MARA REGINA SANTOS DA SILVA O PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR E SUA INFLUÊNCIA NO ESTADO NUTRICIONAL E CONDIÇÃO DE SAÚDE DOS TRABALHADORES NO BRASIL CANOAS, 2011 MARA REGINA SANTOS DA SILVA O PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR E SUA INFLUÊNCIA NO ESTADO NUTRICIONAL E CONDIÇÃO DE SAÚDE DOS TRABALHADORES NO BRASIL Trabalho de conclusão apresentado à banca examinadora do Curso de Nutrição do Centro Universitário La Salle – UNILASALLE, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Nutrição. Orientadora: Profª. Me. Sandra Maria Pazzini Muttoni CANOAS, 2011 MARA REGINA SANTOS DA SILVA O PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR E SUA INFLUÊNCIA NO ESTADO NUTRICIONAL E CONDIÇÃO DE SAÚDE DOS TRABALHADORES NO BRASIL Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel do Curso de Nutrição do Centro Universitário La Salle – Unilasalle. Aprovado pela banca examinadora em 08 de dezembro 2011. ________________________________________________ Profª. Me. Ana Paula Frasson Tibola Secretaria de Saúde de Canoas e Escola Técnica Universitário _________________________________________________ Profª. Me. Sandra Maria Pazzini Muttoni Unilasalle __________________________________________________ Prof. Me. Francisco Stefani Amaro Unilasalle Este trabalho é dedicado a todas as pessoas que me acompanharam e apoiaram durante toda a graduação, em especial aos meus pais. AGRADECIMENTOS Hoje é inicio de uma grande realização da minha vida, com muito sacrifício e perseverança, mas hoje só tenho agradecer a Deus por ter me confortado em vários dias difícies nesta caminhada . Agradeço aos meus Pais, Maria Ritta e Pedro Paulo, pela paciência ajuda financeira, e também o apoio em todos os momentos da minha vida. Agradeço ao meu irmão Paulo César que sempre me apoiou e por sua paciência. Agradeço ao meu Tio Jorge (in memória), sempre incentivou minha escolha profissional. Agradeço minha madrinha Maria das Graças sempre me apoiando e incentivando. Agradeço todos meus familiares que sempre me apoiaram. Agradeço a todos os mestres do Unilasalle que passaram seus conhecimentos e experiências profissionais que agregaram bastante para nossa formação. Agradeço as minha colegas do Unilasalle, que hoje passaram a ser colegas e amigas de coração em especial a Daiane Foleto, Andressa Brito, Vanessa Gino, Vanessa Guindani, Tassia Camargo e Patrícia Moritz. Agradeço aos meus amigos, que muitas vezes ficaram sem a minha presença em alguns eventos por um motivo e outro. Agradeço as Nutricionistas Ana Cappelleni e Walkiria Garcia. Agradeço em especial às nutricionistas Betina Glitz e Claudia Marchese pela oportunidade que tive no Hospital Mãe de Deus. Agradeço a Nutricionista Tatiana Callero pela experiência e conhecimento que foi me passado no tempo que trabalhamos juntas. Agradeço a minha equipe e colegas do Hospital Mãe de Deus que sempre me apoiaram. Agradeço especialmente a minha orientadora e professora Sandra Muttoni, pela paciência e compreensão. Agradeço ao Centro Universitário Unilasalle que me tornou uma profissional da área da saúde e com conhecimento inesquecível que com certeza levarei para toda minha vida. O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, acontecem. inesquecíveis, mas Por na intensidade isso existem coisas inexplicáveis com que momentos e pessoas incomparáveis. Fernando Pessoas RESUMO Discute-se e amplia-se neste trabalho de revisão os conhecimentos sobre o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), onde é confrontado aquilo que consta na legislação específica ao Programa e a realidade vivenciada nas empresas. Verifica-se, assim, que algumas empresas não contemplam as verdadeiras necessidades nutricionais estabelecidas para os trabalhadores, mostrando que a prática está longe dos objetivos do Programa, ocasionando afastamento do trabalhador, por tempo determinado ou indeterminado ou mesmo aposentadoria, devido a vários fatores como: estresse, doenças Crônicas não transmissíveis, doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. Estas situações negativas foram atribuídas, em grande parte, ao tipo de cardápio oferecido nos refeitórios das empresas, que não atendem aos parâmetros nutricionais estabelecidos no PAT. Da mesma forma, verifica-se que este Programa pode oferecer as modalidades de entrega de cestas básicas e vales refeição ou alimentação, sendo que tais modalidades também não apresentam adequação às metas nutricionais definidas pela legislação específica do PAT, pois o trabalhador, muitas vezes, realiza suas refeições em estabelecimentos que não seguem às determinações do Programa, ou as cestas básicas recebidas não possuem orientações que estimulem bons hábitos alimentares, além de apresentarem alguns produtos que não fazem parte de uma alimentação saudável. Assim, constata-se que é necessária uma fiscalização mais rigorosa e sistemática nas empresas cadastradas no Programa, para que o mesmo possa funcionar adequadamente e atingir os seus reais objetivos: prevenir o surgimento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis e das doenças ocupacionais, assim como reduzir o número de acidentes de trabalho e as taxas de absenteísmo das empresas, oportunizando aos trabalhadores uma melhor condição de saúde e qualidade de vida, além de contribuir para que os governos reduzam os seus gastos com tratamentos e internações hospitalares. Palavras-chave: Programa de Alimentação do Trabalhador, prevenção de doenças no trabalho, responsabilidade técnica no PAT. 7 ABSTRACT It discusses and expands in this review knowledge of the Workers' Food Program (WFP), where he is confronted what specific legislation contained in the Program and the real situation in the companies. There is, therefore, that some companies do not cover the true nutritional requirements established for the workers, showing that the practice is far from the goals of the program, resulting in removal of the worker, for fixed or indefinite period or even retirement, due to various factors such as: stress, non-communicable diseases, occupational diseases and industrial accidents. These negative situations were attributed in large part to the type of menu offered in the cafeterias of companies that do not meet the nutritional parameters established in the PAT. Likewise, it appears that this program can provide the procedures for delivery of food baskets and meal vouchers or food, and that those arrangements do not provide adequate nutrition goals defined by specific legislation of PAT, for the worker, often place your meals in establishments that do not follow the determinations of the Program, or the baskets have received no guidance to encourage good eating habits, besides presenting some products that are not part of a healthy diet. Thus, there is the need for a more rigorous and systematic monitoring in companies registered in the program, so that it can function properly and achieve its real goal: to prevent the emergence of Chronic Non communicable Diseases and illnesses, as well as reducing the number of accidents and absenteeism rates of businesses, providing opportunities to workers a better health condition and quality of life, and help governments to reduce their spending on treatments and hospitalizations. Keywords: Food Program worker. Prevention Disease work. Technical responsibility in PAT LISTA DE FIGURAS E TABELAS Tabela 1 – Referência para macro e micronutrientes do PAT .............................. 20 Tabela 2 – Distribuição dos macronutrientes, fibras e sódio ................................. 20 Tabela 3 – Relatório PAT ...................................................................................... 21 Figura 1 – Avaliação para IMC.............................................................................. 28 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS MTE Ministério do Trabalho e Emprego PAT Programa de Alimentação do Trabalhador HAS Hipertensão Arterial Sistêmica UAN Unidade de Alimentação e Nutrição RAIS Relação Anual de Informações Sociais SIT Secretaria de Inspeção do Trabalho DSST Departamento de Segurança e Saúde do Trabalho COPAT Coordenação do Programa de Alimentação do Trabalhador SAPS Serviço de Alimentação da Previdência Social PRONAN Programa Nacional de Alimentação e Nutrição EBCT Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 11 1.1 Objetivos ....................................................................................................... 12 1.2 Objetivo geral: ............................................................................................... 12 1.3 Objetivos específicos: .................................................................................. 12 2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 13 3 METODOLOGIA............................................................................................. 14 4 REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................... 15 4.1 História e considerações sobre o Programa de Alimentação do Trabalhador ................................................................................................... 15 4.2 Benefícios do PAT ........................................................................................ 17 4.2.1 Ao empregador ........................................................................................... 17 4.2.2 Ao trabalhador ............................................................................................ 17 4.2.3 Para sociedade ........................................................................................... 18 4.3 Legislação referente ao PAT........................................................................ 19 4.4 Fiscalização do PAT ..................................................................................... 21 4.5 Dados do PAT ............................................................................................... 21 4.6 A influência do Programa de Alimentação do Trabalhador na prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis ................................................. 22 4.6.1 A Alimentação do trabalhador e sua influência na hipertensão .................. 22 4.7 A alimentação do trabalhador e sua relação com a obesidade ................ 24 4.8 A alimentação do trabalhador e sua relação com o perfil lipidico ........... 26 4.9 Importância do profissional habilitado para o PAT ................................... 27 4.9.1 5 Valor do nutricionista em Unidade de Alimentação e Nutrição ................... 27 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 29 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 30 ANEXO A: CADASTRO DO NUTRICIONISTA ........................................................ 33 ANEXO B: PORTARIA INTERMINISTERIAL 66/2006 ............................................. 35 11 1 INTRODUÇÃO O Programa de Alimentação do Trabalhador( PAT) foi criado pela lei nº 6321, de 14 de abril de 1947, com uma proposta de melhoria no estado nutricional, aumento na produtividade e qualidade de vida em trabalhadores de baixa renda. Contempla o governo e as empresas que se cadastram neste programa. Conforme a lei as empresas tem desconto de 4% em seu imposto de renda devido, limite que é cumulativo com dois outros programas de incentivo fiscal. O programa tem como objetivo central melhorar as condições nutricionais dos trabalhadores, para que haja índice pequeno de absenteísmo e produtividade. Conforme dados da literatura, ocorre uma contradição na lei, cada dia mais o índice de trabalhadores com doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) vem crescendo, tendo grande prejuízo para as empresas e ao governo. O governo já criou esse programa para que haja uma prevenção para saúde dos trabalhadores, e uma diminuição do gasto com saúde para empresas, um beneficio ao empregador que terá um empregado saudável e com ótima produtividade. As DCNT : hipertensão, obesidade e dipidemias, são grande preocupação no Brasil, não tem mais faixa etária para as pessoas desenvolverem algumas dessas doenças, que podem levar a morte. Essas doenças podem ser decorrentes de maus hábitos alimentares, sedentarismo, estresse no trabalho, alimentos industrializados com alto teor de sódio. Por isso a importância da educação alimentar para os trabalhadores, se evitar problemas momentâneos e futuros. O PAT é um programa que tem uma boa proposta de melhorias nutricionais e educação nutricional, devendo os parâmetros propostos pelo programa serem seguidos para se alcançar a qualidade de vida do trabalhador. Buscou-se com a presente revisão bibliográfica investigar a importância do PAT, ampliar os conhecimentos sobre esse tema, e também entender se os estudos referem diminuição de doenças entre os trabalhadores cadastrados no programa. 12 1.1 Objetivos 1.2 Objetivo geral: Analisar a importância do PAT na condição de saúde dos trabalhadores e a sua influência no estado nutricional dos mesmos. 1.3 Objetivos específicos: a) Relatar o histórico do PAT no nosso país; b) Mostrar a influência do PAT na prevenção e/ou tratamento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis; c) Evidenciar a importância do nutricionista como profissional habilitado para assumir a cadastradas. responsabilidade técnica deste Programa nas empresas 13 2 JUSTIFICATIVA O propósito da Portaria interministerial n°66, 25 d e agosto de 2006, é qualificar os parâmetros nutricionais para os trabalhadores, verificando-se que era necessário ter valores diários para cada refeição oferecida ao trabalhador e valores energéticos adequados para cada área exercida . A escolha pelo tema surgiu a partir do interesse em ampliar os conhecimentos em relação a este programa, devido a oito anos de atuação como Técnica em Nutrição e Dietética, na Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) de uma empresa privada, especificamente na área de produção de alimentos/refeições. Esta vivência possibilitou verificar, ao longo deste período, que os funcionários estão apresentando cada vez mais problemas de saúde e diminuição da qualidade de vida, além de baixa produtividade e ausências ao trabalho. Desta forma, surgiu a preocupação com questões relacionadas à educação nutricional e hábitos alimentares dos trabalhadores da UAN da empresa onde trabalho, despertando-me a curiosidade em confrontar o Programa de Alimentação do Trabalhador com a realidade vivenciada no meu emprego, a fim de apontar os pontos positivos e negativos, tanto da empresa quanto do Programa em pauta. 14 3 METODOLOGIA Este trabalho consiste em uma revisão bibliográfica sobre o Programa de Alimentação do Trabalhador e sua relação com o estado nutricional e de saúde dos trabalhadores. Para tanto foi realizada a pesquisa em artigos científicos, teses e dissertações, considerando-se como período de pesquisa as últimas duas décadas, e incluindo-se preferencialmente estudos na língua portuguesa. A coleta de referências foi realizada no período de julho a outubro de 2011. Utilizou a Bblioteca Virtual em Saúde com o fonte, e buscou-se pesquisas nas bases de dados Scielo, Google acadêmico, e livros, utilizando-se como termos de indexação: programa de alimentação do trabalhador, prevenção de doenças no trabalho, responsabilidade técnica no PAT. Após a obtenção do referencial bibliográfico, cada publicação foi revisada e analisada para posterior redação. 15 4 REVISÃO DA LITERATURA 4.1 História e considerações sobre o Programa de Alimentação do Trabalhador Segundo Araújo, Costa Souza e Trad (2010) os escravos foram os primeiros trabalhadores coletivos agrícolas e das minas. De acordo com autores não havia nenhum cuidado com a alimentação dos escravos,exercem basicamente alimentos de fonte energética como farinha de milho, inhame e feijão sem gordura, às vezes carnes, não tendo a preocupação de alimentos protetores e construtores para os mesmos. Os escravos começaram a diminuir sua produtividade e a surgimento de doenças como cegueira, avitaminoses, tuberculose e tantos outros males, tendo tanta morte, que médicos da época informaram que os escravos estavam desnutridos, devido à falta de nutrientes necessários na dieta destes trabalhadores. (ARAÚJO; COSTA SOUZA; TRAD, 2010). Na década de 1940 já havia um cuidado maior com a alimentação, foi criado o Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS) que permaneceu até a década de 1960, tendo como responsabilidade criar cursos técnicos e profissionalizantes que objetivavam a formação de pessoas para atuarem na área da Nutrição. Após esse período, iniciou-se, em 1970, o Programa Nacional de Alimentação e Nutrição (PRONAN), no qual houve a preocupação de constituir uma proposta de combater os problemas alimentares dos trabalhadores, uma vez que existia inadequação no aporte calórico e nutricional nas refeições oferecidas. (VELOSO; SANTANA, 2002). Segundo dados do Ministério do Trabalho, em 14 de abril de 1976 foi criado Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), através da Lei nº 6.321, regulamentado pelo Decreto nº 5, de 14 de janeiro de 1991, que prioriza o atendimento aos trabalhadores de baixa renda, isto é, aqueles que ganham até cinco salários mínimos mensais. O PAT é um programa de complementação alimentar no qual o governo, empresa e trabalhadores partilham responsabilidades. (BRASIL, 2006a). 16 Este Programa, então, é responsabilidade do governo, das empresas e dos trabalhadores. Sendo que 80% do valor da alimentação de responsabilidade do governo e da empresa, 20% é para descontado em folha do salário bruto do trabalhador. Os tipos de participação do PAT ao trabalhador são: (BRASIL, 2006): beneficiária: é a empresa que concede um benefício-alimentação ao trabalhador por ela contratado; fornecedora: é a empresa que prepara e comercializa a alimentação (refeição pronta ou cestas de alimentos) para outras empresas; prestadora de serviços de alimentação coletiva: é a empresa que administra documentos de legitimação, sejam impressos ou na forma de cartões eletrônico-magnéticos, para aquisição de gêneros alimentícios em supermercados (alimentação convênio) ou para refeições em restaurantes (refeição convênio). (BRASIL, 2006a). O PAT tem duas modalidades de execução para o trabalhador que são as empresas terceirizadas e serviços próprios. O funcionamento das duas empresas são diferentes, a empresa de serviços próprios assume toda a responsabilidade pela produção das refeições, já a empresa terceirizada faz fornecimentos das refeições através de cestas de alimentos, documentos de legitimação (impressos, cartões eletrônicos ou magnéticos) ou prestadoras de serviços de alimentação coletiva, desde que essa empresa fornecedora esteja cadastrada no PAT, conforme o art 8° da Portaria n°03/2002. (BRASIL, 2006a). Qualquer empresa poderá participar deste Programa deste que se cadastre pelo site do Ministério do Trabalho e Emprego, e tenha pelo menos um trabalhador em sua empresa. Conforme a Portaria interminirial n°66, 25 de agost o de 2006, tem um propósito de melhorias nos parâmetros nutricionais para os trabalhadores facilitando para empresas beneficiarias, fornecedoras e prestadoras, fornecendo os parâmetros necessários para cada refeição e função dos empregadores. As novas diretrizes da portaria ofertam frutas e verduras, no mínimo uma unidade para cada uma das refeições principais (almoço e janta), ou nas menores refeições (café da manhã e Lanche). (BRASIL, 2006a). 17 4.2 Benefícios do PAT 4.2.1 Ao empregador É permitido às pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real deduzir do Imposto de Renda devido, a título de incentivo fiscal, entre outros, o valor correspondente à aplicação da alíquota do imposto sobre a soma das despesas de custeio realizadas no período em Programas de Alimentação do Trabalhador (PAT). (PORTAL TRIBUTÁRIO, 2005). Conforme o Ministério do Trabalho e Emprego para se cadastrar ao PAT basta que a empresa tenha um trabalhador. O cadastro passa a ter validade por tempo indeterminado, mas a empresa é obrigada a prestar informações anualmente ao Ministério do Trabalho e Emprego, por meio da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), atualizando os dados constantes do registro do PAT. (BRASIL, 2006b). A vantagem deste programa para incentivo fiscal, é uma dedução do imposto de renda em até 4%. A dedução do incentivo ao PAT, como já mencionado, o eventual excesso pode ser utilizado para dedução nos dois anos-calendário subsequentes com observância dos limites admitidos. Para efeito de pagamento mensal do imposto por estimativa, a parcela do incentivo excedente em cada mês pode ser utilizada nos meses subsequentes, do mesmo ano-calendário, observados os limites normativos conforme a lei foi criada pela Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976. (BRASIL, 2006a). Outras vantagens para o empregador é aumento das produtividades de seus trabalhadores, maior interação destes com a empresa, redução de faltas, atestados médicos e rotatividade, redução de acidentes de trabalho, isenção de encargos sociais sobre o valor do benefício concedido. Sabe-se que a educação nutricional é importante fator para evitar os itens citados. (BRASIL, 2006a). 4.2.2 Ao trabalhador As vantagens deste programa ao trabalhador é melhoria em suas condições nutricionais, qualidade de vida, aumento para resistências a doenças, aumento da 18 sua capacidade física, mais disposição ao trabalho, redução de acidentes de trabalho, beneficio financeiro em decorrência da redução nas suas despesas fixas. (BRASIL, 2006a). O trabalhador tem uma participação de 20 % do custo direto da refeição, aproximadamente R$ 1,99 para cada refeição oferecida, conforme o art2°, do Decreto n° 349, de 21 de novembro de 1991. O trabal hador em causa de falta ao trabalho não deverá ser descontado. Funcionário com licença ou férias também não perde o beneficio. (BRASIL, 2006b). Conforme Bandoni, e tal (2006), o PAT tem como objetivo melhorar o ambiente de trabalho que é reconhecido como um local estratégico de promoção à saúde e alimentação saudável para que haja uma conscientização dos trabalhadores na prevenção das doenças crônicas não transmissíveis. 4.2.3 Para sociedade As vantagens deste programa para sociedade, configura-se através de uma redução de despesas na área da saúde, bem estar social e um crescimento na atividade econômico.(BRASIL, 2006b). No início do ano de 2006 ocorreu uma mudança na lei, quando foi estabelecida uma portaria interministerial n°66 cujo o objetivo foi propiciar ao trabalhador um padrão alimentar adequado às suas necessidades biológicas e sociais. Também foram incluídas considerações sobre os princípios de variedade, da moderação e do equilíbrio, priorizando os alimentos regionais e, respeitando o significado sócio econômico e cultural dos trabalhadores e também o contexto da Segurança Alimentar do Trabalhador (BRASIL, 2006a) Conforme Colares (2005), o MTE considera o PAT uma das iniciativas publicas com maior sucesso em âmbito mundial para a sociedade, que reduzirá os custos com saúde e qualidade de atendimentos em hospitais e unidades básicas. Segundo Bandoni, e tal (2006), o Programa PAT tem existência de quase 30 anos com grande sucesso em todo Brasil, mais de oito milhões de trabalhadores cadastrados. O governo também se beneficia destes negócios gerados em mais de sete a oito bilhões de reais. 19 4.3 Legislação referente ao PAT Conforme dados do Ministério do Trabalho, em 1976 foi criado Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), através da Lei nº 6.321, de 14 de abril e regulamentado pelo Decreto nº 5, de 14 de janeiro de 1991, que prioriza o atendimento aos trabalhadores de baixa renda, isto é, aqueles que ganham até cinco salários mínimos mensais. O PAT é um programa de complementação alimentar no qual o governo, empresa e trabalhadores partilham responsabilidades. (BRASIL, 2006b). No contexto histórico das Leis que regulamentam o PAT, pode-se relacionar: primeiramente a Portaria Interministerial n°5 de 30 de novembro de 1999: publicada no Diário Oficial da União de 3 de dezembro de 1999, regulamentou a execução do PAT. Determina o MTE como órgão gestor do PAT. Aprova o formulário de adesão ao PAT e regulamenta esta adesão através de entrega de formulário na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT). Explicita os parâmetros para as calorias nas refeições principais conforme a atividade seja leve ou intensa. I. as refeições principais (almoço, jantar, ceia) deverão conter 1.400 calorias cada uma, admitindo-se uma redução para 1.200 calorias, no caso de atividade leve, ou acréscimo para 1.600 calorias, no caso de atividade intensa, mediante justificativa técnica, observando-se que, para qualquer tipo de atividade, o percentual protéico-calórico (NdpCal) deverá ser, no mínimo, de 6% (seis por cento); II – desjejum e merenda deverão conter um mínimo de 300 (trezentas) calorias cada uma e de 6% (seis por cento) de percentual protéico-calórico (NdpCal); III – as cotas da cesta de alimentos deverão conter o total dos valores diários citados nos incisos I e II deste Artigo, observado o percentual protéico-calórico ali estabelecido. (BRASIL, 1999). Posteriormente, teve-se a portaria n. 66 de 25 de agosto de 2006, que altera os parâmetros nutricionais do Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT. Assim o parágrafo 5º fica com nova redação(BRASIL, 2006a): “Os programas de alimentação do trabalhador deverão propiciar condições de avaliação do teor nutritivo da alimentação, conforme disposto no art. 3º do Decreto nº 5, de 14 de janeiro de 1991”. Esta portaria enfatiza no parágrafo primeiro a importância de respeitar os princípios da variedade, da moderação e do equilibrio, e também de utilizar alimentos regionais respeitando assim “seu significado socioeconômico e cultural, no 20 contexto da Segurança Alimentar e Nutricional”. O parágrafo 2º salienta que as pessoas jurídicas participantes do PAT, mediante prestação de serviços próprios ou de terceiros, deverão garantir a qualidade e quantidade da alimentação fornecida aos trabalhadores, e tem como responsabilidade fiscalizar este aspecto. Já o parágrafo 3º define os parámetros nutricionais para a alimentação do trabalhador, que devem ser calculados com base nos valores diários de referência para macro e micronutrientes, conforme a tabela 1. Tabela 1 – Referência para macro e micronutrientes do PAT Nutrientes Valores Energéticos Total Valores diários 2000 calorias Carboitrados 55-75% Proteína 10-15% Gordura Total 15-30% Gorduras saturadas <10% Fibras >25g Sódio ≤2400mg Fonte: Brasil, Portaria 66, 2006. Conforme a Portaria ficaram estabelecidos também os novos parâmetros para cada refeição (almoço, jantar e ceia), devendo conter de 600 a 800 calorias, admitindo-se um acréscimo de 20% (400 calorias) em relação ao valor energético total (VET), correspondendo à faixa de 30- 40 % do VET diário . E as refeições menores (desjejum e lanche) deveram conter de 300 a 400 calorias, Admitindo-se acréscimo e correspondente a 15-20 % do VET diário. Assim, a distribuição dos macronutrientes, fibras e sódio devem seguir os parâmetros demonstrados na tabela 2. Tabela 2 – DIstribuição dos macronutrientes, fibras e sódio Refeições Desjejum/Lanche Almoço/jantar/ceia Carboidrato s (%) 60 60 Proteínas (%) 15 15 Gorduras Totais(%) 25 25 Gorduras Saturadas(%) <10 <10 Fibras Sódio(mg) 4-5 7-10 360-480 720-960 Fonte: Brasil, Portaria 66, 2006. Observa-se que conforme a Portaria 5/99 já foram estabelecidas as calorias por refeição: (BRASIL, 2006a) 21 refeições diárias estabelecidas para empresas em calorias: 1400 cal/dia; atividade leve: 1200 cal/dia; atividade intensa: 1600 cal/dia. Conforme o quarto parágrafo da portaria 66/2006 os estabelecimentos conveniados devem promover a educação alimentar dos trabalhadores para isso, foi determinado visualizar ao público a sugestão de cardápio saudável aos trabalhadores. O nono parágrafo trata da necessidade de adaptar este cardápio aos trabalhadores portadores de doenças com alimentação especial. Ainda verifica-se, nos parágrafos décimo primeiro e décimo segundo, a determinação da necessidade de um responsável técnico para a execução do programa implantado pelas empresas e que tal responsabilidade técnica deverá ser exercida por um profissional habilitado em nutrição. 4.4 Fiscalização do PAT Entre os pontos positivos da fiscalização do PAT tem-se a edição da IN SIT N. 30, de 17-10-2002, que dispõe sobre os procedimentos a serem adotados pelos Auditores Fiscais do Trabalho nas ações de divulgação e fiscalização do PAT. Como pontos negativos da fiscalização tem-se a desatualização do roteiro de fiscalização. 4.5 Dados do PAT Os dados do MTE demonstram o andamento e a adesão das empresas ao PAT, conforme tabela 3. (BRASIL, 2006). Tabela 3 – Relatório PAT Anos/Mês: 11/2011 Empresas Trabalhados beneficiárias beneficiados 153.224 14317225 Empresas Empresas pretadoras fornedoras de de serviço de alimentação alimentação coletiva 9.444 138 Fonte: MTE/SIT/DSST/COPAT, 2011. Disponível portal MTE. 22 4.6 A influência do Programa de Alimentação do Trabalhador na prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis 4.6.1 A Alimentação do trabalhador e sua influência na hipertensão A hipertensão arterial sistêmica (HA) configura importante problema de saúde coletiva, que atinge milhões de pessoas no Brasil, pela sua elevada prevalência, pelas complicações agudas e crônicas decorrentes e por representar fator de risco associado às doenças cardiovasculares, condicionando elevadas taxas de morbidade e mortalidade e custos sociais e econômicos decorrentes do uso de serviços de saúde, absenteísmo, aposentadoria precoces e incapacidade para o trabalho. (MARTINEZ; LATORRE, 2005). Segundo Martinez e Latorre (2005) estudo do Ministério da Saúde (2001) e ainda estudo do Centers for Disease Control and Prevention (2003) demonstram que as ações preventivas têm demonstrado morbilidade e mortalidade associada à hipertensão. Conforme Castro, Rolim e Mauricio (2005), o estado de saúde de um trabalhador pode ser influenciado pelo meio aonde vive, por suas relações socioeconômicas e culturais ou indicadas por sinais fisiológicos. A hipertensão é uma doença de alta prevalência no Brasil, atingido adultos, jovens e idosos em aproximadamente 20 a 50% da população brasileira. Em torno de 85% da população atual é atingida por acidente vascular encefálico (AVE) e 40% das vitimas de infarto do miocárdio possuem associação com pressão arterial elevada. Existem 2,4 bilhões de trabalhadores aposentados no Brasil, sendo que 40% destes trabalhadores estão aposentados por invalidez, acidente de trabalho e auxilio doença. Um estudo desenvolvido por Mansur (2001), demonstra que para haver um controle adequado da HAS é necessário uso de medicamentos e mudanças do estilo de vida, a fim de prevenir o excesso de peso, sedentarismo, elevação no consumo de sal/sódio, alimentos gordurosos, álcool, tabagismo, estresses emocional. Estudos como o de Santos e Lima (2008), ou de Reiners et al. (2004), dentre outros, vêm sendo realizado para prevenir o surgimento da hipertensão nos trabalhadores, principalmente no sentido de estimular o cadastramento e cumprimento da legislação do PAT para que melhorias ocorram no padrão de 23 refeições oferecidas pelos empregadores, sempre com o intuito de melhorar a condição nutricional e de saúde dos funcionários, bem como melhorar o desempenho das empresas (redução do absenteísmo, de doenças ocupacionais e de acidentes de trabalho, além do aumento da produtividade). Em sua pesquisa, Martinez e Latorre (2005), aplicaram entrevistas e exames laboratoriais em trabalhadores Metalúrgicos dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, afim de verificar o perfil lipidico, glicemico em jejum e pressão arterial de 3.777 trabalhadores na faixa etária de 40 a 50 anos. Neste estudo, o autor constatou que o índice de trabalhadores hipertensos é mais elevado que os de diabetes e lipidemias. De acordo com os resultados, homens aos 40 anos tem mais chances de desenvolver hipertensão proveniente de uma má alimentação, estresse no trabalho, sedentarismo, consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo e o excesso de peso em relação as mulheres entre 41 e 50 anos . Salienta Chaves et al (2008), que foram realizadas pesquisas para investigar fatores de risco, para pressão arterial sistêmica, em motoristas e colaboradores de ônibus de uma empresa de Fortaleza-CE, onde foi aplicado um questionário com questões referentes à presença de riscos de hipertensão, após verificação da pressão arterial sistema. A pesquisa resultou que 48% dos trabalhadores avaliados possuíam valores alterados ou limítrofes, tendo em vista um grande risco de doenças cardiovasculares nos cobradores e motoristas de ônibus Conforme Santos (2008), a prevenção da hipertensão arterial está relacionada aos fatores de riscos, como idade, sexo, raça/cor e história familiar, sendo que a prevenção ou postergação da doença poder ser obtida através de cuidados com sedentarismo, obesidade e sobrepeso, redução no consumo de alimentos com excesso de sal, gorduras de origem animal e de carboidratos simples (açúcares), além da redução no consumo de café preto (ingestão diária inferior a 100ml de café ou bebidas que contém cafeína) e bebidas alcoólicas, tabagismo e estresse. Em sua pesquisa, Castro (2005) relata mudanças que devem ocorrer na vida perante uma hipertensão, relaciona cuidados como redução de peso, atividade física, tabagismo, redução de sal, uma dieta balanceada, e um aumento de consumo de frutas e verduras; redução de bebida alcoólica, a substituição de gorduras saturadas por poliinsaturadas e monoinsaturadas. O autor refere que alterar hábitos de vida é uma tarefa difícil, sobretudo os hábitos alimentares, e que ações 24 educativas são necessárias para promover a qualidade de vida de cada indivíduo frente aos problemas de sua saúde. 4.7 A alimentação do trabalhador e sua relação com a obesidade A obesidade pode ser definida, de forma simplificada, como uma doença caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, sendo conseqüência de balanço energético positivo e, que acarreta repercussões à saúde com perda importante não só da qualidade como na quantidade de vida, estudos correlacionam a obesidade como aspectos genéticos. (WHO, 2000; FONTAINE, 2003; MENDONÇA, ANJOS 2004). Foram pouca pesquisa que procuram avaliar o objetivo principal do PAT, ou seja, de melhores as condições nutricionais dos trabalhadores, devido á sua abrangência, o PAT poder considerações peça chave na promoção de alimentação saudável da população trabalhadora. (SARNO; BANDONI; JAIME, 2008). Referem Sarno, Bandoni e Jaime (2008) que escassas pesquisas tem como foco avaliar o objetivo principal do PAT, ou seja, melhores as condições nutricionais dos trabalhadores, devido á sua abrangência. O PAT possui em suas especificações e parâmetros considerações essenciais para a promoção de alimentação saudável da população trabalhadora. Os estudo de Sarno, Bandoni e Júnior (2008) e também de Veloso, Santana e Oliveira (2007), demonstram que as empresas que se cadastraram no Programa (PAT) referem um aumento generalizado de peso, inclusive no grupo de indivíduos eutróficos ou com sobrepeso, indicando que, ao contrario do previsto, o programa pode contribuir para a ocorrência de excesso de peso e morbidades associadas entre os trabalhadores beneficiados. Outros estudos encontraram prevalência de sobrepeso que variou de 34,1 % a 41,0% entre os beneficiários do PAT que recebiam vale refeição e cesta básica. (VELOSO; SANTANA; OLIVEIRA, 2007). As pesquisas de Stolte, Hennington e Bernardes (2006) e também de Araujo, Costa Souza e Trad (2010) revelam um desconhecimento formal sobre o PAT como política governamental, embora os trabalhadores tenham revelado expressivo conhecimento sobre a relação existente entre alimentação e saúde, para os 25 trabalhadores do estudo de Stolte, Hennington e Bernardes (2006) o local da sua alimentação é um lugar de “recarregar as baterias”, ou seja, a alimentação na empresa tem função de manter a força física, capacidade de desempenho das suas funções. Segundo Stolte, Hennington e Bernardes (2008), não se pode deixar de ressaltar que, apesar do bom conhecimento dos trabalhadores sobre a alimentação e sua relação com saúde, o desenvolvimento do programa não consegue efetivamente repercutir na mudança do comportamento alimentar a ponto de contribuir na melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores, ações voltadas para a promoção da saúde, devem considerar não somente as questões biológicas quando também as sócio-econômicas e culturais no qual o trabalhador está inserido. A visão dos trabalhadores é que um programa dessa natureza se comporta como compensação salarial. Sabe-se, entretanto, que os mesmos devem ser entendidos também como mecanismos promotores da saúde. (SAVIO et al., 2005) Mattos (2008), mostra que os cardápios das unidades de alimentação e nutrição (UAN), ao invés de promoverem uma qualidade de vida ao trabalhador, podem piorar ou aumentar os riscos de doenças crônicas não transmissíveis como obesidade, diabetes e hipertensão. São cardápios com muitos carboidratos simples, alimentos com alto teor de gordura nas preparações pouca oferta de legumes, verduras e frutas. Segundo estudos de Veloso, Santana e Oliveira (2007), trabalhadores cadastrados no PAT pelo MTE, tiveram maior taxa de incidência de ganho de peso e de sobrepeso do que os empregados não cobertos pelo programa. Por outro lado, como o sobrepeso e obesidade se associam com problemas de saúde, é possível que os trabalhadores com estes agravos tenham sido afastados de suas atividades ocupacionais, não conseguindo seguir as diretrizes do programa. Conforme Mendonça e Anjos (2004), a alimentação não é único vilão para aumento na obesidade nos trabalhadores. Existem outros aspectos vinculados ao desenvolvimento da economia no Brasil. As aquisições de bens de consumo duráveis por parte da população, pode contribuir para a consideração de três fatores ligados a obesidade: a prática de atividade física enquanto redução de gasto energético, o crescimento do uso da televisão como principal meio de lazer; o uso de automóvel para meio de deslocamento. 26 4.8 A alimentação do trabalhador e sua relação com o perfil lipidico O trabalhador dislipidêmico possui alterações em seu perfil lipidico, tento em seu sangue um aumento do colesterol total, triglicérides, LDL- colesterol, VLDL – colesterol, bem como uma taxa de HDL-colesterol abaixo dos níveis recomendados. (KNIBEL; ASSIS, 2010) As dislipidemias apresentam a classificação de primárias e secundárias, ou seja, as dislipidemias primárias surgem através de um distúrbio genético e as secundárias em conseqüência de alguma enfermidade (Diabete Melitos, síndrome nefrótica e hipertiriodismo), ou de hábitos alimentares inadequados. (FARIAS; ALTEMANI, 2003). Neste contexto, verifica-se que o PAT não vem atingindo o seu objetivo de promoção da saúde por meio de oferta de alimentação saudável, evidenciando uma oferta excessiva de lipídios e energia, gerando uma elevada prevalência de dislipidemias entre os trabalhadores beneficiados pelo programa. (SALAS, 2009) Segundo Salas et al. (2009), o PAT recomenda 25% da energia fornecida pelas refeições fornecidas seja proveniente de lipidios, ou seja, o valor energético deste nutriente em uma única refeição deveria variar de 160 a 960 kcal considerando um valor energético total para grandes refeições Conforme Veloso, Santana e Oliveira (2007), os trabalhadores de empresas cadastradas com PAT apresentavam níveis de triglicérides e colesterol total elevados. A pesquisa também evidencia que os trabalhadores que apresentavam estes índices elevados eram do sexo masculino, com idade acima de 36 anos, casados e, de melhor nível de escolaridade e socioeconômico do que os não cobertos por programas alimentares. Ainda, de acordo com Sarno, Bandoni e Jaime (2008), a epidemiologia de dislipidemia da população adulta brasileira leva à revisão dos parâmetros nutricionais definidos pelo PAT em 2006, estabelecendo valores adequados para gorduras totais , gorduras saturadas havendo uma preocupação para trabalhadores não ter problemas futuros de lipidemia . 27 4.9 Importância do profissional habilitado para o PAT 4.9.1 Valor do nutricionista em Unidade de Alimentação e Nutrição O nutricionista é um profissional com formação generalista, humanista e crítica, capacitado a atuar visando à segurança alimentar e à atenção dietética, em todas as áreas do conhecimento em que a alimentação e nutrição se apresentem fundamentais para a promoção, manutenção e recuperação da saúde e prevenção de doenças de indivíduos ou grupos populacionais, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida, pautado em princípios éticos, com reflexões sobre a realidade econômica, política, social e cultural. (PORTAL CRN 2, 2011). Um dos objetivos do PAT é a melhoria do estado nutricional do trabalhador, independente da mortalidade no serviço. O programa de educação alimentar visa estimular as empresas a adotar um processo educativo permanente, resgatando da dieta brasileira mudanças desejáveis e aspectos positivos do atual padrão alimentar. (SAVIO et al., 2005). Referem ainda Savio et al. (2005), que o nutricionista é peça fundamental para uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN), pois pode realmente aprimorar e qualificar a alimentação e oferecer uma adequação nutricional na alimentação dos trabalhadores. Em seu estudo Mattos (2008), ressalta que a educação nutricional deve ser feita pela responsável técnica da UAN, porem muitas vezes ele não tem disponibilidade para faze-la regularmente, devido a outras responsabilidades que precisa assumir na UAN . Ainda segundo esta mesma autora, os nutricionistas de uma UAN que promovem a educação nutricional e fornecem em suas refeições os valores preconizados pelo PAT, não conseguem atingir sozinhos a meta de uma alimentação mais saudável, necessitando da colaboração e interesse dos comensais, principalmente em uma UAN em que o modo de distribuição é tipo SelfService, apenas com a porção protéica porcionada. De acordo com o Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) um nutricionista poderá ser responsável técnico por apenas duas empresas. O nutricionista deve 28 informar ao PAT, via e-mail, os seus dados para cadastramento. (BRASIL/PAT, 2006). Ainda compete ao nutricionista avaliar o estado nutricional dos trabalhadores através de IMC (Índice de Massa Corporal), Sexo Idade, Atividades, Escolaridade, Hábitos Alimentares e Indicadores de Saúde, para execução das atividades nutricionais do programa, visando a promoção da alimentação saudável ao trabalhador. (BRASIL, 2006b) Figura 1 – Avaliação para IMC Fonte: acervo da auotra, 2011. 29 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com bibliografias consultadas, o Programa de Alimentação do Trabalhador tem como um de seus principais objetivos melhorias no valor nutricional das refeições oferecidas ao trabalhador, oportunizando, com isso, modificações que contribuam no aumento da qualidade de vida e condição de saúde dos trabalhadores, visando, igualmente, aumentar a produtividade laborativa e reduzir o absenteísmo das empresas. Quanto à história do PAT no Brasil, verificou-se que o Programa teve início no ano de 1947, devido à preocupação do governo com o estado nutricional dos trabalhadores, principalmente no tocante aos índices de desnutrição. Desta forma, criou-se uma proposta de combater os problemas alimentares dos trabalhadores, uma vez que existia inadequação no aporte calórico e composição nutricional nas refeições oferecidas pelas empresas. Em relação à efetividade, eficácia e eficiência do Programa, observou-se que o mesmo não contribui para prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis e, ao contrário do previsto, pode desencadear maiores índices de ocorrência de hipertensão arterial sistêmica, sobrepeso e dislipidemias nos trabalhadores de empresas cadastradas no PAT, contradizendo um dos principais objetivos do Programa que é a melhoria do estado nutricional e condição de saúde destes. Sobre a responsabilidade técnica do Programa, concluiu-se que o único profissional habilitado para seguir os objetivos e parâmetros do PAT é o nutricionista, que também apresenta relevante papel nas questões relativas à educação alimentar e nutricional dos trabalhadores, além de ser preparado tecnicamente para administrar a Unidade de Alimentação e Nutrição. Finalmente, observou-se que o PAT apresenta objetivos de suma relevância na promoção de saúde dos trabalhadores, porém, a execução do Programa por parte das empresas não alcançou sucesso. Tal fato é confirmado pelo aumento nos problemas de saúde dos trabalhadores de empresas cadastradas no PAT e, em contrapartida, a ausência ou diminuição das enfermidades dos funcionários daquelas empresas que não têm cadastro junto ao Programa, sendo que tal situação pode ser decorrente de falhas na fiscalização, por parte do Governo, do cumprimento das exigências estabelecidas no PAT. 30 REFERÊNCIAS ARAUJO, Maria da Purificação Nazaré; COSTA-SOUZA, Jamacy; TRAD, Leny Alves Bomfim. A alimentação do trabalhador no Brasil: um resgate da produção científica nacional. História, ciencias, saúde - Manguinhos , v.17, n. 4, p. 975-92, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v17n4/08.pdf>. Acesso em 15 set. 2011. BANDONI, Daniel Henrique; BRASIL, Bettina Gerken; JAIME, Patrícia Constante. 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Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT). Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho (DSST). Coordenação do Programa de Alimentação do Trabalhador (COPAT). 2. ed. Brasília, 2006. 2006b. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data /files/FF8080812B35FA90012B44C335ED4D4C/B25C58DEd01.pdf>. Acesso em 15 set. 2011. CDC. Centers for Disease Control and Prevention; National Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion; U.S. Department of Health and Human Services. The power of prevention: reducing the health and economic burden of chronic disease. Atlanta (GA): CDC; 2003. CHAVES, Daniela Bruno Resende et al. Fatores de risco para hipertensão arterial: investigação em motoristas e cobradores de ônibus. Revista enfermagem UERJ, Rio de Janeiro, v. 16, n. 3, p. 370-6, jul./set., 2008. Disponível em: <http://www.facenf. uerj.br/v16n3/v16n3a12.pdf>. Acesso em 20 out. 2011. COLARES L. G. T. 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Basta acessar o site www.mte.gov.br/pat Clique em PAT on-line - Cadastro 34 35 ANEXO B: PORTARIA INTERMINISTERIAL 66/2006 GABINETE DO MINISTRO PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº. 66, DE 25 DE AGOSTO DE 2006. PUBLICADA NO D.O.U DE 28 DE AGOSTO DE 2006 Altera os parâmetros nutricionais do Programa de Alimentação do Trabalhador PAT. OS MINISTROS DE ESTADO DO TRABALHO E EMPREGO, DA FAZENDA, DA SAÚDE, DA PREVIDÊNCIA SOCIAL E DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME, no uso das atribuições que lhes conferem o art. 87, inciso II, da Constituição, e no § 4º do art. 1º do Decreto nº 5, de 14 de janeiro de 1991, resolvem: Art. 1º O art. 5º da Portaria Interministerial nº 5, de 30 de novembro de 1999, publicada no Diário Oficial da União de 3 de dezembro de 1999, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 5º Os programas de alimentação do trabalhador deverão propiciar condições de avaliação do teor nutritivo da alimentação, conforme disposto no art. 3º do Decreto nº 5, de 14 de janeiro de 1991”. § 1º Entende-se por alimentação saudável, o direito humano a um padrão alimentar adequado às necessidades biológicas e sociais dos indivíduos, respeitando os princípios da variedade, da moderação e do equilíbrio, dando-se ênfase aos alimentos regionais e respeito ao seu significado socioeconômico e cultural, no contexto da Segurança Alimentar e Nutricional. § 2º As pessoas jurídicas participantes do Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT, mediante prestação de serviços próprios ou de terceiros, deverão assegurar qualidade e quantidade da alimentação fornecida aos trabalhadores, de acordo com esta Portaria, cabendo-lhes a responsabilidade de fiscalizar o disposto neste artigo. § 3º Os parâmetros nutricionais para a alimentação do trabalhador estabelecidos nesta Portaria deverão ser calculados com base nos seguintes valores diários de referência para macro e micronutrientes: I as refeições principais (almoço, jantar e ceia) deverão conter de seiscentas a oitocentas calorias, admitindo-se um acréscimo de vinte por cento (quatrocentas calorias) em relação ao 36 Valor Energético Total –VET de duas mil calorias por dia e deverão corresponder a faixa de 30- 40% (trinta a quarenta por cento) do VET diário; II - as refeições menores (desjejum e lanche) deverão conter de trezentas a quatrocentas calorias, admitindo-se um acréscimo de vinte por cento (quatrocentas calorias) em relação ao Valor Energético Total de duas mil calorias por dia e deverão corresponder a faixa de 15 - 20 % (quinze a vinte por cento) do VET diário; III - as refeições principais e menores deverão seguir a seguinte distribuição de macronutrientes, fibra e sódio: e IV - o percentual protéico - calórico (NdPCal) das refeições deverá ser de no mínimo 6% (seis por cento) e no máximo 10 % (dez por cento). § 4º Os estabelecimentos vinculados ao PAT deverão promover educação nutricional, inclusive mediante a disponibilização, em local visível ao público, de sugestão de cardápio saudável aos trabalhadores, em conformidade com o § 3° deste artigo. § 5º A análise de outros nutrientes poderá ser realizada, desde que não seja substituída a declaração dos nutrientes solicitados como obrigatórios. § 6º Independente da modalidade adotada para o provimento da refeição, a pessoa jurídica beneficiária poderá oferecer aos seus trabalhadores uma ou mais refeições diárias. § 7º O cálculo do VET será alterado, em cumprimento às exigências laborais, em benefício da saúde do trabalhador, desde que baseado em estudos de diagnóstico nutricional. § 8º Quando a distribuição de gêneros alimentícios constituir benefício adicional àqueles referidos nos incisos I, II e III do § 3º deste artigo, os índices de NdPCal e percentuais de macro e micronutrientes poderão deixar de obedecer aos parâmetros determinados nesta Portaria, com exceção do sódio e das gorduras saturadas. § 9º As empresas beneficiárias deverão fornecer aos trabalhadores portadores de doenças relacionadas à alimentação e nutrição, devidamente diagnosticadas, refeições adequadas e condições amoldadas ao PAT, para tratamento de suas patologias, devendo ser realizada avaliação nutricional periódica destes trabalhadores. § 10º Os cardápios deverão oferecer, pelo menos, uma porção de frutas e uma porção de legumes ou verduras, nas refeições principais (almoço, jantar e ceia) e pelo menos uma porção de frutas nas refeições menores (desjejum e lanche). § 11º As empresas fornecedoras e prestadoras de serviços de alimentação coletiva do PAT, bem como as pessoas jurídicas beneficiárias na modalidade autogestão deverão possuir responsável técnico pela execução do programa. 37 § 12º “O responsável técnico do PAT é o profissional legalmente habilitado em Nutrição, que tem por compromisso a correta execução das atividades nutricionais do programa, visando à promoção da alimentação saudável ao trabalhador.” (NR). Art. 2º Esta Portaria entra em vigor no prazo de noventa dias a contar de sua publicação. LUIZ MARINHO GUIDO MANTEGA JOSÉ AGENOR ALVARES DA SILVA NELSON MACHADO PATRUS ANANIAS