicamente com o uso de um único método. Denzin Tipos de Triangulação: – A “triangulação de dados” refere-se à recolha de dados recorrendo a diferentes fontes. Distinguindo subtipos de triangulação, Denzin propõe que se estude o fenômeno em tempos (datas – explorando as diferenças temporais), espaços (locais – tomando a forma de investigação comparativa) e com indivíduos diferentes; – Na “triangulação do investigador”, os investigadores recolhem dados independentemente uns dos outros sobre o mesmo fenômeno em estudo e procedem à comparação de resultados. Trata-se de comparar a influência dos vários investigadores sobre os problemas e os resultados da pesquisa; Denzin Tipos de Triangulação: – Na “triangulação teórica”, são usadas diferentes teorias para interpretar um conjunto de dados de um estudo, verificando-se a sua utilidade e capacidade; - Na “triangulação metodológica”, são utilizados múltiplos métodos para estudar um determinado problema de investigação. Denzin distingue dois subtipos: a triangulação intramétodo – que envolve a utilização do mesmo método em diferentes ocasiões – e a triangulação intermétodos – que significa usar diferentes métodos em relação ao mesmo objeto de estudo Denzin em face das “fraquezas” e das “virtudes” de cada método, a “triangulação” consistia num processo complexo de colocar cada método em confronto com outro para a maximização da sua validade (interna e externa), tendo como referência o mesmo problema de investigação. Neste sentido, o principal objetivo da integração de métodos seria a convergência de resultados de investigação, resultados que seriam válidos se conduzissem às mesmas conclusões Denzin em face das “fraquezas” e das “virtudes” de cada método, a “triangulação” consistia num processo complexo de colocar cada método em confronto com outro para a maximização da sua validade (interna e externa), tendo como referência o mesmo problema de investigação. Neste sentido, o principal objetivo da integração de métodos seria a convergência de resultados de investigação, resultados que seriam válidos se conduzissem às mesmas conclusões. Fielding e Schreier (2001) a “triangulação” como validação de resultados pode induzir a erropode ser enganador o recurso a múltiplas fontes de informação como forma de ultrapassar os erros precisamente porque, ao limite, e se cada um dos métodos contiver erros (um determinado tipo de erros), está a proceder-se à sua duplicação. Kelle(2011) triangulação é mais que recurso de validação pretende produzir um retrato do fenômeno em estudo que seja mais completo do que o alcançado por um único método. Da triangulação podem advir três resultados: – a convergência e confirmação mútua, o que conduz às mesmas conclusões; – a complementaridade, por evidenciação de aspectos diferentes do mesmo problema; – e a divergência ou contradição de resultados, que leva a uma leitura mais crítica dos resultados. Níveis de triangulação: – “Triangulação centrada num caso”, um mesmo grupo de indivíduos preenche, por exemplo, um questionário e responde a uma entrevista. As respostas destes indivíduos são comparadas e relacionadas na análise. Tendo a amostragem dois passos (quantitativa e qualitativa), na segunda parte tem de selecionar-se quantos dos indivíduos que preencheram o questionário vão responder às entrevistas; – “Triangulação centrada num conjunto de dados”, existindo um grupo de indivíduos que preenche um questionário e responde a entrevistas, a análise destes dois métodos procede-se através da frequência e da distribuição da amostra (no caso do questionário) e através da criação de uma tipologia (no caso das entrevistas). Por fim, conjuga-se e compara-se a distribuição das respostas e a tipologia. MAPA COGNITIVO Mapeamento cognitivo: [...] conjunto de técnicas ou ferramentas de pesquisa voltadas para identificar os elementos que integram esses mapas ou modelos construídos pelos indivíduos [mapas cognitivos como representações mentais] e partilhados, em maior ou menor grau, por outros indivíduos. Essas técnicas envolvem, também, formas de retratar graficamente as crenças subjetivas acessadas, dando-lhes um tratamento espacial [mapas cognitivos como produto do mapeamento] que facilite a visualização das relações significativas identificadas.( Bastos 2002) “o mapeamento cognitivo é uma técnica para mapear o pensamento de indivíduos ou grupos de pessoas, que debatem temas a partir de diferentes visões sobre o mesmo assunto”. (Guimarães: 2007, p.24) MAPA COGNITIVO Mapa cognitivodois significados: Construção mental do indivíduo a respeito do ambiente ou de uma experiência, ou seja, representações mentaissão schemas, ou seja, enquadramentos e códigos com elevado grau de interpretação por parte do entrevistador, ou modelos mentais construídos pelos indivíduos a partir da percepção e interação deste indivíduo com o seu meio ambiente. Resultam de um “processo de abstração, cerne da atividade simbólica, o que envolve seleção, omissão, desconsideração de diferenças e organização de detalhes da realidade de modo que a pessoa possa construir um mundo coerente, estável e organizado, enquanto uma totalidade” (BASTOS, 2002). MAPA COGNITIVO Mapa cognitivodois significados: A cognição, além de ser uma associação entre ideias, que media a ação, é uma associação entre situações e consequências que influenciam o comportamento (FIOL; HUFF, 1992). processo de aprendizagem resultante de um processo de abstração do indivíduo frente a um ambiente em mudanças sua característica subjetiva e interpretativa resulta em um modelo simplificado e impreciso da realidade. Três aspectos essenciais para a compreensão dos mapas cognitivos como construção mental (a)os mapas são representações dinâmicas, constantemente atualizadas a partir das experiências de aprendizagem do sujeito; (b)os mapas não consistem em uma cópia exata do ambiente ou de uma experiência. Há sempre as características pessoais, o limite da cognição individual. (c): “os mapas estruturam as regularidades percebidas pelos sujeitos ao explorarem os seus ambientes, funcionando como estruturas epistemológicas que norteiam a ação da pessoa” (WEICK; BOUGON, 1996 apud Bastos 2002, p. 67). 2-Mapeamento cognitivo processo de transcrição dos mapas mentais ou schemas da mente dos indivíduos para outro meio e o produto físico deste mapeamento (BASTOS, 2000). Os mapas cognitivos, gerados a partir do mapeamento, envolvem, ao menos, duas etapas de “perda” de traços da realidade: (1) quando o indivíduo, segundo a sua subjetividade, constrói seus mapas cognitivos; e (2) quando o mapeador, utilizando-se também de sua própria subjetividade, tenta extrair a visão da realidade descrita pelo indivíduo que está tendo seus processos cognitivos mapeados. Há diferentes tipos de mapas cognitivos sendo utilizados e diversos autores fazem uma divisão diferenciada quanto a esses tipos. Fiol e Huff (1992) dividem os mapas cognitivos em três categorias, de acordo com os seus componentes: 1 – Mapas de identidade: identificam conceitos e temas centrais do discurso do indivíduo, principais atores, eventos e processos do ‘terreno’, por meio do agrupamento de conceitos e de temas freqüentemente repetidos (BASTOS, 2000). Com base no número de repetições de conceitos ou assuntos, os schemas são selecionados. Este tipo de mapa volta-se para uma análise do conteúdo do discurso (GUIMARÃES, 2007). Mapas de identidade (Fiol e Huff (1992) são a base do processo de mapeamento cognitivo em organizações, pois mostram as principais características do “terreno cognitivo”. Eles são importantes para o entendimento das bases da organização com as quais os administradores trabalham, informações estas que são necessárias para a utilização de outros tipos de mapas. Este tipo de mapa é uma ferramenta essencial para identificar atores chave, eventos e processos críticos no ambiente. É formado pela análise do conteúdo verbal do entrevistado em entrevistas semi-estruturadas ou abertas, ou alternativamente, fontes escritas. O mapa (produto) não segue um formato padrão e pode ter, como auxiliar para sua análise, programas computacionais (GUIMARÃES, 2007). 2 – Mapas de categorização: buscam mapear como as pessoas estruturam o seu conhecimento. Centram-se então em três pressupostos: 1-[...] o pensamento requer um resgate da memória organizada; 2-o processo de categorização – modificação de velhas categorias e criação de novas – está envolvido na aprendizagem; 3-o significado de qualquer conceito emerge do seu contraste com outros conceitos (BASTOS, 2000, p.7). Base a teoria dos construtos pessoais de Kellysão ideias, informações que são construídas por cada indivíduo de uma maneira particular e são organizados de forma hierarquizada na mente, de maneira a estruturar a percepção a respeito de um determinado assunto. Homem procura continuamente dar sentido ao mundo ao seu redor, constrói significados desenvolve um sistema de “construtos” que têm como característica a bipolaridade (um pólo de afirmação e outro de negação). Por meio das similaridades e contrastes fornecidos por essa bipolaridade, os construtos são organizados hierarquicamente na mente do indivíduo, formando um sistema que permite a construção de significados e a interação social (KELLY, 1955). Os mapas de categorização buscam descrever os schemas (construtos) mentais de uma pessoa por meio do contraste entre conceitos, determinar a relação que existe entre conceitos, trabalha com a classificação e a posição relativa entre os conceitos obtidos em entrevistas semiestruturadas e estruturadas para a coleta de dados. Os conceitos são agrupados com base nas semelhanças e diferenças entre os eventos e situações identificados no discurso (BASTOS, 2000). Os schemas são separados em categorias, criadas pelo mapeador de acordo com semelhanças e diferenças entre os conceitos identificados no discurso. A representação gráfica do mapa assume a figura de uma árvore com ramificações hierárquicas (GUIMARÃES, 2007). 3 – Mapas causais ou de argumentação: explicitam a influência, a relação de causalidade e a dinâmica do sistema de construtos pessoais (schemas mentais). São mapas mais complexos, que proporcionam, em uma organização, construir um sentido para o ambiente em que o decisor está inserido. Fornecem detalhes sobre as características do ambiente e sobre o modo que estas características estão conectadas. Traçam as relações entre opções preferenciais, escolhas estratégicas e objetivos (BASTOS, 2002) ou, opções potenciais, questões-chave e objetivos (RIEG; FILHO, 2003). Informam sobre ligações potenciais entre realidades de importância para a organização através do tempo. Explicitam como certos eventos individuais se ligam a outros eventos ocorridos em tempos diferentes. Estas relações estabelecidas capturam julgamentos sobre a ligação entre ações e efeitos (FIOL; HUFF, 1992).Utilizam entrevistas abertas e semi-estruturadas para a coleta de dados. As representações gráficas tomam forma de “redes de associações entre os conceitos e setas de causalidade”(GUIMARÃES, 2007). Fiol e Huff (1992) concluem que os três tipos de mapas cognitivos possuem seus pontos fortes e fracos. Eles podem ser explorados em conjunto em uma organização,pois um tipo de mapa pode complementar as informações capturadas por outro. As particularidades de cada um devem ser conhecidas para que eles possam ser melhor aproveitados. Mapas de Associação de Idéias Mapas de associação de ideias como recurso de análise, permitem a visualização do encadeamento das associações de ideias dos participantes das entrevistas. Não interessa o conteúdo da linguagem, mas a produção de sentidos sobre os temas. A análise inicia-se com uma imersão no conjunto das informações obtidas, tentando o afloramento dos sentidos, para uma possível confrontação entre os sentidos construídos no processo de pesquisa e de interpretação e daqueles oriundos do campo teórico (SPINK, 1999) Procedimentos: Cria-se uma tabela com tantas colunas quantas forem as categorias de análise. As colunas definem o “Objeto”, as “Primeiras Associações”, as “Explicações das Associações” e os “Qualificadores” As falas são transpostas em sua totalidade para as colunas, respeitando a ordem de fala original No início, as categorias definidas são gerais, expressando principalmente os objetivos da pesquisa e sua dimensão teórica À medida que a análise avança, as categorias são revisadas, gerando uma aproximação gradual com os sentidos percebidos como atividade fim. Efetua-se a codificaçao linha por linha Process Tracing é uma ferramenta fundamental de análise qualitativa. Define-se como o exame sistemático de evidências de diagnóstico, selecionadas e analisadas à luz da investigação de questões e hipóteses colocadas pelo investigador. Serve para descrever fenômenos sociais e políticos e também para avaliar afirmações causais. David CollierA abordagem é diferenciada sob três aspectos: 1-ProcessTracing vis-à-vis evidênciasO processo de rastreamento concentra-se em “observações de processocausa”(CPOS). A idéia de CPOS destaca o contraste entre: (a) o fundamento empírico da pesquisa qualitativa, e (b) as matrizes de dados analisados por pesquisadores quantitativos, que podem ser chamados de dados de observações (ORD). 2-Descrição. Descrição cuidadosa é uma base do processo de rastreamento (Mahoney 2010, 125-31). O processo de rastreamento inerentemente analisa trajetórias de mudança e causalidade, mas a análise falha se os fenómenos observadas em cada passo nessa trajetória não forem adequadamente descritos. Por isso, o que outras abordagens consideram a descrição "estática“, é um elemento crucial para analisar os processos em estudo. 3-Seqüência. Processo de rastreamento dá muita atenção às seqüências de variáveis independente, dependente e intervenientes. O método de Process-Tracing procura identificar o processo de intervenção causal - a cadeia causal e o mecanismo causal - entre uma variável independente (ou variáveis) e o resultado da variável dependente O método opera extraindo todas as implicações observáveis de uma teoria e não somente as implicações sobre a variável dependente. Em seguida, essas implicações são testadas como hipóteses utiliza-se especialmente entrevistas com “elites” No processo de rastreamento, o pesquisador analisa histórias, documentos de arquivo, transcrições das entrevistas e outras fontes para ver se o processo causal em uma teoria ou hipótese, em um caso, é de fato evidente na seqüência e valores das variáveis i ntervenientes nesse caso.