7 Ação da fenantrolina, nitazoxanida e lovastatina sobre a oviposição de Angisotrongylus cantonensis V Mostra de Pesquisa da PósGraduação Cristiane Ceruti Franceschina1, Priscilla Sundin Pedersen1, Márcia Bohrer Mentz2, Carlos Graeff-Teixeira1 1 Faculdade de Biociências, PUCRS, 2Instituto de Ciências Básicas da Saúde, UFRGS Resumo Angiostrongylus cantonensis é um nematódeo de roedores, seus hospedeiros definitivos. Ao infectar o homem, um hospedeiro não habitual, ele causa meningoencefalite eosinofílica. A droga de escolha para o tratamento é o Albendazol, mas não há droga de eficácia clínica demonstrada para o tratamento das angiostrongilíases. A idéia de buscar uma droga que reduza ou previna a morbidade permanece como alternativa à abordagem usual de drogas vermicidas, com pobres resultados nas angiostrongilíases. Neste sentido, o presente estudo objetivou, entre outros, verificar o efeito de três substâncias com potencial capacidade de inibição da oviposição em A. cantonensis. Os testes preliminares realizados com fenantrolina, nitazoxanida e lovastatina mostraram um declínio na eliminação de larvas por Rattus norvergicus em relação aos animais infectados e não tratados. Introdução A. cantonensis é uma parasitose de roedores como o R. rattus e R. norvegicus. Esses roedores, quando infectados, liberam em suas fezes larvas de primeiro estágio (L1) infectantes para o hospedeiro intermediário, a Achatina fulica (molusco) que desenvolve as larvas de terceiro estágio (L3) infectantes aos hospedeiros definitivos. Quando o homem, um hospedeiro não habitual, se infecta por ingestão acidental das L3 desenvolve meningoencefalite eosinofílica (Alicata, 1991; Malek e Cheng, 1974). A droga de escolha para o tratamento é o Albendazol, mas não há drogas de eficácia clínica demonstrada para o tratamento das angiostrongilíases (Mentz e Graeff-Teixeira, 2003). Ainda persiste a preocupação com a morte repentina da população de vermes no paciente e as repercussões inflamatórias da liberação maciça de antígenos. Neste V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010 8 trabalho estudou-se o efeito de substâncias com potencial capacidade de inibição da oviposição em A. cantonensis mantidos in vivo. Os objetivos deste estudo são estudar a oviposição de A. cantonensis e o efeito de substâncias com potencial capacidade de inibição quantificando e comparando a oviposição em vermes mantido in vivo e in vitro, identificar substâncias inibitórias da oviposição e descrever componentes do proteoma de expressão diferencial em vermes tratados e não tratados, se comprovada uma substância inibitória da oviposição a partir de dados estatíscos. Metodologia Foram utilizados como modelo experimental roedores da espécie R. norvegicus inoculados com 104 L3 de A. cantonensis obtidas da digestão de moluscos infectados. Após 42 dias de infecção, as L1 começaram a ser eliminadas nas fezes. Desde o 35° dia a larvipostura foi acompanhada diariamente pelo método de Baermann até o 55° dia após a infecção. As substâncias foram administradas aos animais com 42 dias de infecção, durante 5 dias para a lovastatina (400 mg/Kg) pela via oral, 4 dias para a fenantrolina (20 mg/Kg) pela via intraperitoneal utilizando-se a carboximetilcelulose (CMC) a 1% como coadjuvante e 3 dias, de 12 em 12 horas, para a nitazoxanida (500 mg/Kg) pela via oral. Metade dos controles infectados e não tratados receberam CMC 1% pela via intraperitoneal. Durante o experimento, os animais tiveram à disposição água e comida “ad libitum” e foram mantidos em ciclo claro/escuro de 12 horas. Este experimento foi aprovado pelo Comitê de Ética para o Uso de Animais (CEUA) da PUCRS sob o registro CEUA 09/00133. Os animais foram eutanasiados após 55 dias da infecção e os vermes retirados de seus pulmões e cavidades cardíacas. Resultados preliminares e Discussão Os resultados mostraram uma diminuição na larvipostura nos grupos tratados (Gráficos I, II, III) em relação ao grupo controle (Gráfico IV), especialmente no grupo tratado com lovastatina (Gráfico V). Os dados preliminares, neste modelo experimental, indicaram o efeito dessas substâncias na inibição da oviposição em A. cantonensis contribuindo com a idéia de buscar uma droga que reduza ou previna a morbidade como alternativa à abordagem usual de drogas vermicidas com poucos resultados na angiostrongilíase. V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010 9 Gráfico I - somatório das médias da larvipostura dos animais tratados com fenantrolina mostrando uma tendência à diminuição do número de larvas por dias de observação. Gráfico II - somatório das médias da larvipostura dos animais tratados com nitazoxanida mostrando uma tendência à diminuição do número de larvas por dias de observação (apesar do aumento da reta de tendência, observa-se uma diminiução no nímero de larvas). Gráfico III - somatório das médias da larvipostura dos animais tratados com lovastatina mostrando uma tendência à diminuição do número de larvas por dias de observação. Gráfico IV - somatório das médias da larvipostura dos animais infectados e não tratados mostrando uma tendência ao aumento do número de larvas por dias de observação. Gráfico V – comparação entre grupo controle e grupos tratados. Referências Alicata JE. The discovery of Angiostrongylus cantonensis as a cause of human eosinophilic meningitis. Parasitol Today. 1991 Jun;7(6):151-3. Malek EA, Cheng TC. Medical and Economic Malacology. Am. J. Trop. Med. Hyg., 25(1), 1976, pp. 203-204. Mentz MB, Graeff -Teixeira C. Drug trials for treatment of human angiostrongyliasis. Rev Inst Med Trop Sao Paulo. 2003 Jul-Aug;45(4):179-84. V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010