%HermesFileInfo:Ce-3:20131103: O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013 Empregos 3 Reportagem de capa SERGIO CASTRO/ESTADÃO Soller. Atuação com um pé no presente e olho no futuro Inovadores e operacionalmente eficientes Profissionais com essas qualidades são considerados líderes “ambidestros” porque aliam a operação do dia a dia à criação de estratégias Edilaine Felix O diretor de negócios de polipropileno da Braskem, Walmir Soller, de 46 anos, afirma que a buscaporinovaçãojáestáincorporada à rotina. “O dia a dia e a operação são importantes, mas também é necessário dedicar umaparceladenossotempo para alimentar o futuro.” Para ele, inovação é fundamentaleindissociáveldaoperação diária. Soller se encaixa na definiçãode umlíder“ambidestro”: inovador e operacionalmente eficiente. Segundo especialistas, o líder inovador busca criar tanto novos processos internos para a empresa quanto estratégias de atuação e de mercado. Sempre comoobjetivodemanteraorganizaçãosaudável ecompetitiva. Por isso, é tão cobiçado pelas companhias. Seu perfil é o de um profissionalflexívelqueincentivaemotiva a equipe. “E pensa nas tendências futuras”, diz a diretora do Hay Group, Daniela Simi. Ele não está acomodado. Para o diretor da ITM Treinamentos, Sergio Tovanni, o inovador quer ser diferente, “Busca mudanças e consegue se comunicar bem com a equipe.” O termo ambidestro passou a ser usado neste contexto a partirdeumapesquisadaconsultoria Hay Group, a Best Companies forLeadership, queapontaasempresas com as melhores práticas de liderança. O estudo revela, também, quais conseguem aliar performance diária e pro- ● Tempo “O curto prazo é mais operacional, já o médio prazo está mais alinhado com inovação” Pedro Villarino GERENTE DO SHOPPING TIJUCA ( RIO) mover a cultura de inovação. Daniela lembra que o líder operacional desempenha com praticidade as tarefas do dia a dia. “Já o inovador deve, acima de tudo, ter amplitude de análise – não ser conservador, ter tolerância, persistência e estar aberto para olhar o todo –, e ter inteligência emocional para lidar com as frustrações.” Soller, da Braskem, lidera um time de mais de 500 profissionais. “Na nossa cultura, além da inovação, valorizamos um líder próximo do grupo. Eu mantenho uma disciplina de eventos com as equipes para transmitir um pouco do dia a dia do negócio, e também oportunidades, resultados e objetivos diários”, conta o executivo. Ele acredita que a inovação passa pela disciplina, capacitação, organização e alinhamento deideias. “Eumantenhoa disciplina de estar atento à operação dodia a dia ereservarumtempo para trabalhar os aspectos de inovação com a equipe.” O A.C. Camargo Cancer Center também procura os “ambidestros”. “As características do hospital, que tem um centro de pesquisa,noscolocamnumapo- sição com metas e objetivos em busca da inovação”, diz o superintendente de RH do centro, Maurício Alves da Silva. Para ele, a gestão ambidestra é caracterizada pelo “E”. “Temos de ser eficientes e inovar e ter um bom resultado. É tudo E .Nãopodemosoptarpelaqualidade, ou ganho financeiro, pelo dia a dia ou a inovação. É uma soma de tudo.” Jarbas Salto Junior é superintendente de operações e diretortécnicodainstituição.Médico pediatra, atua na área de gestão há 12 anos. No hospital, é responsável pelo corpo clínico (500 médicos, mais 1.400 pessoas da área de enfermagem), pelo grupo administrativo e pelo laboratório. “É liderança operacional, mas que precisa estar olhando parafrente, porquehá uma série de inovações tecnológicas para manter o hospital atualizado em termos de equipamentos e perspectivas terapêuticas.” Ele acrescenta: “Procuro entender as necessidades de cada um. O importanteéconciliarasdemandas, se comunicar com a equipe e estar atento às inovações.” Prazos. Pedro Villarino é gerente financeiro comercial do Shopping Tijuca, no Rio, administrado pela BRMalls. Aos 27 anos, lidera uma equipe de 36 pessoas. “Precisamos pensar em inovação no dia a dia. A empresa valoriza e incentiva isso.” A companhia tem, segundo ele, uma cultura de meritocracia e estimula os profissionais a apresentarem projetos no curto e médio prazo. “O curto prazo é mais operacional, já o médio prazo está mais alinhado com inovação”, diz. Segundoele,emboraaempresa tenha a cultura da meritocracia, não adianta apenas ter 100%dasmetascumpridas,sendo operacional. “Precisamos contribuir para o futuro, com ideias inovadoras.” Por isso, o jovembuscaclareza nacomunicação.“Sou transparente,infor- moquaissãoosobjetivosindividuais e os do grupo.” Para Villarino, o líder deve levar a equipe a remar na mesma direção. “Deve estar atento às necessidades do grupo, fazendo-os trabalhar nas demandas diárias e pensar no amanhã.” A gerente de Gente e Gestão da BRMalls, Bianca Bastos, diz que o líder ambidestro deve ser focado em resultados, acompanharasmetasepensarnaexecução de projetos futuros. Segundo Bianca, o líder BRMalls deve saber executar as tarefasparadarresultados.“Também saber liderar gente, atrair, treinar e reter, e se identificar e ver na prática as vantagens.” EPITÁCIO PESSOA ESTADÃO O ‘AMBIDESTRO’ É... ● Hábil ● Emocional Líderes ambidestros devem ser tão hábeis em inovação quanto em excelência operacional. Segundo a Hay Group, promovem uma liderança inspiradora É um gestor com inteligência emocional capaz de influenciar a equipe e não controlá-la e intimidá-la. É ético e tem pensamento estratégico ● ● Pós-heróico Pragmático É assim classificado porque não decide tudo sozinho, mas se envolve profundamente com os outros e, ao mesmo tempo, gerenciar com eficiência e efetividade Capaz de lidar com a volatilidade, a incerteza e a ambiguidade, criando um ambiente que capacite as pessoas a realizarem seus trabalhos e terem novas ideias. ● ● Maestro O líder ambidestro deve saber orquestrar e fazer aflorar o melhor de cada pessoa. É, na verdade, um agente de mudança, um construtor de pontes Decidido Gerencie o caos, agindo de forma coesa e decisiva quando não há estabilidade e, ao mesmo tempo, explora as novas oportunidades que surgem Jarbas Jr. Olhar para o futuro é importante para a gestão DIVULGAÇÃO Perfil garante capacidade de enfrentar situações distintas Como o “sucesso de ontem não garante o de hoje”, empresas buscam o ambidestro para ajudar a garantir o desempenho Segundo o estudo Best Companies for Leadership 2013, do Hay Group, líderes ambidestros podem atender a questões operacionais ou a áreas de inovação, conforme a situação exigir. “Uma gestão ambidestra deve ter uma estrutura que permita olhar para a frente e para trás”, afirma a diretora do Hay Group, Daniela Simi. “É dever do líder incentivar a inovação e ser operacional. O sucesso de ontem não garante o de hoje”, diz o diretor da ITM Treinamentos, Sergio Tovanni. Para ele, é importante manter o equilíbrio e entender a necessidadedeter planejamento estratégico, sem ficar apenas no burocrático. Plano de ação. “O líder opera- cional é aquele que realiza um plano de trabalho e segue com ações para as demandas diárias, que consegue ver e agir sobre os obstáculos do dia a dia.” Poroutrolado,Tovanniacrescenta que o líder inovador é aquele que tem flexibilidade e mantém a motivação do grupo O INOVADOR É... ● Futurista ● Flexível É um profissional que constantemente pensa nas tendências e no cenário futuro É maleável em suas posições e incentiva a equipe a discutir necessidades e oportunidades futuras ● ● Motivador Colaborativo Mantém a equipe constantemente motivada para o desenvolvimento de novos projetos Sempre está envolvido na capacitação de pessoas e estimula a criação de ideias para entender as necessidade futuras. Segundo ele, somente uma equipe interessada poderá contribuir para mudanças. “O líder deve ter um olhar no futuro e no passado, mas jamais esquecer o presente, o agora.” Daniela diz que muitas empresas e líderes têm estruturas distintas: uma tocando o dia a dia – gerenciada pelo líder operacional – e outra pensando nas tendências,nofuturo enocenário, aquela do inovador. No entanto, a executiva lembraqueexistemlíderesquepossuem as duas características ao mesmo tempo. Acolhimento. Por isso, defende, o profissional deve procurar umambiente queacolha as suas necessidades e características, tanto em inovação para o futuro quanto em sua constante excelência operacional. “O profissional não pode ser engolido por uma estrutura que não o valoriza”, afirma a diretora do Hay Group. Daniela. “É preciso buscar um ambiente acolhedor”