1 Petrolina, 30 de Outubro de 2007. Orientações finais ao trabalho de planejamento estratégico dos alunos do curso de Turismo – AEVSF. Tendo em vista a exigüidade do tempo para os trabalhos de orientação e ajustes dos planejamentos estratégicos dos vinte e sete alunos, se torna necessário apontar a necessidade de se observar as seguintes orientações: 1. Na seção PRODUTO (ou classe de produtos) se deve, para efeitos práticos, evitar a utilização do recurso da extensão de linhas de produtos (matriz produto-mercado – ver o Vetor de Crescimento de Igor Ansoff), pois, dada às dificuldades naturais da obtenção de recursos para investimentos e capital de giro, os projetos devem ser revestir do pragmatismo necessário à operacionalização objetiva das classes de decisões estratégicas. Além disso, é preciso ponderar, ainda, acerca da extensão de linhas de produtos: 1.1. Dado se tratar, em sua grande maioria, de projetos de empreendimentos considerados pequenos, e, portanto, caracterizados por uma estrutura organizacional do tipo linear (estrutura simples, e geralmente adotada por pequenas empresas em seus estágios iniciais de ciclo de vida), é natural que essa estrutura linear sirva de suporte a uma estratégia de produto-mercado muito especializada em poucas linhas de produtos e em um número reduzido de segmentos. E isso traz grande flexibilidade gerencial, facilidade de coordenação, grande dinamismo comercial e maior rapidez de atuação, a despeito da natural ocorrência do fenômeno das crises de liderança. Tal fenômeno, contudo, deverá ser oportunamente enfrentado por ocasião da evolução do desenvolvimento organizacional de cada uma das empresas; e isso envolverá novos ciclos adaptativos de decisões estratégicas e estruturais, e que deverão ser enfrentados à altura adequada. 1.2. A segmentação geográfica dos projetos, que se apresenta predominantemente regionalizada, está em sintonia com a estratégia de produto-mercado e estrutura organizacional linear, muito típica para pequenas empresas em período de concepção e implantação. Isso, contudo, não exime o seu principal executivo de desenvolver a visão necessária ao enfrentamento do risco 2 iminente de uma competição em nível global. O desenvolvimento da inteligência competitiva, assim, se torna um imperativo. Deve-se considerar, ainda, e tendo em atenção os vetores de decisões estratégicas (produto-mercado, integração vertical, internacionalização e diversificação), que a maioria dos projetos de planejamento estratégico (pelas características já apontadas), precisará trabalhar apenas com os dois primeiros vetores nomeados acima, quais sejam: produtomercado e integração vertical. Os dois vetores (internacionalização e diversificação) só deverão ser alvos de consideração, após os três primeiros anos de vida do projeto, e que se constituem em seu horizonte inicial de planejamento, exceto se algo de excepcional, ao longo desses três anos, exigir uma ação adaptativa (estratégia e estrutura) de maior amplitude. 2. Missão: deve-se ter em atenção, em primeiro lugar, a estratégia produto-mercado, por se tratar do primeiro nível de relacionamento estratégico efetivo da empresa com o microambiente de negócios: a função comercial. Devem ser contemplados, portanto, os interesses dos stakeholders (clientes, investidores, fornecedores, funcionários e sociedade); 3. Vocação: o estabelecimento da vocação da empresa tem o objetivo de relacionar os centros de competências essenciais dos fundadores, principalmente, com os recursos disponíveis e mobilizáveis, com a estratégia de produto-mercado; 4. Planilha 1: Análise dos aspectos internos (identificação das entidades comparadas): essa seção serve à identificação dos fatores críticos de sucesso do (s) segmento(s) setorial (is). Deve-se, para facilitar a visualização do nível de competitividade comparativa, anotar pontos fortes e fracos, para, depois, estabelecer as ações necessárias às manobras estratégicas requeridas, que têm como origem as lógicas contidas na SWOT TOWS MATRIX 1: SO – Usar pontos fortes para aproveitar oportunidades ST – Usar pontos fortes para evitar ameaças WO – Modificar pontos fracos aproveitando oportunidades WT – Minimizar pontos fracos e evitar ameaças 3 Além daquilo que é apontado às páginas 43-45 do manual de planejamento estratégico, sugere-se, e conforme for o caso, a análise dos seguintes elementos adicionais de competitividade (FCS) a serem considerados: Marketing e Vendas Qualidade Serviços ao Consumidor Operações Pesquisa/Engenharia/Produção e Distribuição Desenvolvimento dos Talentos Humanos Na seqüência, e depois dos resumos dos pontos fortes e fracos, é necessário apontar as estratégias adequadas, de modo a estabelecer as manobras estratégicas requeridas, conforme as variações apresentadas acima (na cor amarela). Ter em mente que as estratégias selecionadas são elementos de respostas à análise de competitividade da sua empresa (comparativamente aos concorrentes diretos, indiretos e potenciais entrantes). As estratégias de negócios devem ser implantadas de acordo com as variáveis consideradas como fatores críticos de sucesso (FCS); 5. Planilha 2a – Análise do Ambiente de uma região: se deve ter atenção o que está recomendado no item 3.1.4. às páginas 45-47 do Manual de Planejamento Estratégico incluído do portfólio do curso; 6. Planilha 2b – Análise do ambiente de um setor de atividade: 6.1. Sugere-se adotar como legendas a serem trabalhadas nessa planilha, as seguintes denominações: ALTO, MÉDIO, BAIXO. Essas nomenclaturas permitirão uma melhor compreensão da análise das cinco forças que moldam a competitividade e atratividade (rentabilidade, ou, como denomina Michael Porter, a “taxa mínima de competitividade” requerida por uma indústria, de modo a poder atender ao custo de oportunidade dos investidores). Segundo Philip Kotler (1993, p.340), uma indústria pode ter o tamanho desejado e características de crescimento, mas não apresentar a atratividade almejada. Michael Porter (1986, p. 23) aponta que, “[...] a análise estrutural é a base fundamental para a formulação da estratégia competitiva [...]”. Ele destaca a necessidade do exame de cinco forças (ameaças de novas entradas, dos produtos substitutos, do poder de barganha dos compradores e 4 fornecedores e da intensidade da rivalidade) existentes no âmbito das indústrias, para então clarificar as suas perspectivas empresariais: Tais análises são essenciais ao estabelecimento de uma estratégia competitiva adequada, de modo a melhor posicionar a empresa-projeto no âmbito da indústria ou segmento que está penetrando ou desenvolvendo: Todas as cinco forças competitivas em conjunto determinam a intensidade da concorrência na indústria, bem como a rentabilidade, sendo que a força ou as forças mais acentuadas predominam e tornam-se cruciais do ponto de vista da formulação de estratégias. (PORTER, 1986, p.24). FIGURA 1: Forças Competitivas do ambiente concorrencial Fonte: adaptado de PORTER, 1986, p. 23. O objetivo, portanto, dessa análise, é verificar os impactos dessas cinco forças na dinâmica competitiva da indústria1 ou em nichos selecionados na indústria turística em cada projeto. Concluída a análise das cinco forças, verifiquem os impactos dessas forças na atratividade dos segmentos ou mercados-alvo selecionados/portfólio de negócios. Depois disso, estabeleçam as estratégias pontuais para moldar essas forças em favor da sua empresaprojeto. Não esquecer que é fundamental fazer uma justificativa contextual da estratégia competitiva selecionada, de modo a oferecer respostas adequadas às motivações que deram origem ao estabelecimento dos objetivos qualitativos e quantitativos do planejamento 1 Para efeito conceitual, o termo indústria refere-se a: “[...] um grupo de empresas fabricantes de produtos que são substitutos bastante aproximados entre si” (PORTER, 1986, p. 22). 5 estratégico. A propósito da análise do ambiente transacional (ambiente micro) Michel Porter (1986, p. 22) pontuou acerca da relevância de tal vertente para as decisões estratégicas, ao escrever que: A essência da formulação de uma estratégia competitiva é relacionar uma companhia ao seu meio ambiente. Embora o meio ambiente relevante seja muito amplo, abrangendo tanto forças sociais como econômica, o aspecto principal (o grifo é nosso) do meio ambiente da empresa é a indústria ou as indústrias em que ela compete [...] Forças externas à indústria são significativas principalmente em sentido relativo; uma vez que as forças externas em geral afetam todas as empresas na indústria, o ponto básico se encontra nas diferentes habilidades (o grifo é nosso) das empresas em lidar com elas. Assumindo, portanto, essa perspectiva, o autor prescreve a técnica da análise das cinco forças competitiva, pois, considera tais elementos vitais à definição das tendências atual e futura de rentabilidade das indústrias. Para Porter, o desempenho dessas forças, principalmente, o da concorrência, age continuamente “[...] no sentido de diminuir a taxa de retorno sobre o capital investido na direção da taxa competitiva básica de retorno”. Nesse aspecto aponta que essa taxa difere entre as indústrias, representando igualmente alterações em termos de potencial de lucro. Essas diferenças, assim, decorrem das variações da intensidade da concorrência que, por sua vez, resultam das suas respectivas estruturas econômicas básicas. As ameaças de substituição dos seus atuais produtos/serviços, a entrada de novos competidores, e o poder negocial de compradores e fornecedores são igualmente, portanto, fontes de pressões à dinâmica competitiva, resultando no aumento do grau de concorrência. Tais forças, desse modo, é que dirigem o sentido dessa concorrência no âmbito das indústrias e definem o potencial de rentabilidade. Nessa perspectiva, o autor alerta que, caso essa taxa mínima de competitividade, que representa a atratividade econômica de cada uma dessas indústrias, e constitui, portanto, o seu potencial de lucro e risco, não atinja um patamar mínimo exigido pelos investidores, haverá desinvestimentos significativos, cujos recursos serão redirecionados para outros negócios representando desse modo um acréscimo de dificuldades a tais indústrias, que enfrentarão obstáculos à obtenção desses recursos de terceiros para a aplicação em novos investimentos, e até mesmo à reestruturação dos seus passivos. É igualmente relevante lembrar que as empresas competem também pelos recursos financeiros, dada à sua escassez, principalmente, a partir de meados da década setenta e, mais significativamente, a partir da década oitenta. É importante fazer referência que a meta da estratégia competitiva para as empresas é identificar uma posição no âmbito das indústrias que permita defender-se das cinco forças, ou 6 influenciá-las ao seu favor. Porter diz, ainda, que é fundamental pesquisar e analisar em profundidade cada uma dessas forças, de modo que seja possível definir e construir um posicionamento estratégico no âmbito dessas indústrias. Mais detalhes sobre esse assunto, ver no portfólio do curso. 7. Planilha 2c – Análise do macroambiente clima: Michael Porter aponta ações governamentais com potencial de exercerem fortes influências nas indústrias, sob a forma de incentivos, a exemplo dos incentivos fiscais e auxílio para pesquisa, entre outros. A rivalidade da concorrência pode também ser altera por meio de regulações que afetam as estruturas de custos e o crescimento das indústrias. Pode, também, afetar as relações entre os fornecedores e compradores através de regulações que, por exemplo, protejam o consumidor final do poder de barganha de indústrias concentradas. As motivações governamentais, segundo o autor, decorrem, em sua maioria, muito mais de interesses políticos do que por circunstâncias econômicas. Outras variáveis que devem ser consideradas: evolução do Produto Interno Bruto (PIB) para os próximos três anos, política tributária, emprego e renda, inflação, taxas de juros, crédito e demografia. Tais variáveis (incontroláveis por parte das empresas) têm o potencial de criar novas ameaças ou novas oportunidades de mercado, conforme o olhar e as capacidades competitivas das empresas. É de suma importância atribuir às informações as respectivas fontes, bem como os respectivos anos das suas publicações. Sempre que couber, apresentar as informações acompanhadas de porcentuais; 8. Planilha 2d – Análise do macroambiente solo: é fundamental trabalhar com o conceito de marketing de mercados-alvo, o que inclui, principalmente, os estudos de segmentação mercadológica. Pelas características da maioria dos projetos entregues, e, ainda, pelos argumentos já apresentadas no curso da discussão sobre a extensão de linhas de produtos, é essencial ter em atenção as segmentações sócio-econômica, psicográfica e demográfica. Parece importante, assim, estreitar a segmentação e a estratégia de produto-mercado, de modo a que se respeitem, inclusive, os limites de recursos disponíveis e mobilizáveis por vocês para os próximos três anos (horizonte de planejamento dos projetos) e, ainda, para buscar tornar defensáveis as respectivas posições de mercados enfocados (aqui numa referência direta à estratégia competitiva genérica de Enfoque, cujas características, justificativas contextuais, riscos e requisitos estão descritos no portfólio, e que se traduzem em elementos essenciais de cada 7 planejamento). As leituras necessárias, além das aulas dadas, podem ser encontradas no portfólio do curso de planejamento estratégico. Assim sendo, nenhuma análise estrutural está completa sem um diagnóstico sobre como a política governamental atual e futura, a todos os níveis, irá afetar as condições estruturais [...] Uma vez diagnosticadas as forças que afetam a concorrência em uma indústria e suas causas básicas, a empresa está em posição para identificar seus pontos fracos e fortes em relação à indústria. Do ponto de vista estratégico, as condições cruciais são o posicionamento da empresa quanto às causas básicas de cada força competitiva.” (PORTER, 1986, p. 45) 9. Planilha 2e – Análise do ambiente operacional: ver o que está descrito no item 3.1.8, às páginas 49-50; 10. Planilha 2f – Análise do ambiente interno: de acordo com metodologia empregada pelo Martinho Almeida, essa seção destina-se, principalmente, análises e desenvolvimento de propostas que atendam aos valores e às aspirações das pessoaschave que comporão a entidade a ser criada. Não se refere, portanto, à auditoria da posição competitiva da empresa, como é clássico nesse tipo de análise. Tem a sua direção assentada para a gestão de pessoas; 11. É fundamental fazer, ainda, além das demais seções constantes no manual de planejamento estratégico, uma justificativa da estratégia competitiva genérica, o estabelecimento de ações e do cronograma de ação (ver p. 76-78) do manual de planejamento estratégico; 12. É importante que se observe a coerência, sob a forma de um parecer final, das dimensões qualitativas (decorrentes dos posicionamentos da estratégia competitiva genérica – liderança de custo total, diferenciação e enfoque – e de marketing, cujo arquivo adicional foi disponibilizado para os alunos que o solicitaram) e quantitativas do planejamento estratégico. Sobre estratégias competitivas genéricas: ver portfólio, logo no seu início – p. 128-141; Ainda sobre posicionamento de marketing há bons livros do Philip Kotler e do Gary Armstrong na biblioteca da Facape (KOTLER, Philip. Administração de Marketing: análise, planejamento, implementação e controle. São Paulo: Atlas, 1993. ______________ Administração de Marketing: análise, planejamento, implementação e controle. São Paulo: Atlas, 1999. ______________ Administração de Marketing: análise, planejamento, implementação e controle. São Paulo: Atlas, 2000. 8 KOTLER, Philip, Armstrong, Gary. Princípios de Marketing. 7a ed. Rio de Janeiro:PrenticeHall, 1998.). Sobre Segmentação Geográfica: se pode recorrer a materiais que contém o portfólio. Pode também ver em qualquer bom livro de marketing. Além dos autores já citados acima, poderá ver também em MATTAR, Fauze Najib, SANTOS, Dilson Grabiel. Gerência de produto. SãoPaulo: Atlas, 1999. Ver também em RICHERS, Raimar. Marketing uma visão brasileira. São Paulo: Negócio Editora, 2000. Pode ser visto, ainda, em FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Gestão de Marketing. Div. Autores. Organizado por Sérgio Roberto Dias. São Paulo: Saraiva, 2003. As demais secões do planejamento estratégico são uma conseqüência do que foi estudado e decedido nas secões anteriores, alvos das orientações arpesentadas. Façam o melhor que puderem. Bom trabalho, e caso as dúvidas persistam, não hesite em entrar em contato comigo na sala de aulas Cumprimentos. Prof. MSc. Pedro Pereira