O EFEITO JURÍDICO DA CONDUTA PATOLÓGICA DO AGRESSOR NA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHER NA RELAÇÃO CONJUGAL Violência de Gênero relação de poder desigual: uma das partes de sexo oposto a outra faz prevalecer seus interesses dentro da estrutura familiar, subjugando seus membros. é um modo de procedimento baseado no controle e na intolerância, manifestada em diversas etapas, com ciclos definidos de maneira repetitiva, espiral, intensa e crescente. componentes do modelo de família vertical outorga maior poder aos membros do sexo masculino Mulher c/ autoridade subordinada Abusos físicos, psicológicos e sexuais A estrutura cíclica da violência conjugal O ciclo ocorre em quatro etapas: 1ª fase: tensão e hostilidade 2ª fase: Agressão o homem domina a esposa pela força física 3ª fase:Desculpas violência se expressa de modo indireto O homem faz chantagem emocional , justifica-se por motivos externos e acusa a vítima de causar a violencia 4a fase: reconciliação Atenção para recuperar a credibilidade Comportamento do agressor e da vítima Objeto de estudo estudar o perfil geral de homens e mulheres violentos apresentar a descrição de alguns perfis de personalidade particulares Descrever comportamento do casal Abordar o aspecto da vulnerabilidade social e psicológica •Escolha do parceiro •Convívio Manipulação Momento de análise Conhecer a estrutura psíquica •Independe do sexo •Fatores internos e externos •Permite identificar obstáculos para reação da vítima •Interrupção do ciclo •Interfere na defesa e prevenção Vulnerabilidade psicológica Vulnerabilidade social Relacionada aos estereótipos de inferioridade da mulher inerentes ao sistema instalado na comunidade A vulnerabilidade social da mulher favorece sua permanência no ciclo de violência conjugal na medida em que a ela se impõe um status de submissão e dominação pelo homem Pode se expressar por uma série de sentimentos como autoconfiança; autoestima; medo de abandono e fracasso; inveja; angústia; depressão; por meio de comportamentos relativos à forma de compreender, dominar, condicionar, se adaptar as relações conjugais. Efeitos do modelo familiar vertical estagnação sobre a forma de pensar e inserir a mulher na sociedade mulher é sistematicamente excluída e, por isso não consegue se projetar para o âmbito público. A existência de novas leis de amparo aos direitos da mulher e de redes sociais de atendimento não eliminam a discriminação e a dominação Apesar de ter independência, a mulher ainda reproduz o modelo de educação tradicional condição social da mulher divisão sexual do trabalho: o aspecto biológico do corpo masculino e feminino determina a distribuição das tarefas cotidianas na estrutura social, familiar e conjugal representação androcêntrica: certas são típicas do homem definição social do corpo: designa a posição simbolicamente dominante do homem. A mulher contribui para a dominação masculina quando reproduz nas suas relações essa ordem simbólica violência simbólica: quando as mulheres aprendem a desempenhar o papel que as desvaloriza social atividades Perfil psicologico e risco de violencia Mulher solidaria ajudar observações proteger Homem mimado atenção dedicação exclusiva Homem dominador Mulher imatura Mulher carente e dependenete Se a dependência do companheiro no exemplo citado, não constituir um fator de dominação e subjugação do outro, mas se estabelecer uma relação conjugal baseada na reciprocidade e no respeito, então essa característica psicológica pode ser aceitável esses traços psicológicos não constituem necessariamente uma patologia. Há pessoas consideradas normais, cujo perfil psicológico as predispõe ao conflito conjugal. EXEMPLO Mulheres carentes de afeto na infância escolhem homens de personalidade forte, porque acreditam que só podem amar homens difíceis, crescem com pouca auto-estima e se situam na relação conjugal em posição de submissão, a ponto de aceitarem a violência de seu companheiro como uma fatalidade inevitável e sem solução. Neste tipo de relação conjugal as mulheres não se consideram dignas de ser amadas e se dispõe a toda sorte de renúncias para ter direito a se casar e ter uma família. A mulher carente, sem autoconfiança e exageradamente tolerante se condiciona a estabelecer seu valor pela imagem do outro. Neste caso, se o cônjuge se mostra indiferente ou ingrato a generosidade e dedicação da sua mulher, ela pode sentir rejeição e demandar-lhe mais afeto. Este deve ser um momento crítico, pois um homem desequilibrado pode reagir à demanda afetiva de forma violenta. CONSTRUÇÃO DA VIOLÊNCIA NO MATRIMÔNIO: ENGATE O homem com perfil psicológico manipulador sabe detectar a vulnerabilidade psicológica da mulher, reclamando o instinto protetor de sua companheira para seduzi-la. Para isso, é capaz de contar-lhe histórias sobre suas dificuldades de relacionamento com os pais na infância, abusos no ambiente de trabalho ou maus-tratos de uma companheira anterior. Tudo isso para realizar o “engate” necessário para iniciar o processo de dominação. Este engate se mantém pela configuração da própria relação conjugal. CONSTRUÇÃO DA VIOLÊNCIA NO MATRIMÔNIO: ENGATE A mulher tem dificuldade de compreender e se conscientizar sobre a violência vivida na relação conjugal. Por isso, no princípio algumas chegam a acreditar que o domínio e os zelos abusivos constituem uma prova de amor. Aos poucos perdem o espírito crítico e se acomodam. O homem, por sua vez, de modo progressivo caminha para uma violência identificável, se sentindo à vontade para revelar sua hostilidade, que no princípio não se apresentava abertamente. PROCESSO DE DOMINAÇÃO E DE DISSOCIAÇÃO a) inicia pela sedução destinada a fascinar a vítima, paralisando e eliminando sua defesa; b) termina pela destruição, mediante estratégias sutis de persuasão, manipulação e coerção. Nesta última fase o dominador pode utilizar técnicas comportamentais; técnicas emocionais e; técnicas cognitivas; também denominadas de lavagem cerebral ou persuasão coercitiva, que resultam no condicionamento social e relacional da vítima. O processo de domínio produz modificações na consciência da vítima, colocando-a em uma espécie de estado de paralisação forçada A dissociação conduz a vítima ao esquecimento dos acontecimentos traumáticos, podendo levá-la a ignorar todo o seu passado. Isto ocorre porque os eventos dolorosos não são bem fixados pela memória. O grande problema para a saúde da vítima ocorre quando a dissociação a conduz para um estado de despersonalização com falta de reação sensitiva e afetiva ou sentimento de perda de controle dos atos. ETAPAS DE MODIFICAÇÃO DA CONSCIÊNCIA 1ª etapa: efracção 2ª etapa: atenção ocorre uma verdadeira intrusão mental, com a “colonização” da mente da vítima, pois o dominador penetra em seu território psíquico, fulminando seus limites, ao ponto de pensar pelo outro ou entrar no corpo do outro, ocasionando agressão física. Temos nesta hipótese, homens que vigiam o tempo ocioso de sua companheira, revelam seu segredo e intimidade, invadem seu pensamento. Se capta a atenção e a confiança da vítima com o fim de privá-la de seu livre arbítrio sem permitir que ela tenha consciência disso. É o que ocorre quando o cônjuge anuncia a prática de uma ação violenta, seguida de mensagens tranqüilizadoras. 3ª etapa: programação o sujeito dominador busca condicioná-la para manter em todo momento a influência sobre ela, manipulando-a, inclusive, à distância. CONDICIONAMENTO RELACIONAL: TECNICAS DE COMUNICAÇÃO PERVERSA A técnica comportamental: consiste em isolá-la do meio social; controlá-la pela vigilância; submetê-la ao estado de dependência econômica e; finalmente, debilitá-la física e psicologicamente. A técnica emocional: corresponde à manipulação verbal e a chantagem, com utilização de argumentos que variam de acordo com o perfil psicológico do sujeito. Trata-se de um mecanismo eficaz para provocar na mulher um estado de insegurança e confusão. A técnica cognitiva: é exercida pelo controle da linguagem e da comunicação. Basta distorcer os discursos no sentido de situar a pessoa em posição de impotência. Normalmente se obtém a vulnerabilidade da vítima expondo suas referências interiores, estimulando, por exemplo, seu narcisismo. Mensagens contraditórias também ajudam a provocar na vítima confusão, seguida de esgotamento psicológico e renúncia a exercer a capacidade crítica. TECNICAS DE COMUNICAÇÃO PERVERSA Adestramento: Trata-se de uma impotência aprendida relacionada à diminuição da capacidade cognitiva da mulher para encontrar soluções para seus problemas, antecipar ou controlar a violência de seu companheiro ,além de bloquear seu desejo de romper a situação de violência vivida. Impotência aprendida: constitui um mecanismo de defesa da mulher vítima de violência conjugal que não consegue se libertar da relação abusiva. A vítima aparentemente se submete ao cônjuge violento para adaptar-se a relação e sobreviver, pois acredita que a resistência e oposição frontal podem ampliar a violência. Poder aprendido: se refere ao poder aprendido do homem violento, que se torna competitivo por imposição da própria sociedade que lhe exige a condição de ser o melhor e para tanto a sociedade lhe concede ampla liberdade de fazer qualquer coisa e usar todos os recursos para consegui-lo. O único modo de se liberar do estereótipo de homem poderoso e ocultar a debilidade masculina é exatamente usar a violência. Adição: se explica por meio da dependência e da culpabilização, criadas para evitar sofrimento e obter sossego na relação. A mulher adere ao companheiro, pensando que a violência ocorre porque não soube satisfazê-lo. Para cada perfil psicológico particular existe uma espécie de violência: a) impulsiva, onde o sujeito tem dificuldade de controlar suas emoções e; b) instrumental, onde as condutas agressivas se efetuam friamente, com intenção de ferir. Há personalidades narcisistas que são impulsivas. A violência impulsiva também pode ser praticada por pessoas portadoras de patologia como os psicopatas e os boderlines. Do mesmo modo há a violência instrumental praticada pelos perversos narcisistas. Por fim, não podemos deixar de mencionar a existência de pessoas portadoras de personalidades rígidas, como os obsessivos e paranóicos. boderline Obssessivo paranóico dificuldade de enfrentar frustrações perfeccionistas, intolerância ao questionamento de sua autoridade temem a dependência emocional conformistas e respeitosos com as convenções morais e as leis Imagina-se sempre perseguido e ameaçado, Sofrem de angústia difusa e forte ambivalência, dificuldade de relacionamento interpessoal reprime seus sentimentos para defender-se dos demais dupla personalidade sendo encantadores na fase de sedução, mas se tornam aterrorizantes perfil exigente, dominador, egoísta e avarento. Normalmente é covarde, não ataca pessoas mais fortes drogas e álcool ou compensa com hiperatividade intolerância em relação à singularidade do outro capaz de fingir submissão exercem a violência por meio da coação agressão física, psicológica a sexual. fúria com violência descontrolada Narcisista Narcisista perverso Psicopata Fracasso ou insucesso como afronta pessoal. Transtornos psicológicos paranóicos, neuróticos, obsessivos e psicóticos. Radical nas atitudes; insensibilidade; mais fortes no meio social; desconfiam de suas emoções, Utilizam o engodo contra o outro para obter proveito ou prazer; têm dificuldade para assumir um emprego e uma relação pessoal estável ou saldar dívidas. bons negociantes Necessita englobar, controlar e converter a mulher em espelho Pessoa tranqüila e fria, Irritabilidade permanente ou agressividade iminente vivem uma insatisfação crônica Não sente sequer remorso ou culpa posição de vítimas abandonadas Ações destrutivas e agressivas. Sofrem de angústia difusa e forte ambivalência EFEITOS JURÍDICOS DAS PATOLOGIAS NA VIOLÊNCIA CONJUGAL Interferência da patologia na forma de punição do autor da violência conjugal: A) pena B) medida de segurança B.1) semi-imputáveis: conversão B.2) inimputáveis