CEFALÉIAS
Marília Polo Minguete e Silva
Acadêmica da 4ª série de Medicina
Faculdade de Medicina de Marília
Regras Gerais

1. Cada tipo distinto de cefaléia que o paciente relata deve ser,
separadamente, diagnosticado e codificado



Ex.: Um paciente gravemente acometido pode receber vários
diagnósticos diferentes:
1.1 Migrânea sem aura
2.2 Cefaléia tipo tensional episódica freqüente
8.2 Cefaléia por uso excessivo de medicação
2. Quando um paciente recebe mais de um
diagnóstico, eles devem ser listados de acordo
com a importância relatada pelo paciente
Regras Gerais

3. Se um tipo de cefaléia em um paciente preenche
igualmente dois critérios diagnósticos explícitos, então
todas as outras informações disponíveis precisarão ser
usadas para decidir qual alternativa é a correta ou a que
mais se aproxima daquele diagnóstico.

Isso pode incluir a história da cefaléia ao longo da vida do paciente
(como a cefaléia começou?), a história familiar, o efeito das
medicações, relação com menstruação, idade, sexo e uma gama de
outros fatores.
Regras Gerais








4. Para que qualquer diagnóstico particular seja
dado,
TODOS os critérios listados devem ser preenchidos
Categorias de diagnósticos prováveis existem para várias
doenças para serem usados quando um único critério não é
preenchido
5. O preenchimento dos critérios diagnósticos para
Migrânea, Cefaléia do tipo tensional ou Cefaléia em salvas e outras cefaléias trigêminoautonômicas, ou qualquer outro desses subtipos, sempre prevalece sobre o preenchimento de
critérios para as categorias de diagnósticos prováveis de uma delas.
Ex.: um paciente que preencha critérios tanto para: 1.6 Migrânea provável e
2.1 Cefaléia do tipo tensional episódica infreqüente, deve ser
codificado pela última.
Regras Gerais




6. Considerações devem sempre ser feitas devido à
possibilidade de algumas crises de cefaléia preencherem
um conjunto de critérios e outras crises preencherem
outro conjunto de critérios
Nesses casos, dois diagnósticos existem e os dois devem ser
anotados.
7. Quando há suspeita de que um paciente possui mais
de um tipo de cefaléia, é altamente recomendado que se
preencha o diário de dor, no qual, para cada episódio de
cefaléia, as principais características da crise sejam
anotadas
O diário permite um diagnóstico mais apurado, um julgamento
mais preciso do consumo de medicação e ensina o paciente a
melhor distinguir os tipos ou subtipos de cefaléia.
Cefaléias Primárias




Migrânea.
Cefaléia Tipo Tensional.
Cefaléia em salvas e outras cefaléias trigêminoautonômicas.
Outras cefaléias primárias.
Migrânea

Migrânea sem aura
é uma síndrome
clínica caracterizada
por cefaléia com
características
específicas e
sintomas associados.
Migrânea com aura
é primariamente
caracterizada pelos
sintomas
neurológicos focais
que precedem ou
acompanham a
cefaléia.

1.
2.
3.
4.
É uma cefaléia primária comum e incapacitante. Tem uma elevada prevalência e
com grande impacto socioeconômico e pessoal.
Migrânea sem aura: Critérios diagnósticos: Pelo menos 5 crises preenchendo
os seguintes critérios:
Cefaléia durando de 4 a 72 horas (sem tratamento ou com o mesmo ineficaz).
Cefaléia preenche pelo menos duas das seguintes características: localização
unilateral; caráter pulsátil; intensidade moderada ou forte; exacerbada por
ou levando o individuo a evitar atividades físicas rotineiras.
Durante a cefaléia pelo menos um dos seguintes: náusea e/ou vômitos;
fotofobia e fonofobia;
Não atribuída a outro transtorno.
Geralmente é mais incapacitante que a migrânea com aura.

Migrânea com aura: transtorno recorrente que se manifesta na forma de
crises de sintomas neurológicos focais reversíveis que se desenvolvem
gradualmente em 5 a 20 minutos e que duram menos que 60 minutos. A aura
é o complexo de sintomas neurológicos que acontece imediatamente antes ou
no início da cefaléia da migranea.(sintomas visuais e/ou sensitivos e/ou da
fala, evolução gradual, duração menor que uma hora, mistura de
características negativas e positivas e completa reversibilidade).
Migrânea com aura
Aura típica com cefaléia migranosa.
Pelo menos 2 crises preenchendo de B a D:
B: aura consistindo em pelo menos um dos seguintes, mas sem paresia: sintomas visuais completamente reversíveis, incluindo
características positivas (luzes tremulantes, manchas ou linhas) e/ou características negativas(perda de visão). Sintomas
sensitivos completamente reversíveis, incluindo características positivas (formigamento) e/ou características negativas
(dormência). Disfasia completamente reversível.
C: pelo menos 2 dos seguintes: sintomas visuais homônimos e/ou sintomas sensitivos unilaterais. Pelo menos 1 sintoma de
aura se desenvolve gradualmente em mais que 5 minutos e/ ou diferentes sintomas de aura ocorrem em sucessão em
mais que 5 minutos. Cada sintoma dura mais que 5 minutos e menos que 60 minutos.
D: critérios para migrânea sem aura, começa durante a aura ou a sucede com intervalo de até 60 minutos.
E: não atribuída a outro transtorno.

Aura típica com cefaléia não migranosa.
Pelo menos 2 crises com os critérios de B a D:
B: aura consistindo em pelo menos um dos seguintes, mas sem paresia: sintomas visuais completamente reversíveis, incluindo
características positivas (luzes tremulantes, manchas ou linhas) e/ou características negativas(perda de visão). Sintomas
sensitivos completamente reversíveis, incluindo características positivas (formigamento) e/ou características negativas
(dormência). Disfasia completamente reversível.
C: pelo menos 2 dos seguintes: sintomas visuais homônimos e/ou sintomas sensitivos unilaterais. Pelo menos 1 sintoma de
aura se desenvolve gradualmente em mais que 5 minutos e/ ou diferentes sintomas de aura ocorrem em sucessão em
mais que 5 minutos. Cada sintoma dura mais que 5 minutos e menos que 60 minutos.
D: cefaléia que NÃO preenche os critérios para migrânea sem aura, começa durante a aura ou a sucede dentro de 60
minutos.
E: não atribuída a outro transtorno.

Migrânea com aura
Aura típica sem cefaléia.
Aura típica que consiste em sintomas visuais e/ou sensitivos
e/ou da fala. O desenvolvimento gradual, a duração menor
do que uma hora, uma mistura de características positivas e
negativas e a completa reversibilidade caracterizam a
aura, que não é associada a cefaléia.
 Migrânea hemiplégica familiar(MHF).
Migrânea com aura com paresia e pelo menos um parente de
1º ou 2º grau com aura migranosa e paresia.
 Migrânea hemiplégica esporádica.
Não tem parentesco de 1º ou 2º grau com aura e paresia.

Migrânea com aura
Migrânea tipo basilar. (migrânea da artéria basilar, com aura originadas
no tronco e/ou em ambos hemisférios, mas sem paresia).
Pelo menos 2 crises de B a D:
B: aura consistindo em pelo menos 2 dos sintomas, totalmente reversíveis, mas
sem paresia: disartria; vertigem; zumbido; hipoacusia; diplopia; sintomas
visuais ocorrendo simultaneamente nos campos temporal e nasal dos dois
olhos; ataxia; diminuição do nível de consciência; parestesias bilaterais
simultâneas.
C: pelo menos 1 dos seguintes: pelo menos 1 sintoma de aura desenvolve-se
gradualmente em mais que 5 minutos e/ou diferentes sintomas de aura
ocorrem em sucessão em mais que 5 minutos; cada sintoma de aura dura
de 5 a 60 minutos.
D uma cefaléia que preenche os critérios para migranea sem aura, inicia-se
durante a aura ou dentro de 60 minutos após a mesma.
E: Não atribuída a outro transtorno.

Cefaléia do tipo tensional (CTT)
Tipo mais
comum de
cefaléia
primária.
Os
mecanismos
exatos de
cefaléia do
tipo tensional
não são
conhecidos.
Cefaléia do tipo tensional episódica infreqüente: episódios infreqüentes
de cefaléia durando de minutos a dias, dor tipicamente bilateral, em
pressão ou aperto, fraca a moderada,não piora com atividade física
rotineira, não há náusea, mas foto e fonofobia podem estar presentes.
1.
Critérios Diagnósticos: pelo menos 10 crises ocorrendo em < 1 dia por
mês em média mais os critérios de B a D:
B. cefaléia durando de 30 min. a 7 dias.
C. Cefaléia com pelo menos 2 das características: localização bilateral;
caráter em pressão/aperto (não pulsátil); intensidade fraca ou
moderada; não é agravada por atividade física rotineira.
D. Ambos os seguintes: ausência de náusea ou vômito, fotofobia ou fonofobia.
E. Não atribuída a outro transtorno.

Cefaléia do tipo tensional episódica infreqüente associada a dolorimento
pericraniano. (critérios acima e aumento da sensibilidade dolorosa
pericraniana à palpação manual).

Cefaléia do tipo tensional episódica infreqüente não associada a
dolorimento pericraniano. (critérios acima mas sem aumento da
sensibilidade dolorosa pericraniana).

Cefaléia do tipo tensional (CTT)

Cefaléia do tipo tensional episódica freqüente: episódios freqüentes de cefaléia
durando de minutos a dias. A dor é tipicamente bilateral, com caráter em pressão ou
aperto, de fraca a moderada intensidade, e não piora com atividade física rotineira.
Não há náusea, mas pode ocorrer foto ou fonofobia. Critérios diagnósticos:
A. Pelo menos 10 crises que ocorrem >= 1 dia, porém < 15 dias por mês durante mínimo de
3 meses.(+B a D)
B.Cefaléia durando de 30 min. A 7 dias.
C. Pelo menos 2 das características: localização bilateral; caráter em pressão/aperto(não
pulsátil); intensidade fraca ou moderada;não é agravada por atividade física rotineira.
D. Ambos os seguintes: ausência de náusea ou vômito; foto ou fonofobia.
E. Não atribuída a outro transtorno.


Cefaléia do tipo tensional episódica freqüente associada a dolorimento pericraniano.
(critérios acima e aumento da sensibilidade dolorosa pericraniana à palpação manual).
Cefaléia do tipo tensional episódica freqüente não associada a dolorimento pericraniano.
(critérios acima e sem aumento da sensibilidade dolorosa pericraniana à palpação
manual).
Cefaléia do tipo tensional (CTT)
Cefaléia do tipo tensional crônica: transtorno que evolui da cefaléia do tipo
tensional episódica, com crises diárias ou muito freqüentes de cefaléia que duram
de minutos a dias. Dor tipicamente bilateral, com caráter em pressão ou aperto, de
fraca a moderada intensidade, e não piora com atividade física rotineira. Pode
haver náusea leve, fotofobia ou fonofobia. Critérios diagnósticos:
A.Cefaléia que ocorre em >= 15 dias por mês, em média, por > 3 meses. (B a D)
B. Cefaléia dura horas ou pode ser contínua.
C. Cefaléia com pelo menos 2 características: localização bilateral; caráter em
pressão/aperto(não pulsátil); intensidade fraca a moderada; não é agravada
por atividade física rotineira.
D. Ambos os seguintes: não mais do que 1 dos sintomas- fotofobia, fonofobia ou
náusea leve; nem náusea moderada ou intensa nem vômitos.
E. Não atribuída a outro transtorno.

Cefaléia do tipo tensional crônica associada a dolorimento pericraniano: A a E mais
aumento de sensibilidade dolorosa pericraniana à palpação manual.

Cefaléia do tipo tensional crônica não associada a dolorimento pericraniano: A a E
mais sem aumento sensibilidade dolorosa pericraniana à palpação manual

Cefaléia do tipo tensional (CTT)

1.
2.
3.
Provável cefaléia do tipo tensional:
Provável cefaléia do tipo tensional episódica
infreqüente.
Provável cefaléia do tipo tensional episódica
freqüente.
Provável cefaléia do tipo tensional crônica.
Cefaléias Trigêmino-autonômicas

As cefaléias trigêmino- autonômicas
compartilham os aspectos clínicos de
cefaléia e proeminentes sintomas
autonômicos parassimpáticos cranianos.
Sugere-se que essas síndromes ativem
um reflexo trigêmino- parassimpático
normal humano, sendo os sinais clínicos
de disfunção simpática craniana
secundários.
Cefaléias Trigêmino-autonômicas
Cefaléia em salvas: crises de dor forte, estritamente unilateral, na região orbital, supraorbital, temporal ou em qualquer combinação dessas áreas, durando de 15 a 180
minutos e ocorrendo desde uma vez a cada dois dias até oito vezes por dia. Associam-se
a hiperemia conjuntival, lacrimejamento, congestão nasal, rinorréia, sudorese na fronte e
na face, miose, ptose, edema palpebral. Os pacientes ficam inquietos ou agitados.
 Critérios diagnósticos:
A. Pelo menos 5 crises B a D.
B. Dor forte e muito unilateral, orbitária, supra orbitária e/ou temporal, durando de 15 a
180 min.
C. Cefaléia acompanha-se de pelo menos 1: hiperemia conjuntival e/ ou lacrimejamento
ipsilaterais; congestão nasal e/ou rinorréia ipsilaterais; edema palpebral ipsilateral;
sudorese frontal e facial ipsilateral; miose e/ou ptose ipsilateral; sensação de
inquietude ou agitação.
D. As crises tem uma freqüência de uma a cada dois dias a oito por dia.
E. Não atribuída a outro transtorno.

Cefaléia em salvas episódica: crises de cefaléia em salvas ocorrendo em períodos que
duram de 7 dias a 1 ano, separados por períodos assintomáticos que duram 1 mês ou
mais. ( A a E mais pelo menos 2 períodos de salva durando 7 a 365 dias e separados
por períodos de remissão maiores que 1 mês)

Cefaléia em salvas crônica: Crises de cefaléia em salvas ocorrendo por mais de um ano
sem remissão ou com remissões durando menos de um mês. ( A a E ).

Cefaléias Trigêmino-autonômicas
Hemicrania paroxística: crises similares às da cefaléia em salvas quanto à dor e os sintomas
e sinais associados, porém mais freqüente e de duração mais curta, ocorrem mais
comumente em mulheres. Critérios diagnósticos:
A. Pelo menos 20 crises preenchendo os critérios B a D.
B. Crises de dor forte unilateral, orbitária, supra orbitária e/ou temporal durando de dois a 30
minutos.
C. A cefaléia acompanha-se de pelo menos um dos seguintes: hiperemia conjuntival ipsilaterais
e/ou lacrimejamento; congestão nasal ipsilaterais e/ou rinorréia; edema palpebral
ipsilateral,; sudorese frontal e facial ipsilateral; miose e/ou ptose ipsilateral.
D. As crises tem uma freqüência superior a 5 por dia em mais da metade do tempo, ainda que
períodos de menos freqüência possam ocorrer.
E. As crises são completamente evitadas por doses terapêuticas de indometacina.
F. Não atribuídas a outro transtorno.

Hemicraniana paroxística episódica: crises de hemicraniana paroxística ocorrendo em
períodos que duram de 7 dias a 1 ano, separados por períodos sem dor que duram 1
mês ou mais. ( A a F).

Hemicraniana paroxística Crônica: crises de hemicrania paroxística ocorrendo por mais de
um ano sem remissão ou com remissão durando menos de 1 mês ( A a F).

Cefaléias Trigêmino-autonômicas
Cefaléia de curta duração, unilateral, neuralgiforme com
hiperemia conjuntival e lacrimejamento (SUNCT): crises de dor
unilateral de curta duração, muito mais breve do que aquelas vistas
em qualquer outra cefaléia trigêmino-autonômica e frequentemente
acompanhada de lacrimejamento proeminente e vermelhidão no
olho ipsilateral. Critérios diagnósticos:
A. Pelo menos 20 crises preenchendo os critérios B a D.
B. Crises de dor unilateral, orbitária, supra-orbitária ou temporal, em
pontada ou pulsátil durando de 5 a 240 segundos.
C. A dor se acompanha de hiperemia conjuntival ipsilaterais e
lacrimejamento.
D. As crises ocorrem com frequencia de 3 a 200 por dia.
E. Não atribuída a outro transtorno.
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Cefaléias Trigêmino-autonômicas




Provável cefaléia trigêmino-autonômica: crises de
cefaléia que se crê serem um subtipo de uma
cefaléia trigêmino- autonômica, mas que não
preenchem os critérios diagnósticos para quaisquer
dos subtipos descritos acima.
Provável cefaléia em salvas.
Provável hemicrania paroxística.
Provável cefaléia de curta duração, unilateral,
neuralgiforme com hiperemia conjuntival e
lacrimejamento (SUNCT).
Referência
Classificação Internacional das Cefaléias, 2ª edição
ICHD-II
Tradução da
Sociedade Brasileira de Cefaléia
com autorização da
Sociedade Internacional de Cefaléia
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Cefaléia do tipo tensional episódica freqüente