OPINIÃO Bancos
EFC - Especialistas profissionais em Planejamento Estratégico, Reengenharia,
Reestruturação Empresarial e Consultoria para Instituições Financeiras e Industriais.
Semana Finda em 24/Agosto/2012
Editorial: O Índice de Basiléia dos bancos no Brasil
O gráfico 1 abaixo mostra, no eixo vertical o Índice de Basiléia obtido do site do Banco Central do
Brasil1 e referido aos balanços de março de 2012, (os últimos disponíveis na data deste “Opinião”) e
no eixo horizontal o grau de alavancagem, medido pela relação entre os ativos totais e o patrimônio
líquido de cada banco. Nas medidas do índice de Basiléia, entram (i) os riscos de operações de crédito,
(ii) os chamados riscos de “mercado” (devidos a exposição de um banco à perdas decorrentes de
variações desfavoráveis da taxa de juro e das taxas de câmbio) e (iii) os denominados “riscos
operacionais”, que correspondem à possibilidade de perdas nas operações bancárias devido a fatores
internos (por exemplo falhas de sistemas, fraudes, etc) e fatores externos (adversidades por exemplo
devidas à economia, efeitos da concorrência ou do mercado).
Gráfico 1: Correlação entre o Índice de Basiléia e o Grau de Alavancagem
45
40
Indice de Basiléia
BPN 5,4; 39,5
35
30
GRÁFICO DO ÍNDICE DE BASILÉIA
EM FUNÇÃO DO GRAU DE ALAVANCAGEM
25
20
Bco Ama 5,5; 16,5
Itaú 11,6; 15,6
Brad 11,9; 14,9
15
BMG 5,7; 13,2
Ficsa 10,1; 11,9
reta limite do Indice de Basiléia
10
BB 16,3; 14,7
HSBC 16,4; 13,4
BMB 15,8; 11,1
Alavancagem (ativo/patrimônio)
5
0
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
O gráfico foi construído pela correlação das duas variáveis, partindo-se de bancos classificados como
participantes do Total Consolidado Bancário I (101 Instituições) somados aos participantes do Total
Consolidado Bancário II (32 Instituições) e dos bancos do Total Consolidado Bancário IV (4
Instituições).
Das 137 instituições bancárias dessas três categorias, excluímos 14 casos, com índices de Basiléia
maiores do que 40 (para que não distorcessem a correlação) como por exemplo o Banco da República
do Uruguai, com índice de Basiléia de 394,4. São bancos que possuem uma relação baixíssima dos
seus ativos totais para os seus patrimônios, ou seja, estão praticamente trabalhando apenas com o
capital próprio. E excluímos um banco (o Prosper) que está com um índice de Basiléia negativo. Esses
bancos aparecem relacionados no Quadro 1.
O gráfico 1 tem algumas coisas interessantes: é possível notar que um banco pode estar muito
alavancado, isto é, ter uma alta relação entre seus ativos totais e o seu patrimônio líquido e ainda assim
Este i nformativo é editado por responsabilida de de Carlos Daniel Coradi, Presidente da EFC - Engenheiros Financeiros & Consultores.
Tel.: (11) 3266.2841 / 3266-2839; Fax: (11) 3266.2839 - Email: [email protected] Skype: efc-consultores
Sugestões são bem vi ndas. A responsabilidade pelos comentários econômicos do “ Opinião” é do Economista Mário Sérgio Cardim Neto.
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ter um bom índice de Basiléia; por exemplo, o Banco do Brasil tem uma alavancagem alta (16,3) e um
índice de Basiléia razoável (14,7). Os dois grandes bancos privados, Bradesco e Itaú trabalham com
alavancagens na faixa de 11 a 12 e índices de Basiléia seguros, na faixa de 15 a 16. Nossa
interpretação é de que eles optaram por um meio termo que otimiza a rentabilidade para seus
acionistas.
Alguns bancos estão com índices baixos mas ainda acima do nível crítico de 11, conforme se vê no
Quadro 1:
Quadro 1: Bancos excluídos da correlação do Gráfico 1
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
BCO REP ORIENTAL URUGUAY BCE
WESTERN UNION
BCO CAPITAL S.A.
NATIXIS BRASIL S.A. BM
SCOTIABANK BRASIL
BCO LA PROVINCIA B AIRES BCE
BCO KEB DO BRASIL SA
VR
BCO TOKYO-MITSUBISHI BM S.A.
BCO DA CHINA BRASIL S.A.
BCO CLASSICO S.A.
ING
PETRA
PROSPER
394,4
333,6
213,8
202,2
200,3
108,9
95,2
77,5
75,3
64,8
62,7
56,2
46,7
-27,8
Quadro 2: Bancos com índice de Basiléia abaixo de 13
BRB
CAIXA ECONOMICA FEDERAL
MÁXIMA
SAFRA
JP MORGAN CHASE
BCO DE LAGE LANDEN BRASIL S.A.
BCO FICSA S.A.
MERCANTIL DO BRASIL
BANCO FIDIS
BCO POTTENCIAL S.A.
RURAL
12,9
12,8
12,8
12,6
12,5
12,3
11,9
11,6
11,6
11,3
11,1
O Brasil, através das normas do Banco Central e seguindo as orientações do Conselho Monetário
Nacional estabeleceu limites mais rígidos para o nosso limite do índice de Basiléia do que a Europa;
apesar disso, os casos mais recentes dos bancos Panamericano, Morada, Cruzeiro do Sul e Schahin
parecem evidenciar um problema de supervisão, pois são bancos que apresentaram falhas contábeis de
vulto com “furos” de bilhões de reais. Como é possível que tais falhas não foram detectadas a tempo?
Perde o sistema em termos de credibilidade, perdem os clientes e correntistas, perdem os credores,
perdem os acionistas minoritários.
1
Vide os dados em http://www4.bcb.gov.br/top50/port/ArquivoZip.asp
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