ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS Comunicar não é só transmitir informações, uma mensagem. É fazer o outro crer. Agir sobre o outro. Não é só um ato de fazer saber, mas fazer crer e fazer fazer. Professor Marlos Pires Gonçalves ARGUMENTO (...) razão, raciocínio que conduz à indução ou dedução de algo; prova que serve para afirmar ou negar um fato; recurso para convencer alguém, para alterarlhe a opinião ou o comportamento (...) Fonte: Dicionário Houaiss Vem do latim argumentum, onde a raiz argu- significa fazer brilhar, iluminar. 1. Argumento baseado em Exemplificação / Ilustração: A exemplificação consiste no relato de um pequeno fato (real ou fictício). Hipotética: narra o que poderia acontecer ou provavelmente acontecerá em determinadas circunstâncias. Real: descreve ou narra em detalhes um fato verdadeiro. 1. Exemplificação / Ilustração Hipotética: Suponhamos que o leitor (ou ouvinte) seja professor particular. Seu dia de trabalho começa invariavelmente às 7 horas da manhã, com a sua primeira aula a uma turma de quarenta ou mais alunos. Ao meio-dia já terá dado quatro ou cinco aulas. Depois de uma ou duas horas para o almoço... Real: O fato de o Professor Fulano de Tal se ver na contingência de dar, em colégios particulares, dez ou mais aulas diárias é um exemplo típico dos sacrifícios a que estão sujeitos os membros do magistério particular no Brasil. 2. Argumentos baseados em provas concretas Informações concretas, extraídas da realidade. Podem ser usados dados estatísticos ou fatos notórios (de domínio público). 2. Argumentos baseados em provas concretas São expedientes bem eficientes, pois, diante de fatos, não há o que questionar... No caso do Brasil, homicídios estão assumindo uma dimensão terrivelmente grave. De acordo com os mais recentes dados divulgados pelo IBGE, sua taxa mais que dobrou ao longo dos últimos 20 anos, tendo chegado à absurda cifra anual de 27 por mil habitantes. Entre homens jovens (de 15 a 24 anos), o índice sobe a incríveis 95,6 por mil habitantes. (Folha de S. Paulo. 14/04/2004) 3. Argumento de autoridade Citar autores renomados, autoridades num certo domínio do saber. Usar citações mostra que o falante conhece bem o assunto que está discutindo, porque já leu o que sobre este assunto já pensaram outras pessoas. 3. Argumento de autoridade Segundo o linguísta Marcos Bagno, vivemos atualmente um momento intermediário do desenvolvimento de nossa língua, pois ela ainda se assemelha com o português falado em Portugal, mas apresenta grandes diferenças estruturais, principalmente com relação ao uso que os falantes de lá e de cá fazem dos recursos lingüísticos que têm à sua disposição. Isso significa que nos comunicamos através de uma língua ou idioma que podemos chamar de português brasileiro. "É muito provável que daqui a 500 anos ela já esteja tão diferente do português de Portugal que os dois povos não se entenderão mais. Aí sim será possível chamar nossa língua simplesmente de brasileiro”. 4. Argumento baseado no consenso As matemáticas trabalham com axiomas, que são proposições evidentes por si mesmas e, portanto, indemonstráveis: o todo é maior do que a parte; duas quantidades iguais a uma terceira são iguais entre si, etc. Em outras palavras, fórmula que se presume correta, embora não suscetível de demonstração 4. Argumento baseado no consenso A educação é a base do desenvolvimento. Os investimentos em pesquisa são indispensáveis, para que um país supere sua condição de dependência. 5. Argumentos com base no raciocínio lógico Para comprovar uma tese, você pode buscar as relações de causa (os motivos, os porquês) e de conseqüência (os efeitos). 5. Argumentos com base no raciocínio lógico O homem , dia a dia, perde a dimensão de humanidade que abriga em si, porque os seus olhos teimam apenas em ver as coisas imediatistas e lucrativas que o rodeiam. Consequentemente, o espírito competitivo vem sendo excessivamente exercido entre nós, de modo que hoje somos obrigados a viver numa sociedade fria e inamistosa. 6. Argumentos com base na competência linguística: Em muitas situações de comunicação (discurso político, religioso, pedagógico etc.) deve-se usar a variante culta da língua. O modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz. Utilizar também um vocabulário adequado à situação de interlocução dá credibilidade às informações veiculadas. Se um médico não se vale de termos científicos ao fazer uma exposição sobre suas experiências, desconfiamos da validade delas 6. Argumentos com base na competência linguística: Não sou biólogo e tenho que puxar pela memória dos tempos de colegial para recordar a diferença entre uma mitocôndria e uma espermatogônia. Ainda lembro bastante para qualificar a canetada de FHC de “defecatio maxima” (este espaço é nobre demais para que nele se escrevam palavras de baixo calão, como em latim tudo é elevado...). 6. Argumentos com base na competência linguística: Muitas vezes, a concordância não é feita com a forma gramatical das palavras, mas com a idéia ou o sentido que está subentendido nelas. A esse tipo de concordância, dá-se o nome de concordância ideológica ou silepse. Silepse de Gênero: Ex: São Paulo é violenta. Silepse de número: Ex: A molecada corria pelas ruas e atiravam pedras. Silepse de pessoa: Ex: Os pobres corremos da polícia. 7. Ataque às fontes adversárias Para provar que você está com a razão, você pode apresentar os argumentos do seu opositor e destruí-los previamente. 7. Ataque às fontes adversárias Sempre se disse, aqui e em Portugal, "anos quarenta", "anos sessenta". Todos éramos felizes e falávamos corretamente. No entanto, de alguns anos para cá, têm surgido estranhas vozes apregoando que o correto seria "anos quarentas", "anos sessentas". Quem são elas? Eu, que já as conheço muito bem, posso fazer um retrato falado: essas vozes provêm de pessoas de escassa formação em Letras (quando não em Jornalismo!), de nenhuma expressão na área acadêmica, que se metem a reformar o mundo da linguagem com um furor e um entusiasmo inversamente proporcionais ao seu conhecimento. Não conhecem Lingüística e raramente citam os bons gramáticos da gema, pois preferem citar-se entre si, dentro da mesma laia. 7. Ataque às fontes adversárias Essas "autoridades" logo tratam de relacionar uma série de regras impressionantemente precisas, em geral reunidas em lotes de conta redonda (pois essa gente tem um verdadeiro fascínio por títulos como "Cem regras de ...", "As 1000 regras mais ...", "Os Dez Mandamentos da ..."), e mandam bala no nosso pobre idioma. Seu tom é invariavelmente repressivo e onipotente ("não pode", "é proibido", "está errado", "não admito"), mas as "regras" que formulam são absurdas e fantasiosas, apresentadas sem o raciocínio ou a pesquisa que as embasou. Quase nunca discutem, quase nunca tentam argumentar; evitam, assim, que venha à luz a fragilidade de seus conhecimentos. Num discurso vazio e autoritário, limitam-se a afirmar - o que, na cabeça de porongo deles, já é o suficiente. 8. Antecipação às críticas adversárias Trata-se de você prever as possíveis críticas/argumentos de seus adversários e respondê-las antecipadamente. 8. Antecipação às críticas adversárias Um dia, você percebe que seu computador está lento. Você entra na internet e baixa um arquivo. Surge na tela a mensagem: “Deseja imprimir agora?” Minutos depois, uma placa nova está na sua impressora. Não, não é mágica. Chegará o dia em que existirão impressoras capazes de fabricar objetos tridimensionais. Por mais que pareça bruxaria, a novidade é baseada em tecnologia simples, não muito diferente da de uma impressora comum. Imagine uma máquina que desenha um quadrado no papel. Em seguida, ela faz outro quadrado por cima, e outro, e outro. Até que as camadas se transformam num cubo de tinta. É isso que uma impressora 3-D faz. Só que, em vez de tinta, o aparelho usa um plástico líquido que é endurecido por um laser. 8. Antecipação às críticas adversárias Para mim, a Lei Antifumo é um avanço. E, aliás, adorei.Não sou fumante, nunca fumei (nem em peça de teatro) e acho ótimo que seja proibido fumar também nas calçadas dos bares. Sabe por quê? Porque se não fosse proibido, a calçada do barzinho seria a “ala dos fumantes”. E se você optasse por ficar lá fora, tomando um “arzinho”, acabaria tomando uma “fumacinha”. E, como não temos muito espaço nestas calçadas, certamente tomaria mais uma carimbada.Sei que parece preconceito, mas quantas vezes você não quis matar aquela pessoa na balada, bêbada e que está cambaleando (pro seu lado) com o cigarrinho? Você sabe que ela vai te carimbar. E sabe que, se te carimbar, você só vai ouvir um pedido de desculpas. Nada justo. 9. Ironia Consiste em dizer com intenções sarcásticas e zombadoras, exatamente o contrário do que se pensa, do realmente se quer afirmar. Exige, em alguns casos, bastante perícia por parte do receptor. 9. Ironia Celebremos então o nosso eterno egoísmo com uma salva de palmas para a nossa classe média que é uma beleza! Embarca de primeira em qualquer barca furada, e dá à vida em troca de um ‘ingênuo’ sonho de consumo! 9. Ironia Vamos celebrar a estupidez humana/a estupidez de todas as nações. O meu país e sua corja de assassinos-covardes, estupradores e ladrões. Vamos celebrar a estupidez do povo/nossa polícia e televisão. Vamos celebrar nosso governo/e nosso estado, que não é nação. Celebrar a juventude sem escola/as crianças mortas (Joãos, Alanas...). Celebrar nossa desunião/vamos celebrar Eros e Thanatos Persephone e Hades. Vamos celebrar nossa tristeza/vamos celebrar nossa vaidade. 9. Ironia Vamos comemorar como idiotas/a cada fevereiro e feriado Todos os mortos nas estradas Os mortos por falta de hospitais Vamos celebrar nossa justiça/a ganância e a difamação Vamos celebrar os preconceitos/o voto dos analfabetos Comemorar a água podre/e todos os impostos Queimadas, mentiras e seqüestros Nosso castelo de cartas marcadas/o trabalho escravo Nosso pequeno universo Toda hipocrisia e toda afetação/todo roubo e toda indiferença Vamos celebrar epidemias: É a festa da torcida campeã 10. Perguntas retóricas Usar perguntas cujas respostas já estejam subentendidas nas próprias perguntas. Trata-se, portanto de perguntas que induzem o leitor a uma única resposta. Pergunta sem necessidade de resposta dada a sua obviedade. É, na verdade, uma afirmação. 10. Perguntas retóricas É útil voltar a isso? (sentido= não é útil voltar a isso) Vale a pena falar nisso? (não vale a pena falar nisso) Você acredita que eu me divirto em esperálos/las? (não me divirto nada em esperar vocês) Você imagina que isso está terminado? (isso não está terminado) 10. Perguntas retóricas Seria você capaz de caminhar descalço sobre brasas sem queimar os pés? 11. Analogia Consiste em explicitar um conceito ou processo por meio de outro que lhe seja semelhante e mais familiar ao interlocutor, São freqüentemente usadas como indicadoras de analogia as expressões é semelhante, tal como, da mesma forma, do mesmo modo,igualmente, de forma semelhante. 11. Analogia A árvore é um ser vivo. Tem metabolismo e reproduz-se. O ser humano também. Nisso são semelhantes. Ora, se são semelhantes nessas coisas e a árvore cresce, podemos concluir que o ser humano também cresce. 11. Analogia As casas bonitas e bem construídas têm de ter "criadores": autores e construtores inteligentes. O mundo é como uma casa bonita e bem construída. Logo, o mundo tem também de ter um "criador": um autor e arquiteto ― Deus. QUE SÃO MARLOS PROTEJA A TODOS ! AMÉM!!! São Marlos.