Buscar
| Avançada
Cidades / Notícias
23/01/2011 às 00:00:00 - Atualizado em 22/01/2011 às 22:06:39
Slow Food: coma bem e com prazer
Cintia Végas
Daniel Caron
Refeições são feitas com o mínimo de ingredientes industrializados.
A cada início de ano, as pessoas costumam elaborar planos e projetos para o novo período. Muitas vezes, estes desejos estão relacionados a
mudanças na alimentação, como perder peso, cuidar mais da saúde ou mesmo comer de forma mais saudável. Para quem tem este tipo de objetivo,
uma boa opção é conhecer os princípios do Slow Food, um movimento que tem como símbolo o caracol e prega que comer bem e com prazer é
fundamental para se viver.
Fundado na Itália, em 1986, por Carlo Petrini, o Slow Food se tornou, em 1989, uma associação internacional sem fins lucrativos. Atualmente, tem
cerca de 120 mil integrantes pelo mundo e escritórios em seu país de origem e também na Alemanha, Estados Unidos, França, Japão e Reino
Unido. No Paraná, existe um grupo local que divulga os preceitos do movimento. Este grupo é formado por cerca de 70 pessoas e tem como líder o
professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador de estudos e pesquisas em história e cultura da alimentação, Carlos Roberto
Antunes dos Santos.
Ciciro Back
“O Slow Food preconiza o consumo de alimentos bons, justos e baratos. Bons porque devem ser frescos,
saborosos e expressões da cultura local. Justos porque devem ter preços acessíveis aos consumidores e
também defender as condições sociais dos produtores. E limpos porque devem preservar o meio ambiente e
não prejudicar a saúde de quem os consome”, diz o professor.
O movimento é contrário aos efeitos padronizantes do chamado fast food. Segundo Carlos, nos últimos anos,
a comida se tornou uma rotina, que as pessoas adotam da mesma maneira que escovam os dentes ou
tomam banho. Desta forma, os alimentos deixaram de ser saboreados, preparados em casa e com carinho,
consumidos devagar e utilizados como recurso de sociabilização, como quando a família e os amigos se
reúnem ao redor da mesa para comer e também para conversar e trocar ideias.
“Vivemos em uma nova sociedade do trabalho, onde a velocidade impõe um conjunto de comportamentos
que faz com que muitas pessoas não se preocupem ou abandonem o prazer. Assim, o abandono da
alimentação como algo prazeroso é resultado de um ritmo frenético de vida imposto pela sociedade atual, que
traz uma série de impactos negativos tanto ao planeta quanto à saúde humana. Com velocidade, tudo se
Para o professor Carlos Roberto Antunes dos
Santos, alimentos devem ser ser frescos,
saborosos e expressões da cultura local.
resolve de forma menos pensada e não refletida. As pessoas devem pensar que este ritmo de vida não pode
continuar, conhecer os princípios do Slow Food e adaptá-los às suas condições. Costumamos dizer que a
pressa é inimiga da refeição”, comenta.
Orgânicos
O Slow Food recomenda o consumo de muitas frutas e verduras e de pouco sal e gorduras. Além disso, incentiva a aquisição de produtos orgânicos,
comprados de produtores locais. Em relação ao preço dos orgânicos, que ainda é bem mais elevado do que o dos produtos convencionais, Carlos
Roberto acredita que, com o aumento do consumo, a competitividade deve ser maior e consequentemente os valores devem baixar. “Isso já está
começando a acontecer, pois as pessoas estão tendo mais consciência de que consumir produtos orgânicos é o mesmo que consumir saúde. Na
verdade, é um compromisso com a saúde”.
No Paraná, os integrantes do movimento também defendem que as pessoas voltem a comprar alimentos em feiras e não apenas em supermercados
e fazem trabalhos de conscientização em escolas, junto a crianças. “Não queremos que as crianças sejam proibidas de comer em restaurantes de
fast food, mas que criem uma nova consciência em relação aos alimentos. A intenção é que elas saibam que o consumo de um sanduíche de fast
food, por exemplo, tem prazer momentâneo, mas traz diversas consequências negativas”.
Princípios são adotados como estilo de vida em outras áreas
O Slow Food é parte de um movimento maior chamado Slow Life, que prega a felicidade acima da eficiência econômica, conquistada através de uma
vida mais calma, lenta e confortável. No Brasil, o Slow Life ainda não é muito divulgado. Porém, os princípios do movimento já são adotados como
um estilo de vida ou filosofia entre milhares de pessoas pelo mundo.
Entre os desdobramentos da iniciativa estão o Slow Work, que concentra atenções na jornada de trabalho, com o objetivo de melhorar a
produtividade e incentivar a criatividade; e o Slow Schooling, que incentiva o aprendizado voltado à interação e não à competitividade.
Além disso, já existe o Slow Cities, que propõe uma vida menos frenética nas cidades e a preservação dos edifícios históricos; o Slowth, sobre a
redução dos limites de velocidade no trânsito; e até o Slow Sex, que propõe que as pessoas façam amor de forma mais pausada, buscando
experiências mais profundas, que vão além do prazer.
Sobre o estilo slow de se viver, também já é possível encontrar diversos títulos literários em inglês, como “Slow is Beautiful” e “The Slow Down Diet”,
e em português como “Elogio à Lentidão” e “Elogio à Preguiça”.
Com base em conceito, empresa prepara pratos congelados
A pesquisadora de história da alimentação Heloise Perantetello conheceu o Slow Food há cerca de um ano e passou a adotar alguns preceitos do
movimento em sua rotina diária, como consumir uma maior quantidade de alimentos orgânicos, adquiridos de produtores locais. “Sempre tive o
hábito de tomar café à tarde. Agora, quando posso, procuro substituir o café pela janta e preparar os alimentos em casa. Incluí maior diversidade à
minha alimentação e, com isso, obtive mais disposição em minhas tarefas diárias”, afirma.
A família de Heloíse é proprietária de uma empresa fornecedora de alimentos light congelados, a Prato Light. Alguns conceitos do Slow Food,
conhecidos pela pesquisadora, também foram adotados na empresa. “Procuramos eliminar o máximo de coisas industrializadas dos ingredientes dos
alimentos e prepará-los da maneira mais caseira possível”.
Já a chef de cozinha Manuela Buffara teve contato com o Slow Food há seis anos, trabalhando em um restaurante na Itália. Quando ela retornou ao
Brasil, continuou a adotar os preceitos do movimento tanto em seu trabalho quanto em casa. “Alimentos slow fazem com que eu me sinta mais leve e
dão mais energia. Eles têm um gosto totalmente diferente, pois são feitos com carinho e não em grande escala. Desde que comecei a consumi-los,
senti melhorias em minha pele e funcionamento do intestino”.
Vitrine de ofertas
Lojas KD
Lojas KD
Cama Solteiro Platina S701
Ou -...
Cabeceira Brilliant - Carraro
ou 12x de R$ 24,58 sem juros no cartão
R$ 277,30
Buscar
ou 12x de R$ 20,92 sem juros no cartão
R$ 235,94
Download

Slow Food: coma bem e com prazer